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ETIOLOGIA DA PUBERFONIA

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CEFAC

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA

VOZ

ETIOLOGIA DA PUBERFONIA

Monografia de conclusão do curso

de especialização em Voz

Orientadora : Mirian Goldenberg

MARIA LUIZA PIASSI

(2)

Resumo

Esta monografia descreve as várias causas da puberfonia.

Faz uma reflexão sobre a importância do estudo da etiologia para a

prática fonoaudiológica.

Antes da discussão das causa, foram feitas algumas considerações sobre

a fisiologia da muda vocal, as mudanças hormonais e psicológicas do

pubescente.

Causas orgânicas foram referidas num primeiro momento, já que são estas as

que primeiro devemos descartar. Após, foram descritas as causas mais

prováveis que são as psicológicas.

Concluindo, apesar de ser um distúrbio psicogênico de fácil tratamento é

essencial estarmos cientes de suas variadas causas para não incorrermos no

(3)

Abstract

This monograph describes several puberfony causes.

It makes a reflection on the importance of etiology for phoniatric

application.

Before discussing the causes, some considerations about the physiology

of voice, the hormonal and psychological changes in the pubescent took place.

Organic causes were approached at first, for it must be discarded as

primary cause.

After that it was described more likely causes, which are the psychological

ones.

In conclusion, although puberfony is a psychogenic disturb with easy

treatment, it is essential to be conscious of the diverse possible causes, without

(4)

“Os barcos permanecem seguros no porto, porém não foram feitos para isso. É preciso correr riscos.”

(5)

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO...6

2 – CONSIDERAÇÕES GERAIS...9

3 – DISCUSSÃO TEÓRICA...23

3.1 – Causas funcionais e orgânicas...23

3.2 – Causas psicológicas...29

4 – CONCLUSÃO...37

(6)

1. Introdução

O primeiro passo no tratamento de qualquer problema de saúde é a

determinação de sua causa, sua etiologia.

Não podemos tratar um problema para o qual uma etiologia bem

considerada não foi estabelecida; o que pode resultar em tratamento

impróprio, falta de tratamento necessário ou comprometer a vida de um

paciente.

Atribuir uma etiologia nem sempre é fácil. É possível que algo não seja

observável e escape a um exame cuidadoso. Pode ocorrer ainda que uma

condição persista, quando a causa original do problema não se encontra mais

presente.

Esta pesquisa pretende reunir e discutir referências literárias sobre a

etiologia da puberfonia.

Na literatura encontramos alguns tipos de classificação para as

disfonias da muda vocal, entre elas: mutação prolongada, mutação incompleta,

mutação excessiva, mutação precose, mutação retardada e falsete mutacional

(7)

Este trabalho pretende ater-se à etiologia da puberfonia (falsete

mutacional), que tem sido referida como sendo a persistência de uma voz

aguda acima da idade, na qual se espera que a mudança da voz masculina

tenha ocorrido.

Puberfonia é descrita na literatura como sendo uma disfonia de muda

vocal específica dos homens. (Behlau e Pontes, 1993; Colton e Gasper,

1996).Embora que problemas na muda vocal possam ocorrer em mulheres,

são raros, mas existem em grau discreto, o que pode traduzir-se em uma voz

infantilizada e numa laringe fixa, em posição elevada no pescoço, na fase

adulta. Nestes casos alguns autores (Semple; Glaze e Gerdemam, 1994),

denominam como voz juvenil. A menos estigma vinculado a presença de uma

voz aguda em mulheres, não parecendo tão inapropriada ou incomum como

em homens. As penalidades sociais para homens são evidentes, podendo ser

julgados efeminados ou inadequados.

Em decorrência deste fato, este trabalho pretende ater-se ao problema

de muda vocal masculina, no entanto, fará algumas considerações ao distúrbio

na muda vocal feminina.

A voz do puberfonico chama muita atenção, descaracteriza o falante

(8)

Este tipo de voz pode passar ao ouvinte, sentimentos de imaturidade,

passividade, submissão, identificação sexual, instabilidade, emotividade

excessiva e fraqueza (Behlau e Pontes, 1993).

Case (1991) relata que puberfonia tem sido referida como um distúrbio

psicogênico de fácil resposta à intervenção fonoaudiológica. Contudo, outros

autores, como Casper e Colton (1996) afirmam que mesmo sendo raros é

preciso verificar se há presença de problemas orgânicos.

Para Boone (1994), é difícil de encontrar o fator etiológico original quer

físico ou psicológico.

Portanto, serão considerados neste estudo os fatores

orgânicos-funcionais e psicológicos que possam acarretar esta disfonia de muda vocal,

também chamada de puberfonia.

Sempre precisamos levar em conta que tratamos de uma pessoa e não

somente uma voz ou um sintoma. É preciso saber porque, como e quando

intervir e também se devemos encaminhá-lo a outro profissional. Por isso, o

primeiro passo no tratamento é a determinação da causa.

Também é importante ressaltar que a expectativa que temos diante de

um problema, não só poderá acentuar o que veremos, mas também limitar a

(9)

2. Considerações Gerais

Algumas considerações serão descritas em primeiro lugar, antes de

entrarmos na discussão literária. Supomos ser esta a melhor forma de

entendermos as causas que envolvem a puberfonia ou falsete mutacional.

