ANÁLISE DE CONSTRUTIBILIDADE NA INSTALAÇÃO DE CANTEIRO DE OBRAS RESIDENCIAIS
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil
Orientador: Prof.ª Cristine do Nascimento Mutti, Ph.D.
Florianópolis 2020
OBRAS RESIDENCIAIS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Engenheiro Civil” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Engenharia Civil
Florianópolis 08 de dezembro de 2020
Profa. Luciana Rohde, Dra. Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
_________________________________________ Prof.ª Cristine do Nascimento Mutti, Ph.D.
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
Prof.ª Dr.ª Fernanda Fernandes Marchiori Universidade Federal de Santa Catarina
Eng. Victor Delegrego Grupo SEACON - UFSC
"Devido à sequência no fluxo de elaboração de projeto e construção, não é incomum que construtores reclamem de projetos inadequados que tornam sua tarefa de construção difícil."
(Patrick T. I. Lam, Franky W. H. Wong e Albert P. C. Chan, 2006)
Gostaria de dedicar este trabalho primeiramente à minha família. A minha esposa Priscila, e ao meu filho Lorenzo.
Agradeço também aos companheiros de curso. Em especial aos amigos Mikerson, Yan Martins, Júlio Cesar e Bruno Karasiak Meneguz.
Também dedico a minha orientadora Cristine do Nascimento Mutti, PhD, pelo apoio e dedicação desempenhada no desenvolvimento deste trabalho. Além de fundamental contribuição para minha formação acadêmica.
Agradeço aos engenheiros civis Cleverson Castanho Ferreira e Alex Sandro Rodrigues por todas as observações e contribuições na elaboração deste trabalho.
Ainda agradeço ao arquiteto Ulisses Cardoso Duarte pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho e pelas considerações pertinentes ao assunto abordado.
De igual modo sou agradecido à engenheira civil Mayara Paula Pegoraro Agnes, aluna de mestrado em engenharia civil da Universidade Federal de Santa Catarina pelo apoio dispensado na elaboração deste trabalho.
Agradeço ao engenheiro civil Newton José Schwinden Filho pelo apoio em minha jornada acadêmica e aos ensinamentos importantes para minha vida profissional.
Agradeço ao engenheiro civil Victor Delegrego, membro do grupo Seacon, pelas considerações acerca do tema abordado, além das contribuições fundamentais para a elaboração deste trabalho.
Sabe-se que a indústria da construção em geral enfrenta problemas operacionais nos canteiros de obras, durante a execução de empreendimentos. Este trabalho objetiva estudar os conceitos e princípios de construtibilidade e analisar tais princípios no planejamento e implantação dos canteiros de obras. Para isso, é proposto e aplicado um método de avaliação de construtibilidade de canteiros de obras, A revisão bibliográfica tem o objetivo de apresentar as principais definições, conceitos e princípios de construtibilidade para canteiros de obras identificados, servindo como base para o método simplificado de avaliação de construtibilidade na implantação de canteiros proposto no trabalho. A abordagem de pesquisa foi qualitativa. Elaborou-se um checklist dividido em duas etapas. Na primeira analisou-se se as obras satisfazem os requisitos de segurança do trabalho exigidos por normas. Já na segunda foi avaliada a construtibilidade dos canteiros. Visou-se, com isso indicar uma associação dos conceitos de construtibilidade de canteiro e requisitos de segurança do trabalho exigidos por normas. Foram conduzidos estudos de casos em três canteiros. As duas primeiras obras, de grande porte, situadas em Florianópolis, obtiveram boa pontuação na avaliação de construtibilidade e nota ótima na pontuação de segurança trabalho. Já a terceira obra, de pequeno porte, teve pontuação baixa em construtibilidade e na avaliação de segurança do trabalho. Uma das limitações encontradas ao longo deste trabalho foi a falta de ampla discussão sobre construtibilidade de canteiros na literatura. Cabe destacar que não se pretendeu criar um método completo para avaliação da construtibilidade na construção e uso do canteiro de obras. A contribuição principal do trabalho é chamar a atenção para a importância de considerar fatores de construtibilidade no planejamento e execução nos canteiros de obras.
Palavras-Chave: Construtibilidade. Padronização. Produtividade. Planejamento. Racionalização.
It is well known that the construction industry in general faces operational problems in construction sites during the execution of projects. This work aims to study the concepts and principles of constructability and show the importance of paying attention to such principles in the planning and implementation of construction sites. For this purpose, a method for assessing the construction site constructability is proposed and applied. The bibliographic review aims to present the main definitions, concepts and principles of constructability for construction sites. It served as a basis for the simplified method of assessment of constructability of construction sites proposed in the work. The research approach was qualitative. A checklist divided into two stages was developed. In the first, it was analyzed whether the building sites meet the work safety requirements demanded by standards. In the second, the constructability of the building sites was evaluated. The aim was to indicate an association between the concepts of construction site constructability and work safety requirements required by standards. Case studies were conducted at three sites. The first two large projects, located in Florianópolis, obtained a good score in the constructability assessment and an excellent score in the job safety score. The third project, of smaller size, had a low score both in constructability and in the evaluation of work safety. One of the limitations found throughout this work was the lack of a wide discussion on the construction of construction sites in the literature. It should be noted that it was not intended to create a complete method for assessing the constructability in construction sites. The main contribution of the study is to draw attention to the importance of considering factors of constructability in the planning and execution of such construction sites.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Influencia das fases de projeto no custo final da Edificação ... 25
Figura 2 - Escala de Construtibilidade ... 39
Figura 3 - Utilização de Containers em Instalações sanitárias ... 41
Figura 4 - Vestiários ... 41
Figura 5 - Fluxograma da metodologia ... 47
Figura 6 - Termômetro ... 55
Figura 7 - Avaliação da segurança das obras ... 73
Quadro 1 - Requisitos de Modelos de avaliação da construtibilidade ... 21
Quadro 2 - Categorias das Edificações ... 22
Quadro 3 - Sistemas Construtivos no BDAS ... 23
Quadro 4 - Princípios de construtibilidade em operações de canteiro ... 26
Quadro 5 - Princípios de construtibilidade de canteiro de obras ... 27
Quadro 6 - Equipamentos Inovadores ... 30
Quadro 7 - Materiais Inovadores ... 30
Quadro 8 - Critérios de Avaliação de Construtibilidade ... 37
Quadro 9 - Buildability Index para os Aspectos dos serviços construtivos ... 37
Quadro 10 - Indicadores de Construtibilidade ... 38
Quadro 11 - Indicadores de construtibilidade de Formas ... 39
Quadro 12 - Tipo de Canteiro de Obras ... 43
Quadro 13 - Checklist de Segurança do trabalho ... 51
Quadro 14 - Classificação da Pontuação ... 53
Quadro 15 - Critério de Avaliação... 55
Quadro 16 - Avaliação de construtibilidade do canteiro... 56
Quadro 17 - Figuras Ilustrativas da Obra "A" ... 58
Quadro 18 - Figuras ilustrativas da Obra "A" ... 60
