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VESTÍGIOS DA ROMANIZAÇÃO

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Academic year: 2021

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VESTÍGIOS DA ROMANIZAÇÃO

APRESENTAÇÃO GERAL DE ITINERÁRIO

Um dos vínculos da relação entre as cidades que compõem o Arco Atlântico é a importância que teve a civilização romana na sua origem e desenvolvimento. Gijón, Faro (Ossonoba), Bordéus (Burdigala), Rennes (Condate) e Nantes foram núcleos destacados na época romana. Outras cidades como Jerez de la Frontera ou Nantes tiveram nas suas redondezas, marcas significativas tais como Baelo Claudia e Hasta Regia em Jerez ou Rezé em Nantes.

No entanto, os testemunhos desta presença romana são desiguais. Se nos jazigos como Baelo

Claudia – que surgiu muito vinculada à sua posição atlântica –, se conservam restos de um

número elevado de elementos da cidade romana: fórum, templos, termas, aqueduto, muralhas…, no resto, os vestígios de Roma são menores embora as escavações sistemáticas realizadas tenham oferecido um magnífico material que enriqueceu ou gerou as colecções romanas dos museus públicos destas cidades.

Fragmentos de muralhas são os vestígios mais frequentes. É o caso das cidades de Gijón, Nantes e Rennes. Em Bordéus, conservam-se restos do anfiteatro e de uma necrópole romana. O caso da muralha próxima de Glasgow é especial dado que se trata de uma fronteira territorial do império.

O itinerário romano proposto é sem dúvida mais rico no caso das “Villae”. Estas são exponentes de uma forma de vida agrária muito presente nos últimos anos da época romana. Um percurso pelas vilas romanas vinculadas às cidades propostas, iniciar-se-ia na Vila de Chatillon-sur-seiche nos arredores de Rennes e continuaria com as de Montcaret e Lause em Bordéus. Em Gijón, encontram-se exemplos como Veranes e as Murias de Beloño, enquanto que em território português as Vilas de Milreu e Cerro da Vila nas imediações de Faro terminariam esta rota.

As termas, como indicador chave de um modo de vida romana, aparecem na maioria dos enclaves seleccionados, tanto nas vilas citadas como em recintos urbanos (Gijón, Baelo

Claudia) ou em acampamentos militares (Beardsen).

Incluíram-se no itinerário tanto os museus onde se conservam as colecções arqueológicas romanas como os jazigos abertos ao público. Entre os primeiros, encontram-se a Torre del Reloj (Gijón), o Museu Arqueológico de Jerez, o Museu Municipal de Faro, o Museu da Aquitânia (Bordéus), o Museu da Bretanha (Rennes), o Museu Dobrée (Nantes) e o Museu Hunterian (Glasgow). No que diz respeito aos jazigos ou museu de sítio, podem mencionar-se: Parque Arqueológico –Natural da Campa de Torres e Termas Romanas (Gijón), Baelo Claudia (Cádiz), Milreu e Cerro da Vila (Faro), Chatillon-sur-seiche (Rennes), Montcaret e Vesunna (Bordéus) e Bearsden (Glasgow).

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GIJÓN

Embora não se possa determinar com precisão o momento em que os romanos se instalaram nas Astúrias, pode-se afirmar que a ocupação foi progressiva, impondo-se em alguns aspectos como o administrativo e fiscal, ainda que noutros tenha sido muito mais flexível. O primeiro local que os romanos ocuparam em Gijón foi o Castro de la Campa de Torres. Criando, num momento posterior, um novo núcleo em Cimadevilla que daria origem à actual cidade de Gijón.

Parque arqueológico-Natural da Campa de Torres.

Neste lugar, podemos apreciar os restos de uma povoação da época pré-romana que foi posteriormente romanizada. Conta com seu próprio museu e com uma exposição permanente na qual se exibem os materiais procedentes das escavações arqueológicas realizadas no jazigo.

Jazigo-museu das Termas Romanas de Campo Valdés.

Surge após a escavação sistemática do jazigo arqueológico. Neste lugar, pode-se observar as ruínas da muralha tardo romana que cercava a cidade, ainda que, o ponto de maior destaque, seja a visita aos restos das termas onde se pode percorrer as diferentes divisões que configuram o complexo termal.

Torre del Reloj.

Nesta instalou-se uma exposição permanente sobre a história da cidade na qual, nos três primeiros pisos, se podem observar materiais da época romana aparecidos nas escavações realizadas na cidade.

As Vilas da Ruta de la Plata

Entre os vestígios mais destacados deixados pela romanização na cidade de Gijón, encontram-se os “villae” erguidas em dois lugares muito próximos dos arredores da cidade.

A vila de Murias de Beloño. No jazigo, podem-se distinguir as três zonas nas quais estava dividida a vila: pars urbana, pars rústica e complexo termal. O jazigo encontra-se numa propriedade privada e de momento não se pode visitar.

A vila romana de Veranes. O jazigo de Veranes encontra-se em processo de escavação e para o mesmo existe um projecto para adequar a ruína de modo a facilitar a visita ao público. Embora a vila tenha um período de ocupação muito prolongado, que se estendeu até à Idade Média, conserva importantes restos da época romana que indicam a existência de uma importante vila da época baixo-imperial.

