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Sapatos. sete marcas em jogo COMO ANALISÁMOS

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Academic year: 2021

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Sapatos

de corrida

sete marcas em jogo

ãos jovens operam as máquinas que fabricam solas e peças para as sapatilhas de grandes marcas. Face negra de um negócio que move mundos e fundos: magros salários e pobres condições de trabalho.

A sobrecarga de trabalho atinge 72 horas semanais.

O sudeste da China é o elo da indústria global dos sapatos de corrida. Mas algumas marcas mudaram-se para a Indonésia e para o Vietname: os custos são ainda menores e as exigências sociais e ambientais menos rígidas. A New Balance é excepção e mantém uma fábrica no Reino Unido. As fábricas de montagem envolvem cerca de 50 componentes (vários tipos de sola e tiras de couro, entre outros). Muitas estão sediadas em Taiwan. A Pou Chen Corporation e a sua filial, Yue Yuen Industrial, representam 9 das 10 maiores marcas de calçado desportivo,

Salários baixos, agressões

verbais, sobrecarga

de horas e pouco controlo

do trabalho juvenil

é a realidade dura

de algumas fábricas

M

Investigação ética

www.deco.proteste.pt

Entre Novembro de 2008 e Março de 2009, tal como as nossas congéneres belga, espanhola e italiana, enviámos questionários às sedes das marcas, visitámos as fábricas dos

fornecedores e entrevistámos trabalhadores. Avaliámos a informação ética dada ao consumidor. A Nike e a Asics não colaboraram no estudo. Fizemos visitas anónimas a fábricas fornecedoras da Nike, no Vietname.

VALIDAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL

Verificámos a implementação das políticas das marcas, visitámos as fábricas de montagem (fornecedores directos) e produção de solas (indirectos) para avaliar o sistema de

COMO ANALISÁMOS

Junho 2009 Proteste 35 www.deco.proteste.pt

Entrevistámos mais de 230 trabalhadores das fábricas chinesas gestão ambiental e social.

Os requisitos de restrição de substâncias nocivas, reciclagem e produção de resíduos também foram avaliados. Verificámos situações como o trabalho forçado, elevado número de horas extraordinárias, saúde e segurança.

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Marca

Boas políticas de responsabilidade social e proactividade para melhorar cadeia de produção.

Na fábrica

Boa monitorização, mas fraco controlo do trabalho juvenil e dos fornecedores.

A outra face das marcas: viagem à China

Das sete marcas que contactámos, duas não permitiram visitar as fábricas. É notória a discrepância entre as políticas e o que se passa nas fábricas chinesas. A maioria das marcas impõem códigos de conduta aos fornecedores. Adidas, Reebok e Puma progrediram visivelmente.

Investigação ética

Marca

Boa política de responsabilidade social. Monitorização regular das condições de trabalho na fábrica de montagem. Na fábrica

Faz auditorias aos fornecedores. Recusou visita à fábrica de solas.

Marca

Directrizes de controlo dos fornecedores. Sem programa para monitorizar os fornecedores. Na fábrica

Sem auditorias. Casos de trabalho juvenil com sobrecarga de horas. Fraco controlo dos fornecedores.

Marca

Boa política de responsabilidade social. Fábricas com bom controlo interno. Na fábrica

Sem requisitos ambientais para todos os fornecedores.

Marca

Acompanha os requisitos impostos aos fornecedores.

Na fábrica

Mau controlo de pausas de trabalho, trabalho nocturno e horas

extraordinárias. Fracos requisitos ambientais.

Não colaboraram no estudo, nem revelaram a localização das fábricas. A Nike entregou a lista dos fornecedores, mas não indicou que produtos fabricavam

Políticas gerais e de empre-go Compromissos da marca face aos trabalhadores, am-biente e apoio à comunida-de nos países produtores. Visita às fábricas Visitámos as fábricas de montagem e produção de solas para ve-rificar o cumprimento dos requisitos ambientais e so-ciais.

Informação dada pela mar-ca às questões do consu-midor sobre ambiente e condições de trabalho no sítio na Net e cooperação. Sem colaboração A Nike e a Asics foram penalizadas por não

pos-sibilitarem validar a in-formação.