A muda vocal é apenas um aspecto das alterações globais que ocorrem

no período da adolescência.

Estes aspectos globais são enumerados por Andrews e Summers (1991):

• Desenvolvimento dos testículos;

• Aumento da estrutura física, da laringe e pregas vocais;

• Crescimento dos pêlos pubianos e do pênis em média após um ano do desenvolvimento dos testículos;

• Crescimento dos pêlos das axilas e da face, em média dois anos após os pêlos pubianos, indicando os estágios finais da maturação.

Quanto ao aparelho fonador, ocorre um crescimento constante, mas não

homogêneo da laringe, das cavidades de ressonância, da traquéia e dos

pulmões e, portanto, a muda representa um período de desequilíbrios onde o

pescoço se alonga, a laringe desce, o tórax se alarga e a capacidade vital

aumenta. Em decorrência deste processo desarmônico pode-se observar

pregas vocais edemaciadas, com alterações vaso-motoras e hipotonia

(10)

A muda vocal nos homens ocorre ao redor de 13-15 anos, nas mulheres

em torno de 12-14 anos, podendo ser antecipada em até dois anos, pela vida

sedentária e pelos hábitos alimentares, e nos climas frios próximos aos pólos,

pode se atrasar em mais de um ano (Behlau e Pontes, 1995).

As pregas vocais dos meninos podem alongar-se em até 1cm, enquanto

que nas meninas este crescimento dificilmente passa de 4mm.

Funcionalmente, é necessária uma adaptação às novas condições

anatômicas, o que se traduz num abaixamento médio de freqüência

fundamental em uma oitava para os meninos e em 2 a 4 semitons para as

meninas.

Pinho (1998) refere que a mucosa laríngea perde a transparência, a

epiglote achata-se e eleva-se havendo uma descida da laringe no pescoço e

atrofia das amídalas e adenóides.

A mesma autora refere que o estabelecimento do padrão vocal adulto

começa na puberdade e leva de 3 a 6 meses, ocorrendo neste período

rouquidão flutuante e quebras de sonoridade. Refere ainda que se a muda

vocal persistir por mais de um ano deverá ser pesquisada e tratada.

A puberfonia é uma alteração vocal que ocorre em homens durante o

(11)

ocorrer em ambos os sexos, porém não é tão evidente nas mulheres em

decorrência do seu tom habitual da fala (Navas D. M. e Dias P. R., 1998).

A voz em falsete caracteriza-se por uma hiperatividade de CT com TA

quase totalmente relaxado e atividade de CAL e AA levemente reduzida, o que

leva ao aparecimento da fenda paralela ou filiforme. Algumas emissões em

falsete masculino são produzidas de maneira similar, porém, não mostram

ferida glótica. Nestas situações encontramos uma voz bem mais potente,

sendo provável que haja um pouco mais de atividade do T.A externo, do CAL e

do AA.

Nos quadros de muda vocal incompleta podemos encontrar voz de

falsete flutuante, com presença de fenda discretamente fusiforme (hipocinesia

funcional de T.A) ou posterior grau II (falsete acompanhado de hipercinesia),

com qualidade vocal característica (Pinho, 1998).

A fenda triangular em toda a extensão, também chamada de triangular

ântero-posterior, pode ser justificada pelo falsete fisiológico.

O uso inadequado de registro, freqüentemente encontrados nas

mulheres, provávelmente, priorizam a contração do músculo C.T durante a

emissão falada, trazendo para regiões médias de sua tessitura de fala o

registro puro de cabeça ou o falsete. Este desequilíbrio muscular tem

(12)

ou não encontrar fenda glótica em toda a extensão neste tipo de padrão vocal.

Na ausência de fenda glótica, na laringoestroboscopia, verifica-se uma

redução da firmeza glótica com vibração de pequena amplitude de pregas

vocais.

A fonação em “falsete” normalmente apresenta uma qualidade vocal

caracterizada por pitch excessivamente alto e sonoridade pobre.

Behlau e Pontes (1993) descrevem as seguintes características do

falsete mutacional:

• Voz aguda em até duas oitavas acima da freqüência esperada, com qualidade vocal determinada ou velada, com empobrecimento dos

hormônios;

• Por vezes bitonalidade e/ou soprosidade;

• Intensidade vocal reduzida;

• Pode aparecer uma voz mais grave no grito ou ao levantar pesos, quando se muda o ajuste muscular laríngico;

• Rápida fadiga vocal, o que expressa o quanto esta situação é disfuncional.

As seguintes características são observadas ao exame laringológico:

• Laringe Normal;

• Redução do volume do vestíbulo laríngico por tensão exagerada e constante dos músculos cricotireóideos;

(13)

• Pregas vocais em tamanho normal, mas com vibração restrita apenas à região anterior de suas bordas livres;

• Fenda glótica fusiforme anterior que se revela irreal a laringoestrobos-copia, onde se observa que o quociente de fechamento é muito curto;

• Relaxação da musculatura da faringe.

Aronson (1990) descreve o seguinte mecanismo fisiológico do falsete:

• Pela ação da musculatura tireóidea e supra-hióidea, a laringe é elevada no pescoço;

• Pela ação dos músculos estiloióideos, a laringe fica inclinada para baixo, resultando na manutenção das pregas vocais num estado de frouxidão;

• Mesmo que as pregas vocais estejam num estado flácido, a contração dos músculos cricotireóideos produzem um alongamento precário das pregas

vocais;

• Ocorre redução da massa das pregas vocais, oferecendo pouca resistência à pressão aérea infraglótica;

• Somente as porções médias das pregas vocais vibram porque, na fonação, a pressão aérea infraglótica está em seu mínimo. A respiração durante a

fala é geralmente superficial.

