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entenda O Que MudOu Movimentação em livrarias no período de volta às aulas cai até 80% economia, PÁGINA 10 NA ANtessAlA

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E-MAil: mercadoassinante@opovo.com.br ISSN 1517-6819

Ainda sem obras, PV

não tem previsão de

reabertura e pode ser

ponto de vacinação

para Covid-19

EsportEs

pÁGINA 18

Aumento de

casos de Covid-19

ameaça retomada

de Serviços e

Turismo no CE

PÁGINA 11

EcoNomIA

Após episódios

de violência,

moradores antigos

abandonam

o Benfica

PÁGINA 12

cIdAdEs

Câmara dos

EUA aprova

impeachment de

Donald Trump

pela segunda vez

PÁGINA 9

muNdo

Auxiliado por

Camilo, Baleia

Rossi tenta

ampliar apoios

no Ceará

PÁGINA 8; ÉRICO FIRMO, PÁGINA 8

poLÍtIcA

NA ANtessAlA

Sérgio Gurgel abre, no Sobrado José Lourenço, mostra que reflete sobre o tempo e o abandono VIdA&ARte GuIA, PÁGINA 1

Thais MesquiTa

Movimentação em livrarias no período de

volta às aulas

cai até 80%

eCONOMIA, PÁGINA 10

EdIÇÃo dE HoJE edição fechada a 0h30 28 páginas

quinTa-feira

14/1/21 WWW.opoVo.com.Br

ano XCiii - edição nº 31.241 forTaLeZa - Ce / r$ 3,00

enem em meio a maior

crise sanitária em um século

A maior prova de acesso ao ensino superior do Brasil ocorre nos próximos domingos, 17 e 24, em meio a

incertezas devido à pandemia da Covid-19. Este ano, teste terá como diferencial o Enem Digital

RePORtAGeM, PÁGINAs 4 e 5

eNteNdA O Que MudOu

a

ureLio aL

ves

(2)

2

WWW.OPOVO.COM.BR

QUINTA-FEIRA FORTALEZA - CEARÁ - 14 DE JANEIRO DE 2021

FAROL

Temperatura Máxima

32

⁰C

Temperatura Mínima

25

⁰C

Ensolarado ACERVO CHICO GOMES/DIVULGAÇÃO

MARACATU ENSOLARADO

Estreou no YouTube e IGVT (@debranasa) a web-série “Conte Comigo”. Patrocinada pela Lei Aldir Blanc, narra a histórias de brincantes do Maracatu cearense. A direção é de Débora Sá, rainha do Na-ção Fortaleza.

Nova

atual Crescente20/1 Cheia28/1 Minguante4/2

CHARGE \ Clayton

CHARGE@OPOVO.COM.BR

TÁBUA DAS MARÉS

HOJE

 MARÉ BAIXA 0h08min / 0,3 metro  MARÉ ALTA 6h34min / 2,7 metros  MARÉ BAIXA 12h21min / 0,5 metro  MARÉ ALTA 18h46min / 2,8 metros

AMANHÃ

 MARÉ BAIXA 0h50min / 0,3 metro  MARÉ ALTA 7h14min / 2,6 metros  MARÉ BAIXA 13h02min / 0,5 metro  MARÉ ALTA 19h27min / 2,8 metros

LUA

TEMPO EM FORTALEZA

FONTES: TÁBUA DE MARÉS E INMET

ENERGIA RENOVÁVEL

IBGE

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) liberou a ope-ração comercial de sete uni-dades geradoras do complexo EOL Serrote, da Qair Brasil, no município de Trairi, a 127 km de Fortaleza. Somadas, as usi-nas têm capacidade instalada de 25.800 kilowatts (kW). As informações são do por-tal Canal Energia. A opera-ção comercial está libera-da desde a última terça-feira, 12. Na usina EOL Serrote I, foram liberadas as unidades

geradoras UG1 e UG3, de 4.200 kW cada; na usina Ser-rote II, as unidades gerado-ras UG1, UG2 e UG6, de 4.200 kW cada; a unidade geradora UG5 da usina EOL Serrote III, com 4.200 kW; e a unidade geradora UG2, também com 4.200 kW, na EOL Serrote IV. Com sede administrativa em Fortaleza, a Qair empreen-de no Brasil empreen-desempreen-de o início empreen-de 2018, inicialmente sob a de-nominação de Quadran Bra-sil. (Irna Cavalcante)

No Ceará, a produção da safra de grãos encerrou o ano de 2020 em 794.480 toneladas. Alta de 40,71% em relação ao ano ante-rior (564.616 t). Três produtos representaram 96% da produ-ção total de grãos: milho se-queiro, feij ão-de-corda 1ª safra e arroz irrigado. Os dados fo-ram divulgados ontem, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geogra-fi a e Estatística (IBGE).

O 12º Levantamento Sistemáti-co da Produção AgríSistemáti-cola – LSPA de 2020 também mostrou que a produção cearense de 2020 foi

71,72% superior à primeira es-timativa (462.673 t). No grupo Cereais, Leguminosas e Oleagi-nosas, composto de 17 produtos, 14 apresentaram crescimento na produção, comparando-se ao ano de 2019, e 3 apresenta-ram redução. Alguns dos itens que apresentaram crescimento na produção em relação a 2019 foram: arroz de sequeiro, fava, feij ão de arranca 1ª safra, fei-jcorda 1ª safra, feij ão-de-corda 2ª safra, milho sequeiro, milho irrigado e milho semente sequeiro. (Irna Cavalcante)

Aneel libera operação comercial

de novas eólicas no Ceará

Safra de grãos subiu

40,71% no Ceará em 2020

Sindicato dos Policiais Penais do Ceará denunciam que transferências de agentes de Sobral e do Cariri para a CPPL6, em Itaitinga, foram feitas pela SAP sem custeio do deslocamento e a mudança de moradia.// O defensor público federal Carlos Eduardo Paz é o novo chefe da DPU, em Fortaleza. Ele substitui Eduardo

Negreiros.// Para se vacinar contra a Covid-19, o cidadão precisa se cadastrar no SUS. Poderá ser feito no dia da vacinação ou pelo site do Conecte SUS.// Só lembrando: E aí, Bolsonaro sabotou medidas contra a Covid-19 no Brasil, como relatou a Human Rights Watch?

ÔNIBUS de bairros de Fortaleza e Intermunicipais, como os de Caucaia, que continuam superlotados. O que adianta proibir

aglomerações se os coletivos são verdadeiros covidários? TENENTE-CORONEL Kilderlan Sousa, do Batalhão Raio, que teve postura correta

ao evitar penalizar “duas vezes uma vítima” atingida no tiroteio do Benfi ca. Mesmo sendo um

trafi cante, pediu que aguardasse a investigação da Polícia

Civil.

ESTA COLUNA É PUBLICADA DE SEGUNDA A SÁBADO FALE COM O COLUNISTA:

DEMITRI TÚLIO

DEMITRITULIO@OPOVO.COM.BR

O jornalista Demitri Túlio substitui o colunista Eliomar de Lima, que está de férias

DECISÃO DE VEREADORES DO CRATO SOB SUSPEITA

O

Centro Operacional de Meio Ambiente do Minis-tério Público (Caomace/MPCE) do Ceará vai auxi-liar promotores do Crato na apuração sobre uma decisão suspeita de vereadores do Cariri. Eles transformaram a zona especial de proteção am-biental do rio Batateiras em zona de construção residencial. Um crime contra as nascentes, as margens do rio

e mais ameaça de enchentes no Crato. O Caomace/MPCE, em Fortaleza, foi provocado para entrar na questão pela Comis-são de Meio Ambiente da OAB-CE e por uma carta/denúncia dos padres do Cariri. João Alfredo, presidente da Comissão, acha danoso que a maioria dos vereadores cratenses tenha votado por favorecer a especulação imobiliária mesmo com um veto da prefeitura.

MERCADO DA DROGA

O tiroteio no Benfica, na última terça-feira, uma suposta tentativa de acerto de contas entre traficantes, poderia ser um ponto fora da curva no cenário da violência em Fortaleza. Primeiro, porque quando se fala em crime assim - beirando uma chacina -, geralmente, a ocorrência se dá na periferia. Lugar estigmatizado como perigoso e pobre.

FORA DA PERIFERIA

Acontece que o boêmio e nobre Benfica é um grande ponto de disputa do merca-do da droga em Fortaleza. A chacina em 2018 escancarou o território demarcado não só pela vida universitária. É uma “boca” lucrativa. Seja com a maconha, que virou cigarro comum e a sociedade sustenta a hipocrisia da proibição, ou com outros produtos ilícitos.

FACÇÕES NA ZONA

NOBRE

O tiroteio poderia ter repetido a tragé-dia de 2018, quando sete pessoas foram mortas em meio a disputa das facções. Com informações da população, o Raio prendeu rápido um rapaz que confessou os disparos.

