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Desenvolvimento de uma aplicação web e um aplicativo mobile para o controle da recuperação do treinamento físico através da Total Quality Recovery

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Academic year: 2021

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BIOMÉDICA

CLÁUDIO OLTMANN

DESENVOLVIMENTO DE UMA APLICAÇÃO WEB E UM APLICATIVO MOBILE PARA O CONTROLE DA RECUPERAÇÃO DO TREINAMENTO

FÍSICO ATRAVÉS DA TOTAL QUALITY RECOVERY.

DISSERTAÇÃO

CURITIBA 2018

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DESENVOLVIMENTO DE UMA APLICAÇÃO WEB E UM APLICATIVO MOBILE PARA O CONTROLE DA RECUPERAÇÃO DO TREINAMENTO

FÍSICO ATRAVÉS DA TOTAL QUALITY RECOVERY

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Biomédica, do programa de Pós Graduação em Engenharia Biomédica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Elto Legnani

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

O52d Oltmann, Cláudio

2018 Desenvolvimento de uma aplicação web e um aplicativo mobile para o controle da recuperação do treinamento físico através da total quality recovery / Cláudio Oltmann.-- 2018.

122 f.: il.; 30 cm.

Disponível também via World Wide Web. Texto em português com resumo em inglês.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica, Curitiba, 2018

Bibliografia: f. 79-85.

1. Aplicações web - Desenvolvimento. 2. Aplicativos

móveis – Desenvolvimento. 3. Software - Validação. 4. Educação física e treinamento - Reabilitação. 5. Periodização do

treinamento físico. 6. Psicofisiologia. 7. Atletas – Aspectos fisiológicos. 8. Reabilitação – Indicadores. 9. Percepção. 10. Engenharia biomédica - Dissertações. I. Legnani, Elto, orient. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós- graduação em Engenharia Biomédica. III. Título.

CDD: Ed. 23 -- 610.28

Biblioteca Central do Câmpus Curitiba – UTFPR Bibliotecária: Luiza Aquemi Matsumoto CRB-9/794

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Dedico esta dissertação aos meus pais, Onofre e Zenir, que com sua sabedoria de pessoas simples acreditaram em mim e me incentivaram sempre a estudar e não aceitar a minha realidade.

Sem jamais esquecer minha família, Vanessa, Yasmin e Nicolas, que compreenderam as minhas angustias e com seu amor me apoiaram a vencer esse desafio.

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Durante todos os meus anos nos bancos escolares, me recordo claramente de todos os mestres que fizeram diferença na minha caminhada, para agradecê-los certamente uma página seria insuficiente, para estes, digo, do fundo do meu coração obrigado!

Já há algum tempo havia perdido a esperança de atingir o grau de mestre, eis que Deus colocou em meu caminho o professor Dr. Elto Legnani, um amigo que me ajudou muito nesta jornada, orientando-me e pelo qual tenho profunda gratidão.

Sou grato também a todo corpo docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pela orientação ao longo desta jornada.

Agradeço ao meu amigo e parceiro neste projeto, Tiago Andrade, sem sua ajuda, certamente não teríamos chegado aonde chegamos.

Finalmente, agradeço aos pesquisadores e professores da banca examinadora pela atenção e contribuição dedicadas a este estudo.

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“Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.” Albert Einstein

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mobile para o controle da recuperação do treinamento físico através da Total Quality Recovery. Dissertação de mestrado profissional da Engenharia Biomédica

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2018.

O conhecimento sobre o treinamento esportivo avançou muito nos últimos anos, entretanto, atletas, técnicos e cientistas ainda têm muitas dúvidas em relação ao momento ideal de aplicar uma nova carga de treino e o tempo necessário para a recuperação dos atletas a fim de permitir o controle das adaptações indesejadas, e evitando os estados de cansaço e supertreinamento. O objetivo deste estudo foi desenvolver e validar um aplicativo web mobile para monitorar e avaliar a recuperação das cargas de treinamento em atletas de diferentes esportes. Este estudo consistiu numa pesquisa aplicada quantitativa descritiva transversal dividida em quatro etapas: elaboração e o desenvolvimento da aplicação web e do aplicativo para mobile, validação de conteúdo da aplicação web e do aplicativo mobile juntos aos especialistas da área e um estudo piloto para testar a aplicação, onde se avaliaram recuperação dos atletas por meio dos indicadores da Total Quality Recovery-(TQR per e TQR act) em 105 atletas das modalidades coletivas de futsal masculino categoria sub17 e futebol masculino das categorias sub 12, 13, 14, 15. A aplicação permite o monitoramento da TQR e pode ser acessada através do site (www.e-trimp.com) ou por aplicativo disponível para o sistema android. Na avaliação dos professores e profissionais especialistas, 58% das respostas facultadas ao sistema nos 14 itens avaliados foram “Excelente”, 34% “Muito Bom” e 8% “Bom”. O estudo piloto mostrou-se importante para a testagem do sistema, permitindo o acompanhamento longitudinal da percepção da recuperação (TQR per) e das variáveis da recuperação (alimentação e hidratação, sono e recuperação, relaxamento e suporte emocional, alongamento e recuperação ativa), gerando resumos estatísticos descritivos básicos, assim como gráficos da recuperação das sessões de treinamento, dos ciclos de treino e até mesmo de toda a temporada permitindo a intervenção imediata ou a correção da periodização. Conclui-se que o uso dessa tecnologia pode eliminar uma barreira geográfica e temporal com relação ao gerenciamento das sessões de treinamento e mostrou-se eficaz para a coleta de dados importantes a respeito da recuperação dos atletas, auxiliando na prevenção de lesões e o supertreinamento.

Palavras-chave: aplicação web. aplicativo mobile. recuperação de treinamento. cargas psicofisiológicas.

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to control the recovery of physical training through Total Quality Recovery. Dissertation of the professional master of Biomedical Engineering - Federal Technological University of Paraná, Curitiba, 2018.

The knowledge about the sports training has advanced in recent times, however, athletes, coaches and scientists still have a lot of questions regarding the ideal moment to apply a new load of training and the necessary time to the recovery of the athletes in order to allow the control of the undesirable adaptations and avoiding the states of tiredness and overtraining. The goal of the present study was to develop and validate a web mobile app to monitor and evaluate the recovery of the training loads on athletes of different sports. It consists on a tranversal descriptive quantitative applied research divided into 4 stages: elaboration and development of the web application and of the mobile app, validation of the content of the web application and of the mobile app along with the area specialist teachers and a pilot study to test the application, where was evaluated the recovery of the athletes through the indicators of the Total Quality Recovery (TQR per and TQR act) on 105 athletes of the group modalities of masculine futsal under 17 category and masculine soccer of the under 12, 13, 14 and 15 categories. The application allows the monitoring of the TQR and can be accessed on the website (www.e-trimp.com) or by the app available for the android system. On the specialist teachers and professionals’ evaluation, 58% of the answers given to the system on the 14 evaluated items were rated as “Excellent”, 34% as “Very good” and 8% as “Good”. The pilot study proved to be important to the system testing, allowing the longitudinal monitoring of the recovery perception (TQR per) and the recovery variables (feeding and hydration, sleep and recovery, relaxation and emotional support, stretching and active recovery), generating basic statistic descriptive summaries, as well as charts of the recovery of the training sessions, the training cycles and even the whole season allowing the immediate intervention or the adjustment of periodization. We have concluded that the use of this technology eliminates a geographic and temporal barrier regarding the management of the training sessions and it can proved to be effective for the collection of important data about the athletes’ recovery, helping the prevention of injuries and the overtraining.

