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Apostila RECURSOS

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Academic year: 2021

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1 CURSO DIREITO

Disciplina: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO - 4ª Série Professor: FLAVIO ERVINO SCHMIDT

APOSTILA – 7 RECURSOS

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Sumário:

7. RECURSOS

7.1 PRINCÍPIOS RECURSAIS

7.1.1 Vigência imediata da lei nova 7.1.2 Uni-recorribilidade

7.1.3 Fungibilidade 7.1.4 Variabilidade

7.2 PECULIARIDADES DO PROCESSO DO TRABALHO 7.2.1 Irrecorribilidade das decisões interlocutórias. 7.2.2 Inexigibilidade de fundamentação

7.2.3 Instância única 7.2.4 Efeito devolutivo

7.2.5 Uniformidade de prazos para recurso 7.2.6 Juízo de admissibilidade

7.2.7 Efeitos dos recursos 7.2.8 Regras gerais

7.2.9 Pressupostos dos recursos 7.3 RECURSOS EM ESPÉCIE 7.3.1 Recurso Ordinário 7.3.2 Recurso de Revista 7.3.3 Embargos no TST 7.3.4 Agravo de Petição 7.3.5 Agravo de Instrumento 7.3.6 Agravo Regimental 7.3.7 Recurso Extraordinário 7.3.8 Recurso Adesivo 7.3.9 Correição Parcial 7.3.10 Embargos de Declaração

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7. RECURSOS

A palavra recurso tem origem no latim recursus, de recurrere, que dá a ideia de regressar, retroagir, recuar, refluir. Recurso seria aquilo que tem o curso ao contrário, regresso ao ponto de partida.

No sentido jurídico, recurso é o meio processual estabelecido para provocar o reexame de determinada decisão, visando à obtenção de sua reforma ou modificação.

A natureza jurídica do recurso é um direito subjetivo processual que nasce no transcurso do processo quando proferida uma decisão.

Fundamentos

Os fundamentos do recurso podem ser divididos em jurídicos e psicológicos, conforme a orientação do professor Luiz Carlos A. Robortella (1989, p. 269 apud MARTINS, p. 389).

Jurídicos. Os fundamentos jurídicos para a interposição dos recursos são: a possibilidade de erro, ignorância ou má-fé do juiz ao julgar. Todo ser humano, por ser falível, erra. O juiz não deixa de ser humano, podendo errar, julgar mal etc.

Para esse fim é que existe o remédio que permite a revisão da decisão do juiz pelo tribunal superior. A prevaricação do juiz de segundo grau é mais eficiente do que a do de primeiro grau, pois muitas vezes é onde o processo termina, além do que os recursos para os tribunais superiores são mais difíceis de ser conhecidos, pelo fato de que a matéria é técnica; a oportunidade do reexame da sentença por juízes mais experientes ou de reconhecido merecimento.

O recurso tem por objetivo que a decisão seja melhor resolvida, examinada por mais um órgão julgador. Nem sempre o juiz de segundo grau tem mais experiência em julgar do que o magistrado de primeiro grau. Exemplo é o juiz originário do quinto constitucional, que, quando ingressa no tribunal, não tem experiência de julgador.

O exame mais aprofundado do litígio geralmente é feito pelo juiz de primeiro grau, que foi a pessoa que teve contato direto com a prova, ao presidir a audiência de instrução. Controle sobre o juiz de primeiro grau pode existir no sentido de que este deve fazer uma sentença bem-feita, para não ser modificada no segundo grau. Isso é relativo, pois cada juiz tem um entendimento, além do que há teses com entendimentos diversos, decorrentes de interpretação da norma.

O juiz, de um modo geral, tem responsabilidade na sentença que profere, devendo ter independência em seus pronunciamentos; a uniformização da interpretação da legislação. O recurso de revista tem a função de uniformizar a jurisprudência dos tribunais regionais do trabalho, por meio das turmas do TST. O recurso de embargos tem por finalidade uniformizar a jurisprudência das turmas do TST, o que será feito pela Seção de Dissídios Individuais.

Psicológicos. Os fundamentos psicológicos são: a tendência humana de não se conformar com apenas uma decisão. É o que costuma dizer: vencido, mas não convencido; a possibilidade da reforma da decisão de um julgamento injusto.

Duplo Grau de Jurisdição

A denominação empregada não deveria ser duplo grau de jurisdição, porque não existem apenas dois graus de jurisdição, mas pluralidade de graus de jurisdição, pois o primeiro grau é a Vara, o segundo grau o TRT, o terceiro grau o TST, e um quarto grau, ou grau especial, o STF. Logo, não há apenas duplo grau de jurisdição, mas pluralidade de graus de jurisdição.

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3 O artigo 158 da Constituição de 1824 previa o duplo grau de jurisdição de forma expressa, ao garantir a reapreciação das causas pelo Tribunal da Relação.

O duplo grau de jurisdição é decorrência do devido processo legal e da ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, da Lei Maior).

Não se acha expresso o duplo grau de jurisdição, nem implícito na Constituição, mas é decorrência da legislação ordinária, pois a ampla defesa e os meios e recursos a ela inerentes também irão decorrer da legislação ordinária.

A palavra recurso contida no inciso LV do artigo 5º da Constituição não significa apelo, mas conjunto de medidas ou meios indispensáveis para o exercício da ampla defesa e do contraditório. A norma infraconstitucional pode limitar o direito de recorrer, como ocorre com o § 4º do art. 2º da Lei nº 5.584/70.

O apelo decorre da ideia da pluralidade dos graus de jurisdição, em que a parte poderá recorrer ao tribunal superior, desde que haja recurso previsto na lei.

Esclarece o Enunciado 303 do TST que:

Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo:

a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos;

b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal ou com enunciados de Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.

7.1 PRINCÍPIOS RECURSAIS

Vários são os princípios que podem ser apontados em relação aos recursos.

7.1.1 Vigência imediata da lei nova

A parte não tem direito adquirido a determinado recurso, mas direito de recorrer, de acordo com o recurso que estiver previsto em lei. A lei processual tem aplicação imediata e apanha os processos em curso. Assim, se a lei nova disser que não mais existe recurso ordinário e o prazo para apelar é de dois dias, não haverá direito adquirido a recorrer mediante o recurso ordinário.

Com a sentença é que nasce o direito de recorrer, pois antes disso só se pode falar em mera expectativa do direito de recorrer, visto que o direito de recorrer é inexistente antes de ser prolatada e publicada a sentença.

O recurso é regido pela lei vigente na data da publicação da decisão. É nessa data que surge o direito de recorrer. Entretanto, devem ser respeitados os atos anteriormente praticados sob a égide da lei velha.

A lei nova aplica-se aos processos pendentes, como indica o art. 1.211 do CPC, O art. 915 da CLT explica que "não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em dispositivos alterados ou

cujo prazo para interposição esteja em curso à data da vigência desta Consolidação".

O STJ tem entendido que a lei não é a vigente quando da interposição do recurso, mas a que estava em vigor na data da publicação da decisão, salvo se a matéria for de ordem constitucional, que tem incidência de imediato (STJ, 4ª T., RMS/38 SP, j. 11-9-98, ReI. Min. Sálvio de Figueiredo, DJU, 04/06/90, p. 5.061).

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4 Se a nova lei aumenta o prazo do recurso, temos que, se o prazo da lei velha já se escoou, a lei nova processual não reabre o referido prazo, pois já houve preclusão temporal. Se o prazo ainda não tiver transcorrido integralmente quando da vigência da lei nova, aplica-se o novo prazo, descontando-se os dias já decorridos.

O julgamento do recurso deverá ser feito com base na lei vigente na data da interposição do apelo. O procedimento do recurso será o previsto na lei nova.

