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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA EM ADULTOS PORTADORES DE HÉRNIA DE DISCO LOMBAR

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Academic year: 2021

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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA EM

ADULTOS PORTADORES DE HÉRNIA DE DISCO LOMBAR

Rodrigo Torma

1

, Cíntia H. Ritzel

1

, Marco A. Vaz

1

.

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Laboratório de Pesquisa do Exercício - Lapex - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - POA - RS.

Resumo: Os benefícios da prática regular de treinamento de força têm sido estudados em inúmeros trabalhos, e sua aplicabilidade e eficácia em populações especiais. Este estudo tem por objetivo investigar os efeitos de um programa de treinamento de força em indivíduos portadores de hérnia de disco lombar. A massa muscular e o percentual de gordura foram avaliados e, dezesseis sujeitos pré e após 10 semanas de treinamento de força, e em oito sujeitos do grupo controle. Os indivíduos do grupo treinamento apresentaram aumento na massa muscular e redução no percentual de gordura comparando-se as avaliações pré e pós-treinamento (p<0,05). Não foram encontradas diferenças nessas variáveis no grupo controle. Os resultados sugerem que a prática de treinamento de força produz resultados satisfatórios para os parâmetros avaliados.

Palavras-chave: Hérnia de disco, dor lombar, treinamento de força.

Abstract: The benefits of a regular strength-training program and its efficacy and applicability in special populations have received attention in several studies. The purpose of this study was to evaluate muscle mass and fat free mass in twenty-four subjects with low back pain. Sixteen subjects were assessed before and after a 10-weeks training period. Eight subjects participated in the control group and were evaluated with the same interval of the experimental group. Muscle mass increased and fat mass percentage decreased (p<0.05) from pre- to post-training in the experimental group. No changes were observed in the control group between tests. The results show that the strength-training program produced satisfactory results for the assessed parameters, despite the wrong belief that strength training should be avoided with low-back pain patients.

Keywords: lumbar disc herniation, low- back pain, strength training.

INTRODUÇÃO

A discopatia é uma doença que pode ser descrita como uma saliência, hérnia, ruptura, deslizamento, degeneração ou extrusão, que ocorre no disco intervertebral [1]. Essa doença está relacionada com a ruptura de fibras do anel fibroso do dosco intervertebral, permitindo ou não a extrusão ou protusão do centro do disco (núcleo pulposo).

O grau de deslocamento do núcleo está associado ao grau da dor lombar. Quando as camadas do anel se rompem em camadas sucessivas, o espaço entre elas é ocupado por gel fluido. Essa ruptura do anel determina um aumento do volume do disco protusado, resultando em aumento da dor referida [2].

O treinamento de força tem sido contra-indicado para pacientes com problemas ósteo-articulares e portadores de discopatias. Acredita-se que os discos intervertebrais sejam submetidos a sobrecargas exageradas quando o corpo é submetido ao levantamento de pesos [3]. Entretanto, exercícios de força tem sido indicados em programas de reabilitação [4, 5], devido às adaptações neuromusculares obtidas com o treinamento. Essas adaptações incluem a melhora na coordenação de movimentos e a hipertrofia muscular.

O uso de exercícios para o tratamento de lombalgias e discopatias resulta em maior eficiência na reabilitação, com enfoque na variação da freqüência, duração e intensidade dos exercícios [4, 6]. Resultados positivos em relação as

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lombalgias foram encontrados em estudos que utilizaram programas de treinamento de força muscular [7]. Exercícios de fortalecimento muscular têm sido indicados na reabilitação de doenças degenerativas discais [4, 8].

Tratamentos fisioterapêuticos de curta duração têm resultados limitados, e os melhores ganhos têm sido obtidos com intervenções de longa duração, em torno de três meses [9]. Entretanto, as adaptações neurais e morfológicas obtidas com um tratamento fisioterapêutico de longa duração podem se perder facilmente com o retorno do paciente às suas atividades de vida diária, quando o mesmo não realiza a prática regular de exercícios físicos.