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Gráfico 1: TQR act – futsal SJP ... 64

Gráfico 2: TQR per - futsal SJP ... 65

Gráfico 3:TQR act –Renovicente sub-12 ... 66

Gráfico 4: TQR per–Renovicente sub-12 ... 66

Gráfico 5: TQR act –Renovicente sub-13 ... 67

Gráfico 6: TQR per–Renovicente sub-13 ... 67

Gráfico 7: TQR act –Renovicente sub-14 ... 68

Gráfico 8: TQR per–Renovicente sub-14 ... 68

Gráfico 9: TQR act –Renovicente sub-15 ... 69

Gráfico 10: Gráfico 10: TQR per - Renovicente sub-15 ... 69

Gráfico 11: Comparativos entre a TQR per ... 70

Gráfico 12: TQR act- nutrição e hidratação ... 70

Gráfico 13: TQR act -sono e recuperação ... 71

Gráfico 14: TQR act - relaxamento e suporte emocional ... 71

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Tabela 1: Escala de Percepção de Esforço (RPE) e Escala da Qualidade Total da Recuperação (TQR) ... 37 Tabela 2: Características das aplicações disponíveis no mercado ... 43 Tabela 3: TQR act - atletas recebem pontos por suas ações ao longo das 24 horas após os exercícios, com foco nos quatro principais fatores ... 49 Tabela 4: Resultado da avaliação da aplicação pelos especialistas ... 61 Tabela 5: Características antropométricas da amostra da amostra avaliada ... 64

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Quadro 1: Lista das tecnologias utilizadas para desenvolvimento do projeto ... 47 Quadro 2: TQR per- percepção da recuperação nas últimas 24 horas ... 48 Quadro 3: Sugestões dos professores e profissionais especialistas ... 63

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Figura 1: Curva de adaptação dos estímulos do treinamento ... 22

Figura 2: Modelo conceitual do bem estar continuo estabelecido consenso do International Olympic Committee 2015 (SOLIGARD et al., 2016) ... 32

Figura 3 : Etapas da metodologia ... 44

Figura 4: Página de apresentação do sistema ... 52

Figura 5: Página de inicial do sistema ... 53

Figura 6: Agenda dos treinos ... 53

Figura 7: Configurações das equipes ... 54

Figura 8: Configurações dos atletas ... 54

Figura 9: Configurações das frequências dos treinos ... 55

Figura 10: Cadastro dos tipos de treinamentos ... 55

Figura 11: Relatório das variáveis coletadas ... 56

Figura 12: Comparações das variáveis coletadas ... 56

Figura 13: Resultados da qualidade de recuperação (TQR per) ... 57

Figura 14: Resultados da qualidade de recuperação (TQR act) ... 58

Figura 15: Telas iniciais do sistema e-TRIMP mobile ... 59

Figura 16: Telas de seleção da equipe e do atleta ... 59

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TQR act TQR per RPE

Ações da qualidade total de recuperação Percepção da qualidade total de recuperação Rating of Perceived Exertion

TRIMP Impulso de treinamento FC Frequência Cardíaca

PSE Percepção Subjetiva de Esforço CK Creatina Quinase

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1.2 OBJETIVOS ... 17 1.2.1 OBJETIVO GERAL ... 18 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 18 1.3 JUSTIFICATIVA ... 18 2.1. TREINAMENTO DESPORTIVO ... 21 2.2 CARGAS DE TREINAMENTO ... 24

2.2.1 CARGAS INTERNAS E EXTERNAS ... 24

2.3 MARCADORES DE CONTROLE DA RECUPERAÇÃO ... 27

2.3.1 PARÂMETROS FISIOLÓGICOS ... 27

2.3.2 INDICADORES PSICOFISIOLÓGICOS ... 28

2.5 ESTÁGIOS DO SUPERTREINAMENTO ... 31

2.6 TOTAL QUALITY RECOVERY ... 36

2.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO ... 40

2.8 SISTEMAS DISPONÍVEIS ATUALMENTE NO MERCADO ... 42

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ... 44

3.2 PARTICIPANTES ... 45

3.2.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ... 45

3.2.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ... 45

3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS ... 45

3.3.1 CARACTERIZAÇÕES DO SOFTWARE E SUAS FUNCIONALIDADES ... 45

3.4 PROCEDIMENTO DA VALIDAÇÃO LÓGICA, DE CONSTRUTO E DE CONTEÚDO ... 49

3.5 ESTUDO PILOTO ... 50

3.5.1 PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS ... 51

4.1 APRESENTAÇÕES DAS APLICAÇÕES ... 52

4.1.1 FERRAMENTA WEB ... 52

4.1.2 FERRAMENTA MOBILE ... 58

4.2 RESULTADOS DA VALIDAÇÃO LÓGICA E DE CONTEÚDO PELOS ESPECIALISTAS ... 60

4.3 ESTUDO PILOTO ... 63

5.1 OS SISTEMAS WEB E MOBILE ... 73

APÊNDICES ... 87

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1. INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMÁTICA

A principal dificuldade encontrada na organização do treinamento é distinguir uma adaptação positiva, como resultado obtido pelo programa de treinamento de uma adaptação negativa, impostas pelas cargas do treinamento à capacidade de recuperação do atleta. Uma das condições primordiais para um treinamento de qualidade é evitar estas adaptações indesejadas, que podem se manifestar de diferentes formas, como síndrome do supertreinamento ou overtraining, um estado que o atleta está treinando excessivamente, com uma baixa qualidade de recuperação, sente-se mentalmente fatigado e apresenta uma deterioração do desempenho, ou então um estado de cansaço e letargia, denominado staleness (KOELLING et al., 2015).

Para atender às demandas comerciais, os calendários dos eventos tornaram-se mais longos e cada vez mais congestionados, o que leva os atletas de alto nível, ao limite nas suas capacidades físicas e rotinas de treino (HECKSTEDEN et al., 2016; SOLIGARD et al., 2016). Quando há uma organização sistemática, complexa e dinâmica das cargas de treinamento que permita o descanso e a recuperação suficiente com equilíbrio, esta alta demanda do treinamento pode promover picos de performance ideais, entretanto, quando os atletas estão fadigados sem a devida recuperação, a possibilidade de lesões aumenta dramaticamente, podendo resultar em um dano à saúde ou até o fim da carreira de um atleta (ALEXIOU; COUTTS, 2008; ARMSTRONG; CARFAGNO; HENDRIX, 2014)

Indicadores fisiológicos e bioquímicos podem fornecer parâmetros sobre a fadiga física a fim de monitorar e minimizar os danos. A glutamina plasmática, Creatina Quinase (CK), imunoglobolina A, ureia, lactato sanguíneo e a variabilidade da frequência cardíaca entre outros têm se mostrado muito úteis para avaliar o desgaste físico. Entretanto, estes métodos isolados não são efetivos para prevenir os estados de supertreinamento ( KENTTA; HASSMEN, 1998; ARMSTRONG; VANHEEST, 2002; VILAMITJANA et al., 2014).

Outros testes que avaliam os chamados indicadores psicofisiológicos, também podem fornecer indicativos sobre a recuperação e o estado de fadiga e possuem como

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principais vantagens o fato de serem muito confiáveis e também são altamente replicáveis. São sensíveis aos aumentos na carga de treinamento e apresentam alta correlação com os marcadores fisiológicos, além de ter um bom potencial para a prevenção da mesma (KENTTA; HASSMEN; RAGLIN, 2001; KREHER; SCHWARTZ, 2012; SIKORSKI et al., 2013). Como por exemplo, o POMS (Profile of Mood States

Questionnaire) e o RESTQ (Recovery and Stress Questionnaire for Athletes) que

monitoram as sensações autorreferidas de estresse, recuperação e desempenho físico (DE OLIVEIRA COSTA et al., 2017).

Um dos principais estudos com indicadores psicofisiológicos foi proposto por Kenttä e Hassmén (1998) com a Total Quality Recovery (Qualidade Total da Recuperação - TQR) para avaliar a resposta da recuperação das cargas de treinamento por meio de indicadores psicofisiológicos em seus diversos aspectos. Eles apresentaram duas escalas numéricas baseadas na escala da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) desenvolvida por Borg (1962), a primeira permitia analisar a percepção da recuperação ao treinamento do dia anterior, denominada (TQR act) e a segunda identificar os pontos fracos que poderiam ser melhorados em quatro itens: nutrição, hidratação, sono, recuperação, relaxamento, suporte emocional, alongamento e recuperação ativa a qual chamaram de TQR per (KENTTA; HASSMEN, 1998).