OCUPAÇÃO

IRREGULAR

A rua Pero Coelho, entre Dona Leo-poldina e Rodrigues Júnior, no Cen-tro, é exemplo de um espaço público degradado pelo cidadão, a Prefeitura de Fortaleza e a iniciativa privada. Lá, é um ponto permanente de mon-turo. Como a Agefis não responsabi-liza ninguém, o lixo é despejado dia-riamente.

FORVIAS

E mais, a Prefeitura derrubou bar-racos que recicladores de resíduos sólidos fizeram em meio à rampa. O problema é que o Município não tem a mesma atitude com o Consórcio Forvias que, além de ocupar irre-gularmente a calçada com material obras, tem sua sede em cima do en-tubado riacho Pajeú.

CAUCAIA

Leitor Fellipe Franklin, morador do Parque Guadalajara, em Caucaia, denuncia que a rua da Areninha e a Praça do Campo do Remo viraram li-xões e não estão no dossiê do prefeito Vitor Valim. Além disso, as obras de pavimentação foram abandonadas.

CAUSA

Relatório da WWF-Internacio-nal, publicado ontem, faz relação direta entre degradação flores-tal e o surgimento de zoonóticas como HIV/Aids, Ebola, Sars, Febre do Vale Rift e, a partir de 2020, a Covid-19. O Brasil e mais 28 países foram pivôs de 52% do desmata-mento global de 2000 a 2018 .

EFEITO

É perigoso para a saúde pública degradar biomas com estudos suspeitos. Tem um exemplo aqui em nosso quintal. Em Aquiraz, na CE-040, estão aterrando uma lagoa onde, supostamente, vive-ria o “peixe das nuvens” (Hypso-lebias Longignatus). Uma espécie ameaçada de extinção.

SEMACE!

Extinto aquele “pequeno” ecos-sistema, poderão haver reper-cussões danosas no entorno. O vereador Gabriel Aguiar (Psol) enviou ofício à Semace querendo informação sobre a autorização da morte da lagoa. A obra

precisa ser embargada.

SOBE

DESCE

(3)

www.opovo.com.br

Quinta-feira

Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

Farol

3

Hospital infantil albert sabin

Mais de 100 encontros virtuais foram

realizados no Hospital infantil albert

Sabin (Hias) para aproximar pacientes

internados e familiares. Feitos por

videochamadas, os encontros foram

idealizados no início da pandemia

de Covid-19 para os internados na

Unidades de tratamento intensivo 3

(Uti 3). a ação, intitulada de Projeto

acalentar, foi expandida, se consolidou

e tem ajudado a reduzir distâncias e

trazer conforto e humanização para o

processo de internamento infantil. a

iniciativa é realizada por uma equipe

multiprofissional, com psicólogos,

assistente social e médica pediatra.

vIDEocHAmADAS

QUE AproXImAm

FeliPe dUtra/divUlgação

edição: DomItIlA AnDrADE | doMitila.andrade@oPovo.CoM.Br | 85 3255 6101

Sobre Macron

PandeMia

em reação a declarações do presidente da França, emmanuel Macron, sobre o desmatamento na amazônia e a produção de soja no Brasil, o vice-presidente Hamilton Mourão disse ontem, 13, que o mandatário francês desconhece a produção de oleaginosa brasileira. Presidente do Conselho nacional da amazônia, Mourão destacou que a produção agrícola da região amazônica é “ínfima” e que Macron apenas “externou interesses protecionistas dos agricultores franceses”. O presidente francês afirmou que “continuar a depender da soja brasileira seria ser conveniente com o desmatamento da Amazônia”. (AE)

o prefeito licenciado de goiânia, Maguito Vilela (MDB), morreu aos 71 anos na madrugada de ontem, 13, por complicações decorrentes da covid-19. Maguito estava internado no Hospital albert einstein, em São Paulo, desde outubro de 2020, antes mesmo do primeiro turno das eleições municipais, e tomou posse como prefeito de goiânia por meio de assinatura eletrônica e ainda sedado. O vice-prefeito Rogério Cruz (Republicanos) assumiu o cargo interinamente já em 1º de janeiro e seguirá no comando da capital. (AE)

‘Desconhece a

produção de soja no

Brasil', diz Mourão

Morre de Covid-19

prefeito de Goiânia

Maguito Vilela

aPonta eStudo

o uso mais intenso da internet durante a quarentena fez disparar as tentativas de fraudes e golpes virtuais. dados da apura

Cybersecurity Intelligence, empresa especializada em segurança digital, apontam alta de 394% nas ameaças eletrônicas, na comparação com 2019. Para 2021, a empresa alerta que a entrada do 5g e do Pix, o novo sistema de pagamentos, demanda atenção dos usuários. a ano passado houve registro de vazamentos de 958 mil CPFs, 592 mil cartões

internacionais, 262 mil cartões nacionais e 220 milhões de credenciais de acesso, como senhas. (AE)

Ameaças de golpes

virtuais avançaram

400% em 2020

o Papa Francisco, de 84 anos, recebeu a vacina contra a Covid-19 ontem, 13, no primeiro dia da campanha de vacinação organizada no vaticano. o papa foi vacinado “em um setor do átrio do Salão Paulo VI, especialmente preparado” para a aplicação das vacinas, e recebeu a vacina da Pfizer/BioNTech. (AFp)

pApA FrAncISco FoI vAcInADo

Vaticano

vatiCan Media / aFP

O presidente do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), Washington araújo, fez visita institucional na tarde de ontem, 13, ao o povo. Com sua gestão à frente da Corte Estadual sendo encerrada neste mês, ele fez balanço dos dois anos de mandato. o

desembargador foi recebido por João Dummar Neto, presidente-executivo do grupo o povo, e por Érico Firmo, editor-chefe de Cotidiano e colunista de Política.

prESIDEntE Do tJcE vISItA o povo

balanço da gestão

deiSa garCez/eSPeCial Para o Povo

O médico radiologista Trajano Almeida, 71 anos, dono de clínica especializada em diagnóstico por imagem de mesmo nome, faleceu nesta ontem, 13, por complicações do novo coronavírus.

morrE méDIco trAJAno AlmEIDA

Covid-19

reProdUção YoUtUBe UniMedrUMoaoCerto

Camilo empossa

Hidelbrando

Soares como novo

reitor da Uece

| univerSidade |

Hidelbrando

e o vice-reitor nomeado, Dárcio Ítalo,

foram os mais votados na consulta prévia

O professor Hidelbrando dos Santos Soares foi nomeado on-tem, 13, como novo reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) pelos próximos quatro anos. Nomeação foi assinada pelo governador Camilo Santa-na (PT), no Gabinete do Palácio da Abolição. Estiveram pre-sentes no momento o também nomeado vice-reitor, Dárcio Ítalo Teixeira, e o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, Inácio Arruda.

Cerimônia de transmissão de cargo será realizada ama-nhã, 15, a partir das 16 horas, na Sala dos Órgãos de Deliberação Coletiva (SODC) no campus Ita-peri da Uece e será transmitida ao vivo pelo Facebook da insti-tuição. O reitor oficial anterior-mente era José Jackson Coelho Sampaio. Atualmente, estava no comando da reitoria a inte-rina Josete de Oliveira.

“A Universidade Estadual do Ceará é um grande patrimônio do povo cearense. Sua missão precípua é servir a esse povo, contribuindo para o desenvol-vimento de nosso Estado, com inclusão e justiça social. Nossa tarefa na gestão universitária é garantir a realização dessa função social e pública de nos-sa Universidade”, pontuou o

novo reitor.

Hidelbrando e Dárcio pas-saram por consulta prévia realizada com a comunida-de universitária e obtiveram o maior número de votos na eleição, totalizando um per-centual global de 32,58%.

Hidelbrando Soares foi vi-ce-reitor da Uece entre 2012 e 2020. Ele é formado em Geo-grafia pela instituição, especia-lista em Geografia pela Univer-sidade Federal do Ceará (UFC) e mestre pela Universidade Fe-deral de Pernambuco (UFPE). É professor adjunto da Uece, com experiência na área de Geogra-fia Humana. Também por oito anos consecutivos, 2004 a 2012, como Diretor da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam/Uece). O vice-reitor nomeado, Dárcio Ítalo Teixei-ra, é graduado em Medicina Veterinária pela Universida-de FeUniversida-deral da Paraíba (UFPB), mestre e doutor em Ciências Veterinárias pela Uece e possui pós-doutorado em Biotecnolo-gia pela Universidade de Bue-nos Aires. Atualmente dirige o Hospital Veterinário Prof. Syl-vio Barbosa Cardoso da Uece e é vice-diretor da Faculdade de Veterinária, sendo ainda pro-fessor associado.

reProdUção/twitter

nomEAção ocorreu no

(4)

EnEm nos tEmpos da

| PROVA |

Pandemia de Covid-19 impactou estudantes de diferentes formas. Agora

o sentimento de ansiedade se soma ao medo e às incertezas sobre o futuro para

candidatos que tiveram estudos prejudicados pela pandemia

Nem a melhor prepara-ção para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 poderia vislumbrar a con-juntura que se apresenta. A maior prova de acesso ao en-sino superior do Brasil ocorre nos próximos domingos, 17 e 24 de janeiro, em meio à mais grave crise sanitária do sécu-lo XXI, com o País vivenciando repique de casos de Covid-19. À ansiedade se somam o medo e as incertezas para quem teve os estudos prejudicados.

