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Empreendedorismo olímpico

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Academic year: 2021

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0 | Abstract

The objective of this contribution is to demonstrate that it is possible to find men and women who are entrepreneurs in sport. An entrepreneur is a person who can make things happen, as he or she has sensitivity and capacity to identify opportunities. In spite of the common use of the term entrepreneurship, it is necessary to understand it from the sports perspective, more precisely from a point of view linked to the Olympic Movement, an area which has been known by initiatives of innovation for more than a century. Besides Pierre de Coubertin, who was the first Olympic entrepreneur of the modern era according to today’s definitions of the expression, it is important to mention the Brazilian professor Aloyr Queiroz de Araújo. He was an Olympic entrepreneur as his contribution to sports showed values typical of the Olympic Movement, including ideals related to national and foreign exchange.

Empreendedorismo olímpico

Dirce Maria Corrêa da Silva | dircecorrea@gmail.com Centro Universitário Vila Velha, Brasil

Grupo de Estudos Pierre de Coubertin

Lamartine Pereira DaCosta

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1 | Introdução

Em tempos presentes, o esporte e a Educação Física em geral estão assumindo diferentes termos conceituados a partir de novos olhares. Cabe-nos empreender esforços no sentido do uso e do sentido dessas expressões comuns nas situações novas e que geraram essa nova visão sobre objetos de pesquisa. O objetivo desta contribuição é demonstrar que no esporte é possível encontrar homens e mulheres empreendedores, sendo esta característica uma nova visão que re-define as atividades físicas. E , apesar do uso corriqueiro do termo empreendedorismo, é preciso entendê-lo na ótica do esporte, mais precisamente naquele associado aos Jogos Olímpicos, área pretensamente destacada por iniciativas renovadoras e longa sobrevivência desde 776 a.C.

Para conceituar este aqui denominado “empreendedorismo olímpico’, recorremos a autores como Chiavenato (2005), Dornelas (2005) e Oliveira (1995) na perspectiva de entender o empreendedorismo per se e depois no âmbito olímpico. Já a adjetivação do termo, cabe-nos em princípio a associação ao Movimento Olímpico Internacional, pautado na constituição do Olimpismo, doutrina comportamental de sentido ético proposta por Pierre de Coubertin no início do século XX.

Em sentido mais administrativo, Chiavenato (2005) dedica o primeiro capítulo do livro “Empreendedorismo: Dando Asas ao Espírito Empreendedor”, à identificação do espírito empreendedor e segue sugerindo ações para a construção de um empreendimento de sucesso.

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Dornelas (2005) em seu livro “Empreendedorismo: Transformando Idéias em Negócios” procura conceituar e analisar historicamente o empreendedorismo logo no primeiro capítulo. E nos capítulos posteriores constrói caminhos para a identificação de oportunidades de negócios e respectivos planos.

Oliveira (1995), organizador do livro “Valeu! Passos na Trajetória de um Empreendedor”, dedica-se a identificar o empreendedor a partir da conceituação e do estabelecimento de modelos.

Além destas preliminares, a pesquisa bibliográfica permite o acesso a conceitos já consolidados de empreendedorismo e a análise do Movimento Olímpico tendo como ótica o caráter inovador de homens e mulheres que conservaram/conservam os ideais olímpicos.

2 | Empreendedorismo

Empreendedorismo é uma expressão utilizada amplamente na área de administração de empresas. Geralmente associado às iniciativas pioneiras de empresários, o empreendedorismo traz sempre uma perspectiva positiva de gestão de negócios e de ingrediente do sucesso empresarial. Autores como Dornelas (2005) ainda associam o empreendedorismo à transformação de meros sonhos em negócios reais que são realizados e desenvolvidos com sucesso, como realizações bem sucedidas. Dentre os estudiosos do assunto outra característica do empreendedorismo é sua avaliação sempre a posteriori.

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Junto à conceituação do termo empreendedorismo, outros como empresa, empresário e empreendimento também são conceituados. Entendendo que todas essas expressões possuem uma mesma origem etimológica, explicá-las permite diferenciar o entendimento de cada uma delas e as suas relações próximas.

Desse modo, Oliveira (1995, p. 15) apresenta dois possíveis significados para o verbo empreender. O primeiro com o caráter de “manter algo em andamento, fazer o sistema progredir” e o segundo “como uma ação que combina agilidade e surpresa”.

Considerando tais definições é possível entender que o ato de empreender nem sempre cabe ao empresário ou líder. Já que, apesar de manter uma empresa em pleno funcio-namento, somente isto, não faz dele alguém que associa a essa ação atitudes ágeis e surpreendentes e que podem trazer sucesso e resultados também surpreendentes para o negócio. Apesar disso, empresário/líder e empreendedor podem associar-se em prol de um objetivo comum. Assim como essas funções podem ser atributos de uma mesma pessoa.

A origem etimológica da palavra, segundo Oliveira (1995), é latina e vem do verbo prendere ou prehendere que tanto pode significar pegar, segurar como tomar para si. Da mesma forma empresa também pode ganhar significado de empreendimento – espaço onde o empresário toma para si a responsabilidade de realizar ações. Àquele que assume os riscos e realiza cabe a denominação de empreendedor.

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O uso do termo empreendedor aparece em diferentes idiomas como entrepreneur (de origem francesa), que foi incorporado à língua inglesa com a mesma grafia, pois não havia correspondente de mesmo significado na cultura anglo-saxônica.

Schumpeter, citado por Oliveira (1995, p. 18), define entrepreneur como alguém “que faz combinações de elementos, introduzindo novos produtos ou processos, identificando novos mercados de exportação ou fontes de suprimento criando novos tipos de organização”.

