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A inserção da cultura regional no espaço escolar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PEDAGOGIA

A INSERÇÃO DA CULTURA NO ESPAÇO ESCOLAR

DAIANA BELMONTE PEREIRA RIBEIRO

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DAIANA BELMONTE PEREIRA RIBEIRO

A INSERÇÃO DA CULTURA REGIONAL NO ESPAÇO

ESCOLAR

Monografia apresentada no Curso de Pedagogia, como requisito parcial para obtenção do título de Pedagogia na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, pelo Departamento de Ciências Humanas, Campus de Santa Rosa.

Orientador: Prof. Ms. Josei Fernandes Pereira

Santa Rosa 2017

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Agradecimentos

Meus agradecimentos a Deus, pela força e entusiasmo que me motivaram a trilhar mais este caminho.

Aos familiares, em especial ao meu pai e minha mãe, minha irmã Ana Dalva, ao meu esposo Leandro, meus filhos Ana Laura e Luis Fhelype pela paciência, apoio incondicional, materializado nas mínimas coisas, palavras e gestos, pela paciência em relação ao tempo que lhes furtei.

Ao Prof. Ms. Josei Fernandes Pereira, pela paciência, carinho, dedicação e apoio durante a realização do trabalho.

Enfim, a todos que contribuíram, e que me compreenderam e incentivaram nas horas de estudo.

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Dedicatória

Aos meus pais, meu esposo e filhos pelo amor incondicional, pelos conselhos carinho e estímulo, a minha irmã Ana Dalva pelo apoio e ao Prof. Ms. Josei Fernandes Pereira, pelo apoio permanente.

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A alegria não chega no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. Ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. Paulo Freire

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Resumo

O presente trabalho tem como tema central A INSERÇÃO DA CULTURA REGIONAL NO ESPAÇO ESCOLAR. Essa pesquisa será desenvolvida através de uma pesquisa teórica e investigativa, conhecendo e ampliando a discussão a respeito da importância da Cultura Regional no espaço escolar.É um estudo que tem por objetivo central investigar os currículos escolares para compreender a sua ação educativa e analisar como a Cultura Regional se insere, se apresenta e se é utilizada nos projetos pedagógicos.A ideia central é observar e analisar os documentos escolares que norteiam a ação pedagógica, analisando materiais disponíveis em duas instituições de ensino e analisar o que se trabalha dentro do espaço escolar e o que possuem de conhecimento sobre o tema proposto.Ao concluir essa análise em torno da Cultura Regional, se a mesma faz parte dos currículos escolares pude perceber que muito pouco se trabalha sobre o tema na escola, a proposta é referida apenas em datas comemorativas enfatizando muito pouco conhecimento deste tema que acredito ser de grande relevância para a construção da identidade dos educandos, o mesmo acontece com documentos norteadores da ação educativa como a BNCC.Acredito que a Inserção da Cultura Regional deve ser uma ação perene nas escolas, pois está ação se dá na valorização do espaço que ocupamos desenvolvendo e ampliando as aprendizagens e a construção da identidade das crianças, pois a cultura é a identidade dos povos, que compartilham entre si costumes, ideologias, crenças, culinária entre outros aspectos que acabam por identificar os povos, sendo a Cultura Regional um referencial importante para orientar e estimular o trabalho dos professores e gestores comprometidos com a construção da identidade cultural de seus educandos promovendo e contemplando uma aprendizagem no aluno que o aluno possa vivenciar no seu cotidiano.

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Lista de Ilustrações

Figura 1– Mapa que localiza o Rio Grande do Sul. Figura 2– Mapa dos limites territoriais do Estado. Figura3– Mapa do tratado de Tordesilhas.

Figura 4– Mapados indígenas no Rio Grande do Sul por volta de 1.500. Figura 5– Mapa dos Sete Povos das Missões.

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Lista de Abreviaturas

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

EEEF – Escola Estadual de Ensino Fundamental EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental RS – Rio Grande do Sul

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Sumário

Agradecimentos ... 3 Dedicatória ... 4 Resumo ... 6 Lista de Ilustrações ... 7 Lista de Abreviaturas ... 8 Sumário ... 9 Introdução: ... 10

Capítulo 1: Introduçãoaos conceitos fundamentais da pesquisa ... 12

Capítulo 2: Breve história do Rio Grande do Sul: ... 18

A localização do estado do Rio Grande do Sul ... 22

Os habitantes originais do RS ... 23

O ciclo missioneiro ... 25

As charqueadas e a escravidão africana ... 27

A imigração européia ... 28

Capítulo 3: Reflexões sobre a perenidade da Cultura Regional no Currículo do 5º Ano do Ensino Fundamental... 30

Conclusão ... 41

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Introdução:

A presente pesquisa tem como tema A inserção da Cultura Regional no espaço escolar. Por ser um tema que nos remete a possibilidade de auxiliar docentes, pais e até mesmo alunos a buscar o conhecimento sobre a nossa origem cultural que tão pouco conhecida por parte dos docentes, gestores e alunos, sendo este tema de suma importância para a construção da identidade cultural das crianças, sendo este um dos principais motivos que justificam o aprofundamento no assunto.

Essa pesquisa será desenvolvida através de uma pesquisa teórica e investigativa, conhecendo e ampliando a discussão a respeito da importância da Cultura Regional no espaço escolar.

O trabalho consiste na monografia apresentada ao curso de Pedagogia que tem como objetivo central investigar os currículos escolares para compreender a sua ação educativa e analisar como a Cultura Regional se insere, se apresenta e se é utilizada nos projetos pedagógicos.

Portanto, a ideia central é observar e analisar os documentos escolares que apoiam o trabalho dos docentes, analisando materiais disponíveis em duas escolas uma municipal outra estadual realizando também uma pesquisa de campo com alunos na faixa etária de 10 anos de idade, professores que atuam na faixa etária dos alunos e gestores das duas instituições sobre o que se trabalha na escola e o que possuem de conhecimento sobre o tema proposto.

Toda a pesquisa se move por uma indagação, uma dúvida. Assim, o problema de pesquisa do qual se apoiou o estudo foi: A Cultura Regional está sendo considerada nos currículos escolares? Como é desenvolvida a prática da cultura Regional dentro da Escola? Este tema apenas é contemplado no 5° Ano do ensino fundamental ou este tema é contemplado desde a educação infantil tendo sequência nos anos seguintes? A Cultura Regional Missioneira é trabalhada somente no mês de setembro ou durante todo o ano letivo?

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Com base no exposto, o presente estudo encontra-se estruturado em três partes, sendo que o primeiro capítulo "Um resgate Cultural", expondo conceitos importantes sobre um estudo teórico onde irei discutir conceitos sobre História, Região, Cultura, o Currículo Escolar, como a Cultura está presente em nosso cotidiano, o que é Cultura Regional, e qual a sua influência no Ensino.

No segundo capítulo busca-se falar um pouco sobre a História e Geografia do Rio Grande do Sul, realizando uma breve localização, seus habitantes originais, o ciclo missioneiro,as charqueadas e chegada dos imigrantes, fazendo uma retomada dos ciclos que destaco como importantes no desvelamento cultural de nosso Estado.

O terceiro capítulo apresenta-se considerações em torno do tema: A Cultura Regional e o compromisso do educador,o que está sendo trabalhado no espaço escolar sobre a Cultura Regional, que base teórica os docentes trazem para dentro da sala de aula para relembrar fatos históricos e o processo de construção do conhecimento no sujeito.

Neste se encontram referenciais que orientam como o docente pode auxiliar os alunos a promover um conhecimento histórico Cultural, valorizando a nossa Cultura enfatizando que o ensino deve partir da realidade de cada lugar, assegurando a cada participante compreender o seu espaço e a importância do mesmo no seu desenvolvimento cognitivo, compreendendo assim, que a Cultura Regional reflete por si muitos hábitos e costumes vivenciados ainda nos dias de hoje.

