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SILAGEM TRANSFORMAÇÕES QUE DÃO ORIGEM A SILAGEM

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Academic year: 2021

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SILAGEM

Silagem é o produto obtido por fermentação de forragens, contendo adequada porcentagem de umidade. Sendo a ENSILAGEM um processo de conservação de alimentos volumosos, a SILAGEM é o produto resultante de uma fermentação anaeróbica, por acidificação das forragens verdes.

TRANSFORMAÇÕES QUE DÃO ORIGEM A SILAGEM

Quando a massa é cortada e colocada dentro do silo, sendo posteriormente compactada, as células do tecido vegetal ainda estão vivas. Neste ponto, as células cessam a fotossíntese e passam a fazer respiração aeróbia, consumindo todo o ar existente entre os fragmentos da massa. Quanto menos ar conter a massa, mais rápido as células do tecido vegetal passam a fazer respiração anaeróbia, tendo como resíduo metabólico o Ácido Láctico, e, como conseqüência, a redução do pH do meio, o que favorecerá o desenvolvimento das bactérias benéficas à conservação do material ensilado. Se existir muito ar entre os fragmentos de forragem, resultado de uma má compactação do material, ou o corte do mesmo em pedaços muito grandes, ocorrerá elevação da temperatura e o produto resultante será de péssima qualidade (silagem doce ou quente).

ACIDIFICAÇÃO

No momento do corte, o pH da planta é próximo da neutralidade. Com a compactação, o pH tende a cair (acidificar) em função da respiração anaeróbia, favorecendo o desenvolvimento das bactérias fermentativas.

Durante o processo de ensilagem, procura-se orientar a fermentação no sentido da produção de ácido lático, sendo a principal atividade observada para a produção de uma silagem de boa qualidade.

FLORA MICROBIANA

As bactérias responsáveis pela produção de ácido lático são as dos Gêneros: Lactobacillus, Streptococcus, Pediococcus e Leuconostoc.

Consomem açúcares solúveis para sobreviverem e desenvolvem-se melhor a temperaturas entre 20 a 40º C. Quando o pH da massa atinge valores entre 3,0 a 4,0, o desenvolvimento dessas bactérias cessa e a silagem está estável e conservada. Os índices de temperatura e pH para diversas fermentações são descritos no quadro que segue:

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FERMENTAÇÃO TEMPERATURA (ºC) pH

Láctica 5 a 60 3,0 a 4,0

Acética 18 a 25 -

Butírica 20 a 40 4,0 a 5,0

Proteolítica - 4,0 a 5,0

As outras fermentações são indesejáveis quanto a sua ocorrência na massa. No caso da fermentação acética, relacionada com as condições de clima tropical, sempre ocorre em pequena quantidade, mesmo tomando todos os critérios para a produção de uma boa silagem, devido a elevada temperatura nos períodos favoráveis para a execução da mesma. Outro fator que eleva o teor de ácido acético é a alta umidade da massa (>70%), devendo estar atento aos teores de Matéria Seca da planta (30 a 35%).

CARACTERÍSTICAS DAS FORRAGENS PARA SILAGEM

a) Teor de Matéria Seca (MS): deve estar em torno de 30 a 35%, o que facilita a expulsão de ar da massa e evita grandes perdas de nutrientes por escorrimento no momento da compactação. O excesso de umidade dificulta a queda do pH, facilitando o aparecimento de fermentações indesejáveis, prejudicando a qualidade da silagem. Altos teores de matéria seca também são indesejáveis, pois dificultam a compactação da massa e conseqüente expulsão do ar.

b) Teor de Carboidratos Fermentescíveis: as forragens indicadas devem ter bons teores de Carboidratos Fermentescíveis (açúcares solúveis), pois deles dependem as bactérias fermentativas para sobreviverem.

c) Poder Tampão: compreende a dificuldade da diminuição do pH de algumas plantas por apresentarem na sua composição substâncias neutralizantes ou alcalinizantes. As plantas leguminosas apresentam alto poder tampão, não sendo recomendadas para ensilagem.

