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AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO

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AGRAVO DE INSTRUMENTO: 0041250-91.2012.8.19.0000 AGRAVANTE: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S.A. AGRAVADO: PROCORDIS S.A.

RELATOR: Desembargador Fernando Fernandy Fernandes

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO

EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO

JUDICIAL. DECISÃO AGRAVADA QUE,

DENTRE OUTRAS DETERMINAÇÕES,

DESONEROU A EMPRESA EM

RECUPERAÇÃO DO MECANISMO DA

TRAVA BANCÁRIA, A QUAL NÃO MERECE

QUALQUER REPARO. DECISÃO

RECORRIDA DEVIDAMENTE

FUNDAMENTADA, NÃO SE HAVENDO DE FALAR EM VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO ART. 93, IX, DA CF/88. CRÉDITO ORIUNDO DE CESSÃO FIDUCIÁRIA DE RECEBÍVEIS O QUAL, A TODA EVIDÊNCIA, DEVE SE

SUBMETER AOS EFEITOS DA

RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS, UMA VEZ QUE OSTENTA, NA REALIDADE, NATUREZA JURÍDICA DE PENHOR DE

CRÉDITO. PRECEDENTES

JURISPRUDENCIAIS. INAPLICABILIDADE, À ESPÉCIE, DO DISPOSTO NO ART. 49 §3º DA CF/88. INCIDÊNCIA DO VERBETE SUMULAR Nº 59 DESTA E. CORTE DE JUSTIÇA. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

DECISÃO

Trata-se de agravo de instrumento interposto por BANCO

INDUSTRIAL E COMERCIAL S.A. em face de decisão proferida pelo Juízo de

Direito do 1º Cartório Unificado Cível da Comarca de Niterói/RJ, que, em sede de pleito de recuperação judicial, dentre outras determinações, deferiu o pleito liminar formulado pela agravada para determinar que qualquer instituição

FERNANDO FERNANDY FERNANDES:000029836 Assinado em 15/05/2013 14:55:35

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financeira se abstenha de reter, a qualquer título, os recebíveis disponibilizados em suas contas bancárias, mantendo-as livres para movimentação e procedendo-se à imediata liberação das receitas de referida empresa. Determinou, ainda, a expedição de ofício à terceira empresa (qual seja, à UNIMED), com o intuito de liberá-la de qualquer obrigação relativa ao travamento bancário, podendo a mesma efetuar os pagamentos em nome da agravada ou a quem a mesma livremente determinar.

Aduz o agravante, em síntese, que é credor da agravada em virtude de cédula de crédito bancário firmada entre as partes, consubstanciada na relação causal de empréstimo (mútuo) no valor de R$ 4.400.000,00, garantida mediante a cessão fiduciária de aplicações financeiras e de direitos de crédito, CDB´s e recebíveis da agravada, registradas no 3º Ofício de Títulos e Documentos anteriormente ao requerimento de recuperação judicial, estando, portanto, regularmente constituída na forma do art. 1.361 do NCC e, por isso, excluída dos efeitos da recuperação judicial; que, com a finalidade de assegurar o cumprimento das obrigações assumidas perante a agravante, a recorrida ofereceu em garantia aval de seu sócio, cessão fiduciária de direitos creditórios que possui perante a UNIMED e cessão fiduciária de aplicações financeiras consubstanciadas em CDB´s; que a cessão fiduciária nada mais é do que a alienação fiduciária que tem por objeto direitos creditórios ou títulos de crédito; que o mecanismo da “trava bancária”, consistente na indisponibilidade do objeto da garantia pelo devedor fiduciário, possui previsão legal e contratual; que há entendimentos vacilantes nos Tribunais Estaduais, não havendo, ainda, decisão do E. STJ acerca da natureza do contrato de cessão fiduciária de títulos de crédito e de direitos de crédito (recebíveis), existindo forte corrente doutrinária e jurisprudencial que considera que referida garantia se enquadraria no conceito de propriedade fiduciária como espécie e, assim como nos casos de alienação fiduciária, deve ser excluída da recuperação judicial, nos termos do art. 49 §3º da Lei nº 11.101/05 (princípio da redução do custo do crédito), dispositivo cristalino em mencionar bens móveis e imóveis como exceção aos efeitos da recuperação judicial; que a decisão agravada deve ser nulificada em virtude da ausência de fundamentação, restando violados, portanto, os arts. 93, IX da CF/88; 131, 458, II e 459 do CPC; que direitos de crédito ou recebíveis são bens móveis para os efeitos legais, consoante o art. 83, III do NCC e, por certo, estão abrangidos pelo §3º do art. 49 da Lei nº 11.101/05; que a jurisprudência versa no sentido do acolhimento de sua pretensão; que, pela cessão fiduciária, cria-se uma titularidade fiduciária, ficando os créditos objeto da fidúcia excluídos do patrimônio do devedor fiduciante tão logo seja averbado o contrato no registro competente, razão por que não se insere na recuperação; que excluir da