“Tentei bastante me manter firme, mas fiquei deprimida du-rante semanas pela ansiedade e a frustração. Voltar a estudar não foi fácil e tenho certeza que estudo no máximo 60% do que conseguia antes da pandemia”, relata Aisha Paz, 18 anos, aluna do terceiro ano da Escola Esta-dual de Educação Profissional Paulo VI, em Fortaleza. Ela está entre os 325.706 instritos para a prova no Ceará.

O Enem ocorreria em no-vembro último, mas foi adiado devido à pandemia. Neste ano, o exame terá pela primeira vez a versão digital, em 31 de janei-ro e 7 de fevereijanei-ro.

A adaptação às aulas re-motas foi certamente um dos maiores obstáculos para a preparação, conta Aisha.

Frequentemente, problemas de conexão na internet a im-pediam de acompanhar plena-mente os conteúdos. Já são dez meses sem aulas presenciais.

Ela também sentiu a saúde emocional abalada. O contexto pandêmico quase fez a jovem desistir do sonho de cursar Enfermagem. Hoje ela coloca a área como primeira opção, mas também considera Design como segunda.

Na opinião de João Pedro Morais Pereira, 17, o fim de en-sino médio por si só é um pe-ríodo delicado tendo em vista a pressão por bons resultados de pré-universitários, como ele.

“Tive alguns momentos difí-ceis durante o ano de 2020, mas consegui superar e me manter focado”, explica o estudante do Colégio Christus, escola privada da Capital. Ele pretende cursar Direito e ressalta o apoio da fa-mília, amigos e namorada du-rante o último ano de estudos.

João Pedro acredita que a perda na absorção dos conteú-dos é indiscutível, porém reco-nhece que esse dano é sentido de forma diferente. Desde ou-tubro, sua escola, por exemplo, já retornou às atividades peda-gógicas presenciais.

“Prefiro as aulas presenciais em todos os aspectos, mas as aulas remotas foram de suma importância durante esse ano. Sem elas não conseguiria manter uma rotina de estu-dos. E digo isso como um pri-vilegiado de ter aulas online e

EDIÇÃO: Érico Firmo | ERICOFIRMO@OPOVO.COM.BR | 85 3255 6101

DEís

a G

aR

CEz/EsPECIal P

aRa O POVO

AishA PAz é de uma geração em que o

Enem ocorre em condições anormais

EnEm 2020

www.oPovo.com.br

Quinta-fEira FORtalEza - CEaRÁ - 14 DE janEIRO DE 2021

4

acompanhamento remoto com professores, o que muitos não puderam ter”, reconhece.

Num exame de 180 questões objetivas com redação, admi-nistrar emoções e organizar o tempo é fundamental. Todavia, é preciso levar em conta neste ano uma série de impactos psi-cossociais da pandemia — fa-mílias enlutadas, receio de ser infectado, frustração de um preparo longe do ideal.

“Quando se fala de prova não é só a questão intelectual envol-vida, até porque não tem como fazer essa separação. O ser hu-mano é um conjunto integrado. Afeto e inteligência caminham juntos para a execução de uma tarefa. Quando essa dimensão afetiva está atravessada pelo medo ou pelo luto, isso com certeza vai impactar no desem-penho”, afirma a professora An-drea Cordeiro, pesquisadora na

área de psicologia educacional e docente do departamento de Psicologia da Universidade Fe-deral do Ceará (UFC).

A professora se preocupa também com os reflexos da am-pliação das disparidades edu-cacionais no País — análise compartilhada pelo professor Wagner Andriola, da Faculdade de Educação (Faced) da UFC.

Especialista na área avalia-ção educacional, Wagner pro-jeta que a pandemia resultará

LAis oLiveirA

cotidiano@opovo.com.br

Como será o Enem digital

Testes.

Novo modelo

A edição provavelmente mais desafiadora da história do Enem devido à pandemia terá ainda a novidade da versão di-gital, aplicada de forma piloto para 96 mil candidatos em 99 municípios. No Ceará, Fortale-za, Quixadá, Sobral serão polos do Enem Digital. São 3.112 ins-critos no Estado que optaram por essa modalidade. Maria Kailane Gurgel Batista, 17, fez a opção pelo modelo inédito pen-sando em evitar aglomerações.

“Moro com a minha avó, ela é do grupo de risco e eu cuido dela. Acho que vai haver menos pessoas na prova digital”, afir-ma a estudante do terceiro ano do ensino médio da Escola Es-tadual Júlia Giffoni, no Pici.

João Willame dos Santos Coelho, 18, da Escola de Ensino Médio (EEM) Deputado Fran-cisco de Almeida Monte, fez a escolha mais motivado pela curiosidade. “Me interessa ter essa experiência na forma di-gital. Mais para saber como vai ser mesmo”, diz.

Apesar de considerar a no-vidade um avanço, o profes-sor Wagner Andriola pondera

sobre a necessidade de estudo pormenorizado “demonstran-do que não há diferença no que diz respeito ao desempenho dos alunos quando submetidos a uma situação de teste tradicio-nal versus quando submetidos a uma prova confeccionada em forma digitalizada”. A intenção do Inep é que o exame se torne totalmente digital até 2026.

Camilo Mussi, diretor de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais do Inep, disse ao O POVO que fo-ram realizados testes práticos em 2019 com amostra repre-sentativa de estudantes de todo o País, simulando a prova no sistema próprio desenvolvido.

“Fizemos pré-testes digitais, testamos o sistema para ver a usabilidade dele. Dos alunos participantes, a maior parte gostou muito de fazer a prova no computador, mas fez algu-mas sugestões que incorpora-mos nessa versão final [do sis-tema].” Haverá a possibilidade de fazer rasuras na interface da prova, por exemplo, similar-mente ao que ocorre na prova tradicional, com a caneta. em ingressantes do ensino

superior com um perfil educa-cional “fragilizado”, pensando nos efeitos na qualidade do aprendizado.

“Provavelmente haverá perda na presença dos can-didatos nas provas por cau-sa dos impactos emocionais e afetivos da pandemia. Estimo que também que haverá perda significativa no que diz respei-to às notas médias em cada uma das grandes áreas.”

Tenho certeza que

estudo no máximo

60% do que

conseguia antes da

pandemia”

Aisha Paz, 18 anos, estudante

O POVO mAIS

MaIs.OPOVO.COM.BR

assinante o Povo lê no O POVO+: a pressão pelo adiamento e perguntas e respostas sobre o Enem

(5)

w w w. o p o v o . c o m . b r

Quinta-feira

FORtalEza - CEaRÁ - 14 DE janEIRO DE 2021

5

(6)

6

w w w. o p o v o . c o m . b rQuinta-feira Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

política

A Human Rights Watch di-vulgou nesta quarta-feira, 13, a nova edição de seu relatório anual sobre a situação dos di-reitos humanos, analisando mais de cem países. No capí-tulo sobre o Brasil, a organi-zação afirma que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou sabotar os esforços para desacelerar a dissemi-nação da Covid-19 no País em 2020 e tomou medidas que prejudicam diretamente os direitos humanos.

Com 761 páginas, o relatório ressalta que Bolsonaro mini-mizou a Covid-19, chamando -a de “gripezinha” e dissemi-nou informações incorretas, entre outras violações aos di-reitos humanos.

“O governo Bolsonaro pro-moveu políticas contrárias aos direitos das mulheres e das pessoas com deficiência, en-fraqueceu a aplicação da lei ambiental e deu sinal verde às redes criminosas que operam

no desmatamento ilegal da Amazônia”, afirma a organiza-ção no documento.

De acordo com a Human Rights Watch, o papel das ins-tituições nacionais para conter os retrocessos promovidos pelo presidente foi essencial.

“O Supremo Tribunal Fede-ral tomou decisões contra as tentativas da administração de Bolsonaro de retirar dos Esta-dos a autoridade de restringir circulação de pessoas para con-ter a pandemia, de suspender a Lei de Acesso à Informação e de ocultar dados públicos sobre a pandemia”, diz o relatório.

Na coletiva de apresen-tação do relatório, a orga-nização destacou momentos em que as instituições de-mocráticas responderam à política de Bolsonaro que a Human Rights Watch clas-sifica como “antidireitos”. Entre as respostas, além das decisões do STF, estão medi-das como a determinação de

| avaliação |

Relatório anual da organização aponta

que o presidente tomou medidas que prejudicam

diretamente os direitos humanos no Brasil

Bolsonaro tentou

sabotar combate à

Covid-19, diz Human

Rights Watch

(7)

www.opovo.com.br

Quinta-feira

Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

política

7

MarCos Correa/PresidênCia da rePúbliCa

rELATÓrIo destaca que bolsonaro minimizou a Covid-19, chamando-a de “gripezinha” obrigatoriedade de máscara

em lojas e escolas feita pelo Congresso.

