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CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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Academic year: 2021

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CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Origem: PRT 2ª Região – Mogi das Cruzes/SP

Interessado(s) 1: Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região

(PTM Mogi das Cruzes)

Interessado(s) 2: Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região

(PTM São Bernardo do Campo)

Interessado(s) 2: Ministério Público do Trabalho

Assunto(s): Conflito negativo de atribuições entre membros da

PTM Mogi das Cruzes e PTM São Bernardo do

Campo

Procurador suscitante: Murilo César Buck Muniz

“CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES.

Ausência de diligência tendente à constatação da extensão e da gravidade do dano em tela, e, principalmente, da existência de filial da empresa investigada na área de atuação da Procuradora suscitada, com vistas a considerar-se a submissão da empregadora à adoção de medidas (PPRA, PCMSO, etc.) legalmente previstas para o resguardo do meio ambiente laboral em local de provável dano.

Envio prematuro dos autos à Procuradoria do Trabalho no Município sede da empresa investigada.

Atribuição fixada, a priori, na área de atuação da Procuradoria do Trabalho onde lotada a procuradora suscitada.”

RELATÓRIO

Trata-se de conflito negativo de atribuições, oriundo

da Procuradoria do Trabalho no Município de São Bernardo do Campo

(PRT 2ª Região), e suscitado pelo ilustre Procurador do Trabalho, Dr.

(2)

Murillo César Buck Muniz, contra a digna Procuradora do Trabalho, Dra.

Giselle Alves de Oliveira, lotada na Procuradoria do Trabalho no

Município de Mogi das Cruzes (PRT 2ª Região) e ora suscitada.

A

instauração

do

presente

procedimento

administrativo teve como fundamento a denúncia oferecida pelo

SIEMACO – Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e

Conservação, Limpeza Urbana, Áreas Verdes e Trabalhadores em Turismo

e Hospitalidade de Suzano, Mogi das Cruzes, Poá, Itaquaquecetuba, Ferraz

de Vasconcelos e Rio Grande da Serra em face da empresa GRPL Serviços

Gerais para Edifícios Ltda. e do Condomínio Residencial Gama, dando

conta das seguintes irregularidades (fls. 04/15), verbis:

a) jornada irregular diante da ausência de anuência do

sindicato profissional;

b) ausência de repasse da contribuição sindical;

c) descumprimento de convenção coletiva no que concerne a

hora noturna reduzida, hora extra e ticket refeição;

d) violação das regras de segurança e medicina do trabalho,

tais como: ausência de prévia inspeção e aprovação das autoridades competentes para o funcionamento da mesma; ausência de CIPA, PCMSO e PPRA.

Em apreciação prévia (fls. 104/107), a ilustre

Procuradora suscitada, Dra. Giselle Alves de Oliveira (PTM Mogi das

Cruzes/2ª Região), recebeu a denúncia somente quanto aos temas: PCMSO,

PPRA E CIPA e excluiu do feito o Condomínio Residencial Gama,

tomador dos serviços da empresa denunciada, pelo que não restou claro

qualquer irregularidade por ele (condomínio) praticada.

(3)

Posteriormente, o presente feito foi encaminhado à

Procuradoria do Trabalho no Município de São Bernardo do Campo (PRT

2ª Região), sob a seguinte fundamentação (fl. 114), ad litteram:

“Trata-se de procedimento preparatório de inquérito civil instaurado a partir de representação do SIEMACO, na qual se noticiam a prática de irregularidades trabalhistas pela GRPL Serviços Gerais para Edifício LTDA (fls. 04/15). Por meio de referida representação, ficou consignado que a empresa em tela não vem cumprindo a legislação trabalhista no que concerne à jornada de trabalho; repasse das contribuições sindicais, hora noturna reduzida, hora-extra e ticket-refeição conforme convenção coletiva de trabalho; normas de segurança e medicina do trabalho: CIPA, PCMSO E PPRA.

Na ocasião, também foi denunciado o Condomínio Residencial Gama, na qualidade de tomador de serviços da empresa GRPL, uma vez que deveria fiscalizar a regularidade da prestação dos serviços. Cabe ressaltar, contudo, que na apreciação prévia de fls. 104/107 foi determinado o arquivamento dos presentes autos em relação a referido condomínio, ficando restrita a investigação somente aos descumprimento das normas de medicina e segurança do trabalho por parte da empresa GRPL.

