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Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é : percepções sobre como ser estudante de medicina

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Academic year: 2021

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JOSÉ CLEANO DIAS ARRUDA

“CADA UM SABE A DOR E A DELÍCIA DE SER O QUE É”: PERCEPÇÕES SOBRE

COMO SER ESTUDANTE DE MEDICINA

Piracicaba

2020

(2)

“CADA UM SABE A DOR E A DELÍCIA DE SER O QUE É”: PERCEPÇÕES SOBRE

COMO SER ESTUDANTE DE MEDICINA

Dissertação de Mestrado Profissional apresentada

à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da

Universidade Estadual de Campinas, como parte

dos requisitos exigidos para a obtenção do título

de Mestre em Gestão e Saúde Coletiva.

Orientadora: Profa Dra Jaqueline Vilela Bulgareli

Piracicaba

2020

Este exemplar corresponde à versão final da dissertação

defendida pelo aluno José Cleano Dias Arruda orientado

pela Profa. Dra Jaqueline Vilela Bulgareli

(3)

Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba

Marilene Girello - CRB 8/6159

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma:

Each onde knows the pain and the delight of being what he is : perceptions about how to be a medical student

Palavras-chave em inglês:

Students, medical Mental health Qualitative research

Área de concentração: Gestão e Saúde Coletiva Titulação: Mestre em Gestão e Saúde Coletiva Banca examinadora:

Jaqueline Vilela Bulgareli [Orientador] Luciane Miranda Guerra

Brunna Verna Castro Gondinho

Data de defesa: 31-07-2020

Programa de Pós-Graduação: Gestão e Saúde Coletiva

Identificação e informações acadêmicas do aluno - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-5881-1127 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/9766421967131521

"Each one knows the pain and the delight of being what he is": per about being a medical student.

Arruda, José Cleano Dias, 1982-

Ar69c Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é : percepções sobre como ser

estudante de medicina / José Cleano Dias Arruda. – Piracicaba, SP : [s.n.],

2020.

Orientador: Jaqueline Vilela Bulgareli.

Dissertação (mestrado profissional) – Universidade Estadual de Campinas,

Faculdade de Odontologia de Piracicaba.

1. Estudantes de medicina. 2. Saúde mental. 3. Pesquisa qualitativa. I.

Bulgareli, Jaqueline Vilela, 1980-. II. Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Odontologia de Piracicaba. III. Título.

(4)

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de Mestrado

Profissional, em sessão pública realizada em 31 de Julho de 2020, considerou o candidato JOSÉ

CLEANO DIAS ARRUDA aprovado.

Profa. Dra. Jaqueline Vilela Bulgareli [Orientador]

Profa. Dra. Luciane Miranda Guerra

Profa. Dra. Brunna Verna Castro Gondinho

A Ata da defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no SIGA/Sistema

de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

(5)

Dedico este trabalho primeiramente a mim, pelo meu esforço em todos os sentidos,

desde o processo seletivo de ingresso ao programa de mestrado, em dar conta de financiar e

sustentar de forma íntegra durante todo o tempo, até este momento de finalização, assim como

também dedico à minha família (esposa e filho) que sempre esteve comigo, me ajudando na

paciência, na compreensão, no encorajamento e sacrificando os seus desejos, muitas vezes, para

que eu me dedicasse à construção deste trabalho. Dedico à Vida, à Ciência e que este trabalho

possa contribuir para uma melhora qualidade e gerenciamento do cuidado à saúde mental dos

futuros médicos que se encontram em formação acadêmica.

(6)

proporcionar meios para a concretização deste projeto profissional que considero um privilégio

para mim.

Agradeço a todo o apoio e paciência imensurável da minha família na pessoa da

minha esposa Karoline e do meu filho Benício por terem sacrificado tanto tempo de nossos

momentos de lazer, de conviviência e de interação em detrimento da necessidade de me dedicar

a este trabalho, além da imensurável paciência e contribuição acadêmica da minha esposa no

processo de construção deste trabalho. Muito grato minha esposa “Karol” por inúmeras vezes

ter me levantado e me fazer acreditar que iria dar certo. Sem você, sinceramente, não sei se teria

forças diante de tantas demandas que dou conta diariamente. Você literalmente me

impulsionou. Minhas honras e gratidão eterna à você. Te amo.

Agradeço à Instituição de Ensino Superior Uninta na pessoa da pró-reitora de

Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu do UNINTA, professora doutora Chrislene Cavalcante

e do Coordenador do Curso de Medicina do UNINTA, professor doutor José Klauber Roger

Carneiro por facilitarem o processo de realização deste programa de mestrado aqui na minha

cidade onde resido, assim como me proporcionarem meios para a realização da pesquisa com

os estudantes da instituição.

Agradeço à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na pessoa da minha

orientadora professora doutora Jaqueline Vilela Bulgareli por todo apoio neste processo de

construção deste trabalho, assim como na pessoa da professora doutora Brunna Verna Castro

Gondinho que, além do “estar junto” com a nossa turma do mestrado nos encorajando a

prosseguir, se mostrou muito companheira, solícita, paciente e com demais características

admiráveis: humildade, inteligência, esforçada, competente e humana.

Agradeço aos queridos estudantes do curso de medicina das faculdades Uninta que

gentilmente se permitiram participar deste estudo em prol de buscarmos mais conhecimentos

sobre a realidade que se deparam diante de tantos desafios em ser aluno do curso de medicina.

Agradeço também aos demais colaboradores que contribuíram para a concretização

deste trabalho.

(7)

aspectos externos pertencentes ao contexto acadêmico, de satisfação com o curso; e aspectos

internos do sujeito, como habilidades de enfrentamento de situações adversas, de lidar com os

sintomas psicossomáticos e os diversos estados de humor, tornando-os vulneráveis ao

sofrimento psíquico. Este estudo objetiva conhecer a percepção do estudante sobre ser aluno

durante o curso de medicina. Estudo de abordagem qualitativa realizado com estudantes do

segundo ao sexto ano de graduação do curso de medicina de uma Instituição de Ensino

Superior (IES) privada do município de Sobral, estado do Ceará, realizado no período de

Maio/2019 a Novembro/2019. Estes foram selecionados propositadamente pelo número de

matrícula correspondentes ao anos citados e, por meio da técnica de saturação do discurso,

foram utilizadas num total de 10 (dez) entrevistas. Os dados foram coletados por meio de

entrevista semi-estruturada que foram gravadas por mensagem de voz pelo aplicativo do

celular do entrevistador, transcritas manualmente e analisadas através da Análise de Conteúdo

de Bardin. A codificação das categorias iniciais resultou em cinco categorias finais, a saber:

saúde, qualificação profissional, apoio familiar, relação entre os acadêmicos e rotina. Os

estudantes de medicina apontaram relações estreitas da graduação com a saúde, relacionados

à: cobrança acadêmica, sensação de bem estar, formato da graduação, ansiedade gerada pelo

curso, estratégias de estudo, apoio psicopedagógico e convívio social. As expectativas

profissionais são afetadas pelo impacto financeiro na manutenção da graduação e o medo em

relação às incertezas do futuro da profissão. O apoio familiar foi considerado um aspecto

motivador para o enfrentamento dos desafios durante a formação médica, em contrapartida, o

relacionamento entre os colegas foi apontado como um aspecto negativo. A rotina extenuante

do curso revelou-se como um dos fatores mais impactantes para a saúde. Portanto, diante da

suscetibilidade ao sofrimento vivenciado pelos estudantes de medicina, as Instituições de

Ensino Superior surgem, como aliadas na promoção, prevenção e cuidado à manutenção da

saúde física e mental, contribuindo, assim, para a formação de profissionais mais preparados

para assumir papel que demandará intensa dedicação.