Atualmente, esta ferramenta ainda mostra-se muito útil para o controle da recuperação das cargas de treinamento, entretanto a coleta e análise desses dados são feitas em planilhas do Excel ou então em anotações que nem sempre permitem um armazenamento correto e grande parte desses dados é perdida ou subutilizada e não geram feedbacks para os treinadores suportando suas tomadas de decisões para as melhores opções treinos para seus atletas naquele momento.

Neste sentido, encontra-se um vasto campo com valor teórico e prático para explorar a melhoria da gestão biomédica do treinamento por meio do desenvolvimento de um instrumento que permita o uso efetivo na prevenção dos estados de supertreinamento ou desgaste não funcional. Um método não invasivo, de baixo custo, que permita uma análise frequente, simples, rápida e fidedigna sobre a recuperação dos atletas.

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1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver e validar um aplicativo web mobile para monitorar e avaliar a recuperação das cargas de treinamento em atletas de diferentes esportes.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Desenvolver uma aplicação web para o controle das cargas perceptuais de treinamento em atletas de diferentes modalidades esportivas.

b) Desenvolver um aplicativo mobile para o controle das cargas perceptuais de treinamento em atletas de diferentes modalidades esportivas.

c) Validar a aplicabilidade e os conteúdos da ferramenta digital junto a especialistas da área do treinamento desportivo (validação lógica, construto e conteúdo).

d) Realizar um estudo piloto com atletas de diferentes modalidades esportivas para testar a aplicação web e o aplicativo mobile em campo para avaliar as cargas perceptuais de treinamento.

e) Monitorar as variáveis da recuperação pelo método da TQR.

1.3 JUSTIFICATIVA

A tecnologia sempre esteve a serviço do esporte, frequentemente, verificam-se novas possibilidades e apresentam-se novos desafios para inventar ou recriar modelos de processos ou produtos que possam atender essa demanda por mudanças e a busca por melhores resultados e desempenho.

Paralelamente a tudo isso, as modificações na estrutura dos treinamentos, particularmente com aumento da frequência, duração, e intensidade das cargas se fizeram necessárias. Estas variáveis são ajustadas várias vezes durante o ciclo de treinamento, com maior ou menor fadiga dependendo da fase de treinamento e devido à variada gama de atividades dentro da periodização o monitoramento em esportes coletivos é muitas vezes percebido como desafiador.

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A inclusão de tecnologias integradas na rotina dos treinamentos dos atletas permite a equipe técnica entender melhor os efeitos das cargas de treinamento na fadiga, uma vez que os dados podem ser armazenados e analisados em tempo real e comparados com as demandas do treinamento e competições para determinar as modificações necessárias, reavaliando se a metodologia está, ou não, adequada à demanda do jogo.

Desta forma o monitoramento das cargas e a recuperação do treinamento podem produzir uma explicação científica para os ganhos de performance esportiva, o que ajudará a aumentar a clareza e a confiança em relação a essas possíveis melhorias minimizando o grau de incertezas associado com os ganhos. Permitindo o ajuste das suas cargas de treinamento tanto para aumentar os benefícios do treinamento quanto para evitar o supertreinamento. (DELLASERRA; GAO; RANSDELL, 2014; HALSON, 2014).

Justifica-se o monitoramento do treinamento também pelo aumento no envolvimento no programa, aumentando o senso de participação de todos os atletas. Dados coletados no monitoramento do treinamento podem também ser muito úteis para facilitar a comunicação entre a comissão técnica. Quando combinados esses dados podem ajudar a aumentar a crença e a confiança associada com o programa de treinamento.

Embora nem todos os técnicos e cientistas se empenhem para coletar dados sobre a recuperação dos treinamentos, para alguns, recursos insuficientes podem ser a maior razão para não incluir um sistema de monitoramento. A falta de conhecimento, ou ainda uma inabilidade para interpretar os dados coletados ou inexperiência com as técnicas de monitoramento podem resultar em uma objeção para implantar um sistema prático e sustentável. Soma-se ainda a necessidade de uma clara análise identificando o porquê, o quê, com que frequência e como os dados serão interpretados além do retorno destas informações para a comissão técnica.

Com os avanços das pesquisas na área do treinamento, tem-se um grande número de marcadores de fadiga disponíveis, mas poucos apresentam uma forte evidência científica que suporte o seu uso como indicador definitivo de fadiga. Ainda não se chegou a um marcador realmente confiável, simples e específico para esse fim, principalmente para indicar o supertreinamento ou desgaste não funcional nas fases

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iniciais (GRISSOM, 2005; DE FREITAS; MIRANDA; FILHO, 2009; HALSON, 2014; OLTMANN et al., 2017).

Neste sentido os indicadores psicofisiológicos apresentam-se como uma boa alternativa e têm sido empregados largamente por serem mais sensíveis do que os indicadores fisiológicos as mudanças nas cargas de treinamento e bastante consistentes. Podem revelar sinais de alerta mais facilmente do que vários marcadores fisiológicos e imunológicos, estimando qualitativamente o nível de estresse sofrido e a recuperação após os exercícios. Além de possuírem a vantagem de serem métodos não invasivos, rápidos e de fácil aplicação.

Até o presente momento identifica-se uma lacuna no conhecimento de estudos que apresentem ao mesmo tempo as características de um produto de inovação tecnológica associada a uma ferramenta consistente para avaliar a recuperação do treinamento físico.

O uso dessa tecnologia permitirá eliminar a barreira geográfica e temporal com relação ao gerenciamento das sessões de treinamento, isto porque, os atletas poderão interagir com seus treinadores e preparadores físicos independentemente do local onde se encontrarem, bastando para isso, um dispositivo eletrônico (smartphones ou tablet) com acesso à internet.

Desta forma, o projeto de desenvolvimento de uma aplicação web e um aplicativo

mobile para o controle da recuperação do treinamento físico através da Total Quality Recovery apresenta-se com características de ineditismo na utilização de recursos

tecnológicos na área da gestão do treinamento esportivo ligado à engenharia biomédica.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Para uma melhor compreensão dos conteúdos que serão abordados neste tópico, apresentam-se alguns conceitos importantes da literatura para contextualização da discussão ao longo do estudo. Os temas abordados nesta revisão referem-se aos conceitos do treinamento desportivo, como ocorrem a distribuição das cargas de treinamento e a importância das cargas internas e externas. Apresentam-se também os principais métodos e seus marcadores de fadiga utilizados para o controle da recuperação, tanto marcadores fisiológicos como os indicadores psicofisiológicos.

Aditivamente serão contextualizadas as fases de evolução do supertreinamento ou overtraining, caracterização do staleness, overreach functional e no functional.

E por último, a apresentação da Total Quality Recovery (TQR) com um levantamento das principais aplicações disponíveis no mercado e suas características para avaliar as cargas e recuperação do treinamento.

2.1. TREINAMENTO DESPORTIVO

O treinamento desportivo pode ser definido como um conjunto de atividades sistemáticas utilizadas na preparação de indivíduos ou atletas, cujo objetivo é de causar alterações morfológicas, metabólicas e funcionais especificas, para consequentemente proporcionar um aumento positivo do desempenho em um determinado período competitivo (BARBANTI, 2005; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010a).

O período de treinamento inclui a participação em competições, habitualmente, engloba sessões de treinamento com cargas elevadas e alto grau de dificuldade (complexidade) com o objetivo de preparação para o evento competitivo (FOSCHINI et al., 2007).

Ao considerar o treinamento físico uma condição exógena de estresse, o organismo humano responde alterando sua estrutura para realizar a atividade de uma forma mais eficiente mantendo suas condições ótimas de funcionamento sistêmico (FOSCHINI et al., 2007).