A interação entre as mudanças refletidas na puberdade, que são

mudanças biológicas, e adolescência que são mudanças psicológicas,

constituem a base de desenvolvimento de distúrbios vocais nesta idade (Case,

(14)

Diante do fato da literatura referir puberfonia como sendo disfonia

psicogênica, devemos fazer uma reflexão do que seria tal disfonia.

Para Navas D. M. e Dias P. R. (1998) disfonias psicogênicas podem ser

divididas em 2 subtipos: as conversivas e as recidivantes. O padrão recidivante

normalmente é associado a um perfil psicopático, e o conversivo, às

características histéricas. O aparecimento da alteração vocal é súbito e

geralmente associado a algum fator desencadeante. Não há história prévia de

alterações orgânicas, nem outros sintomas associados.

Pode ocorrer manipulação patológica dos sintomas pelo paciente,

especialmente no padrão recidivante.

A qualidade vocal é caracterizada por afonia ou disfonia severa, com

sonoridade pobre (quando há voz).

A laringoscopia pode ser normal ou evidências de fenda glótica triangular

posterior (com redução da amplitude e assimetria da onda mucosa), ou ainda

triangular em toda extensão (fenda paralela). Pode também ser observada

constrição supraglótica ântero-posterior parcial, projeção medial de pregas

(15)
(16)

Puberdade e Adolescência

Puberdade é considerada como fase de transição entre a segunda

infância e a adolescência propriamente dita. Os ganhos físicos e a maturação

sexual impelem o indivíduo a se destacar das formas pueris de comportamento

e adotar os traços e características com o que estas têm especificamente de

masculino ou de feminino. A puberdade é uma fase inicial da adolescência

quando o processo de crescimento intensificado e de maturação se

estabelece.

Além da maturação sexual e do crescimento físico, também ocorrem

desenvolvimentos gerais sociais, emocionais, cognitivos e da personalidade

dentro dos anos puberais e continuam até a parte intermediária e final da

adolescência.

O crescimento puberal consiste, principalmente, em rápida maturação

somática que leva a uma estrutura de corpo adulto, desenvolvimentos sexuais

que resultam no funcionamento ativo das gônadas e o aparecimento de

características secundárias do sexo que distinguem as estruturas masculinas

das femininas. A hereditariedade está atuando, o código genético libera nova

informação nas células que se organizam, causando o início do surto de

crescimento puberal. A informação genética produz mudanças no eixo

(17)

Para que ocorra o ciclo total de crescimento, há necessidade de uma

interação equilibrada entre o córtex cerebral, o hipotálamo, o sistema

nervoso autônomo, a hipófise (pituitária), a tireóide, o córtex adrenal e os

gônodas.

Em média, o surto puberal ocorre entre 12,5 e quase 16 anos para os

meninos. O padrão de crescimento acelerado depende, principalmente, da

mudança no funcionamento do sistema de glândulas endócrinas, conforme a

modificação introduzida por nutrição, saúde e outras influências do meio.

Uma breve análise da atividade glandular esclarecerá as principais variações

do crescimento estrutural.

A glândula pituitária (hipófise), localizada na base do cérebro, é uma

glândula principal que produz hormônios para estimular crescimento e

atividades em todas as demais glândulas endócrinas. A atividade hormonal da

hipófise, depende em grande parte, da estimulação pelo hipotálamo e dos

hormônios de certas glândulas. O lobo anterior da pituitária produz diversos

hormônios que direta e indiretamente funcionam como reguladores do

crescimento, controla o tamanho da pessoa e especialmente o comprimento

dos membros. A hipo-secreção da parte anterior da hipófise, faz com que a

pessoa permaneça do tamanho de uma criança, ao passo que a hipersecreção

faz o crescimento elevar-se para proporções gigantescas. Normalmente o

(18)

hormônios somatotróficos , estimula o crescimento estrutural do nariz e das

extremidades do corpo, que assumem praticamente proporções adultas.

Ao mesmo tempo, o coração se amplia desproporcionalmente em relação

ao aumento mais lento do tamanho das artérias e resultando em uma pressão

sanguínea temporariamente aumentada. A desproporção em capacidade entre

o coração e as artérias e pressão sanguínea elevada podem fazer com que

muitos jovens experienciem momentos de tontura e de fraqueza geral.

Existe uma relação interna entre a secreção de hormônio gonadotrófico

da hipófise e as mudanças nas gônadas: a maior secreção deste hormônio

a-tiva o crescimento e a maturação funcional destas. Quando as gônadas,

testículos no homem, atingem a maturidade, começam a produzir hormônios

próprios, os quais afetam as funções hipofisárias, diminuindo o ritmo de suas

secreções produtoras de crescimento e que estimulam o desenvolvimento das

características sexuais secundárias.

Outros hormônios hipofisários estimulam a tireóide (TSH), o córtex

adrenal (ACTH), certos processos metabólicos e até certo ponto a pressão

sanguínea. Em casos de tensão ou infecção, o ACTH é produzido com rapidez

e faz com que o córtex adrenal aumente sua produção corticóide.

