• Nenhum resultado encontrado

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O 7ª Turma CMB/abi

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O 7ª Turma CMB/abi"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

A C Ó R D Ã O 7ª Turma

CMB/abi

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO. ARBITRAMENTO. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Ainda que se

busque criar parâmetros norteadores para a conduta do julgador, certo é que não se pode elaborar uma tabela de referência para a reparação do dano moral. A lesão e a reparação precisam ser avaliadas caso a caso, a partir de suas peculiaridades. Isso porque, na forma prevista no caput do artigo 944 do Código Civil, “A indenização mede-se pela extensão do dano”. O que se há de reparar é o próprio dano em si e as repercussões dele decorrentes na esfera jurídica do ofendido. Na hipótese dos autos, o Tribunal Regional fixou a indenização em R$ 60.000,00, com base nos seguintes aspectos: a natureza da lesão, as consequências na vida profissional e pessoal da vítima, a média das indenizações arbitradas envolvendo a mesma situação naquela Corte e, ainda,

o caráter de desestímulo à

reincidência. Não obstante tenha reservas pessoais quanto à utilização de critérios patrimonialistas calcados na condição pessoal da vítima e na capacidade econômica do ofensor para a quantificação do dano moral, verifico que, na situação em exame, o valor

arbitrado pela Corte de origem

mostra-se proporcional em relação à própria extensão do dano (obrigar a empregada a cometer ilícito penal, caracterizado pela obstrução da atuação de Oficiais de Justiça, por meio de manobras como esconder o dinheiro da

(2)

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

agência em latas de lixo, carpetes e bolsas). Dessa forma, não se há de falar em afronta à literalidade do artigo 944 do Código Civil. Agravo de instrumento a que se nega provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-627-93.2014.5.17.0008, em que é Agravante MÔNICA CRISTINA PAIS DA SILVA e Agravado ITAÚ UNIBANCO

S.A.

A reclamante, não se conformando com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (fls. 675/677) que negou seguimento ao recurso de revista, interpõe o presente agravo de instrumento (fls. 682/694). Sustenta que foram preenchidos todos os pressupostos legais para o regular processamento daquele recurso.

Contraminuta às fls. 698/703 e contrarrazões às fls. 704/726.

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, nos termos do artigo 83, § 2º, II, do Regimento Interno do TST.

É o relatório.

V O T O

De início, destaco que o presente apelo será apreciado à luz das alterações promovidas pela Lei nº 13.015/2014, pois interposto em face de decisão publicada em 7/5/2015, a partir, portanto, da vigência da referida norma, nos termos do artigo 1º, caput, do Ato nº

491/SEGJUD.GP, editado por esta Corte Superior.

Com isso, somente serão objeto de apreciação as contrariedades a dispositivo de lei e da Constituição Federal, súmulas ou orientações jurisprudenciais que atendam aos requisitos impostos pelo artigo 896, § 1º-A, da CLT, sem embargo das demais disposições legais.

(3)

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

Pela mesma razão, incidirá, em regra, o CPC de 1973, exceto em relação às normas procedimentais, que serão aquelas do Diploma atual (Lei nº 13.105/2015), por terem aplicação imediata, inclusive aos processos em curso (artigo 1046).

CONHECIMENTO

PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO, ARGUIDA EM CONTRAMINUTA, POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO

O reclamado, em contraminuta, suscita o não conhecimento do agravo de instrumento, ao argumento de que não houve impugnação específica a todos os fundamentos adotados pela decisão agravada.

Rejeito a arguição de que o apelo está

desfundamentado, porquanto entendo que a agravante atacou, a contento, os fundamentos da decisão denegatória do recurso de revista.

Assim, presentes os pressupostos legais de

admissibilidade, conheço do agravo de instrumento.

MÉRITO

DANOS MORAIS – VALOR DA INDENIZAÇÃO – ARBITRAMENTO – PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

A agravante pretende o processamento do recurso de revista às fls. 656/673. Defende a elevação do valor arbitrado à indenização por danos morais. Alega que o montante de R$ 60.000,00 não atende aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Sustenta que deve ser levado em consideração a extensão do dano e o grau de culpa do ofensor. Aduz que não há qualquer função punitivo-didática em uma indenização fixada em valor menor ao pago pelo reclamado, espontaneamente, por meio de acordo, em circunstâncias análogas. Ressalta que o réu é instituição financeira de âmbito nacional, com enorme capacidade financeira e lucros exorbitantes. Aponta violação dos artigos

(4)

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

944 do Código Civil e 5º, V e X, da Constituição Federal. Transcreve arestos para o confronto de teses.

