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A PRESCRITIBILIDADE DA SUSPENSÃO DO PROCESSO COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - CES VII

CURSO DE DIREITO

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

A PRESCRITIBILIDADE DA SUSPENSÃO DO PROCESSO COM

FUNDAMENTO NO ARTIGO 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

BRASILEIRO

Monografia apresentada como requisito parcial

para obtenção do grau de bacharel em Direito na

Universidade do Vale do Itajaí

ACADÊMICA: SANDRA PITT DOS SANTOS

(2)

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CES VII

CURSO DE DIREITO

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

A PRESCRITIBILIDADE DA SUSPENSÃO DO PROCESSO COM

FUNDAMENTO NO ARTIGO 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

BRASILEIRO

Monografia apresentada como requisito parcial à

obtenção do grau de bacharel em Direito na

Universidade do Vale do Itajaí, sob orientação do

Professor Mestrando Jádel da Silva Júnior.

ACADÊMICA: SANDRA PITT DOS SANTOS

(3)

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII

CURSO DE DIREITO

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

A PRESCRITIBILIDADE DA SUSPENSÃO DO PROCESSO COM

FUNDAMENTO NO ARTIGO 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

BRASILEIRO

SANDRA PITT DOS SANTOS

A presente monografia foi aprovada como requisito para a obtenção do grau de bacharel em

Direito no curso de Direito na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

São José, 05 de junho de 2004.

Banca Examinadora:

_______________________________________________________

Prof. Esp. Jádel da Silva Júnior - Presidente

_______________________________________________________

Prof. Dr.Gilberto Calado - Membro

_______________________________________________________

Prof. Esp. Hélio Calado - Membro

(4)

AGRADECIMENTOS

A Deus por depositar em mim a grande missão da Justiça.

Ao meu pai e melhor amigo Sr. Gilberto Santos que nunca deixou seu posto de

sentinela, guiando e iluminando meus passos com toda sua luz e sabedoria.

À esposa de meu pai Sra. Dulcineia que sempre torceu pelo meu sucesso e que acredita,

acima de qualquer título, na minha capacidade como ser humano.

Ao meu querido amigo e agora irmão espiritual Euclides que desde minha tenra idade

exaltava-me o título de doutora.

Ao meu grande mestre e amigo Dr. Jádel da Silva Júnior que me dispensou durante os

últimos 04 anos sua atenção, suas experiências, sua sabedoria e acima de tudo sua sincera e

eterna amizade.

À minha inseparável alma gêmea de tantas e tantas encarnações, Jaqueline Santos dos

Santos, sempre iluminando minha vida e me instigando a tornar-me uma pessoa melhor a cada

dia.

Aos meus professores, que durante todo o curso, compartilharam da reciprocidade de

conhecimentos, experiências e bom humor.

À minha colega e amiga Rosemeri que ao longo desses longos anos acadêmicos soube

compartilhar comigo momentos de alegria, tristeza e decisão. A você, todo o meu carinho e

desejo de sucesso.

A todos os meus amigos e companheiros de estágio na primeira e segunda Promotoria

Criminal da Comarca de São José, cujas presenças certamente ampliaram meu crescimento

espiritual. A vocês, todo meu respeito.

E por fim, a todos aqueles conhecidos e anônimos que de alguma forma nos inspiram e

nos fazem crer que a colheita é sempre farta e prazerosa.

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O saber de aparência crê e ostenta saber tudo. O saber de realidade,

quanto mais real, mais desconfia, assim do que vai aprendendo, como do

que elabora.

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SUMÁRIO

RESUMO INTRODUÇÃO

1. A PRESCRIÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO 1.1. O Conceito de Prescrição Penal 1.2. A Classificação da Prescrição Penal

1.2.1. A Prescrição da Pretensão Punitiva

1.2.2. A Prescrição Retroativa 1.2.3. A Prescrição Intercorrente ou Superveniente

1.2.4. A Prescrição Antecipada

1.2.5. A Prescrição da Pretensão Executória 1.2.6. A Prescrição da Pena de Multa

1.2.7. A Prescrição das Penas Restritivas de Direito 1.2.8. A Prescrição na Legislação Especial

1.3. Os Marcos Suspensivos e Interruptivos da Prescrição Penal 1.4. As Exceções Constitucionais à Prescritibilidade Penal

2. ANOTAÇÕES ACERCA DA CITAÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO

2.1. O Conceito de Citação segundo a Doutrina Majoritária

2.2. A Classificação da Citação segundo o Código de Processo Penal Brasileiro 2.2.1. A Citação por Mandado

2.2.2. A Citação por Carta Precatória 2.2.3. A Citação do Militar

2.2.4. A Citação do Réu Preso

2.2.5. A Citação do Funcionário Público 2.2.6. A Citação por Carta Rogatória 2.2.7. A Citação por Edital

3. A PRESCRITIBILIDADE DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

3.1. A Nova Redação dada ao Artigo 366 do Código de Processo Penal pela Lei 9.271/96 3.2. A Retroatividade da Lei 9.271/96

3.3. A Suspensão do Processo e do Prazo Prescricional

3.4. O Artigo 109 do Código Penal Adotado como Critério para Fixação do Limite Máximo do Prazo Prescricional

CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 06 07/08 09/10 10/11 11/13 13/14 14/16 16/17 17/18 18/19 19/20 20 20/22 22/24 24/26 27 28/29 29 30/31 31/32 32/33 34/35 35 36 36/38 39 39/41 41/44 44/46 47/49 50/51 52

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RESUMO

A lei penal consignou que os prazos prescricionais têm por termo inicial a data da consumação do crime, da cessação da atividade criminosa na tentativa, da permanência nos crimes permanentes, ou a data do conhecimento do fato nos crimes de bigamia, falsificação e alteração de registro civil. Porém, há momentos em que, excepcionalmente, o curso prescricional sofre alterações: as causas interruptivas previstas no artigo 117, do Código Penal e as causas suspensivas, também denominadas impeditivas, previstas no artigo 53, § 2°, da Constituição da República Federal; artigo 116, do Código Penal; artigo 89, § 6°, da Lei 9.099/95 e o artigo 366, do Código de Processo Penal. Diante da omissão normativa de fixar limite ao prazo de suspensão da prescrição prevista na nova redação do artigo 366, do Código de Processo Penal, dada pela Lei 9.271 de 17 de abril de 1996, surgiram alguns questionamentos na tentativa de se adotar um critério, dentro dos fundamentos já previstos no ordenamento jurídico, para mensurar o limite máximo do prazo prescricional. Dentre as teses levantadas, adotou-se, majoritariamente, o critério previsto no artigo 109, do Código Penal, onde o limite extremo da suspensão da prescrição é regulado pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada à infração penal. Cumpre ressaltar, outrossim, que decorrido o limite máximo de suspensão do prazo da prescrição, segundo o critério previsto no artigo 109, do Código Penal, em se tratando de suspensividade, reinicia-se a contagem do prazo da prescrição, computando-se o tempo transcorrido antes da ocorrência da causa suspensiva, permanecendo, por sua vez, a suspensão do processo, até que o réu compareça em juízo ou nomeie procurador para representá-lo.

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INTRODUÇÃO

A prescrição penal sempre foi um instituto rodeado de controvérsias por ser uma das causas extintivas da punibilidade que surge pela efetiva inércia do poder do Estado de punir.

Com o evento da nova redação do artigo 366, do Código de Processo Penal, promovida pela Lei 9.271 de 17 de abril de 1996, a qual instituiu a suspensão do curso do prazo prescricional, aumentaram ainda mais as divergências doutrinárias, em torno da omissão da lei a respeito do limite máximo da suspensão do prazo prescricional e, diante disso, qual seria então o critério a ser adotado para fixar o termo final desse prazo.

Dessa forma, pretende o presente trabalho apresentar como objetivo geral à verificação do critério adotado para a fixação do limite máximo do prazo prescricional e como ele se reflete no discernimento jurídico para alcançar a finalidade do processo.