(19)

estranha. Todavia, o excesso de hormônio P pode produzir mais danos do que

bacilos ou uma farpa ou outra fonte de stress.

Um outro fator que influencia o crescimento estrutural é a glândula

tireóide, localizada no pescoço, em frente a laringe. Sua secreção, a tireoxina,

consiste principalmente em iodo e influencia muito o metabolismo, intercâmbio

de nutrição e energia dentro do organismo e relacionado a atividade celular,

especialmente o consumo de oxigênio. O funcionamento excessivo da tireóide

(hipertireoidismo) aumenta o índice metabólico, eleva a pressão do sangue e

torna a pessoa excitável, especialmente quando a condição é acompanhada

de hipofuncionamento das paratireóides. O funcionamento insuficiente da

tireóide (hipotireodismo) produz um baixo índice metabólico, em casos

extremos, aparecem sintomas de mixedema (retardamento físico e cognitivo e

pele enrugada, pálida e grossa).

As adrenais (ou supra-renais), sobrepostas aos rins, aumentam a

secreção de andrógenos ou estrógenos no início das principais mudanças

puberais, dessa forma facilitando a aquisição das características maduras

masculinas. O timo, localizado no tórax, anterior ao mediatismo e por trás do

esterno, torna-se menor e deteriora aproximadamente ao mesmo tempo. Suas

(20)

A ossificação e o desenvolvimento muscular desempenham papel

considerável no comportamento adolescente, porque o vigor físico depende

em grande parte dos sistemas ósseos e musculares.

Embora o desenvolvimento ósseo seja coerente com a taxa geral de

maturação física, a rapidez do crescimento muscular é influenciado pela

quantidade de exercícios físicos. O crescimento muscular que precede o

crescimento ósseo, provavelmente contribui muito para a falta de coordenação

psicomotora e a falta de jeito. Os relacionamentos intrincados entre os vários

sistemas musculares aumentados e as extensões neurais, estimulando sua

atividade, acrescentam muito às dificuldades do menino em idade puberal na

coordenação muscular.

Todas as várias mudanças bioquímicas e físicas que ocorrem expõem a

criança púbere à perda de simetria e graça. Este é especialmente o caso de

meninos em situações sociais. O corpo do adolescente em mudança e os

movimentos incertos aumentam sua autoconsciência. A emergência de novos

impulsos e desejos, especialmente dos que se relacionam à maturação sexual,

ocasionam indecisão motivacional e comportamental e até desorientação

temporária. Mas, os adolescentes começam a procurar os significados e as

implicações destas mudanças e fazem tentativas para controlar e integrar

(21)

Bucher (1992) afirma que a adolescência consiste, em primeiro lugar, em

uma fase crítica, pelo seu caráter de transição entre a criança que o jovem não

mais é e o adulto que não é ainda. Este processo de transição inclui conflitos

de ambivalência.

Os conflitos não são apenas externos, mas originam-se em seus

próprios desejos ambivalentes quanto a progredir ou regredir à infância;

resultando toda uma série de camuflagem e escamoteamento, responsável

pela conhecida conotação artificial ou forçada de muitas de suas expressões.

A saída mais comum segundo Bucher (1992) é a fuga.

Erikson (1987) atribui que os conflitos do adolescente consiste na

resolução fisiológica de sua maturação genital e a incerteza do seu papel de

adulto.

Os adolescentes se mostram sempre preocupados com o que possam

parecer aos olhos dos outros, em comparação com o que eles próprios julgam

ser.

Em busca de um novo sentido de continuidade e uniformidade, que deve

incluir agora a maturidade sexual, alguns adolescentes, Erickson (1987) refere

que tiveram de enfrentar de novo as crises dos anos anteriores antes de

poderem instalar ídolos e ideais duradouros como guardiães de uma

(22)

Pikunas (1979) coloca como dinâmica e motivação para o adolescente a

luta por independência, negativismo, vacilação emocional, ambivalência e

humores, surgimento de poderosos impulsos sexuais, fantasias eróticas,

esforço para intimidade com os pares. Como tarefas do desenvolvimento,

ressalta: auto reorganização, ganho de independência emancipando o eu da

família, controle dos impulsos sexuais e emoções básicas, sendo que os

principais riscos poderão ser: isolamento e devaneio excessivo, falta de auto

afirmação, rebelião extrema, rejeição dos pares.

No que se refere à personalidade e autoconceito é observado o aumento

(23)

3. Discussão Teórica

3.1 Causas Funcionais e Orgânicas

Reconhecemos que a voz é uma parte integral da pessoa, ela reflete não

apenas estados emocionais e de personalidade, mas também estados físicos,

razão pela qual devemos explorar a história do paciente e sua condição atual.

Casos de puberfonia não são diferentes dos demais, sendo necessário

verificar se há presença de anomalias orgânicas, adequação do crescimento

laríngeo deve ser avaliada e problemas endocrinológicos devem ser

descartados.

É necessário um exame cuidadoso por um laringologista em todos os

casos de puberfonia para assegurar que problemas físicos não estão

presentes (Wilson, 1993; Casper e Colton, 1996).

Andrews e Summers (1991) afirmam ser a avaliação médica uma

garantia ou mesmo uma necessidade, quando ocorrem preocupações e

questionamento quanto ao desenvolvimento da puberdade.