UTILIZAÇÃO DE ADITIVOS NA SILAGEM

É muito polêmico, pois a adição de aditivos na massa compreende aumento de custo, encarecendo muito o volumoso, inviabilizando a sua execução. Considero o uso de aditivos uma questão oportuna no seu aspecto econômico, mas tecnicamente pode apresentar resultados, quando alguma das características, anteriormente citadas, é limitada na planta a ser ensilada:

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1) Melaço: diluído em água na proporção de 1:3, não devendo ultrapassar 2 a 3% do peso da massa.

2) Cana Picada: até 20% da massa.

3) Ácido Fórmico: 0,8 a 0,9% do peso da massa em MS.

4) Ácido Fosfórico: 0,5 a 0,9% do peso da massa em MS.

5) Uréia: 0,5 a 0,75% da MS da massa; índices acima do recomendado causam efeito tampão na silagem, promovendo o aparecimento de fermentações indesejáveis;

deve-se considerar esta uréia quando fizer o arraçoamento dos animais.

FORRAGEIRAS INDICADAS

As forrageiras indicadas pertencem a família das Gramíneas, sendo o MILHO, a planta que impera sobre as outras, pois apresenta todas as características desejáveis para a confecção de uma boa silagem, além de apresentar alto valor nutritivo. O milho planta inteira, também é conhecido como a rainha das plantas forrageiras. Segue em ordem de preferência, as forrageiras mais indicadas: MILHO > SORGO > CAPIM ELEFANTE > PASTO ITALIANO > CAPIM COLONIÃO.

Muitas gramíneas podem ser ensiladas. O que as limita, é que no estágio de melhor qualidade da planta, a mesma não atende alguma característica importante para ensilar, como o teor de umidade, onde muitas vezes é alto (>75%)

SILO

Trata-se do local onde a silagem é armazenada e sofre as transformações até estar em condições de ser oferecida aos animais. Dentre os tipos de silos, encontramos silos aéreos, subterrâneos, de encosta, de trincheira e de superfície. Dos tipos de silos, o de trincheira é o mais utilizado no mundo e no Brasil, por causa da facilidade do manejo de enchimento e retirada do material ensilado.

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Silo aéreo de encosta Silo subterrâneo tipo poço

Silo de superfície Silo de trincheira

DIMENSIONAMENTO

Dimensionar um silo é de extrema importância, pois determina a quantidade a ser ensilada e a quantidade diária a ser retirada do silo, pois deve-se considerar o poder de penetração do ar na massa ensilada, após aberto o silo, de no mínimo 15 cm / dia.

Exemplo: dimensionamento de um silo de trincheira. Um fazendeiro possui 100 vacas em lactação e quer fornecer 20 Kg de silagem / cabeça / dia durante 6 meses (maio a outubro). A quantidade de silagem necessária será:

Kg de silagem = nº de vacas x Kg de silagem / cab. / dia x nº de dias Kg de silagem = 100 x 20 x 180

Kg de silagem = 360.000 Kg ou 360 T.

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Considerando que 1 m³ de silagem pesa em média 500 Kg:

1 m³ --- 500 Kg x m³ ---360.000 Kg

x = 720 m³ de silagem

Dimensões: um silo de trincheira tem a sua frente no formato de um trapézio.

B = base maior (boca) b = base menor (fundo) h = altura

c = comprimento

A compactação da massa é feita com trator para que haja boa expulsão do ar e bom adensamento da mesma desde o início do enchimento. Para efeito de cálculo e de viabilidade técnica, a base menor (b) do silo deve ter no mínimo uma vez e meia a bitola do trator que irá trabalhar na compactação. Deve permitir também a entrada da carreta para a descarga do silo. Portanto, neste exemplo, b = 2,5 m. Suponha que o barranco onde será construído o silo permita uma altura de 3 m. Portanto, h = 3 m. Para que a inclinação das paredes do silo seja de 25%, deve-se considerar que: B = b + ½ x h. Portanto, B = 2,5 + ½ x 3 = 4 m. A área da seção transversal (S) (área do trapézio) será: S = (B+b)/2 x h. Portanto, S=(4+2,5)/2x3 = 9,75 m².