É uma pesquisa de extrema relevância para todos os profissionais da educação que hoje estão seriamente comprometidos com a Cultura especialmente a Cultura Regional.

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Capítulo 1: Introdução aos conceitos fundamentais da

pesquisa

A evolução humana parte de um criticismo1e que o desenvolvimento de nossa espécie é ascendente de primata com características especificas e em constante evolução, nesse sentido Linton, Ralph APUD Martins Fontes (2000, pág.29)nos coloca que:

Nosso mais remoto ascendente primata foi alguma pequena forma arborícola, igualmente ancestral dos homens e dos símios. Durante longo tempo as linhas de ascendência humana e simiesca foram as mesmas. Durante este período o ascendente humano-antropóide aumentou de tamanho até que se tornou gigantesco para a ordem dos primatas. Desenvolveu também dimensões e complexidades cerebrais até então desconhecidas. Durante o período Mioceno, alguns membros desta linha adaptaram-se à existência no chão. Uma ou mais espécies desses Simiidae habitantes do chão desenvolveram hábitos semi-carnívoros, dependendo consideravelmente da caça, e separaram-se do tronco ancestral, aumentando o tamanho de seu cérebro e adotando plenamente a postura ereta, com libertação completa da mão para manejo de instrumentos. Com a compreensão da evolução da espécie humana, podemos compreender que a nossa história e a nossa cultura vêm de um período muito antigo.

No sentido de ressignificar fatos e acontecimentos, procuramos compreender a nossa existência hoje, pois acredita-se que nossa descendência vem de povos muito antigos oriundos de diversas etnias, prevalecendo em nosso território estudado a descendência Guarani, da qual acredita-se em termos herdados diversos fatores culturais.

Compreendendo assim a evolução humana, traçamos parâmetros que partem da história antes da colonização europeia, que se inicia a partir de mais

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Criticismo representa em filosofia a posição metodológica própria de Immanuel Kant.

Caracteriza-se por considerar que as análises críticas da possibilidade, da origem, do valor, das leis e dos limites do conhecimento racional constituem-se no ponto de partida da reflexão filosófica. É uma doutrina filosófica que tem como objeto o processo pelo qual se estrutura o conhecimento, estabelecida a partir das críticas ao empirismo e ao racionalismo.Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Criticismo 15/08/2017

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ou menos 11 mil anos atrás com a chegada do homem a região sul, esta fase também conquistou mudanças significativas onde supõe-se que os primeiros colonizadores da região sul migraram da região amazônica sendo estes compostos por índios guaranis, tapes e charruas. Neste embasamento coloca-se que o grupo guarani por Pedro Ignácio Schmitz (pág.32)

No grupo guarani não é fácil, nem interessante separar os dados históricos dos arqueológicos, devido à sua íntima conexão, mas será preciso manejá-los simultaneamente, buscando uma antropologia e uma história dos agricultores do mato em todas as etapas da sua evolução. De certa forma todas são hoje arqueológicas. Isto é tanto mais necessário quanto a maior parte dos trabalhos arqueológicos estava endereçada menos aos aspectos da cultura que à história dessas populações.

Tendo em vista, estudado e compreendido que o homem é um sujeito pensante, que faz uso da inteligência para desenvolver habilidades, ampliar conhecimentos, compreende-se que sua linguagem cultural está atrelada a essas múltiplas funções e consequentemente, podemos compreender que os sujeitos constroem sua própria personalidade, partindo nesse sentido que consegue-se valorizar a história do passado que foi vivido pelos antepassados, sujeitos que lutaram por uma sociedade mais justa e fraterna, que devem ser valorizados a cada dia.

Neste enfoque entendemos que cultura é toda e qualquer manifestação que contempla as diversas formas de convivências humanas. Portanto considero que a cultura, especialmente a regional deve ser valorizada e está realmente deve fazer parte dos currículos escolares, pois a mesma que julgo ser de suma importância no desenvolvimento cultural dos educandos acaba por ser tão pouco conhecida e tão pouco valorizada pelos gestores e educadores e desconhecida por muitos alunos.

Compreendemos assim que o saber cultural é tudo o que ele nos remete, é a história do lugar e o espaço em que vivemos, onde se possuí costumes, vivências e aprendizagens repassadas através de contos, costumes, de geração em geração, muitas vezes até sem sentido para alguns, pois não possuem entendimento sobre e neste sentido torna-se necessário o entendimento e a compreensão do conceito de cultura que segundo Cosgrove (1998 apud BRUM NETO, 2007, p.20)

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[...] pode ser considerada como um conjunto de práticas peculiares a um grupo social, composta de aspectos materiais e imateriais, sendo transmitida por meio das gerações.

Nesse entendimento, compreendemos que a cultura não se dá somente através de forma concreta no espaço ou lugar, não consistindo apenas na materialidade, mas também na ideologia, nas crenças produzidas por ela, mantendoa identidade específica de cada uma.

Cultura deve ser entendida como saberes que se acumulam e são transmitidos pela humanidade de geração em geração através da linguagem, fatos históricos e traços deixados pela existência humana desde seus primeiros habitantes.

Somos sujeitos pensantes, abertos a novos conhecimentos e pertencentes a uma cultura histórica e que por estes motivos devemos sempre estar em busca de conhecimentos, desenvolver o desejo de sempre querer saber mais, pois neste sentido de ampliar nossos saberes, compreendemos a importância da história e sabemos que ela é vida, não vida biológica, mas num sentido social, nos modos de pensar, agir, sentir. Se tornando vida, que neste sentido, é história é viver é construir história, que a cultura e o conhecimento são parte de nossa vida, ou do que temos lembranças que acabam por resistir ao tempo, através de nossas memórias.

Estas memórias tratam de um passado que a cada dia revivemos e conseguimos interagir, pois sabemos e entendemos que o nosso viver está fundamentado no ontem, portanto temos que ter consciência que é de suma importância conhecermos a história do nosso passado, de pessoas que lutaram por uma sociedade de muitas conquistas, portanto somos nós educadores que temos em primeiro lugar demonstrar esta paixão pelo saber cultural, demonstrando aos nossos alunos como é bom conhecer a nossa história, a história de nosso povo, de nosso chão.

Sabemos que o saber cultural é de grande valia, pois se torna enriquecedor o trabalho docente onde o educador desenvolve e aprimora o saber histórico cultural onde as crianças estão inseridas desde muito cedo para que possam assim, compreender e dar sentido a sua existência humana,

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tornando-se parte importante no seguimento cultural histórico do espaço onde vive.

Conforme os Parâmetros Curriculares para as séries iniciais (1998, p.19) a cultura pode ser entendida como:

As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas histórias, na construção de suas formas de subsistência, na organização da vida social e política, nas suas relações com o meio e com outros grupos, na produção de conhecimentos, etc. A diferença entre culturas é fruto da singularidade desses processos em cada grupo social.

A sociedade através da cultura demonstra suas características específicas que devem ser apreendidas, trabalhadas e promovidas desde os primeiros anos escolares incentivando, assim, as crianças desde muito cedo a valorizar o espaço e a cultura onde vive.

Vivemos na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, uma Região que contempla dados históricos muito relevantes, com espaços para pesquisa privilegiados que nos remetem a um questionamento Cultural imenso, onde o saber docente pode se atrelar ao saber vivido e associá-lo com questões da contemporaneidade, percebendo assim que o vínculo entre o passado e o presente estão fundamentados na sociedade.

Considerando a ideia de região à qual definimos a nossa localização geográfica dentro do Estado do Rio Grande do Sul, podemos compreendê-la como um espaço, um lugar onde se atribuí elementos culturais, sociais, políticos e históricos ao qual contribui de uma forma muito ampla em nosso estudo, ressaltando a importância de se destacar o espaço regional como uma fonte imensa de pesquisa, trazendo em seu traçado regional fatos que contribuíram significativamente na história social de um lugar. Nesse sentido, Armand Frémont (1980) apud Reckziegel pág. (20) entendeu região como um “espaço vivido que compreende elementos administrativos, históricos, ecológicos, econômicos, mas também, e mais profundamente psicológicos”.

