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A tomada de decisões sob a óptica das finanças comportamentais no contexto do empreendedorismo: um estudo com microempreendedores

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MARIA MIKAELLE ANDRADE SANTOS

A TOMADA DE DECISÕES SOB A ÓPTICA DAS FINANÇAS

COMPORTAMENTAIS NO CONTEXTO DO EMPREENDEDORISMO: UM ESTUDO COM MICROEMPREENDEDORES

FORTALEZA 2020

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A TOMADA DE DECISÕES SOB A ÓPTICA DAS FINANÇAS

COMPORTAMENTAIS NO CONTEXTO DO EMPREENDEDORISMO: UM ESTUDO COM MICROEMPREENDEDORES

Monografia apresentada ao curso de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Jocildo Figueiredo Correia Neto.

FORTALEZA 2020

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A TOMADA DE DECISÕES SOB A ÓPTICA DAS FINANÇAS

COMPORTAMENTAIS NO CONTEXTO DO EMPREENDEDORISMO: UM ESTUDO COM MICROEMPREENDEDORES.

Monografia apresentada ao curso de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. Jocildo Figueiredo Correia Neto (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Claudio Bezerra Leopoldino

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Daniel Barboza Guimarães Universidade Federal do Ceará (UFC)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que nos dá o folego de vida e que concede sua eterna graça sobre nós. A esperança e a fé são nossas maiores armas para enfrentar as adversidades da vida.

À minha mãe Aureângela, por seu amor incondicional e dedicação durante toda minha vida.

Ao meu esposo Eduardo, por todo apoio e suporte que me proporcionou nesta jornada acadêmica.

À minha querida amiga Mônica, com a qual compartilhei momentos de alegrias e dúvidas durante esta faculdade, e principalmente durante este trabalho.

Aos entrevistados, por toda a disponibilidade e atenção durante as entrevistas, mesmo diante do cenário de pandemia em que estamos, e em meio as dificuldades da adaptação à nova realidade.

Ao meu professor e orientador Dr. Jocildo Figuereido Correia Neto, por toda sua disponibilidade, paciência e colaboração durante a realização deste trabalho.

Aos professores participantes da banca, que se disponibilizaram em avaliar este trabalho dedicando parte do seu tempo para o aprimoramento deste estudo.

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“Tirar conclusões precipitadas é eficaz se há grande probabilidade de que as conclusões estejam corretas e se o custo de um ocasional erro for aceitável.” (DANIEL KAHNEMAN)

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RESUMO

A área de finanças comportamentais busca entender os aspectos que influenciam as decisões financeiras dos indivíduos. Esses aspectos envolvem seus pensamentos críticos e racionais, bem como suas percepções de risco e aversão à perda. Nessa perspectiva de finanças comportamentais, há a figura do empreendedor, que é confrontado diariamente com decisões de negócios. Um tipo de empreendedor que merece muita atenção é o microempreendedor individual (MEI). Analisar o processo de tomada de decisão de microempreendedores individuais sob a perspectiva das finanças comportamentais é de suma importância, a fim de compreender os fatores que influenciam o processo de tomada de decisão cognitiva de micro e pequenos empreendedores em contextos de incerteza e risco, identificando as heurísticas de julgamento utilizadas e os vieses formados. Neste estudo, é realizada uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, a fim de compreender o processo de tomada de decisão financeira do MEI no contexto de risco e incerteza à luz das finanças comportamentais. O método utilizado para coletar os dados foi a entrevista. Dentre os resultados da pesquisa, verificou-se que os entrevistados utilizaram como método de julgamento as heurísticas da disponibilidade e representatividade, afetando a escolha com vieses, muitas vezes sem levar em consideração dados importantes. Constatou-se a partir dessas obConstatou-servações que o processo de tomada de decisão de micro e pequenos empreendedores também é influenciado por fatores comportamentais, como aversão à perda, disponibilidade de memórias fáceis e representação de eventos frequentes.

Palavras-chave: Finanças comportamentais. Gestão financeira dos empreendedores. Tomada de decisões financeiras.

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ABSTRACT

The behavioral finance area seeks to understand the aspects that influence individuals' financial decisions. These aspects involve their critical and rational thoughts, as well as their perceptions of risk and loss aversion. In this perspective of behavioral finance, there is the figure of the entrepreneur, who is faced with business decisions on a daily basis. One type of entrepreneur that deserves great attention is the individual microentrepreneur (MEI). Analyzing the decision-making process of individual microentrepreneurs from the perspective of behavioral finance is very important, in order to understand the factors that influence the cognitive decision-making process of micro and small entrepreneurs in contexts of uncertainty and risk, identifying the heuristics of judgment used and biases formed. In this study, an exploratory research with a qualitative approach is carried out in order to understand the financial decision-making process of MEI under the context of risk and uncertainty in the light of behavioral finance. The method used to collect the data was the interview. Among the results of the research, it was found that the interviewees used as a judgment method the heuristics of decisions of availability and representativeness, affecting the choice with biases, often without taking into account important data. It was found from these observations that the decision-making process of micro and small entrepreneurs is also influenced by behavioral factors, such as loss aversion, availability of easy memories and representation of frequent events.

Keywords: Behavioral finance. Financial management of entrepreneurs. Making financial decisions.

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Figura 1 - Uma Função de Valor Hipotética ... 16 Figura 2 - Funções do administrador financeiro ... 26

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Quadro 2 – Súmula das respostas sobre gestão financeira do negócio ... 33

Quadro 3- Súmula das respostas sobre tomada de decisões financeiras ... 37

Gráfico 4 – Respostas a primeira pergunta sobre teoria da perspectiva ... 41

Gráfico 5- Respostas a segunda pergunta sobre teoria da perspectiva ... 42

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2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 13 2.1 Finanças Comportamentais ... 13 2.1.1 Teoria da Perspectiva ... 14 2.1.2 Heurísticas e Vieses ... 15 2.2 O Empreendedorismo e o Empreendedor ... 19 2.2.1 Características do Microempreendedor ... 21 2.3 Decisões Financeiras... 22

2.3.1 Gestão Financeira pequenas empresas ... 23

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 27

4 ANÁLISE E DISCURSÃO DOS RESULTADOS ... 30

4.1 Perfil dos respondentes ... 30

4.2 Gestão financeira ... 31

4.3 Tomada de decisões financeiras ... 35

4.4 Finanças Comportamentais ... 38

4.4.1 Teoria da perspectiva ... 38

4.4.2 Heurísticas ... 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 46

REFERÊNCIAS ... 48

APÊNDICE A ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA AOS MICROEMPREENDEDORES DA CIDADE DE MARANGUAPE ... 51

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1 INTRODUÇÃO

A área de estudos em finanças comportamentais, embora seja recente comparada a outras ciências, vem se desenvolvendo em suas teorias e solidificando seu argumento, tornando-se de extrema relevância no contexto atual das finanças modernas. Os estudos abordam os aspectos psicológicos envolvidos no processo decisório, em contraponto às tradicionais teorias econômicas que defendem a racionalidade do indivíduo. Olsen (1998 apud LIMA, 2003, p.4) diz que “as Finanças Comportamentais não tentam definir o comportamento racional ou irracional, mas entender e predizer os processos de decisão psicológicos que implicam na sistemática dos mercados financeiros”.

O desbravamento dos estudos em comportamento econômico e financeiro surgiu em meados da década de 70 com o economista Richard Thaler, que contribuiu para o pensamento que as decisões tomadas possuem aspectos de ordem experiencial e emocional, o mesmo recebeu o prêmio Nobel de Economia em 2017 por suas contribuições à área. Outros importantes pesquisadores para a área foram os psicólogos Daniel Kahneman e Amós Tversky (1979), também ganhadores do Nobel de Economia em 2001, apresentando a Teoria dos Prospectos ou Teoria da Perspectiva, que objetiva explicar o comportamento de decisão dos indivíduos frente aos riscos, diante da perspectiva de perdas e ganhos. Eles também são responsáveis pela introdução do conceito de heurísticas, que é tido como um procedimento intuitivo de julgamento, que auxilia na tomada de decisões, mesmo nas mais complexas.

