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CUSTOS DE PRODUÇÃO DO CAFÉ NA REGIÃO DE LAVRAS MG: ESTUDO DE CASOS 1

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CUSTOS DE PRODUÇÃO DO CAFÉ NA REGIÃO DE

LAVRAS – MG: ESTUDO DE CASOS

1

JUSSARA MARIA DA SILVA

2

RICARDO PEREIRA REIS

3

RESUMO – Por meio deste estudo buscou-se

esti-mar os custos de produção do café na região de La-vras - MG e avaliar a situação econômica da ativida-de. Foram levantados dados de cinco propriedades, caracterizando-se por um estudo de casos nas safras

1996/97 e 1997/98. Observando-se os indicadores e-conômicos, verificou-se uma situação de lucro e os custos que mais oneraram a produção de café foram a formação da lavoura, despesas com insumos e mão-de-obra.

TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Custo de produção, rentabilidade, café.

COSTS OF PRODUCTION OF COFFEE IN THE REGION OF

LAVRAS – MG, BRAZIL: THE CASES OF STUDY

ABSTRACT – The objective of this study was to

estimate the production costs of of the coffee in the region of Lavras – MG, Brazil, and to analyse the economic situation of this activity. The survey was carried out in the five coffee entrepreneur’s, identifying

the cases of study, in this period from 1996 to 1997, and from 1997 to 1998. The economic results pointed out the profit situation, which and the farming’s coffee formation, inputs and labor represented the cost that more affected the coffee production.

INDEX TERMS: Cost of production, profit, coffee.

INTRODUÇÃO

O café é um dos principais produtos agrícolas na pauta das exportações brasileiras, constituindo um grande fornecedor de receitas cambiais. Em 1998, a produção do café gerou uma contribuição de mais de 5% às receitas cambiais, empregando cerca de 3,5 mi-lhões de pessoas. No entanto, no Brasil, a inclusão do café no Produto Interno Bruto (PIB) e no comércio inter-nacional vem caindo, se se comparar ao desenvolvimento dos setores da indústria e de serviços (OIC, 1999).

Como conseqüência das alterações da política cafeeira brasileira, o registro do café nas exportações do país reduziu-se ao longo dos últimos anos. Apesar de esse produto já ter representado cerca de 56% da receita total das exportações na década de 50, em 1990 a sua marca se situava na faixa de 5%. Dada a sua importân-cia, essa cultura sempre foi marcada por políticas prote-cionistas por parte do Estado, visando principalmente à sustentação do preço no mercado externo, o que

estimu-lou a entrada de novos países produtores e a formação de grandes estoques.

Nos últimos anos, o mercado de café vem so-frendo modificações no que diz respeito às regula-mentações, destacando-se o término do Acordo Inter-nacional do Café (AIC), do Instituto Brasileiro do Café (IBC) e dos mecanismos internos de controle de preços.

Segundo Farina & Saes (1999), o Brasil é um dos países que apresenta maior vantagem comparati-va na produção de café. Nos últimos dez anos, a no-ção de competitividade permeou boa parte da política econômica no mundo. Para um país integrado à eco-nomia global, a competitividade internacional é ne-cessária para evitar a estagnação e o declínio econô-mico. Entretanto, a regulamentação do sistema agro-industrial do café, que vigorou por quase um século, contribuiu para o aumento da produção em outros pa-íses e perda de participação do Brasil no mercado in-ternacional.

1. Trabalho apoiado pela FAPEMIG, através de bolsa de iniciação científica.

2. Bacharel em Administração pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – UFLA, Caixa Postal 37 – 37200.000 – Lavras, MG, E-mail: jussara@ufla.br.

