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SEGURANÇA ALIMENTAR, SUA ORIGEM E AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DO BRASIL E ARGENTINA.

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SEGURANÇA ALIMENTAR, SUA ORIGEM E AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DO BRASIL E ARGENTINA.

Gláucia Elisa Mardegan Mestrado em Geografia Universidade Estadual de Campinas – Instituto de Geociências

glaumardegan@gmail.com

INTRODUÇÃO

O presente trabalho almeja contribuir para o entendimento do contexto histórico da segurança alimentar, sobretudo como ela foi inserida nos países Brasil e Argentina, a partir de uma revisão histórica desde o primórdio do conceito da segurança alimentar. Há milhares de anos a fome ameaçou a humanidade, mas o avanço da ciência possibilitou que essa tragédia fosse superada, ao menos no que diz respeito à capacidade de produzir alimentos. A produção de alimentos e a segurança alimentar são questões que não podem ser tratadas independentemente uma da outra, pois a causa de uma é inerente à outra. Atualmente o problema da insegurança alimentar não é fruto apenas de catástrofes ambientais ou consequência de guerras, como ocorreu em tempos passados, mas está relacionado às questões políticas e econômicas.

O conceito de Segurança Alimentar, surge no período da Segunda Guerra Mundial, após sua criação a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, estabeleceu um indicador de Segurança Alimentar, que mede a disponibilidade calórica ser capita de cada país. A questão sobre o acesso das pessoas aos alimentos necessários à sua sobrevivência e bem-estar, passou a ser fortemente discutida a partir do trabalho de Josué de Castro na FAO na década de 1950, a partir dai a discussão não parrou mais.

Cresceu a discussão em torno da qualidade, por exemplo, pois não basta ter acesso a determinada quantidade de alimentos se esta não tiver qualidade, assim como a discussão sobre a ideia de que os alimentos teriam que ser obtidos de forma social e

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ambientalmente aceitável.

Segurança Alimentar é, portanto, segundo Maria de Fátima, “uma condição garantida por um conjunto de princípios, políticas, medidas e instrumentos que assegurem permanentemente o acesso de todos os habitantes dos territórios nacionais a alimentos seguros, a preços adequados, em quantidade e qualidade necessárias para satisfazer as exigências nutricionais para uma vida digna e saudável, bem como com acesso aos demais direitos da cidadania, dentro de um contexto de desenvolvimento sustentável” (SAMPAIO, 2005 p.3).

De acordo com a FAO, todos os dias, milhões de pessoas consomem apenas o mínimo necessário para subsistir. Todas as noites vão dormir sem saber se no dia seguinte haverá alimentos suficientes. Esta incerteza se chama "insegurança alimentar", definida pelo site da FAO (1996) como “situação que se dá quando as pessoas carecem de um acesso seguro a uma quantidade suficiente de alimentos e nutritivos para um crescimento e desenvolvimento normal e uma vida ativa e saudável”.

Segundo a USDA (2013) (United States Department of Agriculture), a alimentação suficiente para uma vida ativa e saudável inclui no mínimo: a disponibilidade de alimentos nutricionalmente adequados e seguros e a capacidade de adquirir alimentos aceitáveis e de maneira socialmente aceitável.

Na América Latina foi desenvolvido que a segurança alimentar e nutricional é a realização de um direito de todos a ter acesso físico, econômico e social sustentável, continuo e uma alimentação de acordo com a quantidade e qualidade para manter se uma vida saudável e ativa. Uma forma de manter esses direitos em alguns países é pela promulgação de Lei sobre a Segurança Alimentar e Nutricional, no caso, da Argentina foi em 2003 e o Brasil depois de três anos criou sua lei, em 2006.

Com a criação das leis de segurança alimentar e direito à alimentação, percebe-se o interespercebe-se dos Estados em querer cumprir progressiva os percebe-seus deveres para que a população possa ter o direito a alimentação, trazendo novas perspectiva para a população e o seu direito a segurança alimentar.

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O conceito de Segurança Alimentar é relativamente recente, após a Segunda Guerra, a discussão que estabeleceu-se sobre segurança foi a segurança nacional, visto que as condições após guerra ameaçavam a sobrevivência das populações. Foi neste cenário, que a expressão “segurança alimentar”, ressai em especial na Europa, pois era de extrema importância que a população de um país possui alimento suficiente para sua sobreviveria e desenvolvimento.

Para Almeida Filho e Gomes Junior (2010. p. 20) o conceito de segurança alimentar “traduzia de maneira concreta a ideia de fazer frente à fome com ações estratégicas de curto, médio e longo prazo”.

Após ser criada, em 1945, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) estabeleceu um indicador de segurança alimentar que media a disponibilidade calórica per capita de cada país, mas essa medida não avaliava o acesso das pessoas aos alimentos necessários à sua sobrevivência e bem-estar.

Nesse contexto, é importante ressaltar que a questão da Segurança Alimentar, foi um termo que ganhou evidência na década de 1970, na Conferência Mundial de Alimentação realizada em Roma (1974), na qual, naquele período era definido como algo que, abrange o acesso da população aos alimentos e a qualidade desses alimentos.