Para Anna Livia Arida, diretora da HRW no Brasil, Bolsonaro colocou a vida e a saúde dos brasileiros em “grande risco”: “O STF e ou-tras instituições ajudaram a proteger os brasileiros e barrar muitas, ainda que não todas, políticas antidireitos de Bolsonaro. Eles precisam permanecer vigilantes”.

A futura relação entre Bol-sonaro e novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi citada na coletiva de apresen-tação do relatório da HRW.

Diretor executivo da orga-nização, Ken Roth afirmou que a posse de Biden vai impor di-ficuldades a Bolsonaro, que via o presidente Donald Trump como um aliado e com quem ti-nha discursos aliti-nhados. “É um novo mundo, um novo ambien-te político. Bolsonaro ambien-terá difi-culdades”, afirmou.

O relatório destacou ainda a atuação da imprensa inde-pendente no País durante a pandemia. “A mídia impressa e televisiva desempenhou pa-pel importante ao continuar informando o público, pro-porcionando um fórum para debate público e checando os poderes do governo, apesar da estigmatização, bullying e ameaças de ação judicial contra jornalistas por parte da administração Bolsonaro”.

Ainda que as instituições democráticas tenham tido um papel fundamental, algumas ações do governo Bolsonaro não puderam ser contidas e trouxe-ram resultados ruins, de acor-do com o relatório como a des-truição, entre agosto de 2019 a julho de 2020, de cerca de 11 mil km² de Floresta Amazônica e o aumento de 16% nos incêndios na Amazônia em 2020.

“Ele culpa os povos in-dígenas, organizações não

“O STF e outras

instituições

ajudaram a proteger

os brasileiros e

barrar muitas,

ainda que não todas,

políticas antidireitos

de Bolsonaro.

Anna Livia Arida, diretora da HrW no brasil

governamentais e moradores locais pela destruição, em vez de agir contra as redes crimi-nosas que são a força motriz da ilegalidade da Amazônia”, disse Arida.

(8)

8

WWW.OPOVO. COM.B R

QUINTA-FEIRA FORTALEZA - CEARÁ - 14 DE JANEIRO DE 2021

POLÍTICA

COSTA Neto é o líder da Videira e

vai assumir cargo na gestão

BOLSONARO E A

ELEIÇÃO NA CÂMARA

A

eleição na Câmara dos Deputados, que desembarcou em Fortaleza, virou teste de força para mostrar quem tem mais influência na Praça dos Três Poderes. O pre-sidente Jair Bolsonaro mede forças com o prepre-sidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A decisão é em voto secreto e aí os compromissos firmados poderão virar traição. Bolsonaro tem uma vantagem: segue no cargo após a votação. Maia fica sem a caneta. Se o candidato dele perde, fica pequeno. Bolsona-ro sairá ganhando com a tBolsona-roca, vença quem vencer. Mesmo que seja Baleia Rossi (MDB-SP), o possível novo presidente não terá o mesmo estofo político de Maia para peitar e contrariar o presi-dente. A vida de Bolsonaro na Câmara ficará mais fácil de qual-quer jeito, salvo enorme surpresa. Porém, se perder entrando na disputa com o ímpeto com o qual tenta articular, o presidente inicia desmoralizado a fase final de seu mandato.

ÉRICO

FIRMO

ESTA COLUNA

É PUBLICADA DE TERÇA A SÁBADO ERICOFIRMO@OPOVO.COM.BR ESTA COLUNA É PUBLICADA DE TERÇA A AURÉLIO ALVES

| SUCESSÃO DE MAIA |

Emedebista aterrissou em

Fortaleza para ampliar votos com as adesões de indecisos.

Governador deve usar os cacifes para angariar esses apoios

Rossi prega independência

e tenta ampliar apoios no

CE auxiliado por Camilo

AURELIO ALVES

BALEIA Rossi esteve ontem com Camilo

Santana e Rodrigo Maia no Palácio Abolição Candidato à presidência da

Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (MDB-SP) tem no gover-nador Camilo Santana (PT) e no senador Cid Gomes (PDT) dois trunfos para tentar faturar apoios vistos como ainda possí-veis de serem conquistados na bancada cearense.

O objetivo é ampliar a maio-ria numérica que já possui so-bre o adversário Arthur Lira (PP-AL). Assim como fez Baleia nessa quarta-feira, 13, o depu-tado alagoano estará em Forta-leza quinta-feira, 14, para jan-tar com apoiadores cearenses.

No Palácio da Abolição, sede do Governo do Ceará, Baleia e o atual presidente da Casa em disputa, Rodrigo Maia (DEM -RJ), principal fi ador do emede-bista, até teriam contado votos. Eles estiveram reunidos com o governador, 12 deputados fede-rais e Cid, presente à reunião a convite pessoal de Camilo.

Segundo fonte ouvida por O

POVO que estava no encontro,

o senador do PDT também tem relativo interesse particular na disputa. “Ele fez aquele posi-cionamento lá atrás contra o Arthur Lira, chamou de ‘projeto de Eduardo Cunha' (em 2019). Ele não mudou esse posiciona-mento”, recordou essa fonte.

Com um caderno em mãos e ao lado de José Guimarães (PT), outro articulador, o se-nador também se debruçava em cálculos políticos acerca da votação do dia 1º de fevereiro. Abertamente, são pelo menos 14 votos de um total de 22 cearen-ses no candidato emedebista.

O POVO apurou que Camilo

deve ainda ter conversa com Jr. Mano (PL), fi liado à sigla que está no bloco de Lira. “É muito ligado ao grupo do Lira. Acho que o governador vai forçar uma barra em cima dele”, co-mentou esse interlocutor.

Pedro Bezerra (PTB) é outra meta do petista. O parlamen-tar foi ao encontro com Baleia e Maia nesta quarta e, segundo disse, também comparecerá ao jantar desta quinta-feira de Lira com apoiadores cearen-ses, como AJ Albuquerque (PP), Domingos Neto (PSD), Capitão Wagner (Pros) e Dr. Jaziel (PL).

Do partido de Jaziel, Gorete Pereira ainda não havia mani-festado voto, mas na reunião elogiou o mandato de Maia em tom que teria sanado dúvidas sobre a preferência dela.

Anibal Gomes (DEM) havia comentado ao O POVO que só tomaria posição depois de ouvir Camilo, o que aconteceu ontem e o fez se decidir por Baleia. “(Camilo) Me pediu para que eu votasse no Baleia, eu já estava propenso”, afi rmou.

Questionado sobre quem vo-tará, Pedro Bezerra (PTB) afi r-mou que, após as duas reuniões, vai ao encontro da direção do PTB levar seu posicionamen-to. “Eu espero que a orientação partidária siga a minha intui-ção”, disse, sem citar qual.

Baleia usou mais uma vez a palavra “independência”, va-lor central defendido ao lon-go da campanha. Segundo o

emedebista apregoou, uma “Câmara independente con-segue produzir muito mais do que uma Câmara submissa, que acaba sendo um cartório do que o Executivo quer.”

Ele defendeu as instituições democráticas e disse acreditar que a Câmara, com a “fren-te ampla” de 11 partidos que o apoiam, não vai se “nivelar por baixo” e resistirá ao poder de atração de votos que a máquina federal possui - cargos e libera-ção de emendas, por exemplo.

Ainda segundo o candidato do MDB, Camilo é um aliado im-portante por ter ascendência numa bancada de parlamen-tares ligados a ele, e também por ter “boa administração”

e “ser muito respeitado pela classe política.”

Se a palavra de Baleia é “inde-pendência”, a palavra de Camilo, “diálogo”, foi usada como práti-ca de Maia que terá prossegui-mento com Baleia. “Não tenho dúvida que o Baleia representa todo esse processo para que a gente possa dar equilíbrio nesse Brasil”, ele disse.

Maia afi rmou ser o momento para implementar e fortalecer uma política de desenvolvimen-to regional, capaz de aquecer a economia das regiões Nordeste e Norte nos mesmos níveis do que se vê no Sul e no Sudeste. “A decisão da Ford de fechar suas fábricas no Brasil é uma decisão que preocupa a todos”, frisou.

CARLOS HOLANDA

carlosholanda@opovo.com.br

Baleia diz que impeachment é

possibilidade constitucional

Para Maia, “o tempo vai dizer”

.

Candidato à Presidência da Câmara dos Deputados apoia-do por Rodrigo Maia (DEM-RJ), Baleia Rossi (MDB-SP) afi rmou que o impeachment “é um tema que está na Constituição Fede-ral.” Ele foi questionado por O

POVO nesta quarta-feira, 13, em coletiva, se as condições jurídicas para eventual aber-tura de processo de deposição de Jair Bolsonaro (sem partido) estariam dadas.