Mas, não menos importante, é analisar a abrangência do tema prescrição penal, bem como, os fundamentos que levaram os doutrinadores e operadores do direito a adotarem um critério de fixação do curso do prazo prescricional coerente, justo e de aplicabilidade efetiva frente à nossa realidade social e ao ordenamento jurídico brasileiro.

Inegável a atualidade e a relevância das questões expostas para a formação jurídica, para a preparação ética, para a interpretação e aplicação do direito no respeito às instituições públicas, bem como a grande relevância social do tema, no sentido de se propiciar um conhecimento mais amplo acerca das controvérsias surgidas em torno dele ao longo do tempo.

O tema desperta grande interesse acadêmico, podendo auxiliar a determinar até que ponto, com uma questão tão abrangente e ao mesmo tempo controversa, pode-se estabelecer parâmetros ensejadores da escolha do modo interpretativo que mais se aproxima da realidade factual e da necessidade objetiva de uma resposta efetiva, contribuindo, de alguma forma, com a comunidade científica.

A intenção desta pesquisadora reside na obtenção de elementos suficientes para sustentar-se um posicionamento acerca do tema, com o intuito de dirimir as controvérsias entre os doutrinadores e aplicadores do direito em nosso ordenamento, identificando o instituto da prescrição penal e sua aplicação em face da finalidade do processo, sublinhando as espécies de prescrições penais existentes em nosso ordenamento jurídico, além de apontar o instituto da imprescritibilidade previsto na Constituição da República Federal de 1988, como exceção à regra geral da prescritibilidade dos crimes.

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8 Como objetivos específicos, o presente trabalho divide-se em três capítulos, trazendo no primeiro capítulo as noções gerais do instituto da prescrição penal, seu conceito e sua classificação segundo a legislação penal brasileira.

O segundo capítulo trará as noções gerais, o conceito e a classificação do instituto da citação segundo o Código de Processo Penal Brasileiro, explicitando a espécie de citação por edital para determinar sua incidência, como um dos requisitos, na suspensão do prazo prescricional nos moldes da nova redação do artigo 366, do Código de Processo Penal, trazida pela Lei 9.271 de 17 de abril de 1996.

E por fim, no terceiro e último capítulo, analisar-se-á a prescritibilidade da suspensão do processo, abordando a nova redação do artigo 366, do Código de Processo Penal, e seu reflexo na dinâmica processualista penal, assim como, a retroatividade da Lei 9.271 de 17 de abril de 1996, a suspensão do processo e do prazo prescricional; os critérios de fixação de limite aos prazos de prescrição cogitados pela doutrina e a aplicação do artigo 109, do Código Penal, como parâmetro de fixação do limite máximo do prazo prescricional nos processos suspensos com fundamento no artigo 366, do Código de Processo Penal, e, ainda, sem precedente, explanar sobre a continuidade da função jurisdicional do Estado quando transcorrido o prazo máximo da suspensão prescricional previsto, dando à sociedade acadêmica de direito uma modesta contribuição em conteúdo didático.

Convém ainda ressaltar, que a base lógica da dinâmica da investigação científica, para a elaboração deste trabalho foi o método investigatório indutivo alicerçado em posicionamentos doutrinários e legais, buscando atingir uma percepção geral das hipóteses suscitadas.

Não obstante, este trabalho que, agora apresento à comunidade jurídica não esgota certamente o assunto. Ao contrário, deverá suscitar novas pesquisas, e, se isso ocorrer, já me darei por satisfeita, porque através das digressões que ele ensejar, novas perspectivas haverão de surgir para a pacificação do entendimento, o que resultará, em última análise, em seu aprimoramento e solidez jurídica.

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1. A PRESCRIÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO

A prescrição penal recebe conotação diferenciada da prescrição civil, pois, na penal, o Estado perde o direito de apurar e punir certa infração. Já na cível, perde o direito de ação apenas, subsistindo o direito material.

Constitui-se a prescrição penal um dos modos de extinção da punibilidade, prevista no Código Penal, em seu artigo 107, inciso IV. É sem sombra de dúvida um instituto que sempre gerou muita controvérsia entre doutrinadores e aplicadores do Direito Penal e do Direito Processual Penal.

A prescrição penal tem como fundamentos o decurso do tempo, o desinteresse do Estado em apurar fato ocorrido há muitos anos ou punir aquele que o tenha cometido, a recuperação daquele que foi condenado e que ainda não seja reincidente, e a negligência da autoridade pública, como penalidade à sua inércia no exercício de sua função.

Nas palavras de Machado (2000, p. 106), “[...] a prescrição penal produz o desaparecimento da delituosidade atual de um fato”.

Como bem assevera Baltazar (2003, p.11), “[...] já houve quem repudiasse a existência de tal instituto sob a alegação de que este proporcionava a impunidade”.

Considerando a importância de situar melhor o leitor no contexto deste trabalho, torna-se necessário esclarecer o conceito de punibilidade, já que a prescrição penal é uma das causas de sua extinção.

Genericamente falando, a punibilidade está associada a elementos inseparáveis como a conduta típica, antijurídica, culpável e punível, e, vem traçada por dois caminhos relevantes quanto a sua aplicabilidade, sendo o primeiro deles o merecimento da pena e o segundo a possibilidade de se aplicar essa pena.

Pela dominante doutrina entende-se por punibilidade a aplicabilidade de uma pena cominada em abstrato na norma penal pela prática de um fato definido em lei como crime.

Para Mirabete (1999, p.381), “[...] a punibilidade é sempre uma conseqüência jurídica a partir da verificação da conduta culpável do agente, sendo que nesta fase o poder de punir estatal sai do abstrato e se materializa na sanção ou na possibilidade desta”.

Pelo conceito de Jesus (2002, p. 03), “[...] a punibilidade é a conseqüência jurídica da prática do delito”.

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10 Costa Jr (1999, p. 127) assevera que: “[...] Não basta a prática de uma conduta típica, antijurídica e culpável para a aplicação da sanção penal, mas que essa pena seja de alguma forma útil”.

Ainda no entendimento de Costa Jr. (1999, p. 128), “[...] a punibil idade encerra um conceito de simples possibilidade de se aplicar a pena, sendo sempre um conceito abstrato”.

Para atingir algumas questões futuras sobre o tema principal a ser abordado faz-se necessário discorrer a respeito do instituto da prescrição penal em face de sua conceituação e classificação trazidas pela doutrina penal.

1.1. O Conceito de Prescrição Penal

A conceituação do instituto da prescrição penal vem assentada pela afirmação doutrinária majoritária de que ela se perfaz em decorrência da inércia do Estado em não exercitar seu poder-dever jurisdicional de punir uma conduta antijurídica dentro de um determinado lapso temporal previsto pelo ordenamento legal.

Segundo Jesus (1999, p. 721):

Nos termos do artigo 107, inciso IV, do Código Penal, a prescrição constitui causa de extinção da punibilidade, fazendo desaparecer o direito do Estado exercer o poder de persecução penal ou o poder de executar a sentença, subsistindo o crime em todos os seus requisitos.

Dispõe o artigo 107 do Código Penal (2003, p. 1040) que: Extingue-se a punibilidade:

I -pela morte do agente; II -pela anistia, graça ou indulto;

III –pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV –pela prescrição, decadência ou perempção; (Grifei)

V –pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

VI – pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

VII – pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II, III do Título VI da Parte Especial deste Código;

VIII – pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração;

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11 No entendimento de Prado (2000, p. 567) a prescrição penal é: “[...] O não -exercício do poder de punir estatal, que conduz à perda do mesmo, em face do lapso temporal transcorrido”.

Sustenta Jesus (2002, p. 17) que, “[...] prescrição penal é a perda do poder -dever de punir do Estado, pelo não-exercício da pretensão punitiva ou da pretensão executória durante certo tempo”.

