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Asseguração dos relatórios de sustentabilidade no Brasil: fatores que podem influenciar a sua ocorrência

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Academic year: 2021

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GABRIELA BORGES SILVEIRA

ASSEGURAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE NO BRASIL: FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR A SUA

OCORRÊNCIA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre. Orientador: Prof. Dr.Luiz Alberton

FLORIANÓPOLIS 2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

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Gabriela Borges Silveira

ASSEGURAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE NO BRASIL: FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR A SUA

OCORRÊNCIA

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre em Contabilidade”, e aprovada em sua forma final pelo Pro-grama de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 18 de abril de 2018.

________________________ Profª. Drª. Ilse Maria Beuren

Coordenadora do Curso Universidade Federal de Santa Catarina

Banca Examinadora:

________________________ Prof. Dr. Luiz Alberton

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

Participação por videoconferência Profª. Drª. Sonia Maria da Silva Gomes

Membro Externo Universidade Federal da Bahia

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________________________ Profª. Drª. Fabricia Silva da Rosa Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Profª. Drª. Denize Demarche Minatti Ferreira

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pela oportunidade de ter realizado o mestrado e de ter me abençoado para que eu pudesse continuar estudando.

Aos meus pais José Gabriel e Claudete e irmãs Ana Claudia e Hortência pelo incentivo, carinho e compreensão nos momentos em que eu estive ausente.

Agradeço meu Orientador Prof. Dr. Luiz Alberton pela orientação, ensinamentos, sugestões que contribuíram para minha conclusão de curso. Também, agradeço aos demais professores que compõem o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina – PPGC/UFSC por transmitir conhecimentos importantes para o desenvolvimento da vida acadêmica. Assim, como também faço menção a CAPES pelo financiamento da bolsa de estudos a mim concedida.

Aos discentes do PPGC, especialmente aos da turma de mestrado 2016 e do Núcleo de Pesquisa em Auditoria – NEAUD, meus sinceros agradecimentos pelas discussões e parcerias desenvolvidas durante o período de mestrado.

Por fim, deixo aqui registrado, meu sincero sentimento de gratidão aos amigos e familiares que torceram pela realização deste trabalho, especialmente a amiga e Prof. Me. Cristiane M. Huppes.

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“[...] nunca desista do trabalho. Trabalho dá significado e propósito, e a vida está vazia sem eles”.

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RESUMO

O objetivo do presente estudo é analisar os fatores que podem influenciar a ocorrência da asseguração dos relatórios de sustentabilidade (RSs). A amostra foi composta pelas empresas listadas na B3 que divulgaram relatórios durante o período de 2012 a 2016. Os fatores explicativos da asseguração dos RSs foram consubstanciados na Teoria da Legitimidade, que são: Setor Ambientalmente Sensível, Pressão do Setor, Comitê de Sustentabilidade, Global Reporting Initiative e Oportunidade de Crescimento. Além das variáveis que controlam as características das empresas apontadas pela literatura, que são: Tamanho, Rentabilidade, Endividamento e Setor. Com a intenção de verificar a ocorrência da asseguração dos RSs no decorrer do tempo, recorreu-se a regressão logística com dados em painel de efeitos aleatórios. Os resultados evidenciaram que Setor de Médio impacto ambiental, Pressão do Setor, Comitê de Sustentabilidade, as diretrizes da GRI, Tamanho e Endividamento são variáveis que podem influenciar a probabilidade de ocorrência da asseguração externa do reporte de sustentabilidade; o que levou esta pesquisa a não rejeitar as hipóteses H1, H2, H3 e H4. Desse modo, asseguração dos RSs pode ser influenciada pelas seguintes condições corporativas: a) classificação setorial diferenciada quanto à dimensão ambiental; b) comportamento derivado de forças miméticas, ou seja, quando uma determinada prática é amplamente adotada em uma mesma indústria, setor ou país; c) por comitês instituídos no Conselho da Administração que gerenciam e monitoram as questões de sustentabilidade; e d) relatórios elaborados de acordo com diretrizes da GRI. Por outro lado, não foi encontrada relação entre assegurar os RSs e as demais variáveis analisadas no estudo. Pela ótica da Teoria da Legitimidade, os resultados predizem que; além da necessidade de aumentar a confiança do usuário; as empresas podem estar sujeitas a um ambiente de legitimação caracterizado pelas expectativas e pressões da sociedade diante do impacto ambiental causado pelo desempenho de suas atividades operacionais, da pressão exercida pelo seu setor de atuação e da sua experiência e qualidade na divulgação do RS.. Desse modo, a asseguração externa dos RSs se constitui em uma ferramenta eficaz no aumento do nível de legitimidade das organizações à medida que esta prática se desenvolve em ambientes onde as empresas desempenham melhor suas práticas de sustentabilidade.

Palavras-chave: Relatório de Sustentabilidade. Asseguração Externa. Legitimidade

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ABSTRACT

The objective of the present study is to investigate the factors influencing the assurance on Sustainability Reports (SRA). The sample was composed by companies that reported between 2012 and 2016. The explanatory factors for the SRA were based on the Theory of Legitimacy, which are: Environmentally Sensitive Sector, Sector Pressure, Sustainability Committee, Global Reporting Initiative and Growth Opportunity. In addition to control variables indicated in the literature, which are: Size, Profitability, Corporate Leverage and Sector. In order to verify the occurrence of SRA over time, we used logistic regression in panel of random effects. The research findings showed that Environmental Impact Sector, Sector Pressure, Sustainability Committee, GRI guidelines, Size and Corporate Leverage are variables that can to influence the probability of occurrence of the SRA, so we accept the hypotheses H1, H2, H3 and H4. Thus, SRA can be influenced by the corporate conditions: a) differentiated sectorial classification regarding the environmental dimension; b) behavior derived from mimetic forces, that is, when a given practice is widely adopted in the same industry, sector or country; c) by committees established in the Board of Directors that manage and monitor sustainability issues; and d) repots elaborated according to GRI guidelines. However, we did not find a relationship between SRA and the other variables analyzed in the study. From the perspective of the Theory of Legitimacy, our results suggest that institutional impositions and/or political and social pressures on sustainability influence changes in the level of legitimacy of organizations, and therefore, they create a greater external apprehension about the credibility of their information, and, as a result, the companies create a greater need to send sustainability reports for external verification. In addition, according to the purpose of the disclosure of sustainability reports is to achieve or protect organizational legitimacy, the SRA is an effective instrument in raising the legitimacy of organizations as this practice develops in environments where companies develop better their sustainability practices.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Enquadramento da pesquisa ... 40 Figura 2 - Modelo Operacional da Pesquisa ... 43

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Resumo das pesquisas que abordaram os fatores explicativos da asseguração externa dos RSs. ... 36 Quadro 2 - Síntese das variáveis de pesquisa ... 48 Quadro 3 - Hipóteses da pesquisa de acordo com os modelos pooled – robusto e de efeitos aleatórios ... 72

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da Asseguração dos RSs. ... 57 Gráfico 2 - Curva ROC para modelo inicial ... 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Seleção da amostra (2012 a 2016)... 42

Tabela 2- Setores das empresas da amostra ... 55

Tabela 3 - Quantidade de empresas que asseguram os RS ... 56

Tabela 4 - Prestadoras da garantia ... 57

Tabela 5 - Asseguração dos RSs por setor de atuação ... 59

Tabela 6 - Variação between e within das variáveis binárias (H1, H3 e H5). ... 63

Tabela 7- Decomposição de variância between e within para as variáveis contínuas. ... 65

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AA1000AS - AA1000AS sustainability assurance ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica ASSEG - Asseguração

B3 - Brasil, Bolsa, Balcão

BACEN - Banco Central do Brasil CFC – Conselho Federal de Contabilidade CG – Governança Corporativa