Nesse sentido, compreende-se que a região é bem mais que apenas um espaço territorial, mas sim um espaço que significa vida, existência, afetividade, que utiliza o imaginário na pluralidade de significados agregando assim um

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reconhecimento de um espaço de vivências, interações sociais e culturais onde teve participação significativa na Cultura em que estamos inseridos.

Cultura é toda e qualquer manifestação que contempla convivências humanas. Nesse sentido considero, que a Cultura Regional deve ser valorizada e esta sim fazer realmente parte dos currículos, pois a mesma que é tão pouco conhecida e valorizada pelos gestores e educadores escolares contempla de uma forma prazerosa e significativa os saberes históricos regionais e estes atrelados a uma educação significativa aos alunos é de muita valia e qualidade no saber, sendo assim, muitas vezes os alunos desconhecem a história regional à qual fazem parte.

Compreendendo que a história regional deve ser trabalhada e promovida desde a educação infantil, para incentivar as crianças desde bem cedo a valorizar o espaço onde vive e não apenas no 5° Ano do Ensino Fundamental à qual o planejamento escolar dá um enfoque a História do Rio Grande do Sul.

É importante levarmos em conta o contexto Cultural e histórico, compreendendo assim a sua importância, e a importância de se pesquisar e trabalhar a Cultura Regional com as crianças, repassar ensinamentos, valorizar nossas histórias, nosso folclore, nossas manifestações artísticas, compreendendo a matriz histórica de nossos antepassados, as lutas, vitórias e derrotas que aconteceram nessa terra.

Nessa perspectiva são muitos autores que acreditam que os referenciais culturais precisam fazer parte dos currículos escolares, objetivando fortalecer a formação das crianças, jovens e adultos. Neste sentido, assim expressa Arroyo (pág. 57).

Vou falar da força pedagógica da cultura. O ensinar só tem sentido quando reforça o aprender. Que sentido tem a cultura com a docência educadora? [...]. Nós educadores precisamos encontrar na cultura uma matriz instigante para nosso trabalho. Está na moda falar na diversidade cultural. A cultura é séria e às vezes não entra no prato dos currículos. A cultura não se faz presente nos currículos. Há uma preocupação com o conteúdo, assim o currículo acaba ficando com um vazio cultural impressionante. Os estudantes irão aprender matemática, porém, falta densidade cultural, desde a pré-escola até a universidade (ARROYO, 2010, Pg.57)

No entanto, precisamos compreender que a Cultura Regional do Estado deve sim fazer parte dos currículos escolares com intuito de valorizar o espaço

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que vivemos e incentivar as crianças a descobrir as maravilhas que se espalham pelo Estado e tão pouco estudadas e conhecidas.

Neste intuito partiremos para uma retomada histórica do nosso Estado do Rio Grande do Sul, trazendo fatos relevantes que levaremos em consideração para a continuidade de nossos estudos.

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Capítulo 2: Breve história do Rio Grande do Sul:

Este momento que a sociedade do século XXI está vivendo, um momento de repensar no que está passando por nossos olhos e estamos deixando de lado, pois nos dias de hoje as pessoas estão cada vez mais sem tempo para retomar fatos em que se passou sobre a sua história, fatos dos seus antepassados ou ancestrais, fatos dos quais se tem muito pouco conhecimento, não desenvolvendo oportunidades de aprimoramento de seus conhecimentos, possibilitando ampliar os saberes, pois dentro dos espaços escolares fale-se muito pouco sobre cultura e especialmente sobre a formação histórica a partir do espaço em que se vive, pois alunos e professores acabam deixando de lado este estudo importantíssimo sobre o estado e o território em que vivemos, muitas vezes dando mais importância e seguindo a outros aspectos sem sentido para as crianças, acabando por fim a desmotivá-las a descobrir o que realmente nos irá fazer sentido em nosso desenvolvimento intelectual.

A palavra história regional pode ser entendida como o conhecimento sobre nossa própria vida, nossa cultura configurando em narrativa histórica, concebido dentro de regras da história ciência ou de história disciplina escolar. O ensino escolar da disciplina de história também se faz importante para a formação do cidadão, pois as crianças compreendem o passado a partir das referências que se encontram em nosso presente podendo assim, fazer uma projeção para o futuro. Nesse intuito, Barbara Weinstein (2003, pg.24) apud Recziegel (2003 pg. 24) coloca que:

É nesta conjuntura que a história cultural, com sua ênfase na nação e, por extensão, na região como comunidades imaginadas, permite-nos reconsiderar o regionalismo, e a história regional, como um efeito discursivo inseparável da construção de narrativas históricas nacionais, e capacita-nos a desestabilizar as várias fronteiras entre região e nação. Além disso, eu argumentaria que é somente através deste processo de desestabilização que a suposta “história regional” pode transcender sua posição marginal dentro da comunidade

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acadêmica e participar completamente no processo em curso do debate e da revisão histórica.

Sendo assim em nossa região propõe-se um estudo muito profundo e que as barreiras que se encontram na palavra histórias regionais devem ser superadas e é isso que nos dá uma grande prova de que o nosso passado e que a nossa história da nossa região está muito presente e que tudo que os livros retratam se comprova.

Assim, como é de suma importância que as crianças aprendam conceitos, tais ditos como fundamentais sobre diversos fatores como a escravidão, os meios de comunicação, matemática, arte e ciências é também fundamental ensinar a criança desde cedo a ter e desenvolver valores culturais, que nos remetem a valorização do espaço e do tempo seguido da história do nosso lugar, do nosso povo.

Percebe-se que os professores em sua ação pedagógica acabam deixando de lado a importância dos alunos conhecerem a história e a Cultura da nossa região, seguindo muitas vezes bibliografias que dão muita pouca ênfase a este tema valorizando outros espaços históricos, sente-se um descaso e uma falta de interesse por parte dos educadores neste sentido.

Mas ainda assim conseguimos perceber que aos poucos a educação está evoluindo, tornando-se assim uma época em que os sujeitos estão em constante transformação e tomando consciência que precisamos sim fazer paralelos sobre o que já aconteceu com o que está acontecendo, viabilizando uma perspectiva de aprofundamento de saberes e conceitos antes já citados aprimorando-os para assim por conseguinte a possibilidade de viver em um mundo melhor, um mundo de constante evolução e que nos apresenta uma diversidade cultural variada.

Sabe-se que a história existe e faz parte de nossas vidas tanto como a outras áreas de saber como matemática como o português e ciências, mas muitas vezes podemos encontrar escolas que possuem um currículo lindo, inclusivo, satisfatório, mas que às vezes não sai do papel, ficando assim um vazio cultural enorme e impressionante, percebendo assim que na questão

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cultural as escolas deixam muito a desejar ou acabam por realizar um trabalho muito sucinto, geralmente enfatizando datas comemorativas. Pensando no sentido de banir este descaso cultural destaco o artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9394/96 que diz:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Quando falamos de ensino entendemos que no mundo em que se vive deve-se proporcionar aos alunos atividades e socializações que eles consigam desenvolver suas capacidades. Segundo Libâneo:

Educação de qualidade é aquela que promove para todos o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas, operativas e sociais dos alunos. (pg. 66, 2004).