Nesta perspectiva das finanças comportamentais, que busca compreender as motivações de decisões financeiras pelos indivíduos, encontra-se o empreendedor. Seja ele de grande ou de pequeno porte, se depara diariamente com a tomada de decisão sobre seu negócio, sobre quais preços de mercado praticar. Se deve financiar um novo projeto ou não. E caso decida financiar, utilizar recursos próprios ou de terceiros. Estas são algumas proposições de situações no âmbito das finanças, que o dono de um negócio encontra. No contexto do empreendedorismo, há o microempreendedor individual (MEI) que, segundo o Sebrae (2019), é um empreendedor que tem um pequeno negócio e conduz sua empresa sozinho, desenvolvendo as atividades necessárias para a manutenção do empreendimento.

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A partir da realidade apresentada dos microempreendedores, desejasse responder ao seguinte questionamento: Quais são os fatores cognitivos e comportamentais, que influenciam a tomada de decisões dos microempreendedores individuais em contextos de incerteza e risco?

O objetivo central dessa pesquisa é entender o processo de tomada de decisões financeiras pelo MEI sob o contexto de risco e incerteza à luz das finanças comportamentais. Como objetivos específicos, analisar o processo decisório dos microempreendedores na gestão do negócio, descrever os aspectos cognitivos e comportamentais, que implicam na tomada de decisão em contextos de incerteza e risco, e identificar as heurísticas utilizadas e os vieses formados no processo de decisão.

Para tanto, o estudo desenvolvido é de caráter exploratório, utilizando como metodologia a pesquisa de campo, com coleta de dados mediante a condução de entrevistas de roteiro fechado com empreendedores da cidade de Maranguape. Portanto, a natureza da pesquisa é qualitativa.

Este trabalho está divido em cinco seções. A primeira seção trata do problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos que se pretende alcançar, e os métodos utilizados para a pesquisa.

Na segunda seção, são abordadas as teorias desenvolvidas pelos principais pesquisadores da área, como a Teoria dos Prospectos, a aversão a perda em relação a ganhos, heurísticas e vieses. São introduzidos o conceito de empreendedorismo, as características que definem o micro e pequeno empreendedor e quais as decisões gerenciais tomadas no cenário empreendedor.

A terceira seção deste estudo apresenta a metodologia desenvolvida e as técnicas e ferramentas utilizadas para a coleta e tratamento dos dados. Na quarta seção, são discutidos os resultados obtidos analisando as implicações das teorias apresentadas com as observações da pesquisa de campo. A quinta e última seção apresenta as considerações finais da pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Finanças Comportamentais

O modelo moderno de Finanças caracteriza o homem (homo economicus) como um ser inteiramente racional, que analisa todas as informações possíveis e considera todas as hipóteses, para a resolução do problema. O modelo se baseia na Teoria da Utilidade Esperada (TUE), que prevê o futuro considerando a racionalidade ilimitada dos agentes econômicos, não levando em considerações as características psicológicas do comportamento humano em situações de decisão sob risco (THALER; MULLAINATHAN, 2000).

Em contraponto, estão as Finanças comportamentais, que buscam compreender além da racionalidade as decisões tomadas pelos indivíduos que compõem o mercado. Lintner (1998 apud MARCON et al., 2005, p.2) define finanças comportamentais como sendo o estudo, através do qual, investidores interpretam e agem frente às informações para decidirem sobre investimentos.

Para Halfeld e Torres (2001), as Finanças Comportamentais são um ramo de estudo de finanças que tem como objetivo a revisão e o aperfeiçoamento do modelo econômico e financeiro atual, e pela adoção de evidências sobre a irracionalidade do investidor. Para Bazerman (2004, p. 129), “as finanças comportamentais focam o modo como os vieses afetam os indivíduos, assim como afetam os mercados”

Ramos (2007) refere-se aos estudos sobre finanças comportamentais, como o reconhecimento da interferência de emoções e erros cognitivos, que levam a vieses comportamentais e consequentemente afetam o processo decisório do indivíduo, e determinam mudanças significativas no mercado.Thaller (1999a), complementa que é o estudo de como as pessoas analisam as informações e agem no processo decisório.

De acordo com Thaler (1999b, p. 14),

“Os fatos empíricos levam a concluir que os mercados financeiros reais não se parecem com aqueles que imaginaríamos. Se apenas lêssemos os manuais de finanças tradicionais”. De acordo com o autor, [...] a leitura de um manual de finanças tradicional [...] pode criar a impressão de que os mercados financeiros são desprovidos de atividade humana. Grande atenção é dada para os métodos de cálculo de importantes números, tais como valores presentes, taxas de retorno e análise de risco, além de muitas discussões sobre quanto uma empresa deveria tomar emprestado, quanto ela deveria pagar de dividendos (resposta: é irrelevante) e como apreçar opções. Mas virtualmente, não existem pessoas. Muito pouco seria

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modificado nas páginas dos manuais se todas as pessoas, tanto nas corporações quanto nas instituições financeiras fossem substituídas por máquinas.

De acordo com Araña e Léon (2008, p.700), “emoções podem afetar escolhas ou preferências individuais e comportamentos econômicos”. A partir deste contexto, aspectos de ordem não racional são também considerados. Assim, as finanças comportamentais vêm consolidando sua teoria dentro do ambiente econômico, como complemento às teorias já existentes, e com a missão de auxiliar os indivíduos a tomarem decisões mais acertadas.

A notoriedade das finanças comportamentais se acentua com os trabalhos de dois renomados psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky, ao publicarem artigos de pesquisas, onde os resultados contradiziam teorias já enraizadas nas finanças modernas. Entre eles, estão Julgamento sob incerteza: h heurísticas e vieses, publicado em 1974 que trata da utilização de regras simples, muitas vezes se utilizando de julgamentos e estereótipos, e que geram vieses na decisão. Escolhas, valores e quadros, divulgado em 1984, que apresenta a Teoria da Perspectiva que determina que os indivíduos são avessos ao risco no domínio das perdas e atraídos pelo risco no domínio dos ganhos (KAHNEMAN; TVERSKY, 1979).

2.1.1 Teoria da Perspectiva

“As ideias fundamentais da teoria da perspectiva, são de que pontos de referência existem, e de que as perdas avultam como maiores do que ganhos correspondentes” (KAHNEMAN, 2011, p.370). Assim, é possível concluir que ao se deparar com situações que evolvam ganhos, o indivíduo é mais propenso a ser conservador, enquanto que colocados em situações de perdas o mesmo se torna mais liberal, muitas vezes ignorando as probabilidades.

No entanto, a visão propagada pela Teoria da Utilidade Esperada (TUE) é que a “soma das utilidades associadas a todos os resultados possíveis são ponderadas pela probabilidade de que cada um ocorra” (PINDYCK; RUBUNFELD, 1945, p.158). Segundo Kahneman (2011), nesta teoria, a utilidade de um ganho é conferida pela comparação de dois estados de riqueza.

[...] as pessoas não pensam normalmente nos resultados relativamente pequenos em termos de estados de riqueza, mas antes em termos de

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ganhos, perdas e resultados neutros (tal como a manutenção do status quo). (KAHNEMAN; TVERSKY, 1979, p.3)

Deste modo, a TUE não leva em consideração a perspectiva do agente da escolha, analisando cada situação com base nas probabilidades e no estado final de riqueza. Enquanto a teoria da perspectiva avalia de forma subjetiva questões de ganhos, perdas e resultados neutros.

Os resultados dos experimentos de Kahneman e Tversky, 1979 são ilustrados em um gráfico que mostra o valor psicológico de ganhos e perdas. “Se a teoria da perspectiva tivesse uma bandeira, essa imagem estaria bordada nela” (KAHNEMAN, 2011, p. 351).

