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O ensino da dança no ensino superior: uma realidade do curso de Educação Física

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO- DHE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Viviane Gonçalves da Silva

O ENSINO DA DANÇA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REALIDADE DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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2 Viviane Gonçalves da Silva

O ENSINO DA DANÇA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REALIDADE DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Trabalho de Conclusão do curso de Educação Física, do Departamento de Humanidades e Educação (DHE) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como exigência parcial para obtenção do Grau de Licenciada em Educação Física.

Professora Orientadora: Ms. Fabiana Ritter Antunes

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3 AGRADECIMENTOS

A Unijuí pela excelência em ensino, e ao curso de Educação Física pela capacitação profissional e a grandiosa dedicação aos alunos.

A professora Fabiana Ritter pela orientação segura e amizade indispensável.

A todos os mestres e professores que fizeram parte da minha formação, agradeço pelos ensinamentos e exemplos ao longo desta jornada.

Aos meus pais, que sempre acreditaram em mim e que são sempre um exemplo em minha vida.

Ao meu irmão, e melhor amigo, que nunca me permitiu desistir, e por ser meu maior apoiador e incentivador.

Ao meu companheiro de caminhada, grande amigo e amor. Que teve paciência e que sempre me incentivou. E me proporcionou o maior presente dessa vida, nosso filho

Aquilles Bernardo, nosso anjo no céu.

Aos grandes amigos conquistados na faculdade.

E principalmente ao meu maior e eterno amor, meu anjo, que será sempre homenageado em todas as conquistas e vitorias de minha vida, que teve sua passagem tão breve nesse

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4 DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que possibilitaram a sua realização, aqueles que amo, aqueles que me proporcionaram suporte e permaneceram ao meu lado quando mais precisei. Dedico especialmente ao meu filho que tanto amo, que mesmo que tenha partido tão precocemente, sinto sempre vivo em meu coração, que é motivo de toda minha força e coragem, e que será sempre lembrado com amor. Tudo por ti, filho, eu te amo!

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5 SUMÁRIO

RESUMO ... 6

INTRODUÇÃO ... 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 10

2.1 O Papel Da Universidade No Ensino Do Conteúdo De Dança No Curso De Educação Física ... 10

2.2 A Dança No Curso De Educação Física ... 14

2.2.1 Organização De Conteúdos Da Dança Em Diferentes Contextos ... 17

2.3 A Dança No Contexto Histórico E Seu Status Atual ... 26

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 27

3.1 Abordagem Da Pesquisa ... 27

3.2 Contextos Da Pesquisa ... 27

3.3 Sujeitos Da Pesquisa ... 28

3.4 Instrumentos E Procedimentos De Pesquisa ... 28

3.5 Análise e Interpretação Dos Dados ... 29

3.6 Aspectos Éticos Da Pesquisa ... 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 41

REFERÊNCIAS ... 44

ANEXOS ... 46

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RESUMO

A dança está presente em diversos lugares, ela pode ser objeto de pesquisa e trabalho de profissionais de educação física em diferentes âmbitos de trabalho, como escolas, clubes, academia e entre outros espaços. Porém, são poucos os profissionais que adotam esse conteúdo, pois muitos não se sentem “confortáveis” com o assunto, e nem tanto preparados para essa abordagem. Desta forma o presente estudo procura discorrer sobre o modo em que a disciplina é abordada pela Universidade no curso de Educação Física, assim como as contribuições na formação profissional para que este atue com a dança e suas aplicações nos diversos contextos. Sendo assim, se busca analisar e refletir sobre a relação entre dança e formação docente em educação física, por meio de um referencial teórico, entrevista com professoras, questionário com alunos e comparativos com Universidades locais, para fim de ser realizadas análises e discussões a cerca dos conteúdos relacionados à dança presente nos currículos de cursos de educação física, principalmente na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, polo desta pesquisa. Na qual, se tem conhecimento que passa por reformulações no currículo e que está sempre apta a propor o melhor aos alunos. A partir destas temáticas os estudos apontados nesta pesquisa, indicam que é bastante provável que muitos acadêmicos saem do curso despreparados para essa demanda relacionada à dança, pode se considerar que isso venha a acontecer porque os objetivos da disciplina não estão claros nas perspectivas dos alunos. Sendo a assim, a não inclusão do conteúdo de dança em suas perspectivas, pode estar relacionada com pouca capacitação profissional no curso de Educação Física.

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INTRODUÇÃO

A escolha deste tema para minha pesquisa se deu a partir de minha própria experiência com dança. Iniciei minhas atividades com a dança aos 15 anos de idade, desde então venho trabalhando com essa temática. Completo então meus dez anos de atuação no âmbito da dança, e sete anos como professora de dança, durante todos esses anos experimentei das diversas possibilidades da dança como arte, como as danças urbanas, contemporânea e dança do ventre, no entanto, me especializei em dança oriental na Escola de Dança do Ventre Brysa Mahaila – POA, em 2016.

Por estar trabalhando há muito tempo com a dança – especificamente a dança do ventre – ingressei ao curso de Educação Física na possibilidade de adquirir um maior conhecimento metodológico e didático do ensino da dança a fim de levá-la, através Educação Física, para outras perspectivas de trabalho que fossem além do palco e de festivais, como por exemplo, como ensina-la no âmbito escolar ou outros espaços. Pois muitos alunos que passaram por mim, não tiveram experiências anteriores com a dança. No entanto ao longo desses anos de curso, percebi a grande dificuldade que os acadêmicos no curso de educação física apresentaram em relação à aceitação da disciplina de dança como parte do currículo e objeto de estudo e pesquisa, assim como os conteúdos e metodologias das disciplinas relacionadas a dança não compreenderam o que as expectativas que eu esperava sobre como abordar essa temática pedagogicamente em outras perspectivas de ensino, ou seja “como ensinar” e “o que ensinar” em outros espaços como a escola, e qual o objetivo do conteúdo nas disciplinas de dança do curso. Sendo assim, como objetivo de estudo, buscou-se uma reflexão a partir desta problemática. Uma discussão sobre a metodologia e resolução de problemas, que só pode ter sentido se previamente for definido o objetivo a ser atingido.

No entanto, ao se pretender discorrer sobre dança, não se pode deixar de menciona-la em seu contexto histórico. A dança acompanha o homem desde os primórdios da humanidade, nossos ancestrais tinham a necessidade de se expressar através do movimento, tais expressões foram assumindo as mais variadas funções e modificações (GOMES; LIMA, 2002). Embora, a dança tenha essa profunda ligação com o homem, por muitas vezes, ela ainda é negada em nosso contexto social.

Pode-se dizer, de que nos dias atuais, em relação às instituições de ensino, a dança não deve ser um adorno a educação, mas sim um meio paralelo às outras disciplinas, para que em conjunto possam consolidar a formação do indivíduo, pois,

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8 com a integração da dança nas escolas, através da Educação Física, é possível encontrar um novo sujeito, com menos medo e com mais percepção do seu próprio corpo como meio expressivo em relação com a própria vida.

Em González e Fensterseifer (2009, p.10), “a Educação Física (EF) como disciplina escolar passa por um processo de transformação do qual todos somos, senão protagonistas, espectadores”. Nesta linha de pensamento, em relação a Educação Física, González e Fensterseifer (2009), apontam que, este processo de transformação refere-se que, por muitos anos, a Educação Física foi veiculada a esportivização, confundindo-a apenas como prática esportiva. Não podendo prolongar neste texto essa descrição, os autores relatam que o processo de transformação, é pensar a EF como espaço pedagógico comprometida com a escola, pois, é na educação que se insere o sujeito a cultura. Sendo assim, há uma necessidade de tratar conteúdos veiculados a construções históricas e culturais. Tornando-se possível atribuir estes conteúdos históricos a disciplina de EF (jogo, ginastica, esportes, danças e lutas).