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Sendo que a manipulação das cargas de treinamento e competição é considerada um aspecto chave da periodização esportiva (COUTTS et al., 2008). A aplicação de estímulos estressores, representados pela intensidade, duração e frequência do exercício físico, deve sempre buscar o desequilíbrio da homeostasia dos sistemas biológicos de maneira consistente com possibilidade de adaptação do indivíduo. Esta adaptação adequada ao estímulo estressor permite ao organismo a reorganização de seu mecanismo funcional para o restabelecimento de um estado homeostático ideal. Assim, se um mesmo estímulo de estresse for imposto novamente, os mecanismos homeostáticos não serão rompidos na mesma extensão (HENRIQUE; DANTAS; SPOSITO-ARAUJO, 2011).

Figura 1: Curva de adaptação dos estímulos do treinamento Fonte: adaptada de Soligard et al. (2016, p.1031)

A melhoria do desempenho esportivo depende diretamente da distribuição adequada das cargas de treinamento e recuperação fornecida aos atletas. A capacidade de monitorar com precisão a carga de treinamento é um aspecto importante para a eficácia da periodização também como prevenção de efeitos

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negativos, como redução no desempenho (HENRIQUE; DANTAS; SPOSITO-ARAUJO, 2011).

A velocidade de adaptação ao treinamento de uma pessoa é limitada e não deve ser forçada além da capacidade do seu organismo, consequentemente é importante que as diferenças individuais sejam reconhecidas e levadas em conta ao se elaborar um programa de treinamento. As principais alterações físicas relacionadas ao treinamento ocorrem entre seis e dez semanas e a magnitude destas alterações geralmente é controlada pelo volume de exercício aplicado durante o treinamento (KENTTA; HASSMEN, 1998).

Em um estudo de revisão sobre a periodização do treinamento desportivo realizado por Henrique et al. (2011) foram levantadas quase dez diferentes elementos de carga, tais como: volume; intensidade; densidade; duração; frequência; natureza dos exercícios; duração e natureza dos intervalos de repouso; número de repetições; e magnitude do estímulo (DE FREITAS; MIRANDA; FILHO, 2009).

O sucesso do treinamento depende cada vez mais do equilíbrio entre alcançar o desempenho máximo e evitar as consequências negativas do excesso de treinamento. Os volumes de treinamento abaixo do que pode ser considerado otimizado não resultam na adaptação desejada (ou seja, o maior ganho possível de desempenho), enquanto que os volumes de treinamento acima do ideal podem, entre outras coisas, levar a uma condição geralmente referida como síndrome de overtraining ou stalleness. O treinamento rígido pode, aparentemente, ser a fórmula tanto para o sucesso quanto para o fracasso (SOLIGARD et al., 2016).

A sobrecarga imposta no treinamento tem aumentado substancialmente nos últimos anos na busca de melhores desempenhos, sendo importante considerar que há uma linha tênue entre o treinamento ideal para o máximo rendimento e o excessivo. Atualmente há uma grande preocupação dos treinadores e preparadores físicos são os efeitos benéficos e nocivos do exercício físico, e cada vez mais o treinamento desportivo está se voltando para um processo rigoroso e sistematizado (BORIN; GOMES; LEITE, 2007; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010b).

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2.2 CARGAS DE TREINAMENTO

O grupo de Consenso do Comitê Olímpico Internacional (2015), concordou com uma definição ampla de "carga" para o desporto (estressores fisiológicos, psicológicos ou mecânicos únicos ou múltiplos) como um estímulo que é aplicado a um sistema biológico humano (incluindo elementos subcelulares, com uma única célula, um ou vários tecidos ou sistemas de órgãos do indivíduo). A carga pode ser aplicada ao sistema individual biológico humano em diferentes períodos de tempo (segundos, minutos, horas a dias, semanas, meses e anos) e com diferentes magnitudes de duração, frequência e intensidade (SOLIGARD et al., 2016).

2.2.1 Cargas Internas e Externas

O termo "carga externa" é frequentemente usado de forma categórica como “carga”, referindo-se a qualquer estímulo externo aplicado ao atleta que é medido independentemente de suas características internas. Qualquer carga externa resultará em respostas fisiológicas e psicológicas em cada indivíduo, após interação e com variação em vários outros fatores de aspectos biológicos e ambientais. Esta resposta individual é referida como “carga interna”.

Um dos princípios que regem o processo de treinamento é a variação da carga de treinamento (externa e interna) ao longo do macrociclo (BOURDON et al., 2017).

Existem muitas medidas diferentes de carga, mas a evidência da sua validade como marcadores de adaptação e má adaptação à carga é limitado. Um único marcador da resposta de carga de um atleta não consegue prever uma má adaptação ou lesão de forma consistente. O acompanhamento da carga total envolve mensurar a carga externa, cujas ferramentas podem ser gerais ou específicas do esporte, e para as cargas internas, as ferramentas devem ser objetivas ou subjetivas (HALSON, 2014).

Medir a carga externa normalmente envolve a quantificar a carga de treinamento ou competição do atleta, como horas de treinamento, distância percorrida, watts produzidos, número de partidas disputadas ou arremessos realizados. Atualmente, existem vários métodos que são utilizados para quantificar as cargas de treinamento, esses métodos podem ser descritos como a medida da carga de treinamento externo

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(carga de treinamento independente das características internas individuais, como por exemplo, mensurar a potência, velocidade e aceleração através de dispositivos como o SRM ™ e o Power Tap™ com informações sobre a média, potência, velocidade, cadência e aceleração, ou as Análises de Tempo e Movimento (TMA) que utilizam o

global position system (GPS) para fornecer dados como a velocidade, duração, tipo de

tarefa sempre referente à carga de treinamento (BOURDON et al., 2017).

Há ainda os métodos que mensuram a função neuromuscular, como o teste de saltos (conter movement / squat jump) com variáveis de medidas que incluem potência média, velocidade de pico, força de pico, altura de salto, tempo de voo, tempo de contato e taxa de desenvolvimento de força (BOURDON et al., 2017).

O estresse fisiológico imposto sobre os atletas pela carga externa (carga interna) pode ser medido por meio de métodos como a Rating of Perceived Exertion (RPE), taxa da frequência cardíaca (FC), pelo impulso de treinamento (TRIMP), taxa da concentração de lactato, recuperação da frequências cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca, dosagens bioquímicas, hormonais e imunológicas, questionários e sono (IMPELLIZZERI et al., 2004; SOLIGARD et al., 2016; OLTMANN et al., 2017)

Além disso, outros fatores externos, como o estilo de vida, eventos diários, aborrecimentos ou viagens devem ser quantificados, são igualmente importantes principalmente em jovens atletas e devem ser monitorados (HALSON, 2014).

A carga interna é medida pela avaliação do processo fisiológico interno e a resposta psicológica à carga externa, exemplos específicos incluem medidas como frequência cardíaca (fisiológica / objetiva), classificação da percepção do esforço ou questionários para estressores psicossociais (psicológicos / subjetivos) (IMPELLIZZERI et al., 2004; SOLIGARD et al., 2016).

Enquanto a medida da carga externa é importante compreender o trabalho completo, as capacidades e habilidades do atleta, a medição da carga interna é fundamental para determinar o estímulo apropriado para uma melhor adaptação biológica. (HALSON, 2014).

Outra questão relevante a ser considerada diz respeito à individualidade, a carga interna também será influenciada pelas características individuais (exemplo: nível de condicionamento e potencial genético). Comparar testes fisiológicos e psicológicos pode levar a resultados duvidosos. Diferenças interindividuais no potencial de recuperação, capacidade física, estressores em períodos de não treinamento e

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tolerância ao estresse podem explicar diferentes graus de susceptibilidade dos atletas em situações semelhantes (HALSON, 2014) (AUSTRALIAN STRENGTH & CONDITIONING ASSOCIATION; SCOTT; SCOTT, 2014).