(8)

external aspects belonging to the academic context, of satisfaction with the course; and internal

aspects of the subject, such as abilities to cope with adverse situations, to deal with

psychosomatic symptoms and various mood states, making them vulnerable to psychological

suffering. This study aims to understand the student's perception of being a student during the

medical course. Qualitative approach study conducted with students from the second to the

sixth year of undergraduate medical school at a private Higher Education Institution (HEI) in

the municipality of Sobral, state of Ceará, carried out from May/2019 to November/2019. These

were selected purposely by the number of enrollment corresponding to the years cited and,

through the technique of saturation of the speech, they were used in a total of 10 (ten)

interviews. The data were collected through semi-structured interviews that were recorded by

voice message using the interviewer's mobile application, manually transcribed and analyzed

using Bardin's Content Analysis. The codification of the initial categories resulted in five final

categories, namely: health, professional qualification, family support, relationship between

students and routine. Medical students pointed out close links between graduation and health,

related to: academic demand, feeling of well being, graduation format, anxiety generated by the

course, study strategies, psychopedagogical support and social life. Professional expectations

are affected by the financial impact of maintaining graduation and fear of the uncertainties of

the profession’s future. Family support was considered a motivating aspect to face challenges

during medical training, in contrast, the relationship between colleagues was pointed out as a

negative aspect. The strenuous routine of the course proved to be one of the most impacting

factors for health. Therefore, in view of the susceptibility to suffering experienced by medical

students, Higher Education Institutions appear, as allies in the promotion, prevention and care

for the maintenance of physical and mental health, thus contributing to the formation of

professionals better prepared to assume a role that will demand intense dedication.

(9)

2.

ARTIGO: PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE SOBRE “O SER ALUNO” DURANTE O CURSO

DE MEDICINA 12

3.

CONCLUSÃO 34

REFERÊNCIAS 36

APÊNDICE 1 – ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO PARA ENTREVISTA 37

ANEXOS ANEXO 1 – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 38

ANEXO 2 – RELATÓRIO DE SIMILARIDADE 48

(10)

1 INTRODUÇÃO

O estudante de medicina enfrenta, além das dificuldades pessoais a que todos estão

sujeitos, um contexto de uma formação exaustiva e exigente em que necessita se empoderar

de inúmeros conhecimentos em curto intervalo de tempo associado ao ter que saber lidar com

a dor, o sofrimento, a finitude da vida, ainda em um panorama competitivo de sua formação.

(TAMAKA et al., 2016).

O estudante é submetido a um currículo extenso que perdura por seis anos, período em

que competências e habilidades são exigidas para o exercício da sua profissão. Além das

atividades curriculares, ainda vivencia atividades de pesquisa, extensão e de iniciação à docência

e isso aumenta ainda mais suas horas de dedicação à formação profissional. Associado a tudo

isso, frequentemente não sobra tempo e disposição para o estudante promover o autocuidado

como praticar esportes, promover relacionamento social ou atividades de seu interesse. Assim,

o curso de medicina tem uma grande influência na qualidade de vida do estudante. (FIEDLER,

2008).

O medo de cometer erros e o sentimento de impotência diante de certas doenças com

as quais o estudante de medicina tem contato, associados à excessiva carga de conhecimentos,

a dificuldade em conciliar o tempo entre as diversas atividades e a escassez de oportunidades

para a promoção do autocuidado, o individualismo e as expectativas sociais do papel do

médico são fatores de estresse que estão presentes na graduação médica (FIOROTTI et al.,

2010).

As estatísticas apontam que durante a graduação é o momento no qual muitos

universitários apresentarão o primeiro episódio psiquiátrico (FIOROTTI et al., 2010), além da

estimativa de que 12% a 18% dos estudantes possuem uma doença mental diagnosticável

(MOWBRAY et al., 2006).

O estudante, ao ingressar no meio universitário, é submetido a processos que envolvem

aspectos externos pertencentes ao contexto acadêmico, de satisfação com o curso; e aspectos

internos do sujeito, como habilidades de enfrentamento de situações adversas, de lidar com os

sintomas psicossomáticos e os diversos estados de humor (POLYDORO et al., 2001).

Em uma pesquisa com estudantes de medicina da Universidade Federal de Ouro Preto

acerca da percepção destes enquanto acadêmicos

constatou-se que havia a presença de

desilusão diante da expectativa de que a entrada na universidade garantisse um ritmo de vida

mais tranquilo do que o vivenciado no período pré-vestibular, assim como os relatos de se

sentirem cobrados pelos familiares de forma permanente para a obtenção de boas notas e a

(11)

preocupação com a construção de um currículo competitivo ainda durante o curso. Tais alunos

deste citado estudo revelaram ainda a presença de frustração relacionada às dificuldades de

manutenção de padrão de vida com lazer e tempo para realização de atividades físicas,

sentimento de solidão causado pelo afastamento de parentes e amigos e ambiente doméstico,

assim como dúvidas quanto à própria formação para se tornar um bom médico (FIGUEIREDO

et al., 2014).

Em decorrência deste panorama, questiona-se até que ponto a rotina que estes estudantes

enfrentam, as inúmeras atividades curriculares e extracurriculares que exercem e as poucas

possibilidades de falar sobre si e suas questões subjetivas afetam o seu bem estar e a saúde

mental destes.

Tendo em vista tais evidências científicas, faz-se necessário aprofundar-se no assunto

para conhecer os elementos vivenciados pelos estudantes de medicina durante a graduação e

entender como estes se percebem enquanto estudantes, quais expectativas que nutrem durante

o período de graduação e quanto ao futuro profissional, a fim de que medidas de acolhimento e

de intervenções junto a estas questões possam ser pensadas e planejadas. Diante disso, este estudo

buscou compreender a percepção do estudante sobre como é e como ele se sente sendo aluno

durante o curso de medicina.

