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9.3 Acesso à educação

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Academic year: 2021

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A educação constitui um dos elementos-chave do processo de integração dos refugiados nas sociedades de acolhimento.

Os refugiados e os requerentes de asilo, em particular os mais jovens, encon-tram umvasto leque de dificuldades sócio-educativas1:

 Educação interrompida no país de origem;

 Quebra do nível de vida, ou outras grandes alterações na sua vida pessoal;  Perda do cuidado e apoio dos pais ou das pessoas habituais;

 Coabitação com pessoas que não estão devidamente informadas sobre os seus direitos;

 Pouca assistência social;  Habitação precária;

 Dificuldade de domínio da língua do país de acolhimento;  Vítimas de isolamento na escola;

 Dificuldade de prossecução dos estudos (subsistência vs educação).

Disposições legais gerais

“1. Os Estados Contratantes concederão, aos refugiados, o mesmo tratamen-to que aos nacionais em matéria de ensino primário.

2. Os Estados Contratantes concederão, aos refugiados, um tratamento tão favorável quanto possível, e de qualquer modo, não menos favorável que o concedido aos estrangeiros, em geral, nas mesmas circunstâncias, quanto às categorias de ensino, que não o primário, e, em particular, no que se refere ao acesso aos estudos, ao reconhecimento de certificados de estudos, diplo-mas e títulos universitários passados no estrangeiro, ao pagamento de direi-tos e taxas e à atribuição de bolsas de estudo.”

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“1. Os filhos menores de requerentes de asilo ou de protecção subsidiária e os requerentes de asilo ou de protecção subsidiária têm acesso ao sistema de ensino nas mesmas condições dos cidadãos nacionais e demais cidadãos pa-ra quem a língua portuguesa não constitui língua materna.

2. À possibilidade de continuação dos estudos secundários não pode ser ne-gada com fundamento no facto de o menor ter atingido a maioridade”.

Artº 53º (Acesso ao Ensino) da Lei de Asilo 27/2008 de 30 de Junho. Os requerentes de asilo têm acesso à escolaridade obrigatória a partir do mo-mento em que lhes é emitida uma Autorização de Residência Provisória (ARP). O acesso ao ensino será feito consoante os anos de escolaridade realizados pelo candidato antes da sua chegada a Portugal. Para que seja atribuída uma equiva-lência escolar, o Ministério da Educação poderá requerer ao candidato que efec-tue provas de conhecimentos em determinadas áreas do conhecimento.

“1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança à educação e tendo, nomeadamente, em vista assegurar progressivamente o exercício desse direi-to na base da igualdade de oportunidades:

a) Tornam o ensino primário obrigatório e gratuito para todos;

b) Encorajam a organização de diferentes sistemas de ensino secundário, geral e profissional, tornam estes públicos e acessíveis a todas as crianças e tomam medidas adequadas, tais como a introdução da gratuitidade do ensino e a oferta de auxílio financeiro em caso de necessidade;

c) Tornam o ensino superior acessível a todos, em função das capacidades de cada um, por todos os meios adequados;

d) Tornam a informação e a orientação escolar e profissional públicas aces-síveis a todas as crianças;

e) Tomam medidas para encorajar a frequência escolar regular e a redução das taxas de abandono escolar.

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2. Os Estados Partes tomam as medidas adequadas para velar por que a dis-ciplina escolar seja assegurada de forma compatível com a dignidade huma-na da criança e nos termos da presente Convenção.

3. Os Estados Partes promovem e encorajam a cooperação internacional no domínio da educação, nomeadamente de forma a contribuir para a elimina-ção da ignorância e do analfabetismo no mundo e a facilitar o acesso aos conhecimentos científicos e técnicos e aos modernos métodos de ensino. A este respeito atender-se-á de forma particular às necessidades dos países em desenvolvimento.”

Artº 28º da Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989

Ensino básico e secundário

Para integrar o sistema educativo português, o candidato deverá requerer a e-quivalência e o reconhecimento das habilitações. Enquanto decorre o proce-dimento de equivalência deve ser efectuada uma matrícula condicional na esco-la da área de residência.