QUADRO COMO USAR

Excelente Bom Médio Fraco Muito fraco

DESEMPENHO ÉTICO MARCA FÁBRICA

A P R E C IAÇ ÃO G L O B A L A u to ri z o u v is it a à fá b ri c a de mont a g em A u to ri z o u v is it a à fá b ri c a de c o m p onent e s Po ti ca s g e ra is P o ti c a s de empr e g o In te ra c ç ã o co m o co n s u m id o r C o oper ação no est u do A s p e c to s s o c ia is A s p e c to s ambien ta is ADIDAS V V A A B A B B B REEBOK V V A A C A B B B PUMA V A B E B B C C NEW BALANCE V V C B E C B C C MIZUNO V V C C D A C D C NIKE D E E D D D D ASICS D D C E E E E

Sapato de corrida ideal www.deco. proteste.pt/ animacoes

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Unir o logótipo da Nike aos sapatos é a função de T., 28 anos, trabalhadora numa fábrica da Nike, no Vietname. O objectivo diário, difícil de alcançar, são 650 pares. "Por vezes, fico muito cansada, mas esforço-me por acabar o trabalho. Caso contrário, gritam comigo". A irmã, B., 32 anos, cola as solas de 1450 pares de sapatos todos os dias. "Se nos queixamos ao sindicato, perguntam se cumprimos os objectivos diários. Se não, dizem-nos que as repreensões são culpa nossa", conta L., outro trabalhador da Nike exposto a ameaças verbais.

Fazer greve é cruelmente punido. Embora a fábrica tenha estabelecido um sistema de queixas, nenhum dos trabalhadores o conhecia.

A Nike exige a afixação na fábrica do Código de Conduta traduzido para a língua local, e pequenos cartões, com um extracto do código, são distribuídos, mas tal não significa muito para os trabalhadores. Estes têm pouca consciência dos direitos e nunca receberam formação sobre a matéria. Assim, é difícil reinvindicar. Para dar melhores condições de vida aos filhos, L. foi para a cidade trabalhar numa fábrica

da Nike com 40 mil operários nos períodos de maior produção. L. opera uma máquina que produz solas. É um trabalho exigente, o mau cheiro é constante, já para não falar das temperaturas elevadas. No máximo, recebe um salário de 72 euros. Se não cumprir os objectivos, a fábrica deduz 11 euros. Todos os meses, L. envia € 22 para a família. Vive num quarto de 15 m², que custa € 27, e gasta € 13 em comida, mensalmente. Restam € 9 para roupa ou cuidados médicos. Mas não se queixa: "Espero que os meus filhos venham a ter mais escolhas, melhores salários e vidas do que eu", deseja.

"SE NÃO ACABO O TRABALHO, GRITAM"

Junho 2009 Proteste 37 www.deco.proteste.pt Fonte: Campanha Roupas Limpas, 2007

€ 0,40

em € 100

Conselho ético

Apenas a Adidas e a Reebok obtiveram um bom desempenho. Glo-balmente, as políticas e a sua implementação nas fábricas melhorou. As marcas começam a ter noção de que a responsa-bilidade social e ambiental deve ser alargada a toda a cadeia de produção.

Mas persistem falhas graves: condições laborais dos jovens

entre os 16 e 18 anos, saúde e segurança e abatimentos no ordenado face ao incumprimen-to de objectivos exigentes, que levam os operários a fazer ho-ras extraordinárias. Ameaças verbais e representação sindi-cal são outros pontos críticos nalgumas fábricas.

Maior transparência, salários mais elevados e liberdade de associação são essenciais.

€ 13,50

Lucro da marca

€ 2

Lucro da fábrica

€ 0,40

Salário do trabalhador

€ 32,60

Lucro do retalhista

€ 51,60

Transporte e outros custos

€ 100

Preço final na loja incluindo a Nike, Adidas, Asics, Puma,

New Balance e Reebok. Produz cerca de 190 milhões de sapatos por dia (um em cada seis pares vendidos em todo o mundo) e emprega 290 mil trabalhadores em 350 linhas de produção na China, Vietname e Indonésia.

Fábricas de práticas desonestas

Entrevistámos mais de 230 trabalhadores, o que permitiu ter uma ideia das

condições de trabalho de mais de 63 mil. Quase 80% deslocam-se de províncias longínquas. Cerca de metade não sabem o que é um sindicato e menos ainda o que significa liberdade de associação. Embora as 13 fábricas que visitámos forneçam cópia dos contratos aos trabalhadores, por vezes, passam várias semanas ou meses até tal acontecer. Existem também contratos não assinados por ambas as partes.

Trabalho juvenil sem controlo do número de horas, falta de check-up médico e de verificação da qualidade do ar em áreas com químicos são falhas graves. Também encontrámos operários com problemas de audição, níveis elevados de anemia e taxas elevadas de acidentes em máquinas, devido a poucas práticas de segurança. Adidas e Reebok, ambas do mesmo grupo, obtêm os melhores desempenhos em termos sociais e ambientais. A Adidas e a Asics destacam-se pelas respostas dadas ao consumidor português, cliente mistério das marcas em Portugal, que questiona as políticas ambientais e sociais.

A Nike é um caso especial desde 2003: embora tenha boas políticas no papel, não foi possível confirmar se aplicam nas fábricas, à semelhança da Asics.