Eis a decisão recorrida: “QUANTUM INDENIZATÓRIO

Nesta matéria foi vencido este Desembargador Relator, pois a douta maioria dos Desembargadores da Segunda Turma desta Corte deu provimento parcial ao apelo, sob os fundamentos da Exmo. Desembargador Lino Faria Petelinkar, in verbis:

Por respeitável sentença, o reclamado foi condenado a pagar à reclamante indenização por danos morais arbitrada em R$175.000,00 (cento

e setenta e cinco mil reais).

Recorre o reclamado argumentando que o valor da indenização está divorciado da realidade, considerando a posição social da recorrida, a repercussão da ofensa e os princípios da razoabilidade da proporcionalidade previstos no inciso V do artigo 5º da CF/1988.

À análise.

É cediço que, pela natureza não patrimonial do bem violado, a doutrina tem indicado diversos parâmetros que devem ser seguidos pelo julgador quando da fixação do quantum arbitrado a título de danos morais.

O professor José Cairo Jr. aponta os seguintes critérios: ‘a

razoabilidade, a proporcionalidade, a extensão do dano, o grau da culpa, e a capacidade financeira do ofensor e do ofendido, de forma que não seja irrisório nem importe enriquecimento da vítima.’ A fixação da indenização

por dano moral deve ter em conta, portanto, não somente as condições das partes envolvidas no litígio, como também a natureza da lesão e as consequências na vida profissional e pessoal da vítima.

No presente caso, ficou evidenciado que a reclamante foi instruída a obstaculizar a atuação dos Oficiais de Justiça, com manobras espúrias, escondendo dinheiro da agência em locais inusitados, como na lata de lixo, nos carpetes, bolsas, etc.

A situação, pelo que se nota, é bastante constrangedora e, de certo, causou abalo moral expressivo à reclamante, por ter que realizar, contra a vontade dela, manobras antiéticas e ilegais, enquanto os Oficiais de Justiça estavam cumprindo com o seu munus.

A sensação de estar cometendo ilícito contra a própria vontade e, pior, de ter que tomar o cuidado de dissimular seus malfeitos para não ser descoberta pelos servidores da justiça, deve ter sido devastadora, humilhante.

Não obstante isto, entendo que o valor fixado pelo Juiz sentenciante não se encontra em consonância com os critérios da proporcionalidade e razoabilidade que devem nortear o julgador em casos como o vertente, mostrando-se exorbitante, mormente considerando a média das indenizações arbitradas quando se analisa diversos precedentes desta Corte envolvendo a mesma situação vexatória sofrida por diversos empregados da reclamada.

(5)

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

Com efeito, atento aos parâmetros delineados por José Cairo Jr., entendo que a quantia de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) é suficiente para reparar o dano sofrido pelo reclamante, servindo como desestímulo à reincidência.

Ante o exposto, dá-se parcial provimento ao recurso para reduzir o

quantum da indenização por danos morais para R$ 60.000,00 (sessenta mil

reais).” (fls. 639/640) Pois bem.

Ante a inexistência de critérios precisos para a aferição do prejuízo moral decorrente da conduta de outrem, não é fácil a tarefa do magistrado, no que toca ao arbitramento do valor da respectiva indenização.

A doutrina reconhece a dificuldade e aponta para o problema de indenizações discrepantes, considerando fatos semelhantes com valores muito diferentes, ou, então, situações extremamente distantes, com valores próximos. Nesse sentido: “Não sendo possível atingir matematicamente um resultado econômico preciso, o quantum da indenização por dano moral é deixado ao arbitramento dos juízes. A falta de critérios contribui para a disparidade, às vezes gritante, entre os valores indenizatórios. Os Tribunais de Alçada e de Justiça do Rio de Janeiro, por exemplo, atribuíram, respectivamente, no mesmo ano de 1991, 100 salários mínimos para a perda de dois cachorros e 20 salários mínimos para a perda de dois filhos (Carlos Edison do Rego Monteiro Filho, Elementos, p. 147)

(Gustavo Tepedino, Heloisa Helena Barboza e Maria Celina Bodin de Moraes.

Código civil interpretado conforme a Constituição da República. v. I.

Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p. 341).