(12)

2 ARTIGO

Esta dissertação está baseada na Resolução CCPG/002/06/UNICAMP, que

regulamenta o formato alternativo de impressão das Dissertações de Mestrado, permitindo a

inserção de artigos científicos de autoria do candidato. Por se tratar de pesquisa envolvendo

seres humanos, o projeto de pesquisa deste trabalho foi submetido à apreciação do Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo sido aprovado sob protocolo CAAE nº:

03948018.5.0000.5418.

A dissertação foi submetida ao periódico Revista Brasileira de Educação Médica

(Anexo 4).

PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE SOBRE “O SER ALUNO” DURANTE O

CURSO DE MEDICINA

STUDENT’S PERCEPTION OF “THE BEING STUDENT” DURING THE

MEDICINE COURSE

Autores:

- José Cleano Dias Arruda; Unicamp/FOP; ORCID: 0000-0002-5881-1127 - Luciane Miranda Guerra; Unicamp/FOP; ORCID: 0000-0002-7542-7717

- Brunna Verna Castro Gondinho; Unicampo/FOP; ORCID: 0000-0002-1061-4407 -Karine Laura Cortellazzi Mendes; Unicamp/FOP; ORCID: 0000-0001-9584-9477 - Ana Karoline Soares Arruda; UFC; ORCID: 0000-0002-0060-9487

(13)

RESUMO

INTRODUÇÃO: O estudante, ao ingressar no meio universitário, é submetido a processos que

envolvem aspectos externos pertencentes ao contexto acadêmico, de satisfação com o curso; e aspectos internos do sujeito, como habilidades de enfrentamento de situações adversas, de lidar com os sintomas psicossomáticos e os diversos estados de humor, tornando-os vulneráveis ao sofrimento psíquico. OBJETIVO: Este estudo objetiva conhecer a percepção do estudante sobre ser aluno durante o curso de medicina. MÉTODO: Estudo de abordagem

qualitativa realizado com estudantes do segundo ao sexto ano da graduação do curso de medicina de uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada do município de Sobral, estado do Ceará, realizado no período de Maio/2019 a Novembro/2019. Estes foram selecionados propositadamente, por meio da técnica de saturação do discurso, foram utilizadas num total de 10 (dez) entrevistas. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada que foram gravadas por mensagem de voz pelo aplicativo do celular do entrevistador, transcritas manualmente e analisadas através da Análise de Conteúdo de Bardin.

RESULTADOS: A codificação das categorias iniciais resultou em cinco categorias finais, a

saber: saúde, qualificação profissional, apoio familiar, relação entre os acadêmicos e rotina. Os estudantes de medicina apontaram relações estreitas da graduação com a saúde, relacionados à: cobrança acadêmica, sensação de bem estar, formato da graduação, ansiedade gerada pelo curso, estratégias de estudo, apoio psicopedagógico e convívio social. As expectativas profissionais são afetadas pelo impacto financeiro na manutenção da graduação e o medo em relação às incertezas do futuro da profissão. O apoio familiar foi considerado um aspecto motivador para o enfrentamento dos desafios durante a formação médica, em contrapartida, o relacionamento entre os colegas foi apontado como um aspecto negativo. A rotina extenuante do curso revelou-se como um dos fatores mais impactantes para a saúde. CONCLUSÃO: Diante da suscetibilidade ao sofrimento vivenciado pelos estudantes de medicina, as Instituições de Ensino Superior surgem, como aliadas na promoção, prevenção e cuidado à manutenção da saúde física e mental, contribuindo, assim, para a formação de profissionais mais preparados para assumir papel que demandará intensa dedicação.

Palavras-Chave: Estudantes de Medicina; Saúde Mental; Pesquisa Qualitativa.

(14)

ABSTRACT

INTRODUCTION: Upon entering the university, the student is submitted to processes that involve external aspects belonging to the academic context, of satisfaction with the course; and internal aspects of the subject, such as abilities to cope with adverse situations, to deal with psychosomatic symptoms and various mood states, making them vulnerable to psychological suffering. OBJECTIVE: This study aims to understand the student’s perception of being a student during the medical course. METHOD: Qualitative approach study carried out with medical students from a private Higher Education Institution (HEI) in the municipality of Sobral, state of Ceará, carried out from May / 2019 to November / 2019 comprising students enrolled between the second and sixth graduation year. These were selected purposely by the number of enrollment corresponding to the years cited and, through the technique of saturation of the speech, they were used in a total of 10 (ten) interviews. The data were collected through semi-structured interviews that were recorded by voice message using the interviewer's mobile application, manually transcribed and analyzed using Bardin's Content Analysis. RESULTS: The codification of the initial categories resulted in five final categories, namely: health, professional qualification, family support, relationship between students and routine. Medical students pointed out close links between graduation and health, related to: academic demand, feeling of well being, graduation format, anxiety generated by the course, study strategies, psychopedagogical support and social life. Professional expectations are affected by the financial impact on maintaining graduation and fear of the uncertainties of the future of the profession. Family support was considered a motivating aspect to face challenges during medical training, in contrast, the relationship between colleagues was pointed out as a negative aspect. The strenuous routine of the course proved to be one of the most impacting factors for health. CONCLUSION: Faced with the susceptibility to suffering experienced by medical students, Higher Education Institutions appear, as allies in the promotion, prevention and care for the maintenance of physical and mental health, thus contributing to the formation of professionals better prepared to assume a role that will demand intense dedication.

(15)

INTRODUÇÃO

A exigente formação dos estudantes de medicina durante os anos de graduação torna-os vulneráveis a sofrimentos mentais de diferentes ordens. O estresse vivenciado relaciona-se a aspectos inerentes ao processo de formação acadêmica, como dificuldades em equilibrar as demandas acadêmicas e da vida pessoal, tempo escasso para o lazer, a competitividade intensa entre os alunos1 e as mudanças em decorrência do ambiente

estudantil2. Além disso, em certos momentos da formação podem surgir gatilhos críticos de

estresse, como contato com pacientes e doenças graves e morte ou a formatura dos alunos, o que é acompanhado por incertezas sobre o futuro3 .

Deste modo, o acadêmico vivencia na sua formação com mais evidência o aspecto da racionalidade científica em detrimento dos aspectos da subjetividade do cotidiano universitário. Isto implicará em uma maior dificuldade em lidar com as questões de sofrimento do paciente, tendo em vista que o contexto universitário costuma não possibilitar o compartilhamento e manifestação da subjetividade, intensificando a vivência de experiências estressantes1.

Assim, isso pode impactar negativamente no equilíbrio dos estudantes podendo levar a mudanças psicológicas significativas e, portanto, refletir em comportamentos destrutivos como o uso de álcool e outras drogas, suicídio e disfunção profissional3. Observa-se, ainda,

aumento gradativo da prevalência de quadros psiquiátricos entre eles, como ansiedade, depressão e estresse4.