O pedido de equivalência para ingresso no ensino é feito por meio de requeri-mento (existe um modelo impresso da Imprensa Nacional Casa da Moeda), acompanhado do documento comprovativo das habilitações autenticado pela Embaixada ou Consulado de Portugal no país de origem, pela Embaixada ou Consulado do país estrangeiro em Portugal, ou com a apostilha para os países que aderiram à Convenção da Haia de 5 de Outubro de 1961. A tradução autenticada desse documento poderá, também, ser exigida.

O requerimento deve ser dirigido ao Director Regional de Educação, no caso de equivalência relativa ao 1º ciclo do ensino básico.

Para concessão da equivalência destinada ao prosseguimento de estudos no 2° e 3° ciclo do ensino básico ou no ensino secundário o requerimento deve ser dirigido ao Presidente do Conselho Directivo, Director executivo ou

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Direc-A equivalência será concedida de acordo com os anos de escolaridade do siste-ma educativo de origem. As equivalências de diplosiste-mas constam de tabelas apresentadas nas Portarias nº 224/2006, de 8 de Março e nº 699/2006, de 12 de Julho. Se os pedidos de equivalência não estiverem abrangidos por nenhuma das portarias, então, de acordo com o artigo 6º do Decreto-Lei 227/2005 de 28 de Dezembro2, serão remetidos, pelo estabelecimento de ensino, para o Direc-tor-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.

Como proceder quando o requerente não apresenta qualquer documento com-provativo das suas habilitações literárias?

Excepcionalmente, por motivos de força maior devidamente reconhecidos (como no caso dos requerentes de asilo), o documento comprovativo das habi-litações literárias poderá ser substituído por uma declaração escrita do encar-regado de educação, de quem o substitua, ou do próprio requerente, no caso de ser maior, que,sob compromisso de honra, indique a habilitação concluída (artigo 10° do DL nº 227/2005 de 28 de Dezembro).

Os requerentes serão, ainda de acordo com o mesmo Decreto-Lei, submetidos a testes para identificação do ano de escolaridade em que devem ser integrados (no caso de novo ingresso) ou testes de avaliação (no caso de reconhecimento de habilitações de nível básico ou secundário).

Ensino superior

Para poder ingressar no ensino superior em Portugal, o candidato deve:

 Ser titular de um curso de ensino secundário ou de uma habilitação equi-valente;

 Fazer prova de capacidade para a sua frequência através das provas de in-gresso;

 Em determinados estabelecimentos/curso, são ainda exigidos pré-requisitos (condições de natureza física, funcional ou vocacional).

Dada a existência de um número de vagas limitado (numerus clausus) por cada instituição, o acesso aos estabelecimentos de ensino superior é feito por con-curso nacional, organizado pela Direcção-Geral do Ensino Superior.

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Em matéria de ingresso no ensino superior, não existe nenhuma disposição específica para candidatos com o estatuto de refugiado em Portugal ou beneficiários de protecção humanitária. O ingresso desta população no sis-tema de ensino superior efectua-se de acordo com a legislação geral aplicada aos nacionais e com as disposições previstas para os estrangeiros em situações específicas.

Os estudantes oriundos de sistemas de ensino superior estrangeiros que desejam ingressar no ensino superior em Portugal são submetidos a concursos especiais, estando previstas, por cada estabelecimento/curso, vagas específicas para os candidatos abrangidos por estes concursos.

Pedido de equivalência de diplomas de estabelecimentos de ensino superior estrangeiros

As universidades e demais estabelecimentos de ensino superior beneficiam de autonomia total, em matéria de equivalência de diplomas e de reconhecimento de habilitações literárias.

A equivalência ao grau de licenciado ou bacharel é requerida ao Conselho ci-entífico da escola ou unidade de ensino que confira o referido grau ou di-ploma. A equivalência ao grau de mestre ou doutor é requerida ao Reitor da Universidade.

