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GESTÃO DA ESCOLA E A REVITALIZAÇÃO DA PROPOSTA EDUCATIVA DO COLÉGIO LA SALLE SÃO JOÃO

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ISSN 2176-1396

EDUCATIVA DO COLÉGIO LA SALLE SÃO JOÃO

Dirléia Fanfa Sarmento 1- Universidade La Salle Jardelino Menegat2 - Centro Universitário La Salle do Rio de Janeiro Mary Rangel3 - UFF Roberto Carlos Ramos4 - Universidade La Salle/ Escola La Salle Esmeralda Eixo – Políticas Públicas e Gestão da Educação Agência Financiadora: Universidade La Salle (Canoas/RS) Resumo

O texto é decorrente de um Estudo de Caso em andamento, cujo foco investigativo é a gestão escolar, numa perspectiva democrática e participativa, tendo como unidade de análise o Colégio La Salle São João, pertencente a Rede La Salle Brasil-Chile. Traz à tona a discussão acerca da importância da revitalização da Proposta Educativa (ou Projeto Político-Pedagógico) do Colégio, fazendo um recorte nos fundamentos basilares dessa Proposta característicos de sua realidade educacional, os quais transversalizarão a parte diversificada do currículo escolar. O processo de revitalização está sendo gestado coletivamente contemplando o conjunto de atores da Comunidade Educativa, com o auxílio de uma assessoria acadêmico-científica. Os dados, coletados por meio da análise documental da Proposta Educativa da Província La Salle Brasil-Chile, do Grupo Focal (com a equipe diretiva) e aplicação de um questionário com questões abertas (professores) são analisados com base na Técnica de Conteúdo. Com base nos estudos e aprofundamento realizados dos documentos citados e com base no perfil do contexto educacional do Colégio La Salle São João, o grupo elaborou um conjunto de fundamentos, a saber: a) ensino e aprendizagem por competências; b) ênfase na interdisciplinaridade e na pesquisa; c) Interação com as Tecnologias da Informação e da Comunicação; d) Avaliação diagnóstica e formativa; e) Educação em Direitos Humanos; f) Educação para a Paz e mediação de conflitos; g) Responsabilidade Social; h) Escola em Pastoral; i) Formação Continuada; j) Protagonismo da Comunidade Educativa; e k) Gestão eficiente e eficaz, os

1 PhD em Ciências da Educação pela Universidade do Algarve – Portugal. Professora do Curso de Pedagogia

e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade La Salle. E-mail: dirleia.sarmento@unilasalle.edu.br

2 Doutor em Educação pela Universidade La Salle, de Canoas e Mestre em Gestão do Conhecimento e

Tecnologia da Informação pela Universidade Católica de Brasília - UCB. Reitor e Professor do Curso de Direito do Centro Universitário La Salle (RJ). E-mail: jardelino.menegat@lasalle.org.br.

3 Pós-doutorado em Psicologia Social (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/Brasil). Doutorado em

Educação (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Pesquisadora Nível 1D do CNPq. Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense. E-mail: mary.rangel@lasalle.org.br.

4Doutorando em Educação pela Universidade La Salle. Diretor da Escola Fundamental La Salle Esmeralda –

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quais passarão por um processo de validação por todos os integrantes da Comunidade Educativa.

Palavras-chave: Gestão escolar. Proposta Educativa. Currículo. Introdução

O texto tem como foco analítico reflexivo a revitalização da Proposta Educativa (ou Projeto Político-Pedagógico) do Colégio La Salle São João, fazendo um recorte nos fundamentos basilares dessa Proposta característicos de sua realidade educacional, os quais transversalizarão a parte diversificada do currículo escolar. De acordo com Luck (2009, p. 23):

A gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional na educação destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efetividade das ações educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos. (LUCK, 2009, p.23).

Ação gestora pressupõe a observação de vários tipos de documentos que requerem serem planejados e construídos coletivamente, sendo que a equipe diretiva compete a coordenação da elaboração (ou revitalização) desses documentos. Ao falarmos em equipe diretiva temos presente que ela é constituída pelos profissionais responsáveis pela direção, vice direção, supervisão escolar e orientação educacional de uma determinada instituição.