Ainda que se busque criar parâmetros norteadores para a conduta do julgador, certo é que não se pode elaborar uma tabela de referência para a reparação do dano moral. A lesão e a reparação precisam ser avaliadas caso a caso, a partir de suas peculiaridades.

Isso porque, na forma prevista no caput do artigo 944 do Código Civil, “A indenização mede-se pela extensão do dano”. Essa regra decorre, também, da projeção do princípio constitucional da solidariedade (art. 3º, I, CF) em sede de responsabilidade civil e faz com que a preocupação central do ordenamento jurídico se desloque do agente causador do dano para a vítima, sempre com o objetivo de lhe garantir a reparação mais próxima possível do dano por ela suportado.

(6)

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

A indenização, portanto, tem por finalidade recompor o status quo do ofendido independentemente de qualquer juízo de valor acerca da conduta do autor do dano. O que se há de reparar é o próprio dano em si e as repercussões dele decorrentes na esfera jurídica do ofendido. Sob essa ótica, é preciso atentar-se “à efetiva repercussão da lesão sobre a vítima, não como classe econômica ou como gênero, mas como pessoa humana, cujas particulares características precisam ser levadas em conta no momento de quantificação do dano” (Anderson Schreiber. Direito civil e constituição. São Paulo: Atlas, 2013. p. 188). Na hipótese dos autos, o Tribunal Regional fixou a indenização em R$ 60.000,00, com base nos seguintes aspectos: a natureza da lesão, as consequências na vida profissional e pessoal da vítima, a média das indenizações arbitradas envolvendo a mesma situação naquela Corte e, ainda, o caráter de desestímulo à reincidência.

Não obstante tenha reservas pessoais quanto à utilização de critérios patrimonialistas calcados na condição pessoal da vítima e na capacidade econômica do ofensor para a quantificação do dano moral, verifico que, na situação em exame, o valor arbitrado pela Corte de origem mostra-se proporcional em relação à própria extensão do dano (obrigar a empregada a cometer ilícito penal, qual seja, esconder dinheiro e utilizar artifícios para obstar o cumprimento de ordem judicial).

Ademais, em regra, a intervenção desta Corte para reduzir ou aumentar o valor da indenização por dano moral apenas se mostra possível nas situações em que o quantum arbitrado pelo acórdão regional se mostrar irrisório ou exorbitante. Não é o caso.

Dessa forma, não se há de falar em afronta à literalidade do artigo 944 do Código Civil.

Os demais preceitos indicados no apelo não guardam relação direta com a matéria em discussão.

Por sua vez, os arestos colacionados à fl. 666 desserve à comprovação de dissenso pretoriano, por ser oriundo do mesmo Tribunal prolator da decisão recorrida, não atendendo, desse modo, a disciplina do artigo 896, “a”, da CLT. Incidência da Orientação Jurisprudencial nº 111 da SBDI-1 do TST.

Nego provimento.

(7)

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento.

Brasília, 10 de maio de 2017.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

CLÁUDIO BRANDÃO Ministro Relator

Referências

Documentos relacionados

Como é que eu posso dar esta aula para meus alunos melhor alcançarem os objetivos de aprendizagem propostos para ela?.. ESTRATÉGIAS para

Afídeos (Aphis gossypii, Macrosiphum euphorbiae e Myzus persicae), mosca branca.. (Bemisia tabaci, Trialeurodes vaporariorum) e aranhiço amarelo

Assim, apontamos algumas das várias implicações teóricas desta pesquisa: primeiro, novas pesquisas poderiam explorar melhor o que é “produto urbano” do construto de

No caso estudado, a transferência de toda a carga para uma das fontes condicionou a injeção de energia reativa pelo banco de capacitores de forma atípica, onde se notou a

Os diretores serao nomeados pelo Prefeito, sendo 0 Diretor Administrativo e Financeiro obrigatoriamente 0 representante dentre os participantes e beneficiarios do sistema

24ª (vigésima quarta) – O COMANDANTE, nos termos previstos em leis internacionais, tem plena faculdade de seguir viagem sem piloto, de rebocar e socorrer outros navios em qualquer

• common control scheme (but different controllers and strategies) • validation of the common model using the Toyota Prius. • real-time validation of the common control using an

Após recusar a proposta da emissora pelos direitos de transmissão do Campeonato Paranaense e se unir ao Coritiba para exibir o clássico entre os times pela internet, o