De acordo com o princípio da

reversibilidade [10], as adaptações ocorrem ao longo do tempo desde que o treinamento seja contínuo, pois a interrupção do treinamento leva a reversibilidade das adaptações ocorridas, levando ao destreino, o qual costuma ocorrer mais rápido que o treinamento. Portanto, a continuidade de um trabalho de força estruturado para consolidar o processo de adaptação seria uma boa alternativa para levar o paciente de discopatia a ter uma vida normal, prevenindo e/ou reduzindo as crises e a incidência de dor.

O treinamento de força, se bem estruturado, pode levar a inúmeros benefícios, tais como aumento da força e hipertrofia musculares, aumento de massa livre de gordura e diminuição de massa gorda, melhora na amplitude de movimentos e melhora na qualidade de vida [11].

Além disso, estudos indicam que exercícios de extensão do tronco têm uma importância primordial no tratamento das discopatias [12]. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de um programa de treinamento de força no

percentual de gordura e na massa muscular em sujeitos com diagnóstico de hérnia de disco lombar.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo é de caráter investigativo quase-experimental. Após o diagnóstico clínico por médico especialista da presença de hérnia de disco lombar, os pacientes foram encaminhados a uma clínica de fisioterapia para a realização de tratamento conservador. Os pacientes foram convidados a participar voluntariamente da pesquisa. Pacientes que não demonstraram interesse em participar do programa de treinamento foram convidados a participar do grupo controle. A partir dessa metodologia, foram selecionados 16 sujeitos para o grupo experimental (ou grupo de treinamento) e 8 para o grupo controle.

Avaliação de massa muscular e percentual de gordura foram realizadas com o uso de protocolos para mensuração das dobras cutâneas, perimetria, diâmetros ósseos, altura e massa corporal [13, 14]. A partir da densidade corporal obtida por meio dos protocolos antropométricos foi efetuado o fracionamento corporal a fim de se obter os dados de massa muscular e percentual de gordura.

As avaliações foram realizadas no pré e pós-treinamento para o grupo experimental; e para o grupo controle foram realizadas avaliações nas semanas 1 e 10.

Antes da sessão de treinamento todos os sujeitos realizaram um alongamento para cada grupo muscular a ser treinado, totalizando 10 alongamentos. Além disso, a pressão arterial e a

freqüência cardíaca dos pacientes foram

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Tabela 1: Periodização do programa de treinamento de 10 semanas em microciclos. Variável 1 o microciclo 2o microciclo 3o microciclo

Carga moderada moderada alta

% 1 RM 50% 50-65% 75% Séries 2 2 3 Repetições 12 a 15 15 a 25 6 a 12 Intervalo entre séries 30s e 60s 30s a 90s 60s a 90s Velocidade Execução

moderada moderada lenta

Sessões treinamento

10 10 10

Respiração livre ativa ativa

O programa de treinamento de musculação consistiu em 30 sessões, com freqüência de três sessões semanais e intervalo de um ou dois dias entre as sessões (tabela 1). O programa foi composto pelos seguintes exercícios: supino reto, puxada pela frente fechada, abdominal, extensão de tronco, voador invertido, rosca bíceps, tríceps testa, leg press, extensão de joelhos, flexão de joelhos, abdução de quadril e adução de quadril [15, 16].

Esses exercícios, assim como a sobrecarga do treinamento, foram adaptados às necessidades individuais de cada paciente, de acordo com o nível de dor que cada um apresentava em cada sessão de treinamento. Portanto, a metodologia utilizada em cada sessão de treinamento sofreu pequenos ajustes individuais, apesar de se ter procurado manter a mesma metodologia para o

grupo treinamento ao longo das 10 semanas de treino.

Os dados de porcentagem de gordura e massa corporal foram comparados entre os grupos no pré e no pós-treinamento por meio de um test-t para amostras independentes. Na comparação intra-grupos, os dados pré e pós-treinamento para o grupo treinado e teste 1 e 2 para o grupo controle foi utilizado o test-t pareado. Todas as análises foram realizadas com o programa SPSS 13. O nível de significância adotado para todas as análises foi de p<0,05.

RESULTADOS

Um aumento da massa muscular foi

observado quando se comparou o grupo

treinamento

nos

períodos

pré

e

pós-treinamento. O mesmo não ocorreu para o

grupo controle na comparação dos testes da

semana 1 e 10 (Figura1).