Considerando o fato de que o pubescente está passando por grande

transformação hormonal, devemos verificar em primeiro lugar, os fatores

(24)

laringoscopia comum não revele anormalidades preponderantes em casos de

suspeitas de patologia endócrina (Wilson, 1993).

Foi referido por Gustin (1973) que as disfunções e conseqüências do

distúrbio endocrinológico na puberfonia podem ser: mudança da atividade

hipofisária que se manifesta pela ação gonodal e supra-renal, induzindo à

mudanças anatomofuncionais da puberdade incluindo a laringe e a muda

vocal.

Uma patologia gonodal com estado hipofuncional resultará em laringe

infantil e conseqüentemente em voz infantil (Wilson, 1993).

Disfunção da tireóide com estado hipofuncional acarretará em laringe infantil e

falta de mudança vocal.

Supra-renais com insuficiência de andrógenos pode ser causa da

potência da voz com características femininas.

Em casos de hiperparatiróideos a voz adquire uma impostação tonal com

timbre feminino (Gustin, 1973).

Perelló (1973), e Greene (1989) concordam que doença e trauma com

atrofia de testículos antes da puberdade e tem como causa: tuberculose,

(25)

e alta) por causa da falta de crescimento das cordas vocais e do

desenvolvimento das características sexuais secundárias.

E importante no exame de um puberfônica, considerarmos a avaliação de

saúde geral.

Aronson (1990) adiciona uma lista de efeitos da debilitação geral da

saúde durante a puberdade, como também por causa das restrições físicas de

permanecer de cama, leva a uma redução do campo de excursão da

respiração e conseqüentemente das ondas de volume de ar, impedindo o

desenvolvimento adequado do ar infraglótico.

Criança alérgica pode apresentar problemas na qualidade e ressonância

da voz e obstrução vascular das delicadas estruturas envolvidas na produção

vocal. Resfriados, sinusites e outras anomalias freqüentes do trato respiratório

superior podem causar alterações de voz tanto intermitentes quanto crônicas

na criança, impedindo ou dificultando o processamento da muda vocal (Wilson,

1993).

Como Andrews e Summers (1991) relataram, ausência de muda vocal

(puberfonia) tem sido referida por patologistas especialistas em voz que este

distúrbio poderia ser indicativo de problemas de nutrição ou subnutrição

causada por fatores emocionais, um desarranjo sistêmico resultando em má

(26)

Os mesmos autores afirmam que atrasos na maturidade podem também

ser causados por desarranjos dos tecidos conectivos, anemias, problemas

cardíacos, respiratórios e renais.

Aronson (1990) refere que um atraso na maturação e distúrbios

endócrinos pode retardar o desenvolvimento da laringe, perpetuando o tom

agudo da voz o que torna difícil de abandonar por sua persistência mais do

que normal na pubescência, ainda que a laringe tenha alcançado o seu

tamanho normal.

Inadequação do crescimento laríngeo e anomalias estruturais é referido

por vários autores como Behlau e Pontes (1993); Wilson (1993). Qualquer

malformação, por menor que seja, pode afetar a voz e ser a causa da

puberfonia, caso atinja a simetria e a coordenação fina necessária para a

mudança vocal. A assimetria de laringe especialmente das pregas vocais,

sulco de prega vocal de origem congênita que é definido por Behlau e Pontes

(1993), como sendo uma "depressão longitudinal de prega vocal", e também

pregas vocais pequenas são citadas como causas do distúrbio vocal da

puberfonia.

Para Pontes, Gadelha e Gonçalves(1998), a presença do microdiafragma

laríngeo em crianças do sexo masculino poderá dificultar ou mesmo causar

(27)

Os autores caracterizam o microdiafragma laríngeo como uma pequena

estrutura membranácea constituído por túnica mucosa que interliga a porção

anterior das pregas vocais, com inserção glótica ou infraglótica na comissura

anterior. O impacto vocal do microdiafragma é variável gerando uma disfonia

discreta, devido à vibração reduzida da túnica mucosa e freqüência

fundamental aguda.

No distúrbio da puberfonia, a literatura tem referido que os exames

laringoscópicos são freqüentemente negativos quanto ao tamanho, estrutura e

função da laringe. No entanto, uma boa ilustração da necessidade de um

exame cuidadoso por um laringologista em todos os casos de problemas de

mutação em homens foi relatado por Wilson (1993). A persistência da voz

aguda após a puberdade em um rapaz de 21 anos apresentou como causa a

não fusão da lâmina tireóidea.

Segundo o mesmo autor um tom agudo na voz pode ser usado como

método de prevenção contra uma voz rouca.

A ocorrência da voz de falsete, como compensação de paralisia unilateral

de prega vocal é denominada falsete paralítico. A voz de falsete pode aparecer

na puberfonia, em casos compensatórios de paralisia de prega vocal (Greene,

(28)

A manutenção da voz aguda pode ser, em alguns casos, indicativo de

uma perda auditiva profunda, impossibilitando o indivíduo de ouvir sua própria

voz ou imitar a voz masculina (Greene, 1989; Behlau e Pontes, 1992).

Stemple, Glaze Gerdemam (1994), sugerem que a persistência da voz

aguda pode também ser resultado de uma descoordenação e disfunção

muscular sem qualquer outra etiologia latente.