Quadro 19 - Figura Ilustrativa da Obra "B" ... 63
Quadro 20- Figuras ilustrativas da Obra "B" ... 64
Quadro 21 - Figuras ilustrativas da Obra "B" ... 65
Quadro 22 - Figuras ilustrativas da Obra "B" ... 67
Quadro 23 - Figuras Ilustrativas da Obra "C" ... 70
Quadro 24 - Figuras ilustrativas da Obra "C" ... 71
Quadro 25 - Critérios e observações na Obra "A" ... 74
Quadro 26- Avaliação de construtibilidade da Obra "A" ... 77
Quadro 27- Avaliação da Obra "A" ... 78
Quadro 28- Critérios e observações na Obra "B" ... 79
Quadro 29 - Avaliação de construtibilidade da Obra "B" ... 82
Quadro 30- Avaliação da Empresa "B" ... 83
Quadro 31 - Critérios e observações na Obra "C" ... 84
Quadro 32 - Avaliação de construtibilidade da Obra "C" ... 86
Tabela 1- Resultado do checklist da Segurança da obra "A" ... 74 Tabela 2 - Resultado do checklist da Segurança da obra "B" ... 79 Tabela 3 - Resultado do checklist da Segurança da obra "C" ... 84
BAM – Buildability Assessment Model BDAS – Buildable Design Appraisal System BI - Buildability indices
BIM - Building Information Modeling BWs - Buildability Weightings
CIRIA - Construction Industry Research and Information Association CII - Construction Industry Institute
CII Australia – Construction Industry Institute Australia CP – Princípios de Construtibilidade
1 INTRODUÇÃO ... 8 1.1 JUSTIFICATIVA... 9 1.2 OBJETIVOS ... 10 1.2.1 Objetivos Gerais ... 10 1.2.2 Objetivos Específicos ... 10 1.3 DELIMITAÇÕES ... 10 1.4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ... 11 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 13 2.1 HISTÓRIA DA CONSTRUTIBILIDADE ... 13 2.2 PRÍNCIPIOS DE CONSTRUTIBILIDADE ... 16
2.3 DEFINIÇÕES DE BUILDABILITY E CONSTRUCTABILITY ... 17
2.3.1 Definições de buildability ... 18
2.3.2 Definições de constructability ... 18
2.3.3 Principais características do conceito de construtibilidade ... 19
2.4 MODELOS DE AVALIAÇÃO DE CONSTRUTIBILIDADE ... 20
2.4.1 Construção de um método de avaliação da Construtibilidade ... 20
2.4.2 Método BDAS ... 21
2.4.3 Buildability Assessment Model (BAM) ... 24
2.5 CONSTRUTIBILIDADE EM CANTEIROS DE OBRAS ... 25
2.6 PRINCÍPIOS DE CONSTRUTIBILIDADE PARA CANTEIRO DE OBRAS ... 26
2.6.1 CP1- Uso de equipamentos e materiais inovadores no canteiro ... 28
2.6.2 CP2 - Reduzir as distâncias de movimentações desnecessárias de materiais no canteiro ... 31
2.6.3 CP3 - Promover acessibilidade para trabalhadores, equipamentos e materiais no canteiro ... 32
2.6.4 CP4 - Padronização dos elementos do canteiro ... 33
2.6.5 CP5 - Considerar a continuidade dos trabalhos sob condições adversas de clima ... 34
2.6.6 CP6- Considerar a segurança e condições do ambiente de trabalho na avaliação de construtibilidade ... 35
2.7 SISTEMAS DE INDICADORES ... 36
3.1 DEFINIÇÃO DE CANTEIRO DE OBRAS ... 42
3.2 DIAGNÓSTICO DE CANTEIROS DE OBRA EXISTENTES ... 44
3.2.1 Lista de verificação ( checklist ) ... 45
3.2.2 Croquis do layout do canteiro ... 45
3.2.3 Registro fotográfico ... 45
4 MÉTODO ... 47
4.1 AVALIAÇÃO DA CONSTRUTIBILIDADE DA SEGURANÇA ... 50
4.2 AVALIAÇÃO DE CONSTRUTIBILIDADE DOS CANTEIROS ... 53
4.2.1 Cálculo da pontuação da construtibilidade ... 54
5 ESTUDOS DE CASOS ... 57
5.1 VISÃO GERAL ... 57
5.1.1 Obra "A" Avaliada ... 57
5.1.2 Obra "B" Avaliada ... 62
5.1.3 Obra "C" Avaliada ... 69
5.2 RESULTADOS DO CHECKLIST ... 72
5.2.1 Resultados da Obra "A" ... 74
5.2.2 Resultados da Obra "B" ... 79
5.2.3 Resultados da Obra C ... 83
5.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 87
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 90
6.1 CONCLUSÕES... 90
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 92
REFERÊNCIAS ... 93
APÊNDICE A – Checklist de segurança do trabalho ...99
1 INTRODUÇÃO
A indústria da construção está em constante busca por competitividade (SOUZA; SABBATINI, 2004). Nesse contexto, o planejamento e controle das atividades do canteiro são importantes ferramentas de gerenciamento (BRAGA, 2016).
Para Bulhões (2009) o modo de produção em canteiros de obras é caracterizado por interrupções no fluxo de trabalho, gerando dessa forma desperdícios dos recursos nele empregado.
Corroborando com este pensamento Saurin e Formoso (2006) constataram em suas pesquisas os baixos índices de produtividade e elevado desperdício de recursos em canteiros de obras.
Menegazzo e Silva (2015) apontam para a necessidade da indústria da construção civil em melhorar o sistema de planejamento e controle de produção de seus canteiros. Para isso, sugerem que a indústria da construção civil precisa melhorar o planejamento de seus projetos.
Diante disso os conceitos de construtibilidade tentam reunir as etapas de projeto e execução de modo a facilitar o processo construtivo e melhorar o planejamento do empreendimento. Contribuem, dessa forma, com a redução de custos, tempo necessário para a execução do projeto e necessidade de mão de obra (GAMBATESE, 2012).
Para Barbosa (2013) construtibilidade é um conjunto de medidas aplicadas ao projeto com o intuito de facilitar a realização de serviços durante a etapa de execução.
Para Zhang et al (2016), apesar do fato de que da aplicação dos conceitos de construtibilidade podem representar redução de 1% a 14% nos custos de capital, na indústria da construção as empresas ainda carecem de ferramentas avançadas para a avaliação da construtibilidade.
No Brasil os conceitos de construtibilidade não são amplamente divulgados ou conhecidos. No entanto, trabalhos relacionados ao assunto vêm sendo desenvolvidos (ABREU, 2020; DELEGREGO, 2017; FIN, 2019; MAESTRI, 2018; NARLOCH, 2015; RODRIGUES, 2005).
1.1 JUSTIFICATIVA
A facilidade de construir, influenciada pela construtibilidade dos canteiros de obras, pode conduzir a melhoria na qualidade do produto entregue ao cliente, redução de prazos, custos e redução de retrabalhos. Além disso, aumenta a satisfação do proprietário do empreendimento, com a diminuição de imprevistos ao longo do ciclo de vida do projeto (O'CONNOR; DAVIS, 1988).
Este trabalho teve o objetivo de mostrar a importância de se dar atenção aos princípios de construtibilidade no planejamento e implantação dos canteiros de obras, através da proposta e aplicação de um método simplificado de avaliação de construtibilidade de canteiros. Cabe destacar que, quando todas as medidas para melhorar a construtibilidade de um canteiro são avaliadas em conjunto pode-se ainda obter benefícios (O'CONNOR; DAVIS, 1988).
O canteiro é um local onde o produto será desenvolvido em seus diversos aspectos. O mau funcionamento de qualquer elemento do canteiro pode culminar em prejuízos, atrasos e aumento do custo final do produto. (OSCAR, 2016).
É fundamental o entendimento do canteiro de obras e sua relação com os princípios de construtibilidade. O tratamento do assunto sob a ótica dos conceitos e princípios de construtibilidade conduz a um modelo capaz de mensurar a qualidade do canteiro, aumento da produtividade e elimina as incertezas com as muitas variáveis envolvidas no processo construtivo (HEINECK; PETRUCCI, 1986; apud RODRIGUES, 2005).
Ainda, Guimarães e Silva (2006) apontam para a dificuldade que empresas de construção civil têm de implementar e interpretar os princípios de construtibilidade. Segundo estes autores, os princípios de construtibilidade são apresentados de forma ampla. Essa característica tem dificultado o acesso de profissionais da indústria da construção a tais conceitos.
Além disso, Fin (2019) aponta para a necessidade de estudos sobre construtibilidade aplicados nas fases iniciais do projeto, tendo em vista a falta de estudos focados nas etapas de preparo e estágios iniciais.