Figura 1 – Uma Função de Valor Hipotética

Fonte: Scientific Figure on ResearchGate (2008).

Na Figura 1, é possível observar o formato da curva do valor psicológico, onde a inclinação é diferente entre o lado das perdas, demonstrado assim uma aversão ao risco dos em situações de ganhos, e atração no campo das perdas.

Muitas opções enfrentadas na vida são “mistas”: há um risco de perda e uma oportunidade para ganho, e devemos decidir se aceitamos a aposta ou a rejeitamos (KAHNEMAN, 2011, p.352).

2.1.2 Heurísticas e Vieses

Entre as contribuições da psicologia para o campo da economia e das finanças está a introdução do conceito de heurísticas, amplamente disseminada para entender o comportamento dos agentes econômicos. Para (KAHNEMAN 2011, p.127), “a definição técnica de heurística é de um procedimento simples que ajuda a encontrar

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respostas adequadas, ainda que geralmente imperfeitas, para perguntas difíceis. A palavra vem da mesma raiz que heureca”.

Segundo Simon (1978 apud BARBEDO, 2008), as heurísticas são estratégias não sistemáticas de pensamento, aproximação prática ou, ainda, estratégias de aproximação não relacionadas com algoritmos exatos de resolução de problemas.

As pessoas se apoiam em um número limitado de princípios heurísticos que reduzem as tarefas complexas de avaliar probabilidades e predizer valores e operações mais simples de juízo. De um modo geral, essas heurísticas são bastante úteis, mas às vezes levam a erros graves (Kahneman e Tversky,1974).

Segundo Lindenberg (2010), as heurísticas são técnicas utilizadas para simplificar o processo decisório e assim chegar a um consenso. Estas regras simplificadas de escolha, costumam à levar a decisões satisfatórias em vez de decisões perfeitas pelos indivíduos. É um método de investigação que tem por objeto a descoberta de fatos.

Assim, a utilização das heurísticas como método para a tomada de decisões, vem sendo estudada pela psicologia comportamental, levando ao desvendamento do processo decisório constituído pelo indivíduo. Porém, ao recorrer a esse sistema mais rápido e intuitivo, podem ser gerados erros sistemáticos, conhecido como vieses, Kahneman e Tversky (1974) comparam os vieses formados por julgamentos intuitivos como confiar na clareza, como indicativo de distância, onde há superestimação quando a visibilidade é baixa e a subestimação diante da alta visibilidade.

As heurísticas e os vieses formados são descritos em um dos seus artigos, por Kahneman e Tversky (1974), sendo as heurísticas, da representatividade, da disponibilidade, e da ancoragem. Descritas a seguir com uma maior riqueza de detalhes.

A heurística da representatividade é utilizada pelas pessoas como forma de julgar a probabilidade entre A e B a partir do grau de semelhanças entre eles. A medida utilizada para avaliar se B deriva de A, por exemplo, é a representação, quanto mais alta for a representatividade, maior será a probabilidade de B se originar de A. (KAHNEMAN; TVERSKY, 1974).

A heurística da representatividade consiste na avaliação da probabilidade de ocorrência de um determinado evento, com vistas nas similaridades com estereótipos e acontecimentos conhecidos (FEITOSA; ROGERS; ROGERS, 2014). De acordo com Bazerman e Moore (2014), a confiança das pessoas na representatividade, as levam

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a considerar informações insuficientes, e a não considerar informações que não são obviamente representativas.

Assim, essa abordagem de julgamento leva as pessoas a cometerem graves erros, uma vez que consideram similaridades ou representatividade que acabam formando vieses que implicam na decisão. De acordo com Kahneman e Tversky (1974) os erros mais observados na utilização da heurística da representatividade são: a) Insensibilidade à probabilidade - Um efeito gerado com a utilização da representatividade, é ignorar as probabilidades a priori, ou a frequência de taxa-base na concepção do resultado. Bazerman (2002) elucida que as pessoas ao se depararem com um problema, costumam ignorar informações relevantes (medidas-base), e considerar a probabilidade de evento quanto as informações descritivas fornecidas;

b) Insensibilidade à tamanho amostral – Segundo Kaheneman e Tversky (1974), as pessoas costumam empregar a heurística da representatividade, ao estimar a probabilidade de um resultado a partir de uma amostra extraída;

c) Concepções errôneas da possibilidade – Eventos gerados por um processo aleatório, são julgados aleatórios mesmo sem a obtenção de dados estatísticos que comprovem essa conclusão (BAZERMAN; MOORE, 2014); d) Insensibilidade à previsibilidade - Em muitas situações as pessoas realizam

projeções futuras numéricas, como o valor de uma ação ou a demanda por uma commodity, e que são feitas frequentemente com base na intuição, e na representatividade (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974);

e) Ilusão de validade – As pessoas costumam ajustar a previsão de um resultado com sua intuição ou seja, com a representatividade de algo que valide essa previsão, e depositam uma confiança primordial no grau dessa representatividade. Esta confiança em sua previsão é chamada de ilusão de validade (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974);

f) Concepções errôneas de regressão – Retrata que os indivíduos possuem a disposição em ignorar tendências de eventos para níveis médio, mesmo após se obter níveis altos, considerados fora do comum (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974);

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A heurística da disponibilidade é tida como uma regra que emprega a frequência ou probabilidade de algo para estimar uma ocorrência, pois geralmente ocorrências de alta frequência são mais possíveis de acontecer do que as menos frequentes (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974).

Para Bazerman e Moore (2014), um evento emocional, vívido e de fácil lembrança, estará mais disponível ao indivíduo, ao contrário de um sem relação emocional, vago e difícil acesso na imaginação.

Segundo Kahneman e Tversky (1974), “consequentemente, a confiança na disponibilidade leva a vieses previsíveis, alguns dos quais estão ilustrados a seguir”.

a) Vieses devido à recuperabilidade das ocorrências – O julgamento dos indivíduos é costumeiramente influenciado pela familiaridade, ou pela proeminência de um evento em sua memória (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974). Assim, eventos que são mais facilmente recuperados pela memória do indivíduo, são considerados mais familiares e de maior confiabilidade; b) Vieses devido à efetividade de um ajuste de busca – São utilizadas

ferramentas de busca que se ajustam, conforme a disponibilidade em contextos que aparecem (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974). Bazerman e Moore (2014) acreditam que a recuperabilidade se relaciona com a facilidade relativa em relembrar fatos, pessoas ou palavras;

c) Vieses de imaginabilidade - Ao tentar realizar uma previsão de resultados, no qual não se têm referências guardadas na memória, os indivíduos utilizam a disponibilidade de imaginar a situação e julgá-la quanto a facilidade de construí-la (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974). Porém, a facilidade da construção não representa a verdadeira frequência (FERREIRA, 2007);

d) Correlação ilusória – A disponibilidade explica a correlação ilusória, pois a avaliação da frequência de dois eventos ocorrerem ao mesmo tempo, está ligada a associação entre eles quanto maior for a associação, mais o indivíduo tende a considerá-los próximos (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974). O julgamento equivocado cria a superestimação da probabilidade de ocorrer dois eventos simultâneos, a partir da forte associação com lembranças de exemplos devido à experiências passadas ou influência social (BAZERMAN, 2004).

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A heurística de ajuste e ancoragem, explica que em muitas situações os indivíduos se baseiam em valores de referência, que utilizam como ponto de partida, sugerido ou não pela formulação do problema. Esta abordagem se torna insuficiente, uma vez que diferentes pontos de partida resultam em diferentes estimativas, enviesados na direção dos valores iniciais. Este fenômeno é chamado de ancoragem (KAHNENAM; TVERSKY 1979).