Agora, só falta conhecer o comprimento do silo, que se obtém pela fórmula: Volume(m³) = Área(m²) x Comprimento(m), onde: C = V/S.

Portanto, C = 720/9,75 = 74 m(aprox.).

Entretanto, um silo com 74 m de comprimento é extenso demais, podendo prejudicar a qualidade da silagem, devido às dificuldades que ocorrerão para um rápido enchimento e compactação. Pode-se dividi-lo ao meio, com tábuas ajustadas em canaletas, cujo carregamento seria feito em duas etapas: primeiro a parte posterior, que já seria vedada, e depois a parte anterior. Outra saída seria a construção de dois silos de 37 m de comprimento, ambos com as mesmas dimensões já calculadas.

Como medida de segurança, recomenda-se adicionar ao volume calculado mais 10% do seu valor para compensar possíveis perdas ou imprevistos.

Outra maneira de determinar as dimensões de um silo de acordo com a situação é através de tabelas, como é exemplificado abaixo:

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Quadro: Tabela de Dimensões de Silos de Trincheira

LINHA ALTURA LARGURA (m) TON. C/ COMPRIM KG EM 15cm DE CORTE

BASE TOPO 22m 27m DIÁRIO 01 1,50 1,00 1,75 26 31 170 02 1,50 1,50 2,25 35 42 232 03 1,50 2,00 2,75 44 53 294 04 1,50 2,50 3,25 53 64 356 05 1,50 3,00 3,75 60 75 418 06 1,50 3,50 4,25 72 86 480 07 1,50 4,00 4,75 81 97 541 08 2,00 1,50 2,50 50 69 330 09 2,00 2,00 3,00 62 74 413 10 2,00 2,50 3,50 74 89 495 11 2,00 3,00 4,00 87 104 578 12 2,00 3,50 4,50 99 119 660 13 2,00 4,00 5,00 111 134 743 14 2,00 4,50 5,50 124 249 825 15 2,00 5,00 6,00 136 163 908 16 2,00 6,00 7,00 161 193 1073 17 2,00 7,00 8,00 186 223 1238 18 2,00 8,00 9,00 210 252 1403 19 2,00 9,00 10,00 235 282 1568 20 2,50 2,00 3,25 83 99 551 21 2,50 3,00 4,25 114 136 758 22 2,50 4,00 5,25 145 174 964 23 2,50 5,00 6,25 176 211 1170 24 2,50 6,00 7,25 206 248 1377 25 2,50 7,00 8,25 236 283 1573 26 2,50 8,00 9,25 267 320 1779 27 2,50 9,00 10,25 298 356 1985 28 3,00 3,00 4,50 139 167 928 29 3,00 4,00 5,50 176 212 1176 30 3,00 5,00 6,50 213 256 1423 31 3,00 6,00 7,50 251 301 1671 32 3,00 7,00 8,50 288 345 1818 33 3,00 8,00 9,50 325 390 2165 34 3,00 9,00 10,50 362 434 2413 Cálculo para uma fatia mínima de 15 cm: pode –se sofisticar o cálculo das dimensões necessárias, prevendo-se a retirada de uma fatia mínima de 15 cm diários. O raciocínio é o seguinte: 1 m² de superfície transversal, com 15 cm de espessura possui 0,15 m³ de silagem.

1 m³ --- 500 Kg de silagem 0,15 m³ --- x Kg de silagem

x = 750 Kg de silagem

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15 cm é a espessura mínima da “fatia”. Então, pode-se, por exemplo, retirar uma “fatia” de 30 cm, onde:

1 m³ --- 500 Kg de silagem 0,30 m³ --- y Kg de silagem

y = 150 Kg de silagem

Como são 100 vacas e deseja-se fornecer 20 Kg / cab. / dia, o gasto diário com silagem será de 2.000 Kg. A área da seção transversal(S) necessária é obtida com a seguinte regra:

1 m² --- 150 Kg de silagem S ---2.000 Kg de silagem

S = 13 m² (aprox.)