Existem vários métodos para avaliar a construtibilidade. Entretanto, são superficiais quanto à análise da segurança de canteiros com relação ao assunto. Por isso, nesse trabalho, considerou-se importante buscar tal conexão. Com isso, o trabalho propõe uma ótica nova sobre segurança na construtibilidade.
Diante disso este trabalho reúne e analisa os principais conceitos e princípios de construtibilidade com o objetivo de se elaborar um método simplificado de avaliação de construtibilidade para canteiro de obras residenciais.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivos Gerais
Este trabalho teve o objetivo de analisar os princípios de construtibilidade no planejamento e implantação dos canteiros de obras, através da proposta e aplicação de um método simplificado de avaliação de construtibilidade de canteiros.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Analisar a literatura existente e coletar os princípios de construtibilidade que podem ser aplicados em canteiros de obras
b) Desenvolver um método simplificado de avaliação da construtibilidade de canteiros de obras.
c) Aplicar o modelo de avaliação de construtibilidade desenvolvido neste trabalho.
d) Indicar uma associação entre as condições de segurança do trabalho e construtibilidade.
1.3 DELIMITAÇÕES
Neste trabalho serão enfocadas as questões relacionadas ao uso e planejamento de canteiro de obras e como aplicar os conceitos de construtibilidade na etapa de implantação do canteiro de obras.
O método de avaliação desenvolvido no presente trabalho não tem o intuito de generalizar os princípios de construtibilidade propostos, já que cada obra possui sua tipologia e característica. Assim o método não visa comparar a construtibilidade das obras apresentadas nos estudos de casos e sim fornecer um modelo de avaliação de construtibilidade.
Nesse contexto ainda, procurou-se avaliar a construtibilidade da segurança de canteiros, já que o atendimento de requisitos de segurança pode conduzir a melhoria de construtibilidade. Souza Junior, Guimarães e Peruzzi (2013) afirmam que o atendimento das normas de segurança do trabalho nas instalações provisórias do canteiro pode trazer benefícios tais como: melhor organização do espaço de trabalho, melhor desempenho, o que pode contribuir na produtividade e eficiência do processo construtivo e na qualidade do produto entregue ao consumidor final.
Ainda é válido ressaltar que este trabalho não tem o objetivo de considerar os custos envolvidos na aquisição de materiais ou equipamentos inovadores quando se sugere que tais soluções podem melhorar o grau de construtibilidade de canteiros.
Além disso, o método de avaliação de construtibilidade aplicado neste trabalho não tem o intuito de verificar a condição de construtibilidade de todas as etapas do ciclo de vida do canteiro. O método de avaliação é aplicado em determinada fase do canteiro e seu resultado reflete apenas a condição de construtibilidade verificada nessa etapa.
1.4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Para a avaliação da construtibilidade dos canteiros foi realizada revisão bibliográfica sobre o assunto.
Com base na revisão bibliográfica e nas observações preliminares em obra, elaborou-se um checklist. Este checklist é dividido em duas partes. A primeira delas tem o objetivo de avaliar as condições de segurança do ambiente de trabalho relacionadas aos conceitos de construtibilidade. Já a segunda parte visa avaliar o grau de construtibilidade dos canteiros observados neste trabalho.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho está estruturado em 6 capítulos. No capítulo 1 é apresentada a introdução do tema abordado, os objetivos gerais e específicos a serem alcançados, delimitações, o procedimento metodológico e a estrutura do trabalho.
O capitulo 2 apresenta a fundamentação teórica sobre construtibilidade, sua implementação, definições, princípios e conceitos. Ainda são abordadas as principais diferenças de tratamento do termo construtibilidade em alguns países e sua relação
com a segurança no trabalho. Além disso, são apresentados os principais modelos de avaliação e os sistemas de indicadores de construtibilidade.
O capitulo 3 trata da fundamentação teórica sobre canteiros de obras. São apresentadas as definições de canteiros de obras, classificação e métodos de diagnóstico das condições do canteiro.
No capítulo 4 é apresentado o método de avaliação de construtibilidade elaborado neste trabalho. Neste capitulo é apresentada uma descrição detalhada do método de avaliação da segurança do trabalho e a avaliação da construtibilidade.
No capítulo 5 é apresentado o estudo de casos em canteiros de obras de duas construtoras de Florianópolis e uma construtora da Grande Florianópolis. Além disso, são apresentadas nesse capitulo as principais características das construtoras e informações dos empreendimentos avaliados. Neste capitulo também são apresentados e discutidos os resultados do estudo de casos.
No capítulo 6 são apresentadas as conclusões finais, além de sugestões para pesquisas futuras sobre os conceitos de construtibilidade aplicados a canteiro de obras.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capitulo são apresentados os principais conceitos da abordagem do termo construtibilidade. Além da revisão sobre a origem histórica dos conceitos de construtibilidade.
Ainda serão tratados nessa revisão os principais princípios de construtibilidade inerentes a canteiros de obras e segurança do trabalho.
A revisão da literatura sobre canteiros tem por objetivo encontrar os principais atributos e características de "facilidade" de construção em canteiros de obras. Além de fornecer base teórica para o diagnóstico dos canteiros pesquisados.
2.1 HISTÓRIA DA CONSTRUTIBILIDADE
Segundo Rodrigues (2005) o termo construtibilidade varia muito quanto à sua abrangência e conceituação. No entanto, conforme será visto nos próximos parágrafos a base para a elaboração dos conceitos de construtibilidade está relacionada ao desenvolvimento de estudos principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos sobre como melhorar a eficiência e produtividade da indústria da construção civil nestes países.
As primeiras pesquisas relacionadas à construtibilidade surgiram na década de 60 no Reino Unido. Em 1962 foi publicado o relatório Survey of Problems before
the Construction Industries elaborado por Lord Harold Emmerson no Reino Unido. Este relatório foi preparado para o ministério do trabalho do Reino Unido (FRANCIS, 1999).
Essa publicação é mais conhecida como Emmerson Report (1962) e representa o marco dos estudos sobre construtibilidade no Reino Unido. Entretanto o termo construtibilidade não aparece nessa publicação. O relatório foi elaborado como uma pesquisa para a indústria da construção com foco nos problemas relacionados à falta de eficiência da indústria da construção na época do desenvolvimento do relatório (EMMERSON, 1962; apud GRIFFITH, 1997).
Segundo Griffith (1985; apud GRIFFITH, 1997) o relatório de Emmerson expressava o início da preocupação com a separação entre o processo de projeto e processo de construção.
Para Francis (1999) o relatório, além de ressaltar a separação entre as fases de projeto e construção foi, importante para evidenciar as dificuldades no processo construtivo, atrasos de cronogramas e custo do final projeto.
A falta de integração entre prática na construção e desenvolvimento do projeto, incentivada pelos métodos tradicionais de contratação, dificultou a "capacidade" de construir e contribuía para que projetos excedessem os prazos de cronogramas e orçamentos. As primeiras pesquisas no Reino Unido sobre construtibilidade eram famosas em melhorar a produtividade pela racionalização do projeto (FRANCIS, 1999).
Outras pesquisas igualmente importantes foram influenciadas pela preocupação com a construtibilidade nos processos de construção do Reino Unido. Pode-se destacar aqui o Banwell Report (1964). Esta pesquisa é considerada uma continuidade aos pensamentos de Lord Emmerson, além de adicionar ao foco da pesquisa o cuidado com a fase pré-contratual de projeto (GRIFFITH, 1986).
Para Banwell (1964) projeto e construção precisavam ser considerados juntos na etapa de projeto. No entanto, o modo tradicional de contratação de projetos não considerava esse requisito e regularmente os projetos eram desenvolvidos sem a participação dos construtores. Ou seja, o conhecimento e experiência dos construtores não eram incorporados nesta etapa.
O conceito de construtibilidade surgiu como resultado da busca por respostas sobre como aumentar a eficiência na construção, a redução de custos e de como melhorar qualidade dos projetos (GRIFFITH; SIDWELL, 1997).
Diante das necessidades da indústria da construção em ampliar o entendimento relacionado à construtibilidade do processo construtivo surge o termo
buildability no Reino Unido e o constructability nos Estados Unidos.