As pessoas desenvolvem estimativas iniciais, que funcionam como base, âncora, na qual a decisão será tomada, e assim ajusta-se o processo para chegar à resposta final (BAZERMAN; MOORE, 2014).

a) Ajuste insuficiente – Quando o indivíduo baseia suas estimativas por um ponto de partida inicial, e realiza ajustes para chegar ao resultado, porém os ajustes são tipicamente insuficientes, levando a uma subestimativa (KAHNENAM; TVERSKY 1979);

b) Vieses na avaliação de eventos conjuntivos e disjuntivos – Estudos de escolha demonstram que as pessoas tendem a superestimar a probabilidade de eventos conjuntivos e subestimar a de eventos disjuntivos (KAHNENAM; TVERSKY 1979);

c) Ancoragem na avaliação das distribuições de probabilidade subjetiva – As

probabilidades subjetivas são avaliações dos indivíduos sobre determinado evento, conforme sua opinião. Por exemplo em uma aposta sobre determinado evento os sujeitos possuem probabilidades diferentes, levando à probabilidade subjetiva. Esta natureza subjetiva levou os estudiosos a aceitarem que a coerência, ou consistência interna, é o único critério em que se devem avaliar as probabilidades (KAHNENAM; TVERSKY 1979).

2.2 O Empreendedorismo e o Empreendedor

“O termo empreendedorismo é derivado da “palavra entrepreneurship que por sua vez deriva de entreprendere, empregada no século 17, na França, denominada para um indivíduo que assumia o risco de criar um novo empreendimento” (LEITE, 2002, p.51). Tachizawa (2002) descreve os empreendedores como realizadores,

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pessoas capazes de transformar a realidade e fazer a diferença superando seus limites. O seu desenvolvimento possibilitou o crescimento mundial.

Hisrich e Peter (2004) expõem informações sobre o desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor a partir da Idade Média até 1985, onde eles definem o empreendedorismo como “processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal”.

Para Hisrich e Peter (2004), o empreendedorismo possui uma importante função para o desenvolvimento e riqueza de nações e regiões. Impulsionador da criação e do crescimento de negócios. Para eles esse resultado pode surgir até mesmo de empreendedores individuais que enxergam uma oportunidade empreendedora, avaliam e exploram essa oportunidade.

Segundo Hisrich e Peter (2014), o empreendedorismo deriva de uma ação, o empreendedor segue o que acredita ser uma oportunidade, porém estas oportunidades costumeiramente residem em profundo estado de risco e incerteza. O que caracteriza o empreendedor é a capacidade de enfrentar as incertezas. “O papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico envolve mais do que apenas o aumento de produção e renda per capita; envolve iniciar e constituir mudanças na estrutura do negócio e da sociedade” (HISRICH E PETER, 2004, p. 33).

Hisrich e Peter (2014) descrevem o modelo de pensamento dos empreendedores com sendo diferente da média. As decisões tomadas por empreendedores em sua maioria são rodeadas de insegurança, altos riscos e intensas pressões emocionais e de tempo. Dado a este ambiente em que se encontra, o agente empreendedor recorre muitas vezes ao (1) pensamento estrutural, (2) adoção da bricolagem, (3) execução e (4) adaptação ao modo cognitivo.

No pensamento estrutural, o empreendedor busca, relacionar tecnologias, processos, produtos e até serviços, que possam suprir necessidades, de determinados mercados, mesmo que não sejam inicialmente dedicados a eles (HISRICH; PETER, 2014).

Na bricolagem, o indivíduo encontra novas maneiras de negócios a partir da procura por solução de um problema, reinventando processos e por consequência identificando novas oportunidades. (HISRICH; PETER, 2014)

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Na execução o processo é invertido, o empreendedor, com base naquilo que ele já possui, passa a selecionar mais possibilidade de resultados (HISRICH; PETER, 2014).

A adaptação ao modo cognitivo se refere ao ponto de inflexão entre dinamicidade e flexibilidade do empreendedor em gerar processo e estruturas de decisão, para depois guiar essas mudanças (HISRICH; PETER, 2014).

As características dos empreendedores de sucesso segundo Dornelas (2008) são: visionários; sabem tomar decisões; são indivíduos que fazem a diferença; sabem explorar ao máximo as oportunidades; são determinados e dinâmicos; são dedicados; são otimistas e apaixonados pelo que fazem; são independentes e constroem o próprio destino; ficam ricos; são líderes e formadores de equipes; são bem relacionados (networking); são organizados; planejam; possuem conhecimento; assumem riscos calculados; criam valor para a sociedade”.

Carregando o estigma do risco, o empreendedorismo é um fenômeno global que se destaca pela inovação, criatividade e capacidade de transformação. Assim, o empreendedor, vem na perspectiva de mudar a realidade, em meio à constante pressão.

2.2.1 Características do Microempreendedor

“Empreendedores são um dos ativos mais importantes de qualquer economia. Invariavelmente, as micro e pequenas empresas costumam responder pela maior fatia na geração de empregos e por substancial parte do PIB, nos mercados mais desenvolvidos” (LEITE, 2002, p.51).

Ainda não existe uma classificação consolidada em relação às micro e pequenas empresas, pois cada país adota formas particulares e de acordo com suas realidades de mercado (SALES; SOUZA NETO, 2004).

Segundo a pesquisa nacional realizada pelo SEBRAE em 2017, que busca traçar o perfil do Microempreendedor, o Brasil possuí cerca de 6.649.896 registros de MEI’s. Com esta pesquisa é possível conhecer as características gerais dos microempreendedores brasileiros. De acordo com SEBRAE (2017), os microempreendedores são encontrados em todas as regiões do país, porém o fenômeno é mais acentuado em capitais e regiões metropolitanas.

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Os setores com a maior concentração de microempreendedores são: comércio (37,4%), seguido de serviços (37,2%), indústria (15,3%), construção civil (9,5%) e agropecuária (0,6%). Ainda segundo o instituto dentre os microempreendedores 52,4% são do sexo masculino e 47,6% do sexo feminino. Em relação à idade, a faixa etária de maior representatividade é a de 30 a 39 anos, enquanto a faixa que compreende de 25 29 é menos expressiva. Quanto a escolaridade, segundo a pesquisa, a maioria tem nível médio ou técnico completo. As classes socioeconômicas predominante de concentração do MEI são as classes médias e altas.

De acordo com Leite (2002), graças ao desenvolvimento da tecnologia, e a acessibilidade de informações, os donos de micro ou pequena empresa podem realizar todas as tarefas, contabilidade, atendimento ao cliente, vendas, marketing, design gráfico, até mesmo desenvolvimento de produtos com a ajuda de um computador pessoal. Ele ainda comenta que “como o PC, assim como proprietário de uma microempresa, é uma banda inteira tocada por uma pessoa só”.

2.3 Decisões Financeiras

Segundo Bazerman (2014), a tomada de decisão se caracteriza como processo encadeado que se apoia em aspectos cognitivos de coleta de dados, análise e julgamento. O autor recomenda, ainda, que a identificação dos componentes da decisão é necessária para entender como as organizações realizam a avaliação entre diferentes opções das atividades desenvolvidas.

Segundo Assaf Neto (1997), o processo de tomada de decisão é inerente à administração, pois administrar é decidir, e a qualidade dessas decisões define o sucesso e a continuidade do negócio. O processo para a tomada de decisão é complexo, e difícil de ser descrito, pode-se identificar alguns elementos que podem influenciá-lo, são estes a experiência o julgamento e o ambiente (Securato, 1993).

De acordo com Securato (1993), os homens de finanças estão constantemente sujeitos às tomadas de decisão que, muitas vezes, podem representar o fracasso ou o sucesso de determinado projeto, principalmente em economias tão atribuladas quanto a brasileira.

Existem alguns conceitos com os quais convivemos, quase sempre, de forma natural. O risco, a certeza e a incerteza são conceitos deste tipo, visto que levamos nossas vidas voltados para o futuro. Assim estamos habituados às condições de risco e incerteza. Naturalmente, esta questão torna-se mais

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importante no mundo dos negócios, onde a avaliação dos riscos é fundamental para a tomada de decisão (Securato,1993, p.21).