Dispõe ainda Baltazar (2003, p. 13) que, “[...] extingue -se a punibilidade quando o titular do poder de punir não exercer a pretensão punitiva ou a pretensão executória em um determinado espaço temporal previsto em lei”.

Baseado na doutrina tradicional, aduz Machado (2000, p. 75) que, “[...] o fundamento do tema prescrição repousa na circunstância de que a ação do tempo faz desaparecer o interesse do Estado não só em constatar a infração, como, também, em executar a pena imposta”.

Mirabete (1998, p. 401), por sua vez, assevera que, “[...] ocorrido o crime, nasce para o Estado à pretensão de punir o autor do fato criminoso, devendo ser essa pretensão exercida dentro de determinado lapso temporal. Escoado esse prazo, ocorre a prescrição punitiva ou executiva”.

Para Costa Jr. (1999, p. 228), “[...] se o Estado negligenciar, deixando correr o tempo sem exercitar a pretensão punitiva após a prática delituosa, ou abstendo-se de fazer valer a pretensão executória depois da decisão condenatória irrecorrível, perderá o direito de fazê-lo”.

No entendimento de Capez (2000, p. 555) a prescrição é: “[...] a perda do direito -poder-dever de punir do Estado em face do não-exercício da pretensão punitiva (interesse em aplicar a pena) ou da pretensão executória (interesse de executá-la) durante certo tempo”.

Na mesma trilha, Bastos Júnior (2000, p. 271) conceitua a prescrição como sendo: “[...] a perda do direito do Estado exercer o seu poder de punir ou o poder de executar, pela sua inércia durante o prazo determinado para o seu exercício”.

1.2. A Classificação da Prescrição Penal

Extrai-se da doutrina pátria que o instituto da prescrição penal atua em momentos distintos, dependendo da fase processual, sendo comumente conhecida à prescrição da

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12 pretensão punitiva, incidindo antes da sentença final transitar em julgado, devidamente disposta no artigo 109, do Código Penal, trazendo, entretanto, excepcionalmente, a prescrição superveniente ou também conhecida como intercorrente à sentença condenatória, prevista no §1° do artigo 110, do mesmo estatuto, quando, eventualmente, a sentença transita em julgado apenas para a acusação, dizendo respeito esta exceção, unicamente ao modo de contagem do prazo. (JESUS, 2002, p. 39-40)

Dispõe o artigo 109, do Código Penal (2003, p. 1041) que:

A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto nos §§ 1° e 2° do artigo 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:

I – em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze); II – em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e não excede a 12 (doze);

III – em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos e não excede a 8 (oito);

IV – em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e não excede a 4 (quatro);

V – em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, sendo superior, não excede a 2 (dois);

VI – em 2 (dois) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Parágrafo único. Aplica-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.

Também se apresenta como forma de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição retroativa, novidade genuinamente brasileira, que permite a contagem do prazo em data anterior a do recebimento da denúncia. (BALTAZAR, 2003, p. 12)

Curiosamente, Baltazar (2003, p.108) ainda cita a prescrição antecipada que: Apesar de não admitida pela doutrina e jurisprudência majoritárias, apresenta-se a partir do reconhecimento da prescrição retroativa, antes da sentença, com base na pena que o agente seria condenado, podendo, assim, evitar-se o desperdício de tempo no exercício da jurisdição estatal. Encontra-se disposta no artigo 110, do Código Penal, a prescrição da pretensão executória que incide depois de transitar em julgado a sentença condenatória. (MIRABETE, 1999, p. 402)

Dispõe o artigo 110, do Código Penal (2003, p. 1041/1042) que:

A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. § 1° A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada.

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13 § 2° A prescrição de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa.

Cumpre ressaltar ainda, a prescrição da pena de multa, prevista no artigo 114, do Código Penal, a prescrição das penas restritivas de direito e a prescrição prevista na legislação especial. (BALTAZAR, 2003, p. 137/146)

Dispõe o artigo 114 do Código Penal (2003, p. 1042) que: A prescrição da pena de multa ocorrerá:

I – em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

II – no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

Ressalta-se que a linha demarcadora entre a pretensão punitiva e a pretensão executória é, logicamente, a que separa as duas pretensões, o trânsito em julgado da sentença.

1.2.1. A Prescrição da Pretensão Punitiva

Como já anteriormente mencionado, a prescrição da pretensão punitiva ocorre antes de transitar em julgado a sentença final e vem disposta no artigo 109, do Código Penal, regulando-se, segundo a classificação apresentada por Costa Jr. (1999, p. 232):

Pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, sendo: em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze anos; em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não exceder a doze anos; em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não exceder a oito anos; em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não exceder a quatro anos; em quatro anos, se o máximo da penal é igual a um ano ou, sendo superior, não exceder a dois e em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.

Segundo Jesus (1999, p. 724) a prescrição da pretensão punitiva:

É regulada pela pena abstrata cominada na lei penal incriminadora, seja simples, seja qualificado o delito. Para saber qual o prazo, devemos verificar o limite máximo de pena imposta em abstrato no preceito sancionador e enquadra-lo em um dos inscritos do artigo 109 do Código Penal.

No entendimento de Baltazar (2003, p. 35), “[...] a prescrição da pretensão punitiva propriamente dita é a reconhecida antes de proferida a sentença, regulada pelo máximo da pena abstrata. O processo deve ser encerrado na fase em que estiver” .

Para Capez (2000, p. 558), “[...] dependendo do momento processual em que o Estado perde o seu direito de aplicar a pena, e de acordo com o critério para o cálculo do

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14 prazo, a prescrição da pretensão punitiva é calculada com base na maior pena prevista no tipo legal”.

Na visão de Costa Jr. (1999, p. 232), “[...] realizado o delito, surge para o Estado à pretensão de punir o seu autor. Tal pretensão deverá ocorrer dentro de certo lapso temporal, conforme o máximo da pena cominada”.

Também Prado (1999, p. 568) sustenta que a prescrição da pretensão punitiva: Produz-se antes de a sentença penal condenatória galgar foros de definitividade. O reconhecimento da pretensão punitiva encontra-se, de modo geral, lastreado na pena máxima abstratamente cominada; deve-se considerar o limite máximo previsto para a pena privativa de liberdade cominada ao delito perpetrado (art. 109, caput, CP).

Lecionando sobre a prescrição da pretensão punitiva, Mirabete (1998, p. 401) assevera que, “[...] nessa hipótese, que ocorre s empre antes de transitar em julgado a sentença condenatória, são totalmente apagados todos seus efeitos, tal como se jamais tivesse sido praticado o crime ou tivesse existido sentença condenatória”.

E ainda, segundo Jesus (2002, p. 24):

Com a prática do crime surge à pretensão punitiva. O Estado, entretanto, não tem o direito de exercer indefinidamente essa pretensão. Seu exercício está limitado no tempo. Não o fazendo dentro do prazo legalmente fixado, o Estado perde a pretensão punitiva.

Na lição de Bastos Júnior (2000, p. 278), “[...] o artigo 109, estabelece os prazos de prescrição antes de transitar em julgado a sentença final. Trata-se, por conseguinte, de pretensão punitiva, que surge para o Estado com a ocorrência do ilícito penal”.

Ainda segundo Bastos Júnior (2000, p. 278), “[...] o tempo de prescrição da pretensão punitiva regula-se pelo máximo da pena abstrata, isto é, a prevista em lei para o crime”.

1.2.2. A Prescrição Retroativa

A prescrição retroativa é uma variação da prescrição da pretensão punitiva, prevista nos §§ 1° e 2° do artigo 110, do Código Penal que dispõe:

A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada; e a prescrição de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa.

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15 Na visão de Prado (2000, p. 575):

Se entre a data da consumação do crime e a do recebimento da denúncia ou da queixa, ou se entre a data do recebimento da denúncia ou da queixa e a da publicação da sentença condenatória excede-se o lapso prescricional aferido com base na pena concreta, aplica-se a extinção da punibilidade pela prescrição retroativa.

