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SENTENÇA. Acostou os documentos de folhas 13/45.

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Academic year: 2021

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SENTENÇA

RAFAEL DE CASTRO ARCANJO DA SILVA aforou a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO em desfavor de JHONATAN ALVES FERREIRA e RAILANDER ROSSINE OLIVEIRA COSTA, partes qualificadas.

Em síntese, narra que no dia 13/02/2.014, por volta das 18hs30min., foi vítima de uma tentativa de homicídio praticada pelos Requeridos, do que advieram vários danos corporais e morais.

Pede a condenação dos Réus ao pagamento de indenização por danos morais em R$ 100.000,00 (cem mil reais) e a título de dano corporal e físico no mesmo valor. Por fim, ao pagamento de pensão mensal de um salário-mínimo até a sua retomada da capacidade de trabalhar ou quando completar 65 anos de idade.

Acostou os documentos de folhas 13/45.

O primeiro Réu foi pessoalmente citado (folha 65), apresentou a contestação de folhas 71//75, mas, no porém, não regularizou a sua capacidade postulatória, embora tenha sido provocado a fazê-lo (fls. 158 e 161).

O segundo Réu foi citado por edital (folhas 138/141), vindo a contestação por curador especial às folhas 145/146).

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O Autor não impugnou a contestação (folha 154).

O processo foi suspenso por um ano (folha 162). Documentos às folhas 169/182.

Acerca da produção de provas, provocadas, as Partes optaram pelo silêncio (folhas 183/185).

É o relatório. Decido.

O feito comporta julgamento no estado em que se encontra, porquanto a questão fática relevante ao julgamento da lide já se encontra demonstrada pelas provas constantes dos autos, e também porque a Ré é revel, sendo prescindível a produção de prova (art. 355, I e II, do CPC). Ademais, a este respeito, imperou o silêncio das Partes.

No mérito, trata-se de ação de reparação de danos materiais, morais e corporais em que a parte Autora acusa os Requeridos da prática de crime de homicídio na forma tentada, causando-lhe danos em sua saúde física e personalidade.

Como se sabe, a responsabilidade civil tem como pressupostos a existência de ação/omissão dolosa ou culposa, violação de direito de outrem (ato ilícito), dano e nexo causal.

É o que dispõe os artigos 186 e 927 do Código Civil:

Art. 186. "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".

Art. 927: "Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".

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No caso em testilha, o primeiro Réu foi citado para os termos desta ação e não apresentou defesa de qualquer espécie.

Impõe-se a aplicação do art. 344 do CPC que preceitua:

?Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

Ademais, o pedido inicial encontra-se corroborado pelos documentos jungidos à inicial, com destaque para o inquérito policial (fls. 18/42).

Para arrematar, conta com a fotocópia da decisão de pronúncia juntada às folhas 172/181, oportunidade em que o Juízo da 2ª Vara Criminal de Itumbiara reconheceu a prática ilícita imputada aos Réus (materialidade e autoria), cuidando-se de crime de homicídio circunstanciado na forma tentada.

Resta portanto, comprovado o ato ilícito.

Acerca dos danos morais, é indene de discussão o crime de homicídio tentado, em grupo, levado a cabo por meio do disparo de arma de fogo a atingir região vital do corpo humano, como é o presente caso, somado à necessidade de tratamento de saúde, causa extraordinário trauma psicológico, cuidando-se de dano in re ipsa, a justificar a indenização pecuniária pretendida.

A propósito, na jurisprudência:

APELAÇÃO CRIMINAL. ... CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. POSSIBILIDADE. A disposição contida no art. 387, inciso IV, do CPP é clara no sentido de que o magistrado, ao prolatar o édito condenatório, ?fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido?, com vistas a promover a recomposição do prejuízo gerado pelo comportamento do autor

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do fato, não se limitando à natureza material, podendo ser de qualquer espécie, inclusive moral e estética. ... RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO, APELACAO CRIMINAL 113709-88.2016.8.09.0175, Rel. DES. CARMECY ROSA MARIA A. DE OLIVEIRA, 2A CAMARA CRIMINAL, julgado em 03/08/2017, DJe 2336 de 25/08/2017)

APELAÇÃO CRIMINAL. ... 3. CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. POSSIBILIDADE. A disposição contida no art. 387, inciso IV, do CPP é clara no sentido de que o magistrado, ao prolatar o édito condenatório, ?fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido?, com vistas a promover a recomposição do prejuízo gerado pelo comportamento do autor do fato, não se limitando à natureza material, podendo ser de qualquer espécie, inclusive moral e estética. Considerando as peculiaridades do caso, as consequências do delito, o grau de culpa do agente e a sua condição financeira, em aplicação aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, mantenho o valor da condenação. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO, APELACAO CRIMINAL 175848-76.2016.8.09.0175, Rel. DES. CARMECY ROSA MARIA A. DE OLIVEIRA, 2A CAMARA CRIMINAL, julgado em 27/07/2017, DJe 2324 de 08/08/2017).

Assim a responsabilização pelo dano moral faz-se necessária e urgente, tanto para reparar o, Autor pelos prejuízos sofridos, quanto para punir os Réus pela grave conduta realizada, com vistas ao fim pedagógico do instituto.

Quanto à fixação do quantum debeatur pelo dano moral, trata-se de incumbência do magistrado, que deve fundamentar o arbitramento na equidade e em diretrizes estabelecidas pela doutrina e jurisprudência, atuando com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso.

Atento ao caso em testilha, não há elementos a externar a condição financeira das Partes. No entanto, diante da gravidade da conduta e dos danos, em juízo de proporcionalidade, arbitro o valor indenizável em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), esclarecendo que, defrontando-se com ilício extracontratual, os juros de mora deverão incidir a partir da data do crime, enquanto a correção monetária terá como termo a quo o dia de hoje (verbete sumular de número 362, do STJ).

Noutro rumo, não prospera a pretensão ao recebimento de indenização por danos corporais, estéticos e à pensão.

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Com efeito, o Autor sequer descreveu concretamente as sequelas sofridas, não se podendo presumir também a ocorrência de incapacitação para o trabalho, sendo devido observar que não há nem mesmo notícia de rompimento do vínculo laboral vigente à época do crime.

Ademais, provocado a produção de provas, optou pelo silêncio, tornando inviável o pedido neste sentido.

É o que basta.

Ante o exposto na forma do artigo 487, I, do Código de Processo Civil, JULGO, PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, para CONDENAR os Réus, em solidariedade, ao pagamento da quantia de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), a título de danos morais, com juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir da data do fato (13/02/2.014), e correção monetária, pelo INPC, a partir da publicação desta sentença, na forma dos verbetes de súmula números 54 e 362, do Superior Tribunal de Justiça.

Custas, despesas e honorários pelos Requeridos, estes no valor correspondente a 10% (dez por cento) do valor da condenação.

Em favor do curador especial nomeado, arbitro honorários advocatícios, por conta da Fazenda Pública Estadual, correspondentes a 02 (duas) UHDs.

Transitada em julgado, deverá a parte interessada ser intimada a, no prazo de 15 (quinze) dias, dar início à fase de cumprimento de sentença, observando-se o comando do artigo 524 do Código de Processo Civil, sob pena de arquivamento.

Publique. Registre-se. Intime-se.

Cumpram-se.

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Sílvio Jacinto Pereira Juiz de Direito

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