COMITE – Comitê de Sustentabilidade CRESC – Oportunidade de Crescimento CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis DVA – Demonstração do Valor Adicionado ENDIV - Índice de endividamento da empresa ETR – Taxa de tributação efetiva

FR – Formulário de Referência GEE – Gases de efeito estufa GRI - Global Reporting Initiative

IASB - International Accounting Standards Board

IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

IBrx-100 - Indicador do desempenho médio das cotações dos 100 ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro

IR - Integrated Reporting

ISAE - International Standard on Assurance Engagements ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial

KPMG - KPMG Auditores Independentes NBC – Normas Brasileira de Contabilidade NG – Nível de Governança

ON – Ações Ordinárias PRESET – Pressão do setor RENT – Rentabilidade ROA – Retorno sobre ativos RS – Relatório de Sustentabilidade RSs – Relatórios de Sustentabilidade RSC – Responsabilidade Social Corporativa SAS – Setor ambientalmente sensível SET - Setor

TAM - Tamanho da empresa TBL - Triple bottom line

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 TEMA E PROBLEMA ... 15 1.2 OBJETIVOS ... 17 1.3 JUSTIFICATIVA ... 18 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 22 2.1 TEORIA DA LEGITIMIDADE ... 22

2.2 ASSEGURAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE ... 28

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 40

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ... 40

3.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA E PERÍODO DO ESTUDO ... 41

3.3 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS ... 42

3.3.1 Modelo Operacional da Pesquisa ... 42

3.3.2 Variável Dependente ... 43

3.3.3 Variáveis Explicativas ... 44

3.3.4 Variáveis de Controle ... 46

3.3.5 Síntese das variáveis de pesquisa ... 47

3.4 TÉCNICA DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ... 52

3.4.1 Limitações da Pesquisa ... 53

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 55

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DA AMOSTRA ... 55

4.2 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS ... 62

4.3 ANÁLISE DE REGRESSÃO LOGÍSTICA EM PAINEL ...68

5 CONCLUSÃO ... 75

REFERÊNCIAS ... 79

APÊNDICE A – Lista das empresas que elaboram o relatório de sustentabilidade entre os anos de 2012 a 2016...89

APÊNDICE B - Descrição das atividades econômicas de acordo com PPGU – Lei10.165/2000 (BRASIL, 2000). ... 134

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1 INTRODUÇÃO

Neste Capítulo são apresentados o tema e o problema de estudo, assim como o objetivo geral e os específicos, a justificativa e a estrutura de organização da pesquisa.

1.1 TEMA E PROBLEMA

Os relatórios de sustentabilidade (RSs) vêm se tornando um tema de destaque para a comunidade empresarial e acadêmica, devido à importância de se relatar informações que vão além da demonstração do resultado financeiro, utilizando uma abordagem triple botom line de Elkington (1998) que integra as divulgações de natureza social, ambiental e financeira. Esta relevância surge em resposta às questões como escândalos corporativos, crises financeiras, mudanças climáticas, preocupações sobre direitos trabalhistas e a redução da pobreza (NORONHA et al., 2013).

Sachs (2009) explica que as pressões da sociedade e do mercado têm crescido gradativamente em direção aos critérios de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica. Neste aspecto Elkington (1998) afirma que a divulgação dos RSs não diz respeito somente a uma questão de escolha das organizações, tornando-se um dos principais mecanismos por meio do qual as empresas compartilham informações sobre seu desempenho de sustentabilidade. Conforme Tinoco e Kraemer (2004), a divulgação voluntária das informações de natureza econômica, ambiental e social proporciona uma aproximação entre os usuários das informações permitindo que o mercado confira valor à empresa.

A busca ou proteção da legitimidade empresarial se destaca como uma das principais finalidades para a comunicação por meio de RS (ARVIDSSON, 2010), uma vez que, a divulgação deste tipo de relatório possibilita que investidores e analistas façam melhores projeções do desempenho financeiro futuro da empresa, bem como propicia uma melhor percepção das atividades de uma empresa e seu real valor (ECCLES; KRZUS, 2010). Nesse sentido, Scott (2011) salienta a importância de se investir capital em empresas que possuem melhores desempenhos na criação de valor em longo prazo, de forma sustentável.

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Simnett et al. (2009) percebem o RS como uma iniciativa de comunicação empresarial alternativa, uma vez que, os relatórios financeiros tradicionais não representam em sua totalidade as várias dimensões do valor corporativo de hoje, e por isto novas medidas não financeiras de valor/desempenho têm surgido, como por exemplo, as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI, 2007) e Relato Integrado (2010). Atualmente, apesar de seu caráter voluntário, os RSs têm se firmado como parte da divulgação corporativa, 95% das 250 maiores empresas do mundo os divulgam como relatório independente dos demais - “stand-alone” – (KPMG, 2011).

A divulgação dos RSs pode ser explicada por uma variedade de razões, dentre elas estão a redução de assimetria da informação entre a empresa e os demais stakeholders, atestar o compromisso organizacional, melhorar a gestão de risco e zelar pela construção da reputação corporativa. Entretanto, o alcance eficaz desses resultados está condicionado à credibilidade percebida das informações fornecidas. Dentro deste contexto, surge a prática de asseguração externa dos RSs como mecanismo de controle útil para aumentar a credibilidade das informações divulgadas e a confiança dos usuários (SIMNETT et al., 2009).

Segundo Focal Point Brazil (GRI, 2017), O Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em número de empresas que divulgam os RSs, sendo que em 2010, mais 160 relatórios brasileiros nos moldes da GRI foram registrados na lista de relatórios da GRI. Porém, Hodge et al. (2009) questionaram o aumento do número de divulgação dos RSs sem o devido aumento do nível de confiança pública. Ainda, problemas relacionados com a falta de uniformidade e regularidade da divulgação dos RSs podem afetar a confiabilidade da informação. Diante disso, Simnett et al. (2009) defendem a asseguração dos RSs como critério de confiabilidade.

A literatura recente destaca a existência de falta de credibilidade devido a não obrigatoriedade da asseguração externa e da ausência de verificação na análise dos processos pelos quais os RSs são elaborados (SHUM et al., 2009; CPA, 2010; O’DWYER et al., 2011). Conforme Shum et al. (2009), para que esta expectativa possa ser atendida se faz necessário estudar, primeiramente, as forças que influenciam a decisão das empresas na preparação dos RSs, bem como pela sua verificação por profissional independente.

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Dessa forma, alguns estudos já realizados acerca desta temática, como os de Simnett et al. (2009); Kolk e Perego (2010); Perego e Kolk (2012); Gomes (2012); Ruhnke e Gabriel (2013); Cho et al. (2014); Branco et al. (2014); Peters e Romi (2014); Luna et al. (2017); Silveira, Alberton e Vicente (2017); Silveira et al. (2017); Kuzey e Uyar (2017) e Martínez-Ferrero e García-Sánchez (2017) investigaram os fatores que influenciam à decisão das empresas em assegurar os RSs, fatores estes relacionados em nível de empresa, setor e país, dentre eles: tamanho, rentabilidade, endividamento, atividade setorial, GRI, prestador de garantia, governança corporativa, sistema legal, e qualidade do sistema legal.

Luna et al. (2017); Silveira, Alberton e Vicente (2017) e Silveira et al. (2017) estudaram a temática da asseguração dos RSs no contexto brasileiro. Ambos os autores afirmaram a pouca expressão de trabalhos empíricos que pudessem apontar evidências sobre a asseguração dos RSs brasileiros. Dessa maneira, o presente estudo busca entender melhor o mercado emergente da asseguração dos RSs e, em particular, a partir de seus fatores explicativos, a função da asseguração em estabelecer a credibilidade das informações sobre a sustentabilidade das empresas brasileiras.