A altura do silo será de 3 m, portanto a base maior será:

B = b + ½ x h B = b + ½ x 3 B = b + 1,5

Como S = (B + b)/2 x h, substituindo, tem-se:

S = (b + 1,5 + b)/2 x 3 13 = (2b + 1,5) x 1,5 13 = 3b + 2,25 3b = 10,75

b = 3,5 m (aprox.) Se B = b + ½ x h, então:

B = 3,5 + ½ x 3 B = 5,0 m

O comprimento necessário poderá ser obtido pelo mesmo raciocínio utilizado no exemplo anterior, ou de duas outras maneiras: a primeira, fornecendo a silagem durante 180 dias, retirando uma “fatia” de 30 cm por dia, multiplica-se 180 por 30, obtendo-se 5.400 cm ou 54 m; a segunda, se numa “fatia” de 30 cm obtém-se os 2.000 Kg de silagem diários, em 360.000 Kg ou 360 toneladas necessárias estarão contidas em 54 m de comprimento de silo.

ETAPAS DA CONFECÇÃO DE UMA SILAGEM

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1) CORTE: pode ser feito manualmente ou através de uma colheitadeira de forragens a qual já executa a segunda etapa da confecção, que é a fragmentação da planta. O importante no corte é respeitar o ponto fisiológico ideal da planta para a execução da silagem. O rendimento diário de uma colheitadeira é de aproximadamente 70 toneladas, e, manualmente, utilizando uma picadeira com motor estacionário na boca do silo, consegue-se até 9 toneladas por dia, com 5 pessoas cortando, 2 carregando e descarregando, e 1 pessoa para alimentar a picadeira(segundo Ledic, 1992).

Colhedora em operação Colhedora de forragens

2) FRAGMENTAÇÃO DA PLANTA: quanto mais fragmentada a massa, menos ar se reterá no seu interior no momento da compactação, obtendo um alimento conservado de melhor qualidade. Aconselha-se fragmentar a planta entre 0,5 a 2,0 cm, pois fragmentações menores podem diminuir o aproveitamento das fibras pelos ruminantes (segundo Andriguetto et alii, 1934).

Forragem picada

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3) COMPACTAÇÃO: é a expulsão do ar. A massa picada deve ser distribuída por todo o silo em camadas de, aproximadamente, 1,0 m, e continuamente compactada. A compactação visa diminuir a quantidade de ar e, desta maneira, controlar a respiração celular e conseqüentemente a elevação da temperatura da massa. Quando a compactação é insuficiente, ocorrem maiores perdas durante a fermentação, a temperatura eleva-se em demasia e o produto obtido será de qualidade inferior. Dependendo da temperatura atingida, quando superior a 40ºC, ocorre a produção da silagem queimada, apresentando uma coloração escura. A compactação deve ser contínua, podendo ser executada com trabalhadores, animais, tratores ou outros meios.

4) FECHAMENTO: antes do fechamento, deve-se abaular os silos de trincheira e de superfície, utilizando o mesmo material da silagem e finalizando com uma camada de aproximadamente 20 cm de um outro capim qualquer de qualidade inferior, pois esta camada se perde na fermentação por ser uma área de baixa compactação.

Fechar o silo com lona plástica com uma face preta e a outra branca, deixando a face branca para fora, cobrindo as bordas com terra ou outro material, protegendo da entrada de água da chuva, devendo colocar sobre a lona algum material para protegê-la do ressecamento do sol, como palhada seca, por exemplo. Deve-se aguardar por um período mínimo de 40 dias para a abertura do silo.

Teoricamente, um silo bem vedado não tem prazo de validade.