De acordo com Assaf Neto (1997), as empesas independentemente do nível operacional, se deparam com duas grandes decisões, que são as decisões de investimento e financiamento. Estas duas grandes áreas de decisão dizem respeito, primeiro ao processo de identificação, avaliação e seleção das alternativas de aplicações de recursos, e segundo a definição da natureza dos fundos aplicados.

A tomada de decisões é construída por um processo, que é desenvolvido continuamente com base na dificuldade do problema, pelo reconhecimento e pelas características do indivíduo e da situação. Este processo é dissecado pela psicologia cognitiva e pela ciência da economia (LINDENBERG, 2010).

Assaf Neto (1997) expõe que as decisões financeiras das empresas não são meramente definidas de acordo com a conjectura de uma ciência exata, onde é possível a comprovação absoluta de resultados. A tomada das decisões considera fatores que retratem a realidade do ambiente econômico, que envolvem certas

premissas e hipóteses comportamentais. O processo de tomada de decisão é uma ação humana e comportamental,

onde o indivíduo busca informações, ou não, que são inerentes à decisão e de acordo com seus objetivos, procura compreender a situação por meio de sua percepção, utilizando modelos mentais, emoções, intuições, associações e experiências passadas que influenciam o resultado da decisão (ANACHE; LAURENDEL, 2012; FERREIRA, 2010).

Segundo os autores a tomada de decisões é um processo complexo, pois as consequências de uma decisão errada são enormes no contexto de um negócio. As microempresas possuem a característica de estar intimamente ligada ao seu gestor, que como todo indivíduo, está sujeito a desvios cognitivos de julgamentos na tomada de decisão.

2.3.1 Gestão Financeira pequenas empresas

De acordo com Cheng e Mendes (1989), pode-se compreender gestão financeira como o gerenciamento dos fluxos monetários originados das atividades operacionais do empreendimento ao decorrer do tempo. Elas ainda complementam que a finalidade desta gestão é equilibrar a rentabilidade, que é a capacidade da

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empresa de retorno aos proprietários, e a liquidez, que se descreve como a capacidade em honrar seus compromissos com terceiros.

Gitman (2004) apresenta a gestão financeira como a ciência e a arte de administrar os recursos financeiros. Compete a área financeira o empenho na análise e interpretação das informações a fim de proporcionar uma continuidade do negócio. Segundo Assaf Neto (2011), a administração financeira compreende um campo de estudos que se detêm em garantir um eficiente e eficaz processo que compreende a captação e alocação de recursos financeiros.

A realização de uma boa gestão financeira é imprescindível para a tomada de decisões mais acertadas. Conforme Rasoto et al. (2012), uma boa gestão tem por consequência a manutenção da vida das empresas, perante o mercado globalizado e competitivo. A saúde financeira do negócio é decorrente do acompanhamento dos diversos fatores como custos, lucros, prejuízos, investimentos e financiamentos.

Assim, embora as pequenas empresas possuam processos mais curtos, a tarefa do gerenciamento financeiro não se torna menos complexa. Assim como uma empresa de grande porte, o pequeno empresário deve-se preocupar com o gerenciamento dos recursos financeiros para garantir a sobrevivência do negócio.

Segundo Antonik (2016), dentro de uma micro e pequena empresa, o proprietário se torna detentor das atividades e dos fluxos que compõem o negócio, gerando uma grande responsabilidade, e consequentemente uma necessidade de conhecimentos que proporcionem o melhor gerenciamento.

Conforme Antonik (2016), o microempreendedor deverá executar três funções: análise, execução e planejamento financeiro; administração da estrutura de ativos; administração da estrutura financeira.

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Fonte: Adaptada de Antonik (2016).

Observa-se na figura, as funções necessárias na administração dos recursos financeiros de uma empresa, adaptado de Antonik (2016). O autor representa a administração financeira em um ciclo composto pelas decisões de investimento, e pelas decisões de financiamento, compras e endividamento. No centro do círculo encontra-se o balanço patrimonial, ferramenta contábil que auxilia no gerenciamento dos recursos. Ainda representa o empresário como “faz-tudo”, responsável pelo acompanhamento e controle dos elementos do círculo.

De acordo com Antonik (2016), ao realizar as funções de administrador financeiro, o proprietário deve dar atenção a quatro aspectos essenciais, a administração de caixa, administração de recebíveis, administração de estoques e alavancagem.

Segundo Assaf Neto (2011), o termo caixa se refere ao dinheiro da empresa que encontra-se disponível a qualquer momento, mantido em cofres próprios, contas correntes bancárias e aplicações financeiras de liquidez imediata. Ainda, segundo o autor a administração do caixa se preocupa em equilibrar custos e benefícios na manutenção do saldo de caixa que deve ser mantido.

Para Assaf Neto (2011), as decisões de caixa são conflituosas e refletem um custo de oportunidade, pois o dinheiro em caixa confere uma maior liquidez à empresa, assegurando o pagamento correto de seus compromissos e desembolsos imprevistos, porém este dinheiro também poderia estar sendo utilizado em aplicações de maiores rendimentos.

Para Gitman (2004), o fluxo de caixa é considerando o sangue da empresa, ele representa uma das principais preocupações do gestor financeiro e é importante tanto para a gestão do dia-a-dia como para o planejamento e decisões estratégicas. Assaf Neto (2011), define o fluxo de caixa como a entrada e saída de recursos pelo caixa em determinado período de tempo.

Segundo Assaf Neto (2011), os valores a receber compõem grande parte dos ativos circulantes das empresas, em consequência impacta diretamente na rentabilidade. Gerando assim a necessidade do gerenciamento dos recebíveis, ou duplicatas a receber, que são resultados de créditos concedidos aos clientes pela empresa para a compra.

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A área de administração de contas a receber, engloba fundamentalmente, os seguintes elementos: análise dos padrões de crédito; prazo de concessão de crédito; descontos financeiros por pagamentos antecipados e política de cobranças. A definição de cada um desses elementos forma a política de crédito que a empresa adotará (ASSAF NETO, 2011).

Segundo Gitman (2004), a finalidade da administração de contas a receber é promover agilidade no recebimento das contas, para tanto é necessário a definição de uma seleção e padrões de crédito, condições do crédito e monitoramento de créditos.

De acordo com Assaf Neto (2011), pelas características dos estoques de baixa liquidez e participação significativa no total dos investimentos, esta última principalmente em empresas industriais e comerciais, a gestão dos estoques deve promover uma rápida rotação para a garantia da manutenção da liquidez.

Assim, a administração de estoques deve focar nas políticas de compras, nos critérios de controle, e na análise desses ativos, dado que refletem uma decisão financeira de investimento (ASSAF NETO, 2011).

De acordo com Gitman (2004), o objetivo da gestão de estoques é fazer girá-los o mais rápido possível, não deixando de realizar vendas por falta de estoques. Resultando em níveis de estoques conforme a necessidade do negócio.

Alavancagem é o processo pelo qual se modifica a estrutura de capital de uma empresa, através do uso de ativos ou fundos a custo fixo visando a multiplicação de retornos. Os três tipos de alavancagem são, alavancagem operacional, alavancagem financeira e alavancagem total (GITMAN, 2004).

Segundo Assaf Neto (2011), a alavancagem operacional, trata do reflexo da alteração no volume de atividade sobre o lucro operacional. Gitman (2004), diz que a alavancagem operacional resulta na aplicação de custos fixos para ampliar os efeitos de variação de vendas sobre o lucro.

A alavancagem financeira é denominada como o efeito oriundo da utilização de capital de terceiros a determinado custo, para aplicação em ativos com determinada taxa de retorno (ASSAF NETO, 2011).

A alavancagem total resulta da combinação da utilização da alavancagem financeira e da alavancagem operacional, utilizada com o propósito ampliar o efeito de variação do faturamento sobre os lucros (GITMAN, 2011).