“Nós não podemos abrir mão de nenhuma prerrogativa do presidente da Câmara. To-dos os instrumentos em defesa da democracia precisam ser respeitados e nós vamos agir de acordo com o que a Cons-tituição prevê”, ele afi rmou. Já o atual presidente da Casa afi rmou que “isso o tempo vai dizer”, se o chefe do Executi-vo federal atravessará ou não este processo.

“Mas a questão da vacina acho que foi o erro mais gra-ve do Gogra-verno Federal. Foi

não ter construído desde lá de trás as condições para que a gente tivesse hoje uma es-trutura e de já ter começado a vacinar a população brasi-leira”, ponderou Maia.

Na última segunda-feira, 11, em entrevista ao portal de notí-cias Metrópoles, Maia havia dito que a lentidão para o início do processo de imunização pode-ria acarretar na deposição do presidente. Ele adicionou então que isso seria resultado de or-ganização da sociedade.

Baleia Rossi ou o seu ad-versário, Arthur Lira (PP -AL), apoiado pelo presiden-te, herdarão da gaveta de Maia cerca de 60 pedidos por abertura de um processo de destituição do militar.

Os pedidos têm embasamen-tos variados: participação em manifestações antidemocráti-cas, má condução da pandemia e suposta interferência políti-ca na Polícia Federal (PF), por exemplo. (Carlos Holanda)

O PESO POLÍTICO DA FÉ

Como mostrou no O POVO de ontem o colega Carlos Mazza, o pastor Costa Neto, da Comunidade Videira, foi nomeado coordenador executivo da Coordenadoria de Articulação do Terceiro Setor e Instituições Religiosas da Prefeitura de Fortaleza. A religião é uma dimensão da vida em sociedade — a mais importante para os fieis. Não é necessariamente um problema ter alguém voltado para isso. Mas é uma preocupação. O que exatamente fará a coordenadoria? Vai articular o que mesmo? Política e religião se misturam na história humana desde que existe política, desde que existe poder de um ser humano sobre outro. Já nos primórdios, esse poder era apresentado como vontade de um ser superior. E isso sempre foi usado em benefício de quem governa. Em troca de favorecimento de líderes religiosos. Não creio que, em qualquer crença, Deus tenha se favorecido ou visto necessidade do poder político.

O CRISTIANISMO E O PODER

Para falar da crença majoritária, o cristianismo. Não conheço na Bíblia momento em que Jesus esteja com os políticos, os reis, os imperadores. Só para ser julgado e morto. Ele está, realmente, é do lado do povo, dos pobres, dos famintos, dos pecadores, das prostitutas, dos doentes que não têm como se tratar. Os ricos, ele condena. Daqueles em posição de poder, ele diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas.” A mim, causa estranheza conciliar a concepção cristã com o desfrute dos meios palacianos.

O MAIOR INSTRUMENTO

POLÍTICO DA ATUALIDADE

A questão religiosa é hoje um tema dominante na política brasileira. Talvez seja o tema dominante. Entra na agenda não porque os políticos sejam religiosos — o prefeito José Sarto (PDT) o é e, justiça se lhe faça, está entre os que menos se valem de proselitismo na política.

Ocorre que a religião é o maior instrumento político da atualidade. Ter apoio de pastor é mais eficaz que ter apoio de vereador, prefeito, governador, empresário, artista, jogador de futebol, traficante. O percentual de entrega dos votos pelos religiosos — a depender do credo e dos métodos — é incomparável.

Nas eleições 2018, a fé foi determinante para a eleição de Jair Bolsonaro. Nas eleições 2020, o resultado em Fortaleza apertado foi muito influenciado pelo peso das igrejas, sobretudo nos momentos finais. Hoje, para ser eleito no Brasil sem apoio das mais expressivas agremiações político-religiosas, o candidato precisa ter uma vantagem muito, mas muito grande. Numa eleição equilibrada, hoje, quem tem apoio das igrejas ganha. Sarto tinha apoio de uma coalizão política muito maior que a de qualquer adversário. Ainda assim, passou susto. Entende a existência da coordenadoria? Ele não quer passar pelo mesmo susto de novo. O pastor Costa Neto é amigo de Sarto, estrela nas redes sociais e participou ativamente da campanha. Entrou com tudo para tentar vencer resistências de evangélicos ao pedetista. Sem o apoio dele, os 43 mil votos a favor de Sarto seriam certamente menos. Talvez o prefeito hoje fosse outro.

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Quinta-feira

Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

mundo

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ediÇÃo: João marcelo Sena | joaomarCelosena@oPoVo.Com.Br |

Donald Trump se tornou o primeiro presidente americano na História a enfrentar um im-peachment duas vezes, quando a Câmara de Representantes aprovou nesta quarta-feira, 13, o procedimento, acusando-o de incitar a invasão ao Capitó-lio, sede do Congresso, na se-mana passada.

O Senado não deve celebrar o julgamento antes de 20 de ja-neiro, quando o democrata Joe Biden assumirá a Presidência, o que significa que o magnata do setor imobiliário se livra-rá do risco de ter que deixar o cargo antecipadamente.

No entanto, ele encerrará seu mandato com desonra, e enfrentará depois o julgamento no Senado. Se for condenado, provavelmente será impedido de disputar a Presidência de novo em 2024.

Na Câmara, a pergunta era apenas quantos republicanos haviam se unido à maioria de-mocrata na votação por 232 a 197. Na contagem final, dez republicanos romperam com suas fileiras, inclusive a núme-ro três do partido na casa, Liz Cheney, filha do ex-vice-presi-dente Dick Cheney.

Com Washington sob ten-são sete dias após o ataque ao Capitólio, Trump pediu calma. “Insisto para que NÃO haja vio-lência, NÃO sejam cometidos delitos e NÃO haja vandalismo de nenhum tipo. Isso não é o que eu defendo, nem tampouco o que os Estados Unidos defen-dem”, afirmou em um comuni-cado emitido pela Casa Branca. Pouco antes, a presidente da Câmara de Representan-tes, a democrata Nancy Pelosi, acusou Trump de ter incitado uma “rebelião armada” ao pe-dir votos pela sua deposição. “Deve partir. É um perigo claro e presente para a nação que to-dos amamos”, disse ela em um Congresso entrincheirado.

A sete dias da posse de Joe Biden, Washington, sob um forte esquema de seguran-ça, estava irreconhecível. As imagens eram impactantes:

| WASHInGTon |

Decisão histórica teve o apoio de dez republicanos e acontece a uma semana do fim

do mandato do presidente americano, acusado de incitação à violência. Futuro está com o Senado

Trump enfrenta um

segundo impeachment inédito

Presidente pede

que americanos

fiquem “unidos”

Sem mencionar impeachment.

O presidente Donald Trump exortou os america-nos a permanecer “unidos” e evitar a violência, em suas primeiras declarações após ser indiciado no Congresso nesta quarta-feira, 13, evi-tando qualquer menção ao processo de impeachment iniciado contra ele.

No discurso gravado no Salão Oval, Trump pediu “a todos os americanos que superem as paixões do mo-mento e se unam como um só povo americano. Vamos escolher seguir em frente juntos para o bem de nossas famílias”, declarou.

Afirmando que “nunca há justificativa para a violência”, Trump repudiou seus parti-dários que invadiram o Con-gresso há uma semana, um evento que resultou na aber-tura de um segundo processo de impeachment contra ele na Câmara.

“Aqueles que participaram dos ataques na semana pas-sada serão levados à Justiça”, disse o presidente em fim de mandato.

“Nenhum dos meus apoia-dores verdadeiros se envol-veria em violência política. Se você se envolveu nos eventos da última semana, não é um apoiador do nosso movimen-to, mas alguém que o atrapa-lha”, indicou o presidente.

ChiP somodeVilla / Getty imaGes / aFP

nancY Pelosi afirmou que trump incitou uma “rebelião armada”

“(Trump) Deve

partir. É um

perigo claro e

presente para a

nação que todos

amamos”

nancy pelosi,

presidente da Câmara dos representantes

dezenas de militares da reser-va passaram a noite dentro do Congresso. Muitos dormiam no chão das salas e corredores.

As intervenções dos con-gressistas foram enérgicas. Trump é um “tirano”, lançou a democrata Ilhan Omar. “Não podemos virar a página sem fazer nada”, disse.

Poucos dias antes de partir para sua residência em Mar-a -Lago, Flórida, onde sua nova vida como “ex-presidente” deve começar, o magnata republica-no parecia cada vez mais des-conectado do que está aconte-cendo na capital americana.

Nenhum representante de seu partido apoiou o impeach-ment anterior em 2019, e ape-nas um senador, Mitt Romney,

Segundo o presidente “agências federais terão to-dos os recursos para manter ordem”, assegurando que a transição ocorra de forma se-gura. “Violência deve parar, não importa qual sua filiação política”, clamou Trump.