Nessa esteira, foi determinada a notificação da empresa GRPL para se manifestar quanto ao PCMSO, PPRA e constituição da CIPA (fl. 109). Não obstante, tendo em vista que se trata de empresa localizada em circunscrição não pertence ao âmbito desta PTM, necessário se faz o envio da investigação ao órgão competente.

Sendo assim, considerando que a empresa está localizada no município de Diadema/SP, determino:

1) Remessa dos autos à Procuradoria do Trabalho no Município de São Bernardo do Campo/SP;

2) Realizar os respectivos lançamentos no sistema do MPT-digital;

(4)

Já em tramitação na Procuradoria do Trabalho no

Município de São Bernardo do Campo (PRT 2ª Região), o i. Procurador do

Trabalho, Dr. Murillo César Buck Muniz, suscitou conflito negativo de

atribuições (fls. 126/127 – anverso e verso), sob o seguinte fundamento,

ipsis litteris

:

“Inicialmente, é importante registrar que, a meu sentir, não incumbe a este Procurador a valoração ou a revisão do indeferimento parcial da representação.

Quanto à parte da denúncia em relação a que houve a instauração de procedimento preparatório, entendo que as atribuições para a atuação assistem à D. PTM de Mogi das Cruzes, pelas razões a seguir expostas.

A denúncia refere-se especificamente aos

trabalhadores que prestam serviços ao Condomínio Residencial Gama, ao que se depreende, situado no âmbito territorial de representação do sindicato profissional denunciante e de atribuições territoriais da PTM de Mogi das Cruzes. Se houve dano de abrangência coletiva à saúde dos trabalhadores ou se há potencial de dano, pelo teor da denúncia, ele ocorreu ou ocorrerá no local de prestação de serviços. Não há notícia de prestação de serviços ou dano no âmbito territorial de atribuições da PTM de São Bernardo do Campo.

O documento base de levantamento de riscos ambientais é o PPRA (NR 09) e deve ser feito, evidentemente, levando-se em consideração o local de prestação de serviços. O PCMSO (NR 07) deve ser elaborado com base nos riscos ambientais, ou seja, deve ser articulado com o PCMSO, sob pena de se preverem procedimentos médicos meramente burocráticos, que desconsiderem eventuais riscos ambientais. A CIPA (NR 05), ou o responsável pela CIPA, nos casos de não haver obrigatoriedade de sua constituição, tem a finalidade de colher informações dos trabalhadores a respeito dos riscos ambientais não visualizados por profissionais técnicos (é o conhecimento do “chão de fábrica”) e proporcionar a contínua melhoria do ambiente de trabalho.

(5)

Além disso, o tomador de serviços tem responsabilidade conjunta pelos riscos ambientais, nos termos mencionados na denúncia, além de disposições normativas contidas nas normas regulamentadoras e no Código Civil (Arts. 186; 927; 932, III; 933 e 942, pu), não sendo possível à prestadora de serviços garantir o cumprimento das normas de medicina e segurança do trabalho no estabelecimento do tomador sem a sua anuência e participação.

Tanto o art. 2º da Lei 7.347/85 quanto o art. 93 da Lei 8.073/90 estabelecem competência territorial-funcional absoluta do Juízo do local do dano para conhecer da ação civil pública ou da ação civil coletiva, com vistas a proporcionar o melhor acesso à justiça, o melhor conhecimento dos fatos e a facilitação da produção probatória. Nesse sentido, também, entendimento pacífico dos Tribunais superiores (STJ e TST, OJ 130 da SBDI-2).

Por se turno, o art. 3º da Resolução 69/2007 do C. CSMPT estabelece: “Caberá ao membro do Ministério Público do Trabalho investido da atribuição para a propositura da ação civil pública a responsabilidade pela instauração do inquérito civil.