O primeiro termo buildability tem como foco a construtibilidade do projeto do produto. "De outro lado, o segundo termo, constructability, amplia o escopo de atuação do esforço pela melhoria da construtibilidade, incluindo o planejamento, contratação e o trabalho no canteiro" (RODRIGUES, 2005, p. 31).
Historicamente o foco da abordagem da construtibilidade é voltado para a etapa de projeto (GRIFFITH; SIDWELL, 1997). Como consequência disso, os benefícios da ampla aplicação dos conceitos de construtibilidade é perdido.
De modo contrário, as definições de constructability (CII 1986, apud RODRIGUES, 2005) revelam uma preocupação mais aprofundada com as demais etapas do projeto do processo construtivo.
O propósito do conceito de construtibilidade desenvolvido nos Estados Unidos é promover a integração entre as etapas de projetos e gerenciamento do empreendimento. E como consequência disso, facilitar as operações de construção e resolver problemas relacionados aos processos executados nos canteiros de obras (WONG; LAM; SHEN, 2007).
Impulsionados pelos pensamentos de Emmerson e Banwell surgem no Reino Unido o Construction Industry Research and Information Association (CIRIA) e nos Estados Unidos o Construction Industry Institute (CII).
A CIRIA é uma organização não-governamental responsável por pesquisas relacionadas a setor da construção civil no Reino Unido (DELEGREGO, 2017). A organização evidenciou em sua pesquisa realizada no setor da construção civil do Reino Unido a existência da separação dos processos de projeto e execução. A falta de integração dessas etapas é apontada como a principal causa da baixa construtibilidade dos projetos das edificações (GRIFFITH; SIDWELL, 1997).
Em 1983 nos Estados Unidos os esforços de um grupo de estudos (BUSINESS ROUNDTABLE, 1982; apud FIN, 2019) abriu caminho para a criação do
Construction Industry Institute (CII). O grupo apresenta em suas pesquisas os ganhos
alcançados através da aplicação dos princípios de construtibilidade a todo o processo construtivo. (GRIFFITH; SIDWELL, 1997).
Na Austrália fora criado o Construction Industry Institute, Austrália Research (CII, AUSTRÁLIA). Desde 1992 pesquisas envolvendo construtibilidade foram desenvolvidas no país (FRANCIS, 1999). A abrangência do conceito de construtibilidade na Austrália segue basicamente a mesma abordagem dos Estados Unidos, além de apresentar medidas práticas para a melhoria do processo global da construção (GRIFFITH; SIDWELL, 1997).
Na próxima seção são apresentados os conceitos de construtibilidade que norteiam as medidas a serem aplicadas para melhorar a construtibilidade de um empreendimento.
2.2 PRINCÍPIOS DE CONSTRUTIBILIDADE
Os princípios de construtibilidade devem ser considerados desde as fases iniciais do planejamento do empreendimento a ser construído. De fato, quanto mais no início do processo ser der a integração entre as fases, maiores serão os benefícios alcançados.
Conforme pode-se observar, o conceito de construtibilidade está relacionado ao emprego adequado do conhecimento e experiência técnica na racionalização da execução de empreendimentos, além da necessária inter-relação entre as etapas de projeto e execução (RODRIGUEZ; HEINECK, 2003).
A construtibilidade do projeto é um conceito qualitativo e difícil de ser medido objetivamente. Com efeito, cada projeto é único e conclusões baseadas em históricos de obras anteriores podem não ser válidas. Entretanto, quanto maior o grau de construtibilidade do projeto mais fácil será o processo construtivo (GLAVINICH, 1995). Os princípios de construtibilidade aplicados na gestão do processo de projeto têm a função de orientar os projetistas na tomada de decisão acerca da melhor técnica construtiva a ser aplicada no projeto e quais recursos podem ser utilizados no empreendimento (RODRIGUEZ; HEINECK, 2003).
É valido mencionar, nesse momento, que o termo projeto será usado neste trabalho para se referir tanto ao projeto do produto (Edificação) quanto ao projeto do processo construtivo. O projeto do processo é relacionado às atividades de planejamento da sequência de execução, elaboração de cronogramas, planejamento do layout do canteiro, previsão de suprimentos e definição dos equipamentos adequados para a execução dos serviços (Rodrigues, 2005). Contudo, o termo projeto, usado isoladamente neste trabalho, se refere ao projeto do produto.
Ainda para Rodrigues (2005) a construtibilidade pode ser considerada inerente ao processo construtivo. Assim pode-se constatar que todo projeto de construção possui um determinado nível de construtibilidade. Ainda que, ações de melhoria da construtibilidade no empreendimento não foram realizadas intencionalmente.
Para Melhado (1994), pode-se melhorar a construtibilidade dos processos construtivos tradicionais reorganizando os procedimentos relacionados ao projeto e execução. Desse modo, ter-se-á um gerenciamento eficiente de todas as etapas do empreendimento.
Ainda segundo Melhado (1994) a integração dos objetivos entre projeto e a etapa de execução traz benefícios ao processo construtivo e contribui para atingir os objetivos globais do empreendimento.
Por outro lado, o baixo grau de construtibilidade de um edifício pressupõe aumento dos custos e prolongamento dos prazos de construção (atrasos no cronograma) (GAMBATESE, 2012).
A construtibilidade deve ser entendida como uma abordagem que vincula os processos de projeto e construção. Ainda se constata a interdependência única, da indústria da construção, entre as partes envolvidas no projeto. Desse modo, o processo de projeto deve ser pensado de modo global (FRANCIS, 1999).
Para Lam e Wong (2009) um bom projeto precisa levar em consideração as características do canteiro de obras, bem como os desafios encontrados pelo construtor durante a fase de execução. Entretanto, um projeto que possui excelente representação gráfica e não considera a etapa de construção, se torna mais oneroso e dificulta o processo construtivo.
Diante dos históricos apresentados sobre construtibilidade surgiram definições para facilitar a implementação de tais conceitos. A seguir serão apresentadas as principais definições visando estabelecer uma base comum para o entendimento do assunto abordado.
2.3 DEFINIÇÕES DE BUILDABILITY E CONSTRUCTABILITY
Nesta seção serão abordadas as principais definições relacionadas à construtibilidade com o intuito de se estabelecer um senso comum, conforme literatura revisada. O termo construtibilidade está relacionado a diversas concepções que trata do mesmo assunto conforme será apresentado. Também ressalta-se que o mesmo nível de abrangência dos conceitos apresenta diferenças significativas. (ZUCHETTI, 2010).
2.3.1 Definições de buildability
Na Inglaterra o termo buildability foi definido pela CIRIA Construction Industry
Research and Information Association como sendo "a extensão pela qual o projeto de
uma edificação facilita os processos de construção considerando os requisitos globais da edificação construída" (CIRIA, 1983 apud GRIFFITH; SIDWELL, 1997. p. 295).
Para Low (2001) o conceito de construtibilidade está ligado à capacidade de melhorar a produtividade e elevar os padrões de qualidade do produto entregue ao cliente.
Para Griffith e Sidwell (1997) no Reino Unido a definição de buildability evidencia o foco dos conceitos de construtibilidade ligados somente aos processos de desenvolvimento do projeto como meio de facilitar os processos construtivos.
Ainda segundo Griffith e Sidwell (1997) esta definição centrada no projeto e na separação dos requisitos de conhecimento do processo construtivo causou, no Reino Unido, uma falta de interesse geral nas aplicações dos conceitos de construtibilidade.
Por outro lado, a definição de construtibilidade nos Estados Unidos reúne as outras etapas do processo construtivo como será visto na próxima seção.
2.3.2 Definições de constructability
Diversos conceitos para a definição de constructability são encontrados na literatura. Nos Estados Unidos a definição mais comum é a do Construction Industry
Institute (CII, 1986, apud RODRIGUES, 2005). O termo constructability foi definido
pelo instituto como "o uso otimizado do conhecimento e da experiência em construção no planejamento, projeto, contratação e operações no canteiro para atingir os objetivos globais do empreendimento" (CII, 2012, p. 45).