Sob a ótica de Baltazar (2003, p. 79):

Cuidando o dispositivo do artigo 110, §§ 1° e 2°, do Código Penal da prescrição após o trânsito em julgado da sentença, determina que após o trânsito em julgado para a acusação, a prescrição seja regulada pela pena concretizada na sentença e que o lapso prescricional possa se verificar, retroativamente, daí até o recebimento da denúncia ou deste ato até a data do crime.

Ainda segundo o mesmo autor acima, trata-se a prescrição retroativa de um misto da prescrição da pretensão punitiva e prescrição executória, isto porque surge antes do trânsito em julgado às partes e, por outro lado, por ser regulada pela pena da sentença. (BALTAZAR, 2003, p. 79)

Para Capez (2000, p. 567), “[...] trata -se de outra modalidade de prescrição da pretensão punitiva, calculada pela pena concretamente fixada na sentença condenatória, desde que haja trânsito em julgado para a acusação ou desde que improvido o seu recurso”.

Curiosamente, esclarece Capez (2000, p. 567) sobre o porque do nome retroativa aduzindo que:

O tribunal faz o cálculo da publicação da sentença condenatória para trás, ou seja, da condenação até a pronúncia ou o recebimento da denúncia ou queixa, conforme o crime seja ou não doloso contra a vida, e assim por diante. É como se o tribunal estivesse retrocedendo do presente ao passado, gradativamente. Segundo Mirabete (1999, p. 416):

Com a Lei n° 7.209/1984, deu-se a essa espécie de prescrição maior amplitude, determinando-se expressamente que a prescrição, com base na pena em concreto e atingido a pretensão punitiva, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa.

Acrescenta ainda o mesmo autor acima que a lei não obriga, para o reconhecimento da prescrição retroativa, que o réu recorra da decisão, podendo ser declarada a extinção da punibilidade em revisão ou pedido de liberdade provisória. (MIRABETE, 1999, p. 417)

No entendimento de Jesus (2002, p. 126-127):

A denominada prescrição retroativa constitui forma da prescrição da pretensão punitiva da ação e tem por fundamento a inércia da autoridade pública,

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16 a com a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva quando não ultima o processo criminal nos prazos legais.

Ainda segundo Jesus (2002, p. 130):

Desde que transitada em julgado para a acusação ou improvido o seu recurso, verifica-se o total da pena imposta na sentença condenatória. Encontrado o respectivo período prescricional, procura-se encaixá-lo entre a data da consumação do crime e a do recebimento da denúncia ou da queixa ou a data do recebimento da denúncia ou da queixa e a da publicação da sentença condenatória, nos termos do §2° do artigo 110, do Código Penal.

Entende Costa Jr. (1999, p. 235) que, “[...] o Código Penal de 1984 permitiu expressamente que a prescrição retroativa pudesse ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa, conforme previsto no §2° de seu artigo 110”.

Assevera Bastos Júnior (2000, p. 282) que:

Complementando a regra do §1° do artigo 110, o §2° declara que a prescrição com base na pena aplicada na sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, pode ter por termo inicial data anterior ao recebimento da denúncia ou da queixa. Quer dizer, esse prazo pode ser contado para trás, desde o momento em que a sentença se torna definitiva para a acusação ou depois de improvido o seu recurso, até a última causa interruptiva. É a chamada prescrição retroativa, que atinge, também, a pretensão punitiva, rescindindo, portanto, a própria sentença condenatória.

1.2.3. A Prescrição Intercorrente ou Superveniente

Segundo Mirabete (1999, p. 415):

Aplicada a pena na sentença e não havendo recurso da acusação, a partir da data da publicação da sentença começa a correr o prazo da prescrição intercorrente, operando-se esta ao escoar-se esse prazo antes do trânsito em julgado para a defesa ou do julgamento de eventual recurso interposto pelo réu.

Para Capez (2000, p. 565) a prescrição intercorrente, “[..] é a que ocorre entre a data da publicação da sentença condenatória e o trânsito em julgado”.

Aduz ainda Capez (2000, p. 566) que:

O artigo 110, § 1°, do Código Penal determina que, após o trânsito em julgado da condenação para a acusação, a prescrição é regulada pela pena fixada na sentença. A prescrição, portanto, é regulada pela pena concretamente fixada na sentença quando esta transitar em julgado para a acusação ou quando seu recurso for improvido.

No entendimento de Costa Jr. (1999, p. 235) a prescrição intercorrente:

Acha-se prevista no § 1° do artigo 110, do Código Penal. A partir da data da publicação da sentença, começa a correr o prazo prescricional calculado com base na pena concretizada naquela decisão. Se o prazo completar-se antes do

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17 trânsito em julgado da sentença para a defesa, ou do julgamento do recurso interposto pelo réu, consuma-se a extinção da punibilidade pela prescrição intercorrente.

Segundo Baltazar (2003, p. 96):

Na prescrição intercorrente não se levam em conta os prazos decorridos antes da sentença condenatória. Entre a última causa interruptiva, que é a publicação da sentença e o seu trânsito em julgado, há um interregno. É justamente nesse lapso temporal que incide a prescrição intercorrente.

Na visão de Prado (2000, p. 573-574):

Trata-se de espécie de prescrição da pretensão punitiva regulada pela pena em concreto. É hipótese excepcional em que a prescrição da pretensão punitiva não é regida pelo máximo da pena privativa de liberdade abstratamente cominado mas sim pela pena imposta na sentença condenatória.

Na mesma trilha, Prado (2000, p. 574) complementa que: “[...] O marco inicial da prescrição superveniente é a publicação da sentença condenatória, e o marco final, o trânsito em julgado daquela para ambas as partes (acusação e defesa)”.

E ainda sublinha Jesus (2002, p. 43), “[...] o disposto n o artigo 110, §1°, do Código Penal, como primeira condição de ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, na espécie superveniente à sentença condenatória, que tenha transitado em julgado para a acusação”.

No mesmo sentido, Bastos Júnior (2000, p. 280) afirma que:

O §1° do artigo 110, do Código Penal, refere-se à prescrição superveniente à condenação, também chamada prescrição intercorrente ou subseqüente. Ocorre quando, não tendo havido recurso da acusação, ou, havendo-o, acaba improvido, transcorre, a partir da publicação da sentença, até a data em que ela se torna definitiva, tempo suficiente à prescrição, com base na pena concreta. Trata-se, como indica a ressalva inserida no artigo 109, do Código Penal, (salvo o disposto nos §§ 1° e 2° do artigo 110, do Código Penal) de prescrição da pretensão punitiva, cuja base de cálculo não é mais o máximo da pena abstrata, mas, excepcionalmente, aquela fixada na sentença.

1.2.4. A Prescrição Antecipada

Segundo Baltazar (2003, p. 105), “[...] a prescrição antecipad a é uma forma anômala de prescrição que visa evitar o dispêndio desnecessário de tempo com julgamentos inócuos”.

Apesar de não admitida pela jurisprudência e a doutrina, majoritárias, corre pelos “bastidores da justiça” a idéia de admissibilidade da prescr ição antecipada como remédio jurídico contra o formalismo excessivo e a morosidade no desencadeamento da persecução criminal. (BALTAZAR, 2003, p. 106)

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18 É o reconhecimento da prescrição retroativa, antes da sentença,, com base na pena que o réu seria condenado, evitando assim, o desperdício de tempo na apuração de coisa nenhuma, pois já se sabe, antecipadamente, que o resultado será a extinção da punibilidade.

Na classificação de Capez (2000, p. 568):

A prescrição antecipada é conhecida também como pretensão punitiva virtual, perspectiva ou projetada e ainda assevera que é a prescrição reconhecida antecipadamente, em geral ainda na fase extrajudicial, com base na provável pena concreta, que será fixada pelo juiz, no momento futuro da condenação.