Logo, a desatenção com o bem-estar desses alunos, além de uma questão de saúde no aspecto individual, pode também constituir um problema de maior proporção, tendo em vista que, ao interferir diretamente na formação dos futuros médicos, poder-se-á provocar malefícios e prejuízos com repercussões, também, sobre os usuários5.

Diante do exposto, este estudo objetiva compreender a percepção do estudante como ele se sente sendo aluno durante o curso de medicina.

MÉTODOS

O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba FOP/UNICAMP sob a inscrição nº 03948018.5.0000.5418. Foram respeitados todos os princípios éticos estabelecidos pela resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Os sujeitos da pesquisa receberam informações sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

(16)

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que é capaz de ampliar a compreensão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais como construções humanas significativas7. Foi realizado em

Sobral-CE, município que atrai estudantes de diferentes regiões do país por abrigar duas universidades públicas, sendo uma estadual (Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA) e uma Federal (Universidade Federal do Ceará – UFC), além de um centro universitário privado (UNINTA), assim como outras faculdades particulares de diversos cursos de graduação e cursos técnicos.

O estudo foi realizado com estudantes de medicina de uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada do município de Sobral, estado do Ceará, realizado no período de Maio/2019 a Novembro/2019 compondo alunos matriculados entre o segundo e o sexto ano da graduação. O projeto desta pesquisa foi apresentado pelo pesquisador à Coordenação do curso de medicina da IES citada. Com a anuência do coordenador do curso, os alunos matriculados nos períodos citados foram visitados em sala de aula pelo pesquisador, apresentado a estes sobre a pesquisa e quem manifestou interesse em participar, foi entregue o TCLE e, após concordância do conteúdo deste termo, entregaram o documento assinado e, em seguida, foi agendado o dia e horário que se daria a entrevista semi-estruturada. Por meio da técnica de saturação do discurso34, chegou-se ao total de 10 (dez)

alunos, correspondente a amostra deste estudo. Os dados foram coletados por meio de entrevista presencial semi-estruturada audiogravadas pelo aplicativo do celular do entrevistador, posteriormente transcritas manualmente e analisadas através da Análise de Conteúdo de Bardin, por meio da utilização do software Nvivo 11 versão livre.

A análise de conteúdo de Bardin é composta por três fases distintas: a pré-análise que consiste na organização do material empírico, objetivando a sistematização das ideias iniciais e, assim, possibilitar a criação de categorias de análise; a exploração do material, compreendendo o momento após ter sido definida a categoria de análise e a realização das operações de busca e divisão do material empírico e, como última etapa, a fase de tratamento dos resultados obtidos e a sua consequente interpretação, no qual os achados serão tratados de forma a ser significativo e válido aos interesses da pesquisa realizada10.

Conforme Bardin10, a unidade de registro é a unidade de significação codificada e

corresponde ao segmento de conteúdo considerado unidade de base, visando à categorização e a contagem frequencial. Neste estudo a unidade de análise foi a palavra e o indicador a frequência, ou seja, o número de vezes em que o termo aparece nas falas durante a entrevista.

O software NVivo tem como princípios a codificação e o armazenamento do texto em categorias e permitindo a aplicação da análise de conteúdo de Bardin33. Nesta presquisa

(17)

de palavras.

Os nós (categorias iniciais) foram submetidos à análise de conteúdo de Bardin sob o teste de similaridade de codificação Sorensen-Dice13 presente no software NVivo 11 versão

livre que fornece uma medida direta simples da quantidade de associação confirmando, assim, a relação entre os discursos contidos em cada nó e agrupando-os de acordo com a sua similaridade.

A análise de cluster é usada para agrupar fontes ou nós que compartilham palavras semelhantes, valores de atributos ou codificações12. É uma técnica para definir a semelhança

– ou diferença – entre os elementos é usada uma função de distância, que precisa ser definida considerando o contexto do problema em questão14.

RESULTADOS

PRÉ ANÁLISE:

Os dados coletados resultaram em 15 categorias iniciais, também denominadas de nós que resultou em cinco categorias finais, a saber: saúde, qualificação profissional, apoio familiar, relação entre os acadêmicos e rotina. Este processo pode ser acompanhado na tabela 1, destacando-se que o número de referências mostra a quantidade de trechos relacionados às categorias durante as falas dos participantes.

Tabela 1: Categorização de nós sobre rotina, expectativas e principais dificuldades do Acadêmico de Medicina.

Categorias Iniciais (Nós) Nº de Referências Categorias Finais

Saúde 14 Saúde Cobrança Acadêmica 48 Bem Estar 41 Formato da graduação 33 Ansiedade 29 Estratégias de estudo 25 Apoio Psicopedagógico 14 Convívio Social 09 Qualificação profissional 17 Qualificação profissional Futuro profissional 18 Impacto financeiro 16

(18)

Distância da Família 10

Relação entre os acadêmicos 08 Relação entre os

acadêmicos

Rotina 10 Rotina

Na figura 1 é possível visualizar um cluster circular baseado no teste de similaridade de codificação de Sorensen13.

Figura 1: Cluster circular das categorias iniciais sob o coeficiente de Sorensen-Dice:

Na figura 2, tem-se um dendograma também baseado no mesmo teste, usado para visualizar o processo de clusterização passo a passo, assim como analisar os níveis de distância dos clusters formados14.

(19)

EXPLORAÇÃO DO MATERIAL:

✓ SAÚDE

Os estudantes de medicina apontaram relações estreitas da graduação com a saúde, relacionados à: cobrança acadêmica, sensação de bem estar, formato da graduação, ansiedade gerada pelo curso, estratégias de estudo, apoio psicopedagógico e convívio social.

Tais relações podem ser observadas pelas falas:

"Eu acho que é principalmente isso, uma graduação de qualidade e com saúde né, [...] mental, e física se possível também, eu acho que seria o ideal né, ter um equilíbrio das coisas [...]" (Entrevistado 1)

"Então assim, a gente se sente cansado. Eu sou uma pessoa que eu tô tomando remédio pra ficar acordada, pra não me cansar, e pra melhorar meu rendimento. Então assim, até que ponto a gente vai viver isso, entendeu? Até que ponto?" (Entrevistado 10)

O que revela o quão tênue é o estado de saúde ou doença na percepção desses estudantes durante a graduação.