Levando em conta que esta pesquisa buscará tratar do ensino da dança em questão no currículo do curso de Educação Física, questiona-se, o papel da Universidade no ensino da dança através do curso de Educação Física, a importância do componente na formação inicial, as expectativas dos acadêmicos em relação às metodologias e didáticas, sobre o sentir-se preparado pedagogicamente para desenvolver esse componente tanto no âmbito escolar quanto não escolar e ainda, sobre elementos para sugestão para o componente no âmbito da universidade.

Os acadêmicos estão ou não preparados a trabalhar com as perspectivas da dança? Inicialmente, diante dessas duas temáticas iniciais, alguns estudos evidenciam que a maioria dos acadêmicos se sentem despreparados a trabalhar com dança e suas aplicabilidades. Pois, ao longo do curso de Educação Física, por muitas vezes, os acadêmicos são preparados para a prática esportiva, passando por despercebido às práticas expressivas e culturais, ligadas a sensibilidade.

A partir disso, o objetivo geral desse estudo é analisar o Plano de Ensino, bem como a metodologia do componente de “Práticas corporais expressivas I (dança)” no Curso de Educação Física da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – RS.

Dessa forma, foram construídos alguns objetivos específicos: a) identificar o objetivo do componente de Práticas corporais expressivas I e se o mesmo está de acordo com o objetivo da Educação Física; b) apontar qual a contribuição da disciplina na

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9 formação do graduando, para que este atue com a dança em suas especificidades e investigar se o acadêmico se sente capacitado para ministrar aulas de dança.

Esse trabalho será estruturado da seguinte forma: no Capítulo 1 será a Introdução onde será abordado de forma sucinta o que será tratado neste trabalho. O capítulo 2 refere-se o Referencial Teórico que contempla os seguintes subtítulos: 1) O papel da universidade no ensino da dança, onde será discutido qual papel da universidade no ensino da dança no curso superior, para que o acadêmico saia capacitado para atuar nesta área. 2) A dança no curso de Educação Física (EF), que tratará da importância do ensino da dança na EF. E o capitulo 3) A dança no seu contexto histórico e atual, uma breve discussão sobre a história da dança, suas manifestações e concepções, até os dias atuais. Já o Capítulo 4) Refere-se à Metodologia, onde mostrará os processos metodológicos desta pesquisa. No Capítulo 5) teremos os Resultados e Discussões onde será mostrado o resultado da pesquisa, os questionários e entrevistas, de forma descritiva. E por fim as Considerações Finais onde se findará este trabalho, mostrando as concepções e analise através das discussões e pesquisas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A construção deste referencial teórico foi organizada a partir de revisões sobre o papel da universidade no ensino da dança na instituição. Aborda também a dança no curso de Educação Física (EF), seguido de compreensão da dança desde seu contexto histórico até os dias atuais. Trazendo análises resultados e discussões.

2.1 O Papel Da Universidade No Ensino Do Conteúdo De Dança No Curso De Educação Física

Segundo Nascimento e Klee (2012, p. 45) “[...] em uma Educação Física baseada na ampliação das possibilidades corporais do educando”, é possível compreender e ressaltar a ideia que a Educação Física, aborda uma estrutura pedagógica sobre a cultura corporal do movimento. Assim, configurando as mais diversas formas de atividades corporais, ligadas ao esporte, ginásticas lutas e a dança, que são potencializadas e permitidas a partir de plano curricular no curso de Educação Física.

Cunha (apud Rangel, 2006, p. 61) “faz uma referência à dança como uma área pertinente à denominação à Educação Física, considerando-a um ramo da ciência da Motricidade humana”. O autor propõe uma proposta pedagógica para o ensino superior que visa à construção teórica e epistemológica e, o surgimento de um novo paradigma. Já que, por muitas vezes, esses aspectos vem sendo esquecidos em grande parte do currículo. Contudo, o papel da universidade se caracteriza por formar um cidadão critico.

A dança “dentro da Educação Física contempla uma proposta pedagógica que contribui para uma maior aquisição de movimentos pelos alunos e, posteriormente, um melhor desenvolvimento em aspectos motores, sociais e cognitivos dos mesmos” (NASCIMENTO; KLEE, 2012, p. 44). Pode se considerar, que a dança na Educação Física escolar (ou não), ajuda a desenvolver maior domínio corporal, coordenação motora e cognitiva. Segundo uma pesquisa realizada pelas autoras Nascimento e Klee (2012), a maioria dos estudantes de EF saem do curso despreparados para ministrar aulas de dança. Neste ponto de vista

Fica a preocupação quanto aos resultados, os quais

demonstraram que, após quase quatro anos de estudo, os acadêmicos não se sentem preparados para desenvolverem atividades relacionadas à Dança na escola. Entendemos também que por limite do estudo, haveria a

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11 necessidade de se verificar se este sentimento é apenas relacionado às disciplinas em questão ou também se estes resultados se expandem a outras (NASCIMENTO; KLEE, 2012, p. 50).

No entanto, segundo Capri e Finck (2006, p. 125-126), o papel da universidade e preocupação do professor, “deveria ser ensinar a dança como parte criativa de uma ação significativa no processo de aprendizado e desenvolvimento do educando”, evidenciar que o papel do professor é proporcionar a prática de uma forma que colabore para o desenvolvimento da capacidade dos alunos de criar tanto corporalmente como intelectualmente, proporcionar algo mais do que autoconhecimento corporal, mas também a educação do senso rítmico, a expressão não verbal, o desenvolvimento humano e a formação integral, a fim de contribuir com o sujeito e seu crescimento pessoal e profissional.

Por outro aspecto, Rangel (2002), aponta estudos baseados no “Método Dança – Educação Física”, em que o mesmo apresenta estudos ortodoxos e alternativos, tendo como experiências teórico-prático, em sua proposta, que faz ligação da dança com a Educação Física no processo educacional, enfatizando áreas como anatomia, fisiologia, cinesiologia psicologia, história da Educação Física e outros, que servem de fundamentação para formação profissional, portanto, é de grande valia que estes aspectos de ensino estejam interligados como um todo, pois são de fundamental importância no currículo do curso de educação física. Na visão do autor “o entrosamento entre estas áreas proporciona a melhoria da qualidade de informação desses conhecimentos” (RANGEL, 2002, p. 62).

“A contribuição da aplicação do Método Dança – Educação Física nesta problemática, é aliar o estudo ortodoxo da anatomia com as áreas alternativas denominadas Eutonia e Sensopercpção”, (CLARO, apud RANGEL, 2002, p. 63). Nesta perspectiva o autor pauta os princípios das áreas como anatomia, e sua relação com outros conteúdos.

Sendo assim, a partir destes aspectos, entende-se que as abordagens no curso de Educação Física nas especificidades dos componentes que abordam a dança são abrangentes, mas que, no entanto, há uma lacuna entre a relação de a disciplina ser pouco utilizada por profissionais de Educação Física. Neste sentido, buscou-se uma reflexão a cerca desta problemática que, segundo uma pesquisa realizada por Vaz; Brito e Viana (2010), onde teve como pesquisa qualitativa, 30 professores de Educação Física em escolas públicas e particulares da zona oeste do município do Rio de Janeiro, seis de

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12 gênero feminino e 24 de gênero masculino, com média de idade de 40 anos. As perguntas foram selecionadas com relação à capacitação da dança na universidade, e os motivos de ser pouco utilizada no âmbito escolar.

Dentre os resultados que autores acima citados obtiveram são: 47% dos professores afirmam não ser capacitados para ministrar o conteúdo dança nas aulas de Educação Física. Sendo 24% dos sujeitos acreditam na hipótese de preconceito dos alunos com o conteúdo de dança, 18% caracterizam a ausência da dança por falta de infraestrutura nas escolas; e os restantes 11% acreditam que a dança não é utilizada na Educação Física escolar por não estar no planejamento curricular.

