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Nº 212
PERUS
ALIMENTAÇÃO
2ª PARTEINTERACÇÃO DA VISTA E DAS SENSAÇÕES TÁCTEIS
A sensação (sugestão) visual desencadeia o início das reacções seguindo-se as sensações tácteis.
A percepção pelo tacto permite à ave “aprender” acerca do alimento logo desde o início da vida.
Dois terços das bicadas dos pintos não resultam na preensão da partícula alimentar, sugerindo que a “bicagem” está também associada ao “toque”, sendo portanto um meio de tomar conhecimento do alimento.
As aves têm um sistema mandibular mais complexo que o dos mamíferos, com mais ossos e articulações.
A parte inferior do bico de um galináceo possui na ponta 15 a 20 papilas dérmicas diferenciadas, que contêm mecanoreceptores altamente especializados: corpúsculos de Merckel na região distal e os corpúsculos de Herbst na porção proximal, que são usados para uma palpação táctil “fina”. O tamanho, a forma e as propriedades reológicas das partículas ajudam as aves a reconhecer o alimento.
As aves domésticas escolhem as partículas relativamente grandes, que apanham facilmente com o bico.
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2 Estas preferências correspondem a uma utilização optimizada do uso da energia (benefício/custo) no comportamento alimentar. A preferência por um determinado tamanho está relacionada com o tamanho do bico e não com a composição do alimento.
Nos perus, a mudança de alimento de migalha para granulado influencia o comportamento alimentar (ingestão) e, consequentemente, uma rápida alteração da ingestão.
Face a um alimento “novo”, o intervalo de tempo entre o primeiro acesso ao alimento e a primeira bicada foi duas vezes mais longo (envolvimento da VISÃO), as aves reduziram o comportamento de “engolir” e deixaram cair mais vezes o alimento (envolvimento do toque/tacto). O comportamento alimentar só voltou ao normal no dia seguinte.
IMPORTÂNCIA SÓ DAS SENSAÇÕES TÁCTEIS
Logo que a ave “bica” no alimento, as propriedades tácteis do bico avaliam de imediato as características biomecânicas do mesmo.
As propriedades reológicas das partículas alimentares são influenciadas, tanto pela composição da matéria prima usada como pelo processo de produção do granulado (moenda e granulação).
Por exemplo: podem conseguir-se variações da dureza do alimento fazendo variar o tamanho da partícula do alimento, ou incorporando óleo, ou água, ou amido e ainda pela utilização do processo da dupla granulação.
O óleo adicionado no misturador diminui a dureza do alimento. A gelatinização do amido funciona como um aglutinante.
No fabrico, a adição de vapor de água, o tempo de “residência” no maturador e a pressão na matriz, influenciam as características físico-químicas do alimento sobretudo a DUREZA e a DURABILIDADE do granulado.
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3 A determinação da dureza faz-se com o auxílio de um equipamento de compressão, que mede a força necessária para partir o grânulo (em “N”).
As aves “apertam” as partículas alimentares antes de as engolir mas sem as partir.
Uma outra característica, a FIRMEZA (em N/mm), parece ser mais importante para a ave como medida de avaliação.
Assim, a firmeza é elevada quando uma dada força induz uma pequena deformação no grânulo alimentar.
Testaram-se muitas variações num alimento, desde o “pouco duro/mole” até ao alimento “mais firme/duro”.
A ingestão a curto prazo foi negativamente relacionada com as diferentes características físicas do novo alimento (dureza, firmeza e resistência à abrasão).
Verificou-se que a ingestão, a curto prazo, é muito fortemente influenciada pela “firmeza” do granulado.
Os perus consumiram mais rapidamente os grânulos mais moles, provavelmente porque a sua “firmeza” era mais parecida com o alimento ao qual estavam habituados.
Portanto, o reconhecimento do alimento é, inicialmente, distal e sem qualquer contacto com este (envolve só a visão) e só depois proximal (envolvendo o toque). O que quer dizer que, em primeiro lugar, as aves avaliam a “aparência” (cor, tamanho e forma) e só depois a “firmeza” do alimento.
As experiências demonstram que devem ser estudados novos factos para descrever as características visuais e tácteis dos granulados, tais como a tonalidade da cor e a firmeza do grânulo.
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4 RESULTADOS
Os estudos descritos foram muitas vezes obtidos em condições limite exageradas, com grandes modificações nas características físicas das partículas. A questão é a de investigar até onde os acontecimentos visuais e tácteis descritos atrás (cor/tonalidade, firmeza), podem explicar o consumo mais rápido em condições iguais ou muito perto das encontradas no campo.
Tentando comprovar isto, fez-se uma experiência para estudar a rapidez da alteração da aceitação de diferentes alimentos comerciais.
Os perus foram alimentados até aos 21 dias com um alimento com base em trigo/milho, finamente moídos, seguido de um novo alimento com nova fórmula (trigo/milho e trigo/colza /bagaço de girassol), moenda (fina e grossa) e temperatura de granulação (65 e 85º C). Os resultados confirmaram a relação entre a aceitação do alimento com as diferentes características, visuais e tácteis, dos alimentos.
Quando comparado com o novo alimento, um aumento da tonalidade/contraste (vermelho para verde) e uma alteração da firmeza, induziram neofobia. Nesta experiência, o consumo rápido (a curto prazo) após a alteração para o novo alimento depende, por ordem de importância, de:
1 – Composição em matérias primas 2 – Tamanho da moenda
A temperatura de granulação não exerceu qualquer efeito.
O uso destes novos factos (tonalidade, firmeza) para descrever as características dos alimentos, parecem pois ser relevantes para o peru.
São necessárias mais investigações para confirmarem estes resultados, e incluir também uma mais alargada gama de alimentos e espécies de aves, especialmente os frangos.
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5 CONCLUINDO:
Um ambiente constante facilita um crescimento optimizado.
Reduzir tudo às experiências sensoriais das aves pode induzir reacções diferentes quando se fazem pequenas alterações.
Este é um problema real para os criadores, particularmente os produtores de perus.
Para melhor tentar resolver este assunto e definir as necessidades, é importante conhecer melhor o comportamento animal e “desenhar” os alimentos de uma maneira precisa face à percepção que as aves têm dos mesmos.
Para controlar / limitar a NEOFOBIA na produção avícola é necessário não esquecer as diferenças entre os alimentos “conhecidos” e os alimentos “novos”, usando os descriptores visuais e tácteis das aves.
Adaptado de: Feeding behavior in turkey is linked with the characteristics of the feed Isabel Bouvarel; Christine Leterrier (INRA – FRANCA)
18º Simpósio Europeu de Nutrição Avicola (Nov. 2011)
Aveiras de Cima, 13 de Fevereiro de 2012 SERVIÇOS TÉCNICOS