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De acordo com OIC (1999), depois de 1975, fatores climáticos arrasaram a lavoura paranaense e castigaram bastante a lavoura paulista, levando a um direcionamento do plantio de café para o Estado de Minas Gerais, que aos poucos foi expandindo a sua produção e ampliando a área cafeeira até assumir a produção nacional no início da dé-cada de 1980. A cafeicultura é de grande importância no cenário econômico, político e social do Estado de Minas Gerais, sendo grande geradora de empregos diretos e indi-retos, fixando o homem ao campo e evitando o êxodo rural No atual contexto, as condições de risco e as incer-tezas da atividade cafeeira são acentuadas, cabendo ao em-presário rural considerar cada vez mais a utilização do con-trole gerencial para a tomada de decisão, sendo o custo de produção um parâmetro para tal gestão. A elevação dos custos de produção vem exigindo dos cafeicultores uma atenção nos cuidados com o manejo das lavouras visando, particularmente, do aumento da produtividade.

Considerando as características de mercado vi-venciadas pelos produtores na cadeia agroindustrial do café e a importância dessa atividade para o sul de Mi-nas, maior região produtora do Estado, busca-se, medi-ante esta pesquisa, estimar os custos de produção da ati-vidade cafeeira em Lavras/MG. Especificamente, pre-tende-se identificar os itens de custos que mais afetam a decisão do cafeicultor no seu processo produtivo e pro-ceder a uma avaliação econômica da produção de café na região de estudo.

MATERIAL E MÉTODOS Considerações do Estudo

O trabalho foi realizado na região de Lavras, no sul de Minas Gerais e teve como área de estudo propri-edades cafeeiras, cujo critério de levantamento foi a produtividade. Foram analisadas quatro propriedades com rendimento médio aproximado variando de 10, 20 e 30 sacas/ha, constituindo um estudo de casos, no qual estimou-se o custo de produção. A escolha dessas pro-priedades foi intencional e incentivou o interesse do produtor em participar da pesquisa.

Os dados referem-se aos anos agrícolas 1996/97 e 1997/98, e foram coletados por meio de entrevistas diretas com os produtores. Essas informações foram processadas em planilhas eletrônicas adaptadas à estrutura de custo.

Modelo Teórico e de Análise

A teoria do custo constitui o modelo de análise econômica deste estudo. Mediante a estimativa do cus-to de produção, considerado como a soma dos valores

de todos os recursos (insumos) e operações (serviços) utilizados no processo produtivo de certa atividade agrí-cola dentro de certo prazo, é possível identificar os re-sultados econômicos propostos na pesquisa. Esses cus-tos são classificados em fixos e variáveis.

Os custos fixos são aqueles correspondentes aos recursos que têm duração superior ao curto prazo (perí-odo entre o emprego de recursos e a resposta em forma de produto), e portanto sua recomposição só é verifica-da a longo prazo. Esses custos não se incorporam total-mente ao produto a curto prazo, fazendo-os em tantos ciclos quanto permitir sua vida útil.

Os custos variáveis têm duração inferior ou igual ao curto prazo, sendo, portanto, sua recomposi-ção feita a cada ciclo do processo produtivo, já que os mesmos se incorporam totalmente ao produto no curto prazo, não sendo claramente aproveitados para outro ciclo.

Na análise econômica do custo de produção, considera-se também o custo alternativo ou de oportu-nidade de um recurso aplicado no processo produtivo. É conceituado como a retribuição normal ao capital em-pregado na atividade. Só haverá lucro econômico se o produto final (no caso o café) proporcionar um retorno que supere o custo alternativo.

A análise de rentabilidade da atividade consiste, em geral, na comparação dos preços recebidos pelo produto com o custo médio de produção, o que determi-na se o lucro obtido é:

• supernormal ou econômico, o que sugere que a ati-vidade está atraindo recursos e em condição de se expandir;

• normal, que proporciona rentabilidade igual à de outra melhor alternativa, o que sugere estabilidade;

• quando o preço não cobre o custo total médio. Nes-se caso, é preciso avaliar até que nível o preço co-bre os custos fixos médios, indicando a intensidade de descapitalização da atividade.

Este trabalho fundamentou-se nos conceitos de custos apresentados por Reis & Guimarães (1986), Leftwich (1991), Nicholson (1998), Informativo... (1999) e Reis (1999).

Operacionalização das Variáveis Econômicas

A avaliação econômica do café está fundamenta-da na operacionalização dos custos de produção e fundamenta-da re-ceita da atividade.