Partindo desta reflexão inicial, percebe-se que alguns dos profissionais da área de Educação Física negligenciam a dança como um conteúdo educacional, mas que, no entanto, essa prática de ensino é um auxílio no desenvolvimento do ser humano de forma integral, as possibilidades de sua introdução no ensino, não devem ser vistas como interesse experimental, mas sim educacional no desenvolvendo e concepções que visam construir estratégias metodológicas para ensina-la. Sendo assim cabe a Universidade proporcionar concepções epistemológicas e conceituais como mecanismo de ensino em seu currículo.

Nesse mesmo viés, para David (et al, 1999) o significado do papel social, transmissor e produtor de conhecimentos da Universidade, supera e, muitas vezes, se contrapõe as exigências e limitações da formação profissional que se restringem ao mercado de trabalho. Por tanto, ao mencionar essa reflexão, os autores se referem que a Universidade não poderá tornar-se refém do mercado e, dos perfis profissionais circunscritos à lógica restritiva deste mesmo mercado.

Sendo assim, é possível considerar, que as diretrizes básicas para o desenvolvimento de planos e projetos curriculares de formação profissional poderiam constituir-se e apontar, sempre, para mecanismos mais ampliados na formação profissional. Desde modo, se tem garantia de um currículo que irá atender as demandas do processo de produção e organização do conhecimento, ao mundo do trabalho e ao próprio crescimento social em desenvolvimento.

Nesta logica, os autores David (et al, 1999) consideram que

os cursos de formação profissional superem as características tradicionais de meros reprodutores de conhecimentos técnicos e de informações superficiais, para se transformarem em espaços especiais de sistematização, transmissão e produção de conhecimentos socialmente relevantes para a sua prática profissional, como também, para o contexto histórico cientifico em que está inserido.

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13 Ao refletir sobre essas concepções, pode se considerar que os objetivos do curso de formação profissional em Educação Física e o papel da universidade no ensino da dança como um todo pode estabelecer-se no campo das funções atribuídas aos professores, na qual se busca a qualidade da educação, a real compreensão pedagógica e social e a intervenção educativa no sentido de promover a superação das carências encontradas.

De um modo especifico, cabe a Educação física tratar das representações sociais que constituem a cultura corporal do movimento estruturada em diversos contextos históricos e de algum modo vinculada ao campo do lazer e da saúde. É, por exemplo, as práticas esportivas, das ginasticas, das lutas, das atividades expressivas, entre outros, que se firmam ao longo dos anos como objetos de estudos próprios desta disciplina.

(LIÇÕES DO RIO GRANDE, 2009, p. 113).

No contexto dos documentos, Lições do Rio Grande, tem-se os apontamentos referidos aos saberes produzidos pela experimentação das práticas, o quais proporcionam os devidos conhecimentos: o conhecimento da estrutura dinâmica destas manifestações, assim a como problematização dos conceitos e seus significados que a elas são atribuídos e que componham os conteúdos sobre os quais as competências/habilidades devem ser desenvolvidas na educação física.

Sendo assim, investiga-se a abordagem de como a universidade aborda no curso de Educação Física o componente de Práticas Corporais e Expressivas, a fim de debater reflexivamente possibilidades e talvez soluções.

Em uma instituição de ensino superior do estado do Rio Grande do Sul, contempla como parte do curso a disciplina de Práticas corporais e expressivas, dança e suas atribuições, segundo a ementa, o objetivo da disciplina é a intenção de intensificar e dinamizar as reflexões epistemológicas conceituais e as vivências corporais acerca da dimensão do corpo sensível e da expressividade, tanto num limiar subjetivo (caráter experiencial) quanto profissional (capacidade do “olhar sensível”) (EMENTA, 2017).

A partir da análise da ementa, foi realizada uma breve pesquisa com alunos graduandos do curso de Educação Física na instituição, e com duas professoras do ensino superior que já trabalharam com a disciplina. Para essa pesquisa buscou saber sobre as vivências da disciplina, tanto quanto o seu aprendizado.

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2.2 A Dança No Curso De Educação Física

Durante a vida acadêmica, estudantes de Educação Física são educados para o desporto. Sendo assim, entende-se que acadêmicos de EF, tornam seus corpos mais suscetíveis ao esporte, em que a sensibilidade é esquecida, já que, por muitas vezes, o desporto segue uma linha padrão de ensino técnico–tático, e a verdadeira expressão corporal esconde-se do indivíduo, limitando suas expressividades.

Em respeito à formação profissional, Miranda (apud PACHECO, 2006) questiona a presença e a validade do estudo de educação física, já que a preparação dos professores de Educação de Física não os qualificaria devidamente para o ensino da dança. Evidencia ainda, que é perceptível que a realidade atual do ensino da Educação Física está voltada ao desporto, já que, por muitas vezes, os profissionais saem das universidades mais capacitados ao ensino dos esportes.

Ragel (2002) aponta que a presença da disciplina dança no curso de EF, é uma realidade em algumas instituições de ensino superior. Uma grande parte das instituições inclui na sua grade curricular e outra grande parte não a incluem. Mesmo assim, essa prática corporal, apresenta-se como obrigatória em determinadas disciplinas no curso de Educação Física.

Embora exista a obrigatoriedade da disciplina na Educação Física escolar, vê-se uma grande ausência desta prática na escola. Ragel, (2002, p.61), “é certo que pouca utilização desta atividade é um reflexo de situação nos cursos de graduação”, a autora aponta que há uma grande problemática nos cursos superiores em relação à disciplina, sobre o enfoque que a mesma tem recebido, a restrita atribuição e proposta curricular desta prática para os cursos de ensino superior. Assim como a visão dos graduandos em respeito à dança.

Nesta mesma linha de pensamento Sborquia e Gallardo (2006, p. 66), compactuam que “a dança nos cursos de Educação Física tem sido canalizada como sequência de exercícios físicos que ressalvam mais o aspecto motor, regulamentado, a segundo plano os movimentos estéticos e expressivos”. Pode-se dizer que, nos dias de hoje, a prática da dança tem sido tratada apenas como parte rítmica e não dança.

Em Miranda (apud SBORQUIA; GALLARDO, 2006, p. 66), “não tem sido claro os objetivos da disciplina Dança nos cursos de EF [...] existe falta de definição dos conteúdos a serem desenvolvidos pela disciplina dança”. Sendo assim, pode-se dizer, que há falhas no conteúdo no que se espera a ser estudado. Sendo pouco comtemplado

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15 os objetivos da disciplina. “[...] Isso possivelmente tenha origem nos profissionais que ministram aulas nesses cursos e definem dança como produto e não como processo educacional” (SBORQUIA; GALLARDO, 2006, p. 66).

Os autores citados a cima, ainda observaram em suas pesquisas que grande parte do currículo dos cursos de EF, não comtempla e não tem claros os objetivos, assim como algumas perguntas estruturantes, o que ensinar? Como ensinar? E por que ensinar? Acarretando assim, muitos problemas na formação profissional dos acadêmicos, futuros profissionais, que pretendem trabalhar com o ensino da dança. Portanto, com base neste raciocínio pode-se dizer que essa prática corporal não incluída ou adaptada no componente curricular escolar é por falta de capacitação profissional de EF. Segundo Teles e Schmidt (2009) a carga horária, tanto quanto metodologia de ensino, destinada a essa disciplina, no curso de Educação Física, por muitas vezes, não proporciona conhecimentos e segurança para o ensino da dança e suas aplicações, incapacitando o docente de ministrar aulas nessa área. Por outro lado, segundo Pacheco (2006, p. 156), “o estudo da dança seria satisfatoriamente atingindo em um curso superior de dança”. Porém esta é uma afirmação um tanto quanto reducionista, ao lembrar que a Educação Física e a dança, muito se relacionam no que diz respeito ao movimento humano (TELES; SCHMIDT, 2009).