"Como assim, autocuidado? Talvez… talvez não [risos], porque querendo ou não, a gente acaba abrindo mão de alguns momentos pra tá estudando. Dia das mães eu não fui pra casa…" (Entrevistado 6)

Um dos fatores que não contribuem para a saúde deles é o relato sobre a presença de ansiedade entre os participantes, a qual afeta o bem estar:

(20)

"Eu tô no quinto. Esse semestre foi impossível, foi uma coisa assim que, acho, todo mundo sabia “Ah, vai ser muito difícil.” – o pessoal chama de “quinto dos infernos” – você tem aquele medo assim, prévio né, mas você não sabe como vai ser até você chegar e você experimentar por conta própria." (Entrevistado 1)

"Acho que eu tenho certo medo disso, mas… a minha expectativa é essa, me formar no tempo, e com um currículo bom, sem reprovar e de preferência começar logo a residência." (Entrevistado 2)

Essa ansiedade pode ser explicada por vários fatores, sendo a cobrança por parte da própria instutuição de ensino, o fato de estar cursando um curso particular e a necessidade de corresponder às expectativas da coordenação do curso e de outras pessoas:

“A faculdade em si exige bastante né, […] aqui especificamente eu vejo cada vez mais, […] estratégias da faculdade pra… meio que dificultar pra gente. Dificultar que eu digo, assim: tentar puxar mais." (Entrevistado 2)

"Então você tem que, tem que tentar se superar, pra mostrar que não é porque você faz uma faculdade particular que você vai ser inferior a um aluno duma pública. " (Entrevistado 3)

"Eu sempre fui a que mais me cobrei. Não por minha mãe, meu pai, mas também por ser uma faculdade particular, era sempre muito complicado porque meu pai deposita muito aqui, muito em mim, muito, muito, muito.” (Entrevistado 8)

"Além dessa pressão, acho também as expectativas que as outras pessoas põe na gente [...], muitas vezes o coordenador fala que a partir do momento que a gente pisa na faculdade a gente já é médico e tem que construir nossa imagem né” (Entrevistado 9)

Essa cobrança afeta diretamente no bem estar e na saúde desses estudantes:

"Então eu fiquei doente mesmo e… assim, é uma coisa que atrapalha muito a gente também, porque esse negócio de não dormir, de não comer direito, às vezes pelo tempo, pela pressa, pela correria, é muito complicado, a gente adoece mesmo. E… assim, também tem as faltas que são poucas e tudo, a gente não pode muito, e já aconteceu nesse semestre d’eu faltar porque eu podia faltar e eu precisava dormir, e eu faltava pra dormir; mas assim, é complicado mesmo." (Entrevista 1)

Outro fator citado também como agravante foi o formato da graduação e os processos de avaliação:

"[...]agora essa estratégia de colocar todas as AFs [avaliação final] abertas, por exemplo. Em mim particularmente já mexeu um pouco, porque eu já fiquei de AF, e eu já, infelizmente, [...]fiz uma AF aberta e já fiz uma AF fechada. E a AF aberta foi a

(21)

pior prova que eu fiz em toda a minha vida" (Entrevistada 2)

" Pra corresponder às expectativas de toda essa cobrança, só resta estudar [risos]. Cara, a gente é cobrado por humanização etc. e tal, mas no final das contas o que pega mesmo é a prova!" (Entrevistado 6)

Daí a importância de compreender qual a melhor estratégia de estudo que cada estudante utiliza para corresponder às exigências do seu ofício enquanto aluno, sendo uma preocupação colocada por eles:

"Eu continuei tomando, quando eu passei no vestibular, [...] Ritalina." (Entrevistado 2)

"Ou por exemplo, né eles falam assim, ah pra montar um grupo de estudo, ensinar técnicas de estudo, eu nunca vi isso acontecer, não sei se porque eu não encontrei com as pessoas certas né, que fariam isso, ou se porque realmente não tem acontecido" (Entrevistado 4)

"mas eu faço… anotações durante a aula e tal, e, como a gente tem muito conteúdo, normalmente eu não olho no livro, eu olho os pontos principais da aula e [...]eu tenho uma facilidade muito boa de pegar conteúdo, então eu na aula mesmo, e lendo o resumo eu já consigo pegar o conteúdo muito bem, e aí eu tento focar nos pontos principais[...] (Entrevistado 5)

"eu tenho um aplicativo no meu celular e eu faço uma lista de tudo que eu preciso estudar e eu faço um sorteio com aquilo[...] aí 50 minutos eu estudo [...] porque dizem que você só consegue ficar realmente focado em uma coisa por 50 minutos, e você tira 10 de pausa" (Entrevistado 1)

Ressalta-se que os acadêmicos estão expostos a vários fatores estressantes tornando extremamente necessárias medidas de Apoio Psicopedagógico:

"Não deu certo. Aí eu “Pronto!”, aí foi quando eu comecei né, de ir pro NAPEM [Núcleo de Apoio Psicopedagógico ao Estudante de Medicina] e tal, e procurar ajuda e tudo" (Entrevistado 1)

"acho que a faculdade não apoia muito não" (Entrevistado 3)

" eu acho que a minha faculdade me apoia bastante" (Entrevistado 5)

"A faculdade só pode apoiar com o NAPEM [Núcleo de Apoio Psicopedagógico ao Estudante de Medicina], que na verdade não é nem a faculdade, são psiquiatras [...] muito bem selecionados que compõe esse núcleo né, e que por serem bons profissionais, terem uma boa visão com o aluno, ajudam” (Entrevistado 6)

A existência de um espaço de acolhimento e escuta a fim de auxiliar o estudante em seu sofrimento possibilita a este cuidar de suas questões subjetivas e dificuldades, a fim de evitar gerar problemas futuros, especialmente na vida profissional, em que o desencontro e

(22)

amargura com a profissão podem ocorrer, com danos na autoestima e até mesmo sintomas depressivos. Cuidar desses conflitos internos do estudante, desde o início de sua formação, tem caráter preventivo32.

Além disso, o impacto que as atividades acadêmicas e as responsabilidades advindas do exercício em ser estudante no convívio social e nas relações interpessoais deles também foi relatado:

"não tava mais indo pros treinos da minha atlética, não tava mais indo pra academia, parei total assim. Meu namorado me chama pra sair pras festas com ele e tudo mais, eu falo: “Não. Eu vou ter prova, vou ter prova, vou ter prova.”, porque praticamente toda semana tem uma prova né" (Entrevistado 1)

" eu perdi muitos amigos" (Entrevistado 3)

" tem os finais de semana que eu quero ir pra casa, ver minha família, e eu tento compensar isso durante a semana, que acaba sendo muito puxado, porque final de semana como a gente sente muita saudade, eu não consigo ficar estudando em casa." (Entrevistado 9)

✓ QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL:

Sobre a qualificação profissional, esta temática foi permeada por outras preocupações inerentes aos valores e desejos dos estudantes:

"eu penso em me formar, não sei como é que vai tá o quesito financeiro né, mas se eu me formar e o financeiro não tiver ruim eu quero fazer residência logo, pra poder passar num concurso, e vou querer, sinceramente, me estabilizar num concurso. [...] Eu quero um concurso pra eu poder ter um salário “bom”, [...] e quero ter o privilégio de levar meus filhos pra escola, e tudo o mais, então eu quero que minha profissão me proporcione isso" (Entrevistado 10)