Dentre os documentos que orientam a ação educativa no contexto escolar, destacamos o Regimento Escolar, a Proposta Educativa e os Planos de Estudos, sendo que estes últimos irão gerar os planos de trabalho e planos de aula cotidianos. Tais documentos precisam estar em consonância com o que estabelecem os dispositivos legais vigentes e, também, articulados aos princípios basilares daquilo que determinado coletivo considera como princípios essenciais para a ação educativa. Corroboramos a posição de Libâneo, Oliveira e Toschi (2003, p. 31-32) quando os autores aludem que:

De um lado, as políticas educacionais e as diretrizes organizacionais e curriculares são portadoras de intencionalidades, ideias, valores, atitudes e práticas que vão influenciar as escolas e seus profissionais na configuração das práticas formativas dos alunos, determinando um tipo de sujeito a ser educado. De outro, os profissionais das escolas podem aderir ou resistir a tais políticas e diretrizes do sistema escolar, ou então dialogar com elas e formular, coletivamente, práticas formativas e inovadoras em razão de outro tipo de sujeito a ser educado. Em um caso e em outro, devem-se conhecer e analisar as formas pelas quais se inter-relacionam as políticas educacionais, a organização e gestão das escolas e as práticas pedagógicas na sala de aula

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No que se refere ao Projeto Político-Pedagógico, Veiga (2009, p. 14) considera que a possibilidade de sua construção

[...] passa pela relativa autonomia da escola, de sua capacidade de delinear sua própria identidade. isto significa resgatar a escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva. portanto, é preciso entender que o projeto político- pedagógico da escola dará indicações necessárias à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de aula.

Nessa perspectiva, no que tange a autonomia da escola, é importante termos presente o que asseveram Medeiros e Luce (2006, p. 21):

A autonomia não dispensa relação e articulação entre escolas, sistema de ensino e poderes, tampouco é a liberdade e a direção dada por apenas um segmento social. [...] A autonomia é sempre de um coletivo, a comunidade escolar, e para ser legitima e legitimada depende de que este coletivo reconheça sua identidade em um todo mais amplo e diverso, que por sua vez o recolherá com parte de si. A autonomia, portanto, se edifica na confluência, na negociação de várias lógicas e interesses; acontece em um campo de formas no qual se confrontam e se equilibram diferentes poderes de influência; internos e externos. (grifo das autoras).

Feitas tais considerações, o texto está estruturado de forma que, inicialmente, introduzimos a temática abordada. A seguir, descrevemos a abordagem metodológica do estudo. Na sequência, apresentamos e discutimos os dados coletados. Por fim, apresentamos algumas considerações gerais sobre as reflexões apresentadas.

Abordagem metodológica

O Estudo de Caso em andamento tem como foco investigativo a gestão escolar, concebendo-a como um processo democrático e participativo. O Estudo de Caso é uma tipologia de pesquisa de cunho qualitativo (Yin, 2001; Gil, 2012) utilizada, especialmente nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Caracteriza-se pelo estudo aprofundado de determinado fenômeno, contemplando uma ou mais unidades de análise (estudo de casos múltiplos). Dessa forma, o Estudo de Caso não visa generalizações, mas objetiva compreender o fenômeno educativo num ou mais contextos específicos. Conforme sugere Yin (2001), na realização de um Estudo de Caso é fundamental a utilização de diversos instrumentos de coleta de dados, com vistas a triangulação das informações obtidas por meio de diversas fontes.