Sem fazer críticas diretas após ser restringido ou bani-do em diversas redes sociais, Trump indicou que no mo-mento é necessário que “ou-çamos uns aos outros, e não silenciemos uns aos outros”.

(das agências)

Brendan smialowski / aFP

TrUmp pregou ontem discurso mais moderado

votou para condená-lo. O pre-sidente foi então absolvido da acusação de reter ajuda finan-ceira para obrigar a Ucrânia a investigar uma suposta cor-rupção de seu adversário po-lítico Biden. Mas desta vez, o cenário é diferente.

Em um sinal do que pode preocupar Trump e seu possí-vel futuro político, Mitch Mc-Connell, líder da maioria repu-blicana no Senado, disse a seus aliados, segundo reportagens do New York Times e da CNN, que via o “impeachment” favo-ravelmente, considerando que o julgamento tem fundamento e ajudaria o Partido Republica-no a virar a página de Trump para sempre.

Em nota a seus colegas, Mc-Connell afirmou nesta quarta que não tomou ainda uma de-cisão sobre o impeachment do presidente Donald Trump e não descarta votar a favor.

Este estrategista inteligen-te, aliado altamente influente e crucial de Trump por quatro anos, pode ser a chave para o resultado desse processo his-tórico, porque poderia enco-rajar senadores republicanos a condenar o 45º presidente americano.

Os democratas assumirão o controle da Câmara alta em 20 de janeiro, mas precisarão con-vencer muitos republicanos para obter a maioria de dois terços necessária para a condenação.

Criticado por sua demora em enviar a Guarda Nacional na quarta-feira, o Pentágono destacou até 15.000 membros para a posse. Inicialmente mo-bilizados para fornecer apoio logístico à polícia, seus inte-grantes começaram a portar armas na noite de terça-feira.

A exemplo da tensão que reina em Washington, o Airb-nb anunciou o cancelamento e bloqueio das reservas em sua plataforma em Washington durante a semana da posse do futuro presidente dos EUA e o Google anunciou que a partir de quinta-feira bloqueará toda publicidade política. (AFP)

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Quinta-feira Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

ECONOMIA

A já esperada grande movi-mentação de pais e respon-sáveis em busca de materiais escolares neste ano está me-nor. Segundo as livrarias e papelarias, a queda na mo-vimentação tem chegado a 80%. Nas livrarias popula-res, onde há troca e venda de livros usados, a deman-da diminuiu em torno de 50%, mesmo com retorno da maioria das escolas particu-lares marcado para a próxi-ma segunda-feira, 18.

O POVO percorreu os prin-cipais pontos de comercializa-ção de materiais escolares no Centro. Nas livrarias que ven-dem livros novos, a queda em todas as lojas é superior a 50%. O cenário de loja vazia é o mais comum, bem diferente de anos anteriores, diz Raimunda Olin-dina, funcionária da Livraria Interativa. “Está muito abaixo do esperado. Não tem muito o que dizer, basta olhar para a li-vraria vazia.”

Já no comércio mais popular, onde existe a opção de troca e

| FORTALEZA |

No período mais movimentado do ano por causa da reinício das aulas, compras de

materiais escolares têm sido menores em 2021. Consumidores reclamam de preços mais caros

Movimentação de volta às

aulas em livrarias cai até 80%

BarBara Moira

retomada

das aulas

ainda com limitações para evitar a proliferação da Covid-19, as escolas particulares do Ceará estão programadas para iniciar o ano letivo de 2021 entre os dias 12 e 20 de janeiro, conforme o Sindicato de educação da livre iniciativa do Ceará (Sinepe-Ce). o processo será gradual e as instituições devem retomar as aulas em modelo híbrido, ou seja, combinando classes presenciais e remotas.

samuel pimentel samuelpimentel@opovo.com.br

ediÇÃo: adailma mendes | adailMa.MendeS@oPoVodigital.CoM

suely Julião, 46, vendedora autônoma, reclama que os valores de produtos básicos, como lápis, estão bem mais caros neste ano. isso sem contar o valor dos próprios livros didáticos. ela conta ainda que a lista de materiais escolares cobrados pelas instituições de ensino crescem a cada ano, o que a prejudica com dois filhos em idade escolar. “os preços estão altos demais. Fiz pesquisas nas lojas, pedi para separarem os produtos e vim ao Centro só para buscar”, diz ela, que foi a uma das livrarias na Praça dos leões. “grandes livrarias, nem pensar!” ela acrescenta que está gastando pelo menos r$ 100 a mais do que no ano passado. “Pesa muito (no orçamento)”.

BarBara Moira

LONGA LISTA DE COMPRAS

venda de livros usados, o mo-vimento era maior, no entanto, segundo os responsáveis por livrarias, papelarias e sebos na Praça dos Leões, o movimento caiu pelo menos 50% na com-paração com o ano passado.

Deisiane Lopes de Andrade, proprietária da D’Livros, conta que o movimento de pais em busca de produtos só aumen-tou nesta semana. Em anos anteriores, ainda nos meses de novembro e dezembro já havia movimentação de com-pras, vendas e trocas. Além da diminuição do movimento, ela avalia que a pandemia mudou os hábitos dos consumidores. “Quanto aos livros didáticos, a maior demanda é por en-tregas em domicílio. A procu-ra na loja tem sido mais paprocu-ra material escolar”, explica.

Para Irapuã Nunes, pro-prietário do box Mega Sebo, a baixa demanda de pessoas desanima. Ele diz, no en-tanto, que aos interessados em algum material procura negociar para encontrar o melhor preço e não perder vendas. “A procura da clien-tela está muito discreta. Eles estão com medo de que, por causa da pandemia, as aulas possam parar novamente e estão levando somente o mí-nimo em material.”

Jothe Frota, da livraria Fortlivros e presidente do Sindicato do Comércio Vare-jista de Livros do Estado do Ceará (Sindilivros-CE), revela que a queda nas vendas e fa-turamento já vem de antes da pandemia. A introdução de sistemas próprios de ensino sendo vendidos nas próprias escolas vem diminuindo a demanda no setor. O início da pandemia no ano passado e a falta de certeza sobre a re-tomada presencial, tira dos pais o interesse em comprar todos os materiais.

“Geralmente, o mês de ja-neiro é o melhor para os ne-gócios, mas não há a confiança de que as aulas presenciais retornem. E essa desconfiança vem desde as editoras”, obser-va. A liderança do Sindilivros deve se reunir com a Feco-mércio para traçar alternati-vas para recuperação do setor. Preço. Este é o grande blema encontrado pelo pro-fessor Carlos Alves de Almeida Neto, 40. Com dois filhos em idade escolar, ele afirma que deve procurar opções mais em conta. A grande estratégia para adquirir os livros é ven-der os utilizados no ano pas-sado para comprar os novos.

“Acho que devemos gastar mais neste ano”, diz. Sobre a volta às aulas, está ainda com receio: “Ficamos receosos de deixar os filhos voltarem às aulas presenciais agora. De-cidimos deixá-los em casa por enquanto, eles têm 9 anos e 12 anos, até que diminuam os ca-sos”, explica.

O economista Alex Araú-jo destaca que o patamar mais alto dos preços é ponto que desanima o consumi-dor, já bastante impactado pela inflação sobre produtos básicos, como alimentação. A diminuição do tempo de procura é outro agravante de cenário: com a liberação da volta às aulas feita muito próximo da data, os pais es-tão com menor flexibilidade de tempo e orçamento.

“Houve uma demanda for-te por papel e derivados, com custo mais alto dos impressos, pois são preços cotados em dólar. Houve um aumento de patamar de preços repassado aos consumidores”, analisa.

INFLAÇÃO SOBRE O MATERIAL

PREçOs

segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor amplo (iPCa), que mede a inflação sobre os produtos, destaca que, em dezembro, dos itens pesquisados, o que mais pesou no bolso do consumidor foram os relacionados à educação.

a alta de preços no mês foi de 3,75%. a alta mensal em Fortaleza foi bem superior à média nacional, que ficou em +0,48%. Vale destacar que a variação da inflação em dezembro no Brasil foi a maior desde 2016.

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w w w. o p o v o . c o m . b r

Quinta-feira

Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

ECONOMIA

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O recrudescimento dos casos de Covid-19 está desacelerando o processo de recuperação do setor de serviços e do turismo no Ceará. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) mos-traram que apesar da alta de 1,4% e de 3,6% nos respectivos indicadores na passagem de ou-tubro para novembro, o quarto mês consecutivo de taxa positiva em ambos, o ritmo de retomada ainda é muito irregular. O que deve jogar a recuperação mais forte somente para o segundo semestre de 2021.

No caso do setor de serviços como um todo, a Pesquisa Men-sal de Serviços (PMS) mostrou que o avanço de 1,4% em no-vembro foi um ponto percentual acima do registrado no mês an-terior (0,7%). Mas já sem o mes-mo fôlego registrado nos meses de agosto (6,4%) e setembro (5,4%). No acumulado do ano até novembro passado, as per-das chegaram a 10,40%.