A dissociação entre as unidades da carga externa e interna podem revelar o estado de fadiga de um atleta e a resposta fisiológica do indivíduo ao estímulo de treinamento (carga interna). Esta pode ser um marcador de carga de treinamento mais agudo, o processo de treinamento completo é composto pela combinação de ambos, a carga externa e as características individuais. Portanto, pode ser que esses dois elementos do treinamento forneçam diferentes informações para treinadores que podem ser usadas para influenciar decisões sobre o processo de treinamento (DE FREITAS; MILOSKI; FILHO, 2012).

As cargas externas confirmam se os resultados planejados do treinamento estão sendo alcançados, enquanto as medidas internas de carga de treinamento podem ser usadas para determinar como os jogadores estão respondendo ao treinamento. (BRINK et al., 2014).

Esta quantificação precisa e distribuição adequada das cargas de treinamento (CT) por meio de um programa de treinamento periodizado permitirão que atletas em alto nível atinjam um patamar ideal de aptidão, trazendo adaptações específicas e aumento de rendimento (AUSTRALIAN STRENGTH & CONDITIONING ASSOCIATION; SCOTT; SCOTT, 2014).

Um problema observado em relação às cargas externas é a diferença de percepção do treinador e dos atletas em relação às cargas de trabalho. De uma forma geral, os atletas perceberam as sessões como mais difíceis do que o que pretendiam os treinadores. Além disso, para as sessões propostas como fáceis e intermediárias pelo treinador, os jogadores relataram uma intensidade de treinamento significativamente maior. Para dias difíceis, os jogadores relataram menor intensidade de treinamento (BRINK et al., 2014).

A teoria sugere que as cargas de treinamento interno podem ser mais apropriadas para monitoramento de treinamento, enquanto que a carga externa geralmente é considerada importante para a prescrição e planejamento de treinamento (PALACIOS et al., 2015).

(27)

2.3 MARCADORES DE CONTROLE DA RECUPERAÇÃO

2.3.1 Parâmetros Fisiológicos

Alguns estudos têm demonstrado que o estresse muscular causados pelo exercício físico intenso induz a lesões em sua estrutura, que são acompanhadas por alterações nas concentrações séricas e plasmáticas de diversas proteínas intracelulares (PALACIOS et al., 2015).

Nos esportes os parâmetros dos biomarcadores são a chave para avaliar o impacto do exercício em diferentes sistemas, tecidos e organismos. Podem-se estimar parâmetros para avaliar o grau de aptidão física, dano muscular, hidratação / desidratação, inflamação, dano oxidativo, fadiga, excesso de treino, etc. que facilitam a avaliação da resposta do corpo humano nos diferentes níveis de atividade física ou treinamento sendo realizado (MCARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, 2003).

A maioria dos biomarcadores são medidos no sangue, urina e saliva. Os biomarcadores podem ser usados para medir o impacto do treinamento em longo prazo ou o efeito agudo do exercício. O valor ou concentração de um biomarcador depende de muitos fatores, como o status de treinamento do sujeito, o grau de fadiga e do tipo e duração do exercício, além da idade e gênero, entre outros. O clima também pode desempenhar um papel, principalmente temperatura, umidade e velocidade do vento (SIMÕES et al., 2004).

Dos indicadores bioquímicos, a Creatina Quinase (CK), por exemplo, representa muito bem aumento de carga de treinamento (BARA FILHO et al., 2013; DE FREITAS et al., 2014). A razão entre as concentrações plasmáticas da testosterona (T) e do cortisol (C) também podem ser utilizadas como sinalizadora do nível de desgaste físico apresentado pelo atleta. A testosterona é um hormônio anabólico, enquanto o hormônio cortisol, cuja produção é aumentada em situações de estresse (como o treinamento intenso e de longa duração), está relacionado com o catabolismo dos tecidos muscular esquelético e adiposo. Foi observado durante um período de treinamento intensivo, sinais de recuperação incompleta naqueles atletas que apresentaram uma diminuição maior que 30% na razão T/C em repouso (DE FREITAS et al., 2014)

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Outros parâmetros que têm sido investigados incluem alterações na resposta autonômica cardíaca de repouso e após o exercício, diminuição de índices relacionados à variabilidade da frequência cardíaca (VFC), pressão arterial (PA), consumo máximo de oxigênio (VO²max) em repouso e no exercício. A queda de alguns parâmetros hematológicos como a concentração de hemoglobina (Hgb) níveis sanguíneos de leucocitose hematócrito, ferro, glicose, ureia e várias outras enzimas, principalmente pelo aumento dos níveis séricos de Creatina Quinase (CK) e hormônios. Além de afetar negativamente o estado de humor com diminuição da percepção de vigor e aumento da percepção de fadiga (PALACIOS et al., 2015).

Em seu estudo com futebolistas, De Freitas (2014), apontou que a Creatina Quinase (CK) parece ser uma variável mais reativa à carga de treinamento neste esporte em relação às outras, e que as variáveis psicofisiológicas obtidas pelo questionário de POMS apresentaram tendências similares a CK. Os valores da variabilidade de frequência cardíaca assim como a hemoglobina, apresentaram uma relevante tendência de resposta às alterações da carga, no entanto com uma temporalidade diferente das demais (DE FREITAS et al., 2014).

Um dos principais limitações apresentadas por biomarcadores bioquímicos, principalmente a cretaina kinase é a falta de valores de referência especificamente adaptados para atletas e pessoas fisicamente ativas. As concentrações podem variar consideravelmente dos valores de referência normais (PALACIOS et al., 2015)

2.3.2 Indicadores Psicofisiológicos

Outra forma descrita na literatura para monitorar a recuperação das cargas de treinamento são os modelos de indicadores psicofisiológicos, que podem revelar sinais de alerta mais facilmente do que os vários marcadores fisiológicos ou imunológicos, sendo mais sensíveis e consistentes. Além disso, medidas psicológicas podem ser aplicadas e reportadas mais rapidamente (minutos) do que ou marcadores sanguíneos, que podem levar dias ou semanas para serem avaliados. (FREITAS et al., 2014; SOLIGARD et al., 2016);(O’CONNOR et al., 1991).

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A carga psicológica pode ser definida como a percepção do atleta em relação ao treinamento. As medidas subjetivas podem ser mais sensíveis e consistentes do que medidas objetivas na determinação de mudanças agudas e crônicas no bem-estar do atleta em resposta à carga, podendo estimar qualitativamente a o nível de estresse e recuperação após exercícios (HALSON, 2014).

Os testes psicológicos fornecem métodos mais fáceis e mais efetivos para detectar a síndrome de supertreinamento do que os métodos que dependem de vários fatores fisiológicos ou marcadores imunológicos (O’CONNOR et al., 1991).

Aparecem fortes evidências na literatura que o monitoramento é incorporado por muitos técnicos de programas alta performance e que as medidas de autorelato são mais comumente usadas, seguido por avaliações práticas específicas de desempenho do desporto. Comissão técnica e treinadores estão incorporando estas técnicas regularmente, com o objetivo de minimizar a fadiga e lesões, bem como examinar a eficácia do programa de treinamento (BORG; BORG, 2002).

As quatro principais vantagens de se usar marcadores psicológicos para identificar e monitorar o processo de supertreinamento são apresentadas por O’Connor, (1991):

1) As mudanças psicológicas são mais confiáveis, isto é, mudanças de humor coincidem com aumentos e diminuições em treinamento e também são altamente replicáveis.

2) Alguns estados de humor são altamente sensíveis aos aumentos da carga de treino (mudanças nesses estados ocorrem no início e têm grandes efeitos) enquanto outros são mais sensíveis à síndrome de supertreinamento.

3) As variações nas medidas de humor geralmente se correlacionam com os marcadores fisiológicos.

4) A titulação de cargas de treinamento com base no humor as respostas ao excesso de treinamento parecem ter bom potencial para evitar o estado de supertreinamento (O’CONNOR et al., 1991).

