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Corte Internacional de Justiça. Caso relativo à Avena e outros nacionais mexicanos. (México vs. Estados Unidos da América)

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Academic year: 2021

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Corte Internacional de Justiça

Caso relativo à Avena e outros nacionais mexicanos

(México vs. Estados Unidos da América)

CONTRA-MEMORIAL DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

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2 Sumário

I. Declaração dos Fatos...3 II. Da Defesa Mexicana...4 III. O Julgamento LaGrand...6 IV. Os Estados Unidos estão em conformidade com todas as obrigações previstas pelo Artigo 36 da CVRC...7 V. Da Defesa Americana...8 VI. Sobre as Submissões Mexicanas...8

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I. Declaração dos Fatos

1. Os fatos dos cinquenta e quatro casos são únicos, complexos e não condizem com a descrição do México sobre eles. Os países convidaram esta Corte a examinar e reconsiderar tais casos – casos estes que foram alvos de inúmeros processos judiciários, milhares de horas de testemunhos e extensiva deliberação entre os juízes e o júri.

2. Alguns dos réus eram considerados cidadãos estadunidenses quando foram presos, alguns eram claramente cidadãos mexicanos que declaravam nacionalidade estadunidense, outros não deram indicação de qual seria sua real nacionalidade mas apresentavam fortes indícios de nacionalidade americana.

3. O México compartilhou pouquíssimo com essa Corte. Em vez disso, fez infundadas mas categóricas afirmações de que seus réus estariam em desvantagem simplesmente porque pertencem ao outro país. Muito pelo contrário, o governo dos Estados Unidos oferece todos e quaisquer auxílios quando se trata de seu sistema judicial. Os réus têm direito à interpretes e direitos protegidos. Caso haja alguma falha durante o processo, ela será corrigida.

4. Os Estados Unidos são considerados como um país de imigrantes e aqui possuímos várias leis que permitem ao imigrante ter uma ampla estadia com todos os benefícios de um americano. Até mesmo aqueles que entram ilegalmente em nosso país podem eventualmente se tornarem legais. Como não temos um sistema de reconhecimento nacional por algum tipo de cartão, torna-se difícil reconhecer quem é ou não cidadão americano, e isso traz todo o tipo de problema na hora dos processos judiciais, já que demora algum tempo para conferir a nacionalidade do réu. Vista essa situação, é entendível que algumas nações não sejam rapidamente informadas quando seus cidadãos são presos.

5. Quando foram presos, todos os cinquenta e quatro cidadãos tiveram seus direitos assegurados até a hora do julgamento, e durante esse tempo tiveram a chance de preparar sua defesa. Durante o

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julgamento, tiveram acesso à um intérprete e aos investigadores, que ajudaram no desenrolar da situação.

II. Da defesa Mexicana

1. O México deixa claro em seu Memorial que suas críticas estão voltadas para a prisão de seus cidadãos, no que concerne o tratamento dado à eles pela jurisdição americana.

2. Diz que os Estados Unidos violaram o Artigo 36 ao colocar sob custódia os cidadãos mexicanos. O Artigo 36, no entanto, não cria nenhuma obrigação no que diz respeito aos direitos dos Estados Unidos de prender estrangeiros. Ele só entra em vigor depois que os indivíduos já estiverem presos.

3. O primeiro recurso pedido à Corte pelo México foi tomar atitudes específicas em seu sistema judiciário penal municipal no que diz respeito aos casos de cinqüenta e quatro alegados cidadãos mexicanos e outros cidadãosmexicanos sem nome.

4. Grande parte do segundo recurso pediu à este Tribunal que efetivamente reescrevesse seu direito penal substantivo e processual municipal e regras de procedimento de apelação e garantia nos Estados Unidos.

5. Tais questões, no entanto, não pertencem à jurisdição dessa Corte. Igualmente, ela também não tem jurisdição para determinar se ou não a notificação consular é um "direito humano", ou para declarar requisitos fundamentais do material ou processual devido processo legal.

6. O México apresentou cinco questionamentos que não podem ou não devem ser julgados pela Corte. Primeiramente, o erro em achar que a corte possui caráter de apelo criminal – e que cada caso deva ser julgado separadamente.