A retenção da voz aguda no pubescente, de forma consciente ou

inconsciente pode estar ligada a necessidade de manter uma voz de soprano

(sopraninhos), dado o sucesso artístico trazido pela necessidade do canto,

como nos casos de meninos cantores de corais e grupos musicais infantis

onde o canto trouxe sucesso e reconhecimento (Aronson e Hartman, 1983;

Greene, 1989; Behlau e Pontes, 1992).

Os mesmos autores citam como etiologia fatos curiosos tais como:

eunucos, empregados do harém, eram castrados e em conseqüência não

desenvolviam a voz de adulto. Era também o caso dos cantores castrati,

jovens que eram submetidos a castração para continuar com voz de soprano

(29)

3.2 Causas Psicológicas

Como Case, (1991) e Behlau e Pontes, (1993) relataram, puberfonia (ou

falsete mutacional) tem sido referida como um distúrbio vocal psicogênico. É

uma falha psicológica da voz do adolescente para descer ou manter a

intensidade normal de um adulto na puberdade.

Ao invés disso, o adolescente eleva sua voz acima do nível prepurbere e

consistentemente fala em voz de falsete. Se não tratados ,os sintomas podem

permanecer por toda vida.

O crescimento rápido e extenso das características primárias e

especialmente as secundárias do sexo freqüentemente é aborrecido e

perturbador para a maioria dos púberes.

Freqüentemente ocorrem agitações emocionais e várias perturbações

psicossomáticas. Quando intensos os conflitos e as dificuldades pessoais,

algumas vezes resultam em fuga da situação real.

Muitas vezes a mudança de menino para homem não é fácil. Não

somente o aumento da responsabilidade na vida, porém a rápida mudança no

(30)

Quando o jovem tem dificuldades para fazer estes ajustes, puberfonia ou

falsete mutacional pode se desenvolver (Case, 1991).

Wilson (1993) descreve que falhas tonais muitas vezes podem ocorrer no

jovem e este tenta se defender com um tom de voz mais agudo.

Estas falhas seriam deslocamentos que consistem de subidas e descidas

abruptas e descontroladas no tom vocal devido à coordenação pobre da

musculatura da laringe associada com o crescimento geral do corpo. Estes

deslocamentos podem ser agravados pela tensão ou esforço imposto pelo

abuso vocal das crianças que gritam e berram em jogos de futebol e nos

parques. Essas quebras da voz ou "mutação tempestuosa", vem sendo

referida na literatura pela maioria dos autores como não sendo regra geral e

que a maioria dos garotos passa pela muda vocal de maneira natural, por se

tratar de um fenômeno fisiológico rotineiro (Greene, 1989; Behlau e Pontes,

1993).

Se não tratados os sintomas podem permanecer por toda vida (Colton e

Casper, 1994).

Muitos autores têm defendido a hipótese de que a retenção de uma voz

aguda por um menino após a puberdade está relacionada a conflitos

(31)

Para Behlau e Pontes (1995) a causa mais comum seria o medo do

jovem em assumir as personalidades da vida adulta, o que pode ocorrer com

mais freqüência em filho único tendo um sistema educacional de super

proteção e características Edipianas podem estar presentes.

Greene (1989) dá à desordem da puberfonia uma ênfase psicológica

maior que os outros autores pesquisados, tanto no diagnóstico quanto no

tratamento, centrando sua discussão no complexo de Édipo, complexo de

Narciso, veneração de um herói, homossexualismo e transsexualismo.

No complexo de Édipo o amor do individuo por sua mãe é admitido como

sendo de natureza sexual e alcança sua plenitude completa durante a

puberdade. Uma vez que o incesto é crime social, o sentimento de culpa

associado à fantasia do incesto causa sua supressão total no inconsciente e

com ele a negação do ego da maturidade sexual.

Como Behlau e Pontes (1995), Greene (1989) afirma que a família na

qual o menino é filho único fornece um campo fértil para a situação edipiana,

uma vez que a relação do menino com a mãe pode ser particularmente

próxima e freqüentemente marcada pelo antagonismo ao pai, com a

reciprocidade do mesmo.

No complexo de Narciso, a condição original e universal de amor para si

(32)

anor-mais. O adolescente escolhe como seu objetivo de amor, em vez do ego

alguém que pareça o mais possível consigo mesmo. A origem do

homossexualismo em alguns casos, é então explicada e assim, o amor de um

homem por outro homem e não por uma mulher.

Muitos adolescentes passam por uma fase aparentemente homossexual

apesar de a "veneração de um herói" ser considerada hoje em dia de um

ângulo totalmente diferente.

O adolescente pode realmente temer estar se tornando um homossexual

quando é praticada a masturbação em conjunto, como freqüentemente

acontece. Isso não significa que vá se desenvolver uma homossexualidade

apesar de haver perigo de tal hábito se estabelecer.

Por outro lado, quando um homem assume o papel passivo ou feminino

numa relação sexual, ele desenvolve características femininas marcantes de

acordo com Freud. Em alguns casos isso se estende ao uso de uma voz

feminina. Parece haver certa predisposição congênita ou orgânica no grau

mais extremo da inversão mas, na maioria, as influências externas da vida

promovem a fixação da inversão.