7.1.2 Uni-recorribilidade

Só é possível a interposição de um recurso de cada vez. Tendo a parte ingressado com dois recursos de uma só vez, o juiz poderá determinar que a parte escolha o recurso que deve subir para exame do tribunal.

Não há simultaneidade da interposição de recursos, mas sucessividade.

O art. 498 do CPC indica que só pode ser interposto um recurso de cada vez: "quando o

dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da decisão nos embargos".

No processo do trabalho não cabe recurso especial e o recurso extraordinário só cabe da última decisão da SDC ou da SDI.

7.1.3 Fungibilidade

Fungível é o que pode ser substituído por outra coisa do mesmo gênero, número e grau.

A fungibilidade decorre da uni-recorribilidade. Na fungibilidade, ocorre o aproveitamento do recurso erroneamente nominado, como se fosse o que devia ser interposto. É a utilização de um recurso mediante erro, quando o referido apelo não é o previsto para aquela hipótese. Aproveita-se o referido recurso se for tempestivo.

O aproveitamento do recurso erroneamente nominado adviria do princípio de que se o ato alcançou sua finalidade não há nulidade (arts. 244 e 249 do CPC) ou do princípio da economia processual.

Para ser aproveitado recurso erroneamente apresentado é preciso: a) dúvida sobre qual o recurso cabível;

b) inexistência de erro grosseiro. Se houver erro grosseiro, não se pode conhecer do recurso. É o que ocorre com a interposição de embargos de declaração e depois pretende-se que seja conhecido como recurso ordinário; da apresentação de embargos de terceiro, quando era o caso de embargos de declaração etc.;

c) deve ser apresentado no prazo para o recurso que seria cabível.

7.1.4 Variabilidade

Ocorre a variabilidade dos recursos se a parte desistir do recurso interposto, substituindo-o por outro, observando-se o prazo legal. Presumir-se-ia que, se a parte ingressasse com um segundo recurso, haveria a desistência tácita do primeiro apelo.

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7.2 PECULIARIDADES DO PROCESSO DO TRABALHO

Algumas peculiaridades ocorrem no processo do trabalho em matéria de recurso.

7.2.1 Irrecorribilidade das decisões interlocutórias.

No processo do trabalho, não cabe agravo de instrumento para qualquer decisão interlocutória. Aliás, as decisões interlocutórias são irrecorríveis, "admitindo-se a apreciação dessas

decisões apenas no recurso da decisão definitiva" (§ 1º do art. 893 da CLT).

Mesmo das decisões de exceção de suspeição ou de incompetência, não caberá recurso, apenas da decisão definitiva, salvo em se tratando de decisão que venha a terminar o feito na Justiça do Trabalho, como a do juiz que se julga incompetente em razão da matéria, em que caberá recurso, porque aí se considera definitiva a decisão (§ 2º do art. 799, da CLT).

O Enunciado 214 do TST declara que:

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;

b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;

c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Exemplo de hipótese em que a decisão é proferida pelo mesmo tribunal é o caso de o tribunal examinar recurso de revista, afastando a prescrição e determina o retomo dos autos à Vara de origem. Nesse caso, cabe recurso de embargos.

7.2.2 Inexigibilidade de fundamentação

A regra geral é de que os recursos podem ser interpostos por simples petição, ou seja, não há necessidade de fundamentação do apelo (art. 899 da CLT).

O recurso ordinário não necessita de fundamentação, podendo ser interposto por simples petição, como menciona o art. 899 da CLT, ou seja, sem necessidade de fundamentação.

Essa orientação não vige para recursos técnicos, em que é preciso demonstrar a violação da lei, como ocorre no recurso de revista e nos embargos.

A interpretação sistemática da CLT mostra que a inexigibilidade de fundamentação só pode ser utilizada nos casos em que empregado ou empregador estiverem postulando na Justiça do Trabalho sem advogado (arts. 791 e 839 da CLT).

A Orientação Jurisprudencial nº 90 da SDI-II do TST mostra que "não se conhece de recurso

ordinário para o TST, pela ausência do requisito de admissibilidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões da recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que fora proposta".

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7.2.3 Instância única

Nos dissídios de alçada, em que o valor da causa for de até dois salários mínimos, e que não for impugnado pela partes, não caberá qualquer recurso, salvo se a matéria debatida nos autos for de natureza constitucional. Nesse caso, caberá recurso.

A irrecorribilidade também se estende à fase de execução, nos casos de alçada da Vara. O § 4º do art. 2º da Lei nº 5.584/70 é genérico no sentido da alçada, não especificando qual a fase processual que caberia o recurso.

O valor de alçada será fixado de acordo com o valor dado à causa quando do ingresso da ação, caso não seja impugnado e fixado diversamente pelo juiz, e não com base no valor atribuído para custas na sentença.

A impugnação do valor da causa poderá ser feita nas alegações finais, por quaisquer das partes. Mantendo o juiz o valor da causa, as partes poderão pedir revisão da decisão, no prazo de 48 horas, ao Presidente do Tribunal Regional (§ 1 º do art. 2º da Lei nº 5.584/70).

O pedido de revisão não terá efeito suspensivo, devendo ser instruído com a petição inicial e a ata de audiência, sendo julgado em 48 horas a partir de seu recebimento pelo Presidente do Tribunal (§ 2º do art. 2º da Lei n2 5.584/70).

Com a nova Constituição não mais é possível sustentar a existência dos dissídios de alçada ou a instância única, pois, se todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (art. 5º da Lei Maior), não se pode entender que alguns poderão reivindicar a revisão da decisão e outros não, visto que implicaria desigualdade processual.

Aplicando-se por analogia o entendimento de Rogério Lauria Tucci (apud MARTINS, p. 394) que entende que o art. 4º da Lei nº 6.825/80, que disciplinava o não-cabimento de recurso de decisões com valor da causa de até 50 ORTN na Justiça Federal, mas apenas de embargos infringentes do julgado e embargos de declaração; e o art. 34 da Lei nº 6.830/80, que suprime o direito de recurso nas execuções fiscais cujo valor for igual ou inferior a 50 ORTN, há violação do princípio da igualdade. "Além de criticável o

critério para perpetuar-se a desigualdade, de todos aqueles que ingressem em juízo, alguns poderão pleitear a revisão da sentença por outro órgão jurisdicional, enquanto a outros resta vedado o exercício de tal faculdade" (1989b:58).

O § 4º do art. 2º da Lei nº 5.584/70, porém, não fere o duplo grau de jurisdição, como alguns acreditam, quando reza a Constituição que é assegurada a ampla defesa, com os meios e recursos a ela pertinentes, pois esses meios dependem da legislação infraconstitucional, ou seja: o direito de recorrer depende da lei dizer que existe recurso para certo caso. Se a lei mencionar que não cabe recurso ou não é previsto o recurso na lei, a parte não poderá interpor recurso.

Entretanto, o § 4º do art. 2º da Lei nº 5.584/70, além de atritar com a Constituição no que diz respeito ao princípio da isonomia processual (art. 5º), pois todos são iguais perante a lei "sem distinção de

qualquer natureza", viola o inciso N do art. 7º da Lei Maior que veda a vinculação do salário mínimo para

qualquer fim. Como o § 4º do art. 2º da Lei nº 5.584/70 vincula o direito de recorrer ao valor da alçada, que é estabelecido em salários mínimos, houve a revogação pela Constituição do referido parágrafo, por ser incompatível com a Lei Fundamental.

O Enunciado 356 do TST fixou o entendimento de que o art. 2º, § 4º da Lei nº 5.584/70, foi recepcionado pela Constituição, sendo lícita a fixação do valor de alçada com base no salário mínimo.

Ressalte-se que caso não seja fixado o valor da causa, pois o autor não informou na petição inicial, nem o juiz o fixou, permanecendo, portanto, indeterminado, caberá recurso da sentença que vier a ser prolatada, visto que nem sequer pode-se falar que o valor da causa é inferior a dois salários mínimos, pois não existe valor dado à causa.