1.2.5. A Prescrição da Pretensão Executória

A prescrição da pretensão executória, prevista no artigo 110, do Código Penal, ocorre, como também já antes mencionado, depois de transitada em julgado a sentença condenatória, tornando-se impossível a execução da pena imposta ou qualquer medida de segurança, embora seus efeitos penais secundários e os efeitos civis permaneçam. Diferentemente da prescrição da pretensão punitiva, esta se regula pela pena concreta, ou seja, a pena aplicada, observando os mesmos prazos fixados pelo artigo 109, do Código Penal. (PRADO, 2000, p. 572)

Ainda segundo a conceituação de Prado (2000, p. 572):

Com a prescrição da pretensão executória (ou da condenação), desaparece o direito de execução da sanção penal imposta. Transitada em julgado a sentença condenatória, a prescrição regula-se pela pena concreta, observado o disposto no artigo 109, do Código Penal.

Para Costa Jr. (1999, p. 233):

Com o trânsito em julgado da sentença condenatória, para a acusação e a defesa, surge o título penal, que deverá ser executado dentro de determinado lapso temporal. Não o sendo, ocorre a prescrição do título penal executório (prescrição da pena ou da condenação).

Segundo Jesus (2002, p. 87):

Com o trânsito em julgado da sentença condenatória, o direito de punir concreto se transforma em poder de executar: o Estado adquire o poder-dever de impor concretamente a sanção imposta ao autor da infração penal pelo Poder Judiciário. Pelo decurso do tempo o Estado perde esse poder-dever, perde o direito de exercer a pretensão executória.

No entendimento de Baltazar (2033, p. 121):

Uma vez transitada em julgado a sentença condenatória, tanto para a acusação como para a defesa, surge o poder de executar, devendo ser imposta a sanção aplicada. Contudo, o título penal perderá sua força executória se não for exercitado pelo Estado dentro dos prazos previstos no artigo 109, do Código

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19 Penal. Esta é a prescrição da pretensão executória, também denominada de prescrição da condenação.

Na mesma trilha, assevera Prado (2000, p. 572) que:

Com a prescrição da pretensão executória (ou da condenação), desaparece o direito de execução da sanção penal imposta. Transitada em julgado a sentença condenatória, a prescrição regula-se pela pena concreta, observado o disposto no artigo 109, do Código Penal.

Também para Capez (2000, p. 570) a prescrição da pretensão executória é: “[...] A perda do poder-dever de executar a sanção imposta, em face da inércia do Estado, durante determinado lapso temporal; e é sempre calculada pela pena concretamente fixada”.

No entendimento de Bastos Júnior (2000, p. 279), “[...] a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória livra o condenado do cumprimento da pena, mas permanecem os demais efeitos da condenação.”

Ainda segundo Bastos Júnior (2000, p. 279), “[...] os prazos da pretensão executória são os mesmos determinados pelo artigo 109, do Código Penal, mudando apenas a base de cálculo que será a pena concreta, isto é, a fixada pelo juiz na sentença”.

1.2.6. A Prescrição da Pena de Multa

Segundo Baltazar (2003, p. 137-138), concernente à prescrição da pretensão punitiva, assevera que:

O artigo 114, do Código Penal, alterado que foi pela Lei n° 9.268/1996, dispõe que a prescrição da pena de multa ocorre: inciso I- em dois anos, quando a multa for à única cominada ou aplicada; inciso II- no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente aplicada.

Com relação à pretensão executória, Baltazar (2003, p. 138) aduz que:

A questão não é pacífica, visto que a Lei n° 9.268/1996, dando nova redação ao artigo 51, do Código Penal, estabeleceu que, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, a multa é considerada dívida de valor devendo ser aplicadas as normas da legislação relativas à dívida da Fazenda Pública, sendo o prazo de cinco anos.

Também para Prado (2000, p. 572):

Quanto à prescrição da pena de multa, esta ocorrerá (artigo 114, do Código Penal, com redação determinada pela Lei n° 9.268/1996): a) em dois anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; b) no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

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20 Na mesma trilha, Costa Jr. (1999, p. 238) apresenta a prescrição da pena de multa como:

A prevista no artigo 114, do Código Penal, alterado pela Lei n° 9.268/1996, o qual demonstra três hipóteses, quais sejam: a) prescrição da multa quando for a única cominada; b) prescrição da multa quando for a única aplicada; c) prescrição da multa quando alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada com pena privativa de liberdade.

Bastos Júnior (2000, p. 287/288) assevera que:

A Lei n. 9.268/96, alterou o artigo 114, do Código Penal. Na redação original, quando a pena pecuniária era a única cominada, havia sido a única aplicada (originalmente ou como substituta da pena privativa de liberdade) ou a que ainda não havia sido cumprida, a prescrição operava-se em dois anos, tanto para a pretensão punitiva como para a pretensão executória.

Portanto, ainda segundo Bastos Júnior (2000, p. 287/288),

Diante da lei nova várias são as hipóteses a considerar: a) a multa é a única pena abstratamente cominada ao crime – a prescrição ocorrerá em dois anos; b) a multa foi à única pena aplicada – também será de dois anos o prazo prescricional; c) a multa é cominada alternativamente com pena privativa de liberdade – o prazo de prescrição é o relativo a esta última; d) a multa é cominada cumulativamente com a pena privativa da liberdade – também será o desta última o prazo da prescrição da multa;e) a multa aplicada cumulativamente com a pena privativa da liberdade – ainda aqui a multa terá o lapso prescricional regulado pelo da pena detentiva.

1.2.7. A Prescrição das Penas Restritivas de Direito

As penas restritivas de direito encontram-se previstas do artigo 43 ao artigo 48, todos do Código Penal.

As penas restritivas de direito são aplicadas em substituição às privativas de liberdade e podem ser: prestação pecuniária, perdas de bens e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana. (BALTAZAR, 2003, p. 139)

Ainda segundo Baltazar (2003, p. 139), “[...] os prazos dessas penas é o mesmo da pena privativa de liberdade pela qual se deu a substituição, nos termos do artigo 109, do Código Penal”.

1.2.8. A Prescrição na Legislação Especial

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21 As leis penais especiais, em regra, não cuidam da prescrição, e sempre trazem um dispositivo determinando a aplicação subsidiária das normas do Código Penal. Há, contudo, leis especiais que regulam a prescrição de maneira diferente, quanto ao prazo, termos iniciais e finais e contagem do prazo, constituindo-se em exceções às normas preconizadas no Estatuto Penal.

Nos crimes falimentares, segundo Baltazar (2003, p.142):

Declarada a falência, essa deve encerrar-se, salvo caso de força maior devidamente comprovado, em dois anos, artigo 132, §1°, da Lei de Falências n° 7.661/1945. E, o prazo de dois anos da prescrição começa a ser contado do dia em que transitar em julgado a sentença que encerrou a falência.

No entendimento de Jesus (2002, p. 113):

Nos termos do artigo 199, da Lei de Falências (Decreto-lei n° 7.661/1945), a prescrição extintiva da punibilidade de crime falimentar opera-se em dois anos. O biênio, nos termos do parágrafo único, começa a correr da data em que transitar em julgado a sentença que encerrar a falência ou que julgar cumprida a concordata.

Mirabete (1999, p. 420) não diverge:

Quanto ao prazo da prescrição, dispõe o artigo 199, do Decreto-lei n° 7.661/1945 que a prescrição extintiva da punibilidade de crime falimentar opera-se em dois anos; e o parágrafo único dispõe que o prazo prescricional começa a correr da data em que transitar em julgado a sentença que encerrar a falência ou que julgar cumprida a concordata.

Nos crimes de imprensa, Baltazar (2003,p. 143) afirma que:

A Lei de Imprensa n° 5.250/1967, estabelece em seu artigo 41 que: a prescrição da ação penal, nos crimes definidos nesta Lei, ocorrerá em dois anos após a data da publicação ou transmissão incriminada, e a condenação, no dobro do prazo em que for fixada.