Neste sentido precisa-se compreender que a História Cultural deve ser trabalhada muito nos anos iniciais, pois acredita-se que são nos primeiros anos de vida que os sujeitos constroem sua personalidade e o poder de sua linguagem, partindo nesse sentido é necessário entender que os sujeitos são os principais transformadores da sociedade e partindo dessa ideia Paulo Freire nos coloca que:

[...] o que às vezes não sabem, na cultura do silêncio, em que se tornaram ambíguos e duais, é que sua ação transformadora, como tal, os caracteriza como seres criadores e recriadores. Submetidos aos mitos da cultura dominante, entre eles o de sua ‘natural inferioridade’, não percebem, quase sempre, a significação real de sua ação transformadora sobre o mundo. Dificultados em reconhecer a razão de ser dos fatos que os envolvem, é natural que muitos, entre eles, não estabeleçam a relação entre não ‘ter voz’, não ‘dizer a palavra’, e o sistema de exploração em que vivem. (FREIRE, 2001b, p.59-60).

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Ao entendermos que a linguagem não é um sistema fechado, mas sim abrangente que parte de uma não somente de uma simples categoria de decodificação de sentidos, mas como um movimento dialógico, onde a compreensão de articulação e interlocução acontecerá como resultado da interpretação e da negociação entre sujeitos sociais, cabe à nós enquanto educadores, seguir uma prática que permita o desvelamento de realidades desmistificando a ideia de que os homens são sujeitos passivos.

Compreende-se assim, seguindo a lógica Freireana nos propõe que, através de práticas libertadoras, possamos descobrir e nos apropriar da nossa própria palavra, e, assim, desenvolvemos à nossa maneira de pensar podendo assim ser sujeito construtor de sua própria história, sempre enfatizando a importância do legado que nos é transferido através de gerações e que não pode e nem deve ficar disperso, desvalorizado e desacreditado nos currículos escolares. Compreendendo que os sujeitos não se resumem à apenas serem meros espectadores da história, mas sim fazedores das próprias circunstâncias históricas em que vivem.

Precisamos compreender o que é história, saber como transmitir estes valores históricos culturais para nossos alunos, saber que é imprescindível repensar a nossa história, nossos valores sociais, de onde viemos, o que seguimos, fazendo assim uma retomada histórica.

Nesse sentido, podemos compreender que os sujeitos constroem sua própria personalidade, partindo nesse sentido que consegue-se valorizar a história do passado que foi vivido pelos nossos antepassados, estes então sujeitos que lutaram por uma sociedade e que devem ser valorizados e relembrados a cada dia, e portanto essa valorização deve partir dentro do espaço escolar que este faça a ponte que é a do que os alunos trazem em sua bagagem aprimorando e dando mais sentido na busca de mais conhecimento, mais argumentos históricos, sendo este o alicerce do saber histórico cultural.

Contudo pedagogia como base da educação deve estar embasada no saber cultural, trabalhar as diversas formas de traçar os saberes, pois sabemos que os indivíduos não aprendem sozinhos, mas sim no coletivo.

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A localização do estado do Rio Grande do Sul

O Brasil está dividido politicamente em 26 Estados e o Distrito Federal, que encontram-se agrupados em cinco regiões geográficas: norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul. O Rio Grande do Sul encontra-se localizado no extremo meridional do País, sendo o maior Estado da região sul. Sua extensão territorial é de 280.674 Km2, dividido em 467 municípios e uma população de 11,29 milhões de habitantes. Conforme o mapa:

Mapa 1 – Localização do Estado do RS

Fonte: Quevedo (1997, pg.07)

O Rio Grande do Sul limita-se com:

- Ao norte e nordeste- Estado de Santa Catarina - A leste- Oceano Atlântico

- A oeste e noroeste- Argentina - A sul e sudoeste- Uruguai

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Mapa 2 – Limites territoriais do RS

Fonte: Quevedo (1997, pg.07)

Os habitantes originais do RS

Até o século XV o mundo conhecido pelos Europeus era Europa, norte da África, Oriente Médio e Índia. Eles realizavam o lucrativo comércio de especiarias, como cravo, canela, pimenta-do-reino, gengibre e noz moscada. Tal comércio era controlado pelas cidades de Gênova e Veneza. Com isso, portugueses e espanhóis para obter seus produtos passaram a explorar o Oceano Atlântico, descendo à costa da África, no período conhecido como Grandes Navegações.

Cristóvão Colombo, em 1492 comandou uma expedição que partiu pelo oeste do Oceano Atlântico, após ter saído da Espanha chegando a um novo continente, a América. Como pensou ter chegado as Índias chamou o povo que aqui vivia de índios.

Em 1494 Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, onde as terras que ficassem a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde pertenceriam aos portugueses e as que ficassem além dessa distância seriam espanholas.

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Mapa 3 – Tratado de Tordesilhas

Fonte: Quevedo (1997, pg.17)

Em 1500 o navegador português Pedro Álvares Cabral, partiu de Portugal em uma expedição destinada as Índias, porém em 22 de abril de 1500 avistou terras, que mais tarde chamou-se Brasil.

Inicialmente nem Portugal nem Espanha demonstraram interesse em explorar as terras do nosso Estado, que permaneceram por muito tempo desocupadas pelos europeus. Somente a partir do século XVII esta região despertou interesse.

Os primeiros habitantes do Rio Grande do Sul dito como originais foram os índios, pois os mesmos viviam neste espaço desde muito antes da chegada dos europeus e da “Descoberta do Brasil”. Os índios que ocupavam este espaço eram divididos em três grupos, estes então denominados como Guaranis, Jês e Pampeanos.

Os Guaranis, também conhecidos como Tape, Arachane e Carijó era o grupo mais numeroso, habitando vastos territórios no centro, noroeste e litoral do Estado, principalmente o vale dos rios, onde a caça e a pesca eram abundantes. Coletavam moluscos, frutas, raízes, mel e cultivavam milho, aipim, abóbora e batata. Moravam em casas cobertas por fibras vegetais conhecidas como ocas.

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Mapa 4 – Divisão dos grupos indígenas em 1.500

Fonte: Pilleti (2009, pg.16)

Os indígenas pertencentes ao grupo Jês ocupavam a região do Planalto Rio-Grandense, no norte do Estado. Os Kaigang, pertencem a este grupo. Viviam da caça de animais e praticavam a agricultura, plantando principalmente milho.

Os Pampianos formados principalmente pelos Charruas e Minuanos eram menos numerosos, ocupando o sul e sudoeste do Estado, nos campos, áreas com bastante água, pois facilitava a caça e pesca, atividade da qual sobreviviam. Não praticavam a agricultura, antes da introdução do gado eram somente coletores, após a introdução do gado se tornaram pastores e guerreiros, a maioria desapareceu nas guerras e os que restaram passaram a se tornarem peões nas fazendas, pois eram muito bons na lida com o gado.

O ciclo missioneiro

Os padres jesuítas espanhóis foram os primeiros a ocupar as terras do Rio Grande do Sul, para pacificar e catequizar os índios.

Conforme Callai expressa: (1989, pg.47).

... missionários jesuítas espanhóis conseguiam licença de Felipe III (1608) para fazer uma catequese com os índios que não fossem sujeitos ao sistema de encomiendas (escravidão disfarçada em que o índio devia trabalhar de graça para um espanhol). Nessas missões nenhum colonizador podia entrar, a não ser o jesuíta designado pelos

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superiores. Os índios deveriam aceitar a supervisão dos jesuítas, pagar impostos e prestar serviço militar (1989, pg. 47.)

Suas ações tiveram duas fases distintas:

- Reduções, de 1626 a 1640, eram aldeamentos indígenas dirigidos por jesuítas com objetivo de converter os índios ao catolicismo.

-Missões, de 1682 a 1801, com formação de povoamentos fronteiriços em lugares estratégicos, comandadas pelos Padres Jesuítas com objetivo de reunir índios em comunidades, fazendo com que abandonassem seus hábitos, principalmente religiosos e adotassem a religião católica perdendo assim a sua identidade cultural.