(28)

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta seção tem a finalidade de descrever os procedimentos metodológicos que foram adotados, apresentar os métodos de pesquisa, as ferramentas utilizadas e a forma como este trabalho foi conduzido.

De acordo com Lakatos e Marconi (2003), o método é caracterizado pelo emprego racional e sistemático de atividades para se chegar a um objetivo, ele garante segurança, uma vez que possibilita o alcance do conhecimento válido e verdadeiro pelo cientista.

Segundo Otani (2011), o método é a ordenação para se chegar a um objetivo. O método científico compreende a aplicação de técnicas e instrumentos que sistematizem o processo de pesquisa. Para o desenvolvimento de uma pesquisa científica, a utilização de um método é imprescindível. Para Gil (1987), o método é o caminho para se chegar a um fim determinado, e o método científico é o emprego de técnicas e procedimentos intelectuais, a fim de se alcançar um conhecimento.

Assim, compreende-se a importância do uso do método para a realização de estudos científicos, ao passo que a aplicação ordenada das técnicas, e a utilização dos instrumentos, convergem para o alcance do objetivo do trabalho cientifico que é gerar conhecimento.

Quanto à metodologia da presente pesquisa, considera-se o emprego do método dedutivo. Segundo Lakatos e Marconi (2003), o método hipotético-dedutivo, é iniciado pela percepção de falta do conhecimento, através da observação de fenômenos abrangidos pela teoria, por meio da inferência dedutiva.

Em razão da finalidade deste estudo, que é compreender o processo de tomada de decisões financeiras pelo MEI em uma cidade do estado do Ceará, tem-se a pesquisa descritiva. Segundo Gil (1987), a pesquisa descritiva detém-se na apresentação das características de determinado grupo ou fenômeno, ou estabelecimento de conexões entre variáveis.

Para Oliveira (1997), o estudo descritivo fornece uma explicação sobre os fenômenos, analisando as causas e efeitos que o influenciam. É um tipo de pesquisa que possibilita obter melhor compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que geram o fenômeno.

Quanto à abordagem, a pesquisa classifica-se como qualitativa. Qualitativo, pois busca-se conhecer e interpretar como o microempreendedor gerencia as finanças

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de seus negócios e qual o processo seguido por ele para tomar decisões. Segundo Otoni (2011), a pesquisa qualitativa fornece uma interpretação dos fenômenos, considerando que existe uma relação entre o mundo real e o sujeito. O pesquisador busca compreender o significado e o processo, analisando as informações indutivamente.

Em relação aos procedimentos e técnicas utilizadas, adotou-se a pesquisa bibliográfica e entrevista de campo. A pesquisa bibliográfica, segundo Oliveira (1997), tem objetivo de conhecer as contribuições científicas sobre o tema ou fenômeno apresentado. De acordo com Otoni (2011), a pesquisa bibliográfica é um apanhado de dados levantados através de fontes secundárias. Desta maneira, a primeira parte deste trabalho foi a obtenção de informações nas diversas fontes teóricas, como livros artigos e revistas cientificas acerca do tema, para o embasamento da pesquisa.

Quanto à técnica de coleta de dados em campo, optou-se pela entrevista, visando uma melhor compreensão dos fatos na realidade, o roteiro da mesma será formulado com intuito de captar as subjetividades derivadas das respostas. De acordo com Lakatos e Marconi (2003), a entrevista é uma técnica que busca informações através da interação face a face entre o pesquisador e o entrevistado. Segundo Vergara (2012), a entrevista torna-se útil ao captar os significados, sentimentos e a realidade experimentada pelo entrevistado.

A entrevista será conduzida pelo entrevistador, por meio de entrevista online, utilizando os meios tecnológicos disponíveis e que melhor se adequem à realidade do pesquisador e do entrevistado. Seguirá uma estrutura lógica em seções, apresentadas a seguir.

A primeira seção tem por objetivo, traçar o perfil do microempreendedor entrevistado, através de perguntas sócio demográficas, e sobre as características gerais do seu negócio.

A segunda seção tem o intuito de conhecer o modelo de gestão que o entrevistado adota para administração dos recursos financeiros do negócio. As perguntas são de natureza qualitativa.

A terceira seção trata das tomadas de decisões financeiras por parte do empreendedor. As perguntas desta parte buscam compreender como o gestor do negócio se relaciona com decisões financeiras essenciais para um bom desempenho do empreendimento.

(30)

A quarta seção tem a finalidade de analisar como o empreendedor se comporta diante de situações hipotéticas, que compreendem decisões financeiras corriqueiras. O objetivo das perguntas é compreender qual o processo que ele utiliza, e verificar se há traços das teorias de finanças comportamentais, como aversão à perda e utilização de heurísticas.

Para aplicação das entrevistas, foi levado em consideração o conceito de amostra, pois, segundo Gil (1987), em pesquisas sociais, os elementos costumam ser grandes, impossibilitando a análise de sua totalidade. Não diferente neste estudo, conta com um universo 3.527, que de acordo o Portal do Empreendedor (2019), é o número de MEI’s do município de Maranguape.

De acordo com Lakatos e Marconi (2003), a amostra representa uma porção da população total, e que pode-se inferir os resultados de forma mais legítima sobre o universo pesquisado. Gil (1987) define amostra como uma pequena parcela dos elementos que compreende o universo.

Para a definição do tipo de amostragem ideal para esta pesquisa, levou-se em consideração a técnica que será empregada para a coleta de informações, a entrevista, que por sua natureza demanda um maior tempo por parte do pesquisador e do entrevistado. Desta maneira, optou-se pelo emprego da amostragem não probabilística, que permite ao pesquisador a escolha de elementos do universo de maneira aleatória.

Como ferramenta para determinar o tamanho final da amostra, foi adotada a amostragem por saturação. Segundo Fontanella (2008), a amostragem por saturação é largamente utilizada em pesquisas de cunho qualitativo, e consiste no fechamento do número da amostra quando se constata redundância ou saturação de informações.

(31)

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção, são apresentados os resultados obtidos a partir da pesquisa de campo realizada. Esta seção visa cumprir o objetivo deste estudo de compreender os fatores que influenciam no processo cognitivo, de tomada de decisões dos microempreendedores em contextos de incerteza e risco, sob a óptica das teorias de finanças comportamentais, identificando as heurísticas de julgamento utilizadas e os vieses formados.

Para alcançar os objetivos propostos neste estudo, foram realizadas oito entrevistas individuais com microempreendedores, compreendendo o período de abril e maio de 2020. As entrevistas ocorreram através do aplicativo whatsapp, por meio do qual as perguntas foram enviadas em áudio aos entrevistados.

Inicialmente, são apresentados os perfis dos entrevistados. Em seguida, trata-se sobre a gestão financeira da empresa. Posteriormente, as tomadas de decisões financeiras são abordadas. Por fim, as finanças comportamentais são estudadas. 4.1 Perfil dos respondentes

A primeira seção de perguntas da entrevista objetivava traçar o perfil dos empreendedores, resultando no quadro 1. Observa-se, a partir da formação do quadro, que 6 dos 8 respondentes são do sexo feminino, e que há uma predominância das faixas etárias de 18 a 25 anos e 26 a 30 anos, sendo 2 e 3 respondentes respectivamente.

Quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados, nota-se que 5 dos 8 respondentes terminaram ou estão cursando o ensino superior. Na última pergunta sobre o setor de negócio que atuam, 6 dos 8 responderam que atuam no comércio. Assim é possível evidenciar um perfil dos entrevistados, predominantemente feminino, jovens entre 18 e 30 anos, com ensino superior completo ou cursando e que atuam na comercialização de produtos.

(32)

Cód. Sexo Faixa Etária Escolaridade Setor do Negócio E1 Feminino 18 a 25 Ensino Superior Comércio E2 Masculino 18 a 25 Ensino Superior Serviços E3 Masculino 41 a 45 Ensino Superior Comércio

E4 Feminino 31 a 35 Cursando

Ensino Superior Serviços

E5 Feminino 31 a 35 Ensino Médio Comércio

E6 Feminino 26 a 30 Ensino Médio Comércio

E7 Feminino 26 a 30 Ensino Superior Comércio

E8 Feminino 26 a 30 Ensino Médio Comércio

Fonte: Elaborado pela autora.