O termo segurança alimentar passou por três momentos enquanto estava sendo definido: o primeiro era quando a segurança alimentar estava apenas voltada para a capacidade produtiva (foi em sua primeira definição); no segundo momento foi ela estava como estratégia politica e impulsionada novas rotas de ação; e o seu terceiro momento é quando o enfoque estava ligado ao acesso (Almeida Filho e Gomes Junior, 2010).

Foi na XII Conferência Mundial da FAO em 1989, que finalmente o conceito de Segurança Alimentar ampliou-se da seguinte forma:

o objetivo final da Segurança Alimentarem todo mundo é assegurar que todas as pessoas tenham, a todo o momento, acesso físico e econômico a alimentos básicos de que necessitem. […] a Segurança Alimentar deve ter três propósitos específicos: assegurar a produção alimentar adequada; obter a

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máxima estabilidade no fluxo desses alimentos e garantir o acesso aos alimentos daqueles que os necessitem (Menezes, 2001, p. 55).

O andamento de amadurecimento conceitual foi aliado a preocupações que emanavam de debates de inicio importantes, como os parâmetros de disponibilidade e acesso, que estão associados à quantidade suficiente e ao preço baixo. Três aspectos importante envolvido com o conceitos – disponibilidade, acesso e continuidade, mostram o quanto é a definição complexa (Vendramini; Oliveira e Campi, 2012).

Para alguns autores como Pessanha (1998) e Gomes Junior (2008), para ter – se um conceito de Segurança Alimentar sem perder o poder explicativo, foi entende – lo a partir da noção de Insegurança Alimentar, a partir da sua noção ao contrario (Almeida Filho e Gomes Junior (2010). De acordo com Almeida Filho e Gomes Junior (2010) a Insegurança Alimentar é:

empregada como parâmetro para a definição de Segurança Alimentar estender aos domínios, da assimetria da renda e de preços dos alimentos à segurança na qualidade e sanidade dos produtos, do manejo adequado na produção ao emprego de culturas e meios não hostis ao ambiente, à manutenção da diversidade cultural nos hábitos e praticas alimentares, da garantia do exercício da autonomia de uma nação, entre outros ao controle e preservação da espécies nativas (Almeida Filho e Gomes Junior, 2010, p. 26).

O direito à alimentação está consolidado, como um direito universal dos cidadãos, que esta exposto em dimensão dupla, ficar livre de fome e possuir a alimentação em quantidade e qualidade adequada, sem riscos de incertezas e poder adquiri - lo por meio de próprios esforços (Almeida Filho e Vivero, 2010).

Outro conceito coetâneo a Segurança Alimentar, envolvido em preocupações com a produção e o consumo de alimentos, para o bem-estar e segurança de um país, é o conceito de Soberania Alimentar.

De acordo com Maluf (2007) “a Soberania Alimentar é a via de erradicar a fome e a desnutrição e garantir segurança alimentar duradora e sustentável para todos os

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povo” (Maluf, 2007, p. 23).

A Soberania Alimentar embasa-se no direito de cada país de produzir os seus próprios alimentos e consumi-los de acordo com seu hábitos, cultura e tradições, tem-se o direito de produzir e utilizar as suas próprias sementes e se opor a importações abusivas, de algum modo protegendo seu mercado interno (Vendramini, Oliveira e Campi, 2012).

Conforme Vendramini, Oliveira e Campi, relatam que a “Soberania Alimentar é nítida a defesa da cultura de cada povo, assim como, a menção explicita a ao papel da pequena e média produção em oposição à concentração de grandes empresas que bem caracterizam os países desenvolvido” (Vendramini; Oliveira e Campi, 2012).

Sendo assim, não basta somente garantir acesso aos alimentos como a Segurança alimentar é definida, mas tem também que assegurar que a população de cada país, possuam o direito de produzir, de acordo com a sua cultura e também conforme as suas tradições os seus próprios alimentos e que este contenha qualidade e nutrientes suficientes para que a população possua uma alimentação digna e saudável, para que ela possa ter saúde.

SEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL E NA ARGENTINA

A partir do crescimento e amadurecimento do conceito de Segurança Alimentar, muitos países começaram a fazer politicas publicas para erradicar a fome em suas regiões. Em 2000, 189 nações fizeram o compromisso em combater a extrema pobreza e outros males que afligem a sociedade e com a diminuição da pobreza o risco da fome também iria ser amenizado.1

A América Latina até a crise de 2008, estava com uma economia positiva e essa condição garantiu uma folga nas receitas fiscais, que junto com vontade politica teve-se uma base solida para novas politicas publicas enfocadas na a redução da desnutrição e da eliminação da fome.

No ano de 2008 em Janeiro, foi realizado um Seminário Regional sobre a Lei do

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Direito à Alimentação, evento que foi utilizado para calcular as repercussões da realização progressiva do direito a alimentação nos países da região. O seminário reuniu mais de 40 especialistas, de 12 diferentes países da região (Almeida Filho e Vivero, 2010), focados na discussão sobre a fome, como preveni-la e combatê-la.