Os jesuítas espanhóis construíram suas primeiras reduções nas terras do Paraná e na região sudoeste do Paraguai, conhecidas como missões do Guaíra, mas foram atacados pelos bandeirantes paulistas para capturar índios e fazê-los de escravos. Com isto os jesuítas fugiram e mais tarde estabeleceram-se nas terras do nosso Estado, e em 1626 foi instalada a primeira missão pelo padre espanhol Roque Gonzáles, chamada de São Nicolau. Durante este período as missões chegaram a reunir 70 mil indígenas, mas tiveram curta duração, pois logo os bandeirantes chegaram e as destruíram com seus ataques. Em 1641 os jesuítas, fugiram deixando para trás boa parte do gado que criavam, que passou a se reproduzir livremente pelos pampas gaúchos, formando uma grande reserva de animais. Em 1687 os jesuítas voltaram às terras que haviam abandonado fundando novos aldeamentos, os Sete Povos das Missões.

Os jesuítas e os indígenas em suas reduções eram auto-suficientes, plantavam sua comida, criavam o seu gado, realizam suas tarefas no coletivo. As crianças eram alfabetizadas pelos padres, tinhas oficinas de artesanato, construía seus objetos de trabalho, seus instrumentos musicais.

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Mapa 5 –Os sete povos das Missões

Fonte: Pilleti (2009, pg. 26)

Até o ano de 1750 jesuítas e indígenas viveram pacificamente, porém, neste ano Portugal e Espanha assinaram o chamado Tratado de Madrid, onde os Sete Povos pertenceriam a Portugal e não mais aos espanhóis e os índios deveriam ser deslocados para outra margem do rio Uruguai. Foi então que os índios e os jesuítas se revoltaram e lutaram contra os soldados portugueses e espanhóis sendo os índios massacrados e os padres Jesuítas expulsos.

As charqueadas e a escravidão africana

No ano de 1750, a região sul passou a receber imigrantes do arquipélago de Açores, que se instalaram em Viamão, Gravataí, Santo Antônio da Patrulha e fundaram cidades como Taquari e Porto Alegre. Os açorianos introduziram no Estado o plantio de trigo que não durou muito tempo, pois surgiu a ferrugem e acabou com a produção, alguns plantadores que possuíam mais riquezas e dinheiro acabaram investindo na pecuária que estava começando a ser valorizada em virtude das chamadas charqueadas no RS. Nas charqueadas utilizava-se principalmente mão de obra de escravos negros e índios semiescravizados Charqueada era o local onde o gado era abatido para fabricar

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o charque, que servia principalmente de alimento para escravos, tornando-se uma importante riqueza para nosso estado. Conforme Quevedo(1997, pg.26)

Nas charqueadas encontravam-se os elementos essenciais da escravidão brasileira. Além da rica casa senhorial, havia a senzala (casa dos escravos) e o tronco (instrumento ao qual os escravos eram amarrados e surrados). O feitor, um empregado branco, fiscalizava os escravos, que trabalhavam tanto, sem descanso, que muitos morriam de exaustão. Para escapar à escravidão, os nativos fugiam para os quilombos, revoltavam-se e até cometiam suicídio.

Os negros devem ter chegado ao RS juntamente com os portugueses, e não sabiam viver sem os escravos, sendo nas charqueadas que o trabalhador escravo mais aparece, pois ele era uma das principais mãos de obra na produção do charque. Devido ser um trabalho muito penoso, pois se trabalhava com sal e sol, sofriam torturas e surras, muitas vezes pois os senhores exigiam o máximo na produção.

A imigração européia

Durante o século XIX e XX os imigrantes oriundos de diversos países começaram a vir para o Brasil em busca de melhores condições de vida. O principal objetivo da imigração européia, após a abolição da escravatura era mão de obra barata para os diversos produtores especialmente de café e os Europeus devido à necessidade de se buscar uma vida melhor imigraram para o Brasil formando assim as primeiras colônias de imigrantes.

No RS os imigrantes ocuparam as áreas de mata recebendo terras para que pudessem trabalhar para si mesmos, conforme Callai 1989.

Nas outras regiões do país, notadamente em São Paulo, o imigrante europeu veio substituir o braço escravo, trabalhando como assalariado na lavoura cafeeira; no Rio Grande do Sul ele não teve esse mesmo papel. Não veio atenuar a “fome nos braços” nas estâncias, substituindo a Mao de obra escrava. Recebeu terras e veio trabalhar para si mesmo. Ocupou a região da mata não ocupada pela economia pecuarista. (1989, pg.76).

Os alemães que chegaram ao RS foram assentados no planalto Norte em áreas próximas a nossa capital Porto Alegre, e viviam praticamente da

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agricultura, onde produziam alimentos para sua subsistência, com o crescimento da produção agrícola começaram a vender seus produtos para grande Porto Alegre. Devido à utilização de produtos manufaturados aos quais eram importados e com alto custo, fez se surgir um artesanato variado ao qual se utilizava como matéria prima o que se tinha no local, como couro, chifres, madeira, etc.

Diante disso é que se surgiu a industrialização, onde os comerciantes fundaram as primeiras indústrias com intuito de substituir os produtos manufaturados que até então eram importados e de alto custo. Pesavento apud Callai 1989.

A partir de 1840 até 1870, desenvolveu-se uma agricultura comercial de gêneros de subsistência para a capital da província. Dos anos 70 em diante, a agricultura colonial alemã já atingia uma fase de poder de exportar para o centro do país, abastecendo o mercado interno gerado pelo café ( 1989, pg. 76)

Quando os imigrantes italianos chegaram no RS já havia um comércio organizado pelos alemães e estes deveriam se adequarem devido a necessidade de subsistência dos mesmos e como os alemães já haviam expandido a industrialização, ocuparam as partes serranas do estado que havia poucos moradores e foi onde começaram a cultivar uvas e posteriormente expandir a fabricação de vinhos também para venda, cultivando sua origem cultural.

No decorrer de nossa história, recebemos em nosso estado milhares de imigrantes, não só italianos, alemães, africanos, mas também portugueses espanhóis, poloneses e muitos outros. Todos esses imigrantes trouxeram para nosso estado e nossa região uma mestiçagem de culturas que auxiliaram e muito na nossa formação cultural com suas tradições. Nesse sentido, analisaremos a importância de se trabalhar a Cultura Regional e as suas diversidades dentro do espaço escolar em nosso próximo capítulo.

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Capítulo 3: Reflexões sobre a perenidade da Cultura

Regional no Currículo do 5º Ano do Ensino Fundamental

Pensando em uma sociedade que vive de múltiplas culturas, que por muitas vezes nos remete a uma explosão de saberes e conhecimentos, acabamos por nos deparar por imenso contexto cultural diversificado que por si só nos caracteriza por uma sociedade que vive a diversidade cultural.

Entendo que diversidade cultural é toda forma de conhecimento e aprendizado exposto por uma dada sociedade ou um grupo social que caracteriza os seus costumes, linguagem, vestimenta, alimentação dentre outros aspectos que são de suma importância e diferem um grupo social de outro.

Pensando nesse sentido e no tema proposto que é a Cultura Regional, que possuí um vasto repertório de informações e conhecimentos culturais, dentro desta perspectiva existente na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, fui em busca de informações sobre o assunto na rede Municipal e Estadual de Ensino do Município de Giruá, sendo estas informações pautadas na relevância que se dá ao conhecimento da Diversidade Cultural existente em nossa região e a perenidade deste conceito e se este é considerado e trabalhado dentro do ambiente escolar com a perspectiva de pertencimento e não só um conteúdo a mais a ser trabalhado e aprendido.

Neste sentido de enfatizar o Ensino Da Cultura Regional, acredito que está deve ser desenvolvida a partir da Educação Infantil, onde as crianças desde bem pequenas desenvolvam uma ideia de pertencimento e valorização do espaço onde vive, pois existem diversas maneiras de realizar um trabalho pedagógico valorizando a Cultura da Região, pois está possuí um repertório variado de canções, lendas, vestimentas, costumes brincadeiras dentre outros aspectos que são repassados de geração em geração, mas que muitas vezes não é valorizado.