Pensar em formação docente de dança para os acadêmicos de Educação Física, é indispensável a garantia e zelo, que o professor não se torne técnico ou bailarino aprimorado. Que não se destina somente à aplicação da dança de caráter estético (FRANKLIN, 2002). Sendo assim, para a uma formação acadêmica de Educação Física que vincule a dança, pode-se haver uma intervenção pedagógica e científica para que este docente seja um profissional reflexivo, propositivo para a melhor instrução da dança escolar e não escolar.

Segundo os estudos de Ehrenberg, Fernandes e Batifische (2014), entende-se que os componentes relacionados à dança, nem sempre atendem de fato as necessidades do futuro profissional, pois, muitas vezes a disciplina é direcionada apenas a estruturas rítmicas. Contudo, afirmam, que mesmo que o ensino de estruturas rítmicas seja importante, as aulas que melhor preparam os professores para atuar estão voltadas as realidades e necessidades reais do futuro professor.

Sendo assim, as autoras (EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014), relevam alguns aspectos que se tornam pertinentes para a formação do professor, como por exemplo, identificar o que se considera saberes necessários ao futuro educador, a

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16 fim que ele sinta capaz de trabalhar a dança após sua formação. Ainda, apontam que os alunos deveriam vivenciar elementos da cultural corporal do movimento, como principal objetivo, assim sendo, o futuro professor deve estar preparado para alcançar este objetivo e possibilitar ao aluno os devidos conhecimentos. Ou seja, o professor como autor de processos metodológicos precisa buscar facilitar o ensino aprendizagem dos educandos.

Neste aspecto, baseado no estudo de Ehrenberg (2003 apud EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014, p. 51) é possível considerar alguns apontamentos em relação aos objetivos e conhecimentos necessários a serem constituídos na formação profissional em Educação Física, que visam às possibilidades do ensino da dança no ensino superior: 1) oportunizar a vivência da dança em seus diversos conteúdos, que compreendam as características de suas diferentes linhas, desde seus primórdios até as manifestações mais recentes; 2) proporcionar através da dança, vivências de organização social do trabalho individual e coletivo; 3) incentivar os alunos a pesquisa de informações sobre a diversidade da dança; 4) discutir e solucionar problemas acerca da complexidade de integração grupal; 5) sugerir e fomentar discussões que oportunize formas de adequações dos conteúdos dança a realidade da atuação do profissional nos diferentes seguimentos de ensino; 6) incentivar os alunos a integração dos conteúdos da dança para uma melhor formulação de composições.

Além disso, a criticidade, leituras, vídeos e discussões, também deveriam ser comtemplados na formação como processo norteador de todas as vivências, deve fazer parte das aulas na formação profissional, pois neste aspecto, é possível uma maior liberdade dos preconceitos que são estabelecidos socialmente a respeito a dança. Sendo esses, os processos metodológicos, essas vivências e experimentações devam ser constantes, e que façam parte integral do processo em ensino, pois assim, possibilita a quebra de paradigma criado culturalmente que visa a dança como possibilidade e conhecimento acessível para poucos. (EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014).

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2.2.1 Organização De Conteúdos Da Dança Em Diferentes Contextos

Esse subcapítulo será organizado em dois eixos de reflexão. O primeiro refere-se ao contexto de ensino escolar, e o segundo refere-se ao contexto de ensino da dança em cursos de Licenciatura e Bacharelado em EDF.

Inicialmente nos deparamos com os PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), que são diretrizes elaboradas para orientar os educadores, são referenciais norteadores para professores e demais educadores. São elaborados fundamentando cada disciplina. Na especificidade da educação física, os parâmetros estão organizados por blocos de conteúdos para cada fase do ensino, a qual o educador tem possibilidade de se adequar e adaptar para um ensino mais completo.

Sendo assim, segundo a organização dos PCN’s (BRASIL, 1997), os conteúdos são organizados em três blocos, os quais devem ser desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental.

O objetivo dessa organização é evidenciar os objetos de ensino e aprendizagem que estão sendo priorizados, pois serve como auxílio ao trabalho de ensino do professor. Sendo assim, o professor deve equilibrar e adequar os conteúdos devidamente distribuídos para serem trabalhados de uma forma completa. Pois, esta estrutura trata-se de uma forma para melhor organização do conjunto de conhecimentos que serão abordados em seus distintos enfoques:

Fonte: BRASIL, 1997, p. 35

Compreende-se que estes três blocos são de certa maneira semelhantes, pois são os mais diversos conteúdos em comum, mas que porem, se distingue em especificidades.

No entanto, o que consiste no bloco “Conhecimentos sobre o corpo” possuem demais conteúdos incluídos, que também podem ser trabalhados separadamente. Já nos outros dois blocos, os conteúdos possuem características próprias e suas especificidades, no entanto, possuem também outras interseções e articulações entre si.

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18 Segundo o PCN’s (BRASIL, 1997) da educação física, o bloco de conteúdos de “Atividades rítmicas e expressivas” tem como proposito incluir as manifestações da cultura corporal do movimento. As quais incluíram expressão e comunicação através dos gestos e estímulos sonoros, que são referência para o movimento corporal. Essas atividades referem-se às danças e brincadeiras cantadas. Neste sentido, estima-se que o enfoque, segundo os parâmetros, é priorizado o bloco de conteúdo “Dança”, que faz parte do documento de Arte.

Esclarece-se nestes documentos que em um país como o Brasil, de uma grande e diversificada cultura, onde se tem o samba, o bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, o afoxé, a catira, o baião, o xote, o xaxado entre muitas outras manifestações, a Educação Física, infelizmente, tem promovido apenas a prática de esportes, e ginástica, e por poucas vezes as danças europeias e americanas.

São inúmeras as manifestações artísticas relacionadas à dança, que são possibilidades de ensino e cultura. No entanto, também existem muitos casos de danças desconhecidas, pois não há quem as conheça ou dance. “Conhecê-las, por intermédio das pessoas mais velhas da comunidade, valorizá-las e revitalizá-las é algo possível de ser feito dentro deste bloco de conteúdos” (BRASIL, 1997, p. 39).

Estima-se ainda que os conteúdos deste bloco sejam amplos e dos mais variados possíveis, são diversificados e podem variar muito conforme o local da escola. Sendo assim, o resgate destas manifestações culturais e tradicionais, é de fundamental importância. Com uma breve pesquisa sobre as danças e brincadeiras cantadas de cada região e as danças e brincadeiras locais e de outras regiões, pode tornar o trabalho mais completo e mais amplo.

Ainda por meio as informações dos PCN’s,

Por meio das danças e brincadeiras os alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção, sendo capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas manifestações expressivas (BRASIL, 1997, p. 39).

Ainda nos Parâmetros, se tem disponível uma lista de ensino que se podem ser abordadas e adaptadas, segundo cada contexto como, por exemplo: Danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, catira, bumba meu- boi, maracatu, xaxado, etc.; Danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão; Danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz; Danças e coreografias associadas a manifestações

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19 musicais: blocos de afoxé, Olodum, Timbalada, trios elétricos, escolas de samba; Lengalengas; Brincadeiras de roda, cirandas; Escravos-de-Jó, (BRASIL, 1997, p. 40).

Sendo assim, se pode considerar que, de acordo com os parâmetros, têm-se as mais diversas modalidades de conteúdos de expressões rítmicas e expressivas, que se podem e deve ser abordadas e adaptadas para o ensino na educação Física. Ainda nessa perspectiva, enfatiza-se novamente a importância das danças e brincadeiras, pois, sabe-se que os alunos poderão ter mais possibilidades de conhecer as qualidades do movimento expressivo e suas aplicabilidades como os tipos de níveis, leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção. Assim sendo, uma possível forma de analisar estes conhecimentos a partir dos referidos referenciais; “conhecer algumas técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas manifestações expressivas” (BRASIL, 1997, p. 39).