Sobre a ótica da Teoria da Legitimidade entende-se que a legitimidade social consiste na principal razão pela qual uma organização divulgue RS (EUGÉNIO, 2010; ARVIDSSON, 2010). E ao passo que imposições institucionais e pressões políticas e sociais demandam mudanças no nível de legitimidade das organizações (SANCOVSCHI; SILVA, 2006), a asseguração dos RSs tem sido empregada no sentido de atribuir credibilidade a este tipo de relatório, o que, possivelmente poderia aumentar o nível de legitimidade das organizações (O’DWYER et al., 2011). Nesse sentido, determinadas práticas podem aumentar ou diminuir essa legitimidade, resultando em consequências materiais para empresa (SUCHMAN, 1995).

Neste contexto, surge o interesse em investigar a seguinte questão de pesquisa: Quais fatores podem influenciar a ocorrência da asseguração dos relatórios de sustentabilidade no Brasil?

1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo é analisar os fatores que podem influenciar a ocorrência da asseguração dos relatórios de sustentabilidade das empresas brasileiras listadas na B3 no período de

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2012 a 2016. Com intuito de atingir o objetivo geral da pesquisa foram delineados os seguintes objetivos específicos:

 Definir os fatores que influenciam a asseguração dos RSs baseada na Teoria da Legitimidade, que são: setor ambientalmente sensível, pressão do setor, comitê de sustentabilidade, Global Reporting Initiative e oportunidade de crescimento. Além das variáveis que controlam as características das empresas apontadas pela literatura, que são: tamanho, rentabilidade, endividamento e setor;

 Descrever a asseguração realizada pelas empresas brasileiras de acordo com a quantidade, setor de atividade e tipo de prestadora da garantia; e

 Verificar a relação existente entre a asseguração e os fatores que influenciam a asseguração dos RSs.

1.3 JUSTIFICATIVA

Estudar os fatores que favorecem a asseguração dos RSs se justifica diante da demanda por informações de natureza socioambiental no processo de tomada decisão de diversos usuários da informação contábil, e por isso, a garantia externa tem se tornado uma importante ferramenta na construção da reputação corporativa. Nesse sentido, é relevante discutir e avaliar, já que, dada sua função, a qualidade e efetividade de tal prática, e que para isto, faz-se necessário compreender, primeiramente, as condições favoráveis à sua ocorrência.

Martínez-Ferrero e García-Sánchez (2016) explicam que semelhante à auditoria das informações financeiras, como resultado da pressão das partes interessadas para o aumento da credibilidade da informação de sustentabilidade, a asseguração pode ser percebida como elemento chave no controle externo da informação socioambiental emitida. Para Simnett et al. (2009) adquirir os serviços de garantia envolve tanto custos, como benefícios. Dessa forma, as empresas tomam por relevante tal procedimento, quando os benefícios derivados dela podem ser percebidos, compensando os custos associados.

Diferentes motivos soam como benefícios para que as empresas tomem por relevante os serviços de asseguração dos RSs, assim a garantia pode: (i) fornecer credibilidade e transparência dessas informações (ADAMS; EVANS, 2004; DEEGAN et al., 2006; O'DWYER; OWEN, 2005; SIMNETT et al., 2009; WEBER, 2014); (ii) agir como mecanismo para aumento da confiança das partes interessadas, no que se refere qualidade da informação e ao

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compromisso de sustentabilidade empresarial (HODGE et al., 2009; SIMNETT et al., 2009); (iii) agir como uma ferramenta de monitoramento de gestores (WONG; MILLINGTON, 2014) diminuindo a assimetria de informação e custos de agência; (iv) diminuir a incerteza acerca dos riscos do negócio (MORONEY et al., 2012); e (v) diminuir do custo de capital das empresas, melhorando o acesso a novos capitais (KOLK; PEREGO, 2010; RUHNKE; GABRIEL, 2013; CHO et al., 2014).

A relação da asseguração dos RSs e a credibilidade das informações é uma das questões mais levantadas pela literatura que trata desta temática. Neste ponto, Martínez-Ferrero e García-Sánchez (2016) destacam que dentro de um contexto em que a informação de sustentabilidade é certamente questionável ou dificilmente credível, empresas podem “voluntariamente” iniciar um processo de verificação dessas informações.

Simnett et al. (2009) argumentam que empresas com uma maior necessidade de aumentar a credibilidade dos seus RSs e construir sua reputação corporativa são mais propensas a ter seus relatórios assegurados, sendo que esta necessidade é decorrente de fatores relacionados às características das empresas, do setor de atuação e do país. Portanto, as empresas que pertencem a setores de maiores impactos ambientais ou/e sociais, o que, também, exige um maior nível de divulgação socioambiental (ADAMS et al., 1998; PATTEN, 2002), e, ainda, sujeitas a pressões resultantes de forças miméticas, como, por exemplo, a pressão do setor; possuem maior necessidade de reforçar a legitimidade de suas operações por meio da asseguração externa (SIMNETT et al., 2009; PETERS; ROMI, 2014; MARTÍNEZ-FERRERO; GARCÍA-SÁNCHEZ, 2016).

Em cenário brasileiro, este assunto é discutido por Letícia Arcoverde no jornal eletrônico do Valor Econômico (2017), no qual a matéria tem como chamada “Sustentabilidade está mais no discurso que prática, admitem executivos”. Segundo discutido nesta matéria, o tema sustentabilidade ingressou na pauta da alta liderança durante os últimos anos, pois passou a ser associado à economia de custos. No entanto, é notável o aumento do número de pessoas que desconfiam que este assunto não corresponda em práticas da mesma forma que decora os discursos das companhias.

As conclusões descritas na referida matéria acima são provenientes de um levantamento bienal realizado pela Fundação Dom Cabral que apontou como uma das iniciativas mais associadas com a prática de sustentabilidade a crise decorrente de escândalos envolvendo

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grandes companhias brasileiras; e nas palavras do professor Heiko Spitzek, um dos autores da pesquisa, “Há uma lista longa de empresas que sofreram baixa na reputação” e “Recorrer à sustentabilidade também é uma forma de tentar recuperar essa imagem”. A pesquisa ainda cita que a crise na reputação de empresas tidas como “referências” em sustentabilidade como, por exemplo, Vale, Petrobras e Odebrechet, também, afetou a percepção da comunidade quanto à distância entre o discurso e a prática das empresas.

Neste contexto, autores como Hemingway e Maclagan (2004) e Kim, Park e Wier (2012) discutem que os gestores podem envolver-se em práticas de responsabilidade social para cobrir o impacto da má conduta corporativa, ou seja, o desenvolvimento de atividades relacionadas à Responsabilidade Social Corporativa (RSC) atuaria como uma forma de “seguro” da reputação, dando a impressão às partes interessadas de que a firma é transparente, quando, na verdade, se trataria de pura aparência.

A RSC relaciona-se com questões éticas e morais referentes à tomada de decisões e ao comportamento corporativo, abordando questões complexas como a proteção ambiental; gestão de recursos humanos; saúde e segurança do trabalho; e relações com a comunidade, fornecedores e clientes (CASTELO; LIMA, 2006). Assim, o disclosure de informações relativa às práticas de RSC podem ajudar as companhias a construir uma imagem positiva para seus stakeholders (ORLITZKY et al., 2003).

Na perspectiva da governança corporativa, a asseguração é constituída como um dos mecanismos que visam à construção e manutenção da confiança estabelecida com as partes interessadas, e por consequência a decisão por assegurar os RSs pode estar condicionada a força da governança corporativa em nível de empresa (ZHOU et al., 2013). Pela ótica da Teoria da legitimidade a asseguração e as práticas de boa governança corporativa podem ser consideradas ferramentas necessárias para satisfazer as demandas sociais que garantem a continuidade das empresas em conformidade com os objetivos da comunidade em que se encontram (MARTÍNEZ-FERRERO; GARCÍA-SÁNCHEZ, 2017).

Esta pesquisa, também, justifica-se pelas inquietações que se propõe conhecer, como identificar as empresas brasileiras que asseguram os RSs, bem como se há expressividade dessa prática no contexto brasileiro. Também, as condições que favorecem esta prática, investigando que tipo de pressões podem influenciar as empresas a

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tomar os serviços de garantia, além de verificar se as empresas fazem algum detrimento em relação ao tipo de prestador da garantia.