Para O'Connor e Tucker (1986) constructability é a capacidade do projeto em favorecer a utilização adequada dos recursos da indústria da construção.
Na Austrália (CII AUSTRÁLIA, 1993) os conceitos de construtibilidade são similares ao adotado nos Estados Unidos. Além de apresentar medida práticas de como melhorar os processos construtivos focando nas principais questões sobre construtibilidade.
2.3.3 Principais características do conceito de construtibilidade
Rodrigues define construtibilidade como sendo: "A facilidade com que uma edificação pode ser construída a partir da consideração dos requisitos do processo produtivo ao longo de todas as etapas de desenvolvimento do produto" (RODRIGUES, 2005. p.32).
A definição de Rodrigues (2005) acima abrange resumidamente as principais definições sobre construtibilidade aqui apresentadas. Neste trabalho será adotada essa definição para a abordagem da construtibilidade de canteiros de obras.
A definição de Rodrigues (2005) é focada nos processos construtivos ao longo de suas etapas para o desenvolvimento do produto. Ou seja, nesta definição o canteiro de obras como área fixa ou temporária destinada a execução e desenvolvimento do produto assume papel importante na construtibilidade global do empreendimento.
Abaixo são listadas as principais características inerentes ao conceito de construtibilidade.
• É uma propriedade inerente ao projeto do produto e ao projeto do processo e perfeitamente possível de mensuração (RODRIGUES, 2005).
• "Pode ser incrementada tanto através de melhorias nas atividades de conversão quanto nas atividades de fluxo" (RODRIGUES, 2005, p.33). • Quanto mais cedo iniciado os esforços pela melhoria da construtibilidade maiores são os benefícios alcançados (CII 1986; apud RODRIGUES, 2005).
• A construtibilidade deve ser voltada para atender as necessidades dos agentes de produção (RODRIGUES, 2005).
• "Constitui uma das dimensões da qualidade das soluções projetuais" (RODRIGUES, 2005; apud FABRÍCIO, 2003).
• As etapas anteriores ao projeto de desenvolvimento do produto devem ser levadas em consideração para a melhoria da construtibilidade global do empreendimento (RODRIGUES, 2005).
2.4 MODELOS DE AVALIAÇÃO DE CONSTRUTIBILIDADE
2.4.1 Construção de um método de avaliação da Construtibilidade
Uma das importantes funções dos modelos de análise da construtibilidade considerando uma tecnologia de construção especifica é encontrar possíveis problemas de um projeto logo no início do ciclo de vida da concepção do empreendimento (YU; SKIBNIEWSKI, 1999).
A redução nos desperdícios materiais e financeiros pode ser evitada quando os problemas de construtibilidade em uma construção forem identificados o mais cedo possível (CII, 1986, RODRIGUES, 2005).
Segundo Yu e SkibniewskI (1999) a análise da construtibilidade de um edifício fornece uma explicação sobre as principais razões dos problemas de construtibilidade encontrados. Ou seja, os modelos de análise de construtibilidade são um meio de rastreamento dos problemas existentes relacionados à construtibilidade.
Abaixo são apresentados os aspectos importantes para a elaboração de um modelo de construtibilidade (YU; SKIBNIEWSKI, 1999).
• Identificação dos atributos da construtibilidade. • Classificação de atributos.
• Identificação dos sistemas construtivos presentes na edificação. • Desenvolvimento do modelo avaliação de construtibilidade.
Ainda Fadoul, Tizani e Koch (2017) estabelecem a necessidade de seis requisitos para o desenvolvimento de um modelo de análise de construtibilidade. Este modelo deve ser pensado de maneira a facilitar a avaliação da construtibilidade. No Quadro 1 são apresentados os requisitos considerados por Fadoul, Tizani e Koch (2017) para elaboração de um modelo de avaliação de construtibilidade.
Quadro 1 - Requisitos de Modelos de avaliação da construtibilidade
Requisitos Resumo dos requisitos
O Modelo de análise pode ser aplicado em qualquer lugar e em qualquer fase do desenvolvimento projeto do processo.
Deve ser abrangente
Os usuários podem adaptar o modelo de modo a satisfazer seus requisitos e restrições.
Deve ser flexível
Deve abordar todos os aspectos de construtibilidade e permitir que o usuário escolha os atributos necessários a sua obra.
Ser de fácil compreensão
O modelo deve ser de fácil aplicação e na sua integração com projeto pode-se usar tecnologia moderna.
Facilidade de aplicação
O modelo deve refletir com precisão a
construtibilidade avaliada. Precisão
Precisa permitir que o usuário encontre como melhorar a construtibilidade de seus projetos.
Efetivo
Fonte: Fadoul et. al (2017)
Na próxima seção serão apresentados os principais métodos de análise de construtibilidade já desenvolvidos em outros países.
2.4.2 Método BDAS
Na Ásia em 2001 o Buildable Design Appraisal System (BDAS) foi o pioneiro dos sistemas de indicadores desenvolvidos com o intuito de avaliar o grau de construtibilidade de uma edificação (LAM; WONG; CHAN, 2006).
Em Singapura o BDAS é exigido desde então como critério para a aprovação de projetos legais em órgão competentes. A grande maioria das edificações se enquadram nesse requerimento e precisam alcançar uma pontuação mínima antes da aprovação de seu projeto legal (LAM; WONG; CHAN, 2008).
O BDAS foi criado com o objetivo de melhorar a gestão de recursos humanos empregados na indústria da construção em Singapura. O país empregava um número
excessivo de mão de obra em suas construções, principalmente a mão de obra estrangeira (BCA, 2017).
Diante disso, o BDAS foi desenvolvido pela Building and Construction
Authority (BCA) como um modo de mesurar o impacto das decisões de projeto nas
operações de campo (YING; PHENG, 2007).
Para Low (2001) o BDAS é um método desenvolvido como uma forma de quantificar a construtibilidade de um empreendimento. Ainda com o método é possível estabelecer associações entre construtibilidade, qualidade da construção e produtividade.
O sistema está baseado em três princípios básicos. Estes princípios são mais conhecidos na literatura como 3DS (simplicidade, padronização e elementos integrados únicos). Sendo avaliados problemas de construtibilidade relacionados padronização, simplicidade e elementos integrados (LOW, 2001; ZANG, 2016).
No sistema as edificações são divididas em categorias conforme o uso, sendo descritas no Quadro 2 (BCA, 2017).
Quadro 2 - Categorias das Edificações
Categorias Descrição de Uso
Residencial (landed). • Casa terraço. • Casa Geminada. • Bangalô. Residencial (non-landed). • Condomínios. • Apartamentos de Serviço. • Apartamentos. • Flat. • Dormitórios. • Albergue.
Quadro 2 - Categorias das Edificações (continuação) Comercial • Bancos. • Loja de departamentos. • Escritórios. • Restaurantes. • Hotel. Industrial • Fábricas. • Depósitos. Escolar • Escolas primárias. • Escolas secundárias.
Obras Públicas e outras
• Bibliotecas.
• Casa de Repouso. • Hospitais.
• Centro médicos.
Fonte: Building and Construction (BCA, 2017)
A construtibilidade é avaliada no BDAS atribuindo pesos ao tipo sistema de construtivo adotado. A pontuação é calculada em três partes sendo apresentadas no Quadro 3 e depois somadas para compor o Buildable Design Score (B - Score).
Quadro 3 - Sistemas Construtivos no BDAS
Sistema Construtivo Descrição e Pontuação Máxima
Sistema Estrutural Máximo de 45 pontos para o tipo de sistema estrutural usado na edificação
Sistema de Paredes Máximo de 45 pontos para o tipo de parede de vedação adotado
Pré-Fabricação e tecnologias de montagem No máximo 20 pontos Fonte: Building and Construction (BCA, 2017)
Conforme nota-se no Quadro 3 que a máxima pontuação possível para a edificação é 110 pontos. É valido ressaltar que para a aprovação dos projetos é necessário alcançar uma pontuação mínima conforme tipo e uso da edificação e área total construída (BCA, 2017).