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7 O STF entende que o recurso cabível na alçada, desde que trate de matéria constitucional, é o extraordinário para o STF (Súmula 640), pois se trata de questão de instância única (art. 102, III, a, da Constituição).

7.2.4 Efeito devolutivo

Os recursos trabalhistas têm como regra o efeito devolutivo (art. 899 da CLT). A exceção seria o recurso ordinário em dissídio coletivo, em que o presidente do TST pode dar efeito suspensivo ao apelo (art. 14 da Lei nº 10.192/01).

Em casos excepcionalíssimos seria possível obter efeito suspensivo no recurso mediante medida cautelar.

7.2.5 Uniformidade de prazos para recurso

No processo civil, temos prazos de recurso de 15 dias (maioria deles).

No processo do trabalho, o prazo para recurso foi uniformizado pelo art. 6º da Lei nº 5.584/70. Assim, qualquer recurso será interposto no prazo de oito dias (recurso ordinário, de revista, embargos, agravo de petição e de instrumento). O recurso extraordinário será interposto no prazo de 15 dias (art. 508 do CPC).

7.2.6 Juízo de admissibilidade

Reflete o juízo de admissibilidade o poder do qual está dotado o juiz a quo de examinar se o recurso atende os pressupostos objetivos e subjetivos para poder subir ao tribunal superior.

O juízo de admissibilidade é feito tanto no juízo a quo, como no juízo ad quem. A posição do primeiro não vincula o segundo, pois se o juízo de primeiro grau entender que não cabe recurso por determinado fundamento, nada impede que o tribunal examine essa questão por motivo, inclusive, de hierarquia.

Exemplo de juízo de admissibilidade é o contido no Enunciado 285 do TST: "O fato de o juízo

primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto a parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela turma do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento."

O que se quer dizer com a referida orientação jurisprudencial é que se o juízo de admissibilidade entende que o recurso de revista não é cabível por violação literal de dispositivo de lei, mas o é quanto a divergência jurisprudencial, não implica o trancamento do apelo, que subirá para exame da turma do TST.

É impróprio se interpor agravo de instrumento, pois não se está denegando seguimento a recurso. O TST irá examinar, em seu juízo de admissibilidade, se o recurso é cabível quanto a divergência jurisprudencial e quanto a violação de lei federal, não se vinculando ao despacho do juízo a quo.

O juiz poderá reconsiderar a admissibilidade do recurso, mesmo o tendo admitido inicialmente, pois muitas vezes somente após a apresentação das contrarrazões é que é alertado pela parte que o recurso não poderia subir por algum motivo. Se a parte provar legítimo impedimento o juiz relevará a pena de deserção, permitindo novo prazo para o preparo (art. 519 do CPC).

Entretanto, essa decisão na prática será muito difícil de ocorrer no processo do trabalho. Admitida a hipótese, caberá ao tribunal apreciá-la, tanto quanto a fixação do prazo para preparo, como dos demais requisitos de admissibilidade do recurso. Ressalte-se que a decisão será irrecorrível para a parte contrária.

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8 A reconsideração do juiz vem a ser uma faculdade deste. Pouco importa se, por exemplo, a parte contrária apresentou ou não alguma preliminar nas contrarrazões, informando o não-cabimento do recurso. O juiz, ao analisar o cabimento do recurso, irá verificar se foram observados os seus pressupostos. O recebimento, porém, do recurso pelo juiz não comporta recurso (RT 488/73), além do que o juiz não fica vinculado a tal ato, podendo não conhecer de recurso se incabível ou fora de prazo (STF, RTJ 86/596).

O reexame de pressupostos do recurso não cria direito subjetivo à parte se o juiz no despacho admitiu o apelo.

7.2.7 Efeitos dos recursos

No processo do trabalho, a regra é de os recursos terem apenas efeito devolutivo (art. 899 da CLT).

Em razão do efeito devolutivo, a parte pode requerer a extração de carta de sentença, para liquidação provisória do julgado, que vai até a penhora.

7.2.8 Regras gerais

A CLT não esgota o tema de recursos, sendo necessário ao intérprete socorrer-se do CPC (art. 769 da CLT).

O recorrente poderá, a qualquer tempo, e sem anuência do recorrido e dos litisconsortes, desistir do recurso interposto (art. 501 do CPC).

Poderá a parte também renunciar ao direito de recorrer.

Distingue-se a desistência da renúncia do direito ao recurso. Na desistência, o recorrente desiste de um recurso já interposto. Na renúncia, não foi ainda interposto o recurso, renunciando a parte à interposição do apelo, ao direito de recorrer.

A parte que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou decisão não poderá recorrer (art. 503 do CPC). Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um ato incompatível com a vontade de recorrer (parágrafo único do art. 503 do CPC).

O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se forem distintos seus interesses (art., 509 do CPC). Sobrevindo motivo de força maior ou o falecimento da parte ou de seu advogado, admite-se a devolução do prazo para recurso (art. 507 do CPC). Restitui-se o prazo pelo período que faltar em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação.

A falta de assinatura do advogado na petição de razões de recurso impede seu conhecimento. Se a falta da assinatura for apenas na petição de juntada do recurso, não haverá nenhum impedimento para seu conhecimento.

As razões do recurso é que devem ser assinadas e não apenas a petição de juntada. Não assinada a petição de razões do recurso, este não será conhecido, pois as razões de recurso é que devolvem a matéria à apreciação do tribunal e não a petição de juntada.

Mostra a Orientação Jurisprudencial nº 120 da SDI-1 do TST que, mesmo estando as razões recursais sem assinatura do advogado, será válido o ato processual se assinada a petição que apresenta o recurso.

Estagiários não poderão assinar a peça recursal, isoladamente, pois o ato de recorrer é privativo de advogado.

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9 O advogado poderá recorrer sem procuração, desde que em casos de urgência, devendo juntar a procuração aos autos para ratificar o seu ato. Caso o advogado que subscreva o apelo não tenha procuração nos autos, o recurso não será conhecido.

Contudo, se o apelo é assinado por advogado que praticou todos os atos no processo, inclusive compareceu à audiência, presume-se que há uma procuração tácita em favor do causídico, possibilitando o conhecimento do recurso.

O art. 13 do CPC, que dá a possibilidade ao juiz de, suspendendo o processo, mandar a parte regularizar sua representação nos autos, só se aplica no primeiro grau e não em grau de recurso (Orientação Jurisprudencial nº 149 da SDI-1 do TST). Nessa hipótese, o relator não tem de conceder prazo à parte para regularizar sua representação nos autos.

De acordo com o art. 514 do CPC, o recorrente deve indicar quais as razões para a reforma do julgado ou o ponto controvertido em sua apelação, não sendo válido reportar-se à inicial ou à contestação como razões de recurso.

No recurso, não poderá o recorrente protestar por razões suplementares, se já apresentou o recurso, em razão da consumação do ato processual, ainda que o prazo processual não tenha transcorrido por inteiro. A exceção é da decisão de embargos de declaração, que forem opostos pelo recorrente, quando tem ciência da referida decisão, podendo, se apresentado seu recurso antes dos embargos de declaração, complementá-lo.

No processo do trabalho não será, portanto, possível interpor-se o recurso e posteriormente apresentar as razões, como ocorre no processo penal (art. 578, caput, c/c arts. 588, caput e 600 do CPP). Há, por conseguinte, preclusão consumativa com a apresentação do recurso e suas razões. Não poderá a parte interpor um segundo recurso, mesmo que dentro do prazo legal.

Se o recurso já foi apresentado e vem a decisão dos embargos de declaração, a complementação do apelo não poderá ter por objeto matéria preclusa, salvo a pertinente aos embargos. Se a parte não tinha interposto nenhum recurso quando apresentou os embargos de declaração, terá direito a apresentar a apelação por inteiro. Caso não tenha recorrido, apresentados os embargos de declaração da parte contrária, poderá recorrer apenas da questão dos embargos, pois em relação às demais houve preclusão.