Silo de trincheira abaulado e fechado (corte transversal)

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Depois de aberto, o silo deve ser consumido na quantidade mínima diária de uma “fatia” de 15 cm de silagem, espessura essa representada pelo poder de penetração do ar na massa. A silagem exposta ao ar por períodos acima de 48 horas começa a sofrer fermentação aeróbica e conseqüente decomposição, tornando-se tóxica para os animais.

AVALIAÇÃO DA MASSA ENSILADA

Para que se possa fazer uma boa avaliação da qualidade de uma silagem, recomenda-se examiná-la nos aspectos relativos a cor, cheiro e consistência, bastando para tanto, olhar, cheirar, apertar e até mesmo provar um punhado da massa presa entre as mãos. Segundo o Ministério da Agricultura da Grã Bretanha, as silagens podem ser classificadas em:

a) BEM FERMENTADAS (ÁCIDAS): cor verde – amarelada clara ou caqui, cheiro agradável doce-ácido ou de vinagre, textura firme com tecidos macios mas não facilmente destacáveis das fibras, gosto ácido típico, com pH abaixo de 4,5;

b) SUB-AQUECIDAS (INSUFICIENTEMENTE ÁCIDAS): cor escura, verde-oliva ou verde-azulada, cheiro forte, desagradável ou rançoso, textura gomosa com tecidos macios e facilmente destacáveis das fibras, gosto desagradável, mas não ácido, pH 5,0;

c) SUPERAQUECIDAS: cor marrom-escura, cheiro leve de açúcar queimado ou de fumo, textura seca e quebradiça, acidez indefinida;

d) SEVERAMENTE SUPERAQUECIDAS: cor marrom-escura ou preta, cheiro forte de açúcar queimado ou fumo, textura seca, facilmente desmanchável, gosto e pH não servem como guia.

FENAÇÃO

A fenação é um processo simples que consiste em cortar forragens verdes, num ponto ótimo de acúmulo de nutrientes, para que ocorra perda de água por parte da planta e que, quando desidratada se manterá desidratada, sem se estragar e sem perder os nutrientes.

O FENO é a forragem desidratada. A desidratação da forragem ocorre com a ação dos agentes naturais SOL e VENTO, ou através de secadores de feno.

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A época mais adequada para se fazer o feno é no período de melhor desenvolvimento das plantas forrageiras, ou seja, no caso da região centro – sul do Brasil, no verão (outubro a março). Acontece que nesta região, o período favorável de desenvolvimento das plantas forrageiras coincide com o período das águas. No momento em que se está fazendo o feno, não pode chover, pois comprometeria o processo de desidratação da planta. Considerando que o tempo para a confecção do feno pode variar entre 10 e 48 horas, e que a análise do tempo no Estado de São Paulo aponta que 50% dos dias de verão apresentam-se limpos e quentes, geralmente agrupados em dois ou mais dias, há uma grande viabilidade técnica em se fazer feno nesta região.

Fator climático importante é a Umidade Relativa do Ar (UR), o que vai variar a Unidade de Equilíbrio do Feno, de acordo com a sua porcentagem na atmosfera.

Quadro: Relação entre a UR do ar e a Umidade de Equilíbrio do feno UR(%) Umidade de Equil. do Feno

95 35,0 90 30,0 80 21,5 77 20,0 70 16,0 60 12,0 O Ponto de Feno é atingido quando a Umidade Relativa do Ar (UR)

encontra-se entre 60 e 70%, proporcionando uma Umidade do Feno entre 12 e 16%.

Então, FENAÇÃO é um processo de desidratação que transforma a forragem verde em com 65 a 80% de umidade em FENO com 10 a 20% de umidade.

O fator idade da planta também é importante, pois a qualidade da mesma declina com o seu amadurecimento.