Da mesma forma entende Prado (2000, p. 576) que:

A Lei n° 5.250/1967, (Lei de Imprensa), contém dispositivos próprios sobre a prescrição. Estabelece o artigo 41, da aludida Lei, que o prazo da prescrição da pretensão punitiva ocorrerá em dois anos após a data da publicação ou transmissão incriminada, e prescrição executória, no dobro do prazo em que for fixada a pena.

Jesus não destoa afirmando (2002, p. 116) que:

O artigo 41, da Lei de Imprensa (Lei n° 5.250/1967), dispõe que a prescrição da pretensão punitiva ocorre em dois anos após a data da publicação ou transmissão incriminada, e prescrição executória, no dobro do prazo em que for fixada a pena.

Mirabete (1999, p. 420) também assevera que:

Quanto aos crimes definidos na Lei de Imprensa, a prescrição da pretensão punitiva ocorrerá dois anos após a data da publicação ou transmissão incriminada, e a executória, no dobro do prazo em que for fixada a pena (artigo 41, da Lei n° 5.250/1967).

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22 Nos crimes militares, aduz Baltazar (2003, p. 145) que: “[...] quanto aos prazos prescricionais, são os mesmos previstos na legislação comum, com uma exceção, que é no tocante à pena de morte, sendo neste caso a prescrição de trinta anos”.

Ainda, segundo Baltazar (2003, p. 145-146):

Também há exceções referentes a dois delitos, tipicamente militares. No crime de submissão, a prescrição só começa a correr do dia que o insubmisso atinge a idade de trinta anos; e no crime de deserção, a prescrição só extingue a punibilidade quando o desertor completar quarenta e cinco anos de idade, e se oficial, sessenta anos.

No entendimento de Jesus (2002, p. 118):

A prescrição da pretensão punitiva é regulada, em regra, pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao delito (artigo 125, do Código Penal Militar); a prescrição da pretensão executória é regulada pela quantidade de pena imposta na sentença condenatória (artigo 126, do Código Penal Militar).

Para Capez (2000, p. 575):

A prescrição da pretensão punitiva é regulada pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao delito (artigo 125, do Código Penal Militar); a prescrição da pretensão executória é regulada pela quantidade de pena imposta (artigo 126, do Código Penal Militar). Se imposta a pena de morte, o prazo é de 30 anos (artigo 125, inciso I, do Código Penal Militar).

Cumpre ainda ressaltar que para aos crimes de competência do Tribunal do Júri, os prazos prescricionais computam-se entre a data do fato e do recebimento da denúncia; entre a data do recebimento da denúncia e a da publicação da pronúncia, da data da pronúncia e sua confirmação e entre a data da pronúncia ou sua confirmação e a sentença final.

No caso de haver desclassificação do crime, o prazo final da prescrição será regulado pela pena máxima cominada à infração para qual foi desclassificada.

1.3. Os Marcos Suspensivos ou Impeditivos e os Interruptivos da Prescrição Penal

As causas suspensivas ou impeditivas suspendem o prazo prescricional, uma vez que o Estado, por algum motivo, se vê impossibilitado de exercer seu poder de punir. Já as causas interruptivas interrompem o lapso da prescrição ante a demonstração de que o Estado tem interesse em punir o infrator.

No que concerne às causas suspensivas da prescrição penal, o prazo prescricional não tem curso durante certo período até que cesse a causa que deu origem à suspensão da

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23 contagem, recomeçando a correr quando do seu término, isto é, aproveitando-se o prazo já decorrido anteriormente.

Extrai-se do ordenamento jurídico penal que três são as causas da suspensão do prazo prescricional e elas encontram-se previstas, taxativamente, no artigo 116, do Código Penal Brasileiro:

Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I- enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;

II- enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro;

Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Segundo Jesus (2002, p. 67), “[...] caracteriza -se a suspensão da prescrição pela circunstância de que o prazo prescricional não tenha curso durante certo período, como se tivesse um intervalo, recomeçando a correr quando do seu término”.

Na mesma trilha Capez (2000, p. 563) afirma que: “[...] Causas sus pensivas são aquelas que sustam o prazo prescricional, fazendo com que recomece a correr apenas pelo que restar, aproveitando o tempo anteriormente decorrido”.

Costa Jr. (1999, p. 239) não discrepa salientando que: “[...] Em certos casos, previstos em Lei, o prazo prescricional é suspenso sofrendo uma paralisação momentânea, enquanto não se resolve a condição impeditiva”.

Complementa o mesmo autor acima que quando reiniciado o prazo prescricional, computa-se o tempo anterior para a prescrição global. (COSTA JR., 1999, p. 239)

Sobre as causas interruptivas da prescrição penal, o prazo pára temporariamente o seu curso até a cessação da causa que lhe deu origem, voltando a correr do início, mas, dessa vez, sem aproveitamento do tempo decorrido anteriormente, partindo-se do marco zero novamente.

Sobre as causas interruptivas da prescrição dispões o artigo 117, do Código Penal, que:

“O curso da prescrição interrompe -se: I- pelo recebimento da denúncia ou queixa; II- pela pronúncia;

III- pela decisão confirmatória da pronúncia; IV- pela sentença condenatória recorrível;

V- pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI- pela reincidência.

§ 1° Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes

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24 conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

§ 2° Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

No entendimento de Jesus (2002, p. 75), “[...] enquanto na suspensão da prescrição o período decorrido antes de sua incidência não fica cancelado, as causas interruptivas tornam sem efeito temporal o lapso anteriormente percorrido, recomeçando novo prazo a correr por inteiro”.

Bastos Júnior (2000, p. 291) sublinha que: “[...] Ocorrendo causa interruptiva, todo o prazo começa a correr novamente, desprezando-se o período anterior à interrupção”.

Salienta ainda Jesus (1999, p. 745) que, “[...] a incidência das causas interruptivas faz com que seja extinto o prazo decorrido antes da interrupção, recomeçando a correr a prescrição por inteiro”.

Na lição de Capez (2000, p. 562), as causas interruptivas da prescrição são aquelas que: “[...] Obstam o curso da prescrição, fazendo com que este se reinicie do zero, desprezando o tempo já decorrido, são aquelas que zeram o prazo prescricional”.

A título de ilustração, além das causas suspensivas ou impeditivas mencionadas acima, a Constituição da República Federal de 1988, em seu artigo 53, §§ 1° e 2°, prevê mais dois casos de suspensão da prescrição, quais sejam, o indeferimento do pedido de licença para processo criminal de membro do Congresso Nacional e a ausência de deliberação sobre pedido dessa natureza, vigorando o período de suspensão enquanto durar o mandato.

1.4. As Exceções Constitucionais à Prescritibilidade Penal

Justifica-se, de plano, salientar a importância do tema prescrição, sobretudo se considerarmos que a Lei 9.271 de 17 de abril de 1996, que trouxe nova redação ao artigo 366, do Código de Processo Penal, ao tratar da suspensão do processo e do prazo prescricional, por ser uma inovação, suscitou novas discussões sobre a imprescritibilidade de fatos criminosos no cenário interno do Direito Penal Brasileiro, assunto este que será tratado oportunamente, pois se insere nos objetivos deste trabalho.

Cumpre gizar, entretanto, que a regra geral estabelecida em nosso ordenamento jurídico é a prescritibilidade de todos os crimes, porém a própria Constituição da República Federal de 1988 prevê a imprescritibilidade, ainda que em apenas dois crimes, estando o

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25 primeiro disposto em seu artigo 5°, inciso XLII, prescrevendo a prática do racismo, que além de constituir crime, é inafiançável. Para o segundo crime, o aludido artigo prescreve em seu inciso XLIV, as ações de grupos armados, civis ou militares, contra a Ordem Constitucional e o Estado Democrático, também como crime imprescritível, sendo este também inafiançável.