Enquanto diversos estudos examinaram os fatores explicativos da asseguração dos RSs a nível de país e empresa no âmbito internacional (SIMNETT et al., 2009; KOLK; PEREGO, 2010; PEREGO; KOLK, 2012; GOMES, 2012; RUHNKE; GABRIEL , 2013; ZHOU et al., 2013; CHO et al., 2014; BRANCO et al., 2014), poucos têm pesquisado esta temática em países emergentes, sobre tudo em empresas brasileiras (KUZEY; UYAR, 2017; LUNA et al., 2017; SILVEIRA; ALBERTON; VICENTE, 2017; SILVEIRA et al., 2017). Nessa lógica, Simnett et al. (2009) argumentam que estudar as características individuais de cada país é essencialmente importante para compreender os serviços de asseguração em âmbito global.

Dessa forma, este estudo se propõe a preencher esta lacuna, fornecendo evidências sobre o contexto brasileiro a fim de corroborar com a evolução do tema, observando que as empresas podem modificar seu comportamento para com as práticas de sustentabilidade, divulgação e garantia de acordo com o ambiente social em que se desenvolvem (MEYER; ROWAN, 1977; MARTÍNEZ-FERRERO; GARCÍA-SÁNCHEZ, 2017).

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em cinco capítulos. No primeiro apresenta-se a introdução com uma breve contextualização do problema e tema de pesquisa, bem como os objetivos geral e específicos, a justificativa e a estrutura do trabalho.

No capítulo 2, apresenta-se a revisão da literatura. Apresenta-se inicialmente Teria da Legitimidade, e em seguida apresentam-se conceitos e discussões a temática da Asseguração desses relatórios.

No terceiro capítulo, destinado aos procedimentos metodológicos, descreve-se os aspectos do delineamento da pesquisa, definição de população e amostra, variáveis e hipóteses de pesquisas, coleta e técnicas para a análise dos dados.

O capítulo 4 refere-se à descrição e análise dos dados, cujo objetivo é responder a problemática deste trabalho.

O capítulo 5 é desenvolvido para expor as conclusões e recomendações de futuros estudos sobre o tema investigado.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 TEORIA DA LEGITIMIDADE

Pesquisadores como Parsons (1960) e Weber (1978) fizeram da legitimidade um aparato teórico amplo que sustenta o argumento de que as forças normativas e cognitivas restringem, constroem e capacitam os atores organizacionais. Nesse sentido, Powell e DiMaggio (1991) explicam que muitas práticas existentes no ambiente organizacional não resultam somente de imperativos tecnológicos ou materiais, mas, também, de normas culturais, símbolos, crença e rituais. Diante disso, Meyer e Scott (1983) consideram que a legitimidade decorre da congruência entre a organização e seu ambiente cultural, ou seja, a cultura estabelecida é um fator determinante para a existência das organizações.

Suchman (1995) conceitua legitimidade como uma percepção ou suposição generalizada de que as ações de uma entidade são desejáveis e apropriadas dentro de um sistema socialmente constituído de normas, valores e crenças. Deegan (2002) explica que o contrato social é a premissa central da legitimidade, uma vez que, as organizações possuem contratos implícitos com a sociedade, e cumprir este contrato legitima a própria entidade, bem como, suas operações. E isto, implica conhecer e aderir às expectativas de um sistema social (DEEPHOUSE; CARTER, 2005).

A busca da legitimidade pelas organizações é incentivada pela continuidade e credibilidade de suas operações. Assim, a legitimidade melhora a estabilidade e a compreensão das atividades organizacionais, o que leva a persistência e afeta a percepção do público sobre a empresa, uma vez que, o público é mais susceptível de fornecer recursos para as organizações que apresentam comportamento tido como apropriado ou adequado (PARSONS, 1960; SUCHMAN, 1995).

Nesse contexto, a RSC está atrelada a legitimidade na aceitação das práticas empresariais por seus stakeholders, pois o processo de reconhecimento de que uma organização esteja em conformidade com as normas mínimas de prestação de contas está relacionada com a maneira de que stakeholder, pouco conhecedor sobre as reais motivações da empresa, avalia se ela é merecedora de confiança (KING; WHETTEN, 2008; BARAKAT et al., 2016).

Nessa perspectiva, a Teoria da legitimidade tem sido amplamente utilizada pela literatura para explicar a motivação das organizações em divulgarem informações de natureza voluntária, como aquelas relativas

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ao desempenho ambiental e social ou de sustentabilidade. Eugénio (2010) afirma que tornar conhecida a maneira como a empresa se relaciona com os aspectos ambientais e sociais pode ser vista como uma forma de legitimar as atividades e preservar a continuidade da organização. Meyer e Rowan (1977) explicam que, para atingir seus objetivos de continuidade no mercado, as empresas podem adotar diversas práticas e procedimentos para legitimar suas atividades. Isso em razão de que as empresas empenham-se em assegurar que suas ações sejam percebidas pelos diversos stakeholders como legítimas (ISLAM; DEEGAN, 2008).

Nesse contexto, Smith et al. (2005) afirmam que o processo de divulgação dos RSs é uma forma de manter seus usuários informados e envolvidos na preservação da continuidade e sustentabilidade das organizações. Gray et al. (1995), Deegan e Rankin (1996) e Milne e Patten (2002) explicam que a evidenciação das informações de caráter socioambiental visam reduzir as pressões da sociedade, facilitando a aceitação e aprovação por parte dos stakeholders sobre as ações da empresa.

Nesse sentido, Arvidsson (2010) afirma que um dos principais objetivos da divulgação dos RSs é alcançar ou proteger a legitimidade organizacional, ao ser considerado um método eficaz no combate das ameaças à legitimidade das organizações. Corrobora Deegan (2002) de que os RSs se constituem em ferramentas de legitimar um negócio e demonstram que ele vai ficar dentro dos limites aceitáveis da sociedade.

Os RSs, como parte ou mecanismo da RSC, têm se estabelecido firmemente como componentes da divulgação corporativa, como relatado pela pesquisa da KPMG (2011) em que 95% das 250 maiores corporações do mundo publicam-no separadamente. Dessa maneira, atualmente, os RSs apresentam-se como relatórios autônomos, chamados de stand-alone, configurando-se em um importante instrumento de comunicação entre as organizações e suas partes interessadas (CHO et al., 2014). Gamerschlag et al. (2011) consideram que os relatórios de sustentabilidade têm sido adotados em sua maioria por empresas líderes (porte econômico, marca ou participação de mercado).

Desse modo, com a evolução da divulgação dos RSs, surge o questionamento sobre a credibilidade e qualidade desses relatórios (SIMNETT et al., 2009; KOLK; PEREGO, 2010; WEBER, 2014; CHO et al., 2014; MARTÍNEZ-FERRERO; GARCÍA-SÁNCHEZ, 2016). Gürtürk e Hahn (2016) explicam que, nas questões relacionadas à sustentabilidade, a empresa cria uma forte dependência da percepção e

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pressão de seus stakeholders externos ao atuar em um cenário no qual ela reage a estas expectativas fornecendo informações e a asseguração externa destas. O que favorece o argumento de que a verificação externa reforça a qualidade e melhora a credibilidade dos RSs (MORONEY et al., 2012; KUZEY; UYAR, 2017).

Segundo Sancovschi e Silva (2006), as imposições institucionais ou regulatórias influenciam no surgimento de mudanças no nível de legitimidade das organizações. Nesse sentido, certas ações podem aumentar ou diminuir essa legitimidade, resultando em consequências materiais para uma empresa (SUCHMAN, 1995). Diante disso, a asseguração dos RSs tem sido empregada no sentido de atribuir credibilidade a este tipo de relatório, o que, possivelmente poderia aumentar o nível de legitimidade das organizações (O’DWYER et al., 2011).