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Quadro: Relação entre a idade e valor de proteína bruta (PB) de algumas gramíneas

Idade (semanas) - % de PB na Matéria Seca

Capim 4 12 20 28

Napier 23,8 10,2 8,6 7,2

Sempre Verde 22,6 12,5 9,4 7,7

Kikuiu 21,5 15,4 13,9 14,0

Bermuda 17,5 10,0 8,5 8,6

Gordura 17,1 10,4 8,5 6,6

Pangola 13,3 7,4 7,6 5,6

É importante obter alto rendimento na fenação, mas o feno deve compor elevado valor nutritivo (quantidade x qualidade).

Quadro: Aspectos nutricionais em diversas idades da soja perene

Idade (dias)

Índices Percentuais 60 108 157

Matéria Seca (MS) 100,00 100,00 100,00 Proteína Bruta (PB) 16,45 15,44 14,10 Proteína Digestível (PD) 10,04 8,18 8,26 Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) 53,86 50,67 48,53

Digestibilidade 61,00 52,00 59,00

Quando se compara uma leguminosa com uma gramínea, a leguminosa mantém seus valores nutricionais por mais tempo em relação a sua idade, do que a gramínea. Mas, com relação a rendimento e palatabilidade, a gramínea rende mais, é mais fácil de ser fenada e, quando de boa qualidade, os herbívoros apreciam mais.

FREQUÊNCIA DE CORTE

É determinada pela idade da forrageira. Seguem alguns valores médios: 30 a 45 dias para o capim de Rhodes, as braquiárias, o capim colonião, o capim elefante, o capim Jaraguá, o capim kikuiu e o capim coast-cross; 45 a 60 dias para o capim gordura e a soja perene; ponto de florescimento para as leguminosas em geral.

O CORTE

Deve ser feito logo nas primeiras horas da manhã (6 – 7h). É importante considerar que a quantidade a ser ceifada será proporcional à quantidade de capim a ser manejado até virar feno.

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Implementos utilizados para o corte:

1) SEGADEIRA OU CEIFADEIRA: corta a uma altura de 3 a 5 cm do solo; apresenta um rendimento de 2 ha / hora; a segadeira corta i capim sem prejudicar a planta ou a parte cortada, sendo recomendada para capins de hastes finas; deve ser bem amolado e regulado;

Modelo de segadeira

2) SEGADEIRA CONDICIONADORA: corta e enleira; racha os nós e entrenós dos capins; recomendado para plantas de hastes mais grossas; mais cara que a segadeira simples; rendimento de 2 ha / hora;

3) FACA BOBA: menos recomendada, pois compromete a rebrota, devendo ser usada apenas uma vez ao ano; utilizada para plantas de hastes grossas; causa perdas de MS de até 50% do total cortado; corta a planta a uma altura de 30 a 40 cm do solo; rendimento de 0,5 ha / hora;

4) ROÇADEIRAS: não são recomendadas para esta finalidade, pois danificam as touceiras, comprometendo a rebrota, causando perdas maiores que 55% da MS cortada.

A SECAGEM

A secagem é uma das etapas mais importantes da fenação. Depende dela para manter a qualidade do produto final, por isto deve ser rápida.

Existem duas formas de secagem: a natural, que é feita a campo, com a ajuda de ancinhos para revirar o material, e a artificial, utilizando secadores especiais.

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A viragem inicia-se logo após o corte do material, tantas vezes quanto forem possíveis, até que a umidade atinja o ponto de feno. O implemento utilizado é o ancinho. Quando a planta precisa mais de um dia para secar, o material cortado deve ser enleirada para passar a noite. O mesmo deve ser feito se chover durante a secagem. O ponto de feno é alcançado quando o material atinge entre 10 a 20% de umidade, sendo o ideal estar entre 15 e 18% de umidade. Esta umidade pode ser determinada de várias formas: através de aparelhos medidores de umidade; com a unha, apertando a haste do capim; colocando uma porção de feno em um vidro com sal; torcendo um feixe do capim. Quando o feno ainda está úmido, então deve secar mais. Se o material está farináceo, encontra-se no ponto. Mas, o feno também pode passar do ponto ficando muito seco, com aspecto branco e quebradiço.