Tem-se admitido a interposição de recurso por fac-símile. Entretanto, devem os originais ser entregues no juízo no prazo de 5 dias do término do prazo para recurso (Lei nº 9.800/99).

7.2.9 Pressupostos dos recursos

Os pressupostos dos recursos podem ser divididos em objetivos e subjetivos.

Objetivos Previsão legal Preparo Tempestividade Adequação ou cabimento Representação Subjetivos Legitimidade Capacidade Interesse

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7.2.9.1 Objetivos 7.2.9.1.1 Previsão legal

As partes têm direito a interposição do recurso que estiver previsto em lei, em decorrência, inclusive, do princípio da legalidade.

No processo do trabalho, os recursos cabíveis são determinados no art. 893 da CLT: ordinário, revista, embargos, agravo de instrumento e de petição.

O recurso extraordinário também é cabível no processo do trabalho, mas é previsto na Constituição, nas hipóteses elencadas no inciso III do art. 102.

7.2.9.1.2 Adequação ou cabimento

O ato a ser impugnado deve ensejar o apelo escolhido pelo recorrente. Por exemplo: da sentença da Vara cabe o recurso ordinário. Este também é cabível das decisões dos tribunais regionais, em dissídio coletivo, mandado de segurança e ação rescisória, pois são ações de competência originária dos tribunais.

7.2.9.1.3 Tempestividade

Os recursos deverão ser interpostos no prazo previsto na lei. No caso dos recursos trabalhistas o prazo é de oito dias.

Os prazos para os entes públicos serão em dobro, ou seja, 16 dias, como determina o Decreto-lei nº 779/69.

O Ministério Público terá o prazo em dobro para recorrer, de 16 dias.

7.2.9.1.4 Preparo Custas

As custas serão pagas pelo vencido.

Inexistem vencidos no plural, segundo o § 1 º do art. 789 da CL T c/c o § 2º do art. 832 da CLT, mas vencido, no singular. Se o reclamante teve seu pedido julgado totalmente improcedente, pagará as custas. Caso a ré não logre obter êxito em suas alegações, pagará integralmente as custas. Na hipótese do julgamento do pedido ter sido procedente em parte, quem paga as custas é a empresa, que foi a vencida, ainda que em parte.

No processo do trabalho não existe proporcionalidade no pagamento de custas, se o autor e réu decaírem de suas argumentações, como ocorre no processo civil. A regra é a das custas serem pagas pelo vencido.

No recurso ordinário em mandado de segurança, o impetrante, se vencido em sua tese, deve pagar as custas para poder apresentar recurso ordinário, pois há sucumbência.

No mesmo sentido a Orientação Jurisprudencial nº 29 da SDI do TST, que exige o pagamento das custas no recurso ordinário em mandado de segurança.

Havendo recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. Não há mais prazo de cinco dias a contar da interposição do recurso para o pagamento das custas e mais cinco dias para a comprovação nos autos. Assim, as custas deverão ser pagas e comprovadas dentro do prazo de oito dias para a interposição do recurso.

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11 O não-pagamento e a não-comprovação das custas dentro do prazo de oito dias implicará deserção, não sendo conhecido o recurso no tribunal ou será negado seguimento ao apelo pelo juízo a quo.

O § 2º do art. 511 do CPC não se aplica ao processo do trabalho (art. 769 da CLT), pois há regra específica na CLT quanto ao prazo para comprovação do pagamento das custas. A primeira norma diz respeito apenas ao processo civil.

Ainda que o recurso seja interposto antecipadamente, o prazo de pagamento e comprovação das custas é o de oito dias do recurso.

Para que as custas sejam pagas, devem estar fixadas na decisão. Do contrário, não podem ser pagas.

A complementação de preparo por insuficiência (§ 2º do art. 511 do CPC) só pode ser observada quando a própria parte tiver de calculá-lo, que não se aplica no processo do trabalho.

A parte deverá fazer o pagamento das custas mediante DARF, em quatro vias. Uma via ficará retida no banco arrecadador. A segunda será anexada ao processo mediante petição do interessado. A terceira será entregue pelo interessado na secretaria do órgão da Justiça do Trabalho. A quarta ficará na posse de quem providenciou o recolhimento (item II, da Instrução Normativa do TST nº 20/2002).

A Orientação Jurisprudencial nº 158 da SDI-1 do TST admite o recolhimento de custas mediante DARF Eletrônico em relação a entidades da administração pública federal, emitido conforme a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 162, de 04/1/88.

Admite o item VII da Instrução Normativa nº 20/2002 do TST o recolhimento das custas e dos emolumentos mediante DARF Eletrônico, na forma autorizada pela Portaria da Secretaria da Receita Federal nº 2.609, de 20 de setembro de 2001. O comprovante a ser juntado nos autos deverá conter a identificação do processo ao qual se refere, registrada em campo próprio, nos termos do Provimento nº 4/1999 da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho. A parte deverá apresentar o DARF Eletrônico em duas vias. A primeira será anexada no processo e a segunda ficará arquivada na secretaria.

O código de recolhimento das custas será 8019. Havendo diferença irrisória no recolhimento das custas, o recurso deve ser tido por deserto. O valor a ser pago das custas deve ser o total e não uma parte dele, ainda que a diferença seja pequena. Se há diferença ínfima no pagamento das custas, estas não foram pagas em seu valor integral.

A Orientação Jurisprudencial nº 140 da SDI-1 do TST indica que "ocorre deserção quando a

diferença a menor do depósito recursal ou das custas, embora ínfima, tinha expressão monetária, à época da efetivação do depósito".

No litisconsórcio, se um pagar as custas, não há mais necessidade de pagamento pelo outro litisconsorte, pois as custas já foram satisfeitas.

Se a parte é vencedora na primeira instância e vencida na segunda, está obrigada a pagar as custas fixadas na sentença originária, independentemente de intimação, ficando isenta a parte então vencida (En. 25 do TST). Essa determinação não tem previsão em lei, porém é seguida. Na verdade, as custas já foram pagas, o que tem de haver é o reembolso de uma parte em relação à outra e não o pagamento mais uma vez, pois as custas nesse caso serão pagas duas vezes, enquanto o serviço estatal é o mesmo e foi prestado uma vez.

São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita (art. 790-A da CLT):

I - a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica;

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12 A União estava dispensada do pagamento de custas, segundo o inciso VI do art. 1º do Decreto-lei nº 779/69. A razão é que a Justiça do Trabalho é federal. Não havia, portanto, obrigação de a União pagar custas para ela mesma. A nova regra passa a ter previsão no inciso I do art. 790-A da CLT, revogando o inciso VI do art. 1º do Decreto-lei nº 779/69.

Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica pagavam as custas ao final (art. 1º, VI, do Decreto-lei nº 779/69).

Agora, os mesmos entes de direito público estão isentos do pagamento das custas na Justiça do Trabalho, ficando revogada a norma anterior.

O INSS já estava isento do recolhimento de custas (§ 1 º, do art. 8º da Lei nº 8.620/ 93). Inclui-se o INSS como autarquia (Lei nº 8.029/90), que também fica iInclui-senta de custas na Justiça do Trabalho.

Somente autarquias e fundações públicas que não explorem atividade econômica é que estão isentas das custas. É difícil falar em autarquias e fundações públicas que explorem atividade econômica, mas apenas as que não explorarem tal atividade é que ficarão isentas das custas. Fundações privadas pagarão as custas.

É claro o inciso I do art. 790-A da CLT no sentido de que somente as autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais é que são isentas das custas.