Neste capítulo vou ressaltar uma pesquisa entre uma escola da Rede Municipal de Ensino do Município de Giruá e outra da Rede Estadual de Ensino a qual tem como objetivo conhecer e analisar o que se está sendo realizado dentro do espaço escolar frente ao tema de pesquisa estudado, analisando a

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real importância dada e contemplada ao ensino da Cultura Regional trazendo questões para relatar ações de o que se é realizado dentro deste espaço de ensino analisando o tema estudado e o conteúdo aprendido, refletindo sobre a BNCC e o que ela oferece enquanto documento de referência para as ações didáticas pedagógicas e conteúdo a serem trabalhados e desenvolvidos nas etapas de ensino.

Partindo desse pressuposto irei analisar primeiramente a ênfase dada a Cultura Regional das duas escolas na visão documental escolar analisando os documentos norteadores do espaço escolar e seguidamente analisarei a visão dos gestores, professores do 5° Ano e alunos no sentido de acreditar que a valorização cultural e o ensino devem estar lado a lado cultivando saberes e ampliando os repertórios culturais, valorizando as tradições.

Partindo de uma análise documental, em busca de informações que enfatizam o trabalho docente e ações escolares sobre o tema Cultura Regional, foram analisados o PPP, Regimento escolar e os planos de Ensino do 5° Ano da EMEF Anísio Teixeira2 e da EEEF Paulo Freire3, ambas do Município de Giruá.

Nas documentações observadas de ambas as escolas se nota um descaso com a Cultura Regional pois ela é citada em pequenos fragmentos nos documentos que regem a escola e o seu funcionamento, ao longo da leitura coloca-se apenas no PPP sobre uma educação voltada a diversidade cultural que contemple a todos os educandos de forma a valorizar a cultura e o espaço que está inserido.

No planejamento anual realizados pelas escolas notou-se também uma ausência de perenidade do tema, que costuma aparecer apenas no mês de setembro quando é comemorado aquilo que se acostumou a considerar como atos de bravuras e lutas de um povo chamado gaúcho, onde se comemora apenas um único aspecto da complexidade desta Cultura.

Partindo do pressuposto que a Cultura Regional contribuí para a formação de sujeitos pensantes, críticos sobre a sociedade à qual se está inserido,

2 Escola Municipal de Ensino Fundamental Anísio Teixeira à qual foi dado nome fictício para preservar a

identidade da Instituição pesquisada.

3 Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire à qual foi dado nome fictício para preservar a

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sujeitos capazes de refletir as ações, sujeitos responsáveis pela mudança social e ampliação dos saberes e não somente meros reprodutores de uma sociedade modelo, acredito que não somos nós que devemos apenas nos enquadrar na sociedade, mas somos sim sujeitos capazes de transformá-la através de uma educação de qualidade, uma educação comprometida e que acredita na capacidade dos sujeitos envolvidos.

A escola que acaba por não valorizar a capacidade de seus educandos,acaba por descriminar e não oportunizar ao seu aluno uma aprendizagem que tenha significados reais, pois conforme Brasil, (2004, pg.20) “A escola que apenas dissemina informação, que não integra o saber e a cultura da comunidade, é uma escola discriminatória, porque nega a educação, limitando as suas possibilidades”. Então nesse sentido que saliento a importância de se trabalhar com a Cultura Regional dentro das escolas do Município de Giruá, não apenas esta ser registrada na documentação, mas sim de uma forma autêntica onde todos os envolvidos se comprometam com a Cultural Regional na educação.

O grande desafio escolar na sociedade contemporânea é conseguir formar cidadãos conscientes, críticos e atuantes que pensem o saber cultural como de uma forte relevância no processo de ressignificação de valores, crenças e costumes perpassados por gerações chegando até os dias de hoje.

Com está ênfase realizou-se uma pesquisa nas escolas EMEF Anísio Teixeira e da EEEF Paulo Freire com os gestores, professores e alunos do 5° Ano do Ensino Fundamental, as quais responderam questões que contemplam diversas ações sobre Cultura e Cultura Regional.

Os dados pesquisados serão expostos dentro do corpo do texto, trazendo para a discussão dados relevantes do tema de forma a contemplar as três categorias.

Em ambas as escolas foram compartilhados os mesmos assuntos, quando questionou-se a questão cultural, se esta é desenvolvida dentro do ambiente escolar as gestoras das duas instituições colocam que a Cultura Regional é sim contemplada na realidade da escola, pois acreditam e valorizam esta questão do saber cultural e associam este com os conteúdos das

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disciplinas, acreditam que a cultura é a nossa identidade e faz parte da promoção e desenvolvimento dos educandos a partir do contexto sócio histórico em que participa.

Nesta visão compreende-se o desejo dos gestores em contextualizar e aprimorar conceitos culturais acreditando que esta vem de um desvelamento de ideias e que a promoção cultural deve ter enfoque no contexto escolar, resgatando valores e princípios primordiais ao conhecimento histórico regional do espaço em que vivemos.

Aprimorando o pensamento cultural constatou-se que na EEEF Paulo Freire os seus gestores e professores acreditam que a cultura regional desenvolve um importante papel no processo de aprendizagem e na EMEF Anísio Teixeira os gestores e professores acreditam que a educação cultural deve estar entrelaçada com o aprender e está também deve ser integrada no processo de ensino-aprendizagem.

Sabemos que a cultura Regional deve estar presente sim nos Currículos escolares pois, conforme Brasil, 2004.

A cultura, o saber e o patrimônio cultural da comunidade são parte integrante e indispensável do currículo de uma escola que contribui para formação humana das crianças, adolescentes e jovens (2004, pg. 11)

Nesse sentido, compreende-se que a formação das crianças necessita do saber cultural regional, pois assim, a mesma compreende e ressignificar saberes culturais já adquiridos, pensando que a escola é o espaço de transformação, de contemplação e aprimoramento de ideias, acredita-se que o seu ensino deve partir desta base cultural dando sentido ao que se é vivenciado pela criança e se torna necessário considerar que cada criança já traz consigo conceitos pré-estruturados e que estes precisam ser aprimorados e aliados com o saber escolar.

Quando se questiona sobre a metodologia utilizada por estes espaços escolares, frente ao tema Cultura Regional se percebe em ambas as escolas que há uma mesma forma de se pensar e que ao mesmo tempo esta forma de pensar não é a mesma que gere a ação, pois ambas colocam que quando

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buscam materiais e documentos que norteiam a educação escolar voltada ao tema da Cultura Regional destacam que existe muito pouca documentação que ampara e norteia este ensino em base da Cultura Regional e que este acaba por se tornar muito amplo, por conseguinte se percebe um descaso com a cultura do regionalismo.

Para compreender e refletir sobre a colocação dos gestores e professores das instituições de ensino, fiz um apanhado de um breve estudo sobre a BNCC, à qual veio com o objetivo e a intenção de buscar uma equidade na educação, uma maneira de contemplar as diferentes regiões do Brasil de uma forma satisfatória, conforme a BNCC, 2010 equidade é:

A equidade requer que a instituição escolar seja deliberadamente aberta à pluralidade e à diversidade, e que a experiência escolar seja acessível, eficaz e agradável para todos, sem exceção, independentemente da aparência, etnia, religião, sexo ou quaisquer outros atributos garantindo que todos possam aprender. (2010, pg.11)

Nesse sentido de compreendera BNCC e sua real função é que ela veio com o intuito de ”reverter à situação de exclusão histórica” aos quais se encontram os indígenas, os quilombolas que se encontram numa perspectiva de minoridade social e os quais que estudamos neste trabalho que sofreram desde o início da colonização do nosso Estado e acabam por serem discriminados socialmente até os dias de hoje.