Nesse aspecto, Peters e Romi (2014) afirmam que empresas de setores ambientalmente sensíveis (SAS) suportam maiores pressões políticas e sociais relacionadas às questões de sustentabilidade, como também, criam uma maior apreensão externa sobre a credibilidade de suas informações, e assim, uma maior necessidade de fornecer uma garantia. Cho et al. (2014) afirmam que empresas mais expostas a riscos ambientais e/ou sociais possuem uma maior necessidade de gerenciar esses riscos, oferecendo credibilidade e confiabilidade de suas informações de sustentabilidade por meio da asseguração externa.

Simnett et al. (2009) evidenciaram que as empresas que operam em indústrias que enfrentam maior risco social e ambiental mostram uma maior adesão da asseguração das informações de sustentabilidade, usando a sua declaração de garantia como uma ferramenta para melhorar a sua reputação e credibilidade. Deste modo, supõe-se que no mercado brasileiro as empresas pertencentes aos SAS necessitam aumentar a credibilidade dos RS, com intuito de legitimar suas operações por meio da asseguração externa. Assim, formula-se a seguinte hipótese:

H1: A probabilidade de adoção da asseguração dos RSs é afetada positivamente pelo impacto ambiental causado pelo setor de atividade.

Além da necessidade de aumentar a confiança do usuário, as empresas podem estar sujeitas a um ambiente de legitimação. Isto porque, a legitimidade das instituições pode a vir resultar de comportamentos isomórficos, sobre o qual uma prática é amplamente adotada em uma mesma indústria, setor ou país (MEYER; ROWAN, 1977). Martínez-Ferrero e García-Sánchez (2016) concluíram que a

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garantia voluntária atua como ferramenta de legitimação implementada pelas empresas de setores que desenvolvem melhor suas práticas de sustentabilidade, ou seja, divulgam e asseguram seus RS.

Cormier et al. (2005) encontraram evidências de que o desempenho ambiental está positivamente ligado à pressão do setor, ou seja, uma empresa pode imitar a prática social realizada por outra empresa aceita como líder ou modelo no seu setor de atividade na busca de legitimar suas estratégias. Corroboram Peters e Romi (2014) ao confirmarem que as empresas apresentam comportamento de isomorfismo mimético, ao se tornarem semelhantes em suas práticas de asseguração quando confrontados com maior pressão do setor. Nesse sentido, Martínez-Ferrero e García-Sánchez (2016) concluíram que o comportamento derivado de forças miméticas influencia a probabilidade de asseguração dos RS.

Portanto, tendo como proposição de que as empresas do mercado brasileiro estão condicionadas a pressão exercida, relativa à asseguração dos RS, de seus setores de atuação tem-se a seguinte hipótese de pesquisa:

H2: A probabilidade de adoção da asseguração dos RSs é afetada positivamente pela pressão do setor.

No que se refere ao nível de legitimidade das organizações, Ruhnke e Gabriel (2013) argumentam que empresas com mais experiência e qualidade na divulgação dos RSs são mais propensas a procurar a asseguração externa. Neste sentido, as empresas veem desenvolvendo práticas de governança corporativa com objetivo de gerenciar e monitorar as questões de sustentabilidade (IFAC, 2012), instituindo comitês específicos no Conselho da Administração (PETERS; ROMI, 2014).

A emissão dos RSs implica em um desenvolvimento de processos e estruturas de relatórios adequados, e por isso, a integração organizacional de um comitê especializado proporciona essa possibilidade. O comitê de sustentabilidade é regularmente responsável pela avaliação do desempenho ambiental e social da empresa, bem como da integração das questões de sustentabilidade no planejamento estratégico e operacional da gestão empresarial. Dessa maneira, a existência de comitê sustentabilidade pode ser vista como uma proxy para uma melhor integração das questões de sustentabilidade, enfatizando a importância da divulgação dos RSs e, consequentemente,

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da credibilidade das informações reportadas (RUHNKE; GABRIEL, 2013).

Peters e Romi (2014) explicam que dada à função de monitoramento informacional dos comitês ambientais, a asseguração externa poderia ser vista como meio para potencializar a legitimidade das atividades do comitê perante a alta administração e demais stakeholders. Os autores levantaram a discussão de que algumas empresas estabelecem a governança relacionada à sustentabilidade apenas para se adequar ao comportamento socialmente desejado, ao fornecer evidências de que apenas os comitês ambientais que contêm diretores com conhecimentos específicos em sustentabilidade influenciam a probabilidade de adoção da asseguração dos RSs no USA. Embora, Ruhnke e Gabriel (2013) tenham encontrado significância para a presença de comitê de sustentabilidade na Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha.

Como Ruhnke e Gabriel (2013), esta pesquisa investiga a premissa inicial de que, no mercado brasileiro, as empresas que dispõem de um comitê que trata dos assuntos relativos à sustentabilidade tendem a assegurar os seus RS, dada a seguinte hipótese:

H3: A probabilidade de adoção da asseguração dos RSs é afetada positivamente pela existência do comitê de sustentabilidade.

A respeito da elaboração dos RSs, as características do relatório podem influenciar a probabilidade de adoção da garantia voluntária (RUHNKE; GABRIEL, 2013), uma vez que, a asseguração externa dos RS, também, é recomendada pelo os repórteres de sustentabilidade, como por exemplo, a Global Reporting Initiative (GRI) que ressaltam o atributo de credibilidade aos RSs proporcionado pelos serviços de garantia.

A GRI constitui-se em um conjunto de diretrizes para RS, de natureza não governamental, que abrange as dimensões econômica, social e ambiental (CASTRO et al., 2009). A GRI é considerada uma das ferramentas de comunicação mais legítima e difundida sobre as práticas socioambientais, visando o desenvolvimento econômico sustentável (GURVITSH; SIDOROVA, 2012; LOZANO; HUISINGH, 2011). Atualmente, as diretrizes da GRI são utilizadas em mais de 90 países, fornecendo os padrões mais utilizados no mundo sobre relatórios e divulgação de sustentabilidade (GRI, 2017).

A GRI dispõe de diferentes níveis de divulgação. A primeira versão das diretrizes da GRI foi divulgada em 2000, seguidas pelas

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versões GRI G2 (2002), GRI G3 (2006) e GRI G4 (2012). Em destaque, a versões mais recentes, GRI G3 e GRI G4. As organizações que aderem a GRI G3 devem optar, conforme o conteúdo reportado, em quais níveis de aplicação (A, B e C) o relatório se enquadra. Para os RSs verificados externamente é adicionado o sinal de (+) ao lado de seu nível de aplicação. Já os relatórios elaborados de acordo a versão G4 tem como foco a divulgação baseada em tópicos materiais, direcionados conforme as necessidades informacionais de seus usuários.

Dentro do padrão GRI G4, a empresas podem escolher entre a opção “de acordo” com “Essencial” (Core) ou “Abrangente” (Comprehensive). A opção Essencial comporta elementos considerados essenciais para um RS, relatando impactos do seu desempenho econômico, ambiental, social e de governança. Já na opção Abrangente adiciona-se a divulgação de informações sobre a estratégia, análise, governança, ética e integridade da organização, relatando de forma mais ampla os aspectos materiais identificados.

Dessa forma, Peters e Romi (2014) relatam que a variação na extensividade do relatório provavelmente afeta os custos e benefícios da asseguração externa. Os referidos autores consideram o grau em que a entidade relatadora segue as diretrizes GRI como um indicador da abrangência dos RS, e assim, para inferir sobre a qualidade dos RSs é possível utilizar a adesão de uma empresa às diretrizes da GRI. Neste aspecto, Lock e Seele (2016) descobriram que a padronização por meio da estrutura GRI melhora a qualidade dos relatórios de RSC ao encontrarem evidências de que um nível elevado de aplicação, quanto à emissão de relatórios baseados na GRI, afetam a credibilidade dos relatórios positivamente.