Já no referencial curricular, Lições do Rio Grande os conteúdos da Educação Física Escolar são apresentados em dois eixos: 1) Práticas Corporais Sistematizadas (PC): Esporte; Ginástica: - Acrobacias; - Exercícios Físicos; Práticas Corporais Introspectivas. Jogo Motor; Lutas; Práticas Corporais expressivas: - Dança; - Expressão Corporal; 2) Representações Sociais sobre a Cultura Corporal de Movimento: Práticas Corporais e Sociedade: - PC como manifestações culturais; - Corpo e sociedade; Práticas Corporais e Saúde: - Implicações Orgânicas; - Implicações Socioculturais.

Ao analisar as propostas dos PCN’s e as Lições do Rio grande, é possível notar grandes diferenças relacionadas à organização e especificidades do conteúdo. Nos documentos Lições do Rio Grande nota-se a abrangência do conteúdo da Dança nas aulas de Educação Física, e esta citada como “Práticas Corporativas Expressivas” de modo bem especifico.

Além do mais, o documento apresenta uma lógica de organização curricular com uma proposta de tempo para cada conteúdo relacionado à disciplina de Educação Física, na qual corresponde a um porcentual de aproveitamento do tempo de 100% relacionada aos conteúdos das disciplinas (esporte, lutas, ginástica, jogos, práticas corporais junto à natureza, atividades aquáticas, práticas corporais e sociedade e práticas corporais e saúde.).

Contudo, pode-se acrescentar, que de acordo com o que nos mostra o livro Lições do Rio Grande (2009), sobre o referencial curricular, este está organizado por mapas de saberes que tentam explanarem as competências e os conteúdos para serem

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20 trabalhados a partir do 5º ano até o 3º do ensino médio na disciplina de educação Física. Estes foram elaborados de duas formas, longitudinal e transversal. No transversal, o mapa detalha os temas “estruturadores que compõe o campo do conhecimento da área” (LIÇÕES DO RIO GRANDE, 2009, p. 118). E longitudinal a proposta é apresentada em progressões de ciclos para competência e conteúdo distintos e estruturadores.

O referencial curricular baseia-se em temas estruturadores que apresentam uma forma organizada de conhecimentos que constituem o objeto de estudo de uma área. Estes estão divididos em dois conjuntos: 1) práticas tradicionalmente consideradas objeto de estudo da Educação Física que são esporte, ginastica, lutas, jogo motor, práticas corporais e expressivas, práticas corporais junto à natureza e atividades aquáticas. 2) representações sociais que constituem a cultura de movimento e afetam a educação dos corpos de um modo geral; sendo assim, sem necessidade de estar vinculada a uma prática corporal especifica. A partir daí se subdividem por temas e subtemas estruturadores, que novamente se subdividem em eixos de saberes específico.

Ainda, o referencial propõe os conteúdos da Dança na disciplina de Educação Física que se divide em dois eixos: Saberes corporais (Saberes que se constroem com base na experiência sustentada predominantemente no movimento corporal) e Saberes conceituais (saberes relativos aos conjuntos de dados e conceitos que descrevem e explicam diferentes aspectos relativos ás práticas corporais sistematizadas). Esses eixos se dividem em sub eixos que permitem um maior entendimento a cerca das competências e conteúdos a serem trabalhados em cada tema ou subtema estruturador.

Sendo assim, com base nessas informações, percebem-se as possibilidades e a grandiosidade dos conteúdos relacionados à dança que podem ser potencializados nas aulas de Educação Física tendo tanto os PCN’s quanto o Lições do Rio Grande como referenciais de pesquisa.

No entanto, é possível perceber que mesmo diante de grandes possibilidades de ensino dos conteúdos a serem desenvolvido no âmbito da Educação Física, ainda ficam com lacunas no campo metodológico do ensino da dança, pois de acordo as informações desta revisão, este aspecto não é debatido com o mesmo destaque nos referidos documentos.

Nesta perspectiva, fica a reflexão no sentido em que as possibilidades de trabalhos são abrangentes, mas que, no entanto, por muitas vezes, não atendam as expectativas e necessidades do futuro professor, por mais que exista um grande material de referencia como os PCN’s as Lições do Rio Grande e entre outros, a preparação do

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21 profissional é muito importante, pois será o reflexo norteador para inovar em suas aulas, sendo assim,

Para que essa potencialidade seja integralmente explorada necessita-se de uma reformulação nos padrões em que a mesma é lecionada e planejada atualmente, buscando a priorização por conteúdos e sistemáticas atualizadas, a fim de lograr sucesso no ensino dessa arte que se mostra extremamente importante para todos os alunos (DOS SANTOS, SILVA, 2015, p. 22). Neste segundo eixo serão abordadas algumas concepções nas perspectivas do ensino superior, assim como uma reflexão dos métodos de ensino.

De acordo com as diretrizes curriculares nacionais para o ensino superior CNE/CES nº7/2007 as competências e habilidades pretendidas na formação superior em Educação Física compreendem experiências de interação teoria-prática, na qual toda sistematização teórica deve ser articulada com as intervenções acadêmico-profissional e que estas sejam caracterizadas por posicionamentos reflexivos e que se tenham consistência e coerência conceitual. Nesse sentido, as CNE/CES nº7/2007 sugere que as competências não podem ser adquiridas apenas no plano teórico, ou instrumental. Mas que, no entanto, é imprescindível, que se tenha coerência entre a formação oferecida, e as exigências práticas esperadas do futuro profissional assim como as necessidades de formação, de ampliação e de enriquecimento cultural.

Nesta visão em relação à competência, deve se ter uma compreensão além das dimensões do fazer, do saber fazer ou do saber intervir. Na hipótese dessas diretrizes é possível identifica-la como uma concepção de currículo compreendido através do processo de formação da competência humana histórica. Assim sendo, compreende-se que a competência se caracteriza sobre a condição de refazer permanentemente nossa relação com a sociedade e a natureza, que se pode ser usando como instrumento o conhecimento inovador de perspectiva independente, que se da a partir das competências do ensino superior.

Conforme as CNE/CES nº7/2007,

O trato das unidades de conhecimento deverá ser guiado pelo critério da orientação e da formação crítica, investigativa e reconstrutiva, pelo princípio da dissociabilidade entre teoria e prática, bem como orientado por valores sociais, morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática. As questões pertinentes às peculiaridades regionais, às identidades culturais, à educação ambiental, ao trabalho, às necessidades das pessoas portadoras de deficiência e de grupos e comunidades especiais deverão ser abordadas no trato dos conhecimentos da formação do graduado em Educação Física (CNE/CES nº7/2007, p. 2).

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22 Neste sentido, se considera “que o ensino, a pesquisa e a extensão sejam elementos estruturais e constitutivos do projeto curricular de formação e não apenas sugestões a serem observadas e implementadas pelo curso” (DAVID et al; 1999, p. 145).

Partindo das concepções dos autores David (at al, 1999) sobre os princípios do currículo de formação acadêmica, este deve ser estruturado de uma forma que venha a garantir a unidade da formação profissional, por mais contraditória e equivocada que seja a divisão dos conhecimentos académicos que são: básicos, essenciais e profissionais. Sendo assim, pode-se dizer que todos os conhecimentos tem uma fundamental importância para a concretização da formação de um profissional devidamente competente no domínio dos conteúdos, compromissado no aspecto político-social, e receptivo em quanto ao seu papel de intelectual crítico e inovador.