O sentimento de medo e de insegurança diante do futuro profissional pode ser observado nas seguintes falas:

"Na verdade, eu pretendo até passar direto pra residência, se for possível. Mas assim, eu confesso que eu tenho medo do mercado de trabalho na Medicina…" (Entrevistado 2)

"minha preocupação é se eu vou ter um emprego, se eu vou ter uma remuneração, se eu for ser ... eu acho que é a top das tops da top das minhas preocupações é se eu vou ser um bom profissional." (Entrevistado 3)

"Eu tenho tempo, eu quero me formar, quero fazer especialização, sub, eu quero ir aprimorando, e […] quero ser... bem especialista, [...] quero ter bastante estudo. E é isso, eu quero muito dar plantão" (Entrevistado 5)

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Para muitos o impacto financeiro que a graduação numa universidade particular acarreta também influencia o rendimento deles:

"a questão financeira pra eles [pais] é muito complicado, eu acho que isso me afeta muito mais do que afeta eles, é… até já conversei, já sentei pra conversar com eles pra perguntar se eles queriam que eu parasse um semestre na faculdade pra eles se organizarem financeiramente. Ela [mãe] não quer que eu pare, não quer que eu tranque em hipótese alguma, e isso meio que me afeta também. O fato d’eu ver o quão grande é o investimento que eles fazem aqui né" (Entrevistado 2)

"uma rotina muito grande de estudos e ainda tem a cobrança por parte da família, tem a cobrança financeira que… também, porque é uma faculdade extremamente cara, [...] não tem tantas opções de financiamento e [...], o curso já é difícil em si e ainda tem a dificuldade de poder estar na faculdade. Eu por exemplo, [...] todo semestre tem aquela dúvida: Ah, se eu vou continuar ou não, como é que tá a situação, e aí, tudo isso vai preocupando a gente e […] além dessas preocupações, você ainda tem que tentar manter o nível acadêmico né" (Entrevistado 3)

✓ APOIO FAMILIAR

Para esses estudantes o apoio familiar ou a falta dele significa muito no enfretamento de suas rotinas e das dificuldades acadêmicas:

"Eu enfrento muita dificuldade é relacionada ao emocional, mesmo. Porque o meu emocional é muito defasado, porque eu não tenho minha mãe, [...] eu digo que eu pago um preço muito caro por isso, porque eu não tenho minha mãe, [...] Então assim, eu não tenho nenhum suporte a não ser meus cachorros, emocional." (Entrevistado 10)

"A minha mãe é muito apegada comigo, e aí ela acha ruim eu passar muito tempo fora de casa, e aí ela diz que não me apoia, ela diz pra mim que não queria, não me apoia que eu faça um curso de Medicina, então ainda não tenho o apoio dos pais pra seguir na profissão" (Entrevistado 3)

Além disso, muitos deslocam-se de suas cidades e ficam distantes de seus familiares durante o período da graduação, implicando no seu processo de saber lidar com a realidade acadêmica:

"Pra mim foi bem difícil porque eu mudei de estado né, mudei tudo! Tô bem longe de casa, então é bem difícil eu conseguir ir pra casa, e tudo o mais caro, pra ir ver a família, pra poder vir que não é tão simples." (Entrevistado 4)

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✓ RELAÇÃO ENTRE OS ACADÊMICOS:

Além do apoio familiar muitas vezes ser prejudicado devido a distância, o próprio convívio com os outros acadêmicos mostrou-se fragilizado implicando na sua forma de lidar com as dificuldades enfrentadas durante o curso:

"os nossos veteranos eles sempre avisam a gente né, mais ou menos como é que vai ser, só que é aquela coisa, eles fazem meio que um terrorismo, só que assim, eu tento não… não absorver muito daquilo" (Entrevistado 1)

"eu via as turmas muito unidas, desde a T1 até a T9, no caso a minha. Não tinha essa distinção “Ah, porque você é calouro, não me misturo com você.”, tinha essa união, hoje em dia eu vejo que não tem mais. Hoje eu vejo que aqui tá muito mais individualizado e […] quando eu cheguei aqui acho que tinha uma atenção maior da coordenação com os alunos, hoje em dia eu não, eu vejo" (Entrevistado 2)

✓ ROTINA:

Os estudantes de medicina apontaram sua rotina como cansativa, como o relatado abaixo:

"Sem rotina né [risos]. Bem estressante [...] muito estudo. E assim, o que eu acho que torna a minha rotina ainda mais pesada é o fato de, tipo, ser muita coisa, muito assunto, muito conteúdo, uma matéria densa [...], eu me sinto sobrecarregada" (Entrevistada 6)

"Eu, durante o dia, passo o dia praticamente inteiro na faculdade" (Entrevistado 9)

Após a transcrição das entrevistas, observou-se que, dentre as palavras mais utilizadas nas falas dos participantes, as que tiveram maior frequência em suas colocações, encontram-se condensadas em um formato de nuvem, apreencontram-sentando um modelo repreencontram-sentativo através de imagem, conforme Figura 3. O tamanho da fonte das palavras são proporcionais à frequência de repetição nas falas.

(25)

Fonte: Própria

Com a exposição das falas dos entrevistados representativas de cada categoria final, buscou-se compreender com a literatura os achados a fim de compreender melhor como os aspectos detectados nesta pesquisa se comunicam com os estudos já realizados na mesma temática.

DISCUSSÃO

Quanto ao aspecto de como a saúde dos estudantes é afetada no seu contexto acadêmico, conforme relatos dos mesmos nas entrevistas, foi encontrado similaridades em outros estudos com essa realidade. De acordo com uma pesquisa sobre crises de cefaleia em estudantes de medicina, a intensificação das crises pode ser devido ao grande volume de informações cobradas, limitações de tempo, grande quantidade de provas, competição e sentimentos de autodúvida, citados como fatores estressantes para os estudantes, além das poucas horas de sono15, como o encontrado neste estudo.

A ansiedade e os sentimentos derivados desta foram citados por praticamente todos os participantes, sendo inserida na categoria saúde como um fator prejudicial. Um estudo sobre a depressão e ansiedade revela que o sintoma principal é a expectativa apreensiva ou preocupação exagerada, mórbida, resultando em inúmeros prejuízos para a saúde16.

(26)

Vale considerar que, ao iniciar a graduação, o estudante traz consigo uma bagagem de competências, de caraterísticas pessoais (personalidade, expectativas e motivações), familiares e acadêmicas (métodos de estudo, rendimento) que condicionam a sua integração e ajustamento no Ensino Superior. Essas características influenciam o modo como o indivíduo interpreta, reage e interage com a instituição e, consequentemente, determinam a sua integração e envolvimento na instituição, no curso e nas relações interpessoais17,18,19,20.