Autarquias e fundações públicas distritais devem pagar as custas, pois a outorga de isenção deve ser interpretada literalmente (art. 111, II, do CTN). O emprego de equidade não pode implicar a dispensa de pagamento de tributo devido (§ 2º do art. 108 do CTN). A isenção das custas trabalhistas somente pode ser determinada por lei (art. 97, VI e 176 do CTN), de natureza federal, pois pertencem à União.

Não é extensiva a isenção às taxas, salvo disposição de lei em sentido contrário (art. 177 do CTN), que não existe para as autarquias e fundações públicas distritais. Evidentemente, houve novo erro do legislador, que já havia incidido na mesma hipótese quando da edição do inciso VI do art. 1 º do Decreto-lei nº 779/69, que tinha aproximadamente a mesma redação do inciso I do art. 790- A da CLT.

O Ministério Público do Trabalho fica isento de custas (art. 790-A da CLT). O CPC já dispensava o Ministério Público do pagamento de preparo (§ 1 º do art. 511 do CPC), que é o gênero abrangente das custas.

A isenção das custas não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora (parágrafo único do art. 790-A da CLT).

Entidades fiscalizadoras do exercício profissional são autarquias federais, como OAB, CRC, CREA, CRM etc.

Os órgãos de fiscalização do exercício profissional têm natureza de autarquias federais. Assim, não deveriam ser discriminados em relação às outras autarquias. É inconstitucional essa disposição, pois fere o princípio da igualdade.

A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica ficam obrigadas a reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora.

As despesas judiciais abrangem custas, honorários periciais e de advogado, que deverão ser reembolsadas ao vencedor pelas citadas entidades. É o que ocorreria com o pagamento de custas pelo empregado para recorrer da sentença e, posteriormente, esta ser modificada no tribunal. O ente público deveria reembolsar as custas pagas pelo trabalhador.

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13 Tais entes estão isentos do pagamento de custas, mas devem reembolsar as que foram pagas, por exemplo, pela parte vencida em primeiro grau e vencedora no segundo grau.

As autarquias e fundações públicas distritais terão também de reembolsar as despesas judiciais feitas pelo empregado vencedor, embora não haja previsão nesse sentido na CLT, pois tal determinação é decorrente da sucumbência.

As sociedades de economia mista, as empresas públicas e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico das empresas privadas, inclusive no tocante às obrigações trabalhistas (§ 1 º do art. 173 da Constituição). Desta forma, terão que pagar as custas no processo do trabalho. O TST, por meio do Enunciado 170, tem orientação no sentido de que "os privilégios

e isenções no foro da Justiça do Trabalho não abrangem as sociedades de economia mista, ainda que gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-lei nº 779, de 1969".

O Ministério Público do Trabalho não é obrigado a reembolsar custas, pela regra do parágrafo único do art. 790-A da CLT.

Não existe previsão legal isentando as massas falidas do pagamento das custas.

Esclarece o En. 86 do TST que "inocorre deserção de recurso da massa falida por falta de

pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação".

O fundamento da orientação da jurisprudência é de que se fosse feito o pedido ao juiz da falência para liberar numerário para pagamento das custas devidas no processo do trabalho, provavelmente, quando fosse feita a liberação do numerário, o prazo para pagamento já teria findado.

Ressalte-se, ainda, que muitas massas falidas nem numerário têm em caixa para qualquer pagamento, muito menos para o de custas. Pode até parecer injusto que as massas falidas não tenham de pagar as custas para recorrer, principalmente quando a falência é fraudulenta. De outro lado, não se poderia admitir distinção para as empresas em situação normal e as que se encontram em fase de falência. Entretanto, se se fosse exigir pagamento de custas de empresas falidas, poderia haver certa dificuldade de defesa da massa, além de prejudicar os interesses dos credores.

O juiz deverá, porém, enviar ofício ao juízo da falência requerendo que seja reservado numerário para o pagamento de custas e do crédito do empregado. O mesmo deverá ocorrer quando houver reforma da sentença de primeiro grau que absolveu a empresa falida.

A Lei nº 10.537 poderia ter resolvido a questão, isentando as massas falidas do pagamento das custas.

As empresas em recuperação judicial pagam custas normalmente, pois o empresário não perde a administração do negócio, nem há lei isentando-as do pagamento da referida taxa.

As empresas em liquidação extrajudicial, como entidades financeiras, consórcios etc. pagam normalmente as custas, pois a lei não as isentou. Trata-se de procedimento administrativo e não judicial, como ocorre em relação à falência. A Orientação Jurisprudencial nº 31 da SDI-l do TST exige o pagamento das custas em relação às referidas empresas.

Os honorários periciais são despesas processuais, mas não se inserem no conceito de custas. Seu não-pagamento não implica deserção do recurso interposto. O perito poderá, porém, exigi-los no mesmo processo, na fase de execução. O empregado tem direito à justiça gratuita, se atender as condições legais, não pagando, inclusive, os honorários do perito. Verificada a mudança da sua capacidade econômica, inclusive no processo em que o obreiro ganha considerável valor, devem ser cobrados os honorários periciais.

Apresentados embargos de declaração protelatórios pela segunda vez, o juiz aumenta a multa de 1% anteriormente aplicada para até 10% sobre o valor da causa. Para poder recorrer, a parte terá de depositar o valor dessa multa (parágrafo único do art. 538 do CPC), como pressuposto objetivo do recurso.

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Depósito Recursal

Para a empresa recorrer é preciso que seja garantido o juízo com o depósito recursal.

O depósito recursal é feito na conta vinculada do FGTS do empregado. Inexistindo conta vinculada, a empresa deverá abrir uma conta em nome do empregado para esse fim, ou fazer um depósito em conta à disposição do juízo que renda juros e correção monetária.

Não se pode dizer, porém, que o depósito recursal é inconstitucional.

O empregador pode ingressar em juízo sem ter que fazer qualquer depósito para propor a ação, não se estando a excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV, da Lei Maior). O direito de ação da empresa não foi ferido.

De outro lado, o contraditório e a ampla defesa são exercidos de acordo com a previsão da legislação ordinária. No caso, o art. 40 da Lei nº 8.177/91 não impede o empregador de recorrer, apenas garante a execução, sendo assim um dos pressupostos objetivos do direito de apelar. É uma das garantias do devido processo legal, sendo o depósito previsto em lei.

Não se trata de taxa judiciária, pois não se destina a cobrar serviços judiciais, mas apenas a garantir a execução. Se o valor do depósito determinado pela lei fosse exorbitante ou superior ao valor da condenação imposto pelo juízo, poderíamos dizer que se trataria de óbice ao direito de recorrer, havendo aí inconstitucionalidade daquele dispositivo legal. No entanto, qualquer condenação no processo do trabalho pode chegar aos limites estabelecidos no art. 40 da Lei nº 8.177/91.

Na hipótese de o valor da condenação ficar abaixo do referido valor, o depósito estará limitado ao valor da condenação. Garantido o juízo, nenhum outro valor será exigido a título de depósito.

A exigência de depósito não viola o princípio constitucional da igualdade de todos perante a lei, pois é evidente que o empregado e empregador são desiguais. O empregado, se tivesse de depositar para recorrer, não teria condições econômicas para tanto. O empregador, ao contrário, possui condições materiais para efetuar o depósito.

Lembra Amauri Mascaro Nascimento1 que a "medida tem finalidade de assegurar o

cumprimento futuro de eventual condenação, apenas até os limites estabelecidos, se fosse inconstitucional também o seria a execução provisória, permitida pela legislação e o arresto na pendência de recurso ordinário com base na sentença de primeiro grau não transitada em julgado".