JEREZ DE LA FRONTERA

Museu Arqueológico de Jerez. Tem sua origem nas descobertas do jazigo de Mesas de Asta,

a antiga Asta Regia, que enriqueceram e incrementaram os bens do museu. Nas salas 4, 5, e 6, podem-se encontrar objectos procedentes desta escavação: ânforas, esculturas, lápides e estelas funerárias.

Vestígios fundamentais da romanização na província de Cádiz são os restos arqueológicos da

Cidade de Baelo Claudia, ponto de referência essencial no nosso itinerário romano pelas

cidades do Arco Atlântico. A cidade surgiu como uma imensa fábrica de conservas e salga de peixe, especialmente de atum, que se exportava para todo o mediterrâneo romano. Fundada, possivelmente no século II aC., estende-se até ao século VII da nossa era. No jazigo, podemos contemplar todos os elementos representativos de uma cidade romana: fórum, templos capitolinos, templo de Isis, mercado, teatro, termas, ruas, aquedutos e muralhas. Nas termas, podem-se observar os sistemas de aquecimento e distribuição de água e ar quente, constantes nos pavimentos falsos segurados por arcos de ladrilho. Condutas de cerâmica destinadas às piscinas.

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FARO

A cidade de Faro, de fundação fenícia, era conhecida na época romana como Ossonoba e teve nestes anos um importante desenvolvimento. Os romanos aproveitaram a organização indígena e sua excelente localização para elegê-la como capital de civitas, formada por um vasto território composto por uma cidade principal e diversas vilas especializadas em actividades agrícolas e marítimas.

Museu Arqueológico Infante Dom Henrique. Museu Municipal. Localizado no Convento de

Nossa Senhora de Assunção. Entre muitas outras colecções destaca-se a de Arqueologia romana com peças como o Mosaico do Oceano, as lápides com inscrições de Ossonoba e bustos de imperadores romanos. A maioria destas descobertas provém do jazigo arqueológico de Milreu. A presença de motivos marinhos nas moedas e mosaicos testemunhavam a importância do mar como recurso económico da região.

Vila romana de Milreu. Estoi / Faro. A 9 quilómetros a norte de Faro. O jazigo apresenta um

complexo de edificações do século III constituído por uma casa senhorial de grandes dimensões, instalações agrícolas, um balneário e um templo. A vila organiza-se em volta de um peristilo central com 22 colunas que rodeia um pátio aberto com jardim e tanque de água. No pavimento do peristilo, conservam-se mosaicos que representam temas marinhos. A este do peristilo, encontram-se as termas com a tradicional divisão de apodyterium, frigidarium e

caldarium. São de especial interesse os mosaicos que decoram estes espaços com

representações de peixes e motivos geométricos. Durante as escavações apareceram restos de esculturas em mármore em relativo bom estado de conservação. Trata-se de bustos imperiais que não são habituais numa vila: a imperatriz Agripina, o imperador Adriano e o imperador Galieno.

Neste conjunto, destacam-se os vestígios de um santuário aquático (Ninfeo) de época romana tardia. Neste templo, destaca-se a cella rematada por uma abside e com pavimento de mosaico no qual se voltam a repetir as representações dos vistosos peixes. Na época paleocristiana e visigoda, o edifício foi utilizado como igreja.

Vila romana de Cerro da Vila. Vilamoura / Faro. Séculos I-III. Centro de recepção e

interpretação.

Vila rústica pertencente ao território de Ossonoba (Faro). Sua primitiva ocupação remonta à primeira metade do século I dC. Sua localização relaciona-se com os recursos marítimos e o comércio da zona, estando abastecida por uma barragem construída a dois quilómetros de distância. A estructura desta vila era a tradicional, com um pátio central em torno do qual se desenvolviam o resto das dependências. Nas escavações realizadas, apareceram uma grande quantidade de peças: ânforas, lucernas, cerâmica e pequenos objectos de vidro.

Nas suas imediações, levantou-se um museu de sítio com uma exposição monográfica e recepção de visitantes.

BORDÉUS

A cidade galo-romana, denominada Burdigala, converte-se em capital administrativa da Aquitânia. Sob o efeito da romanização, um primeiro urbanismo estabelece dois eixos da cidade mercado. Adorna-se então com importantes monumentos (anfiteatro, templos, aqueduto).

O Museu da Aquitânia. Revive a história da região desde a pré-história aos nossos dias. Nas

suas salas dedicadas ao período romano, conservam-se magníficos testemunhos da Burdigala romana assim como de outros jazigos próximos como Montcaret e Sanguinet: mosaicos, esculturas, estelas funerárias, cerâmica e numismática.

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Palais Gallien. Restos do anfiteatro romano. É o único monumento visível que se conserva da

cidade galo-romana. Construído a meados do século II, deste anfiteatro só resta a terceira parte que mede 115 por 110 metros.

A Cripta arqueológica de Saint-Seurin. 400m de escavações arqueológicas onde

apareceram vestígios de uma necrópole romana com suas habitações funerárias, seus sarcófagos e suas pinturas murais.