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Assim, na pesquisa em andamento, os principais instrumentos de coleta de dados são a análise documental, o Grupo Focal (com a equipe diretiva) e aplicação de um questionário com questões abertas (corpo técnico-administrativo, educadores, pais ou responsáveis pelos estudantes e estudantes). Faz um recorte nos fundamentos basilares dessa Proposta característicos de sua realidade educacional, os quais transversalizarão a parte diversificada do currículo escolar. O processo está sendo gestado coletivamente, tendo em vista contemplar o conjunto de atores da Comunidade Educativa (equipe diretiva, corpo técnico-administrativo, educadores, pais ou responsáveis pelos estudantes e os estudantes), sendo que no presente texto os dados são relativos a olhar da equipe diretiva e dos professores. O Colégio é uma Comunidade Educativa mantida pela Província da Rede La Salle Brasil-Chile, cuja tradição

[...] remete ao final do século XVII francês, a São João Batista de La Salle e aos primeiros Irmãos das Escolas Cristãs que, impressionados pela situação de abandono dos filhos dos artesãos e dos pobres, consagraram-se a Deus e se associaram para manter, juntos e por associação, as escolas cristãs e gratuitas. Com fidelidade criativa ao carisma e à história do Instituto, os Educadores Lassalistas de todas as épocas souberam dialogar com o seu tempo, incorporar elementos teóricos, científicos, metodológicos, históricos e sociais que os auxiliaram a manter a capacidade de reinventar criativamente a forma de fazer educação e o modo de responder proativamente às necessidades que se apresentavam.Com fidelidade criativa ao carisma e à história do Instituto, os Educadores Lassalistas de todas as épocas souberam dialogar com o seu tempo, incorporar elementos teóricos, científicos, metodológicos, históricos e sociais que os auxiliaram a manter a capacidade de reinventar. ”. (PROVÍNCIA LA SALLE BRASIL-CHILE, 2014, p.8-9).

Atualmente, o Colégio La Salle possui um corpo docente composto por 65 educadores e um corpo discente de 1047 estudantes, contemplando desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Trazemos à tona, neste texto, resultados atinentes aos dados coletados no decorrer do processo realizado com a equipe diretiva e os educadores.

Para a análise dos dados utilizamos a Técnica de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011). A análise de conteúdo possibilita, por meio de procedimentos sistemáticos de descrição do conteúdo, a realização de inferências acerca da produção e/ou recepção de determinada mensagem. Na próxima seção, apresentamos e discutimos os dados coletados.

Análise e interpretação dos resultados

Nesta seção dedicamo-nos a reflexão acerca dos dados coletados, fazendo um recorte naqueles oriundos da análise documental da Proposta Educativa da Província La

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Salle Brasil-Chile, do Grupo Focal com a equipe diretiva e do questionário aplicado aos professores. Optamos, como unidade de análise, pela adoção de três eixos temáticos, os quais são descritos e problematizados na sequência.

A proposta Educativa da Rede La Salle Brasil-Chile

Conforme exposto, o Colégio La Salle é uma instituição pertencente a Província La Salle Brasil-Chile, a qual possui uma Proposta Educativa com princípios e concepção gerais os quais devem ser observados por todas as mantidas, tanto em nível de Educação Básica quanto da Educação Superior. A identidade dessa Rede foi “construída ao longo de três séculos, edificou-se a partir do carisma lassalista, dos valores institucionais, da organização em rede e em comunidades educativas, da comunhão eclesial e da opção preferencial pelos pobres” (PROVÍNCIA LA SALLE BRASIL-CHILE, 2014, p.10). O documento da Proposta Educativa (2014, p.9) explicita, na sua introdução, como propósitos e intencionalidades:

a) expressar uma releitura da identidade Lassalista que anima a missão educativa institucional; b) construir um horizonte comum de compreensão e de ação para a missão educativa; c) estabelecer diálogo com a sociedade contemporânea, gerando respostas atuais às principais questões que envolvem o campo educacional; d) projetar suas ações pedagógicas e pastorais, considerando a legislação educacional vigente; e) explicitar entendimentos e opções institucionais sobre os principais processos e procedimentos presentes na ação educativa

Para efetivar sua missão, os Lassalistas assumem princípios antropológicos, teológicos, epistemológicos, pedagógicos, ético-morais, pastorais, políticos e socioculturais, ecológicos, estético-expressivos e administrativos como balizadores da ação educativa em cada uma das Comunidades. Tais princípios estão em consonância com os princípios fundacionais, que são revitalizados considerando as demandas emergentes na sociedade contemporânea e o avanço científico nas diversas áreas de conhecimento.