Não se menciona também que o depósito não é previsto em outros processos para que a parte recorra. Por exemplo, em alguns processos administrativos, como os de multa de trânsito ou multa administrativa imposta pela DRT (§ 1º do art. 636 da CLT), o recorrente somente pode interpor o apelo se fizer o pagamento da importância em que foi autuado, como condição para recorrer. Mesmo no processo civil, já se cogita da instituição de depósito para recorrer, visando evitar recursos interpostos com intuito protelatório, garantindo a rápida satisfação do julgado.

A natureza jurídica do depósito é de garantia recursal, de garantia da execução, de garantia do juízo para a futura execução.

Não se trata de taxa, pois esta, de acordo com a definição do inciso II do art. 145 da Constituição, decorre de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição. O Estado não presta nenhum serviço ao contribuinte para que este o remunere por meio da taxa.

As custas, sim, têm natureza de taxa, pois há uma prestação de serviços por parte do Estado, ao fornecer o aparelho jurisdicional para dizer o Direito nos casos concretos submetidos à apreciação do Poder Judiciário. Não havendo a prestação de serviços públicos por parte do Estado, não se pode falar em

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15 taxa, até porque esta não é devolvida ao contribuinte depois do serviço ser prestado, sendo que o depósito pode ser devolvido quando, por exemplo, a empresa ganha a ação.

Não se confunde, também, o depósito com as custas, pois estas visam a remuneração do Estado pelos serviços prestados aos jurisdicionados, enquanto no depósito não há qualquer serviço prestado pelo Estado.

Trata-se o depósito de mera antecipação da condenação, pois garantido o juízo nenhuma outra importância será depositada (§ 6º do art. 899 da CLT), ou seja: atingindo o limite previsto na lei, nenhum outro valor deverá ser depositado, o que mostra que se trata de uma garantia do juízo e não de outra coisa.

Não se pode dizer, também, que o depósito se equipararia ao confisco, primeiro porque o confisco diz respeito a tributos e o depósito não é um tributo, nem vai para os cofres do Estado; segundo, porque há limite para o depósito, ou seja: o valor da condenação. Seria inconstitucional se a lei determinasse que o depósito fosse feito muito além do valor da condenação arbitrada pelo juízo, o que não é o caso.

Não representa, também, o depósito recursal uma fiança judicial, principalmente porque quem faz o depósito é a própria parte, sendo impossível que alguém viesse a ser fiador de si mesmo, pois a fiança pressupõe que um terceiro venha a ser o fiador e não a própria pessoa, como ocorreria se admitíssemos essa tese. Observa-se, ainda, que a fiança, assim como o depósito, viria a garantir alguma coisa, porém, como ocorre no depósito, a fiança não pode exceder a obrigação, caso a excedesse viria a se tratar de multa.

Assim, o depósito recursal tem natureza de garantia do juízo, como já entendeu o TST por meio da Instrução Normativa nº 2, de 1991. A atual Instrução Normativa nº 03 do TST, de 5 de março de 1993, esclarece que "os depósitos de que trata o art. 40 e seus parágrafos, da Lei nº 8.177/91, com a redação

dada pelo art. 8º da Lei nº 8.542/92, não têm natureza jurídica de taxa de recurso, mas de garantia do juízo recursal, que pressupõe decisão condenatória ou executória de obrigação de pagamento em pecúnia, com valor líquido ou arbitrado".

O objetivo do depósito recursal não é o de impedir o recurso, mas de dificultar a interposição de recursos protelatórios do feito e facilitar a execução da sentença, principalmente as de pequeno valor, imprimindo maior celeridade no andamento do processo.

Visa o depósito evitar a procrastinação do feito e assegurar o cumprimento da obrigação. O depósito tem natureza de pressuposto objetivo do recurso.

A Orientação Jurisprudencial nº 189 da SDI do TST mostra que "garantido o juízo, na fase

executória, a exigência de depósito para recorrer viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/88. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo".

O depósito deve ser efetivado em conta vinculada do FGTS, aberta para este fim específico, mediante GRE, avulsa e apresentada em três vias. Cada GRE conterá um único depósito, identificado no campo 17 e poderá ser autenticada em qualquer agência bancária, no ato da efetivação do depósito. O código de recolhimento será 418.

O empregador doméstico também abrirá uma conta de FGTS em nome do seu empregado para poder recorrer. A movimentação da conta aberta para abrigar depósito recursal dar-se-á, exclusivamente, por meio de alvará judicial, em qualquer agência da CEF ou, não estando esta presente na localidade, em qualquer banco integrante da rede arrecadadora e pagadora do FGTS (Instrução Normativa nº 15/98 do TST e Circular nº 149/98 da CEF).

Com o cancelamento do En. 165 do TST, o entendimento dessa Corte é de que o depósito recursal só pode ser feito na conta vinculada do FGTS do trabalhador e não em conta aberta em nome do juízo, como também ocorria anteriormente.

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16 O Enunciado 165 do TST foi cancelado em virtude de que o depósito recursal na conta do FGTS pode ser feito em qualquer agência bancária e não apenas na sede do juízo. A partir da vigência da Lei nº 8.036 passou-se a entender que o depósito recursal pode ser feito em qualquer agência bancária, mesmo fora da sede do juízo, porque a CEF passou a ser agente operador do FGTS.

A Instrução Normativa nº 18/99 do TST considera válida para a comprovação do depósito recursal na Justiça do Trabalho a guia respectiva em que conste pelo menos o nome do recorrente e do recorrido, o número do processo, a designação do juízo por onde tramitou o feito e a explicitação do valor depositado, desde que autenticada pelo Banco recebedor.

Inexistindo condenação em pecúnia, não há necessidade de depósito prévio, pois este tem a finalidade de garantir a execução (En. 161 do TST). Se há condenação da empresa em obrigação de apenas anotar a CTPS do empregado, não há necessidade de se fazer depósito, pois não há condenação em valores.

As pessoas jurídicas de direito público não necessitam fazer depósito, que são a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal, suas autarquias e fundações, pois os pagamentos devem ser feitos por precatório (art. 100 da Constituição).

O Ministério Público do Trabalho não precisa fazer depósito recursal, por falta de determinação legal nesse sentido, mesmo nos casos em que é parte.

As massas falidas também não fazem depósito (En. 86 do TST). Entretanto, as empresas concordatárias terão que fazer o referido depósito.

As empresas em liquidação extrajudicial, como consórcios, instituições financeiras, que ficam sujeitas à liquidação determinada pelo Banco Central, não estão isentas das custas e do depósito recursal (Orientação Jurisprudencial nº 31 da SDI do TST). O Enunciado 86 do TST não se aplica ao caso, pois a falência importa em declaração judicial de natureza declaratória constitutiva e a liquidação extrajudicial ocorre em processo administrativo.

O depósito deve ser feito e comprovado no prazo de oito dias, ou seja, no mesmo prazo para a interposição do recurso. Se a parte ingressar com o recurso no primeiro ou no oitavo dia, deverá comprovar o depósito até o oitavo dia (En. 245 do TST e art. 7º da Lei nº 5.584/70). O § 2º do art. 511 do CPC reza que o recorrente deve ser intimado para complementar o preparo. Esse dispositivo não se aplica ao depósito recursal, pois o art. 7º da Lei nº 5.584/70 dispõe que a comprovação terá de ser feita dentro do prazo para a interposição do recurso, sob pena de deserção.

Logo, não há necessidade de intimação.

Esclarece o Enunciado 128 do TST que "é ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal,

integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso".

O TST publicou, por meio do Ato TST 449/2011, os novos valores alusivos aos limites de depósito recursal, reajustados pela variação acumulada do INPC do IBGE, no período de julho de 2010 a junho 2011, a saber:

a) R$ 6.290,00 (seis mil, duzentos e noventa reais), no caso de interposição de Recurso Ordinário;

b) R$ 12.580,00 (doze mil, quinhentos e oitenta reais), no caso de interposição de Recurso de Revista, Embargos e Recurso Extraordinário;

c) R$ 12.580,00 (doze mil, quinhentos e oitenta reais), no caso de interposição de Recurso em Ação Rescisória.