Vila romana de Lause. Sanguinet. Estamos perante uma vila litoral cujas ruínas se

encontravam submersas a sete metros de profundidade. Os abundantes objectos móveis resgatados nas escavações realizadas (cerâmica, moedas, jóias…) exibem-se no Museu Municipal de Sanguinet, povoação próxima do estabelecimento.

Vila romana de Montcaret. Escavações realizadas entre 1922 e 1939 por Jules Formigné.

Sua disposição é de tipo greco-romano. As escavações da parte residencial da vila descobriram um triclinium com um sistema de aquecimento por hypocaustum, uma vasta sala de recepção e banhos privados. O frigidarium tem mosaico com decorações aquáticas.

Vesunna. (Ponto de referência intermédio em Perigueux). Desenhado pelo arquitecto Jean

Nouvel, o museu revela os restos de uma domus galo-romana descoberta em 1959 e reconstrói a história de Vesone, cidade romana situada no actual Périgueux. Interessante projecto museográfico. Inaugurado em 2003. Pátio central de paredes de vidro no qual se inserem os restos da residência. Graças a um jogo de passarelas de madeira pode-se passear por dentro da casa, descobrindo objectos e maquetas que evocam a vida quotidiana da antiga Roma.

RENNES

A cidade converteu-se no ano 52 aC. na capital da civitas aquando da sua submissão pelos romanos, transformando-se numa próspera cidade galo-romana denominada Condate.

Restos das muralhas do Alto e do Baixo-Império.

Conserva-se um fragmento da muralha galo-romana situada entre as praças dos Lycées e a de Rallier du Baty, testemunho do conjunto edificado no século III durante a ocupação romana. Vestígios do estabelecimento termal, atelier de cerâmica, da forja, e metalúrgico. Passa de capital de uma circunscrição administrativa a um centro comercial.

Museu da Bretanha. As colecções arqueológicas romanas deste museu procedem de antigas

colecções e das escavações recentes nesta região, incluindo o jazigo de Châtillon-sur-Seiche. Compreendem capacetes, lápides, esculturas, ânforas, numismática…

Vila de Châtillon-sur-Seiche. Encontra-se nesta localidade. Situada no centro do vale de

Rennes. As escavações (de 1984 a 1988), revelaram a presença de um domínio agrícola. Uma modesta granja do século I converteu-se em palácio rústico no século III. A vila tem uma organização dispersa em redor de um pátio fechado. O edifício principal e residencial tem uma longitude de 40m e uma galeria na fachada. Os materiais utilizados são o almofariz em pedra calcária, o ladrilho e a telha. É um conjunto termal provido de aquecimento através de um sistema de hipocaustum. No exterior, descobriu-se a casa do administrador, um celeiro, uma adega e um moinho.

NANTES

Na época galo-romana, a cidade estava vinculada ao porto “Portus Namnetum” denominação utilizada até ao século III. No entanto, no baixo-império denominar-se-ia Namnetis. Muito

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próxima de Nantes, do outro lado do rio Loire, encontrava-se Ratiatum, a actual Rezé, fundada entre 20 aC. e 10 dC.

As muralhas da zona este de Nantes foram traçadas pelos galo-romanos. Foram reconstruídas e viram ampliado seu perímetro na Idade Média. Neste lugar encontra-se o Castelo dos Duques da Bretanha. Desta antiga muralha da época romana, só se conservam uns fragmentos a sul da Torre de Saint Pierre.

Museu Arqueológico e Museu Dobrée. No segundo piso, estão as colecções procedentes

das escavações realizadas em Nantes e Rezé no final do século XIX e durante o século XX. Lapidário, cerâmica, objectos da vida quotidiana, jóias.

GLASGOW

A presença dos romanos no território escocês está marcada pela construção da muralha de Antonino Pio, que serviria de fronteira ao império. As escavações em volta da muralha levaram à luz do dia um rico património que se encontra em conservação num dos principais museus de Glasgow.

-Hunterian Museum. Entre suas colecções está a denominada “Os romanos na Escócia: o avanço de um império”. A exposição conta a história da presença romana na Escócia durante o primeiro e segundo século aC.; com incidência na fronteira tendo como significado a Muralha de Antonino Pío e a vida dos soldados ao longo desta linha. A colecção aparece dividida em várias secções: Vida na fronteira, Religião, A muralha Antonina, Exército em campanha e Retirada.

-A muralha Antonina e as termas de Bearsden. Em redor da muralha Antonina, aparecem os principais vestígios da romanização na Escócia. A vida dos soldados romanos desenrola-se nos acampamentos como o de Rough Castle rodeado por um duplo sistema de fossos. Anexo à fortificação encontrava-se o edifício das termas sempre tão presentes na cultura romana. Estas termas contavam com sete dependências relacionadas com a funcionalidade do imóvel (vestuário, casa de banho fria, duas casas de banho quente, etc.). Outros acampamentos, surgidos em torno a esta muralha e a outra anterior que se deve ao imperador Adriano, são Housesteads e Ardoch.

Referências

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