Para tal, deve ser apresentado um requerimento de equivalência. Existem impressos normalizados da Imprensa Nacional para todos os tipos de equiva-lências possíveis, disponíveis em formato electrónico na página electrónica da Imprensa Nacional (modelos 437, 526, 527, 766, 768, 769): http://www.incm.pt/servlets/eforms

O requerimento deverá mencionar, obrigatoriamente, o grau ou diploma es-trangeiro de que é requerida a equivalência e o estabelecimento de ensino onde foi obtido e o grau, ou diploma português, de que é requerida a equivalência. Apenas poderá constar, em cada requerimento, um pedido de equivalência. É necessário juntar, ao requerimento, os seguintes documentos:

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provação em curso que constitua parte integrante das condições para ob-tenção do grau de que requer equivalência;

Dois exemplares de cada dissertação considerada autonomamente no plano de estudos e de outros trabalhos que tenham sido apresentados pa-ra a concessão do gpa-rau de que é requerida a equivalência;

Para a equivalência ao grau de doutor, deverão, ainda, ser apresentados dois exemplares do Curriculum Vitae até obtenção do grau de doutor; Para a equivalência ao grau de mestre, deverá, ainda, ser junto o

Regula-mento fixando as condições de admissão e concessão do grau estrangeiro de que é requerida a equivalência;

Para a equivalência ao grau de licenciado, bacharel e a cursos de ensino superior não conferentes de grau, poderão ainda ser solicitados elementos necessários.

Documento de identificação (fotocópia).

Em casos justificados, poderá ser exigida a tradução de documentos e trabalhos cujos originais estejam escritos em língua estrangeira.

São cobrados emolumentos, cujo valor é fixado nas tabelas de cada instituição de ensino superior.

Apoios sócio-educativos

Nos termos da Lei de bases educativa, no âmbito da educação pré-escolar e da educação escolar, são desenvolvidos serviços de acção social escolar, concreti-zados através da aplicação de critérios de discriminação positiva que visem a compensação social e educativa dos alunos economicamente mais carenciados. Acção social no ensino básico e secundário

Podem beneficiar dos apoios sócio-educativos os alunos nacionais e estrangei-ros nacionais de países com os quais Portugal tenha celebrado acordos de re-ciprocidade.

Ressalvando os casos em que existem acordos de reciprocidade, trata-se de um regime discriminatório relativamente aos alunos estrangeiros. Na sequência de uma Recomendação do Provedor de Justiça, um Despacho escrito do Secretário

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nhecer o direito à acção social escolar aos alunos (ensino básico e secundário) oriundos dos países da Europa do Leste, ainda que não se enquadrem numa situação de reciprocidade. Na região de Lisboa, a Direcção Regional Educativa de Lisboa (DREL) emitiu ainda uma circular juntos dos estabelecimentos de ensino da Região, a 22 de Janeiro de 2004, para divulgar o teor do referido despacho.

Na prática, porém, determinados Serviços de Acção Social Escolar (SASE) apli-cam as mesmas regras a todos os alunos, dependendo das suas disponibilidades orçamentais.

Relativamente aos refugiados, convém lembrar que o artigo 57° da Lei 15/98 de 26 de Março garante o acesso às estruturas públicas de escolaridade obrigató-ria (a partir da emissão de uma Autorização de Residência Provisóobrigató-ria), nas mesmas condições que os cidadãos nacionais. Por força desta disposição, os alunos do ensino básico refugiados deverão beneficiar do apoio escolar nos mesmos moldes que os alunos portugueses, o que na prática nem sempre se verifica.

Presentemente os requerentes de asilo que só têm declaração comprovativa do pedido de asilo, não podem solicitar o abono de família, por esta decla-ração não constituir documento de identificação, e consecutivamente ver-lhes reconhecido o acesso ao SASE, inibindo assim refeições na escola e apoio para aquisição de material e de manuais escolares.

Acção social no ensino superior

A acção social no ensino superior abrange:

Cidadãos portugueses e cidadãos dos Estados membros da União Euro-peia;

Apátridas ou beneficiários do estatuto de refugiado;

Cidadãos estrangeiros provenientes de países com os quais hajam sido ce-lebrados acordos de cooperação prevendo a aplicação de tais benefícios ou de Estados cuja lei, em igualdade de circunstâncias, conceda igual tra-tamento aos cidadãos portugueses.