A ansiedade é comum entre os estudantes universitários, pois está relacionada com diversos elementos ambientais e psicológicos, sendo responsável por preparar o indivíduo para situações de ameaça e perigo, mas que juntamente com o medo, envolvem fatores cognitivos, comportamentais, afetivos, fisiológicos e neurológicos que modulam a percepção do indivíduo ao ambiente, provocando respostas específicas e direcionando a algum tipo de ação21.

A qualidade do sono, por sua vez, é considerado um fator determinante ao bom desempenho acadêmico na medida em que a perturbação do ciclo sono-vigília resulta em significativos dados à saúde22. Um estudo comparativo sobre a qualidade do sono nas

diferentes fases do curso de medicina, apontou que a percepção da má qualidade do sono mostrou-se elevada para todos os anos da graduação23.

No que tange à busca pelo sucesso acadêmico, as necessidades humanas são negligenciadas, podendo as alterações relacionadas ao sono determinar aumento no consumo de substâncias psicoestimulantes como energéticos, cafeína e metilfenidato (Ritalina) objetiva-se melhorar o desempenho cognitivo, ainda que determine maior risco de dependência24.

A associação entre a progressão do curso e o aumento na incidência dos sintomas de ansiedade e depressão não é totalmente válida quando se analisa o primeiro e oitavo período, porém ao visualizar o parâmetro dual do primeiro com o quinto período, observa-se grande aumento nesse último25. Este fato é explicado pela transição do ciclo básico para o ciclo

clínico, fato que traz consigo altas exigências curriculares e um pequeno aumento da carga horária, gerando um conflito intrapsíquico que surge pela necessidade de dar conta da demanda escolar e da social25.

Outro aspecto importante para a elevada incidência desses distúrbios é a tendência em não procurar ajuda profissional, mesmo que em meio a elevada aflição e prejuízos cada vez maiores na vida cotidiana26. Isso pode ser justificado por falta de conhecimento acerca

dos serviços de apoio, custos financeiros, falta de tempo, medos e receios quanto ao estigma de ser portador de um transtorno psiquiátrico26.

Neste sentido, a universidade emerge como facilitadora do desenvolvimento pessoal dos estudantes, promovendo a integração e o ajustamento acadêmico, pessoal, social e

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afetivo do aluno, de modo que a formação médica possa propiciar espaços na grade curricular para a valorização dos sentimentos e experiências dos estudantes27.

Faz-se necessário, contudo, que a comunidade acadêmica atente para as necessidades que emergem durante a graduação e encontre alternativas, tais como as já evidenciadas por alguns estudos, a saber a criação de Núcleos de Apoio Psicopedagógico (NAP). Os NAP implementados em muitas faculdades de medicina podem ajudar os estudantes a superar as dificuldades na aprendizagem e no desenvolvimento psicossocial, promovendo a autonomia pessoal dos estudantes e o desenvolvimento de competências técnicas e transversais requeridas pelo novo perfil de profissionais médicos a serem formados28.

Contudo, mesmo quando da constuição de Núcleos de Apoio Psicopedagógicos em algumas faculdades de medicina, observa-se a baixa procura pelos estudantes que apresentem estresse e outras dificuldades emocionais, acredita-se que este fato ocorre devido pela falta de tempo dos estudantes, como também pelo não reconhecimento e valorização das próprias necessidades29.

O apoio familiar foi relatado como aspecto facilitador na condução das responsabilidades acadêmicas. No entanto, a distância experienciada por muitos estudantes dos seus familiares provoca respostas emocionais problemáticas, nos níveis de estresse e de ansiedade. Entrar em uma Universidade representa, em muitos casos, a primeira separação parental e familiar desses jovens, logo num período crucial da vida de um ser humano: a adolescência – fase de pleno desenvolvimento biopsicossocial, que marca a passagem do estado infantil para o adulto e é permeada por características psicológicas desse processo evolutivo, que envolve a expressividade, manifestações de comportamento, adaptação social; e são influenciadas pela cultura e sociedade na qual o jovem está inserido1.

Em um estudo realizado com estudantes de medicina do segundo ano de uma universidade do interior de São Paulo2, cujo objetivo foi descrever a adaptação dos estudantes

em anos iniciais revelou que a maioria deles mora longe da família e que a saudade é um sentimento muito marcante, aumentando a tendência a se isolar do meio acadêmico e das atividades extracurriculares. Mostrou ainda que, apesar da nova vida, os alunos ainda dependem do apoio e proximidade dos familiares/ pessoas a que estavam acostumados, embora citem a sensação de maior liberdade associada. Os dados apontaram ainda que, diante de algum problema pessoal, os pais e familiares são os primeiros a quem o estudante procura.

Segundo o mesmo estudo, observou-se que, entre os entrevistados, nenhum relatou procurar ajuda de psicólogos, tutores ou professores da instituição; porém, mesmo assim, consideraram essencial a existência de um serviço de apoio sociopsicológico por acreditarem que muitas dessas dificuldades não conseguem ser resolvidas individualmente, requerendo a

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ajuda de um profissional2.

Diversamente, em outro estudo realizado medicina de um Instituição de Ensino Superior localizada no Sertão Paraibano, revelou que aproximadamente um terço dos estudantes relatou fazer tratamento psicológico e a maioria, às vezes, buscava tratamento psiquiátrico30.

Um trabalho realizado na Universidade Federal do Paraná cujo objetivo foi verificar a prevalência do estresse entre estudantes de Medicina, a relação entre morar ou não com a família e sua repercussão sobre o rendimento acadêmico, verificou que o convívio social entre os estudantes é afetado, pois a permanência na companhia de colegas também estressados é fonte geradora de maior estresse, assim como a distância e a impossibilidade de visitar os familiares5.

Em contraposição aos achados deste estudo, nos quais foram evidenciadas fragilidades no relacionamento entre os estudantes, uma pesquisa sobre a saúde mental dos estudantes de medicina, estratégias defensivas, fontes de estresse e alívio associadas a diferentes processos educacionais demonstrou que sair com os amigos era fator de alívio e prazer ao longo do curso. Além disso, a realização de reunião com professores para debater a situação do curso, além dos momentos de tutoria, em que há discussão dos assuntos com seus tutores em sala em torno de doze alunos possiblitaram o alívio de suas angústias e dúvidas em relação às disciplinas e à efetividade do modelo pedagógico que estavam seguindo 6.

Quanto à rotina vivenciada pelos estudantes de medicina, diferentes trabalhos sugerem que o extenso conteúdo didático, o qual exige dedicação em tempo integral, favorecendo um hábito de estudo que dificulta um sono adequado por noite é considerado uma das principais causas de adoecimento físico e mental, incluindo transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão e estresse1,2,6. A transição para o curso superior coloca em

evidência os problemas dos alunos e em alguns casos pode inclusive exacerbá-los2.