Como bem assevera Prado (2000, p. 568), “[...] a regra geral de prescritibilidade de todas as infrações penais não é absoluta”.

Acrescenta ainda Prado (2000, p. 568) que: “[...] Conforme a Carta Constitucional de 1988, são imprescritíveis a prática do racismo e a ação de grupos armados, civis e militares, contra a Ordem Constitucional e o Estado Democrático (artigo 5°, incisos XLII e XLIV)”.

Dispõe o artigo 5°, incisos XLII e XLIV, da Constituição da República Federal (2003, p. 10) que:

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

No entendimento de Jesus (2002, p. 25):

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5°, criou dois casos em que a pretensão punitiva não é atingida pela prescrição: 1°) crimes de racismo (inciso XLII), definidos na Lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989, com as alterações da Lei 9.459, de 15 de maio de 1997; 2°) ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (inciso XLIV). São delitos definidos na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170, de 14-12-1983). Também Capez (2000, p. 557) sublinha que:

Os crimes de racismo, definidos na Lei 7.716/89, são imprescritíveis (artigo 5°, inciso XLII). As ações de grupos armados, civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático definidas como crimes na Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional), também não prescrevem (artigo 5°, inciso XLIV). Bitencourt (2003, p. 722) assevera que:

Como a lei não prevê limite temporal da suspensão da prescrição, deverão surgir várias interpretações sobre o tema. Por ora, uma coisa é certa, a Lei n. 9.271 de 17 de abril de 1996 não criou uma nova hipótese de imprescritibilidade.

Embora a imprescritibilidade de fatos criminosos tenha destaque no cenário internacional, alicerçada na certeza de que alguns crimes foram, ao longo dos anos, considerados gravíssimos pela humanidade, sobretudo no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial e durante também, ainda assim não encontra fundamento no campo Legislativo e no Direito Penal, brasileiros, para se permitir à imprescritibilidade de um ilícito

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26 penal, muito embora, em certos momentos, transparecer na nossa sociedade civil o sentimento de repulsa e de reprovação a certos crimes infames e de grande repercussão.

A mentalidade jurídica nacional ainda sustenta a justificação da imprescritibilidade nas idéias de vingança e retaliação, sobretudo aqueles que carregam a bandeira dos direitos humanos.

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2. ANOTAÇÕES ACERCA DA CITAÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO

Como parte essencial da instrumentalização do Processo Penal, a citação é o elo de ligação entre o fato antijurídico e a prestação jurisdicional do Estado.

Dispõe o artigo 351, do Código de Processo Penal (2003, p. 1180) que, “[...] a citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado”.

Na lição de Espínola Filho (2000, p. 610), “[...] a citação importa num chamamento geral, para todos os atos do processo”.

Para Grinover (1999, p. 100):

É exigência fundamental ao exercício do contraditório o conhecimento, pelos interessados, de todos os dados do processo, pois sem a completa e adequada informação a respeito dos diversos atos praticados, das provas produzidas, dos argumentos apresentados pelo adversário, a participação seria ilusória e desprovida de aptidão para influenciar o convencimento do juiz.

Ainda segundo Grinover (1999, p. 100):

A efetividade dos diversos atos de comunicação processual representa condição indispensável ao pleno exercício dos direitos e faculdades conferido às partes; sua falta ou imperfeição implica sempre prejuízo ao contraditório, comprometendo toda a atividade subseqüente.

Na lição de Mirabete (1999, p. 425):

Em decorrência do princípio da ampla defesa, assegurado pela Constituição Federal, é imprescindível que sejam os acusados cientificados da existência do processo e de todo o seu desenvolvimento. Essa ciência é feita através da citação, em que se lhe comunica os atos do processo passados e futuros.

No entendimento de Tourinho Filho (1999, p. 351):

Proclamando a Carta Magna que aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (artigo 5°, inciso LV), evidentemente erigiu a citação à categoria de garantia individual. Na verdade, sendo ela o ato pelo qual se noticia ao réu ter sido instaurada, em relação a ele, uma ação penal, é claro que, se não houvesse essa comunicação, não se estaria permitindo aos acusados a ampla defesa de que fala o texto constitucional.

Assevera Demercian (1999, p. 293) que, “[...] a citação é indispensável, além de ser um ato formal, é necessário que o citando tenha ciência exata da imputação que lhe é feita para que não seja surpreendido em sua defesa”.

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2.1. O Conceito de Citação segundo a Doutrina Majoritária

Capez (2001, p. 521) conceitua a citação como sendo:

O ato oficial pelo qual, ao início da ação, dá-se ciência ao acusado de que, contra ele, se movimenta esta ação, chamando-o a vir a juízo, para se ver processar e fazer a sua defesa, compondo-se a citação de dois elementos básicos, quais sejam, a cientificação do inteiro teor da acusação e o chamamento do acusado para apresentar a sua defesa.

Segundo Tourinho Filho (1999, p. 604):

Citação é o ato processual pelo qual se dá a notícia ao réu de que foi oferecida e recebida denúncia ou queixa em relação a ele e, ao mesmo tempo, que é chamado a comparecer em juízo em dia e hora previamente designados, para ser interrogado e, enfim, para se defender.

Para Mirabete (2000, p. 425), “[...] a citação é o chamado a juízo para que o acusa do se defenda na ação”.

Ainda segundo Mirabete (2000, p. 425), “[...] a citação é ato essencial do processo, imposição categórica de garantia constitucional, e sua falta é causa de nulidade absoluta do processo (artigo 564, inciso III, alínea “e”)”.

Assevera Grinover (1999, p. 101) que:

A citação constitui seguramente o mais importante ato de comunicação processual, especialmente em sede penal, pois visa a levar ao conhecimento do réu a acusação que lhe foi formulada, bem como a data e local em que deve comparecer para ser interrogado, propiciando, assim, as informações indispensáveis à preparação da defesa.

Na lição de Demercian (1999, p. 293):

A citação é uma garantia constitucional prevista no artigo 5°, inciso LV, para assegurar ao acusado o direito à ampla defesa e ao contraditório, imprescindível para lhe dar ciência da acusação e, em decorrência, da existência de um processo.

E no conceito de Espínola Filho (2000, p. 610), “[...] citação é o ato oficial, pelo qual, no início da ação penal, é dada ciência ao acusado de que contra ele se movimenta essa ação, chamando-o a vir a juízo ver-se processar e fazer a sua defesa”.

No entendimento de Nucci (2002, p. 543) citação é:

O chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender pessoalmente e através de defesa técnica. Trata-se de um corolário natural do devido processo legal, funcionalmente desenvolvido através do contraditório e da ampla defesa (artigo 5°, incisos LIV e LV).

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29 Entende Noronha (1998, p. 199) que: “[...] citação é o ato processual que dá ao denunciado conhecimento da acusação que lhe é feita, a fim de que se possa defender”.

2.2. A Classificação da Citação segundo o Código de Processo Penal Brasileiro

Segundo Demercian (1999, p. 294), “[...] no processo penal a citação pode ser real ou presumida (ficta). A citação real, também chamada de pessoal, é aquela realizada na própria pessoa do acusado. A citação ficta é aquela realizada por meio de edital”.

Assevera Espínola Filho (2000, p. 612) que: “[...] as formas de citação que o Código de Processo Penal determina são as tradicionalmente aceitas pelo direito processual criminal, não havendo inovação de nenhuma, quer quanto a acréscimo, quer quanto à eliminação”.

Espínola Filho (2000, p. 612/613) sublinha as espécies de citação previstas no Código de Processo Penal:

I – como formas de citação, intimação ou notificação: a) a por mandado; b) a por precatória; c) a mediante requisição; d) a por edital; II – como forma exclusiva da citação e da notificação: e) a por rogatória.