Custo Fixo Total (CFT): para a estimativa dos

custos dos recursos fixos, utilizou-se da deprecia-ção, que é o custo necessário para substituir os bens

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1289 de capital quando tornados inúteis pelo desgaste

fí-sico ou econômico. Neste estudo, utilizou-se o mé-todo linear para se calcular a depreciação. Os recur-sos fixos analisados no processo produtivo da cul-tura do café foram:

• terra: considerado o valor de arrendamento na região;

• formação da lavoura: custo de implantação da lavoura cafeeira;

• benfeitorias, máquinas, equipamentos e veículos: referem-se ao valor dos investi-mentos do produtor de café nesses recur-sos que, direta ou indiretamente, participa-ram do processo de produção, apropriados pelo método de depreciação linear e corres-pondentes ao percentual de utilização na cultura;

• imposto territorial rural (ITR/Taxas): o valor do imposto/taxas pago correspondente ao percentual de utilização na cultura.

Depreciações (D): é o custo necessário para

substi-tuir os bens de capital quando se tornam inúteis, se-ja pelo desgaste físico ou econômico. O método mais simples de se calcular é o linear, que pode ser mensurado pela expressão:

D = Vn - Vr

Vu

sendo Vn (valor novo) o valor do recurso, como

se fosse adquirido naquele momento; Vr (valor

residual) o valor de revenda ou valor final do bem, após ser utilizado de forma racional na ati-vidade; Vu (vida útil) o período em anos

(me-ses), que determinado bem, é utilizado na ativi-dade produtiva.

Custo alternativo fixo utilizam-se as seguintes

expressões:

CAfixo = Vu – I . Vn. taxa de juros, ou

Vu

CAfixo = Vusado. taxa de juros

Considera-se I a idade média de uso do bem; po-rém, por causa da dificuldade em se obter a verdadeira idade do bem perante o produtor, calcula-se o custo al-ternativo da seguinte forma:

CAfixo = Vn. taxa de juros

2

ou seja, considerou-se o CAfixo como se a idade fosse

50% da vida útil (Vu), que resulta na metade de Vn

mul-tiplicado pela taxa de juros.

Para efeito da análise do custo alternativo fixo, sugere-se considerar a taxa de juros real de 12% a a, que seria próxima de uma remuneração mínima obti-da no mercado financeiro ou o rendimento obti-da cader-neta de poupança. A poupança é remunerada men-salmente pela variação da taxa referencial (TR) mais 0,5%.

No caso do rendimento alternativo da terra, con-sidera-se o valor de aluguel (arrendamento) da região, e esse recurso não é depreciado. O aluguel da terra foi de-terminado multiplicando-se o preço do leite pago pela quantidade de hectares da propriedade e pelo número de dias (aluguel = 1 litro de leite/ha/dia).

Para culturas perenes, como o caso do café, con-sidera-se na estimativa do custo de produção a formação da lavoura separadamente do custo da terra nua. Essa formação é um custo fixo e depreciável.

Custo operacional fixo é determinado somando-se

as depreciações de todos os recursos fixos.

Critério de rateio utiliza-se a área que a atividade

ocupa do total da propriedade como forma de dis-tribuir o custo para a atividade café. O índice de ra-teio é calculado dividindo-se a área que a atividade ocupa pela área total da propriedade.

Custo de cada recurso fixo é calculado

somando-se a depreciação e o custo alternativo do recurso no entanto, para recursos que são utilizados tanto para a cafeicultura como para demais atividades (benfei-torias, máquinas e implementos agrícolas, veículos e impostos/taxas) deve-se multiplicar ao valor ante-rior o índice de rateio. Como a terra não é depreci-ável, seu custo fixo é o mesmo que seu custo alter-nativo da área ocupada com lavouras em produção; totalizando o custo de cada recurso, ter-se-á então o

custo fixo total.

Utilizaram-se como recursos variáveis:

• a mão-de-obra (administrador, os permanentes e os temporários): fornecida a quantidade utili-zada e o valor total gasto no mês, a planilha calcula quantos salários mínimos foram pagos para cada tipo de mão-de-obra, através da divi-são do primeiro dado pelo segundo, e totaliza esses valores, tendo assim o custo total com mão-de-obra neste mês.