Impulsionados pelo sucesso com BDAS em Singapura foi desenvolvido o método BAM de avaliação da construtibilidade em Hong Kong que será apresentado na próxima seção.
2.4.3 Buildability Assessment Model (BAM)
No ano de 2006 o sistema de indicadores Buildability Assessment Model (BAM) foi desenvolvido em Hong Kong (LAM et al, 2006; LAM et al, 2012). Motivado pela experiência com o BDAS em Singapura foi elaborado um sistema similar de indicadores em Hong Kong (ZHANG, 2016; WONG, 2007). O BAM foi desenvolvido através do levantamento dos principais fatores e atributos de construtibilidade considerando o contexto da indústria da construção em Hong Kong (LAM et al, 2008).
Segundo Lam et al (2012) nesse modelo de avaliação o projeto da edificação é avaliado por seus sistemas construtivos, tais como: sistemas estruturais, sistemas de paredes, sistemas de telhados, sistemas construtivos das lajes e etc. Cada sistema possui seu respectivo índice multiplicador buildability index (BI). Estes índices são multiplicados junto com o peso Buildability Weightings (BWs) associado ao sistema construtivo para compor a pontuação da construtibilidade do projeto da edificação (LAM et al, 2008).
Os sistemas construtivos no BAM são divididos em categorias conforme se pode observar na lista abaixo (WONG, 2007):
• Sistema estrutural usado. • Quanto ao tipo Laje.
• Sistema construtivo das Paredes externas. • Sistema construtivo das Paredes internas. • Sistema construtivo dos Telhados.
Para LAM et al (2008) o sistema de avaliação de Hong Kong tem foco na solução de problemas encontrados ainda na fase de projeto.
2.5 CONSTRUTIBILIDADE NA FASE DE IMPLANTAÇÃO DE CANTEIROS DE OBRAS
Segundo O'Connor e Davis (1988) durante a fase de execução ainda existem questões relacionadas à construtibilidade que ainda podem ser exploradas. Embora, sua capacidade de influenciar nos custos seja menor do que em outras fases do projeto do processo, conforme observar-se na Figura 1.
Figura 1 - Influencia das fases de projeto no custo final da Edificação
Fonte: (CII 1986, apud O'CONNOR; DAVIS, 1988)
O'Connor e Davis (1988) analisaram a construtibilidade durante as operações de canteiro e sugeriram sete princípios a serem aplicados durante esta etapa. Esses
princípios serão apresentados no
Quadro 4.
Para O'Connor e Davis (1988) a construtibilidade é melhorada nos canteiros quando métodos inovadores são usados. O termo "métodos inovadores" é utilizado
para se referir a uma maneira como os recursos são aplicados durante a fase de construção. Estes métodos são aqueles não considerados uma prática trivial na indústria da construção. E devem ser soluções criativas para atender aos desafios
encontrados durante a fase de execução de um edifício. No
Quadro 4 - Princípios de construtibilidade em operações de canteiro Princípios de Construtibilidade
1. Inovar no uso de materiais e sistemas de construção temporários.
2. Uso inovador de ferramentas manuais.
3. Uso inovador de equipamentos de construção.
4. Uso de elementos pré-moldados.
5. Instalações temporárias inovadoras que apóiam diretamente os métodos de campo.
6. Preferências do construtor relativas ao canteiro, projeto e seleção dos materiais permanentes da obra.
7. Inovação na sequência de tarefas desenvolvidas em canteiro.
Fonte: O'Connor e Davis (1988)
2.6 PRINCÍPIOS DE CONSTRUTIBILIDADE PARA CANTEIRO DE OBRAS
Esta seção se dedica a apresentação dos princípios de construtibilidade de canteiros identificados na literatura. A seleção dos princípios presentes nesta seção foi elaborada com base nos princípios apontados pelos autores O'Connor e Davis (1988) para as operações de canteiro.
Ainda partindo da definição de Rodrigues (2005), baseada em requisitos do processo produtivo, foi possível estabelecer uma relação entre os princípios de construtibilidade e os princípios de produtividade. De fato, a construtibilidade pode ser pensada como uma ferramenta que incorpora melhorias na gestão da construção e produtividade (CASTILLO, 1997).
Com base nas considerações de O'Connor e Davis (1988) foram elaborados os princípios apresentados no Quadro 5. Esses princípios de construtibilidade (CP) foram elaborados com base nas considerações de O'Connor e Davis (1988) já apresentadas.
Quadro 5 - Princípios de construtibilidade de canteiro de obras Nº
(CP) Princípios de Construtibilidade Autores identificados
CP1 Usar equipamentos e materiais inovadores no canteiro (O'CONNOR; DAVIS, 1988); (SOUZA et al 1997); (FERREIRA, 2015); (O'CONNOR; TUCKER, 1986); (RODRIGUES, 2005); (FONSECA, 2013); (SOUZA, 2000); (CII, 1993); (ZUCCHETTI,2010); (BULHÕES, 2009); (SANTOS; 2000); (GLAVINICH, 1995); (GRIFFITH; SIDWELL, 1997) CP2 Reduzir as distâncias de movimentações desnecessárias de materiais no canteiro
(BEZERRA, 2010); (SAURIN; FORMOSO, 2006); (SANTOS, 1995); (FERREIRA, 2015); (SOUZA JUNIOR, GUIMARÃES; PERUZZI, 2013); (FORMOSO, 2002); (MOTA, 2009); (HEINECK et al, 1993); (KOSKELA, 1992); (SAURIN, 1997); (FIN,2019); (NEVES, 2012); (TATUM, 1987); (ZUCCHETTI, 2010); (GRIFFITH; SIDWELL, 1997).
CP3
Promover acessibilidade para trabalhadores, equipamentos e materiais no canteiro
(O'CONNOR; TUCKER 1986); (SANTOS, 1995); (RODRIGUES; GONCALVES, 2015); (NEVES, 2012); (SOUZA, 1998); (CII,1993); (FRANCIS, 1999)
CP4
Padronizar os elementos do canteiro
(RODRIGUES; GONÇALVES, 2015); (SAURIN; FORMOSO, 2006); (FONSECA, 2013); (SAURIN, 1997); (GRIFFITH; SIDWELL, 1997)
CP5
Considerar a continuidade dos trabalhos sob condições adversas de clima
(O'CONNOR; DAVIS, 1988); (MYDIN et al, 2011); (NEVES, 2012)
CP6
Considerar a segurança e condições do ambiente de trabalho na avaliação de construtibilidade
(MYDIN et al, 2011); (ALZAYD, 2015) (SAURIN, 1997) (MAESTRI, 2018); (WONG 2007); (ZUCCHETTI, 2010); (LAM et al, 2006); (AMANCIO, 2010)
Nas próximas seções serão dados mais detalhes dos princípios de construtibilidade apresentados no Quadro 5 com intuito de mostrar seus principiais aspectos.
2.6.1 CP1- Uso de equipamentos e materiais inovadores no canteiro
Para Santos (1995), o uso de inovações tecnológicas, sejam inovações de materiais ou de equipamentos de construção, evita operações desnecessárias em canteiro, além de garantir maior precisão na produção e simplificação do trabalho.
Boni et al (2014) observaram a relação existente entre inovação e ganhos de produtividade, na qualidade do produto, redução dos custos, atendimento do cronograma e competitividade.
Por outro lado, Glavinich (1995) afirma a necessidade de se especificar equipamentos ou materiais inovadores adequados às necessidades da empresa. Inovações que causem a ineficiência durante o processo produtivo devem ter sua especificação eliminada em futuros projetos.