Grinover (1999, p. 102) aduz que:

A citação pode ser real ou ficta; a primeira, que constitui a regra, é feita diretamente à pessoa do réu, enquanto no segundo caso o conhecimento resulta de uma ficção normativa; nesta última hipótese, diante da inviabilidade da cientificação direta e depois de atendidas certas formalidades destinadas a transmitir indiretamente o conteúdo do ato.

Também segundo Mirabete (2000, p. 426), “[...] a citação pode ser real (pessoal) ou ficta (presumida)”.

Na lição de Tourinho Filho (1999, p. 607), “[...] a citação no Processo Penal pode ser real ou ficta. A primeira, também chamada pessoal, é feita na própria pessoa do réu. Constitui a regra”.

Para Capez (2001, p. 524) a citação no processo penal pode ser: “[...] real ou pessoal, feita efetivamente na própria pessoa do acusado, gerando certeza de sua realização; e ficta ou presumida, realizada por meio da publicação ou afixação em local determinado”.

Na mesma trilha Noronha (1998, p. 199) afirma que:

A citação pode ser real ou ficta. Dá-se a primeira quando realizada na pessoa do próprio acusado, tendo, então, ele conhecimento de fato de seu chamamento. Diz-se ficta quando se presume que tenha tido esse conhecimento.

(31)

30

2.2.1. A Citação por Mandado

Assevera Grinover (1999, p. 103) que “[...] a citação por mandado é realizada por oficial de justiça, mediante determinação do juiz da causa ou, ainda, em razão do cumprimento de carta precatória, rogatória ou de ordem”.

Acrescenta Grinover (1999, p. 104) que:

Neste tipo de ato, distinguem-se requisitos intrínsecos e extrínsecos: os primeiros são os elementos que devem necessariamente constar do mandado (artigo 352, do Código de Processo Penal), enquanto os segundos dizem respeito a formalidades que devem ser obedecidas na execução do mesmo (artigo 357, do Código de Processo Penal).

Dispõe o artigo 352, do Código de Processo Penal: O mandado de citação indicará:

I – o nome do juiz;

II – o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;

III – o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; IV – a residência do réu, se for conhecida;

V – o fim para que é feita a citação;

VI – o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; VII – a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

Dispõe o artigo 357, do mesmo Diploma Legal: São requisitos da citação por mandado:

I – leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;

II – declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.

Ressalta Grinover (1999, p. 104) que:

Quanto ao conteúdo do mandado, há elementos destinados à comprovação de sua autenticidade, cuja incorreção pode eventualmente não afetar a validade do ato citatório, se este é realizado e atinge sua finalidade; já os dados relativos à informação do citando constituem a própria essência da citação, pelo que qualquer irregularidade nesse sentido comprometerá, irremediavelmente, a própria finalidade do ato, sendo de rigor o reconhecimento da invalidade. Acrescenta, ainda, Grinover (1999, p. 104) que :

A falta de atendimento a formalidades relativas à execução do mandado (artigo 357, do Código de Processo Penal) também acarretará a nulidade do ato em questão, porquanto as prescrições legais visam a assegurar e atestar o pleno conhecimento, pelo réu, da imputação e demais elementos indispensáveis ao atendimento do chamamento judicial; a omissão ou laconismo da certidão do oficial de justiça descaracterizam o ato citatório, dando lugar à nulidade.

Segundo Nucci (2003, p. 543) citação por mandado é: “[...] A forma usual de citação, valendo-se o juiz do oficial de justiça, que busca o acusado, dando-lhe ciência,

(32)

31 pessoalmente, do conteúdo da acusação, bem como colhendo o seu ciente. Chama-se, ainda, citação pessoal”.

No entendimento de Espínola Filho (2000, p. 616-617):

A citação, notificação ou intimação por mandado é a levada a efeito, pelo oficial de justiça do juízo, na própria pessoa, que se quer cientificar; o oficial de justiça lerá o mandado à pessoa designada nele, entregando-lhe uma contrafé.

Leciona Tourinho Filho (1999, p. 607-608) que: “[...] Estando o réu na área jurisdicional do juiz processante, a citação será feita por mandado”.

Nas palavras de Noronha (1998, p. 200), “[...] faz -se à citação por mandado quando o réu estiver no território sob a jurisdição do juiz que determinou fosse expedido. É feita pessoalmente na pessoa do próprio acusado”.

Sustenta Mirabete (2000, p. 426) que:

A regra, no processo penal, é a citação por mandado. Determina o artigo 351, do Código de Processo Penal, que a citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

Segundo Demercian (1999, p. 294), “[...] a teor do artigo 351, do Código de Processo Penal, dar-se-á a citação por mandado sempre que o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a tiver ordenado”.

Para Capez (2001, p. 524), “[...] mandado é ordem escrita, corporificada em um instrumento e emitida pela autoridade competente para o cumprimento de determinado ato. Destina-se à citação do réu em local certo e sabido, dentro do território do juízo processante”.

2.2.2. A Citação por Carta Precatória

Dispõe o artigo 353, do Código de Processo Penal: “[...] quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória”.

Sustenta Nucci (2003, p. 544) que: “[...] estando o réu no territ ório de outra Comarca ou mesmo em outro país, cabe a citação por precatória, no primeiro caso, e da rogatória, no segundo”.

Ainda segundo Nucci (2003, p. 544):

Ao receber a carta precatória, o juiz deprecado coloca o cumpra-se, sua ordem para que a citação seja realizada na sua Comarca.Após a realização do ato processual, feita pelo oficial de justiça, lançada a certidão deste, retorna a precatória à origem, sem maior formalidade. Atualmente, tem-se adotado um

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32 procedimento mais amplo, que consiste na citação e no pedido para que a autoridade judiciária deprecada proceda ao interrogatório do réu.

Na lição de Espínola Filho (2000, p. 622), “[...] se o juiz da causa, ao ordenar a citação, notificação ou intimação do acusado, verifica achar-se ele fora da sua jurisdição, em local sabido, expedirá, ao juiz com autoridade nesse lugar, uma carta precatória”.

Tourinho Filho (1999, p. 608) sustenta que: “[...] Se por acaso, o citando estiver no território nacional, em lugar certo e sabido, mas fora da Comarca do Juiz processante, será citado por precatória”.

Completa ainda, Tourinho Filho (1999, p. 608) que , “[...] trata -se de solicitação para a prática de um ato processual feita pelo juiz de uma Comarca para outro que não o seja”.

Entende Noronha (1998, p. 201) que a citação por precatória ocorre: “[...] quando o réu encontra-se fora do território da jurisdição do juiz processante. Este solicita, pois, ao juiz do lugar onde aquele se encontre que o mande citar”.

Para Mirabete (2000, p. 428):

Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, deve ser citado por precatória. É o que dispõe o artigo 353, do Código de Processo Penal, impondo que o juiz processante solicite ao juiz do lugar onde se encontre o acusado para que o mande citar.

No entendimento de Demercian (1999, p. 295):

Verificar-se-á a citação por carta precatória, se o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, ou seja, se o réu residir em outra localidade ou para ela tiver mudado após a prática criminosa (artigo 352, Código de Processo Penal). Constatado que o réu reside em local diverso da jurisdição do juiz processante, este expedirá uma carta precatória, que conterá os requisitos do artigo 354 do Código de Processo Penal, isto é, o juiz deprecado e o juiz deprecante, a sede da jurisdição de um e de outro, o fim para que é feita a citação, com todas as especificações, o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.

Na mesma trilha Capez (2001, p. 525) afirma que: “[...] destina -se a citação por carta precatória à citação do acusado que estiver no território nacional, em lugar certo e sabido, porém fora da comarca do juízo processante (Código de Processo Penal, artigo 353)”.

Complementa Capez (2001, p. 525) asseverando que: “[...] constitui na realidade um pedido formulado pelo juízo processante ao juízo da localidade em que se encontra o réu, no sentido de que este último proceda ao ato citatório”.

Referências

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