Além disso, na perspectiva do prestador de garantia, torna-se vantajoso quando o RS é elaborado de acordo com diretrizes padronizadas de sustentabilidade. Isto porque, os possíveis desvios e distorções podem ser melhores identificados a partir de determinados critérios derivados dos padrões de divulgação dos relatórios (RUHNKE; GABRIEL, 2013).

Dessa forma, supõe-se que as empresas atribuem qualidade aos RSs ao aderirem às diretrizes GRI recebem o incentivo de que podem reforçar a credibilidade de seus relatórios por meio da asseguração externa, propõe-se a seguinte hipótese:

H4: A probabilidade de adoção da asseguração dos RSs é afetada positivamente pela adesão das diretrizes da GRI.

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As empresas em constante crescimento, no sentido de demostrar seus objetivos de continuidade no mercado, são mais susceptíveis de incorporar práticas comerciais sustentáveis em suas estratégias de negócios (ARTIACH et al., 2010). Dessa forma, os RSs poderiam desempenhar um papel de legitimação nas operações de empresas em crescimento, e desse modo, a sustentabilidade econômica recebe o suporte dos aspectos ambiental e social como condição de preocupação para um crescimento sustentável (KUZEY; UYAR, 2017).

Kuzey e Uyar (2017) que levataram a hipotese de que empresas em crescimento são mais propensas a publicar os RSs em conformidade com as diretrizes da GRI, bem como submetê-los a asseguração externa, a fim de legitimar suas atividades. Dessa forma semelhante aos referidos autores, formula-se a seguinte hipótese:

H5: A probabilidade de adoção da asseguração dos RSs é afetada positivamente pela oportunidade de crescimento das empresas.

2.2 ASSEGURAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

Fatores como a notória mobilização internacional, pressão dos governos e stakeholders levaram as empresas a aumentarem suas práticas de responsabilidade corporativa, bem como a divulgar tais informações em forma de relatórios (LENZEN et al., 2004). Os RSs devem apresentar informações relativas aos desafios e estratégias da sustentabilidade corporativa de maneira qualitativa e quantitativa, a fim de demonstrar seu desempenho nas perspectivas econômica, ambiental e social, integrando esses aspectos em um sistema de gestão sustentável, de forma comparável com outros períodos (DAUB, 2007).

O processo destinado à revisão das informações contidas nos RSs deve ser realizado por entidades externas e independentes da organização auditada, podendo ser divididas em três grupos: empresas de contabilidade (procedimentos de auditoria), empresas de engenharia (certificações técnicas) e empresas de serviços em sustentabilidade (especialistas) (GRI, 2013). Hodge et al. (2009) argumentam que os especialistas em sustentabilidade fornecem declarações de garantia mais completas, justas e equilibradas. Por outro lado, Perego (2009) afirma que as firmas de contabilidade têm um efeito positivo na qualidade da garantia em termos de procedimentos e formato de relatórios, enquanto as empresas especialistas fornecem opiniões e recomendações mais especializadas.

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A NBC TA ESTRUTURA CONCEITUAL (CFC, 2009 p.4) define que a asseguração é o trabalho no qual o profissional independente “[...] visa obter evidências apropriadas e suficientes para expressar sua conclusão, de forma a aumentar o grau de confiança dos usuários previstos sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com os critérios que sejam aplicáveis”. Desse modo, o relatório de asseguração reflete a opinião de um profissional independente sobre a confiabilidade das informações divulgadas nos RSs. Nesse aspecto Simnett et al. (2009) afirmam que as empresas buscam a credibilidade dos seus RSs por meio da verificação externa.

Os principais objetivos da asseguração dos RSs são garantir a veracidade da informação; contribuir para a credibilidade de todo o processo de gestão; assegurar que os recursos estão sendo empregados de forma eficaz; contribuir para a melhoria contínua do processo de divulgação; assegurar aos stakeholders e potenciais investidores que os riscos de gestão estão sendo administrados com eficácia; e demonstrar o compromisso da entidade em melhorar o seu desempenho econômico, ambiental e social (GRI, 2013).

Neste aspecto, Mori Junior et al. (2014) salientam que a asseguração é uma importante ferramenta na tentativa das empresas prestarem contas aos seus stakeholders. Para Perego e Kolk (2012), os serviços de garantia dos RSs proporcionam maior transparência e consenso sobre a finalidade do negócio, caracterizando a construção de diálogo eficaz entre as partes interessadas.

A estrutura e o conteúdo dos relatórios de asseguração externa podem variar dependendo do escopo da garantia (HASAN et al., 2003). Segundo o GRI (2013), a forma e o conteúdo variam em função das preferências do assegurador da garantia e são flexíveis aos objetivos desejados pelos usuários, além de serem pertinentes às normas de serviços de asseguração independente. Simnett et al. (2009) argumentam que a variação no conteúdo é um problema que pode afetar a função da garantia. Nesse sentido, Deegan et al. (2006) ressaltaram a necessidade de orientações e regulamentação na área, devido a não compreensão por grande parte dos usuários da informação.

As normas de asseguração objetivam instituir princípios, procedimentos e orientação a auditores independentes para a prática de trabalhos que são distintos das auditorias ou a revisão de informações financeiras históricas que estão sujeitas a normas específicas (NBC TO-3000, 2009). Estudos como de Gomes (2012) e Perego e Kolk (2012) evidenciaram que os normativos AA1000 Assurance Standard, e a ISAE 3000 – International Standard on Assurance Engagements, são as mais

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comuns, sendo utilizadas de forma isolada ou combinadas entre si. Dessa forma, percebe-se que existem dois padrões de normas internacionais: a ISAE 3000 e AA1000AS (GRI, 2013).

No Brasil, o Comunicado Técnico CTO 01 – Emissão de Relatório de Asseguração Relacionado com Sustentabilidade e Responsabilidade Social, que tem por base o Comunicado Técnico IBRACON n.º 07/12 orienta que enquanto não houver norma específica para o caso das Informações sobre Sustentabilidade e Responsabilidade Social deverá ser utilizada a NBC TO 3000 – Trabalho de Asseguração Diferente de Auditoria e Revisão – Resolução CFC n 1.163/09, norma brasileira consoante à norma internacional ISAE 3000 Assurance Engagements Other than Audits or Reviews of Historical Financial Information (IASB, 2003).

As normas como a NBC TO 3000 (CFC, 2009) e ISAE 3000 (IASB, 2003) não determinam que os relatórios tenham formato padrão, mas sim elementos básicos como título que indique claramente do que se trata o relatório de asseguração emitido; destinatário, identificando a parte ou as partes a quem o relatório de asseguração é dirigido; identificação do objeto e descrição das informações sobre esse objeto; identificação dos critérios; limitação inerente que seja significativa; declaração de que o trabalho foi realizado de acordo com a NBC TO 3000; resumo do trabalho realizado; conclusão do profissional independente; data do relatório de asseguração; e nome da firma e do auditor independente responsável técnico, os números de seus respectivos registros profissionais e o local de emissão do relatório.

As referidas normas, também, dispõem sobre dois níveis abrangência do trabalho: limitada ou razoável. A asseguração razoável reduz o risco do trabalho a um nível aceitavelmente baixo, enquanto a asseguração limitada tem por objetivo “reduzir o risco do trabalho a um nível aceitável nas circunstâncias, porém em um nível maior de risco do que em trabalho de asseguração razoável” (NBC TO 3000, 2009, p. 1).

Nesse contexto, Hasan et al. (2003) analisaram a percepção dos stakeholders sobre diferentes estruturas de relatórios de asseguração por meio de questionários aplicados a 792 acionistas com o objetivo de verificar qual o tipo de relatórios fornece mais segurança. Os resultados demonstram que o parecer em formato de procedimentos foi percebido com maior nível de segurança, uma vez que, os outros tipos de asseguração assumem um formato de garantia moderada e com maiores limitações.