É referido dentre os desajustes emocionais o transsexualismo, onde o

(33)

isso o tratamento hormonal, cirúrgico e terapêutico para a conformação da voz

de acordo com esta opção (Aronson, 1990).

São referidos por Greene (1989), casos intratáveis de puberfonia, onde

os pacientes não desejam de fato a mudança vocal, apesar de buscarem ajuda

terapêutica com o aparente propósito de adquirir uma voz masculina imposto

por exemplo por uma necessidade profissional. Nesta situação, o melhor seria

encaminhar o paciente para um tratamento psiquiátrico.

Wilson (1993) afirma que além das divergências de personalidade,

defeitos de caráter, distúrbios emocionais, os distúrbios na relação pais –

filhos são referidos como causas, apesar de serem fatores sobrepostos e nem

sempre separados facilmente.

Segundo o autor citado, a identificação positiva entre pai e filho é

necessária para estabelecer uma comunicação eficiente entre eles e que se

esta identificação não funciona bem e o pai tem uma qualidade de voz

indesejável, ele se torna um modelo negativo para o rapaz e o pubescente

poderá assumir a voz de uma pessoa mais agradável, no caso, a mãe.

Case (1991) tem observado em clínica que o rapaz puberfônico é

(34)

Refere que as falhas na altura de voz e outros problemas de

ajustamento, podem ser vistas com significado efeito somente nos homens

que apresentam um auto-estima pobre ou são tímidos e inseguros.

A mesma afirmação é feita por Hartman e Aronson (1983) onde a

rejeição da voz de adulto seria em decorrência da pressão, timidez ou

infantilismo.

A preocupação com a instabilidade da altura leva o menino a optar por

manter o nível de voz que sempre tem usado, isto é, o da pré-puberdade,

estabelecendo o distúrbio da puberfonia.

Apesar dos sintomas vocais muitas vezes começarem por causa

psicogênica e de expressão de conflitos emocionais, podem tornar-se

puramente reflexo e hábito, o mesmo ocorrendo com fatores sociais de

imitação (Greene, 1989).

Stemple, Glaze, Gerdeman (1994) referem também ao embaraçamento

causado pela instabilidade vocal, a resistência ao crescimento natural e

conseqüente vida adulta.

Como a maioria dos autores já citados, eles ressaltam o fato de que o

(35)

No entanto, Casper e Colton (1996) afirmam que dificuldades de

identificação masculina, aceitação da fase adulta quando estão presentes

não são fatores esmagadores. Em suas experiências em consultório notam

ser maior a porcentagem de rapaz, ao qual a muda vocal foi uma experiência

traumática, tanto no sentido psicológico, mas também no físico quebras de

freqüência, falta de controle de voz, sentimentos de embaraço e falta de

entendimento.

Muitas vezes o pubescente se depara com ouvintes severos, que

chamam sua atenção quanto a falta de controle de sua voz (Aronson, 1990).

Esta falta de entendimento, continuam Casper e Colton (1996) faz com

que agarre-se a uma voz conhecida para obter novamente o controle da

situação. Muitas vezes eles afirmam possuírem outra voz oculta quando são

indagados.

Os mesmos autores referem não estarem cientes de fracassos

pós-terapia no que concerne a reincidivas. Também não observam ser a

identificação masculina a causa. Sendo que, para eles a voz afeminada vem

sempre acompanhada de maneirismos e diferenças supra-segmentais que

ultrapassam o nível de freqüência mais elevado do que o esperado nestes

(36)

Wilson (1993) afirma que é possível confundir o uso de inflexões

efeminadas após a mudança da voz com problema de falsete persistente.

Antes de agravar o tom, refere o autor, o fonoaudiólogo deve certificar-se

de que o adolescente realmente tem um nível de freqüência modal muito alto e

não apenas inflexões efeminadas da voz.

A teoria da mãe dominadora com figura paterna fraca, sendo ainda o fato

de ser mais comum entre os filhos únicos, como outras tantas teorias referidas

na literatura como as causas mais prováveis como citam Greene (1989),

Fawcus (1992), Behlau e Pontes (1992), Boone (1994) entre outras. São

teorias que devem ser amparadas em fatos concretos ou definitivamente

descartadas, afirmam Casper e Colton (1996).

Referem também que a não evolução da terapia, em casos de

puberfonia, implicará na necessidade de revisão do caso. E que tratamentos

longos poderá ser indicativo da não prontidão do paciente para livrar-se do

(37)

4. Conclusão

Neste estudo sobre puberfônia nos deparamos com um distúrbio vocal

que tem sido referido como sendo de origem psicogênica e que responde

freqüentemente de maneira favorável a intervenção fonoaudiológica, em

poucas sessões o paciente recebe alta. Este distúrbio é considerado até

mesmo facilmente corrigível (Case, 1991).

Esta disfonia nos remete à dicotomia origem orgânico-funcional versus

psicológica. Atribuir uma etiologia não é sempre fácil, muitas vezes é difícil

delimitar os fatores como sendo de origem orgânico-funcional, psicológico ou

uma combinação de ambas.

Porém, o tratamento de qualquer problema fonoaudiológico pressupõe a

necessidade de determinar sua causa, sua etiologia.

O reconhecimento da etiologia correta é essencial para o tratamento

adequado.

