Centro Universitário Franciscano Curso de Arquitetura e Urbanismo
Estudos Socio-econômicos II Profº Isabel Graciele Padoin
Acadêmicos: Álisson Colleto, Denise Estivalet Felipe Donaduzzi, Mariana Leão Correa
Este trabalho consiste na analise do texto Tratores não pedem passagem fazendo uma comparação entre o processo de remoção das favelas de Água Espraiada com o deslocamento da população de classe média na Faria Lima.
O córrego Água espraiada nasce perto do aeroporto de congonhas e corre em direção ao rio Pinheiros, até desaguar no dreno do Brooklin, na avenida Luis Carlos Berrini.
• O governo do estado desapropriou muitos imóveis para construção da avenida Água Espraiada.
Moradia, Ajuda financeira ou passagem de volta a terra natal, essas eram as opções dadas aos moradores da favela.
“o pessoal que mora na favela jardim Edith está tendo a oportunidade e vai acabar perdendo a chance. Porque as pessoas ao invés de se conscientizarem que vão ter uma moradia, que vão poder deixar para os filhos uma situação regular, que ninguém nunca mais vai bater na sua porta: ‘sai porque nós vamos passar uma avenida’ que é teu, uma coisa que você vai ter para o futuro, no lugar disso tudo, estão preferindo os R$1500.” Cord. Da remoção.
Os moradores que optaram pela alternativa habitacional deveriam ainda passar pelo purgatório dos alojamentos, que mais pareciam “campo de concentração”, esperar pela construção da casa, que não estava segurada, e finalmente pagar por 25 anos uma prestação de R$57, que apenas no inicio não seria reajustada.
Além disso, o terreno, cercado por muitos outros conjuntos habitacionais e favelas, fica numa encosta de morro, já apresentando deslizes de terra.
“para ter uma ideia, tem uma favela lá que precisa pagar pedágio para poder passar.”
Prometeram moradia com dois dormitórios, sala e cozinha. “não tem nada disso. Eu fui no barro branco e é um quarto e cozinha! Quem tem três filhos vai morar como ali dentro? Tem como, não!” morador da favela.
Menos de 5% da população optou por casas ou apartamentos nos conjuntos habitacionais.
Verba de R$1500 era paga por família, o total dependia da avaliação que a assistente social fazia de quantos viviam em cada barraco.
Criação da “moeda família” – uma família era igual a R$1500
Esse tipo de negociação com a moeda família limitava reivindicações uma vez que a variação de valores pagos para cada favelado motivava entre eles uma disputa voraz.
“A injustiça é ai, ó. Você pensa bem, a injustiça onde está? Para uns eles dão R$20.000 para outros eles dão R$10.000, para outros R$1500 reias. É por isso que nós estamos brigando, porque isso é uma injustiça.” Mariana moradora da favela.
Compre-se o líder
Pouco antes do inicio da remoção da favela
Edith, o líder comunitário Zé da Água declarou: “ Ninguém quer ser removido para periferia da periferia, o que queremos é Cingapura aqui
mesmo.” “Se insistirem na remoção vai ter conflito”, ameaçou. Alguns meses depois os boatos eram de que o antigo líder estaria
morando numa “mansão”, patrocinada pelo consorcio.
“Mesmo pagando advogado a gente perde porque eles compra o advogado”.
A Faria Lima é uma avenida inacabada que começou a ser construída em 1968 e foi inaugurada no inicio dos anos 70.
Os moradores eram agrupados em dois blocos: os que aceitaram e os que tentaram resistir. Para os que resistiam não se tratava de lutar por uma indenização justa, mas de impedir a “descaracterização” da região.
Os opositores mais ativos eram advogados,
administradores, professores, arquitetos,
economistas, alem de um grande numero de donas de casa.
“Desafio vocês a encontrarem um morador dos locais onde será construída a obra que esteja descontente com ela” Secretário de vias publicas e presidente da Emurb. Se o prefeito e o secretario faziam questão de ignorar o movimento o tratamento dado pela média era outro.
Foram previstas 58 desapropriações, e a indenização seria paga conforme o valor de mercado. Não se tinha a certeza se a família
estava ou não incluída na zona de
desapropriação e algumas vezes estas não eram pagas conforme o combinado.
A tática usada para a desapropriação foi um “fato consumado”. Tratava-se de uma estratégia de ir “abrindo caminho” com a demolição de uma casa, deixando as outras no meio do entulho, semelhante àquela utilizada com os barracos da Águas Espraiadas.
O edifício L’arche, antes do debate começar o edifício já havia sido construído com a frente voltada para a avenida que existiu apenas no papel e cuja construção ate esse momento pensava-se poder evitar.
Faria Lima seria modificado para se desviar de um jequitibá rosa. Por causa do desvio tornaram-se necessárias doze desapropriações. Ficou claro para nós que preservar o jequitibá e
derrubar as casa é porque na verdade, isso interessa para o arquiteto Julio Neves que construirá um shopping Center com quatro
garagem subterrâneas, um
A paróquia anglicana São João estava bem no caminho da avenida e foi um dos maiores símbolos da resistência. Os moradores entraram com um pedido de tombamento da igreja mas conseguiram apenas um tombamento parcial. Utilizaram recursos como a denuncia do ministério do trabalho que os funcionários da obra estava trabalhando sem equipamento de segurança, mas nada foi impedido.
Nenhuma das tentativas obteve sucesso e a “ultima batalha” foi perdida: a prefeitura conseguiu derrubar parte da igreja, o obstáculo que faltava para concluir a primeira parte da avenida faria lima.
Referencias: Fix, Mariana
Parceiros da exclusão: duas histórias da
construção de uma “nova cidade” em São
Paulo: Faria Lima e Água Espraiada / Mariana Fix.- São Paulo: Boitempo,2001.