A BNCC veio então para fortalecer um vínculo de igualdade social para que os currículos escolares assegurem aprendizagens ditas como essenciais e definidas para cada etapa da educação básica, neste intuito pesquisei dados aos quais a BNCC contempla no ensino de História e Geografia e ao qual diz respeito sobre a Cultura e a Cultura Regional nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Nesta pesquisa documental na BNCC encontrei muito pouco sobre Cultura Regional, a BNCC contempla de uma forma mais ampla o saber Cultural, deixando a critério de cada professor escolher o que na sua prática educativa irá contemplar, no que compete a área de Geografia fala que (Brasil, 2010).

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Na unidade temática O sujeito e seu lugar no mundo, focalizam se as noções de pertencimento e identidade. No Ensino Fundamental– Anos Iniciais, busca-se ampliar as experiências com o espaço e o tempo vivenciadas pelas crianças em jogos e brincadeiras na Educação Infantil, por meio do aprofundamento de seu conhecimento sobre si mesmo e de sua comunidade, valorizando-se os contextos mais próximos da vida cotidiana. Espera-se que as crianças percebam e compreendam a dinâmica de suas relações sociais, identificando-se com a sua comunidade e respeitando os diferentes contextos socioculturais. (2010, pg.314)

Neste fragmento retirado do corpo do texto podemos refletir que o saber cultural está embasado no aprofundamento do conhecimento entre si e a comunidade em que se vive ou a região cultural em que se vive de uma forma muito ampla está lançando a ideia do reconhecimento cultural.

Dessa maneira, desde o Ensino Fundamental – Anos Iniciais, as crianças compreendem e estabelecem as interações entre sociedade e meio físico natural. No decorrer desse processo, os alunos devem aprender a considerar as escalas de tempo e as periodizações históricas, importantes para a compreensão da produção do espaço geográfico em diferentes sociedades e épocas. (2010, pg.315).

De uma forma a contemplar o Ensino Fundamental a BNCC caracteriza o que realmente é dito como importante dispondo que os alunos devam compreender a dimensão geográfica nas diferentes sociedades e épocas e não compõe em seu corpo do texto a relevância de se aprender o espaço regional onde este aluno está inserido, nos remete a pensar e repensar as especificidades da BNCC como um articulador e uma base para estudar as competências e habilidades que devemos como educadores desenvolver com nossos alunos em sala de aula.

Estudos diversos nos orientam em nossa ação pedagógica que a aprendizagem somente terá sentido para o aluno quando está realmente fazer parte do cotidiano de suas ações, fazendo com que o educando associe a teoria com a prática e esta seja significativa a sua realidade, neste sentido Santos 2009, assim explicita:

Partir daquilo que o aluno já sabe, reforçá-lo e valorizá-lo é fazê-lo sentir-se parte do processo de aprender e, paralelamente, é elevar sua auto estima. Outra atitude igualmente elevadora do auto estima do aluno são: propor desafios de seu alcance; monitorar a distância entre a linguagem utilizada na aula e a linguagem natural do aluno; oferecer as ajudas necessárias diante das dificuldades; garantir um ambiente

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compartilhado de ensino em que o aluno sinta parte ativa do processo; implementar o hábito de reconhecimento de pequenos sucessos progressivos (2009, p.70).

Há uma ideia defendida pelo autor de que o educador precisa valorizar os conhecimentos do aluno, como caminho para fortalecer a auto estima do mesmo. Isso significa fazer com que o estudante se sinta capaz, digno e valorizado naquilo que pensa e faz, pois perceberá o respeito do professor pelos saberes que o constituem. Para isso, gestores e professores precisam unir esforços fazendo do espaço escolar um local acolhedor, aconchegante, em que o aluno possa se sentir bem, a fim de melhor aprender e construir o seu próprio conhecimento, atrelados com os documentos que regem a ação educativa.

No ensino de História a BNCC nos traz também alguns fragmentos que ressaltam a ideia do fazer cultural regional comportando assim ações voltadas ao planejamento escolar envolvendo competências e habilidades que se engajam com o saber da Cultura Regional conforme assim explicita, Brasil, 2010.

Por todas as razões apresentadas, espera-se que o conhecimento histórico seja tratado como uma forma de pensar, entre várias; uma forma de indagar sobre as coisas do passado e do presente, de construir explicações, desvendar significados, compor e decompor interpretações, em movimento contínuo ao longo do tempo e do espaço. Enfim, trata-se de transformar a história em ferramenta a serviço de um discernimento maior sobre as experiências humanas e as sociedades em que se vive. (2010, pg351).

Nesse enfoque a BNCC nos remete a ideia de que ao estudar o passado podemos compreender o nosso presente e associar ações que sejam compreendidas pelos nossos educandos, mas não nos fala sobre o saber cultural da nossa região, dando sequência analisaremos os objetivos e competências que aparecem na BNCC “Selecionar e descrever registros de memória produzidos em diferentes tempos e espaços, bem como diferentes linguagens, reconhecendo e valorizando seus significados em suas culturas de origem” (2010, pg.352). Assim vamos ressaltar que apenas no ensino de História e somente no 3° Ano do Ensino Fundamental Brasil, 2010 intensifica que “Identificar semelhanças e diferenças existentes entre comunidades de sua cidade, e descrever o papel dos diferentes grupos sociais que as formam”.(2010,

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pg. 361) Então compreende-se nesse sentido que a Cultura Regional deve ser trabalhada nos currículos escolares e não apenas ser mais um conteúdo a ser seguindo e implantado nos Currículos e então me questiono por que apenas no 3° ano do Ensino Fundamental foi apresentado na BNCC a importância de se trabalhar as diferenças e semelhanças entre as comunidades, ou seja entre as Culturas e nesse trabalha especificamente a Cultura Regional?

No intuito de se repensar a importância da Cultura Regional e para que a ação educativa na questão desta Cultura fortaleça seus vínculos nas ações escolares precisamos, nós educadores estarmos comprometidos com uma prática educativa que parta do conhecimento histórico regional dos educandos partir em busca de amparos legais que se atrelam a nossa prática, aliando nossa força pedagógica com o cultivo das ações da nossa história que perpassa de geração em geração através dos costumes, contos, lendas, valorizando a nossa cultura de forma que ela esteja presente em todo o planejamento escolar e não somente em datas comemorativas e que esta seja contemplada de forma perene em nossos currículos escolares.

Falo de datas comemorativas pois tenho como base ao que alunos do 5° Ano do Ensino Fundamental da EEEF Paulo Freire relataram, que contemplam o estudo sobre a história do RS e a Cultura Regional no mês de setembro onde realizam gincanas que contemplam datas históricas, lendas, folclore, culinária dentre outras e que não compreendem o que realmente faz a história de nossa região, os mesmos colocam que não conhecem nem um local histórico e demonstram interesse em conhecer, e ao serem questionadas sobre viagem de estudos e ampliação de saberes sobre a Cultura Regional demonstraram grande interesse em participar, notou-se que os mesmos demonstram curiosidade em desvendar estes espaços que até o momento vivem no imaginário de cada um.

Partindo do que foi relatado, tendo em vista que os alunos são oriundos de uma classe social menos favorecida percebo a necessidade de trabalhar projetos, ações que supram essa necessidade de reconhecimento Cultural destes educandos, que a necessidade não parte apenas de uma série específica, mas sim de toda a escola necessita de ações voltadas a estudos relacionados ao nosso espaço territorial, saber os dados históricos relevantes e

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compreender as ações que valorizam a nossa identidade, o nosso espaço a nossa Cultura Regional.

Na EMEF Anísio Teixeira percebe-se no relato dos educandos que o saber cultural já tem um espaço mais caracterizado com ações que envolvem planejamento, estudo, onde a escola proporcionou aos alunos uma viagem de estudos as Ruínas de São Miguel e a Sítio Arqueológico de Santo Ângelo Custódio, ao qual após estudar a teoria sobre o RS e a Região das Missões, concluíram seus estudos indo em uma viagem até estes sítios e podendo assim articular os saberes dados com os saberes vivenciados ou seja, aliaram a teoria com a prática e obtiveram uma aprendizagem significativa sobre a Cultura Regional.