Incompreensível, pois ambas estão a implementar programas de

responsabilidade social e aderiram a sistemas independentes de auditoria. ¬

Operárias revelam duras condições na fábrica. Ameaças verbais impõem anonimato

Do campo para a cidade: a grande fatia do baixo salário vai para a família

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onto de partida para um par de sapatos de corrida novos: optar pelo que melhor se adequa ao seu pé. Experimente o maior número de sapatos em mais de uma loja. Varie na marca e na tipologia. A maioria das marcas permite, no seu sítio na Net,

guia de compras

Por dentro e por fora

Contra-forte

Estabiliza o calcanhar e tornozelo. Deve ter um recorte que não magoe o tendão de Aquiles

Palmilha

Absorve a transpiração. Procure com palmilha amovível, para arejar e lavar

P

Selecção

perfeita para os seus pés

atenção à capacidade de amortecimento do impacto inicial, dado oferecer melhor protecção para eventuais lesões. O mesmo aplica-se a pessoas com mais peso ou quando o piso é duro, como o alcatrão ou a calçada. Um reforço de 10% nos

elementos amortecedores reduz em 20 kg a força no impacto inicial para um atleta escolher o modelo favorito adequado à

utilização pretendida e características físicas. Mas nada substitui a visita à loja. O peso, o tipo de superfície e os quilómetros percorridos por semana são outros factores a ponderar.

Se perfaz entre 15 a 30 km por semana, para manter a boa forma física, preste

Suporte ao movimento

Controla a rotação do pé e estabilidade lateral adicional. Pode dar apoio adicional ao arco do pé.

Amortecimento

Absorve o impacto inicial, onde se exerce a maior pressão

Camada intermédia

Amortece e distribui a pressão desde o impacto inicial, durante a flexão do pé e no impulso final

Sola

Oferece aderência adequada ao tipo de superfície. Contribui para a durabilidade do sapato.

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Junho 2009 Proteste 39 www.deco.proteste.pt

Prepare um plano de treino

adaptado ao seu perfil. Use o pulsómetro, instrumento para avaliar a frequência da pulsação arterial: é a única forma de controlar a progressão do esforço.

Combine o exercício físico

com uma boa dieta alimentar: esta inclui muita água e sais minerais, que encontra na fruta.

Exercícios de alongamento

são tão importantes como correr. Antes de iniciar a corrida, preparam os músculos e, depois, relaxam-nos.

Evite correr em zonas com

muito trânsito. Sobretudo durante a tarde, os níveis de ozono podem ser elevados e perigosos para a saúde. À noite ou se passar em zonas de muito tráfego, use um colete reflector.

4 PASSOS SAUDÁVEIS

SAPATO CERTO PARA A MINHA ROTAÇÃO

Neutro

Ângulo neutro de inclinação e o pé apoiado numa base estável.

Para saber o grau correcto de rotação do pé, vá a um especialista (podologista). Identificado o ângulo de pronação, pode comprar o sapato mais adaptado ao seu pé.

As imagens retratam como se porta o pé direito.

Pronação Rotação do tornozelo e do pé realiza-se para a zona interna da perna. Supinação Rotação do tornozelo faz-se para o exterior. de 70 kg.

Escolha a largura e o tamanho mais apropriados. Os dedos necessitam de espaço, dado abrirem durante a passada. Convém que a zona posterior do calçado seja estável, para o calcanhar e o tornozelo terem um apoio sólido. Aqui, o material deve ser mais rígido para servir de suporte. Na zona lateral do contra-forte, procure um rebordo que torneie os ossos do tornozelo.

Simule, com diferentes sapatos, os movimentos naturais ao acto de correr. Ao corrermos, tende a haver uma rotação da parte posterior do pé (calcanhar e tornozelo), mas o ângulo de rotação varia de pessoa para pessoa. Conforme o sentido da rotação, fala-se em pronação ou supinação. A maioria das marcas

apresenta soluções adequadas a cada caso. Os preços de um sapato de corrida variam entre € 30 e € 80, para os utilizadores que não corram mais de uma vez por semana e que não entrem em competições desportivas. Para um atleta já menos amador, que participa em algumas competições, o calçado já ultrapassa os 80 euros. ¬

Biqueira

Ponta da sola subida, para seguir o movimento natural do pé e evitar desgaste prematuro Controle a progressão do esforço com um pulsómetro Antes de correr, faça exercícios de alongamento Zonas de flexão Verifique o correcto posicionamento das zonas de dobra do sapato, para acompanharem a flexão do pé

Parte frontal

Espaço suficiente para o conforto dos dedos, sobretudo quando o pé está flectido

Atacadores

Ajuste do sapato ao pé para garantir a posição correcta ao longo da corrida

Tecido transpirável

Para controlar a temperatura do pé e manter a pele seca. Evita bolhas e outras lesões.

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Referências

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