Não é apenas insensato, mas também inconseqüente tratar um problema

para o qual a causa não foi estabelecida, o que pode resultar um tratamento

(38)

Levando isto em consideração, tivemos como objetivo neste estudo

reunir as mais variadas causas da puberfonia citada na literatura.

Há autores como Boone e Mac Farlane (1994), que diante da dificuldade

de encontrar fatores físicos ou psicológicos originais não especificam nenhum

tipo de causa, atendo-se somente ao fato do prognóstico ser muito favorável.

Mesmo tendo sido referido pela maioria dos autores como sendo

puberfonia um distúrbio de origem psicogênica (Aronson, 1990; Case, 1991;

Behlau e Pontes, 1993), alguns autores referem a necessidade de um exame

cuidadoso por um laringologista em todos os casos para assegurar que

problemas físicos não estejam presentes (Wilson, 1993; Casper e Colton,

1996).

Aronson (1990) refere que a causa não pode ser só de origem

psicológica.

Para Andrews e Summers (1991) a avaliação médica é uma garantia ou

mesmo uma necessidade quando ocorrem preocupações e questionamento

quanto ao desenvolvimento da puberdade.

O exame laríngeo e a história do paciente podem prover informações

(39)

Porém, Aronson (1990) refere que o histórico individual e familiar permite

descrever a situação de forma apenas superficial.

Causas orgânicas e funcionais são enumeradas pela literatura como

sendo de origem endocrinológica, anomalias orgânicas, inadequação de

crescimento, entre outras.

Levando em consideração as transformações hormonais que passam o

pubescente, muitos autores citam como possíveis causas as patologias

endocrinológicas (Aronson, 1990; Case, 1991; Behlau e Pontes, 1993). Porém

Gustin (1973) é o autor que mais se aprofundou no tema.

Inadequação de crescimento laríngeo e anomalias estruturais são

referidas pela maioria dos autores. Qualquer mal formação pode afetar a voz e

ser causa da puberfonia. Assimetria de laringe, sulco de prega vocal são

enumerados como causas prováveis, entre eles Greene (1989), Behlau e

Pontes (1992).

Wilson (1993) refere a não fusão da lâmina tireóidea.

Doenças delibitadoras durante a puberdade são citadas por Aronson

(40)

Wilson (1993) refere à doenças alérgicas. Andrews e Summers (1991)

relatam como provável causa a nutrição ou mesmo ter como etiologia

desarranjo dos tecidos conectivos, anemias, problemas cardíacos,

respiratórios ou renais.

Stemple, Glaze e Gerdeman (1994) sugerem que a persistência da voz

aguda pode ser resultado de uma descoordenação e disfunção muscular sem

qualquer outra etiologia latente.

Quanto as causas psicológicas Greene (1989) é a que dispensa maior

ênfase do que a maioria dos autores. Ela descreve as causas de acordo com a

psicologia Freudiana, complexo de Édipo, Narciso, homossexualismo...

A etiologia psicológica mais comum referida na literatura é o medo de

assumir as responsabilidades da vida adulta, o que seria mais comum entre os

filhos únicos, com sistema educacional de super-proteção e por vezes com

características edipianas ( Behlau e Pontes, 1993; Wilson, 1993; Case, 1991).

Referem também, a timidez e insegurança nas relações pessoais e

auto-estima reduzida.

Wilson (1993) acrescenta como causa os distúrbios de personalidade,

defeito de caráter, distúrbios emocionais e de relações pais-filhos. Fatores

(41)

Fatores psicossociais, como de identificação masculina e aceitação da

fase adulta são os mais comuns, citados na literatura. No entanto, Colton e

Casper (1996) afirmam que em suas experiências notam ser a mudança

traumática, tanto física como psicológica a mais freqüente. Os embaraços com

as quebras na freqüência e a falta de entendimento, faz com que o jovem

agarre-se a voz conhecida de criança, estabelecendo assim a puberfonia.

Os mesmos autores sugerem que teorias como figura da mãe

dominadora e paterna fraca, como as demais devem ser apoiadas em fatos ou

então descartadas.

Observamos durante este estudo dois tipos de tendência que podem

ocorrer. A primeira é "superpatologizante", quando se considera que um

paciente tem mais problemas do que de fato possui, ou que precisa de mais

tratamento do que é necessário principalmente no que se refere as causas

psicológicas. O outro tipo é a tendência "minimizadora" na qual é

desconsiderado sinais de distúrbios orgânicos.

Este tipo de tendência traz conseqüências que podem ser prejudiciais ao

paciente posto que atendimentos não são prestados embora haja uma

necessidade significativa.

Concluindo, a maioria dos autores referem a puberfonia como sendo uma

(42)

relacionadas a dificuldades na adolescência, expressas numa passagem não

harmônica de uma voz infantil para uma voz adulta. Porém, ressaltam a

necessidade de serem descartadas primeiramente as anomalias orgânicas. De

modo geral, referem que a fonoterapia oferece bons resultados e raramente

precisa-se lançar mão de outros tratamentos.

Contudo, um correto reconhecimento da etiologia é essencial. Também

precisamos sempre levar em conta que tratamos de um paciente como pessoa

e não somente uma voz ou um sintoma. É preciso saber como intervir, quando

e também se devemos encaminhar a outros profissionais, para não nos

transformarmos em meros aplicadores de técnicas. Especialmente um

(43)

5. Referências Bibliográficas

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Referências

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