Modelo de ancinho (tipo “mil molas”)

As leguminosas devem secar mais (12% U). O excesso de umidade na massa pode causar o aparecimento de fungos, como o Aspergillus flavus, o qual libera no feno contaminado uma toxina (aflatoxina) que intoxica os animais que se alimentarem deste produto (distúrbios digestivos, quadro de intoxicação, morte).

O ENFARDAMENTO

Uma vez atingido o ponto de feno, o material deve ser retirado do campo o mais rápido possível. A retirada pode ser feita a granel, em fardos ou em rolos. A granel, o feno pode ser guardado em galpões, ou quando o material é de baixa qualidade, em medas no campo. O arranjo do feno na forma de fardos é feito por enfardadeiras, o que facilita o transporte, reduz a área de armazenagem e facilita a distribuição. Os fardos apresentam as seguintes dimensões médias: 0,3 m x 0,4 m x 1,0 m, pesando em média entre 8 e 25 Kg, dependendo da planta e compactação do fardo. Em geral, 1 m³ de feno pesa em média 90 a 100 Kg. Uma enfardadeira rende em média 12.000 Kg por hora.

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Modelo de enfardadeira Enfardadeira em operação

A ARMAZENAGEM

O armazenamento do feno não exige galpões sofisticados, nem locais exclusivos para tal. Basta o local ser coberto, ventilado e livre de umidade.

Se ocorrer o armazenamento do feno com alta umidade (>30% U), ocorre a elevação de temperatura da massa (79 a 85ºC) decorrente de fermentação aeróbica, podendo até mesmo acontecer combustão espontânea. O armazenamento também pode ser feito a campo, empilhando os fardos sobre piso de estrado e revestindo com lona. As medas são uma alternativa de armazenamento a campo, sendo uma poção para as sobras de forragem, as quais são de qualidade inferior. São geralmente na forma de pêra, cone ou tronco. O feno é amarrado, apoiado em um mastro. Uma meda com capacidade para comportar 8 a 12 toneladas de feno tem de 6 a 9 m de altura a 4 a 6 m de diâmetro de base.

Armazenamento a campo Meda de feno

AS FORRAGENS INDICADAS

Além de escolher uma variedade forrageira para fenação pelas suas características, as quais permitem seu estabelecimento em uma determinada região, segue algumas qualidades importantes que devem ser observadas:

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a) Cultivo fácil e econômico;

b) Possibilite cortes mecânicos;

c) Possua textura fina;

d) Apresente bons rendimentos;

e) Suporte cortes rentes e freqüentes sem prejudicar o stand;

f) Elevado valor nutritivo;

g) Alta digestibilidade;

h) Boa palatabilidade.

Algumas gramíneas são mais indicadas para a fenação do que a maioria das leguminosas, pois mesmo apresentando alto valor protéico, a secagem é mais difícil, ocorrendo uma grande perda de folhas (devido as hastes serem mais lenhosas, não se consegue secagem uniforme de hastes e folhas; quando as hastes estão secas, as folhas passaram do ponto de feno, desprendendo-se com muita facilidade).

Quadro: Dados de produtividade para fenação, número de cortes anuais e valores nutritivos de algumas plantas forrageiras

Forrageiras Feno

Ton./ha/ano Nº médio de

cortes/ano MS

(%) PB

(%) FB

(%) NDT (%)

RHODES(1) 20 3 – 4 90,8 11,5 33,6 44,2

ESTRELA(1) 18 3 – 4 94,8 10,3 32,9 49,0

PANGOLA 8 3 97,8 6,0 29,8 46,0

JARAGUÁ 10 3 86,3 5,6 30,2 42,8

COLONIÃO(2) 3 1 91,6 8,0 33,4 46,0(3)

ELEFANTE(2) 12 2 – 3 90,0 6,0 27,6 52,3(4)

GORDURA 5 2 – 3 91,3 7,4 24,9 63,7(5)

KIKUIU(1) 15 5 88,9 19,5 17,3 56,2

ALFAFA(1) 12 3 – 4 86,4 17,1 24,1 51,9

SOJA PERENE(1) 10 3 89,7 16,7 35,0 -

LEGENDA:

(1) Campo de feno

(2) Colheita com faca-boba (3) Estimado

(4) Pleno florescimento (5) Início do florescimento

OBS: se dada boas condições de produção, os dados acima serão bem melhores.