Nos últimos anos tem sido enfatizada pela Mantenedora a organização do currículo com base no desenvolvimento de competências, a fim de se consolidar a proposta na Proposta Educativa da Rede La Salle. Dessa forma, com base na Proposta Educativa da Mantenedora e sob sua coordenação, desde 2016 as equipes gestoras tem mobilizado as comunidades educativas sob sua gestão a participação no processo de revitalização da Proposta Educativa de cada comunidade, buscando-se trazer à tona aqueles fundamentos

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que caracterizam o contexto educacional de cada uma destas instituições. Nesse sentido, é de competência da

[...] Equipe Diretiva de cada Comunidade Educativa, em diálogo com a direção da Rede La Salle e em consonância com os estatutos e regimentos institucionais, é responsável por: assegurar a efetiva vivência da Proposta Educativa Lassalista; garantir o cumprimento da missão, da visão, dos objetivos e dos valores institucionais; dirigir a instituição de acordo com suas atribuições e competências; zelar pelo bom andamento dos processos de ensino e de aprendizagem; elaborar, implantar e executar o planejamento institucional; gerenciar os recursos disponíveis, de acordo com as indicações legais e institucionais; zelar pela observância aos dispositivos legais próprios de cada local. (PROVÍNCIA LA SALLE BRASIL-CHILE, 2014, p.30-31).

Assim, a seguir, descrevemos o trabalho realizado com os integrantes da equipe diretiva do Colégio.

O itinerário com a equipe diretiva

O processo de revitalização da Proposta Educativa do Colégio começou a ser realizado, tendo como primeiros participantes os integrantes da equipe diretiva no Grupo Focal. A potencialidade dessa técnica está no fato de viabilizar, por meio das interações e reflexões suscitadas pelo diálogo entre os integrantes, a partilha de concepções individuais e a realização de uma síntese coletiva sobre o assunto em pauta. Como os integrantes são mobilizados ao alcance de um objetivo comum, buscam coletivamente modos de interferir e transformar o fenômeno em questão. (BORGES; SANTOS, 2005; BACKES et al. 2011). Para Borges e Santos (2005, p.75):

Nos últimos anos nota-se um crescente emprego da técnica do grupo focal, tanto por parte de pesquisadores como por profissionais da área de saúde e educação. A técnica do “grupo focal” constitui uma dentre as várias modalidades disponíveis de entrevistas grupais e/ou grupos de discussão. Há uma ampla diversidade técnica de condução e configuração grupal e, a bem da verdade, as entrevistas grupais possuem diferentes enfoques, com referenciais históricos e sócio-culturais que tanto apresentam divergências como convergências nas publicações acadêmicas de diversos países (grifo dos autores).

Backes et al (2011, p. 439) asseveram que:

O grupo focal representa uma fonte que intensifica o acesso às informações acerca de um fenômeno, seja pela possibilidade de gerar novas concepções ou pela análise e problematização de uma ideia em profundidade. Desenvolve-se a partir de uma perspectiva dialética, na qual o grupo possui objetivos comuns e seus participantes procuram abordá-los trabalhando como uma equipe.

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Os encontros tiveram como foco a análise e a reflexão sobre os principais Marcos Regulatórios de Educação e dos dispositivos específicos do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs. Em relação aos Marcos Regulatórios da Educação, destacamos: a) no âmbito internacional: Educação para todos (EPT): satisfazendo as necessidades básicas de aprendizagem (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1990); Marco de Ação de Dakar: assumindo nossos compromissos coletivos (UNESCO, CONSED, Ação Educativa, 2001); A Educação que queremos para a geração dos bicentenários: as metas educativas 2021, (ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS, 2008) e a Declaração de Incheon (ORGANIZAÇÕES UNIDAS, 2015). b) no âmbito nacional: Constituição da República Federativa do Brasil (Brasil, 1988); Lei Nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, a qual dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências (Brasil, 1990); a Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (Brasil, 1996); o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (Brasil, 2007a); o Plano de Desenvolvimento da Educação (Brasil, 2007b); o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (Brasil, 2007c); as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (Brasil, 2013); o Plano Nacional de Educação (Brasil, 2014); e o documento Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014), dentre outros.