Entende-se assim,

que qualquer currículo que se preze pela coerência e rigor aos compromissos pré-estabelecidos em suas elaborações teórico metodológico e conceituais, jamais se utilizaria do argumento da secundarizarão de conteúdos ou da desqualificação de conhecimentos em detrimento de outros. todos os saberes devem estar no mesmo nível de exigências e de qualidade no contexto curricular (DAVID et al, 1999, p. 153).

Pois, as definições de competências a partir deste plano de estudos, são norteadores para definir qual o tipo de aquisição, competências, o profissional devera dominar, nesse sentido, objetiva-se a intervenção conscientemente, junto à realidade, que seja uma produção de conhecimentos, na qual proponha alterativas visando à superação ou transformação desta mesma realidade.

Para se obter mais conhecimento e complementar a pesquisa, buscou-se por descrições de disciplina que compreende dança em algumas Universidade da região que se localizam próximo a Unijuí. Os resultados foram obtidos nos próprios sites das universidades1. No entanto, a ementa das disciplinas foi disponibilizada apenas por uma das instituições.

A Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ – tem em seu currículo tanto no bacharel tanto na licenciatura disciplinas que compreende dança. No entanto, no se que compete ao Bacharelado, o curso tem em seu currículo o componente de Ginástica Rítmica no 4º/Semestre, que visa à compreensão e vivencias de variadas formas de

1 Sites das Universidades:

Site de busca da UNICRUZ: https://home.unicruz.edu.br/ Último acesso em junho/2017 Site de busca da UPF: http://www.upf.br/ Último acesso em: junho/2017

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23 sons, ritmos e linguagem gestual, através de roda e brinquedos cantados jogos de integração e dramáticos, favorecendo a inserção do corpo humano em um mundo de analogias significativas, estabelecendo relações dialéticas consigo, e com os demais corpos expressivos e objetos perceptíveis. Nesta perspectiva a disciplina engloba uma linguagem abrangente do que se pode se referir à expressão corporal e ritmo.

Já no que se refere ao currículo de Licenciatura à proposta é a mesma, apenas recebe um nome diferente: atividades rítmicas e expressivas - Esta disciplina visa a compreensão e vivências de variadas formas de sons, ritmos e linguagem gestual, através de rodas e brinquedos cantados, jogos de integração e dramáticos, favorecendo a inserção do corpo humano em um mundo de analogias significativas, estabelecendo relações dialéticas si próprio, com os demais corpos expressivos e objetos perceptíveis.

Na Universidade de Passo Fundo – UPF – o currículo compreende os mesmos componentes tanto na Licenciatura e Bacharelado no âmbito do ensino relacionado à dança. As disciplinas são elas: Fundamentos e metodologias de dança e expressão corporal no 1º/Semestre e Fundamentos e metodologias de Dança Folclórica no 4º/Semestre.

Já na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI– de Santo Ângelo, consta no currículo apenas uma disciplina que aborda o ensino relacionado à dança a Metodologia do ensino da dança, abordada no 6º/Semestre.

Em contraponto a Universidade em questão desta pesquisa – Unijuí – possui dois componentes referentes ao assunto, as Práticas corporais expressivas I e II, que compreende os currículos tanto do Bacharelado e Licenciatura. Nesses componentes, de acordo com a ementa do curso, compreende que nas Práticas corporais expressivas I, abordada no 5º/Semestre que tem como pré-requisito a disciplina de Ginastica II, se tem a intenção de intensificar e dinamizar as reflexões epistemológicas conceituais e vivências corporais acerca da dimensão do corpo sensível e da expressividade, tanto num limiar subjetivo (caráter experiencial) quanto profissional (capacidade do “olhar sensível”). Nesse sentido, o foco são os conhecimentos já trabalhados na disciplina de Ginastica II, mas na qual não ganharam centralidade. Também a partir da analise por contraste com outras práticas corporais possibilita aos estudantes a percepção da dimensão expressiva do sujeito e sua relevância no planejamento de qualquer intervenção profissional centrada na educação saúde ou o lazer.

Já disciplina de Práticas Corporais e Expressivas II, sugere que os estudantes sejam desafiados a aprofundar e ao mesmo tempo especificar relações conceituais

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24 importantes inaugurados na disciplina de Práticas Corporais Expressivas I (subjetividade, ludicidade, expressividade) tendo as vivências em dança como elemento norteador do processo reflexivo. Nesta relação teórica e prática objetiva-se ampliar a dimensão do sujeito como produtor e cultura.

David (et al, 1999), ressalta que neste contexto todas as disciplinas deveriam ser rigorosamente avaliadas para que possam atender satisfatoriamente aos objetivos previstos para a formação profissional, tanto em relação ao específico, quanto as suas logicas internas na grade curricular. Por isto, os autores consideram que o projeto curricular tem como prioridade apresentar coerência, e que todos os conteúdos selecionados sejam rigorosamente essenciais na materialização qualitativa do projeto curricular.

A velha concepção de que um profissional devera ser formado através de etapas, por meio de pré-requisitos ou por conteúdos profissionalizantes num dado momento, conhecimentos básicos em outro e conhecimentos culturais noutro, pertence a outras épocas históricas e precisa ser refletido criticamente na Universidade. Do mesmo modo, os modelos curriculares fragmentados, fechados e superficiais, direcionados para formação profissional restrita, devem servir de objeto de profundas analises no campo das novas tendências cientificas, culturais e sociais colocadas em nossos dias (DAVID et al; 1999, p. 154).

Com base nestas referencias, pesando na formação acadêmica, para alcançar os resultados mais precisos e necessários, poderia se considerar em uma reformulação na forma como a dança é proporcionada atualmente.

Diante destes apontamentos, as autoras Ehrenberg, Fernandes e Bratifisch (2014), apresentam uma proposta de disciplina de dança para a formação acadêmica – anexo 7. Na qual segue pautada em resoluções estabelecidas para a formação, mas que, no entanto mostra outra realidade de ensino que atendam necessidades especificas para a formação.

Fundamentada nos resultados alcançados na pesquisa de doutoramento de Eherenberg (2008 apud EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014), apresenta-se aqui uma proposta de disciplina de dança para formação acadêmica do curso de Educação Física, onde as autoras (EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014) organizam os conhecimentos a serem trabalhados.

Inicialmente, como sugere Sborquia e Gallardo (2006 apud EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014), é de grande importância considerar e estabelecer competências a serem desenvolvidas no ensino superior na formação inicial, que são elas: competência pedagógica: entendimento que permite ao futuro professor

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apropriar-25 se do conhecimento e saber quando, como e por que aplica-lo; competência técnica: é o conhecimento especifico do assunto em questão; competência politica: permite que os futuros profissionais sejam capazes de avaliar práticas reais, pensando sobre a educação e formação social circundante; competência humana: prevê a valorização do saber na construção do conhecimento. Onde os futuros profissionais reconheçam os valores que seus alunos já possuem e trazem, criando cidadãos com intermediação do conhecimento. Sendo esta, uma forma de proposta de organização da disciplina de dança dentro da Educação Física no ensino superior junto ao currículo, pautada nas resoluções estabelecidas pra formação.

As autoras (EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014), ressaltam que esta proposta tem como iniciativa contribuir de tal maneira, a fim de possibilitar novas discussões, a fim de colaborar para que ela se finde nas construções necessárias para aproximar de uma realidade mais favorável na formação inicial.

A proposta consiste em uma estrutura da disciplina de dança para formação acadêmica inicial: organização da revisão literária; organização dos conhecimentos a serem trabalhados. Os conhecimentos a serem trabalhados são construídos a partir de duas disciplinas, intituladas Dança I e Dança II.