4.2 Gestão financeira

A segunda seção da entrevista, possuía a finalidade de entender o modo em que são geridas as finanças do negócio. Nesta parte, foi possível também identificar o grau de conhecimento e de habilidade dos empreendedores em relação à gestão financeira. O quadro 2 apresenta uma síntese das respostas de cada entrevistado acerca das questões propostas.

Quadro 2 – Súmula das respostas sobre gestão financeira do negócio

Cód. 1.A gestão financeira do negócio é feita por você, ou por terceiros? 2.É realizado um planejamento de curto e longo prazo, referente ao fluxo de caixa? 3.É realizado o controle financeiro, como por

exemplo o acompanhamento dos custos e despesas, volume de vendas, liquidez do caixa? E1 “Realizada por mim.” “Sim de curto e

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E2

“Controle de caixa, entradas

e saídas é comigo.”

“Mais ou menos.” “Sim”

E3 “É feita por mim

mesmo”

“Fazemos planejamento

semestral”

“Sim”

E4 “Feito por mim” “Sim de curto

prazo” “Sim”

E5 “Por eu mesma” “Sim” “Sim”

E6

“Eu e meu sócio realizamos

gestão”

“Sim” “Sim”

E7 “É revisada por

mim” “Curto Prazo” “Sim”

E8 “Realizada por

mim” “Não” “Não”

Continuação. Quadro 2 – Súmula das respostas sobre gestão financeira do negócio

Cód.

4.Você utiliza alguma ferramenta tecnológica que

auxilie no gerenciamento financeiro?

5.Quais métodos você utiliza para avaliar a saúde financeira do seu negócio?

E1 “Não”

“Uma avaliação que é regular. Fazemos o balanço semanalmente e usamos como

critério primeiros as dívidas.”

E2 “Sim” “Bom, vem melhorando depois

que comecei a organizar mais”

E3 “Sim” “Não utilizo”

E4 “Não “ “Realizo somente a comparação

(34)

Fonte: Elaborado pela autora.

Na primeira pergunta, foram indagados sobre quem realiza a gestão financeira do negócio, e os 8 respondentes informaram que realizam a gestão do negócio sozinhos. Embora um dos entrevistados tenha informado que as funções mais burocráticas são realizadas por uma empresa de contabilidade, ele afirma que questões como controle de caixa entre outras são realizadas por ele.

“Sou MEI, e sempre cuidei do financeiro, mas contratei uma empresa de contabilidade pra ficar com essa parte, pelo menos da mais burocrática, mas o básico, que é controle de caixa, entradas, saídas é comigo” (Entrevistado 2).

Concluísse a partir das observações, que os entrevistados são os únicos responsáveis pelo gerenciamento das finanças, conforme destacado por Leite (2002), que fala sobre a detenção de todas as tarefas inerentes ao negócio pelos donos de micro e pequenas empresas. Antonik (2016) também ressalta essa característica dos micro e pequenos empreendedores e acrescenta que o proprietário uma vez detentor dos fluxos, carrega grande responsabilidade e consequentemente, gera a necessidade de conhecimentos que proporcionem o melhor gerenciamento.

Ao serem questionados sobre a realização de um planejamento de curto e longo prazo, os entrevistados em sua maioria afirmam que costumam realizar um planejamento de caixa, apenas a entrevistada E8 informou que não realiza um planejamento. Quanto à forma que é realizado esse planejamento, é observado uma divergência entre eles.

A entrevistada E1 diz que realiza o planejamento de compras e aquisições, separando em curto e longo prazo. O entrevistado E3 realiza o planejamento do fluxo de caixa semestralmente. Em ambos os casos foi observado certo grau de conhecimento em relação a gestão do fluxo de caixa. Quanto aos 6 outros

E5 “Não” “Não utilizo”

E6 “Não” “Não utilizo”

E7 “Não”

“Se o cliente gosta, se produto tá vendendo, se foi aceito, é

assim que avalio a saúde financeira do negócio

(35)

entrevistados não explicaram de forma clara como realizam este planejamento. Seguem alguns relatos transcritos:

“Sim, um planejamento de curto prazo para a reposição dos materiais. E longo prazo para compra de equipamentos ou manutenção de algum móvel” (Entrevistada 1).

“Sim, fazemos um planejamento semestral, devido às mudanças constantes no fluxo de caixa” (Entrevistado 3).

Ao serem indagados sobre o controle financeiro do negócio, a maioria dos entrevistados informou que realiza o controle, apenas a entrevistada E8 diz não realizar nenhum controle sobre as finanças de seu negócio.

Sobre a utilização de ferramentas tecnológicas que auxiliem no gerenciamento, seis respondentes afirmaram que não utilizam, realizando todo o gerenciamento de forma manual. O entrevistado E2 utiliza planilhas eletrônicas e o entrevistado E3 possui um aplicativo de sistema financeiro.

Quanto ao método de avaliação da saúde financeira do negócio, quatro dos 8 entrevistados informaram que não utilizam nenhum método de verificação da saúde financeira da empresa, e quatro responderam que avaliam a saúde do negócio utilizando critérios diferentes. A entrevistada E1 realiza balanço semanalmente, enquanto o entrevistado E2 compara com as metas estabelecidas por ele, a entrevistada E4 costuma realizar comparação dos meses para avaliar a saúde das finanças.

De acordo com as observações realizadas, percebe-se que a maioria dos entrevistados possui pouco conhecimento em relação à gestão financeira e costuma gerenciar seus negócios empiricamente. Observa-se que o planejamento financeiro de grande parte dos entrevistados é apenas de curto prazo, o que leva a uma precarização da sobrevivência do negócio.

Quanto às atividades básicas financeiras de um negócio que é o acompanhamento do fluxo de dinheiro, nota-se que, apesar de haver o acompanhamento, os entrevistados não possuem métricas para uma avaliação realista dos resultados.

A não utilização de ferramentas tecnológicas pela maioria dos respondentes, revela que não há uma estrutura própria para as finanças, e que são levadas de forma intuitiva, sem um sistema que possa ajudar a otimizar os processos.

(36)

As características demonstradas pelos entrevistados corroboram com o perfil do pequeno empreendedor, que inicia um negócio, muitas vezes sem uma estrutura ou planejamento inicial. São empurrados pelo crescimento do empreendimento, e se adaptam aos momentos conforme irão surgindo.

4.3 Tomada de decisões financeiras

As perguntas referentes ao terceiro bloco, buscam compreender como os gestores lidam com as decisões financeiras básicas de um negócio. Ao serem questionados sobre qual decisão tomam quando há um superávit do caixa, seis dos oito entrevistados informaram que ao sobrar dinheiro no caixa costumam guardar como reserva para eventuais emergências. Segue alguns relatos transcritos:

“Geralmente, fazemos a compra de mais materiais que servirão para inovação dos produtos (no caso, de algum equipamento novo, por exemplo) e também uma reserva para alguns imprevistos” (Entrevistada 1).

“Atualmente criamos um fundo de reserva para investimentos futuros, devido aos altos juros contados pelas instituições financeiras” (Entrevistado 2).

Na resposta da entrevistada E5, subentende-se que ela não possui o hábito de guardar dinheiro que sobra no caixa. Já a entrevistada E8 afirma utilizar a sobra de caixa aplicando em seu orçamento doméstico.

Perguntados sobre uma situação que envolvesse déficit de caixa, e o que fariam neste caso, quatro respondentes informaram que costumam retirar dinheiro da pessoa física para suprir o déficit de caixa. A entrevistada E5 afirma que é muito difícil acontecer uma falta. O entrevistado E2 afirma que busca aumentar sua produção para suprir a falta, assim como a entrevistada E6 que costuma intensificar a divulgação para aumentar as vendas e assim cobrir o déficit. A entrevistada E8 diz que opta por empréstimos neste caso.