Acerca das perspectivas sobre o futuro profissional, os anseios gerados para a conquista de um trabalho bem remunerado no futuro e o medo da reprovação visando o fator financeiro, mostra como esses estudantes lidam com os gastos vivenciados durante a faculdade. De acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)31, realizada em 2017, os estudantes de medicina estão acima da média salarial

apresentada no país. Entretanto, isso não diminui a cobrança do status que estudar em uma universidade privada acarreta, mesmo que estes tenham demonstrado que podem arcar com as mensalidades altas e com os demais custos.

Corroborando com os dados do IBGE, outro estudo o qual revelou o perfil dos estudantes de medicina da Universidade Federal do Espírito Santo revela que o curso de Medicina, por apresentar maior carga horária e custo elevado, possui alunos, em sua

(29)

maioria, sem tempo para estágios remunerados e sustentados pelos pais, fato que favorece a seleção de estudantes em melhor situação socioeconômica32.

Faz-se necessário, portanto, que a comunidade acadêmica reavalie de forma crítica e continuamente o que lhe cabe enquanto agente atuante na promoção, prevenção e na perpetuação de possíveis fatores agravantes à saúde mental dos estudantes. Desta feita, será favorecida a formação de profissionais médicos capacitados tanto no aspecto da técnica, como nos aspectos humanísticos e emocionais a fim de corresponder às necessidades de saúde da população6.

CONCLUSÕES

O estudante de medicina, ao iniciar na graduação, expõe sua saúde a uma série de fatores estressores relacionados a aspectos externos pertencentes ao contexto acadêmico e aspectos internos do sujeito, como habilidades de enfrentamento de situações adversas.

Dessa maneira, o apoio familiar foi apontado como um fator motivacional para a trajetória desses acadêmicos, logo, a distância destes mostrou-se como um agravante emocional para estes estudantes, diminuindo até mesmo seu rendimento escolar. O estudo também possibilitou a compreensão do distanciamento que há entre os próprios acadêmicos, sendo por sua vez, responsável por sentimentos negativos e propensão a identificar o ambiente universitário com hostilidade.

Logo, as Instituições de Ensino Superior podem, diante deste contexto, assumir um posicionamento que visa a promoção, prevenção e cuidado à manutenção da saúde física e mental, contribuindo, assim, para a formação de profissionais mais preparados para assumir um ofício o qual demandará intensa dedicação.

Espera-se que mais estudos como este sejam realizados possibilitando a investigação das percepções destes estudantes como se sentem nesta função e conhecer os impactos destas no seu processo de formação a fim de que, a partir dos resultados advindos destas pesquisas, políticas e intervenções possam ser elaboradas e implementadas pelas intituições de ensino superior e pela própria comunidade acadêmica para proporcionar ao aluno uma condição digna e humana durante a sua formação médica.

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REFERÊNCIAS

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(32)

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(33)

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34. Fontanella BJB; Ricas J; Turato ER. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. In: Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2008, v. 24, n.1.

(34)

3 CONCLUSÃO

O estudante de medicina, ao iniciar na graduação, expõe sua saúde a uma série de fatores

estressores: a grande cobrança acadêmica por parte dos familiares, professores, e a

autocobrança; abandono de atividades que promovem o bem estar; submissão ao formato da

graduação e às suas normas (especialmente por ser um curso em horário integral); ansiedade e

suas repercussões.

Para mais, a necesidade de um método de estudo que seja eficiente tanto pelo

aprendizado e qualificação profisssional quanto pelas cobranças elencadas, a necessidade de

um apoio psicopedagógico para o auxílio das dificuldades acadêmicas de modo que estas não

transcendam para campos pessoais acarrentando mais dificuldades, a manutenção de um

convívio social agradável após a inserção no universo da graduação de medicina foram ainda

consideradas relevantes para o manutenção da saúde mental.

Outrossim, estes estudantes demonstram grandes expectativas quanto a qualificação que

envolvem o futuro profissional, incluindo tanto decisões que deverão ser tomadas para o

crescimento na carreira como médico, quanto a remuneração que está relacionada com essa

função, evidenciando que existem anseios a respeito da remuneração resultantes da escolha pela

medicina. Nem que para isso sejam necessários altos investimentos, tais como uma

universidade particular e outros gastos associados à formação.

Dessa maneira, o apoio familiar foi apontado como um fator motivacional para a

trajetória desses acadêmicos, logo, a distância destes mostrou-se como um agravante emocional

para estes estudantes, diminuindo até mesmo seu rendimento escolar. O estudo possibilitou,

ainda, a compreensão do distanciamento que há entre os próprios acadêmicos, sendo por sua

vez, responsável por sentimentos negativos e propensão a identificar o ambiente universitário

com hostilidade.

Embora seja compreensível por se tratar de um curso em tempo integral, a rotina desses

estudantes mostra-se exaustiva, implicando atenção das universidades e da rede de apoio desses

universitários, suscitando a reflexão se realmente a organização da graduação pode ou não

sofrer alterações para a melhoria da saúde desses estudantes. As Instituições de Ensino Superior

podem, diante deste contexto, assumir um posicionamento que visa a promoção, prevenção e

cuidado à manutenção da saúde física e mental, contribuindo, assim, com a formação de

profissionais mais preparados para assumir um ofício a qual demandará intensa dedicação.

Além do mais, como citado por um dos entrevistados, a humanização que é cobrada para

esses futuros profissionais também deve ser oferecida aos mesmos, ressaltando a

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responsabilidade dos familiares e de todos os envolvidos na formação universitária. Quanto aos

estudantes, torna-se indispensável o reconhecimento de suas necessidades e dificuldades.

Espera-se que mais estudos como este sejam realizados possibilitando a investigação

das percepções destes estudantes como se sentem nesta função e conhecer os impactos destas

no seu processo de formação a fim de que, a partir dos resultados advindos destas pesquisas,

políticas e intervenções possam ser elaboradas e implementadas pelas intituições de ensino

superior e pela própria comunidade acadêmica para proporcionar ao aluno uma condição digna

e humana durante a sua formação médica e, assim, oferecer à sociedade médicos com

competências, habilidades e atitudes necessárias à excelência do cuidado à saúde da nossa

população.

(36)

REFERÊNCIAS

Tanaka MM, Furlan LL, Branco LM, Valerio NI. Adaptação de alunos de medicina

em anos iniciais da formação. Rev. bras. educ. med. 2016, 40 (4): 663-68.

Fiedler PT. Avaliação da qualidade de vida do estudante de medicina e da influência

exercida pela formação acadêmica [tese]. Faculdade de Medicina da Universidade de

São Paulo, São Paulo, 2008.

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de uma escala de integração ao ensino superior. Psico-USF. 2001 jan./jun; 6(1):16.

(37)

APÊNDICE 1

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ANEXO 1

(39)
(40)
(41)
(42)
(43)
(44)
(45)
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(47)
(48)

ANEXO 2

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Referências

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