7. Em segundo, a Corte acha inadmissível a alegação do México para exercer seu direito de proteção diplomática em nome de qualquer cidadão mexicano que não conseguiu cumprir a exigência legal

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habitual de esgotamento dos recursos municipais. Esta Corte tem enfatizado que, não só é o esgotamento dos recursos uma exigência fundamental do direito internacional, como a regra deve ser observada quando os processos internos estão pendentes.

8. Além da inadmissibilidade das reivindicações daqueles dos cinquenta e quatro cidadãos mexicanos nomeados que não levantaram a alegada violação da obrigação da CVRC1 em seus casos, uma vez que estavam cientes disso, há o outro ponto que todos os cinqüenta quatro casos são inadmissíveis porque os recursos locais continuam disponíveis em todos os casos.

9. O terceiro ponto em que as alegações do México são inconsistentes está relacionado aos cinquenta e quatro réus que eram cidadãos dos Estados Unidos na época de sua apreensão. Não temos conhecimento de qualquer contestação sobre o princípio de que as obrigações do artigo 36 dizem respeito apenas a pessoas que não sejam nacionais do Estado receptor. Pode ser que o México tenha sido simplesmente negligente a esse respeito, mas este não estabeleceu em seu Memorial que ele pode exercer proteção diplomática perante esta Corte com base em violações dos direitos do México estabelecidas pela CVRC com relação aos seus nacionais, que são também nacionais dos Estados Unidos.

10. Quarto, a Corte não deve permitir que o México faça uma reivindicação contra os Estados Unidos em relação a qualquer caso individual em que o México tinha conhecimento anterior de uma violação da CVRC, mas não conseguiu trazer essa violação à atenção dos Estados Unidos ou o fizeram apenas depois de considerável atraso.

11. A reinvindicação do México é inadmissível em um quinto ponto. O México não deve ser autorizado a invocar um comportamento dos Estados Unidos que o próprio México não segue. Princípios básicos da administração da justiça e da igualdade dos Estados exigem que

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Convenção de Viena sobre Relações Consulares é é um tratado internacional celebrado em 24 de abril de 1963 que codifica as práticas consulares que se desenvolveram por meio do direito internacional consuetudinário, de diversos tratados bilaterais e de alguns tratados regionais

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ambos os litigantes tem que ser julgados pelas mesmas regras do direito internacional.

III. O Julgamento LaGrand

1. Em 7 de janeiro de 1982, os irmãos Karl e Walter Bernhard LaGrand realizaram um assalto à mão armada em Marana, Arizona, Estados Unidos, matando um homem e ferindo gravemente uma mulher no processo. Em seguida, foram acusados e condenados por assassinato e condenados à morte. Os LaGrand eram cidadãos alemães, tendo nascido na Alemanha. Eles tinham vivido nos Estados Unidos desde que eram quatro e cinco, respectivamente, porém não tinham obtido oficialmente a cidadania norte-americana. 2. Todo o seu caso gira em torno do Artigo 36 da CVRC, que diz que:

“As autoridades locais devem, sem demora, notificar à repartição consular estrangeira a prisão ou detenção de indivíduo de nacionalidade desta última, a pedido do indivíduo; As autoridades locais são obrigadas a informar o estrangeiro preso ou detido do direito acima mencionado; Os funcionários consulares têm o direito de visitar um seu nacional que esteja preso ou detido e com ele conversar e se corresponder.”

3. Como dito, México e Estados Unidos discordam quanto ao entendimento desse artigo. Os Estados Unidos não concordam que houveram violações, mas apesar disso, estão em conformidade com o recurso articulado em LaGrand, que prevê a revisão caso a caso e reconsideração da condenação e sentença nos casos em que o réu é condenado a penas severas, tendo em conta qualquer violação do artigo 36.

4. O memorial do México professa um compromisso com os princípios articulados em LaGrand, mas não os aceita. Sendo assim, o México convida a Corte à considerar se errou fundamentalmente em LaGrand. Os Estados Unidos afirmam que a Corte deve aderir ao recurso que aprovou, nesse caso, e rejeitar o pedido do México para mudá-lo.