As escalas de percepção de esforço foram criadas com o principal objetivo de estabelecer as relações entre percepção do esforço e as cargas de treinamento, ou estresse fisiológico (NAKAMURA et al., 2005). O conceito de esforço foi desenvolvido

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por Borg, na década de 50, juntamente com métodos a serem utilizados para medir o esforço percebido e a fadiga e que são utilizados até hoje.

O que comumente sentimos e descrevemos como fadiga tem muito em comum com o esforço percebido, principalmente durante ou logo após um exercício intenso. Contudo, fadiga refere-se a um estado que poderia ser chamado de “sonolência” ou um alto estado de cansaço ou exaustão. Por outro lado a percepção do esforço em intensidades muito altas está também associada à redução da capacidade de trabalho intimamente relacionado ao conceito de intensidade do exercício, ao trabalho muscular intenso, envolvendo uma tensão relativamente alta sobre os sistemas musculoesquelético, cardiovascular e pulmonar. Ao mesmo tempo condições de motivação, emocionais e patológicas especiais podem estar envolvidas. Ambos têm em comuns aspectos fisiológicos e psicológicos (BORG; BORG, 2002).

Os índices de esforço percebido (RPE) podem ser obtidos por vários meios, por exemplo, as escalas da RPE ou CR10 de Borg. Por definição a RPE refere-se a todo o esforço percebido, o qual depende vários fatores – indícios sensoriais, sintomas somáticos e fatores emocionais. Foi construída de modo que certas funções psicofísicas possam ser avaliadas de acordo com a suposição que a tensão fisiológica cresce linearmente com a intensidade do exercício e que a percepção deve acompanhar o mesmo aumento, mais comumente utilizada para testes de esforço percebido (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2003).

A escala de esforço CR10, uma escala similar a RPE, onde são medidos critérios psicofísicos internos, as respostas dizem mais respeito a uma escala de classificação o que torna possível determinar funções incrementais para diferentes modalidades. A CR10 é uma escala de intensidade geral que pode ser usada para estimar a maioria dos tipos de intensidades perceptivas. Atualmente é de uso comum para a avaliação de intensidades de dor (SOLIGARD et al., 2016).

A avaliação do esforço percebido é aceito como um método confiável para monitorar a tolerância de um indivíduo em relação ao exercício físico, essa medição de esforço correlaciona-se altamente com a FC e com a intensidade do exercício físico (SOLIGARD et al., 2016).

Mais tarde, foi proposta por Foster et al. (1996) a PSE da sessão e tem como objetivo quantificar a carga interna de treinamento. Que consiste em perguntar ao atleta

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“Como foi a sua sessão de treino?”. Como a medida deve refletir a avaliação global de toda a sessão de treino, a PSE da sessão é obtida após 30 minutos de encerramento de cada sessão de treinamento e de competição (MCARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, 2003; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010).

Além da PSE, outras subescalas podem ser particularmente úteis para monitorar: estresse não-esportivo, fadiga, recuperação física, saúde geral / bem-estar físico, vigor / motivação e sintomas físicos / lesões. Essas variáveis oferecem ao treinador e a outros membros da equipe de suporte dados essenciais sobre a disposição do atleta para treinar ou competir, e pode assim informar ajustes individuais a prescrição do treinamento (SOLIGARD et al., 2016)

2.5 ESTÁGIOS DO SUPERTREINAMENTO

Considera-se a relação entre carga e recuperação como agentes contrários mútuos de bem-estar contínuo e saúde. O esporte e as cargas não-esportivas (aborrecimentos diários, eventos de estresse, idade, metabolismo, hormônios e fatores genéticos) impõem estresse aos atletas, mudando seu bem-estar físico e psicológico ao longo de um período que progride do estado de homeostase, através dos estágios da fadiga aguda, funcional e não funcional (overeaching), depois para síndrome do supertreinamento, seguindo para danos teciduais, sintomas clínicos, ferimento ou doença com a continuidade da carga e em últimos casos, a morte. A morte é rara no esporte, e tipicamente associada à doença subjacente, por exemplo, doença estrutural cardíaca subjacente desencadeando uma arritmia fatal (SOLIGARD et al., 2016).

Para os atletas, a deterioração (clínica e de performance) ao longo de um período geralmente termina em uma lesão ou doença. Nesse ponto, o atleta é obrigado a cessar o treinamento (DE FREITAS; MIRANDA; FILHO, 2009; HECKSTEDEN et al., 2016; SOLIGARD et al., 2016).

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Figura 2: Modelo conceitual do bem estar continuo estabelecido consenso do International Olympic Committee 2015 (SOLIGARD et al., 2016)

Os profissionais que cuidam da saúde dos atletas preocupam-se que a gestão de cargas de treinamento deficiente combinada com um aumento e saturação do calendário de competições pode causar danos na saúde dos atletas. Apesar da etiologia destes danos nos esportes serem multifatoriais e envolvem fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, as evidências têm demonstrado que o não controle da recuperação são as que oferecem maior risco de danos. Equilíbrio insuficiente entre carga e recuperação pode levar a uma fadiga prolongada e respostas anormais do treinamento (HACKNEY; BATTAGLINI, 2007; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010a; SOLIGARD et al., 2016).

Esse desequilíbrio entre estímulos de treinamento e fatores de recuperação pode ser encontrado não apenas em situações do treinamento e de competição, mas também naquelas advindas de fora do treinamento e da competição. Assim, aspectos sociais, educacionais, ocupacionais, econômicos, emocionais, nutricionais, viagens (sem a possibilidade de escolha pelo atleta) e monotonia, além da falta de e atividades recuperativas podem levar o organismo a desenvolver um estado de letargia e cansaço e atuam no aumento do risco de desenvolver o supertreinamento

(ALVES; COSTA; SAMULSKI, 2006).

Um conceito-chave para o entendimento da carga é que as más adaptações são complexas, e abrangem os aspectos fisiológicos, psicológicos, bioquímicos (ou neuroendocrinológicos) e imunológicos. Geralmente são desencadeadas, não apenas pela má gestão do treinamento e das cargas das competições, mas também pela interação com estressores psicológicos não-esportivos, como o estresse negativo do

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evento e problemas diários. Integrando variações interindividuais (por exemplo, idade, sexo, condicionamento, fadiga, saúde, psicologia, metabólica, hormonal e fatores genéticos) com o gerenciamento de carga dos atletas. Em última análise, o período de recuperação e adaptação e, portanto a susceptibilidade às lesões varia entre os atletas de uma forma individual (ALVES; COSTA; SAMULSKI, 2006)

A incidência quanto aos sinais e sintomas do supertreinamento pode variar entre 7 e 20%. Pesquisas realizadas com atletas de endurance, especialmente nadadores, observaram resultados semelhantes (7% a 21%), sendo que 10%apresentavam sintomas graves. Esportes que envolvem grandes cargas de treinamento frequentemente demonstram maior número de resultados negativos, como as modalidades de corridas, natação, ciclismo e remo (KENTTA; HASSMEN, 1998).

Não há uma definição da terminologia geral sobre as consequências negativas associadas ao treinamento físico excessivamente pesado. Muitos pesquisadores denominam o fenômeno ou a síndrome do supertreinamento ou overtraining syndrome de diferentes formas: fadiga crônica ou persistente (overfatigue), estafa física (staleness), exaustão emocional (burnout), uso excessivo (over use – termo utilizado também para lesões esportivas com característica micro traumáticas) e over work para trabalho excessivo (O’CONNOR et al., 1991).

Além disso, os termos utilizados têm diferentes significados em diferentes contextos. Os termos utilizados em relação ao supertreinamento incluem síndrome de

overtraining, overtrained, overstrained, overused, overworked, overstressed, overreaching, stagnation, staleness, staleness syndrome, burnout e síndrome de fadiga

crônica (BUCHHEIT, 2014).

O termo staleness ou overtraining pode gerar certa confusão na terminologia é em parte devido às diferentes teorias e tipos de pesquisa. Pesquisadores europeus usaram principalmente os termos overstrained, overtraining, overstrain ou overtraining

syndrome para indicar o que alguns pesquisadores dos EUA se referem como staleness

ou a staleness syndrome (BUCHHEIT et al., 2013).