No que se refere aos dispositivos do Instituto, salientamos os seguintes documentos: Assembleia Internacional da Missão Educativa Lassalista – AIMEL (2010); 45º Capítulo Geral dos Irmãos das Escolas Cristãs (Circular 469, 2014) e Rumo ao ano 2021: vivendo juntos a alegria da nossa missão (2015); Projeto Educativo Regional Lassallista Latino-Americano (PERLA) (RELAL, 2011); e a Proposta Educativa Lassalista (PROVÍNCIA LA SALLE BRASIL-CHILE, 2014).

Na sequência, com base nos estudos e aprofundamento realizados dos documentos citados e com base no perfil do contexto educacional do Colégio La Salle São João, o grupo elaborou um conjunto de fundamentos, a saber: a) ensino e aprendizagem por competências; b) ênfase na interdisciplinaridade e na pesquisa; c) Interação com as Tecnologias da Informação e da Comunicação; d) Avaliação diagnóstica e formativa; e) Educação em Direitos Humanos; f) Educação para a Paz e mediação de conflitos; g) Responsabilidade Social; h) Escola em Pastoral; i) Formação Continuada; j) Protagonismo da Comunidade Educativa; e k) Gestão eficiente e eficaz.

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Um dos fatores cruciais na tomada de decisões é a busca por um consenso político, o qual no entender de Boufleuer (2001, p. 92-93), “equivale a um acordo em que se busca um certo grau de concordância acerca do sentido ou dos objetivos do fazer escolar”. Continua o autor explicando que:

Não se trata da negação das singularidades e das diferenças, nem da exigência de os indivíduos abrirem mão de concepções ideológicas e valorativas, pois é exatamente o pressuposto da sociedade plural, da existência de indivíduos com propósitos distintos, que coloca a construção de um consenso como condição necessária para a viabilidade de uma ação coletiva como a educação. (2001, p. 92-93)

O alcance desse consenso nem sempre ocorre facilmente, pois assim como em qualquer organização, no contexto escolar também atuam forças e se consolidam relações de poder que, por vezes, podem se tornar entraves ou dificultar as tomadas de decisões coletivas. Quando isso ocorre, a liderança dos gestores assume papel central, no sentido de poder articular as forças, por vezes contraditórias, visando o alcance de objetivos comuns.

Assim, com base no trabalho realizado com a equipe diretiva, foi redigido um documento, contendo o conjunto de fundamentos elencados os quais foram submetidos à apreciação e validação do corpo docente, por meio de um questionário, sendo este assunto tema da próxima seção.

Olhares dos educadores sobre os princípios/valores

O questionário, contendo questões fechadas (para identificação dos educadores) e abertas, (relativas aos fundamentos) foi aplicado por ocasião da Jornada Pedagógica do Colégio, onde foram retomados os pressupostos documentais trabalhados anteriormente com a equipe diretiva. Tal Jornada, (realizada no início e no meio de cada ano) se constitui num espaço de formação continuada e de reflexões acerca de aspectos pertinentes ao planejamento da ação educativa. Responderam o instrumento 39 educadores (do conjunto total de 65, sendo que aqueles que não responderam terão nova oportunidade de fazê-lo) que exercem à docência na Educação Infantil, Fundamental e ou Médio. A tabela 1 apresenta a pontuação obtida em cada um dos princípios analisados.