Acredito que a metodologia baseada em ações que partam do interesse real dos educandos é em geral a melhor forma de contemplar uma aprendizagem significativa e que se compromete em envolver atividades interdisciplinares partindo assim do interesse prévio dos educandos e que este é fundamentado em ações e práticas desenvolvidas a partir do interesse real dos educandos participantes da ação.

No sentido de ressignificar as saberes e contemplar a Cultura Regional no espaço escolar, esta que sem dúvida deve estar presente no ambiente escolar, pois ela nutre, fornece dados e ideias, faz socializar aprendizados e vivências as quais os moradores do município de Giruá e arredores estão acostumados a vivenciar nas mais diferentes formas culturais, nas músicas, nas lendas, nas histórias, costumes, hábitos, o quão importante é conseguir aliar a prática teórica educativa com prática vivenciada, conseguir fazer com que as crianças aprendam com prazer e compreendam quanta riqueza e quanto conhecimento traz nossa região, ela é um emaranhado de saberes, de significados de simbologias, a nossa região é um espaço de grande contemplação da história da Cultura Regional ao qual estudamos neste trabalho.

Na medida em que foi se desenvolvendo este estudo, pude perceber que a Cultura Regional se faz presente em nosso cotidiano, expressando-se de diferentes maneiras, como nas músicas, danças, culinária, costumes, em nossa língua e em nossas expressões e o que realmente faz se necessário e

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fundamental é que devemos valorizar essas maneiras de como agimos e nos expressamos, muitas vezes até sem percebermos e não nos damos conta a qual função cultural estamos envolvidos.

Nesse sentido é que faz se necessário compreender que as relações que existem no processo de construção e significação dos saberes culturais e as diferenças vão muito além da constatação, da maneira de contemplar o folclore que muitas vezes traz consigo um referencial cultural que emerge um aprofundamento e um estudo qualitativo sobre a real proposta que se propõe através deste, muitas vezes o que se retrata com beleza nos contos, na realidade não passa de algo de muito sofrimento, de exclusão e minoridade social sofrida por aqueles que lá no nosso passado vivenciaram e que nos dias de hoje fazem parte da nossa Cultura Regional como mitos.

Analisando o saber Cultural Regional ao qual integramos podemos compreender que ele deve ser atrelado no processo educativo de forma perene, sendo necessário valorizar e reconhecer nosso espaço, acreditar que o reconhecimento da ação educativa voltada e praticada a partir do interesse dos educandos promove o pleno desenvolvimento do indivíduo como um cidadão que possuí uma identidade Cultural Regional e pertencido o seu real espaço.

De acordo com a pesquisa realizada compreendemos que as manifestações culturais presentes em nosso espaço são plurais e que as mesmas se relacionam com diversas modalidades de interação, nesse sentido Paulo Freire (1994 pg. 99):

Ensina a educação ou a ação cultural para a libertação em lugar de ser aquela alienante transferência de conhecimento, é o autêntico ato de conhecer em que os educandos também educadores como consciências “intencionadas” ao mundo, ou como corpos conscientes, se encerem com os educadores na busca de novos conhecimentos, como consequência do ato do relacionamento existente.

Considerando a perspectiva freireana compreendemos que a educação deve ser voltada e as ações culturais e que suas ações sejam parte significantes de aprendizagem, que estas tenham real significado aos participantes da prática educativa, em vista tida como responsabilidade social, social e democrática,

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sendo considerada como libertadora e que a cidadania e o seus direitos não sejam privilégios de poucos, mas sim de todos.

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Conclusão

Ao concluir o presente estudo, é importante destacar que esta pesquisa tem um papel relevante em nossa formação e na futura prática docente. Durante a realização da mesma foi possível perceber a dimensão deste tema e quão importante ele se coloca dentro do contexto escolar na medida em que este visa desenvolver um cidadão crítico e autônomo, responsável e participativo com capacidade de atuar e reconhecer culturalmente a região em que está inserido.

Por tratar de uma proposta simples, mas cheia de sentido, capaz de ser bem executada e proporcionar grandes referencias no atual quadro sócio cultural, no entanto, a proposta consiste em nada mais do que de forma bem clara e bem reduzida: Valorizar a Cultura Regional à qual estamos inseridos, trabalhar em cima do real, utilizar a realidade para contextualizar o conteúdo a ser ensinado.

Neste sentido, retoma-se ao objetivo que tínhamos antes de realizar esta pesquisa para responder as questões que se levantou significativa para embasar este trabalho. Uma das perguntas mais relevante e que queríamos responder com esta pesquisa era o que se trabalha nos currículos escolares sobre Cultura Regional? É possível argumentar que são vários teóricos que trazem em seus livros o que é Cultura Regional e que ela deve ser utilizada no cotidiano escolar.

Definindo então o que é Cultura Regional compreende-se e entende-se queela é tudo o que vivenciamos que nos remete ao espaço em que vivemos, pois, cada sujeito traz consigo uma bagagem cultural infinita, pois tudo que vivemos é Cultura desde a linguagem, tradições e os costumes.

O que se concluí com esta busca é que as escolas estudadas dão pouca ênfase no contexto sócio histórico de nossa região, no recorrer de documentações que regem e retratam a vida escolar, percebemos que não se prioriza a Cultura Regional, mas esta é contemplada apenas em datas comemorativas, as quais acabam relatando muito pouco sobre o nosso espaço, realizando tarefas que por muitas vezes se tornam sem sentido para os alunos.

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Nesta busca, recorremos ao embasamento teórico e o que a BNCC nos traz sobre a Cultura Regional, neste momento é que percebemos um descaso com os professores e gestores escolares, pois estes, mesmo procurando proporcionar um estudo mais aprofundado sobre a nossa Cultura Regional se deparam com uma documentação muita ampla que não fundamenta as ações do professor e o que se trabalhar dentro da sala de aula sobre nossa região.

No sentido de uma busca de perenidade dos valores culturais é que partimos do pressuposto de que não é apenas ouvindo que se aprende, mas sim pegando, vivenciando, experimentando, compreendendo e assimilando com os conhecimentos pré-existentes e assim transformando-os seus conhecimentos prévios em aprendizagens à qual serão muito significativas.

Conforme o andamento do estudo tornou-se possível perceber a forma na qual o professor deve agir para que a aprendizagem da Cultura Regional perpasse significativamente no ambiente escolar o qual este possuí um papel fundamental no desenvolvimento pleno dos educandos, baseando-se em uma busca incessante de bibliografias que auxiliem as metodologias, contextualização, motivação, o conhecimento do aluno no ambiente escolar saber dar sentido, compreender a importância de se trabalhar pedagogicamente em nosso ambiente escolar sobre o espaço em que vivemos que é a região das missões à qual possuí dados históricos muito relevantes que trazem consigo fatos importantíssimos sobre a Cultura de nosso Estado, ao qual pertencemos e precisamos conhecê-lo de uma forma ampla todos os sentidos que nos remetem uma busca do saber histórico, possuindo bom relacionamento entre professores e alunos para que a aprendizagem se torne significativa e prazerosa ao aluno.

Portanto, após os estudos realizados é possível concluir que a Cultura Regional deve ser contemplada no ambiente escolar desde muito cedo, proporcionando um conhecimento, um pertencimento de cada sujeito que está envolvido no processo aprendizagem para que este se reconheça como um sujeito histórico, integrante deste espaço.

Nesse sentido, concluímos que os saberes culturais que perpassam nos dias de hoje possuem um significado muito importante destaco e saliente que o espaço escolar existe para auxiliar os alunos na compreensão de se sentir parte

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