Para possibilitar o aumento da produtividade em canteiros é importante que sejam selecionados materiais e equipamentos adequados, de facil aquisição e alinhados com os objetivos da empresa. Essa escolha é fundamental para capacidade produtiva dos equipamentos e uso otimizado dos materiais inseridos em canteiro (NEVES, 2012).
Além disso, a inovação tecnológica aplicada em canteiro destaca-se por suas diversas vantagens como, por exemplo: aumento da produtividade em canteiro, redução da necessidade de mão de obra e redução do custo de produção (CÂMARA BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL, 2016).
Saurin e Formoso (2006), confirmam a observação de Glavinich (1995) e acrescentam que para a escolha da tipologia construtiva das instalações do canteiro devem ser avaliados os seguintes critérios abaixo:
• Custo direto de aquisição do equipamento ou material inovador. • Perspectivas quanto à produtividade.
• Durabilidade e reaproveitamento do material usado nas instalações provisórias do canteiro.
• Melhoria de segurança no ambiente de trabalho. • Disponibilidade de implantação.
• Facilidade de montagem e desmontagem.
Para O'Connor e Davis (1988) inovações em equipamentos de construção possuem a capacidade de aumentar a construtibilidade em canteiros. Esses equipamentos fornecem agilidade e quando somado a outro programa de construtibilidade podem contribuir para a redução final de custos.
Ainda Saurin e Formoso (2006), consideram que a escolha da tipologia das instalações provisórias é um fator que contribui para a produtividade da montagem e desmontagem das instalações do canteiro. Entre as tipologias com capacidade de influenciar a qualidade das instalações provisórias e a produtividade se destacam dois sistemas: o de racionalização do sistema através do uso de containers.
O sistema racionalizado de chapa compensada aplicados nas instalações do canteiro aumenta o número de reaproveitamento e facilita a mobilização e desmobilização das instalações do canteiro (SAURIN; FORMOSO, 2006).
O uso de containers nas instalações do canteiro é mais comum em empresas de montagem industrial e em grandes empreendimentos. Apesar das desvantagens com o conforto térmico e do custo de aquisição, os containers possuem algumas vantagens: rapidez na montagem e desmontagem e reaproveitamento total da estrutura (SAURIN; FORMOSO, 2006).
O uso de gruas em canteiros é uma atitude com capacidade de promover o aumento da produtividade. De fato, as gruas possuem maior capacidade de carga quando comparada aos equipamentos convencionais (FONSECA, 2013).
No Quadro 6 são apresentados os equipamentos inovadores considerados com capacidade de aumentar a construtibilidade de operações em canteiros de obras.
Quadro 6 - Equipamentos Inovadores
Equipamento inovador Descrição
Fonte: Ulma (2020)
Formas flutuantes autoportantes usadas da concretagem de lajes do tipo lisas de concreto armado.
Fonte: Autor (2020)
Ainda pode-se citar como equipamentos considerados inovadores por este trabalho a seguinte lista abaixo
• Sistema de escoramento ajustável com precisão eletrônica.
• Sistemas de formas deslizantes erguidas por macacos hidráulicos. • Escoramentos de trincheiras por braços hidráulicos.
São apresentados no Quadro 7 os matérias considerados por este trabalho como sendo inovações tecnológicas que favoreçam a melhora da construtibilidade das instalações provisórias do canteiro. Essas soluções quando empregadas no canteiro possuem a capacidade de promover a facilidade de mobilização e desmobilização das instalações provisórias (DIAS; SERRA, 2013).
Quadro 7 - Materiais Inovadores
Material inovador Descrição
Fonte: Compass (2020)
O uso de containers pode melhorar a construtibilidade das instalações provisórias do canteiro.
Quadro 7- Materiais Inovadores
Fonte: Prefacc (2020)
Sistemas de pré-fabricados em concreto celular. A figura ilustra o uso de concreto celular na montagem da instalação provisória do refeitório. O sistema é constituído por módulos formados por placas em concreto celular.
Fonte: Canteiro
Instalações provisória pré-fabricadas com madeira do tipo pinus. Nesse sistema painéis modulados, autoportantes são usados na construção das instalações provisórias.
Fonte: Autor (2020)
Das referências citadas nota-se que não basta incorporar uma tecnologia ou um material inovador na execução das instalações do canteiro quando não for garantido que tais soluções sejam utilizadas adequadamente. Desse modo, o constante aperfeiçoamento dos funcionários, através de treinamentos, podem otimizar o uso de tais tecnologias inovadoras. Ainda as desvantagens, as vantagens e os custos do emprego dessas soluções devem ser avaliados no processo de decisão (DIAS; SERRA, 2013).
2.6.2 CP2 - Reduzir as distâncias de movimentações desnecessárias de materiais no canteiro
Problemas relacionados à produtividade e a racionalização dos processos construtivos são recorrentes na indústria da construção. Dentre os principais problemas podem-se destacar as perdas e desperdícios de matérias e baixa
produtividade em canteiro por ocasião do transporte inadequado de materiais (VIERA, 2006 apud KLAUS 2015; HEINECK; NEVES; MAUÉS,1994).
O layout do canteiro deve ser estudado com cuidado de modo a facilitar os acessos de materiais, mão de obra e equipamentos evitando, desperdício de tempo e redução de produtividade (GRIFFITH; SIDWELL, 1997).
Formoso (2002) considera que a indústria da construção tem consumido muito tempo em operações de movimentações de materiais que não agregam valor algum ao produto final.
Corroborando com este pensamento Mota (2009) afirma que o fato das atividades de movimentação e armazenamento não agregar valor ao produto final geralmente são desconsideradas no planejamento do canteiro.
Igualmente para Saurin (1997) o transporte de materiais em canteiro merece atenção especial no planejamento do layout, pois é uma atividade que consome grande tempo de mão de obra, além dos desperdícios de materiais ocasionados pela atividade de movimentação.
Coelho (2015) ainda ressalta a importância do cuidado com o planejamento dos transportes de recursos dentro de canteiro com o intuito de evitar perdas de materiais, atrasos no cronograma e aumento do orçamento final da obra.
Com base na visão de cada autor percebe-se a importância da avaliação cuidadosa dos deslocamentos de recursos materiais e humanos dentro do canteiro. Sendo assim, os objetivos de reduzir movimentações desnecessárias em canteiro podem ser considerados alinhados com os conceitos e princípios de construtibilidade (GRIFFITH; SIDWELL, 1997).
2.6.3 CP3 - Promover acessibilidade para trabalhadores, equipamentos e materiais no canteiro
É de conhecimento geral que as dificuldades de acesso de equipamentos, materiais e trabalhadores prejudica o processo construtivo. Ainda Souza Junior, Guimarães e Peruzzi (2013) afirmam que problemas de acessibilidade em canteiros dificultam o recebimento de materiais e fluxo de equipamentos.
Rodrigues (2005) menciona que boas práticas relacionadas à acessibilidade no canteiro podem promovem melhorias no fluxo das atividades executadas.
Entende-se por boas práticas estratégias de planejamento capazes de minimizar os problemas de acessos. Abaixo são apresentadas algumas dessas boas práticas.
• Os acessos devem ser previamente planeados conforme o tipo e dimensões dos equipamentos serem incorporados na execução da obra (SAURIN, 1997).
• Os espaços mínimos para a área de trabalho do canteiro devem ser considerados para facilitar a instalação de equipamentos e fluxo de pessoas (SAURIN, 1997).
• A sequência dos trabalhos deve ser bem definida de modo a evitar congestionamento de atividades em um determinado local e dificultar os acessos (O'CONNOR; DAVIS, 1988).
• Os acessos definitivos devem ser construídos o mais cedo possível de modo a melhorar a produtividade (OLIVEIRA, 1994; O'CONNOR; DAVIS, 1988; SAURIN, 1997).
Segundo Saurin (1997), não devem existir interferências de fluxos de pessoas e equipamentos dentro do canteiro. As rotas ou caminho de trabalho devem ser independentes e adequadas à finalidade. Tal medida favorece a segurança em canteiros e diminui os tempos improdutivos.