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Fonte: Respostas dos questionários/2016 -segmento professores

Análise dos dados constantes na tabela 1 possibilitam inferir que o conjunto total de fundamentos foram validados pelos professores que responderam ao questionário, considerando-se que eles foram pontuados, pela maioria, entre 7 e 10, sendo que somente os princípios Protagonismo da Comunidade Educativa e o da Escola em Pastoral, foram pontuados por um dos respondentes com o valor 6 e 1 respectivamente. Chama a atenção o fato do fundamento Escola em Pastoral ter sido pontuado com o valor 1, tendo em vista que a educação e a evangelização são dimensões fundantes da gênese do Instituto dos Irmão das Escolas Cristãs. Um aspecto importante que caracteriza a missão lassalista é a presença de uma espiritualidade própria que perpassa os ambientes, espaços e as pessoas. A espiritualidade é uma forma de vivenciar os princípios e valores cristãos, de conviver e realizar a missão educativa como um lugar privilegiado da relação do educador e do educando com Deus. O núcleo central da espiritualidade lassalista se fundamenta na fé, na fraternidade e no serviço.

Na sequência, tais fundamentos também passarão por um processo de validação junto aos demais integrantes da comunidade educativa do Colégio La Salle São João, de forma a serem contemplados os diversos olhares. Corroboramos a posição de Santos (2005, p. 152) quando o autor assevera que:

A complexidade da organização escolar decorre do corpo que a constitui, formado por docentes, alunos, gestores, avaliadores, os quais possuem diferentes formas de pensar e conceber o processo educativo. Considerando-se a escola como um todo, formada por recursos humanos, físicos e financeiros, torna-se complexo harmonizar opiniões sobre a forma de gerir essas muitas pessoas nessas diferentes esferas. Contudo, é somente por intermédio da gestão que se torna viável estabelecer estruturas horizontais onde todos esses atores possam constituir um grupo autêntico.

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Após a validação dos fundamentos pela comunidade educativa, os mesmos irão servir como eixo condutor para a construção da parte diversificada do currículo escolar, no que se refere aos temas ou eixos que irão transversallizar os campos de experiência (Educação Infantil) e nas áreas de conhecimento e respectivos componentes curriculares (Ensino Fundamental e Médio).

Considerações finais

Na perspectiva da gestão escolar democrática, a participação e o engajamento dos diversos atores que atuam na escola com o projeto educativo é condição essencial para a organização, a administração e a utilização racional dos recursos. (MEDEIROS, LUCE, 2006, p.20), frisa-se aqui a necessidade da participação de todos, pais e estudantes, não só da direção que é dada pelos funcionários públicos, evitando-se assim a supremacia dos interesses corporativos aos interesses educacionais coletivos [...]

Tal participação e engajamento podem se constituir num “instrumento indutor de consensos, de comunhão e convergência de objetivos e interesses, enfim, de garantia de um clima e de uma cultura propícios à concretização eficaz dos objetivos educacionais”. (TORRES, PALHARES, 2009, p.94). Assim, a escola democrática, no entender de Lück (2009, p. 69-70):

[...] é aquela em que os seus participantes estão coletivamente organizados e compromissados com a promoção de educação de qualidade para todos. A democracia constitui-se em característica fundamental de sociedades e grupos centrados na prática dos direitos humanos, por reconhecerem não apenas o direito de as pessoas usufruírem dos bens e dos serviços produzidos em seu contexto, mas também, e sobretudo, seu direito e seu dever de assumirem responsabilidade pela produção e melhoria desses bens e serviços. Com essa perspectiva, direitos e deveres são dois conceitos indissociáveis, de modo que, falando-se de um, remete-se ao outro necessariamente. E é nessa junção que se estabelece a verdadeira democracia, construída mediante participação qualificada pela cidadania e construção do bem comum.

Por fim, nas Comunidades Educativas Lassalistas, independentemente do nível de ensino que ofertam, a perpetuação da Missão e da Identidade Lassalistas depende sobremaneira dos colaboradores que nelas atuam, desde o pessoal técnico-administrativo até aqueles que atuam na dimensão pedagógica.

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ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DA MISSÃO EDUCATIVA LASSALISTA – AIMEL. Circular 461. Conselho Geral. Roma, 2010.

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Referências

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