Por fim, importa dizer que, acaso as investigações fossem conduzidas pela PTM de São Bernardo do Campo, a produção de provas testemunhas e a inspeção, fiscalização, ou perícia ambiental restariam prejudicadas e, no mínimo, menos céleres, já que de tais diligências demandariam a expedição de carta precatória à PTM de Mogi das Cruzes, o que não ocorre com a requisição de documentos, se necessária, que pode ser feita pela própria PTM de Mogi das Cruzes, ainda que a sede da empresa esteja localizada em Diadema.”

Ouvida, a i. Procuradora suscitada assim respondeu

(fls. 130/132 – anverso e verso), verbis:

(...)

Desta feita, conforme relatório de

(6)

mais prudente enviar os autos para a PTM de São Bernardo, já que a denunciada, GRPL serviços gerais para edifício LTDA, está localizada em município abrangido pela circunscição da referida PTM, Diadema. Ademais, não foi verificada, a princípio, a prática de nenhuma irregularidade pela segunda denunciada, Condomínio Gama.

O procedimento em epígrafe foi encaminhado à PTM de São Bernardo. Na mesma foi autuado como REP 312.2011.02.001 e distribuído ao Excelentíssimo Procurador do Trabalho Dr. Murillo César Buck Muniz.

De posse dos autos, o Exmo. Procurador do trabalho suscitou conflito negativo de atribuição alegando, em suma, os seguintes fundamentos:

- que o prestador de serviço denunciado encontra-se localizado no âmbito territorial da PTM de Mogi das Cruzes;

- o PCMSO, PPRA deve, evidentemente, ser elaborado com base no local da prestação de serviços;

- a responsabilidade do tomador de serviços pelos riscos ambientais;

- a produção de provas, fiscalização ou perícia ambiental demandariam a expedição de carta precatória para a PTM de Mogi das Cruzes;

Pois bem; correta a fundamentação do douto Procurador quando afirma que a elaboração do PPRA e PCMSO deve ser feita levando-se em consideração o local da prestação dos serviços. No entanto, com a devida vênia, tal fato não transfere a investigação para a tomadora de serviços, eis que, a princípio, a mesma não praticou nenhuma irregularidade, por isso foi, inclusive, excluída da investigação.

A responsabilidade pela elaboração dos

documentos supramecionados é do empregador, localizado no município de Diadema, eis que a questão principal, qual seja, implementação da CIPA, PPRA e PCMSO, deve ser organizado pela empregadora, que é a própria empresa prestadora de serviços.

O que pode ocorrer é a responsabilização da empresa tomadora de serviços em caso de inadimplemento das obrigação trabalhistas pela prestadora de serviços, nos termos do que dispõe jurisprudência consolidada do

(7)

Tribunal Superior do Trabalho, e não sua fiscalização, eis que ausentes indícios de prática de irregularidades trabalhistas pela mesma, Condomínio Gama.

Desse modo, tendo em vista que os indícios de prática de irregularidades seriam praticadas por empresa localizada em município abrangido pela PTM de São Bernardo, Diadema, mantenho meu entendimento que a investigação deve se dar pela referida procuradoria.

Ademais, outros procedimentos idênticos ao ora em análise tiveram sua promoção de arquivamento devidamente

homologada pela CCR (000100.2009.02.004/8;

000090.2009.02.004/5; 000072.2009.02.004-3). Manteve-se nos referidos procedimentos a investigação tão somente com relação à prestadora de serviços, que é a empregadora e a

responsável pela elaboração do PCMSO, PPRA, e

implementação da CIPA sendo, desta feita, arquivados os procedimentos em face das tomadoras de serviços.”

Remetidos os autos à CCR/MPT (fl. 132), foram eles

encaminhados a esta Relatora (fl. 133).

É o relatório.

ADMISSIBILIDADE

Atendido o quanto preceituado no artigo 3º da

Resolução 69/CSMPT, recebo, com esteio no inciso VI do artigo 103 da

LC 75/93, o presente conflito negativo de atribuições.