No ano de 2007, através de um comunicado conjunto dos presidentes dos Estados membros do MERCOSUL, no termino da reunião do Conselho, reiterou o compromisso dos países com erradicação da fome e da pobreza.2

E com os recentes desenvolvimentos na América Latina, foi estabelecido que a Segurança Alimentar e Nutricional é a realização de um direito de todos a ter acesso físico, econômico e social sustentável, continuo, de uma alimentação adequada em qualidade e quantidade, com pertinência cultural, com adequado uso biológico para manter a vida ativa e saudável (Almeida Filho e Vivero, 2010).

E uma das melhores formas de manifestar em alguns países o interesse de seus governos, que a população tenha uma alimentação digna é através de promulgação de leis, no caso, uma lei sobre a Segurança Alimentar e Nutricional, a Argentina foi o primeiro país a criar uma de segurança alimentar e depois de alguns anos o Brasil também criou sua lei.

A Argentina, em 17 de janeiro de de 2003 cria a lei Programa Nacional Nutricional e Alimentação, a sua lei expressa mais referencia à criação de um programa nacional de segurança alimentar. 3

O Brasil, por sua vez, cria a Lei Sistema Nacional de Segurança Alimentar e nutricional, em 15 de setembro de 2006, e seu processo de construção foi participativo o que reflete numa destacada participação de organizações da sociedade civil.4

Com este impulso politico em nível nacional, traz como desenvolvimento de marcos legais para proteger os cidadães de seus direitos a alimentação, colocam esses países como lugares de desenvolvimentos que pode acabar com a fome ainda nesta geração e estar na dianteira da aplicação do direito a alimentação de seus habitantes.

2 Disponível em: < http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/2007/01/19/xxxii-reuniao-de-cupula-do-mercosul-comunicado/?searchterm=rio%20+%2020>. Acessado em: 20 de junho de 2014.

3 Os links das leis estão na referencia bibliográfica. 4 Idem item 2.

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Com a promulgação destas leis, esses países mostram o quanto estão preocupados com a sua população e de como esta deve ter seus direitos consolidados, fazendo com que a fome, mal que sempre foi permanente na sociedade, com o tempo perca sua força e pare de assombrar a sociedade.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA FILHO, N.; GOMES JUNIOR, N. N. Segurança alimentar e nutricional como principio ético social de orientação de politicas publicas nacionais. In. ALMEIDA FILHO, N. RAMOS, P.(orgs). Segurança alimentar: produção agrícola e desenvolvimento territorial. Campinas: Editora Alínea, 2010.

ALMEIDA FILHO, N.; VIVERO, J, L. A consolidação do combate à fome e do direito à alimentação nas agendas politicas da América Latina. In. ALMEIDA FILHO, N. RAMOS, P.(orgs). Segurança alimentar: produção agrícola e desenvolvimento

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territorial. Campinas: Editora Alínea, 2010.

MALUF, R. S. J. Segurança Alimentar e Nutricional. Petrópolis, vozes, 2007.

MENEZES, F. Segurança alimentar: um conceito em disputa e construção. Rio de Janeiro, IBASE. 2001.

PESSANHA, L. D. R. Segurança alimentar como um principio orientador de politicas publicas: implicações e conexões para o caso brasileiro. Tese (doutorado). Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

GOMES JUNIOR, N. N. Segurança alimentar nutricional diálogos de posições. Cadernos do CEAM, UnB, 2008.

SAMPAIO, M. F. A. Agricultura e segurança alimentar: uma análise sobre a produção e a disponibilidade de alimentos na América Latina. Campinas, SP: [s.n.], 2005.

USDA - United States Department of Agriculture. Disponível em:

<http://www.ers.usda.gov/topics/food-nutrition-assistance/food-security-in-theus/measurement.aspx#security >. Acessado em: 20 de agosto de 2013.

VENDRAMINI, A. L. Do A; OLIVEIRA, J.C.; CAMPI, M. A. Segurança Alimentar: conceito, parâmetros e história. Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades, Niterói, 2012.

Sites

XXXII Reunião de Cúpula do MERCOSUL. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/2007/01/19/xxxii-reuniao-de-cupula-do-mercosul-comunicado/?searchterm=rio%20+%2020>. Acessado em: 20 de junho de 2014.

Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Disponível em: https://www.fao.org.br/. Acesso em: 1/10/2012.

LEIS

Argentina. Ley del Programa Nacional de Nutricion Y Alimentación, Ley 25.724, jan. 2003. Disponível em: <http://www.abda.org.ar/pdfs/Ley%2025724.pdf>. Acessado em 20 de novembro de 2013.

Brasil. Lei de Segurança Alimentar e Nutricional, nº 11.346, set. 2006. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/consea/biblioteca/publicacoes/cartilha-losanportugues/at_download/file>. Acessado em 20 de novembro de 2013.

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