Questionados sobre que forma de financiamento utilizariam para a compra de equipamentos, móveis, ou o investimento em um novo projeto, dois dos entrevistados informaram que utilizam o cartão de crédito, e quatro costumam utilizar as reservas de caixa. A respondente E8 afirma que opta por empréstimo, e a entrevistada E7 afirma que realiza novas aquisições retirando do lucro.

(37)

Quadro 3- Súmula das respostas sobre tomada de decisões financeiras

Cód.

1.Em caso de superávit do caixa, o que você

costuma fazer? 2.Em caso de déficit do caixa, o que você costuma fazer? 3.Quando surge a necessidade de uma compra você opta por empréstimos a terceiros, ou retirar do caixa? E1 “Fazemos a compra de mais materiais que servirão para inovação dos produtos e também uma reserva para alguns imprevistos.” “Temos que colocar do nosso próprio dinheiro.”

“Na maioria das vezes usamos cartão e vamos

pagando parcelado.” E2 “Guardo maior parte, para investimentos, fluxo de caixa e emergência.” “Tento aumentar a produção.”

“Sempre tiro do caixa, de preferência para pagar à

vista.” E3 “Deixamos em caixa para despesas futuras.” “Usamos recursos próprios (pessoa física) para solucionar.” “Criamos um fundo de reserva para investimentos

futuros.” E4 “Deixo guardado em casos de necessidade.” “Tiro do próprio do bolso.” “Retirar do caixa. crediamigo realizado de 6 em 6 meses.” E5 “Compro o que tenho que comprar pra trabalhar ainda

sobra pra fazer

“Isso é muito

(38)

outros pagamentos.”

E6

“Guardar pois posso não ter um

bom faturamento no dia seguinte” “Trabalhamos com divulgações pra que os próximos dias possam suprir.” “Utilizamos cartão de crédito.” E7 “Sempre deixo como fundo de caixa.”

“A gente tira do próprio bolso.”

“Eu acho que nem um nem outro.” E8 “Geralmente uso no meu orçamento doméstico” “Faço

crediamigo.” “Faço crediamigo.” Fonte: Elaborada pela autora.

Nesta seção, é possível realizar algumas conclusões com base nas respostas dos entrevistados. Assim como evidenciado na seção anterior, o planejamento financeiro dos negócios é essencialmente de curto prazo, e apesar da maioria informar que guarda o dinheiro excedente para emergências, notasse que não há um gerenciamento dos investimentos realizados, de forma a compor uma diversificação que proporciona uma garantia para o longo prazo.

Para Assaf Neto (2011), as decisões de caixa são conflituosas e refletem um custo de oportunidade. Pois o dinheiro em caixa confere uma maior liquidez à empresa, assegurando o pagamento correto de seus compromissos e desembolsos imprevistos, porém este dinheiro também poderia estar sendo utilizado em aplicações de maiores rendimentos.

Quanto as decisões tomadas em relação ao déficit de caixa, verifica-se que a utilização de recursos próprios do dono no negócio, revela a pouca separação entre pessoa física e pessoa jurídica.

As decisões financeiras dos entrevistados são guiadas pela intuição, não se observa nenhum rigor científico, que comprovem as decisões de investimentos ou de financiamentos pelos entrevistados.

(39)

4.4 Finanças Comportamentais

Na quarta seção de perguntas, os entrevistados foram questionados sobre qual atitude tomariam diante de situações do cotidiano, no âmbito das finanças de uma empresa. A elaboração das perguntas foi inspirada nos questionamentos amplamente testados pelos pesquisadores Daniel Kahneman e Amos Tversky (1979) no campo das finanças comportamentais.

4.4.1 Teoria da perspectiva

As duas primeiras perguntas referem-se à teoria da perspectiva, que fala sobre as decisões de risco frente a dois focos, o primeiro no campo das perdas e o segundo no campo dos ganhos (Kahneman, 2011). Kahneman e Tversky costumavam propor os seguintes questionamentos as pessoas:

Problema 1: O que você prefere? Conseguir novecentos dólares com certeza ou 90% de chance de conseguir mil dólares.

Problema 2: O que você prefere? Perder novecentos dólares com certeza ou 90% de chance de perder mil dólares.

Baseado nesses questionamentos, foram elaboradas duas perguntas, uma para o campo das perdas e outra para o campo dos ganhos, para verificar a decisão que um empreendedor tomaria em cada caso, ainda foi questionado o motivo de escolherem a opção com o intuito de compreender o processo mental criado por ele para se chegar a tal conclusão.

O gráfico 4 mostra a quantidade de respondentes para a primeira questão, onde são questionados sobre uma decisão de investimento. Nota-se que a maioria dos respondentes optaram em investir o aporte em um negócio já existente com a certeza de retorno de R$ 900,00 ao invés de investir em um novo negócio com a possibilidade 90% de retorno de R$1.000.

Quando questionados sobre o motivo que os levariam a escolher a opção B, os entrevistados divergiam. A entrevistada E1, respondeu “A alternativa seria a segunda

(40)

uma garantia de que teria esse dinheiro. Segundo que a possibilidade de reinvestir esse valor seria garantida.” A entrevistada E6 “Para investimento, gosto de ter a certeza do retorno então escolheria a b”. Apenas 1 dos entrevistados (E7) respondeu

que optaria por A, ela diz “Pra mim a resposta é a A, eu arriscaria trabalhar com outro trabalho além do que a gente já tem”

Gráfico 4 – Respostas à primeira pergunta sobre teoria da perspectiva

Fonte: Elaborado pela autora.

O gráfico 5 mostra a quantidade de respondentes para a segunda questão, que trata de uma situação de prejuízo. Percebe-se no gráfico que a quantidade de entrevistados que optaram pela opção A com chance de 90% de perder R$1000, é maior que pela opção B que seria a certeza de perder R$900.

Ao serem indagados sobre o porquê de optarem por A, os entrevistados responderam que preferem arriscar na probabilidade ao invés de ter a certeza da perda. A entrevistada E1 diz “Nesse caso é melhor trabalhar em cima da possibilidade de reduzir a perda e correndo o risco de perder cerca de 100 reais a mais do que ter a certeza absoluta que o prejuízo vai ser de 900.” A entrevistada E7 fala “Em relação a prejuízo, eu prefiro arriscar e ver se posso gastar o mínimo que seja. Eu escolheria a letra A pois pode ser que eu não gaste os 1000,00.”

0 1 2 3 4 5 6 7 8 A B

(41)

Gráfico 5- Respostas à segunda pergunta sobre teoria da perspectiva

Fonte: Elaborado pela autora.

Mediante a preferência da maioria dos entrevistados nas duas situações, é possível notar a aplicação da teoria da perspectiva em ambos os casos. Conforme citado no capítulo referencial teórico “As ideias fundamentais da teoria da perspectiva são de que pontos de referência existem e de que as perdas avultam como maiores do que ganhos correspondentes” (KAHNEMAN, 2011, p.370).

Na primeira pergunta nota-se que ao serem colocados em contextos de ganhos, a aversão ao risco se torna maior, enquanto que na segunda opção em uma situação de perda, a maioria se tornou mais propenso ao risco. De acordo com Kahneman (2011), em suas observações nas pesquisas realizadas sobre a teoria da perspectiva, foram verificadas atitudes contrastantes em relação ao risco, ao colocarem os questionamentos sobre perspectivas favoráveis e desfavoráveis. Embora as duas questões possuam as mesmas probabilidades, ao serem colocadas em cenários diferentes, produzem valores de resultado diferentes.

4.4.2 Heurísticas

A última subseção da entrevista apresenta três perguntas que objetivavam encontrar traços da utilização de heurísticas, para a tomada de decisões frente a algumas situações. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 A B

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