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17 Esses valores estão vigentes partir de 1º de agosto de 2011.2

Não é exigível o depósito no agravo de petição e no agravo de instrumento, por falta de previsão expressa da lei, inclusive quanto a valores de depósito.

Se o empregado apresenta reconvenção e o empregador é condenado nesse caso, a empresa deve proceder ao depósito recursal como pressuposto para o conhecimento de seu recurso.

Os depósitos terão como limite máximo o valor da condenação. Se o valor da condenação for inferior ao limite máximo previsto no art. 40 da Lei nº 8.177/91, deposita-se o valor da condenação. Na hipótese de a condenação ser superior ao limite previsto no art. 40 da Lei nº 8.177/91, deposita-se o valor limite para o depósito.

O depósito recursal é devido a cada novo recurso interposto.

Vamos supor que a condenação é de R$ 1.000,00. O valor de depósito será de R$ 1.000,00, pois já está garantida a execução para qualquer recurso interposto, não podendo ser superior ao referido valor. Vamos admitir que a condenação seja de R$ 7.000,00. A parte pretende interpor recurso ordinário. Depositará apenas R$ 6.290,00. Se recorrer de revista depositará apenas a diferença, pois a execução já está garantida (7.000,00 - 6.290,00 = 710,00).

Suponhamos que a condenação seja de R$ 35.000,00. No recurso ordinário, serão depositados R$ 6.290,00. No recurso de revista, serão depositados R$ 12.580,00. No recurso de embargos, serão depositados R$ 12.580,00. No recurso extraordinário, serão depositados apenas R$ 3.550,00, pois a soma dos depósitos atinge o limite da condenação de R$ 25.000,00 (RO 6.290,00 + RR 12.580,00 + Emb 12.580,00 + RE 3.550,00 = 35.000,00).

No recurso ordinário em ação rescisória, também há necessidade do depósito sob pena de deserção (En. 99 do TST).

A Instrução Normativa nº 03/93 do TST esclareceu os pontos acima mencionados.

Se há depósito na ação de consignação em pagamento do valor discutido, não há necessidade de depósito recursal.

Caso o valor arbitrado pelo juiz na sentença seja superior ao valor objeto da consignação, haverá necessidade de se fazer o depósito da diferença.

Os valores do depósito recursal previsto no art. 40 da Lei nº 8.177/91 serão reajustados bimestralmente pela variação acumulada do INPC do IBGE dos dois meses imediatamente anteriores, a contar de dezembro de 1992 (§ 4º do art. 40 da Lei nº 8.177/91, de acordo com a Lei nº 8.542, de 23-12-92). O TST tem feito a atualização em julho de cada ano.

Havendo mais de um autor no processo, como nas ações plúrimas, o depósito deverá ser efetuado em relação a cada autor, observado evidentemente o limite legal ou da condenação. Se as ações fossem propostas em separado, haveria necessidade de um depósito para cada autor. O mesmo ocorre na hipótese presente.

Se existirem duas empresas no pólo passivo, cada uma delas deverá fazer o seu depósito até o limite da condenação ou até o limite legal, se as condenações forem independentes. Se o empregado tivesse proposto individualmente ações distintas contra cada empresa, haveria necessidade de depósito recursal em cada processo para a empresa recorrer.

A exceção da necessidade de depósito recursal no litisconsórcio passivo ocorre quando empresas demandadas pertencem ao mesmo grupo econômico. Como este é o empregador (§ 2º do art. 2º da CLT), o depósito é único, sendo feito pelo grupo e não individualmente, por empresa do grupo.

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Página do TRT 9ª Região: http://www.trt9.jus.br/internet_base/pagina_geral.do?secao=17&pagina=VALORES_DEPOSITOS_RECURSAIS. Acesso em 5 de junho de 2012

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18 Mostra a Orientação Jurisprudencial nº 190 da SDI do TST que, havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

Não é necessário que conste o carimbo do banco depositário na Relação de Empregados do FGTS, por não haver previsão legal nesse sentido. O importante é que a guia de depósito esteja autenticada mecanicamente pelo banco recebedor.

A diferença ínfima no depósito recursal caracteriza o não-cumprimento de requisito essencial à admissibilidade de recurso, pois o § 1 º do art. 899 da CLT menciona "prévio depósito da respectiva importância". Ainda que ínfima a diferença, se o depósito não foi feito no valor integral, restou descumprido o preceito de lei, pois não foi depositada a respectiva importância.

A Orientação Jurisprudencial nº 140 da SDI-1 do TST indica que ocorre deserção quando a diferença inferior à devida do depósito recursal ou das custas, embora ínfima, tinha expressão monetária, à época da efetivação do depósito.

O depósito recursal é feito em dinheiro e não em bens. Não há previsão legal para se fazer depósito recursal em bens.

7.2.9.1.5 Representação

No processo do trabalho não há necessidade da parte estar assistida por advogado (arts. 791 e 839 da CLT). Podem as partes exercer o ius postulandi.

Se a parte irá apresentar recurso por advogado, deve este ter procuração para esse fim. Não tendo procuração, o recurso não será conhecido. O juiz não terá de conceder prazo para regularização da procuração no tribunal, pois a regra do art. 13 do CPC só se aplica no primeiro grau (Orientação Jurisprudencial nº 149 da SDI-1 do TST).

Esclarece o Enunciado 164 do TST que "o não-cumprimento das determinações dos §§ 1º e 2º

do art. 5º da Lei nº 8.906, de 4-7-1994 e do art. 37, parágrafo único, do Código de Processo Civil importa o não-conhecimento de recurso, por inexistente, exceto na hipótese de mandato tácito".

Mandato tácito ocorrerá se o advogado que subscreve o recurso tiver participado de alguma audiência, presumindo-se que a parte concordou em ser representada na audiência pelo advogado.

O preposto não tem poderes para representar o empregador assinando o recurso. Sua representação fica adstrita apenas à audiência (§ 1 º do art. 843 da CLT).

7.2.9.2 Subjetivos

Os pressupostos subjetivos são a legitimidade, a capacidade e o interesse em recorrer.

7.2.9.2.1 Legitimidade

Aquele que teve uma sentença que lhe foi desfavorável, no todo ou em parte, poderá recorrer. Dessa orientação, há a consequência da lesividade para recorrer. Não é a sucumbência, entretanto, que legitima o recurso, pois, em caso de revelia o réu nada pede, podendo recorrer da decisão que lhe for desfavorável.

É preferível, então, se utilizar da expressão, vencido, total ou parcialmente, porém, não se pode falar em prejudicado, visto que ninguém é prejudicado com a decisão, mas, sim, vencido.

Dispõe o art. 499 do CPC que poderão recorrer o terceiro interessado, a parte, e a Procuradoria do Trabalho.

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19 A parte vencedora poderá recorrer. Exemplo: quando o juiz extingue o processo sem julgamento de mérito, por inépcia. A parte vencedora (o réu) pode interpor recurso, pois caso contrário o reclamante poderá ingressar com a mesma ação.

O preposto não pode recorrer, pois não é parte. A função do preposto é apenas substituir o empregador na audiência (§ 1 º do art. 843 da CLT), exaurindo-se seu mister nela.

O art. 898 da CLT determina que "das decisões proferidas em dissídio coletivo que afete

empresa de serviço público, ou, em qualquer caso, das proferidas em revisão, poderão recorrer, além dos interessados, o Presidente do Tribunal e a Procuradoria da Justiça do Trabalho".

A União poderá recorrer das decisões proferidas em dissídios coletivos que excederem a política governamental de salários (art. 8º da Lei nº 5.584/70).

O Ministério Público do Trabalho, de acordo com o inciso VI do art. 83 da Lei Complementar nº 75/93, pode recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei.