Ressalta-se que a normas ISAE 3000 (IASB, 2003) e a NBC TO 3000 (CFC, 2009) são de natureza contábil, e seus critérios de aplicação

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devem respeitar o código de ética profissional dos contadores. No entanto, Silveira, Alberton e Vicente (2017) constaram que as empresas consideradas como de não auditoria (certificadoras e especialistas) incorporaram aos seus protocolos internos de verificação a metodologia das normas contábeis.

No âmbito geral, a asseguração dos RSs é considerada uma prática voluntária por parte das empresas, assim, Simnett et al. (2009) explicam que mundialmente; embora possam existir certos requisitos para a divulgação das informações não financeiras (sustentabilidade) para determinados grupos, tais como aqueles regulados por agentes específicos; não há regulamento que requeira a publicação dos RSs de forma separada das demais demonstrações. E da mesma forma, não existe regulamento que exija que as informações neste relatório sejam asseguradas.

Assim, com intuito de compreender as motivações que levam as empresa a submeterem o RSs à verificação externa, diversos estudos investigaram os fatores determinantes e/ou associados a esta prática.

Simnett et al. (2009) buscaram identificar os fatores associados à escolha voluntária de assegurar os RSs e da escolha do prestador de garantia. Para isto, os autores utilizaram regressão logística para uma amostra de 2.113 empresas de 31 países diferentes que emitiram RSs entre os anos de 2002 e 2004. Especificamente, a pesquisa verificou se os benefícios organizacionais resultantes da garantia estão em função do ambiente legal do país de domicílio e do setor que a empresa pertence. Os resultados suportam o argumento de que as empresas que buscam aumentar a credibilidade de seus relatórios e construir sua reputação corporativa são mais propensas a ter seus relatórios de sustentabilidade assegurados, embora não importa se o provedor da garantia provém da profissão de auditoria.

Kolk e Perego (2010) estudaram um conjunto de fatores institucionais para explicar a adoção das declarações de garantia para os RSs de 212 empresas do Fortune Global 250 nos de 1999, 2002 e 2005. Os fatores institucionais estudados pelos autores foram delimitados em Ambiente jurídico; Qualidade do ambiente jurídico; e Índice de responsabilidade corporativa. Como variáveis de controle foram atribuídas o tamanho, a intensidade o uso dos ativos e setor. Os resultados evidenciaram que empresas que operam em países com sistema legal baseado em code law, onde uma corporação é considerada uma organização que tem responsabilidades sociais que vão além de atingir a eficiência econômica; que possuem mecanismo de governança mais fracos; e que contam uma maior pressão para sustentabilidade

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corporativa estão mais propensas a adotar a garantia para reporte sobre sustentabilidade.

Perego e Kolk (2012) investigaram a evolução das práticas de asseguração dos relatórios de sustentabilidade das empresas que fazem parte da 250 Fortune Global durante um período de dez anos. Os autores buscaram identificar a diversidade das normas utilizadas no processo, o tipo de prestadores dos serviços e a qualidade da estrutura das declarações de asseguração externas. O levantamento das empresas prestadoras dos serviços de garantia demonstrou que 51,7% dos relatórios são assegurados por empresas de auditoria contábil, 22,2% por especialistas em sustentabilidade, 11,1% por certificadoras e 15% por outros tipos de organizações.

Gomes (2012) buscou identificar o estado da arte da auditoria dos relatórios de sustentabilidade das 117 maiores empresas portuguesas, em uma análise que compreendeu os anos de 2008, 2009 e 2010. Os resultados apontaram para a não existência de relação entre a verificação externa e as variáveis relacionadas com o Setor de atividade, Status de listagem, com Tamanho ou com o Número de colaboradores, afirmando que não há justificação econômica para esta prática, e que esta poderá depender de fatores como a “decisão” da administração.

Ruhnke e Gabriel (2013) verificaram os determinantes da procura pela garantia externa voluntária das empresas da Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha. Os autores formularam hipótese moldada na Teoria da Agência, distinguindo-as em construto de custos de agência e de sinalização. Para isto, as variáveis correspondem ao Tamanho, Dispersão de participação acionária, Níveis de aplicação do GRI, Departamento de sustentabilidade, Experiência com emissão de relatórios de sustentabilidade, País, Setor, ROA e Alavancagem financeira.

Os resultados de Ruhnke e Gabriel (2013) demonstraram significância para os Níveis de aplicação do GRI, Departamento de sustentabilidade e Tamanho, confirmando em grande parte a proposição dos autores de que os custos de agência desempenham um papel importante na decisão de procurar a garantia externa, e que, nesse sentido, representa um sinal de credibilidade existente numa relação estabelecida em forma de um relatório abrangente e altamente qualitativo sobre questões de sustentabilidade.

Cho et al.(2014) investigaram os fatores que levam as empresas americanas a obter a garantia do RS e como essa garantia é percebida pelos participantes do mercado. Os autores utilizaram um modelo de regressão logístico para uma amostra com 216 empresas do Fortune

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Global 500 que publicam relatórios em stand-alone no ano de 2010. O estudo investigou a relação entre a garantia dos RSs e Tamanho (receita total, ROA e alavancagem financeira); Setor ambientalmente sensível; Setor financeiro; Extensão dos relatórios; e Valor de mercado. Porém, os resultados encontrados mostraram que somente a Extensão dos relatórios e Setor ambientalmente sensível influenciam a asseguração dos RS. Ainda, os autores sugerem que as pesquisas futuras avaliem esses mesmos fatores em outros países, e ressaltam que o emprego de análises longitudinais seria potencialmente mais informativo.

Branco et al. (2014) examinaram os fatores que influenciam a decisão das empresas portuguesas em assegurar os RSs em um período considerado de crise econômica pós 2008-2011. O estudo investigou se Tamanho, Setor de atuação, Lucratividade, Alavancagem financeira, Tipo de propriedade e Status de listagem influenciam a decisão pela garantia externa. Os resultados indicaram significância para Tamanho, Alavancagem financeira, Rentabilidade, Status de listagem e Setor de atuação. Com destaque para Tamanho e Rentabilidade, uma vez que, essas variáveis se demonstraram mais associadas em tempos de crise.

Peters e Romi (2014) estudaram os efeitos dos mecanismos de governança corporativa voltados para sustentabilidade na asseguração dos RS. A amostra consistiu em 912 relatórios de empresas norte-americanas no período de 2002-2010. Os mecanismos investigados consistiram na existência e características dos comitês ambientais no Conselho de Administração, bem como a presença de um Diretor de Sustentabilidade (CSO) entre a equipe de gestão. Os resultados demostraram que a presença de um CSO está positivamente associada aos serviços de garantia de RS, e essa associação aumenta quando o CSO possui experiência em sustentabilidade. Relativo aos comitês ambientais, os autores concluíram que apenas comitês que contêm diretores com conhecimentos especializados aos aspectos ambientais influenciam a probabilidade de adotar a asseguração dos RSs.

Martínez-Ferrero e García-Sánchez (2016), com base na teoria neo-institucional, tiveram por objetivo analisar se a asseguração dos relatórios de sustentabilidade deriva de forças coercivas, normativas e miméticas relacionadas com a força jurídica, cultural e setorial, respectivamente. Os autores analisaram uma amostra com 696 empresas de diversos países, em análise de dados em painel para o período de 2007-2014. Os resultados mostram que a garantia voluntária atua como ferramenta de legitimação implementada pelas empresas em países que têm uma maior força coercitiva, desenvolvimento cultural, e setores desenvolvem melhor suas práticas de sustentabilidade.