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Insuficiência de meios económicos por parte do estudante e do respectivo agregado familiar;

Distância entre a instituição de ensino superior que o estudante frequenta e o local de residência habitual;

Aproveitamento escolar.

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC)

O processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) permite, aos maiores de 18 anos sem escolaridade básica (4, 6 ou 9 anos) ou secundária (12º ano), verem reconhecidas, validadas e certificadas as competências e conhecimentos resultantes da sua experiência (de vida, de tra-balho e de formações não certificadas). Com a certificação concluída, ficarão com um certificado escolar equivalente ao 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, ou ao Secundário (12º ano).

É um programa que se baseia na experiência de vida dos participantes (“história de vida”) e validação das suas competências em 4 áreas principais: Matemática para a Vida, Língua Portuguesa e Comunicação; Tecnologias de Informação e Comunicação e Empregabilidade e Cidadania.

O processo concretiza-se nos Centros de Reconhecimento, Validação e Certifi-cação de Competências (CRVCC), actualmente designados Centros Novas Oportunidades3 (CNOs), e que são entidades, públicas ou privadas, devida-mente acreditadas.

Actualmente, também está em funcionamento o dispositivoRVCC-PRO

,

que tem, como objectivo, reconhecer, validar e certificar as competências adquiridas pelos profissionais, através da acumulação de experiência de trabalho e de vida, através da atribuição de umCertificado de Formação Profissional+. Tem, como principais objectivos, aumentar o nível de qualificação e a empregabilidade dos adultos activos e incentivar a formação ao longo da vida, através da valorização de todas as aprendizagens realizadas, em diferentes situações, pelos profissionais. Destina-se a activos empregados e deDestina-sempregados, com mais de 18 anos, que adquiriram saberes e competências através da experiência de trabalho, ou noutros contextos, e pretendam vê-los reconhecidos, através de uma certificação formal.

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Para os refugiados que não conseguem obter equivalência das suas habilitações escolares e/ou profissionais, este programa é uma oportunidade de obterem uma qualificação de base em Portugal (4º, 6º, 9º ou 12º ano), podendo, pos-teriormente, aceder à formação profissional (actualmente, a grande maioria dos cursos de formação exige uma habilitação mínima de acesso).

No que se refere aos públicos mais jovens (até aos 25 anos), e de acordo com a Agência Nacional para a Qualificação (www.anq.gov.pt), existem vários tipos de cursos:

 Educação Formação;

 Profissionais;

 Aprendizagem;

 Ensino Artístico Especializado;

 Especialização Tecnológica;

 Vias de Conclusão do Nível Secundário.

Por último, e fora destas medidas, existe ainda o PIEF - Programa Integrado de Educação e Formação, que é uma medida do PETI – Programa pa-ra Prevenção e Eliminação da Explopa-ração do Tpa-rabalho Infantil criado pela Re-solução do Conselho de Ministros nº 37/2004 de 20 de Março, que sucede ao Plano para Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PEETI).

O PIEF é o Programa Integrado de Educação e Formação, medida de excepção que se apresenta como alternativa quando tudo o mais falhou, e à qual os jo-vens e suas famílias efectivamente aderem (depois de terem recusado outras medidas existentes, quer no sistema educativo quer na formação profissional, ou de terem sido rejeitados – verwww.peti.gov.pt).

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1 “Guias de Boas Práticas sobre a Integração de Refugiados na União Europeia - Educação”, ECRE

Task Force on Integration, 2000, em

http://www.cidadevirtual.pt/cpr/integra/guia_bp_edu_1.html

2 Decreto-Lei nº 227/2005 de 28 de Dezembro, que define o regime de concessão de equivalência

de habilitações de sistemas educativos estrangeiros a habilitações do sistema educativo português ao nível dos ensinos básicos e secundário

3 Ver “Aprender Compensa” em http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/BA37746E-CB11-4FD8-ACD3-7F3192709D89/0/Apres_Novas_Oportunidades_Balanco1.pdf

Referências

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