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CADERNO: ECONOMIA
DATA: 27.02.2011
O Estado de S. Paulo - SP
27/02/2011 - 09:25
Empresas ''laçam'' mão de obra na rua
Carro de som e tendas, além de programas de incentivo de volta à terra natal, são usados para atenuar falta de trabalhador qualificado
Márcia De Chiara
Grandes redes de varejo e indústrias disputam mão de obra a laço para preencher vagas fora dos grandes centros do País. A escassez de trabalhadores qualificados no Nordeste e Centro-Oeste fez com que as empresas optassem por saídas inusitadas para recrutar pessoal.
"Estamos usando a técnica do circo, que põe um carro de som circulando pelas ruas avisando que chegou à cidade, para recrutar trabalhadores", conta Amarildo Carlos Rodrigues, gerente de Recursos Humanos da unidade de Rio Verde, em Goiás, da BRF Brasil Foods, empresa que é a união da Sadia com a Perdigão.
Desde a metade do ano passado, a companhia decidiu ir literalmente às ruas para contratar trabalhadores a fim de suportar os planos de expansão da fábrica em Mineiros (GO), que concentra a produção de perus, e de Rio Verde, onde estão os industrializados de aves, suínos e rações.
Rodrigues, idealizador do projeto, conta que colocou carros de som e montou tendas de recrutamento em bairros mais populosos porque constatou que o público que ele procurava não lia jornal e, no caso do rádio, cada um ouvia uma estação. O resultado do recrutamento foi surpreendente: conseguiu nos últimos três meses contratar 1.100 trabalhadores em Rio Verde e 500 em Mineiros.
"Para muita gente este é o primeiro emprego", afirma o gerente. Pesquisa feita com os contratados revela que 60% deles nunca tinham trabalhado com carteira assinada anteriormente.
Esse é o caso de Inês Barbosa Marinho Neta, de 28 anos, que foi contratada em janeiro para trabalhar na sala de corte de chester. "O carro de som passou na porta da minha casa", conta ela, lembrando que foi assim que ficou sabendo que a empresa estava admitindo. Anteriormente, Inês tinha trabalhado como empregada doméstica, ganhava R$ 200 e sem registro. Agora, ela recebe cerca de R$ 700 por mês e tem carteira assinada.
Rodrigues explica que a maioria das vagas é de ajudante, com salário na faixa de R$ 700, e a empresa forma os profissionais. Ele observa que, além da expansão do agronegócio na região, com a instalação de várias empresas no polo industrial de Rio Verde, a disputa por mão de obra está acirrada no local por causa da chegada das usinas de açúcar e das obras do PAC.
Terra natal. Mas não é apenas a agroindústria que está atrás de trabalhadores nas regiões mais distantes do País. Grandes redes varejistas criaram programas específicos para transferir funcionários do Sudeste para o Nordeste, visando a abertura de lojas.