Já a pesquisa sobre o Índice Nacional da Atividade Turísti-ca registrou que o aumento de 3,6% no nível de atividade tu-rística cearense é positivo, mas inferior ao observado em outu-bro (9,6%), setemoutu-bro (13,9%) e agosto (76,5%). No acumulado do ano, a queda é de 42%.

O presidente do Conselho Re-gional de Economia (Corecon), Ricardo Coimbra, pontua que esses já eram setores que dentro da matriz econômica cearense já enfrentavam maior grau de dificuldade de recuperação, por se tratarem de atividades, em sua maioria, prestadas de for-ma presencial. Com o repique no número de casos de Covid-19 não só no Ceará, mas no Brasil, esse processo de retomada se torna mais lento.

“Com certeza está muito re-lacionado com isso. Esses repi-ques de casos acabam reduzin-do a velocidade da recuperação porque o setor de serviços e,

mais especificamente o turismo, são muito sensíveis ao compor-tamento do indivíduo.”

Ele acredita que com o início do processo de vacinação nos próximos meses, haverá uma melhora de cenário, mas uma recuperação mais sólida só no segundo semestre. “Até o se-gundo trimestre já vamos ter uma parcela significativa da população imunizada, o que é importante para avançar na fle-xibilização. Mas, para recompor as perdas da pandemia vai pre-cisar de mais tempo.”

A projeção é compartilhada pela diretora institucional da Fecomércio-CE, Cláudia Bri-lhante. Ela afirma que o agrava-mento da crise sanitária obser-vada nos últimos meses, além de trazer incerteza ao consumo por parte do cidadão, fez com que a política de reabertura da eco-nomia deixasse de avançar no Estado. O que, na prática, signi-ficou mais restrições ao funcio-namento do setor de serviços, sobretudo, em dezembro.

“A gente nem tinha voltado a funcionar completamente e ti-vemos que dar esse passo atrás. Com os serviços funcionando de maneira limitada, horário redu-zido e restrições na quantidade de pessoas em restaurantes, tudo isso influencia neste ritmo de retomada. Para o segmen-to de evensegmen-tos, por exemplo, que tem grande peso no Estado, o ano de 2020 foi perdido. Nos-sa esperança maior agora está nesta chegada da vacina.”

Apesar de a dinâmica estar mais lenta do que a esperada inicialmente, o presidente da Associação Brasileira dos Ho-téis no Ceará (Abih- CE), Régis Medeiros, prefere manter o otimismo. “O importante é que continuamos apresentando taxas positivas, estamos cres-cendo. Costumo dizer que esta-mos em voo nem tão alto e nem tão baixo. No Ceará, as cidades estão abertas, restaurantes, barracas e comércio funcio-nando, com restrições, mas es-tão. Diferente de outros locais que reabriram tudo e tiveram que fechar depois.”

NO EstAdO

Tanto o setor de Serviços como o nível de atividade turística

registraram a quarta alta consecutiva em novembro, mas ritmo de recuperação segue irregular

Alta de casos de Covid

ameaça

recuperação de Serviços e

Turismo

deisa GarCêz/espeCial para o povo

EspEcialistas acreditam em melhora

sólida de cenário econômico em serviços e no turismo apenas no segundo semestre

irna cavalcantE

irnacavalcante@opovo.com.br

Na semana em que a Ford anunciou o fechamento de suas fábricas no Brasil, in-cluindo a unidade da Troller no Ceará, no município de Horizonte, o Governo do Cea-rá informa que o buggy Fyber poderá voltar a ser produzido no Estado. Segundo o titular da Secretaria do Desenvolvi-mento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior, um in-vestidor alemão está interes-sado em negociar a instalação de uma montadora e retomar as atividades.

Sem revelar nome da em-presa, até por conta do pro-cesso inicial de negociação, o secretário diz apenas que re-cebeu a ligação do investidor na manhã da quarta-feira, 13. “Esse investidor já comprou a licença do buggy Fyber, para produzir na Alemanha. Foi uma conversa muito positi-va, e ele deve marcar para vir ao Ceará se reunir comigo. Se todos os contatos avançarem, vamos reanimar a fábrica da Fyber, o melhor buggy que o Estado teve na sua história. A

retomada dessa produção se-ria algo maravilhoso”, diz.

A Fyber Indústria e Comér-cio Ltda. foi fundada em For-taleza, em 1974, pelos irmãos Agliberto e Rogério Farias, com o objetivo de produzir ar-tefatos de fibra de vidro. Em 1981, a empresa passou a produzir buggies, lançando o Duna's. As unidades foram fa-bricadas até 1984, quando foi introduzido no mercado o novo modelo, o Fyber 2000. A Fyber acabou entrando em fa-lência em 1995.

Junto ao anúncio desse pos-sível novo negócio, Maia expli-cou que para a tentativa de re-verter o fechamento da Troller, marcado para o final de 2021, ficou decidida a realização de reuniões semanais com grupos de trabalhos. A próxima, se-gundo informa, ocorrerá no dia 18 de janeiro. “Só quem pode vender essa fábrica é a Ford, mas vamos todos trabalhar juntos para encontrar uma so-lução, que é uma empresa su-cessora para a fábrica. Temos tempo para encontrar essa

solução, o jogo apenas come-çou”, disse o secretário.

Ontem, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), realizou reunião com o secre-tário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia, Gustavo Ene; com o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiec), Ri-cardo Cavalcante; e com Maia Júnior para discutir a situa-ção da planta que emprega 470 pessoas em Horizonte. (Raone

Sarava e Irna Cavalcante)

| INdústrIA AutOMObIlístICA |

Ceará pode retomar produção de buggy Fyber

Aviso

por motivo de férias, a coluna da jornalista neila Fontenele voltará a ser publicada no dia 26 de janeiro.

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Quinta-feira Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

CIDADES

Morar no Benfica, em For-taleza, tornou-se insustentá-vel para muitos residentes da região. Quem anda pelo bairro encontra com facilidade pla-cas de vende-se ou aluga-se espalhadas tanto em casas mais antigas como nos edifícios construídos há menos tempo. A queixa de êxodo parte dos moradores mais antigos, prin-cipalmente. Gente que chegou há 60 anos, 70 anos e que viu a região se desenvolver.

Bairro boêmio de Fortaleza, o Benfica concentra universi-dades, escolas, restaurantes, bares, e atrai jovens de todas as partes da Capital. Aos fins de se-mana, com a pandemia da Co-vid-19, é recorrente abordagens da polícia em festas clandesti-nas. Com mais uma tentativa de chacina, na última terça-feira, 12, onde seis pessoas ficaram feridas em um ataque a tiros, o temor é de que o êxodo se inten-sifique ainda mais.

Na manhã seguinte à ocor-rência, o Bar e Restaurante Martins, onde ocorreu o tiro-teio, estava fechado. Porém, pontos comerciais no entorno, como restaurantes, frigoríficos, salões e bares, funcionavam normalmente. Era intenso o

fluxo de policiais nas vias próxi-mas. Homens da Polícia Militar do e Batalhão do Raio circula-vam em motos e carros.

Numa roda com quatro se-nhores, a indignação era a mesma: muita gente está sain-do da região por conta sain-dos epi-sódios de insegurança regis-trados no local.

Sales Lima, 72, trabalha na região e contou as dificuldades. “Era um bairro nobre, foi-se o tempo. Muita droga. Está es-pantando as pessoas de bem.” O idoso lembra ainda da Chacina do Benfica, que ocorreu em 8 de março de 2018, como motivo para muita gente ter deixado o bairro. Segundo ele, a deban-dada ocorre principalmente em casas próximas às praças.

Um outro homem que par-ticipava da conversa, mas que preferiu não se identificar, vive na Vila Demétrio, próximo à Sede da TUF, onde pessoas fo-ram mortas no episódio de 2018, diz que há muitas casas e apar-tamentos vagos desde então. Segundo ele, há uma vila próxi-ma da área que tem nove casas. Dessas, oito estão disponíveis.

Uma senhora que vive há 62 anos no bairro lamenta a situa-ção. “Muita gente já foi embo-ra daqui. O Benfica não é mais como no passado não. Agora, pelo menos na minha rua, do povo de antigamente, se tiver cinco pessoas do tempo que eu cheguei aqui tem muito. O resto

| ÊXODO |

Relatos de quem

mora no local há décadas é de que o êxodo de moradores tornou-se mais intenso nos últimos anos com

aumento da criminalidade

Moradores deixam casas

no Benfica após episódios

recorrentes de violência

jÚlio CaeS

ar

prAÇA DA GENTILÂNDIA: cenas de

violência preocupam moradores

ÍTALo cosmE

italocosme@opovo.com.br

Câmeras de bar estariam desligadas

durante tiroteio no bairro

Investigação.

Polícia Militar e o BPRaio

As duas câmeras de vigilân-cia externa do Bar e Restauran-te Martins estariam desligadas durante o tiroteio que deixou seis pessoas feridas na noite da última terça-feira, 12. A in-formação foi dada por um fun-cionário do estabelecimento. As imagens são importantes para a investigação em curso.