• Como insumos consideram-se calcário, adubo nitrogenado, adubo potássio, adubo fosfatado, formulado NPK, micronutrientes, matéria

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gânica, fungicidas, inseticidas, acaricidas, her-bicidas, espalhante adesivo, óleos minerais e outros. Os dados que devem ser fornecidos são a unidade em que se utiliza o produto, a quan-tidade utilizada e o valor unitário desse recur-so. Assim, multiplica-se a quantidade pelo va-lor unitário, encontra-se o custo total de cada insumo e somando-se todos esses custos, tem-se o custo total com insumos.

• Para outros tipos de despesas incluem-se valo-res gastos com energia elétrica, transporte, combustível, outras operações e manutenção máquinas/equipamentos agrícolas.

Os custos operacionais variáveis são obtidos somando-se os custos totais com insumos, mão-de-obra e despesas complementares, ante-riormente citados com custos variáveis.

Dividindo-se o custo operacional variável por 2 e multiplicando o resultado pela taxa de juros de 6% (metade do valor total dos recursos va-riáveis, pois existem certos recursos variáveis que não são utilizados todos os meses do ano), obter-se-á o custo de oportunidade variável

total.

• Finalmente, chega-se ao custo total variável somando-se ao custo operacional variável o custo de oportunidade variável.

Custo Total (CT) e Custos Médios (CMe): o

cus-to de uma unidade produzida é dado pela relação entre os custos e a quantidade produzida. Dessa forma, têm-se o custo fixo médio (CFMe), o custo variável médio (CVMe) e o custo total médio (CTMe). O custo total é a soma do custo fixo total e do custo variável total (CT = CFT + CVT), e o custo total médio é a soma do custo fixo médio e do custo variável médio (CTMe = CFMe + CVMe).

Considerações das Variáveis Técnicas e Sociais

Foram consideradas diversas variáveis técnicas e sociais referentes à cultura do café e ao cafeicultor. Para a operacionalização e a análise dos dados, foram utilizados os seguintes indicadores estatísticos:

Média Aritmética (Ma): é uma medida de

tendên-cia central, em que os valores dos dados coletados se distribuem em torno de um ponto central. Sua fórmula é:

Ma = Σ Xi .fi Σ fi

em que Xi corresponde aos valores dos dados apresen-tados e fi é freqüência dos dados.

Moda (Mo): é o valor que ocorre com maior

fre-qüência em um conjunto de dados. Sua fórmula é: Mo = L 1 + ( Σ 1 ) . c

Σ 1 + Σ 2

em que L 1 é o limite real inferior da classe modal, Σ1

corresponde ao excesso de freqüência modal sobre a classe imediatamente inferior, Σ2 corresponde ao exces-so de freqüência modal exces-sobre a classe imediatamente e c é a amplitude do intervalo da classe modal.

Mediana (Me): é o valor que ocupa a posição

cen-tral de um conjunto de dados ordenados. Sua fór-mula é:

Me = Lh + a (nΣ Fh Σ 1) fh 2

em que Lh é o limite inferior da classe que contém a mediana, a é o intervalo de classes, fh é a freqüência de classe que contém a mediana, n é o número de dados coletados e Fh – 1 corresponde à freqüência acumulada até a classe que contém a mediana.

Porcentagem (%): é o valor que corresponde à

freqüência de um certo dado, dividido pelo total dos dados coletados. Sua fórmula é dada por:

% = fx .100

t

em que fx é freqüência do dado estudado e t é o total de dados coletados.