Os objetivos propostos pelas autoras (EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014) se constituem em formas de reflexão quanto a conteúdo: oferecer conhecimentos relevantes (históricos e sociais), propiciar diversas vivencias e conhecimentos em relação à dança assim como discutir e identificar as especificidades de ensino; forma: fundamentar e contextualizar estratégias rítmicas e aplicáveis, vivenciar possibilidades de vivencias rítmicas no próprio corpo, e composição coreográfica com ou sem utilização de musica (sons do corpo ou materiais) e aplicação: apropriar-se dos elementos básicos da dança, capacitar os participantes como monitores para auxiliarem na tal disciplina para os próximos alunos que virão.

Seus objetivos englobam conteúdo: oferecer conhecimentos relevantes (históricos e sociais) no que diz respeito às manifestações culturais propostas na disciplina, discutir e identificar relevâncias na sociedade através dessas manifestações, superar conhecimentos do senso comum, propiciar diversas vivencias e conhecimentos em relação a dança assim como discutir e identificar as especificidades de ensino; forma: fundamentar e contextualizar diferentes danças e aplicáveis, vivenciar os diversos ritos em cada manifestação de dança proposta; aplicação: apropriar-se dos elementos básicos da dança, capacitar os participantes como monitores para auxiliarem

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26 na mesma disciplina para os próximos alunos que virão (EHRENBERG; FERNANDES; BATIFISCHE, 2014).

2.3 A Dança No Contexto Histórico E Seu Status Atual

Falar de dança é discorrer de um universo histórico, complexo e continuo. Segundo Teles, Schmidt 2009, a dança pode ser considerada uma das primeiras manifestações do homem, através do emocional, um conjunto de movimentos e ritmos dos mais variados sentidos.

Sendo assim, historicamente, a origem da dança teve sua trajetória na vida do homem através da necessidade de comunicação. Pois antes de falar oralmente, ele falou através do movimento, usou da dança como uma linguagem gestual, para representar ou expressar suas necessidades, o homem dançou, para comemorar, reivindicar, por amor, por luta, religiosidade, por ideais, louvor a deuses, ou mostrar suas insatisfações (DINIZ; SANTOS, 2010).

Portanto, a dança teve sua evolução e desenvolvimento, a partir do momento em que o homem sentiu necessidade de se comunicar. Porém, em Nanni (apud CAPRI; FINCK, 2013, p. 119), afirma que

[...] nos dias atuais não pode ser percebida apenas como resultado de um processo histórico das civilizações; com suas particularidades religiosas, seus costumes, comportamentos e lazer; mas também como a imagem da capacidade de expressão humana e cultural dos povos.

Desta maneira, Teles e Schmidt (2009, p.1111), evidenciam que,

Com o passar dos anos, a arte da dança em suas mais variadas manifestações, teve diversas passagem até chegar aos dias atuais, pode se dizer que hoje é caracterizada também como ensino educacional. Deixando de ser apenas entretenimento, a dança foi e está sendo cada vez mais adaptada à educação, além de ser arte, é uma prática corporal em que o indivíduo conhece com maior sensibilidade o próprio corpo.

Com sua transformação nos passar dos anos, pode-se perceber no texto acima, que a dança nos dias atuais não se limita somente as formas tradicionais, mas também passa a ser um mecanismo de ensino.

Em Capri e Finck (2013), é apresentado que a dança se encontra presente na EF desde 1997, como um dos conteúdos da cultura corporal do movimento. Apontam ainda que diante dos Parâmetros Nacionais Curriculares (PCN’s) está incluída com denominação “Atividades Rítmicas e Expressivas”. Apontando que dança deve ser parte de conteúdo a ser desenvolvido na escola, através das áreas de atuação Artes ou EF.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 Abordagem Da Pesquisa

A presente pesquisa se caracteriza como qualitativa exploratória. Neste tipo de pesquisa, busca-se o aprimoramento de ideias e instruções. Pesquisa bibliográfica, com entrevistas com profissionais que tiveram experiências que se busca nesta pesquisa, e alunos do curso de Educação Física. No entanto, também se busca manter certa discrição com as coletas utilizadas nesta pesquisa.

Segundo Gil (2002, p. 45)

Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e c) análise de exemplos que estimulem a compreensão.

3.2 Contextos Da Pesquisa

A pesquisa se realizou na Universidade Regional do Noroeste do Estado – Unijuí, no município de Ijuí. Segundo os dados obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, com base no ultimo censo realizado no ano de 2015, Ijuí é um município do noroeste do estado que conta com a aproximadamente 83.089 pessoas. Para os dados relativos Ensino Superior, foi realizada uma pesquisa através do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, na qual mostra que Ijuí possui 3 instituições de Ensino Superior, dentre elas a Unijuí, a Universidade em questão, polo desta pesquisa. A instituição possui 34 cursos de graduação entre Bacharelado e Licenciatura, dentre eles o curso de Educação Física, na qual teve 148 novas matriculas de acordo com o ultimo censo em 2013. Para fim, essa pesquisa foi realizada com 15 alunos devidamente matriculados no curso de Educação Física na disciplina de Práticas Corporais Expressivas I, e duas professoras de Ensino Superior que já que desenvolveram essa disciplina na instituição.

Também foi realizado um comparativo entre os cursos de Educação Física, que contemplem essa disciplina nas Universidades com mais proximidades a Ijuí (descritos

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28 nos Resultados e Discussões), na qual os resultados obtidos se deram através de pesquisa virtual via sites das instituições.

3.3 Sujeitos Da Pesquisa

A população participante desta pesquisa foram duas professoras de Ensino Superior, e quinze acadêmicos devidamente matriculados no componente curricular de “Práticas Corporais Expressivas” do curso de Educação Física da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Para manter a descrições dos sujeitos, foram identificados por nomes fictícios, os professores receberam os nomes de Samba e Jazz, já os acadêmicos foram enumerados de 1 a 15, conforme o numero de alunos da disciplina. E ainda foram realizadas pesquisas sobre as abordagens do conteúdo de dança em demais cursos de Educação Física nas Universidades locais por proximidade a Ijuí, a pesquisa se deu por sites de buscas das instituições: Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ; Universidade de Passo Fundo – UPF; Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai das Missões – URI Santo Ângelo.

3.4 Instrumentos E Procedimentos De Pesquisa

Primeiramente, busca-se em um referencial teórico, uma reflexão acerca dos objetivos desta pesquisa, já mencionados. Para que assim, possa ser realizadas discussões e hipóteses para o aprimoramento de ideias.

Foi realizada a solicitação da ementa do curso de Educação Física – através de um termo de solicitação no anexo 4 – e PCNs, para analisar os conteúdos propostos. A análise foi feita a partir do referencial teórico e através de entrevistas com professores da instituição, sobre as metodologias abordadas na ementa do curso, e o que é realizado em aulas no componente curricular. Sendo assim, foi possível uma maior compreensão de como a universidade aborda o conteúdo dança na formação do acadêmico.

Através da carta de apresentação no anexo 1, foram agendadas entrevistas com professores da universidade, via contato de E-mail, enviadas no dia 24 de junho, e devolvidos no dia 29 de junho e transcritas de forma sucinta nesse trabalho, e realizado um questionário com os alunos devidamente matriculados na disciplina de Práticas

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29 Corporais Expressivas I no 5º/Semestre do curso de Educação Física da Unijuí, no dia 29 de junho, onde foi disponibilizado 30min da aula para a colaboração com a pesquisa. Para fins, de ter maior entendimento sobre como os profissionais abordam o conteúdo da dança em seu planejamento, e qual foi o papel da universidade para sua capacitação durante a formação acadêmica. Neste sentido, a partir do questionário com os acadêmicos em formação, também foi possível uma reflexão discursiva sobre sua preparação dos mesmos para ministrar dança no âmbito escolar ou não escolar.

Sendo assim, completada com uma análise e discussões dos exemplos e resultados, a fim de estimular a compreensão e reflexão. Possibilitando novas considerações e talvez soluções.