Ainda Saurin (1997) afirma que a decisão de executar de determinadas atividades fora do canteiro favorece a produtividade, a eficiência dos fluxos de trabalho e a segurança, atividades tais como: corte e dobra de armadura em centrais fora do canteiro libera espaço no canteiro de obras favorecendo o fluxo das atividades.
Além disso, O'Connor e Tucker (1986) consideram a acessibilidade em canteiros um fator importante para a melhoria da construtibilidade do empreendimento. Desse modo, estabelecer espaços adequados para o acesso de trabalhadores, equipamentos e materiais são fundamentais na avaliação da construtibilidade e devem ser cuidadosamente incluídos no planejamento canteiro. 2.6.4 CP4 - Padronização dos elementos do canteiro
A padronização é um requisito indispensável na elaboração do planejamento do layout do canteiro. Padronização é uma estratégia gerencial que tem se mostrado eficiente na busca pela qualidade e competitividade (SAURIN; FORMOSO, 2006)
No entanto, o uso da padronização deve ser moderado e um estudo da real necessidade de sua implantação precisa ser avaliado. Desse modo, a padronização é mais recomendada para empresas que constroem obras com características e tecnologias semelhantes (SAURIN; FORMOSO, 2006).
Na padronização de um canteiro precisa-se considerar o caráter repetitivo dos processos construtivos para justificar sua aplicação. Em canteiros a padronização pode trazer os seguintes benefícios, conforme lista abaixo (SAURIN; FORMOSO, 2006).
• Facilita o planejamento e gerenciamento do layout do canteiro. • Melhora a imagem da empresa perante o mercado.
• Contribui na redução de perda de materiais.
Fonseca (2013) afirma que para o desenvolvimento e estabelecimento da empresa no mercado da construção, a padronização se torna uma importante ferramenta de gerenciamento. Em consequência disso, a empresa será capaz de desenvolver e executar um produto aproveitando o máximo de sua capacidade construtiva.
2.6.5 CP5 - Considerar a continuidade dos trabalhos sob condições adversas de clima
O'Connor e Davis (1988) sugerem a importância de se considerar o emprego de instalações provisórias em canteiro que permitam a continuidade dos trabalhos sob condições adversas de tempo, como um requisito para a melhora da construtibilidade de canteiros. Esses autores ainda indicam que em condições adversa de clima determinadas atividades realizadas em instalações com cobertura são extremamente benéficas. Como por exemplo, espaços destinados a atividades sob condições adversas de clima, tais como: tendas plásticas transportáveis, de fácil montagem e de apoio a execução de atividades em canteiro em dias de condições adversas de clima (O'CONNOR; DAVIS, 1988).
A construção da pavimentação tão cedo quanto possível e a instalação da drenagem do canteiro podem ser consideradas medidas que minimizam os efeitos da chuva. Ainda a execução de espaços com cobertura o mais cedo possível reduz a
quantidade de exposição do trabalhador a tarefas executas ao ar livre. (RODRIGUES, 2005).
2.6.6 CP6- Considerar a segurança e condições do ambiente de trabalho na avaliação de construtibilidade
A preocupação com a segurança em canteiros de obras tem aumentado significativamente. Essa preocupação é atribuída ao número relevante de acidentes de trabalho na indústria da construção e a intensificação das ações de órgãos que regulam as atividades em canteiros.
Para Alzayd (2016) a indústria da construção é reconhecida globalmente por apresentar um elevado índice de acidentes. A análise desse quesito tem a influência de reduzir custos com despesas de acidentes de trabalho, além de melhorar a construtibilidade do canteiro.
Para Peinado (2019) o setor da construção civil tem como objetivo a transformação do ambiente natural. No entanto, a indústria da construção possui um elevado número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
Por outro lado, Santana et al (2013) mencionam tendências animadoras de alguns índices que mede a situação da segurança do trabalho na indústria da construção no Brasil.
Santana et al (2013) ainda chamam a atenção para a tendência do maior comprometimento dos empresários do setor com a segurança e ambiente de trabalho. Isso se deve à abordagem da segurança do trabalho como forma de estratégia incorporada ao negócio.
Existem diferentes métodos para qualificar as condições do ambiente de trabalho e segurança na indústria da construção. No contexto dessa seção a segurança será abordada sob o ponto de vista dos conceitos de construtibilidade.
Gambatese (2012) publicou um onde a avaliação da construtibilidade da segurança em canteiros é uma ferramenta de análise importante na identificação dos problemas e riscos no ambiente de trabalho. E é claro, essa avaliação precisa da colaboração e esforço dos profissionais de projeto (engenheiros e arquitetos). Tradicionalmente, a construtibilidade da segurança de canteiro de obras não é abordada em projetos. O não envolvimento dos profissionais de projeto com o tema é
atribuído à falta de experiência com a abordagem da segurança em canteiros e a restrição de suas funções somente as atividades de projeto.
Essa falta de conhecimento e experiência é observada no cotidiano dos canteiros obras. De fato, pesquisas em obras de pequeno a grande porte revelaram o descaso com a segurança e saúde do trabalhador (PEINADO, 2019).
Não distante dessa concepção sobre construtibilidade da segurança aqui apresentada, Peinado (2019) ainda considera algumas características da indústria da construção civil que influenciam na ocorrência desses acidentes e confirmam a visão de Gambatese (2012) aqui apresentada. Abaixo estão listados alguns dos fatores que influenciam na ocorrência de acidentes de trabalho na indústria da construção (PEINADO, 2019. p.30).
• A falta de integração entre construtor e projetista durante a etapa de elaboração projeto.
• "Caráter temporário do local de trabalho (Canteiro de obras)".
• Atuação de um número expressivo de empresas de pequeno porte no setor da construção.
• "Alta rotatividade da mão de obra".
• "Falta de tradição em se elaborar projetos de segurança que antecipem e proponham medidas preventivas frente aos riscos que os funcionários estarão submetidos na realização das atividades".
2.7 SISTEMAS DE INDICADORES
Nesta seção são apresentados os principais sistemas de indicadores encontrados na literatura com o objetivo de fornecer base para o desenvolvimento do método de avaliação de construtibilidade proposto neste trabalho.
O
Quadro 8 apresenta a importância das tipologias construtivas, inovações tecnológicas e materiais inovadores aplicados em canteiro conforme o método de avaliação de construtibilidade BDAS (BCA, 2017. p 69).
Quadro 8 - Critérios de Avaliação de Construtibilidade
Tipologia construtiva Ponto
Acesso externo para execução de trabalhos em altura
Sem o uso de andaime na fachada externa 15
Andaime externo auto regulável 15
Andaime flutuante 14
Tipologia construtiva das formas usadas em vigas, pilares e lajes
Sem uso de forma (Uso de pré-fabricados: laje, vigas e pilares) 15 Com o uso de formas convencionais de madeira ou metal, em lajes, vigas e
pilares
1
Uso de tecnologia inovadora em canteiro
Uso de concreto autoadensável 2
Uso de bomba lança na concretagem dos elementos estruturais 2 Uso de torres de guindastes (Com capacidade acima de 10 toneladas) 5 Uso de elevador de cargas ou elevador de pessoas ao invés de andaimes 1
Uso de outras tecnologias inovadoras 5
Boas práticas em canteiro de obras
Estabelecer normas de produtividade 2
Fornecer treinamento aos operários 1
Fonte: Building and Construction (BCA, 2017)
No Quadro 9 é apresentado um resumo do quadro proposto por Wong (2007) e adaptado por Maestri (2018) para indicadores de construtibilidade em operações de campo. Os indicadores são parte do sistema de avaliação Buildability Assessment
Model (BAM).
Quadro 9 - Buildability Index para os Aspectos dos serviços construtivos
Aspectos e serviços Buildability
Index Espaço e localização adequados para equipamentos 0,758 Acesso garantido para a instalação de equipamentos 0,767
Uso de gruas ou guindastes 0,698
Projetar para mão de obra com conhecimentos técnicos, disponíveis localmente
0,91