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IV. Os Estados Unidos estão em conformidade com todas as obrigações previstas pelo Artigo 36 do VCCR

1. O México tem mal interpretado e exagerado o objetivo e a finalidade do Artigo 36.

2. O Artigo 36(I)(b) obriga os Estados a garantir aos cidadãos estrangeiros informações consulares em virtude do VCCR e notificar funcionários consulares quando solicitado, ou seja, no curso normal dos negócios e sem procrastinação.

3. Os Estados Unidos dá pleno cumprimento ao artigo 36(1) e fornece a "revisão e reconsideração" exigida no artigo 36(2) no seu sistemas de Justiça Penal e através de processos de clemência executiva. 4. Sendo assim, o Sistema de Justiça Penal dos Estados Unidos

aproveita o máximo do artigo 36(1), e forneçem soluções adequadas para as violações, através do processo judicial. Os sistemas de justiça criminal dos Estados Unidos também aproveitam o Artigo 36(1) através do processo de clemência executiva.

5. O México alega violação dos Direitos Humanas e aos Direitos Processuais, mas devemos salientar que o VCCR não é e nunca pretendeu ser um intrumento de preservação dos direitos humanos. Não se pode dizer que informando uma pessoa detida que ele ou ela pode ter um funcionário consular notificado de sua prisão é um "direito humano” – e o México não apresentou nenhuma evidência do contrário.

6. O artigo 36(1), estabelece direitos processuais, os direitos não substanciais, e os direitos processuais que se estabelecem são na melhor das hipóteses, tangentes ao processo criminal. Eles não tem que necessariamente se anexarem ao processo penal em tudo: se um cidadão estrangeiro é acusado e julgado sem ser preso ou detido de outra forma, não há obrigação de informá-lo da possibilidade de notificação consular. Assim, os sistemas nacionais de justiça penal não tem que conceder as obrigações de prestação de informação e

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notificação consular do estado que o México afirma que eles têm direito a ter.

7. O México não fez nem o início de uma exibição digna de crédito mostrando que a prática dos Estados reflete o reconhecimento, muito menos um reconhecimento importante de notificação consular e assistência como elementos essenciais do devido processo legal. Na verdade, o México não tem indicado nenhum Estado que considera o artigo 36(l)(b) como fundamental ao devido processo legal e que fornece os recursos que o México procura.

V. Da Defesa Americana

1. O tribunal não encontrará violação do artigo 36 (1) ou (2) em qualquer um dos cinqüenta e quatro casos, porque o México não conseguiu cumprir o seu ónus da prova. Onde houver a falha dessa prova (ou a sua ausência completa) a submissa deve ser rejeitada como não provada. Quando a evidência for suficiente para permitir a Corte Internacional de Justiça chegar à conclusões definitivas no que diz respeito a fatos críticos em disputa, tais alegações também devem falhar.

2. Nenhum dos casos que envolvem cidadãos mexicanos é apropriado para consideração por este tribunal.

3. O México não provou a sua denúncia de violação do artigo 36 (l)(b) e (c) e muito menos da parte (2) desse mesmo artigo, em relação aos cinqüenta e quatro casos apresentados.

VI. Sobre as Submissões Mexicanas

1. Se o Tribunal declarar a violação do artigo 36(1), deve aplicar aqui o mesmo recurso que usou no caso LaGrand - "revisão e reconsideração" – e não deve conceder os pedidos do México para revogação, exclusão, ordens de cessação e as garantias de não-repetição nos julgamentos do caso.

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2. A proposta do México de reforma na restituição deve ser rejeitada porque afirma uma forma de restituição que não é adequada às circunstâncias dos casos individuais que envolvem a violação do Artigo 36.

3. A solução proposta do México é incompatível com a exigência de um nexo de causalidade entre qualquer infração provada e os danos resultantes. (187)

4. “Revisão e reconsideração” são coerentes com a concepção deste Tribunal de seu próprio papel e as decisões de outros tribunais internacionais.

5. Não há nenhuma base legal para a Regra de Exclusão que o México exigiu.

6. O México não tem o direito à Ordem de Cessação e às Garantias de Não-Repetição que exige. O pedido para esses direitos não tem base no direito internacional.

Os Estados Unidos da América se reservam o direito de modificar ou estender os termos do julgamento requisitado, assim como os aspectos por ele invocados nesse Contra-memorial.

Nova Iorque, 3 de novembro de 2003.

William H. Taft, IV

Referências

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