3.5 Análise e Interpretação Dos Dados

Nesta pesquisa, as entrevistas e ementa do curso foram analisadas de forma exploratória, buscando uma maior reflexão que estimule a compreensão, possibilitando possíveis soluções na forma em como a disciplina de dança é abordada pela instituição de ensino superior. Por tanto, pode-se dizer, que a partir desta pesquisa, foi possível conhecer mais sobre o assunto, a fim de estar apto para construir hipóteses.

3.6 Aspectos Éticos Da Pesquisa

Para cuidados éticos desta pesquisa, não serão mencionados nomes dos profissionais e acadêmicos entrevistados. Pois a não identificação, além de ético, deixa o indivíduo mais ‘à vontade’ para responder e deixar claro as respostas ao que será entrevistado. A participação dos sujeitos foi por livre e espontânea vontade, afim que aceite realizar as entrevistas e que dê seus relatos, para bons resultados e análises na coleta de dados.

Os resultados foram divulgados mediante autorização dos mesmos, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. No entanto, durante o estudo, os orientadores e demais, terão acesso às entrevistas que foram realizadas para a obtenção dos resultados. Todos os dados obtidos serão preservados.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para uma melhor compreensão dos resultados, podemos salientar que a escolha das Instituições de Ensino Superior se deu a partir de dois critérios: o primeiro pertencer à rede do COMUNG (Universidades comunitárias do RS); e segundo, critério de localização – mais proximidade – com a Unijuí. Conforme podemos visualizar no mapa abaixo:

Fonte: (A AUTORA, 2017).

Para complementar a pesquisa, foi realizada uma entrevista com duas professoras do Ensino Superior, que já teriam desenvolvido essa disciplina, no polo central de estudos que foi a Unijuí, devido à impossibilidade de deslocamento da estudante em ir até as demais instituições. Para manter o sigilo dos dados, não serão divulgados nomes das entrevistadas, no entanto, as professoras serão representadas por nomes fictícios, professora Samba e professora Jazz. A entrevista semiestruturada foi elaborada pela autora do estudo.

Ainda foram elaboradas analises e discussões a partir dos questionários realizados com os alunos, assim como um comparativo a disciplinas relacionadas ao conteúdo de dança das Universidades pesquisadas.

Iniciando as análises, as professoras foram questionadas sobre o método de ensino/dança que utilizam e/ou utilizaram no componente de Práticas Corporais e Expressivas. Em relação à forma de trabalho a professora Samba utilizava o método de dança criativa e da dança-educação, pois ela trabalha na perspectiva de expressão corporal, criação de movimentos (pesquisas das possibilidades), assim como, as

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31 particularidades históricas dos diferentes ritmos, além de seus aspectos culturais e, gestuais e que contemplem da melhor forma a ementa do curso. Já a forma de trabalho da professora Jazz se dava por meio de aulas abertas, com enfoque na problematização, criação e arguição sustentada, mesclando sempre entre os momentos teóricos e práticos. “Incentivando a pesquisa, através da escrita corporal e da própria grafia/leitura, da imagem, de filmes...” (JAZZ, 2017).

Nesta mesma abordagem, referente à forma de abordar o conteúdo segundo Soares e Saraiva (2006, p. 105) “um dos caminhos para a dança educativa pode ser o confronto dos movimentos vividos pelas crianças com os movimentos da dança, construído através de um planejamento coerente com as necessidades dos alunos”. Ou seja, é através do processo de descobertas e possibilidades de manifestação própria que proporcionará aos sujeitos o conhecimento de outras formas de movimentos, além daqueles pré-estabelecidos, e ao mesmo tempo em que constroem a aula junto ao professor, mas que esse tenha por clareza respeitar a as individualidades, oportunizando lhes a naturalidade, espontaneidade e criatividade.

Quando questionadas sobre as facilidades e dificuldades encontradas no ensino superior como docente, a professora Samba, relata que, mesmo que as turmas sejam distintas, que cada turma/semestre é um novo desafio, as facilidades de entrosamento e clima de descontração que a música e a dança oferecem é sempre frequente nas aulas. Contudo, “alunos chegam ao componente sem experiência alguma com o tema, dificultando o ensino, pois a maior parte do tempo no componente precisa ser dedicada ao contato com a música e seus ritmos” (SAMBA, 2017). Complementa ainda, que as experiências rítmicas de sensibilização precisam ser exploradas antes de partir para uma parte mais metodológica.

Nesta perspectiva, a professora Jazz descreve as muitas dificuldades e facilidades que foram encontradas. A professora, ressalta que, para todas as ofertas semestrais lhe coube “saber articular caminhos metodológicos que dessem conta da ementa, em aproximação com o contexto dos alunos diretamente envolvidos (a cada tempo)” (JAZZ, 2017), e ainda o conjunto de demandas, fazia com que a mesma tivesse clareza com os objetivos do componente “(saber fazer o recorte do saber possível de se desenvolver em 4 créditos ofertados)” (JAZZ, 2017), ter e permitir acesso a bibliografias em permanente renovação, aliar teoria e prática.

Neste sentido, se faz necessário o entendimento proposto por David (et al, 1999) no qual se refere que para qualquer projeto curricular que se propõe desenvolver a

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32 mecanismos de melhorias das capacidades e competências deverá se pautar em conteúdos que levem os profissionais a compreender as particularidades e especificações de cada sujeito. Contudo, essas especificações poderiam ser melhor abordada e esclarecida a partir de uma melhor reorganização do currículo.

Ainda assim, sobre suas perspectivas em relação a como a universidade aborda ou abordava o componente, a professora Samba é sensata ao mencionar que mesmo que na instituição exista dois componentes ligados a essa temática, ela acredita que poderiam ter mais componentes relacionados ao tema, para que essa, “possa abranger mais especificamente o conhecimento da disciplina, pois componentes como esse conseguem oportunizar um debate muito próprio sobre subjetividade e olhar sensível”, revela. Contudo, vale ressaltar a importância da abordagem deste componente no curso, que não é uma realidade de muitas instituições (EHRENBER 2014).

Já na perspectiva da professora Jazz, a mesma relata que ao receber a demanda, sentou por vezes com a professora anteriormente titular para compreender os modos de atuação que essa tinha e os desafios que o componente exigia. Também eram realizados frequentes debates em grupo de professores vinculados ao curso, “momento em que todos ouviam os modos de atuação do professor titular da “cadeira”, onde se acessava os materiais didáticos em concomitante troca, com sugestões para o que esta sendo desenvolvido”. Abordavam-se conceituações e experiências acerca do som, do silêncio, do ritmo (em dimensões corporal, verbal, instrumental).

Ainda no ponto de vista da professora Jazz, outra abordagem envolvia o enfoque do folclore- história, importância da tradição, da memória, fazia parte de sua abordagem pois, “efetivava-se, o resgate de canções, de brinquedos, brincadeiras cantadas e expressivas como, parlendas, trava-línguas, rodas, versos, cordas, taquaras, entre outros” (JAZZ, 2017).

De acordo com o que nos descrevem sobre aceitação e motivação dos alunos sobre a disciplina, “muitos dos alunos precisam ser motivados a participar da aula, outros estão sempre “prontos”, contudo a prática tem sido um “problema” recorrente nas aulas” (SAMBA, 2017). Sendo assim, podemos considerar, que conforme nos relata a professora Samba sobre a disciplina, esta poderia ser mais abrangente, podemos relacionar com o seu relato sobre os alunos serem resistentes as práticas, pois estes quando chegam à disciplina sem experiência, realmente encontraram mais dificuldades em se desenvolver na disciplina, e quando a mesma está conseguindo alcançar seus objetivos como componente, ela chega ao final, e o conteúdo fica ocioso.

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