Quando se desconhece a produção da forrageira, pode-se utilizar a fórmula a seguir para determinar estimadamente o teor de matéria seca da planta: Matéria Seca (MS) = Matéria Verde (MV) / 4.

(17)

O CAMPO DE FENO

Dá-se preferência para áreas de prado, com boa topografia, de fácil manejo. O ideal é que a área de fenação apresente-se de forma que se possa andar sobre ela com um carro de passeio. Mas, também o próprio pasto pode ser o campo de feno, bastando apenas manejá-lo:

a) Roçar o pasto;

b) Aguardar o ponto de corte;

c) Adubação prévia;

d) Sobra do pasto.

AVALIAÇÃO DO FENO

Um bom feno apresenta as seguintes características:

1) Coloração esverdeada;

2) Folhudo;

3) Cheiro agradável;

4) Macio;

5) Palatável;

6) Livre de impurezas e toxidez.

É importante fazer a análise bromatológica do feno, quando se tem grande quantidade.

PERDAS

No caso de gramíneas, no máximo 10 a 15% da MS. Para leguminosas, no máximo 20 a 30% da MS. Técnicas mal empregadas podem responder com perdas entre 30 e 40% da MS. Chuvas prolongadas podem ocasionar até 100% de perda do material. Um mal armazenamento também pode comprometer a qualidade do feno, ocasionando perdas (exposição ao sol, chuvas, má ventilação, etc.)

FORNECIMENTO

O fornecimento do feno pode ser feito a campo ou no confinamento de herbívoros e onívoros. É oferecido em manjedouras ou cochos, não devendo ser oferecido no chão por motivo de perdas.

O feno pode atender as necessidades nutricionais de uma criação ou categoria, total ou parcialmente, dependendo do sistema de criação.

(18)

No caso de bovinos, o feno pode ser dado como alimento exclusivo para animais adultos, sendo a ingestão máxima de 2% do Peso Vivo em Matéria Seca (MS) de feno. Misturado com silagem, pode ser usado à proporção de 2/3 de silagem com 1/3 de feno. Como concentração de MS, o que promove aumento de ingestão de massa (quando de boa qualidade), 1 Kg de feno pode ser comparado com 4 Kg de forragens frescas ou 3 Kg de silagem. Os bovinos jovens têm demonstrado maiores desempenhos no aproveitamento do feno como alimento. Em bezerros o feno proporciona rápido desenvolvimento do rúmen, quando associado com ração peletizada, fornecido a vontade a partir dos 4 dias de idade, quando se pratica a desmama precoce. O feno eleva o pH ruminal, fortalecendo a sua musculatura, evitando a Paraqueratose em bezerros (o feno age como uma “escova de dentes”, pois suas fibras limpam as paredes do rúmen dos resíduos de concentrados que podem ali fermentar).

O feno, quando novo é altamente palatável. Atenção na sua ingestão quando à vontade.

Quadro: Quantidade de feno necessária por dia para manter um bovino DIGESTIBILIDADE (%)

37 48 60

PESO VIVO (Kg) Kg DE FENO / CAB. / DIA

90 8 6 4

180 13 10 7

270 16 13 9

360 20 15 10

450 21 17 11

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

PUPO, Nelson Ignácio Hadler, 1950 – MANUAL DE PASTAGENS E FORRAGEIRAS – Instituto Campineiro de Ensino Agrícola,

1979.

LAZZARINI NETO, Sylvio, 1949 – MANEJO DE PASTAGENS – SDF Editores, 1994.

DIAS, J. C. et alii – FORRAGENS PARA O GADO LEITEIRO – Tortuga / Embrapa – CNPGL, 1997.

Referências

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