Na manhã desta quarta-fei-ra, 13, a Polícia Militar e o BPRaio foram ao local. Informações preliminares indicam que a Po-lícia irá atrás das imagens das câmeras de segurança. Os pro-prietários do estabelecimento não estavam no local. Confor-me o colaborador ouvido pelo O POVO, um mudou-se para Gua-raciaba do Norte, no interior do Estado, e o outro saiu logo cedo pela manhã.

Logo após o crime, as for-ças de segurança foram acio-nadas via Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). Nas dili-gências, Walacy Paulo do Nas-cimento, 18 anos, foi preso. No depoimento, o jovem afirmou que agiu sozinho.

Ele relatou que foi até o bar, próximo à Praça da Gentilân-dia, com objetivo de matar um homem apontado como um dos chefes do tráfico no bairro. O motivo do crime teria sido de-sentendimento entre ele e o homem que tinha como alvo. Walacy foi autuado por tentati-va de homicídio qualificado por motivo torpe.

O suspeito relatou que, após deixar o bar onde realizou os disparos, entre as ruas Pauli-no Nogueira e Marechal Deo-doro, dirigiu-se até o endereço de um adolescente de 16 anos, com intenção de que o jovem o ajudasse a fugir. Porém, antes de conseguir realizar a fuga, Walacy foi preso. Ele estava num apartamento próximo ao do adolescente, a cerca de 300 metros do bar onde os dispa-ros ocorreram.

No local indicado, os policiais encontraram 220 gramas de ma-conha escondidos em três potes, balança de precisão e quantia em dinheiro. O adolescente de

ediÇÃo: TÂNIA ALvEs | taniaalveS@opovo@opovo.CoM.Br |

jÚlio CaeS

ar

EQUIpEs Do bprAIo estiveram

no local do ataque ontem

16 anos foi levado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), onde foi instaurado um ato in-fracional análogo ao crime de tráfico de drogas.

As seis pessoas atingidas pelos disparos do atirador no Benfica foram levadas à uni-dades de saúde de Fortaleza por profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou se dirigiram pelos próprios meios. Eles receberam atendimento médico e, segundo informa a Secretaria da Segu-rança Pública e Defesa Social (SSPDS), não correm risco de morrer. As buscas pelas armas do crime continuam.

tudo é gente de fora.”

A mulher lembra que, anti-gamente, populares se juntavam na calçada à tarde para conver-sar e permaneciam até meia-noite com a prosa. Nos últimos meses, os residentes subiram os muros, reforçaram a segurança e não saíram mais de casa. “Ago-ra, na pandemia, as casas esta-vam todas fechadas”, comenta.

Na manhã dessa quarta-feira, 13, em conversa com O POVO, o tenente coronel

Nas redes sociais, o The Lights Bar lamentou o episódio de terça-feira. O perfil do em-preendimento considera que o Poder Público trata com des-caso os problemas estruturais do bairro. “Por enquanto o The lights continua aqui, funcio-nando do jeito que pode, tor-cendo para que tudo melhore e futuramente a gente consiga se estabelecer em algum outro lugar ou por aqui mesmo, mas com mais segurança e apoio.” da Polícia Militar do Ceará

(PMCE), Kilderlan Souza, rei-terou o trabalho realizado para manutenção da ordem na região. “O policiamento aqui se mantém, não somente especificamente na Gentilân-dia, mas também em todo seu entorno. É uma área com uma agregação boêmia, dos estu-dantes e pessoas que habitam no entorno, e a Polícia Militar faz seus esforços para atender a todos”, garante.

Preso no Ceará, Robson de Jesus, o Robson Luxúria, baiano que estava foragido e é apon-tado como atuante em mais de 200 homicídios na Bahia, estava planejando abrir uma clínica de estética no município de Iguatu, no Centro-Sul cearense, para lavar dinheiro oriundo do trá-fico de drogas. Ele e a compa-nheira, Rafaela Morgana da Sil-va de Jesus, foram presos nesta terça-feira, 12, após mais de três meses de investigação da Polícia cearense. Eles estavam entre os mais procurados pelas forças de segurança baianas.

A dupla estava tentando se estabelecer no Ceará, onde che-garam há cerca de três meses, de acordo com o delegado Mar-cos Sandro, titular da Delegacia Regional de Iguatu, onde o casal foi preso. A lavagem de dinhei-ro no estabelecimento estético serviria para a facção criminosa da Bahia da qual Robson Luxú-ria é apontado como chefe.

Ele foi rendido e preso em uma mansão localizada no bairro Planalto. De acordo com a Secretaria da Segurança Pú-blica e Defesa Social (SSPDS), Robson foi transferido, ainda na

terça-feira, de Iguatu para um local não divulgado por motivos de segurança.

O acusado permanecerá preso em solo cearense até ser recambiado para a Bahia. Na prisão, foram apreendidos 47 relógios importados, joias, apa-relhos de última geração, docu-mentos, dinheiro em espécie e 29 chips celulares. Foi apreen-dida também uma adaga, arma que seria símbolo de poder den-tro da organização criminosa a qual ele pertence. Em Iguatu, Robson e sua companheira ha-via comprado uma Hilux cinza no valor de R$ 210 mil, com pa-gamento feito à vista.

A prisão foi realizada de for-ma conjunta entre as polícias Civil e Militar do Ceará, por meio da Delegacia Regional de Igua-tu e o Departamento de Polícia Judiciária do Interior Sul (DPJI Sul). Policiais chegaram ao es-conderijo do criminoso após os agentes interceptarem um veí-culo que era utilizado pelo casal. No carro, estava Rafaela, que le-vou os policiais até a residência onde se encontrava o acusado. Ele se apresentava com nome falso no Ceará.

Foragido pretendia

abrir clínica para lavar

dinheiro de tráfico

| RObSOn LuXúRIA |

A prisão

(13)

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Quinta-feira

Fortaleza - CearÁ - 14 de janeiro de 2021

CIDADES

13

Segundo o secretário-execu-tivo do Ministério da Saúde (MS), Élcio Franco, a vacinação “inicia-rá no mesmo ho“inicia-rário em todo o Brasil”. Em coletiva de imprensa na noite de ontem, 13, ele frisou que, após aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a previsão é de que a dis-tribuição seja feita de três a cin-co dias. A imunização cin-começará quando todas as capitais tiverem doses para “garantir equidade”.

O Ministério planeja o começo da vacinação em um evento no Palácio do Planalto, apesar de o próprio presidente Jair Bolso-naro afirmar que não pretende ser imunizado. A ideia é realizar

a primeira imunização no País na próxima terça-feira, 19, data em que governadores devem estar em Brasília para partici-par de reunião com o ministro Eduardo Pazuello.

A Anvisa anunciou que no próximo domingo, 17, realizará reunião para decidir sobre a au-torização de uso emergencial das vacinas que fizeram os pedidos. São elas a CoronaVac, feita pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, e a vacina produzida pela Fiocruz, junta-mente com a farmacêutica Astra-Zeneca e Universidade de Oxford.

“A Anvisa aprovando, no do-mingo, vamos começar a dis-tribuição do imunizante para as capitais. E das capitais, o mate-rial é loteado e conforme os pla-nejamentos estaduais ela será capilarizada para os municípios para chegar nas unidades bási-cas de saúde”, disse.

Dessa forma, mesmo os esta-dos de São Paulo e Rio de Janeiro, que sediam laboratórios respon-sáveis pelas vacinas, terão de es-perar até que todas as unidades da federação disponham das do-ses. “Não podemos tratar brasi-leiros de forma diferente. Nin-guém ficará para trás. Por isso, a vacinação começará simultanea-mente em todo o País”, disse.

Hoje, grupo do MS vai até a Índia para buscar dois milhões de doses da vacina contra a Co-vid-19 desenvolvida pelo con-sórcio da farmacêutica britânica AstraZeneca e da Universidade de Oxford. O lote foi fabricado pelo laboratório indiano Serum. Avião parte do Recife e fará uma viagem de 15 horas de duração até a cidade indiana de Mumbai. A aeronave deve retornar ao Brasil no sábado, 16. A chegada será no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.

| CovID-19 |

Segundo Élcio Franco, secretário-executivo

do Ministério da Saúde, vacinação começará quando todas as capitais tiverem doses

Vacinação começará em todos

os estados ao mesmo tempo,

diz ministério

casos

País soma 205.964 mortos pela Covid-19. em 24 horas, foram registradas 1.274 vidas perdidas. número de pessoas infectadas chegou a 8.256.536, conforme Ministério da Saúde

t

tV BraSil o sEcrETÁrIo-EXEcUTIvo da

Saúde, Élcio Franco

ana rUTE ramIrEs

ruteramires@opovo.com.br

eSPeCial Para o PoVo

de vacinas devem chegar ao Brasil no sábado vindas da China

Referências

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