VOTO-FUNDAMENTAÇÃO

Evidencia-se dos autos que a i. Procuradora do

Trabalho suscitada, Dra. Giselle Alves de Oliveira, lotada na Procuradoria

(8)

do Trabalho no Município de Mogi das Cruzes, não imprimiu qualquer

investigação tendente a verificar a extensão e a gravidade do dano em

questão nos locais de trabalho imprimido pela denunciada, e,

principalmente, a existência de filial da empresa investigada na área de

ocorrência das irregularidades a ela imputadas na denúncia, região de

atuação da i. Procuradora suscitada. Apenas se limitou a determinar a

remessa dos autos à Procuradoria do Trabalho no Município de São

Bernardo do Campo, sob o fundamento de que lá está localizada a sede da

denunciada.

Considerando que não consta dos autos qualquer

prova do alcance e da intensidade das lesões denunciadas pelo sindicato

profissional representante, tampouco se buscou determinar a existência de

sucursal da empresa GRPL Serviços Gerais para Edifícios Ltda., ora

representada, na área de abrangência da PTM/Mogi das Cruzes – provável

local do dano

-, tenho que o envio deste expediente administrativo à

PTM/São Bernardo do Campo avulta-se açodado.

Portanto, na fase em que se encontra este

procedimento administrativo não se sustenta a fundamentação lançada na

peça de fls. 130/132, pela i. Procuradora do Trabalho suscitada, Dra.

Giselle Alves de Oliveira, eis que ausente no feito qualquer fato,

circunstância e/ou prova a deslocar as investigações para a sede da empresa

denunciada.

(9)

Alega o suscitante que a elaboração do PPRA e

PCMSO deve ser feita levando-se em consideração o local de prestação de

serviços (fl. 126v), já a suscitada sustenta que a responsabilidade pela

implementação da CIPA e elaboração do PPRA e PCMSO é do

empregador, o qual, in casu, está localizado no município de Diadema/SP

(fl. 131).

Ora, em princípio é lícito pensar que tais

providências sejam adotadas pela administração central da empresa, ou

seja, no local de sua sede.

Contudo, e principalmente, nada obsta haver a

necessidade de novo plano de prevenção de acidentes e saúde do

trabalhador, em locais diversos, onde a prestação laboral e as condições

ambientais o exijam, conforme previsão da Constituição Federal de 1988

(

art. 7º, inc. XXII

), da legislação infraconstitucional (

art. 200 da CLT

) e das

Instruções Normativas do MTE (

NR 7 (PCMSO) e NR 9 (PPRA)

). Assim,

antes há a necessidade de investigar-se da existência de filiais, sucursais

e/ou escritórios de representação da empregadora em locais diversos de sua

sede, e, in casu, na circunscrição do Município da PTM de Mogi das

Cruzes.

Desse modo, as investigações devem prosseguir na

Procuradoria do Trabalho no Município de Mogi das Cruzes (PRT 2ª

(10)

Região), cuja circunscrição abrange o local das irregularidades

denunciadas, para só então, conforme o caso, decidir-se acerca da

necessidade e conveniência do envio dos autos à Procuradoria do Trabalho

no Município de São Bernardo do Campo (PRT 2ª Região), onde se

localiza a sede do empreendimento empregador investigado.

Destarte, a atribuição para conduzir o presente feito

reside, a priori, na circunscrição da Procuradoria do Trabalho no

Município de Mogi das Cruzes (PRT 2ª Região).

CONCLUSÃO

Pelo exposto, CONHEÇO do presente conflito

negativo de atribuições submetido a esta Câmara de Coordenação e

Revisão do Ministério Público do Trabalho, com base no art. 103, inc.

VI, da Lei Complementar nº 75/93 e, VOTO no sentido de que a

atribuição para conduzir o presente feito reside, a priori, na

circunscrição da Procuradoria do Trabalho no Município de Mogi das

Cruzes (PRT 2ª Região), ao encargo da d. Procuradora do Trabalho,

Dra. Giselle Alves de Oliveira, caso esteja ainda lá atuando. Se não

mais, seja o feito redistribuído na forma normativa.

Cientifiquem-se o suscitante e a suscitada, bem

assim a Chefia da Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª

(11)

Região/SP, determinando-se o retorno dos autos à Procuradoria do

Trabalho no Município de Mogi das Cruzes (PRT 2ª Região) para as

providências cabíveis.

Brasília, 24 de outubro de 2011.

VERA REGINA DELLA POZZA REIS

Subprocuradora Geral do Trabalho

Membro da CCR/MPT – RELATORA

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