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Luna et al. (2017) buscaram identificar os fatores determinantes para a escolha das empresas brasileiras listadas na B3 em assegurar seus RSs e se essa asseguração está relacionada aos retornos anormais no valor das ações. Os determinantes investigados na pesquisa foram: Tamanho, Endividamento, Rentabilidade, Effective Tax Rate (ETR), Origem do Controle Acionário e Setor de Atividade. A autora esclarece que a ETR foi inserida na pesquisa com o propósito de analisar se o montante de tributos pagos pelas entidades influenciaram em sua decisão entre assegurar ou não seus RS, considerando que empresas com elevadas cargas tributarias estão mais visíveis, sobretudo para o Governo, e conforme a Teoria da Legitimidade, quanto maior visibilidade de uma empresa, mais é necessário que ela atenda a demanda dos seus stakeholders.

Os resultados evidenciados no estudo de Luna et al. (2017) demostraram significância para os determinantes Tamanho e ETR, permitindo concluir que as empresas de grande porte e que possuem uma maior taxa de tributação efetiva tendem a assegurar os RS. Ainda, identificaram que a prática da verificação dos RSs proporciona a essas entidades retornos anormais no valor das ações.

Silveira, Alberton e Vicente (2017) objetivaram descrever o estado da arte da asseguração externa dos RSs das empresas brasileiras do índice sustentabilidade empresarial (ISE) 2016, no qual os autores verificaram a associação existente entre as características das empresas e a asseguração por meio do teste exato de Fisher. A pesquisa investigou a associação entre o nível de governança Novo Mercado da B3, Regulação do setor e asseguração do RS. Porém, os resultados não suportaram este argumento, e nesse sentido, os autores ressaltaram restrições em relação ao tamanho da amostra, sugerindo a investigação das práticas de asseguração em amostras maiores, bem como avaliar a evolução ao longo do tempo. Ainda, os autores destacaram que 82,1% dos trabalhos de asseguração foram feitos por empresas de auditoria independente, o que reforça o know-how por parte das empresas de auditoria contábil neste segmento.

Martínez-Ferrero e García-Sánchez (2017) examinaram o efeito dos mecanismos de governança corporativa na decisão das empresas em garantir seus RSs e a sua escolha de provedor de garantia em países com maior orientação para os stakeholders para uma amostra internacional de 610 empresas do período 2007-2014. Os mecanismos de governança corporativa analisados estão relacionados à força da função de monitoramento do conselho, que é determinada pelo Tamanho, Independência e Atividade do comitê de sustentabilidade. Os resultados

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fornecem evidências de que a garantia dos RSs e a escolha da profissão contábil como provedor da garantia estão positivamente associadas à Independência do conselho e à Atividade do comitê de sustentabilidade.

Silveira et al. (2017) identificaram os fatores associados asseguração dos RSs da empresas brasileiras listadas no índice IbrX-100 da B3 no período de 2011-2015. Os autores testaram a associações entre a Asseguração e Impacto ambiental, Ativo, Receita líquida, ROA, ROE, Endividamento, ADR, Setor regulado, Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), Governança corporativa, Auditoria e GRI. Os resultados apontaram que quatro desses fatores mostraram-se mais associadas à asseguração externa em todos os anos, sendo eles: Setor regulado, ISE, GRI e Auditoria. Diante disso, os autores concluíram que empresas de setores regulados, pertencentes ao ISE e que seguem as diretrizes propostas pelo GRI tendem a assegurar os RS, e que, ainda, tomam por relevante o trabalho ser prestado por empresas de auditoria.

Kuzey e Uyar (2017) investigaram o impacto dos fatores delimitados em Tamanho, Indústria, Alavancagem Financeira, Rentabilidade, Liquidez, Fluxo de caixa livre, Oportunidade de crescimento e Free-Float na adoção da asseguração dos RSs das companhias de capital aberto da Turquia. Os resultados apontaram uma relação positiva e significativa para Setor e Liquidez, confirmando que empresas mais líquidas e que produzem maior impacto ao meio ambiente tendem a assegurar os RS. Enquanto Rentabilidade desempenha um papel negativo e significativo na obtenção dos serviços de garantia para os RS. Já os demais fatores não se mostraram significantes. Ademais, os autores ressaltaram o pequeno número de RSs assegurados, o que demonstra baixa difusão desta prática entre empresas da Turquia.

Por fim, apresenta-se o Quadro 1, que resume as pesquisas que abordaram os fatores explicativos da asseguração externa dos RSs.

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Quadro 1- Resumo das pesquisas que abordaram os fatores explicativos da asseguração externa dos RSs.

Autores Amostra Anos Metodologia Relação Encontrada Variáv eis de Control e Signific antes Simnett et al. (2009). 2.113 empresas de 31 países diferentes. 2002-2004. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Sistema legal (+); e Setores Ambientalme nte Sensíveis (+). Tamanh o (+). Rentabi lidade (+, 2004). Kolk e Perego (2010). 212 empresas do Fortune Global 250. 1999, 2002 e 2005. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Sistema legal (-); Qualidade do ambiente jurídico (-); e Índice de Responsabili dade Corporativa (+). Setor (Indústr ia -, Óleo e Produto s químico s +). Gomes (2012). 117 maiores empresas portuguesas . 2008-2010. Regressão

logística. Não há. Não há.

Ruhnke e Gabriel (2013). 150 maiores empresas do mercado de ações da Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha. 2009 e 2010. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Custos de Agência (parcial +); e Nível de Sinalização (parcial +). Rentabi lidade (+).

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Quadro 1 – Resumo das pesquisas que abordaram os fatores explicativos da asseguração externa dos RSs (continuação)

Autores Amostra Anos Metodolog ia Relação Encontrada Variáveis de Controle Significa ntes Cho et al.(2014 ). 216 empresas do Fortune Global 500. 2010. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Extensão do disclosure (+). Tamanho (+). Branco et al. (2014). 86 empresas portugues as. 2008-2011. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Tamanho da empresa (+) Alavancagem (-); Rentabilidade (+), Status de listagem (-); e Setor (+). Não há. Peters e Romi (2014). 912 RSs de empresas norte-american as. 2002-2010. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Mecanismos de Governança Corporativa voltados para Sustentabilidad e (+). Tamanho (-). Spread bid-ask (+). Proprieda de de Investidor es Institucio nais (+). Martíne z-Ferrero e García-Sánchez (2016). 696 empresas das 2000 listadas pela Forbes. 2007-2014. Regressão logística em painel. Asseguração dos RSs e Forças Coercivas, Normativas e Miméticas (+). Tamanho (+). Alavanca gem (-). Oportuni dade de Crescime nto (+). Fonte: Elaborado pela autora (2018).

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Quadro 1 – Resumo das pesquisas que abordaram os fatores explicativos da asseguração externa dos RSs (continuação)

Autores Amostra Anos Metodologia Relação Encontrada Variáveis de Controle Significa ntes Luna et al. (2017). 68 empresas brasileira s listadas na B3. 2011-2014. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Tamanho da empresa (+), Taxa de imposto efetiva (+) e Retorno anormal das ações (+). Não há. Martíne z-Ferrero e García-Sánchez (2017). 610 empresas que operam em países civil law. 2007-2014. Regressão logística em painel. Asseguração dos RSs e Mecanismos de Governança Corporativa (+). Tamanho (+). Silveira et al. (2017). Empresas brasileira s listadas no índice IbrX-100 da B3. 2011-2015. Análise de Correspondê ncia (ANACOR) e Análise de Homogeneid ade (HOMALS). Asseguração dos RSs mais associado a Setor Regulado, ISE, GRI e Auditoria. Não há. Kuzey e Uyar (2017). Empresas turcas listadas no índice 100 da Bolsa de Instabul (BIST). 2011-2013. Regressão logística. Asseguração dos RSs e Setor (+), Liquidez (+), Rentabilidade (-). Não há.

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Dessa forma, verifica-se que são recentes os estudos que tratam da asseguração voluntária dos RSs nos mercados de capitais. Sobretudo, a incipiência das pesquisas que investiguem a adoção desta prática no Brasil. Portanto, estudo contribui para esta crescente temática da literatura.

Referências

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