Um problema intimamente relacionado parece ser a incerteza de se os sintomas observados precedem o staleness ou ocorre no início do desenvolvimento da desordem (overreaching) ou são apenas manifestações do estado de staleness. O

overreaching e o supertreinamento são processos nos quais o atleta apresenta uma

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totalmente em no máximo duas semanas, mas no segundo o período de recuperação pode levar de algumas semanas a meses (AUBRY et al., 2015).

A diferença entre positivo e negativo o excesso de treinamento depende do resultado do processo treinamento. Um atleta que não recuperou dentro de 72 horas de treinamento, presumivelmente, em trabalhado muito pesado e, portanto experimenta um excesso negativo de treinamento e pode ser considerado em estado de overeaching não funcional. O overreaching ocorre devido ao acúmulo do estresse do treinamento e de outros fatores que resultam em uma diminuição da capacidade de rendimento, a qual é restaurada de alguns dias a duas semanas. O overreaching pode ainda ser entendido como parte do processo da supercompensação do organismo (KENTTA; HASSMEN, 1998).

Overreaching e staleness são usados e são considerados em extremidades

opostas da resposta de supertreinamento. Estas condições podem acarretar uma queda no rendimento do atleta que pode ser revertida, com recuperação adequada, em até duas semanas, caracterizando o overreaching. Caso a relação esforço-recuperação inadequada se prolongue, o atleta pode vir a manifestar um estado conhecido como

burnout a que é a perda de motivação e afastamento da modalidade em casos graves

(DE FREITAS et al., 2014).

Um atleta em estado de cansaço e letargia ainda pode ser altamente motivado para continuar treinando e pode até aumentar a carga de treinamento para compensar a diminuição do desempenho (KENTTA; HASSMEN, 1998). Dessa forma, sugere-se que o monitoramento do processo de treinamento deva ser realizado por marcadores psicológicos, fisiológicos, bioquímicos e hematológicos, conjuntamente (KENTTA; HASSMEN, 1998).

Distinguir entre marcadores que precedem ou sinais de aviso prévio com valores de prognóstico e sintomas com diagnósticos de valor (quando a desordem foi verificada) é extremamente difícil na maioria das situações aplicadas. Consequentemente marcadores e sintomas são usados como sinônimos (BENTZEN; LEMYRE; KENTTÄ, 2016).

Assim, a fronteira entre adaptação como resultado de um treinamento ótimo e os estágios iniciais da má adaptação devido ao treinamento excessivo é tênue, especialmente durante uma fase de treinamento pesado. Declínios no desempenho, que são considerados como marca de supertreinamento e ocorrem junto com aumentos na percepção de durante os treinos contínuos (ALVES; COSTA; SAMULSKI, 2006).

(35)

O processo de supertreinamento e seu os sintomas associados podem ser vistos por meios de uma fadiga contínua de curto prazo (aguda) ou crônica, em longo prazo (BENTZEN; LEMYRE; KENTTÄ, 2016). O supertreinamento em curto prazo é descrito como sendo o decréscimo de desempenho atlético em um curto período de tempo, em que o rendimento normal pode retornar de poucos dias a duas semanas de recuperação. Nesse momento, ocorre a melhoria do desempenho por meio da supercompensação ou treinamento ideal. Já o supertreinamento longo prazo é caracterizado por um decréscimo persistente do desempenho atlético, acompanhado geralmente (embora nem sempre) por alterações bioquímicas, fisiológicas e psicológicas, com tempo de reversão do estado ocorrendo de algumas semanas a meses de recuperação (DE ANDRADE NOGUEIRA et al., 2016).

O supertreinamento pode afetar os atletas de através do sistema nervoso simpático ou parassimpático. Acredita-se que a síndrome do supertreinamento do sistema simpático é um estágio intermediário antes do supertreinamento do sistema parassimpático. No primeiro, uma predominância da atividade simpática é sugerida, com FC e PA de repouso aumentadas, apetite diminuído, perda de massa corporal, distúrbio do sono e irritabilidade. Quanto ao supertreinamento do sistema parassimpático, são sugeridos uma frequência cardíaca de repouso baixa e frequência cardíaca do exercício relativamente baixa. Ambos os tipos mostram deterioração no desempenho e fadiga persistente. É possível que as respostas do supertreinamento sigam uma progressão, refletida por uma predominância do simpático seguido pela estimulação parassimpática (ALEXIOU; COUTTS, 2008).

Os fatores associados ao supertreinamento podem prejudicar a saúde do atleta e afastá-lo momentaneamente de treinamentos e competições, podendo comprometer completamente a carreira do mesmo. Admite-se que a principal causa desta síndrome é o tempo inadequado de recuperação. A relação direta entre recuperação e estresse da carga de treino reforça a necessidade da periodização dos programas de treinamento para que os resultados sejam alcançados sem comprometer a saúde e a integridade psicofísica e social do atleta, que e o foco principal do processo (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010a).

O atleta com a síndrome do supertreinamento, além da dificuldade em manter os regimes de treinamento com consequente queda no desempenho, pode apresentar infecção do trato respiratório superior, imunossupressão, percepção de pernas pesadas, fadiga generalizada, aumento da percepção subjetiva do esforço, alterações

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da frequência cardíaca, em casos extremos, pode evoluir para o fenômeno do burnout, processo no qual há um esgotamento psicofisiológicos do atleta sentindo-se este completamente desmotivado com o esporte (SANTOS et al., 2015).

Disfunções no sistema nervoso autônomo, distúrbios do sono e do apetite, alterações de humor, depressão, entre outros. Poucos estudos indicaram uma descrição precisa do processo do supertreinamento para entender o padrão de adaptações positivas e negativas as cargas de treinamento. Fatores como a monotonia dos treinamentos, o excesso de pressão e de competições podem contribuir para o supertreinamento, mas o principal fator causal dessa síndrome é a recuperação inadequada (KENTTA; HASSMEN, 1998).

2.6 TOTAL QUALITY RECOVERY

Após observarem vários métodos descritos na literatura para monitorar os processos de treinamento e poucos métodos para avaliar a recuperação dos treinamentos, Kenttä e Hassmén (1998) propuseram um método através de uma escala estruturada a partir do conceito da escala desenvolvida para classificações do esforço percebido (RPE) desenvolvida por Borg (1950) e depois modificada por vários outros autores Borg (1982), Grove (1993) e Noble e Robertson (1996), que eles chamaram de Qualidade Total de Recuperação (TQR), inicialmente através de respostas positivas em atletas suecos de elite em relação aos seus estados de recuperação.

A Qualidade Total de Recuperação (TQR) é um instrumento prático e não invasivo que, assim como a PSE da sessão, permite uma análise mais frequente e rápida desta variável (KENTTA; HASSMEN, 1998). A tabela 1 apresenta as escalas da PSE e da TQR.

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Tabela 1: Escala de Percepção de Esforço (RPE) e Escala da Qualidade Total da Recuperação (TQR)

Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)

Qualidade Total da Recuperação (TQR)

6 6

7 Muito, muito leve 7

Recuperação muito, muito ruim

8 8

9 Muito leve 9 Recuperação muito ruim

10 10

11 Bastante leve 11 Recuperação ruim

12 12

13 Um pouco difícil 13 Recuperação razoável

14 14

15 Difícil 15 Recuperação boa

16 16

17 Muito difícil 17 Recuperação muito boa

18 18

19 Muito, muito difícil 19 Recuperação muito, muito boa

20 20

Fonte: Adaptada de Kentta e Hassmen (1998, p. 10)

A principal lacuna ao desenvolvimento desta escala está em relação ao processo de recuperação que raramente são diferenciados entre cada atleta, podendo ser proativo (impedindo a ocorrência de supertreinamento) ou reativo (reabilitação de supertreinamento). Bem como o fator que mais está contribuindo para cada tipo de estresse (somático ou cognitivo) advindo do treinamento, tensões psicossociais ou a combinação deles (FERREIRA et al., 2014).