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recuperação judicial apenas e tão somente o credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, decorrente de contrato de alienação fiduciária, vai de encontro aos princípios cardeais dos títulos de crédito, autonomia privada e eficiência econômica, bem como que as receitas objeto da cessão fiduciária que garante a cédula de crédito bancário estão incluídas no conceito de bem móvel, importando em espécie de transferência de propriedade fiduciária, enquadrando-se, dessa forma, no rol do art. 49 §3º da Lei 11.101/95.

Manifestação do agravado nas fls. 497-512.

Informações prestadas na fl. 516.

Parecer oriundo da D. Procuradoria de Justiça nas fls. 518-522, opinando pelo conhecimento e desprovimento do presente recurso.

Decisão proferida por esta Relatoria nas fls. 524-526, entendendo pela intempestividade do recurso em tela.

Pleito de reconsideração formulado pelo recorrente nas fls. 528-530.

Examinados, decide-se.

Inicialmente, cumpre salientar que, de fato, o presente agravo é tempestivo, vez que a recorrente em apreço somente tomou ciência do pedido de recuperação judicial e, por via de consequência, da prolação da decisão liminar em comento, com a publicação do edital respectivo, ocorrido em 13/07/12 (fls. 482/483).

Assim sendo, reconsidero o teor do decisum de fls. 524-526.

Passa-se à análise do mérito recursal.

As razões recursais não merecem acolhimento, devendo ser mantida, na íntegra, a R. Decisão agravada.

Inicialmente, deve ser rechaçada a alegação de nulidade da decisão recorrida por suposta ausência de fundamentação, não se havendo de falar, na espécie, em violação ao disposto no art. 93, IX da CF/88, vez que a decisão agravada, “apesar de concisa, é suficiente para o entendimento das partes”, consoante bem destacado pelo MP na lauda de nº 520. De fato, de sua simples

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leitura, não advém qualquer dificuldade de interpretação ou compreensão, tendo o I. Juízo a quo declinado, de forma suficiente, os motivos que o levaram à prolação do decisum ora impugnado.

No mérito, melhor sorte não assiste ao recorrente.

Ora, ao contrário do por ele alegado, seu crédito (oriundo de cessão fiduciária de recebíveis/mecanismo de trava bancária) não pode ser enquadrado como propriedade fiduciária de bem móvel, devendo se submeter, portanto, aos efeitos da recuperação judicial (o que é a regra, diga-se de passagem), vez que, na realidade, possui natureza jurídica de penhor de crédito, como muito bem salientado pelo Parquet.

Nesse sentido, confira-se:

“0042658-20.2012.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO

DES. MILTON FERNANDES DE SOUZA - Julgamento: 15/01/2013 - QUINTA CAMARA CIVEL

RECUPERACAO JUDICIAL

CEDULA DE CREDITO BANCARIO SUJEICAO AO PROCESSO DE RECUPERACAO DA EMPRESA

PRINCIPIO DA PRESERVACAO DA EMPRESA PREVALENCIA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. PREVALÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1- A norma insculpida no § 3º do art. 49 da Lei Falimentar, por especificar os créditos excluídos da recuperação judicial, encerra situação de

excepcionalidade, devendo, portanto ser

interpretada restritivamente. 2- Nesse contexto, a propriedade fiduciária de bem móvel referida no aludido preceito não equivale à cessão fiduciária de recebíveis, objeto de garantia prestada pelo devedor em contrato. 3- Situação que, em verdade, configura penhor de crédito - sujeito à recuperação judicial - haja vista que a titularidade dos direitos creditórios não sai da esfera patrimonial do devedor.