As variáveis técnicas levantadas neste estudo fo-ram:

• Área da propriedade: esta variável foi calculada pe-la mediana, pelo fato de existir uma elevada disper-são de dados;

• Área plantada com café: calculou-se por meio da mediana, pelo fato de existir uma elevada dispersão de dados;

• Espaçamento: foi calculado pela moda, por causa do elevado número de espaçamento utilizados;

• Época de plantio: calculou-se através da moda, pela alta repetição dos dados que foram observados nas entrevistas;

• Forma de plantio: esta variável foi calculada pela porcentagem, em que se verificou qual a forma de plantio mais utilizada na região de estudo;

• Sistema de posse: foi utilizada a porcentagem para a verificação da produção própria ou por meio de parceria;

• Mão-de-obra: utilizou-se o método da moda para calcular o número de empregados permanentes e

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1291 temporários que foram utilizados no ciclo produtivo

do café;

• Tratos culturais: utilizou-se a porcentagem para es-timar os tipos de tratos culturais mais empregados pelos produtores de café;

• Armazenamento e comercialização de café: utili-zou-se a porcentagem para verificar se os cafeicul-tores têm como armazenar seu café e como é feita a comercialização do produto, como, por exemplo, grão beneficiado, em coco ou diretamente na coo-perativa;

• Produção colhida: utilizou-se a media aritmética para se determinar a produção colhida de café.

As variáveis sociais levantadas foram:

• Idade dos cafeicultores: utilizou-se a moda para de-terminar a idade média dos cafeicultores, em virtu-de da granvirtu-de variedavirtu-de da idavirtu-de dos cafeicultores;

• Escolaridade dos cafeicultores: para a determinação da escolaridade dos cafeicultores, foi necessária a criação de um índice, assim representado, analfabe-to = 0, 1º grau = 1, 2º grau = 2, superior = 3 e pós-graduação = 4, procedeu-se a uma tabulação dos dados e utilizou-se da porcentagem para cada cate-goria;

• Localização geográfica: utilizou-se a mediana para verificar a distância das propriedades à cidade, pois existem propriedades afastadas;

• Local de residência: utilizou-se a porcentagem para a verificação do local de residência dos cafeiculto-res, se era na própria propriedade ou na cidade;

• Tempo de exploração da propriedade: para deter-minar o tempo médio de exploração da proprieda-de, foi utilizada a média aritmética, pelo fato de os dados coletados se distribuírem de uma forma limi-tada;

• Aquisição da propriedade: foi utilizada a porcen-tagem para se determinar de que forma era ad-quirida as propriedades, se foi comprada ou her-dada;

• Exerce outra atividade: foi verificado se os cafei-cultores têm outra atividade econômica paralela; para isso, utilizou-se a porcentagem;

• Importância da cafeicultura para a renda familiar: a porcentagem foi utilizada para determinar se a cafe-icultura tem importância principal ou secundária para os cafeicultores;

• Número de filhos: para a verificação dessa variável, foi utilizada a média aritmética e usou-se a

porcen-tagem para determinar se os filhos ajudam os pais com qualquer tipo de trabalho nas atividades rurais.

RESULTADOS DISCUSSÕES

Indicadores Sociais e Técnicos das Proprieda-des Estudadas

Todos os produtores em estudo moram na cida-de, possuem empregados permanentes (totalizando um percentual de 33,0 %), com registro em carteira assina-da, sendo a terra explorada há mais de 15 anos.

Nesse levantamento, verificou-se que 80,0% do café sofre beneficiamento logo após a colheita, e a maioria é comercializada na safra, por meio da Coope-rativa Agrícola Alto Rio Grande (CAARG), em Lavras – MG, e o custeio da produção cafeeira foi financiado pelo crédito agrícola.

Segundo os produtores, a importância da cultura está relacionada com a base da renda familiar, já que a família depende dessa renda.

Quanto ao sistema de posse da terra, observou-se que nenhum dos produtores trabalha em sistema de parceria, tampouco fornecem terras para que outros tra-balhem em sistema semelhante.

O preparo convencional do solo é utilizado em todas as propriedades pesquisadas, percentual esse que também se aplica à época de plantio, em que os produ-tores preferem o período das chuvas, especialmente os meses de novembro e dezembro. O método de plantio consorciado não é utilizado, pois todos os produtores fazem uso do plantio solteiro; 40,0 % adotaram o méto-do de conservação méto-do solo, empreganméto-do curvas-de-nível e terraços. Cerca de 60,0 % preferem o sistema semi-adensado ou adensado e o restante utiliza o plantio tradicional.