Figura 1. Dados da massa muscular (kg) avaliados na semana 1 (pré) e 10 (pós), nos grupos treinamento (GT) e controle (GC);

*

=p<0,05.

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GT

GC

m

a

ss

a

m

u

sc

(

K

g

)

pré (1 sem) pós (10 sem) *

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25

26

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GT

GC

m

a

ss

a

m

u

sc

(

K

g

)

pré (1 sem) pós (10 sem) *

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Na comparação do percentual de

gordura, foi encontrada uma redução para o

grupo treinamento na comparação entre o pré e

pós-treinamento, mas não houve diferença

nessa variável para o grupo controle (Figura

2).

Figura 2. Dados de percentual de gordura avaliados nas semanas 1 e 10 dos grupos treinamento (GT) e controle (GC);

*

=p<0,05.

DISCUSSÃO

O treinamento de força realizado com a freqüência e intensidade propostas na literatura para sujeitos saudáveis aumenta a massa muscular e diminui o percentual de gordura. No entanto, quando se realizam adaptações no treinamento de acordo com a individualidade biológica de populações especiais, estes resultados podem não ser encontrados.

Nosso protocolo de exercícios teve de ser adaptado para cada um dos pacientes, tendo em vista a incidência de dor lombar de cada paciente no dia de treinamento. Apesar dessas pequenas adaptações à individualidade biológica de cada um dos pacientes, nossos resultados demonstram que,

mesmo adaptando os exercícios para as

necessidades dos pacientes, todos puderam se beneficiar destas melhoras.

Estes resultados

estão de acordo com os resultados encontrados

após o treinamento de força com sujeitos

saudáveis [11, 17, 18, 19, 20].

Existe uma influência benéfica da prática

de exercícios no tratamento de algias

vertebrais, doenças degenerativas discais e

lombalgias. Os exercícios utilizados em nosso

programa de treinamento não trouxe nenhuma

piora dos quadros de dor a partir de consulta

verbal a todos os pacientes do grupo de

treinamento ao longo das 10 semanas de

tratamento.

Apesar da resistência na utilização de

exercícios de força em programas de atividade

física para pacientes com lombalgias e hérnias

discais, devido à possibilidade das forças

aplicadas durante os exercícios sobre o local

de herniação produzirem uma piora do quadro

clínico, quando bem planejados e aplicados

adequadamente, os exercícios de força podem

ser indicados para fazer parte de programas de

reabilitação de pacientes com hérnia de disco

[4, 5].

CONCLUSÃO

O treinamento de força de 10 semanas aumentou a massa muscular e diminuiu o percentual de gordura em indivíduos com diagnóstico de hérnia de disco lombar.

REFERÊNCIAS

[1]Cailliet, R. Síndrome da Dor Lombar. 5º edição, Porto Alegre - RS - Brasil, Artmed, 2001.

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GT

GC

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pré (1 sem) pós (10 sem) *

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pré (1 sem) pós (10 sem) *

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[2]McKenzie RA. A Physical Therapy Perspective on Acute Spinal Disorders. In Mayer, TG, Mooney, V, and Gatchel, RJ. Contemporary

Conservative Care for Painful Spinal

Disorders. Lea & Febiger, Philadelphia, 1991. [3]Knoplich J. Viva bem Com a Coluna que Você

Tem. 7ª edição, São Paulo, Ibrasa, 1982. [4]Bisschop P. Lumbar Instability: Consequences

for the Physiotherapist. A System of Orthopaedic Medicine. 2ª ed, Churchill Livingstone, 2003.

[5]Descarreaux M, Blouin JS, Teasdale N. Isometric Force Production Parameters During Normal and Experimental Low Back Pain Conditions. BMC Musculoskeletal Disorders. 2005; 6.

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Componentes da Aptidão Física e sua Influência sobre a Prevalência de Lombalgia. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2003; v. 11, n° 2.

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[9]Selkowitz DM, Kulig K, Poppert EM, Flanagan SP, Matthews ND, Beneck GJ, Popovich JM, Lona JR, Yamada KA, Burke WS, Ervin C, Powers CM. The Immediate and Long-Term Effects of Exercise and Patient Education on Physical, Functional, and Quality-of-Life Outcome Measures After Single Level Lumbar Microdiscectomy: A Randomized Controlled

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Referências

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