0039852-80.2010.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO

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Julgamento: 31/05/2011 - DECIMA NONA CAMARA CIVEL

AGRAVO INOMINADO. ARTIGO 557, § 1º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INTERPOSTO CONTRA A DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. In casu, o agravante almeja a reforma da decisão que

autorizou o levantamento de metade dos

recebíveis, liberando tais verbas do mecanismo conhecido como "trava bancária", o qual objetiva o pagamento dos valores a título de empréstimo, sob a alegação de ser credor fiduciário do crédito cedido, o que o deixaria excluído da recuperação judicial, conforme disposto no artigo 49, § 3º, da Lei 11.101/05. De sorte, que a decisão em apreço respeitou não só a função social do contrato, como consagrou o princípio da recuperação da empresa, haja vista ter respeitado o artigo 47 da Lei 11.101/05, permitindo a restauração da garantia que protege o interesse do credor no prazo de seis meses. Ademais, não se pode olvidar que a transação realizada pelo banco ora agravante com os avalistas acarretou a extensão daquela obrigação à sociedade empresária em recuperação judicial. Nesse diapasão, não se pode olvidar que pela regra do artigo 49, da Lei nº 11.101/2005, todo e qualquer credor está sujeito aos efeitos da recuperação judicial. Deste modo, a norma veiculada pelo § 3º do referido artigo é excepcional, já que afasta a incidência da regra em relação a alguns credores, razão pela qual sua interpretação tem que ser restritiva. No caso em exame, o negócio jurídico celebrado pelas partes é garantido por uma "cessão fiduciária de recebíveis", equivalente a um penhor de crédito, uma vez que cabe ao credor pignoratício cobrar o crédito dado em garantia e reter, da quantia recebida, o que lhe é devido ("trava bancária"). Como bem ponderou o MM. Juízo a quo, o agravante foi considerado credor pignoratício, logo, sujeito a recuperação judicial, o que já foi apreciado, sendo mister o acolhimento da preliminar da coisa julgada da decisão vergastada. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.”

Assim, não merece acolhida a alegação formulada pelo recorrente no sentido de que o mesmo ostentaria a condição de proprietário fiduciário de bens móveis (o que acarretaria, em tese, a atração do art. 49 §3º da Lei de Falências), vez que, nos termos do art. 1.361 do CC/02, a coisa em tela teria que ser infungível, o que, a toda evidência, não ocorre na hipótese em apreço.

Dessa forma, tem-se que a cessão fiduciária de títulos de crédito não se encontra abarcada pela exceção prevista no art. 49 §3º da Lei de

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Falências (Lei nº 11.101/05), sujeitando-se, assim, repita-se, aos efeitos da recuperação judicial.

Acresça-se a isso que, consoante muito bem colocado pelo I. Juízo a quo na fl. 466, “A nova legislação em comento objetiva a reorganização das empresas que, nada obstante a crise instaurada, têm condições de superá-la, atingindo o fim social a que se destinam”.

Entendimento contrário acabaria por acarretar violação ao princípio da paridade dos credores dentro do plano de recuperação judicial, bem como aos princípios da preservação da empresa e função social do contrato, inviabilizando o próprio instituto. A liberação do mecanismo da trava bancária em sede de recuperação judicial, em última análise, é medida imprescindível para que se possibilite o sucesso da própria recuperação em si, atendendo, assim, à finalidade da lei.

Incide, no caso, o disposto na súmula nº 59 dessa E. Corte de Justiça, in verbis:

“Somente se reforma a decisão concessiva ou não da antecipação de tutela, se teratológica, contraria à Lei ou à evidente prova dos autos.”

A decisão agravada, ao menos em um juízo de cognição sumária, não destoa dos elementos trazidos à apreciação dessa instância, não se mostrando teratológica, contrária à lei ou à evidente prova dos autos, motivo pelo qual deve ser integralmente mantida.

Por tais fundamentos e com fulcro no art. 557, caput, do CPC, conhece-se do presente recurso para negar-lhe seguimento, ficando mantida, na íntegra, a R. Decisão agravada.

Rio de Janeiro, 14 de maio de 2013.

FERNANDO FERNADY FERNANDES DESEMBARGADOR RELATOR

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