Assim, o Ministério Público só poderá recorrer quando for parte no processo ou quando oficiar como custus legis, quando julgar necessário, sendo que em outras hipóteses não poderá. Poderá a Procuradoria do Trabalho recorrer quando atue como representante de incapazes ou de índios. O § 5º do art. 7º da Lei nº 7.701/88 estabelece que formalizado o acordo pelas partes em dissídio coletivo e homologado pelo Tribunal, não caberá qualquer recurso, salvo por parte do Ministério Público, quanto a questões estabelecidas na sentença normativa e que não são previstas em lei, como, por exemplo, questões que são passíveis de acordo ou convenção coletiva, como cesta básica, vale-refeição e que não podem ser impostas por meio do Poder Normativo da Justiça do Trabalho.

O recurso do Ministério Público também poderá ter por objeto direitos indisponíveis, como os da Fazenda Pública. Havendo violação do ordenamento jurídico, haverá outra hipótese de recurso do Ministério Público, como de cláusulas de dissídio coletivo em que é prevista contribuição confederativa, que nem sequer é estabelecida em lei, como também para adequar as cláusulas normativas aos precedentes normativos da SDC do TST. O § 5º do art. 7º da Lei nº 7.701 permite ao Ministério Público recorrer de decisão que homologa acordo realizado pelo Tribunal do Trabalho, justamente quando uma cláusula seja contrária à Constituição, à lei ou à orientação jurisprudencial predominante no TST.

Os sindicatos poderão recorrer, pois se podem ajuizar a ação trabalhista (art. 839, a, da CL T), até mesmo como substitutos processuais em certos casos, também poderão apelar. O sindicato também poderá recorrer em dissídio coletivo. Não havendo sindicato representativo da categoria econômica ou profissional, poderão ingressar com a ação as federações correspondentes e, na falta destas, as confederações respectivas, o que mostra que também essas entidades poderão recorrer, aplicando-se por analogia a regra do parágrafo único do art. 857 da CLT.

7.2.9.2.2 Capacidade

É necessário que as partes tenham capacidade para entrar em juízo. Não havendo capacidade da pessoa num certo momento, ela também não poderá recorrer. É o que ocorre quando certas pessoas perdem a sua capacidade, como por enfermidade ou deficiência mental, em que a pessoa não possa exprimir sua vontade (art. 3º, II, do Código Civil). Não têm, portanto, capacidade para recorrer, pois devem ser representados por seus pais, tutores ou curadores (art. 8º do CPC).

7.2.9.2.3 Interesse

Deverá o terceiro mostrar que tem interesse para recorrer. Declara o § 1 º do art. 499 do CPC que o terceiro deverá "demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação

(20)

20 Esse interesse não deverá ser meramente econômico, mas jurídico, demonstrando que a sentença lhe trouxe uma situação jurídica desfavorável, como ocorreria nos casos de intervenção de terceiros. Nesse ponto, o Enunciado 82 do TST é claro no sentido de que "a intervenção assistencial,

simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico e não meramente econômico perante a justiça onde é postulada". Mutatis mutandis, o interesse de recorrer também deverá ser jurídico

e não meramente econômico.

O terceiro é aquele que não é parte ou deixou de sê-lo em momento anterior, mas que tem interesse jurídico e não meramente econômico na demanda. Exemplo de terceiro seria o assistente, os litisconsortes etc. Assim, o fundamento do terceiro poder recorrer é o mesmo que teria aquele que vai intervir como terceiro na lide, ou seja, um prejuízo jurídico e não de fato.

Deve haver uma interdependência entre o interesse de terceiro intervir no feito e a relação jurídica objeto da apreciação judicial.

O INSS tem interesse em recorrer da sentença que fixa contribuições previdenciárias, como ocorre nos acordos. O termo de acordo é irrecorrível, salvo para o INSS quanto às contribuições que lhe são devidas (parágrafo único do art. 831 da CLT). A lei dispõe que o INSS é o órgão incumbido de cobrar judicialmente a contribuição previdenciária na execução.

O perito não pode recorrer da decisão que lhe fixa honorários, pois não é parte.

Exerce o perito um munus publico e o juiz quando arbitra honorários está praticando um ato administrativo. O perito não pode ser considerado terceiro, mas auxiliar do juízo. Não tem interesse jurídico na solução do feito, mas meramente econômico, na fixação de seus honorários.

Não há interdependência na relação do perito e o interesse de intervir no feito, ou seja, na relação jurídica que está sendo discutida em juízo. O perito também não pode ser enquadrado como terceiro, na acepção empregada pelo CPC, como nos embargos de terceiro, nos casos de litisconsórcio etc. Não está, portanto, incluído dentro do pressuposto subjetivo para recorrer.

O arrematante, segundo alguns, teria interesse em recorrer, pois foi prejudicado.

O vencedor também pode ter interesse em recorrer, na hipótese em que o processo do autor foi extinto sem julgamento de mérito, podendo a reclamada interpor o recurso visando com que o tribunal determine que o juiz ingresse no mérito da ação, julgando improcedente o pedido do autor. Caso contrário, o autor poderia ingressar com outra ação postulando o mesmo pedido.

Poderíamos dizer que também haveria interesse do vencedor (autor) em recorrer quando a sentença exclua do pólo passivo um dos litisconsortes, que era o mais idôneo economicamente. a objetivo do autor em recorrer seria com que não ficasse no pólo passivo apenas a firma inidônea, mas também aquela que tem condições econômicas de suportar a execução e com responsabilidade jurídica sobre a condenação.

(21)

21

7.3 RECURSOS EM ESPÉCIE

7.3.1 Recurso Ordinário

O recurso ordinário tem semelhanças com a apelação no processo civil. Está previsto o recurso ordinário no art. 895 da CLT, sendo cabível:

a) das decisões definitivas do juiz do trabalho e do juiz de Direito no prazo de oito dias; b) das decisões definitivas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência

originária, no prazo de oito dias, tanto para os dissídios individuais, como coletivos. Ao contrário do que está escrito na alínea a do art. 895 da CLT, o recurso ordinário não é só interponível das decisões definitivas das Varas ou Juízos de Direito, que seriam as decisões em que se extingue o processo com julgamento de mérito. Cabe também recurso ordinário das decisões terminativas em que se extingue o processo sem julgamento de mérito, como:

a) das decisões interlocutórias, de caráter terminativo do feito, como a que acolhe a exceção de incompetência em razão da matéria (§ 22 do art. 799 da CLT);

b) do indeferimento da petição inicial, seja por inépcia ou qualquer outro vício (art. 267, I, do CPC);

c) do arquivamento dos autos em razão do não-comparecimento do reclamante à audiência;

d) da paralisação do processo por mais de um ano, em razão da negligência das partes (art. 267, II, do CPC);

e) do não-atendimento, pelo autor, do despacho que determinou que se promovessem os atos e diligências que lhe competir, pelo abandono da causa por mais de 30 dias (art. 267, III, do CPC);

f) verificando o juiz a ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo (art. 267, IV, do CPC);

g) se o juiz acolher a alegação de litispendência ou coisa julgada (art. 267, V, do CPC); h) se o processo for extinto por carência da ação, por não estarem presentes a

possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir, ou a legitimidade da parte (art. 267, VI, do CPC);

i) pela desistência da ação (art. 267, VIII do CPC);

j) se ocorrer confusão entre autor e réu (art. 267, X, do CPC);

k) da decisão que aplica pena ao empregado de não poder reclamar por seis meses; l) nos casos em que o juiz extinguir o processo sem julgamento de mérito por falta de

pedido certo ou determinado e de indicação do valor correspondente no procedimento sumaríssimo.

Das decisões definitivas da Vara que caberá o recurso ordinário são, em suma, as seguintes: a) quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor (art. 269, I, do CPC), ainda que

parcialmente;

Referências

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