Todos os produtores fazem adubação de plantio, sendo o supersimples (SS) o adubo mais demandado, aliado à adubação nitrogenada, servindo-se da fórmula 20-5-20. Os cafeicultores em questão preferem as cul-tivares Catuaí, Mundo Novo e Rubi, por questões climá-ticas e econômicas, e não dispensam, pelo menos, três capinas manuais, aliadas à complementação com herbi-cidas, já que o controle fitossanitário na lavoura é ado-tado pela maioria dos produtores, merecendo destaque o uso de produto Baysiston no controle de pragas do cafe-eiro.

Resultados Econômicos da Produção de Café

Os dados apresentados nas Tabelas 1 e 2 refe-rem-se aos resultados econômicos das quatro

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proprieda-1292

des de café pesquisadas nos anos agrícolas 1996/97 e 1997/98.

Custo de Produção

Observando-se a Tabela 1, verificam-se os itens dos custos de produção estimados na safra 1996/97, ex-pressos em percentuais de participação no custo médio de cada saca de café produzida, cujo rendimento médio variou de 15 a 30 sacas de café por hectare, em cada propriedade.

Percebe-se pelos dados apresentados na Tabela 1 que os custos fixos e variáveis têm uma participa-ção no custo final do café de forma equilibrada, vari-ando em torno de 50% do custo médio da saca de ca-fé. A maior participação do custo variável foi para o

produtor de café com produtividade de 15,5 sc/ha, e a do custo fixo foi para aquele que atingiu 30 sc/ha.

Na safra 1996/97, a formação da lavoura foi o i-tem dos custos fixos que mais onerou a produção de ca-fé, enquanto a mão-de-obra constituiu-se na despesa va-riável mais significativa na atividade cafeeira. Deve-se registrar o alto valor de remuneração da terra e a ex-pressiva participação dos insumos para a produtividade de 30 sc/ha.

O custo total médio de cada saca de café pro-duzida oscilou entre R$ 99,74 e R$111,94, a depen-der da produtividade, conforme dados da Tabela 1. O preço médio recebido pelos cafeicultores em estudo, na safra 1996/97, variou de R$193,75 a R$250,00, in-ferindo-se que a atividade tem condições de se ex-pandir, sendo, em um ambiente competitivo, atrativa de novos investimentos para o setor.

TABELA 1 – Custos fixos e variáveis da produção de café, safra 1996/97, região de Lavras - MG. Produtividade

15,5 sc/ha 15-20 sc/ha 20 sc/ha 30 sc/ha Custos Fixos e Variavéis

% CT % CT % CT % CT Terra 6,77 4,04 6,63 16,13 Formação da Lavoura 25,11 24,96 36,91 27,31 Benfeitorias 5,29 2,22 0,99 1,96 Máquinas/Equipamentos 3,61 6,89 0,66 5,95 Impostos/Taxas 0,97 4,44 0,24 0,24 CFT 41,75 42,55 45,43 51,59 Mão-de-obra 15,87 22,95 26,65 7,16 Insumos 8,98 10,54 23,00 31,08 Transp/Comb./En. Elétrica 5,43 7,89 1,56 7,17 Outras Operações 24,67 5,63 0,25 - Manutenção1 3,30 10,44 3,11 3,00 CVT 58,25 57,45 54,57 48,41 CT 100,00 100,00 100,00 100,00 CTMe (R$/sc) 107,46 111,94 108,74 99,74 1 Inclui despesas com panos, peneiras, rastelos, sacaria, dentre outros.

Conforme se pode observar na Tabela 1, os in-sumos representaram 31,08% do custo total referente à produtividade de 30 sc/ha, dado que se mostra discre-pante quando comparado aos demais percentuais desse mesmo item; porém, isso se deve ao constante monito-ramento e à alta tecnologia utilizada por essa

proprieda-de, requerendo, portanto, maiores gastos com aduba-ções, cuidados fitossanitários, capinas, dentre outros.