Entre as diferentes abordagens direcionadas para a recuperação, quatro categorias principais foram identificadas:

a) Nutrição e alimentação: Uma dieta pobre em carboidratos com baixa ingestão de líquidos, particularmente a falta de carboidratos, diminuirá a capacidade de tolerar estresse fisiológico (treinamento). É bem conhecido que o reabastecimento de reservas de glicogênio e fluidos é necessário tolerar frequentes e intensos de treinamento. Este pode ser o fator mais importante na manutenção de treinamento de alta intensidade; b) Sono e descanso: o fator mais mencionado e mais obvio para melhorar a recuperação é o descanso. Nesse sentido, o descanso significa não se envolver em

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nenhuma atividade física (recuperação passiva durante o dia) e obter sono suficiente em quantidade e qualidade;

c) Relaxamento e suporte emocional: inclusão de técnicas de fisioterapia para relaxamento, como massagens e sauna na rotina dos atletas são recomendadas e envolvem também uma redução de todos os agentes estressores inespecíficos (isto é, ocupacional, educacional, financeiros e sociais);

d) A intensidade do treinamento pode acelerar o processo de recuperação. O descanso pode ser fornecido através da participação em um esporte diferente sem a cobrança por desempenho. Desta forma, o exercício é usado como uma ferramenta terapêutica para acelerar a recuperação.

O modelo da Qualidade Total de Recuperação propõe avaliar diariamente os atletas e permitir acesso rápido a informações sobre variações nos marcadores selecionados. Tal como apresentar a possibilidade de correção imediata e simultânea, modulando a carga de treinamento e a recuperação e assim evitar o excesso de treinamento (KENTTA; HASSMEN, 1998).

O objetivo principal do uso da escala da TQR é fornecer um instrumento para avaliar a recuperação psicofisiológica em atletas. Seu uso tornou possível monitorar, e a recuperação física ou simplesmente fornecer uma compreensão mais completa das ações necessárias para alcançar uma recuperação total, e caso de necessidade, interferir positivamente no processo da recuperação físicas dos atletas imediatamente.

Por outro lado, a necessidade de educar atletas e treinadores para melhorar o processo de recuperação foi claramente afirmada por outros autores (KENTTA; HASSMEN, 1998). Ao usar uma escala predefinida, os usuários não só serão mais conscientes das complexidades do processo de recuperação, como também verão mais facilmente como as ações realizadas se traduzem em uma recuperação melhorada após treinamento (KENTTA; HASSMEN, 1998).

Desta forma, a escala da TQR foi dividida em duas subescalas: a primeira, e mais fácil de utilizar devido as suas configurações aplicadas, foi denominada de escala TQR percebido (TQR per), ou seja, uma medida global da recuperação física dos atletas. Isto diz respeito à questão de como o atleta percebe a sua recuperação física de forma global após um período de descanso. A segunda subescala mais complexa é referida para a escala de ação TQR (TQR act). O objetivo dessas subescalas é criar um parâmetro mais objetivo (TQR per) e mais um objetivo (TQR act), integrando assim os

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aspectos quantitativos e quantitativos do processo de recuperação física (KENTTA; HASSMEN, 1998).

A escala TQR per enfatiza a percepção do atleta em relação a sua recuperação. O atleta utiliza a percepção para avaliar a sua recuperação geral das 24 horas anteriores, incluindo sua noite anterior de sono. Dirigindo a atenção dos atletas para as pistas psicofisiológicas (estados de humor e sinais como sensações de cansaço, desgaste, etc.). Essa escala tem o mesmo propósito da escala da Percepção Subjetiva de Esforço, ou seja, aumentar a autoconsciência. Esta medida altamente individualizada pode ser usada principalmente para detectar alterações intraindividuais (KENTTA; HASSMEN, 1998)

A escala TQR act avalia e monitora as ações (ou seja, intervenções individuais de recuperação proativa) que, potencialmente, otimizam e aceleram o processo de recuperação. Os atletas simplesmente marcam suas ações, além de acumular pontos de recuperação em um período de 24 horas, relacionadas às quatro principais categorias de recuperação descritas pelo autor. Nesta escala a nutrição e hidratação permite a acumulação de um máximo de dez pontos de recuperação; sono e descanso no máximo quatro pontos; relaxamento e suporte emocional no máximo três pontos; e alongamento e descanso ativo no máximo de três pontos. Assim, o escore global máximo de 20 pontos é igual ao ranking mais alto na escala TQR act (KENTTA; HASSMEN, 1998).

A recomendação prática geral para garantir que a recuperação do atleta seja adequada é que as classificações TQR act e TQR per devem, de preferência, ser pelo menos equivalente ao treinamento real estresse (classificação RPE), o nível mínimo recomendado de recuperação o qual os atletas devem atingir é TQR 13 pontos (recuperação razoável) Outra implicação prática a considerar é a comparação de TQR act e TQR per, quando um atleta tem tomado todas as medidas para o processo de recuperação e apresenta taxas significativamente mais baixas no TQR per em comparação com a escala TQR act, este é um sinal de alerta precoce de que existe um desequilíbrio entre treinamento e recuperação (KENTTA; HASSMEN, 1998).

O uso da escala para a avaliação do estado subjetivo de recuperação é um método válido e confiável para o monitoramento de estresse, podendo ser utilizado como uma ferramenta para estimar a intensidade do exercício dando maior enfoque sobre aspectos cognitivo, não confiando somente em marcadores fisiológicos, permitindo que se concentre nas sugestões psicofisiológicas de qualquer indivíduo

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submetido a um esforço intenso (KENTTA; HASSMEN, 1998; KENTTA; HASSMEN; RAGLIN, 2001; MAGALHÃES CURTY, VICTOR; GATTÁS BARA FILHO, 2011; TAYLOR et al., 2012; OLTMANN et al., 2017).

2.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO

Em seu estudo Taylor (2012), utilizou as respostas de um questionário online para analisar 55 indivíduos envolvidos em esportes de alta performance na Austrália e Nova Zelândia, com 91% dos entrevistados respondendo que implementaram alguma forma de monitorar o treinamento e a maioria (70%) reportaram igual foco na carga de treinamento e no monitoramento da fadiga e recuperação no seu sistema. A razão mais importante para o monitoramento foi à prevenção de lesões (29%), monitoramento da eficácia do programa de treinamento (27%), manutenção da performance (22%). Em termos de importância para o desempenho geral dos atletas, 38% classificaram como extremamente valiosos. Os questionários de autorelato, foram os meios mais comuns para monitoração da fadiga (84%), com a frequência de monitoramento relatado como diária (55%), várias vezes por semana (24%), semanal (18%), ou mensal (2%) (OLIVER; LLOYD; WHITNEY, 2015).

Em um artigo de revisão, enviado ao V Congresso Brasileiro de Eletromiografia e Cinesiologia (APÊNDICE A), Oltmann et al, (2017) fizeram um levantamento dos principais métodos utilizados para avaliar a recuperação das cargas de treinamento no período de janeiro de 2013 a março de 2017 e compilaram 63 artigos que apresentavam pesquisas com atletas de diversos esportes, em modalidades coletivas e individuais, utilizando algum método, ou a combinação de métodos para avaliar a recuperação do treinamento.

Os estudos foram reunidos em cinco grupos: 1) grupo dos métodos que utilizam os indicadores fisiológicos como a frequência cardíaca, frequência cardíaca de repouso, variabilidade de frequência cardíaca e a interação entre essas variáveis; 2) grupo dos métodos que utilizam indicadores bioquímicos que podem fornecer informações sobre a fadiga física por meio da análise de fluídos corporais como sangue, suor, saliva etc. Parâmetros hormonais (testosterona e cortisol) e bioquímicos (hemoglobina, aspartato amino transferase (AST), alanina amino transferase (ALT), γ-glutamil transferase (GGT) e níveis plasmáticos de bilirrubina total e direta, glutamina plasmática, Creatina Quinase

Referências

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