Os resultados dos custos de produção do café na safra 1997/98 estão na Tabela 2. Nesse período, o ren-dimento médio das propriedades estudadas variou de 18 a 46,2 sacas de café por hectare.

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1293 Pelos dados levantados, percebe-se um

decrés-cimo da participação dos custos fixos à medida que au-menta a produtividade da atividade, ao contrário do que ocorre com os custos variáveis de produção (Tabela 2). A formação de lavoura é o item que mais onera os cus-tos fixos, ao passo que as despesas de insumos e mão-de-obra são aquelas que mais elevam o custo variável ao produzir o café.

Para produtividade abaixo de 30 sc/ha, os custos fixos oneram a produção de café em percentuais acima de 50%, invertendo essa situação quando se aumenta o rendimento da lavoura. Nesse caso, são os custos variá-veis que mais pesam no custo final de cada saca produ-zida (Tabela 2).

Na safra 1997/98, o custo total médio de cada saca de café produzida variou de R$ 73,72 a R$ 125,39, e o preço médio recebido pelo café oscilou entre R$165,00 a R$190,00, reforçando a situação de lucro econômico da atividade cafeeira no período estudado. O cafeicultor paga todos os custos de produção, incluindo a remuneração alternativa do capital empatado na ativi-dade, e ganha um adicional: o lucro supernormal.

Na Tabela 3 pode-se verificar o resultado médio dos custos de produção das safras 1996/97 e 1997/98, coletados em Lavras, bem como o preço médio recebi-do pelos cafeicultores. Percebe-se que o custo variável onera a produção em 75,17% e que a situação econômi-ca da atividade econômi-cafeeira é de lucro supernormal.

TABELA 2 - Custos fixos e variáveis da produção de café, safra 1997/98, região de Lavras - MG. Produtividade

20 sc/ha 18-20 sc/ha 30 sc/ha 46,2 sc/ha Custos Fixos e Variavéis

% CT % CT % CT % CT Terra 7,91 5,39 12,03 0,85 Formação da Lavoura 48,70 44,22 22,50 1,80 Benfeitorias 3,46 3,13 2,67 1,91 Máquinas/Equipamentos 3,14 2,81 4,10 4,62 Impostos/Taxas 0,06 0,24 0,13 0,13 CFT 63,27 55,79 41,43 9,31 Mão-de-obra 4,76 18,37 8,01 41,21 Insumos 22,05 9,04 29,25 33,42 Transp./Comb./En. Elétrica 4,85 5,78 10,10 5,72 Outras Operações 2,58 3,99 7,66 0,33 Manutenção1 2,49 7,03 3,55 10,01 CVT 36,73 44,21 58,57 90,69 CT 100,00 100,00 100,00 100,00 CTMe (R$/sc) 73,72 125,39 83,86 87,49

1 Inclui despesas com panos, peneiras, rastelos, sacaria, dentre outros.

TABELA 3 - Custos médios de produção de café e preço médio recebido, safras 1996/97 e 1997/98, região de

Lavras – MG.

CFMe (R$/sc) CVMe (R$/sc) CTMe (R$/sc) Preço Médio (R$/sc)

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CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos com os produtores que compõem esse estudo de casos, per-cebe-se que os mesmos vêem na cafeicultura sua im-portância econômica como base de renda familiar, apesar de possuírem atividades paralelas à de produ-tor rural.

Os produtores de café são propensos à adoção de tecnologias, como a conservação do solo, adubação de plantio, controle fitossanitário e escolha de cultivares adaptadas à região.

De acordo com os indicadores econômicos, veri-ficou-se que os custos que mais oneraram a produção foram a formação da lavoura, mão-de-obra e despesas com insumos.

Nas safras 1996/97 e 1997/98, a avaliação eco-nômica da cafeicultura estudada foi de lucro, o que in-dica capacidade de expansão, atraindo novos investi-mentos para o setor cafeeiro. É uma situação que per-manece apenas a curto prazo, e a persistir tal conjuntu-ra, a tendência é a entrada de novos produtores no ne-gócio, aumentando a longo prazo a oferta de café com reflexos no preço do produto.

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Referências

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