Segundo Chiavenato (2005, p. 5), “empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades”.

Para Dornelas (2005, p. 39), o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados.

Ainda conceituando entrepreneur, Oliveira (1995) utiliza a definição da revista norte-americana Fortune, que atribui a este a função de avaliar a capacidade de lidar com situações nem sempre positivas e muito menos, simples. Tal conceito permite pensar que não se restringe ao campo da administração a presença do entrepreneur. Na mesma revista, entrepreneur possui uma definição ampliada que segundo Oliveira (1995, p. 18-19), “não se restringe ao âmbito dos negócios, mas está igualmente presente nas artes, na

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guerra, na ciência, em outros campos de atividade humana”, cabendo ao mesmo a especialidade na sua área de atuação.

Considerando estes aspectos, entendemos que também no esporte, e especialmente no esporte olímpico, existem pessoas que percebem oportunidades e, assumindo riscos calculados, criam e realizam atividades e eventos produzindo novos mercados e campos esportivos para intervenção e pesquisa.

Para Oliveira (1995), a definição de empreendedorismo deve considerar aspectos como as atividades a serem desenvolvidas, o perfil do empreendedor e a amplitude da sua intervenção na sociedade. Desse modo, a preocupação em identificar o perfil do empreendedor é somente um caminho para entender o empreendedorismo. Assumindo assim que o empreendedor possui características não encontradas em administradores e empresários.

3 | A tentativa de construção do perfil empreendedor Se ser empreendedor diferencia-se de ser administrador e empresário, que características deve possuir o empreendedor?

Para Aquino, citado por Oliveira (1995), o empreendedor deve possuir iniciativa, agressividade para os negócios, ser um ‘farejador’ de oportunidades, ter vontade de ser patrão, gostar do que faz, ser dinâmico e inquieto.

Oliveira (1995, p.33) também apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida pelo SENAC, com empresários, em

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que esses atribuíram ao empreendedor catorze carac-terísticas dentre as quais se destacam a autoconfiança, dedicação, necessidade de conhecimento, inovação, improvisação e iniciativa.

Chiavenato (2005) sugere que um empreendedor deve ser uma pessoa capaz de reunir características como a necessidade de realização, a disposição para assumir riscos e a autoconfiança.

Observamos que tais características apontam para um perfil de qualidades pessoais, muito mais que técnicas ou profissionais. Concordando com os autores de que empreendedor é alguém que, além de visionário, realiza, parece-nos mais adequado que na constituição de um perfil os atributos pessoais como iniciativa, autoconfiança, dedicação, dinamismo e conhecimento do campo de atuação devam ser valorizados. A esses juntamos ainda a capacidade de negociação política.

Independente do campo de atuação do empreendedor, tais características são fatores decisivos e que contribuem para o sucesso de seu negócio. Em se tratando de empreendimento olímpico, o esporte e o Olimpismo precisam ser de conhecimento do empreendedor e fazer parte de sua dedicação profissional. Além disso, é preciso saber qual o grau de intervenção do empreendedor na sociedade? Como ele fará do esporte um sucesso e uma necessidade reclamada pela população? Que benefícios suas ações empreendedoras trarão (ou trouxeram) para o Movimento Olímpico?

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4 | Homens e mulheres empreendedores do Movimento Olímpico

Para Mello (2006, p. 9), “uma empresa [...] nasce de idéias, sonhos, ambição e fé no próprio talento”.

Parafraseando esse autor, entendemos que os Jogos Olímpicos da Era Moderna nasceram da idéia, do sonho, da ambição e da fé (em seu próprio talento) de Pierre de Coubertin. Empreendedor, dedicou-se a promover e divulgar o Movimento Olímpico pelo mundo. Certamente formou seguidores do seu ideal e que, com o tempo, também se tornaram empreendedores. Alguns avançaram e inovaram o Olimpismo, trazendo ações em prol da união entre os povos – como o revezamento da tocha olímpica que não existiu no passado grego dos Jogos. Outros empreen-dedores, homens e mulheres, incluíram e valorizaram a inclusão feminina nos Jogos, uma participação vedada na versão original da Antiga Grécia.

Entendemos então o empreendedorismo olímpico como ações desenvolvidas por pessoas que se dedicaram ao esporte com um pensamento sempre além do seu tempo, trazendo inovações, produzindo e organizando eventos embora mantendo sempre o espírito e os valores olímpicos dentro da renovação.

5 | Um caso brasileiro de empreendedorismo olímpico Nem todo amante do esporte é um empreendedor. Considerando com Oliveira (1995) que o empreendedor sempre foi, nunca está sendo, reportamo-nos aos anos de

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1946 a 1972 para falar de um brasileiro que viveu no estado do Espírito Santo até 1976: o professor Aloyr Queiroz de Araújo (1912 – 1976). Diretor do Departamento e da Escola de Educação Física do Espírito Santo de 1946 a 1972, divulgou seu trabalho no Brasil e em eventos internacionais, sendo convidado para organizar entidades semelhantes em outros estados brasileiros.

Barros (1997), ao escrever sobre a história de vida do professor Aloyr Queiroz de Araújo, aponta a vertente olímpica presente em sua obra. Ao verificar seu acervo guardado no setor de Coleções Especiais da Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, encontram-se slides, recortes de jornal, documentos e produções que tratam da Educação Física e do esporte no Espírito Santo, sejam eles desenvolvidos na escola, nos clubes ou em outros espaços da sociedade civil. Destaca-se em sua obra a realização de grandes eventos sejam eles esportivos ou científicos. Porém, não se pode deixar de perceber a preocupação com o intercâmbio de informações entre os professores de Educação Física do Espírito Santo, e também com professores de outros cursos, outros estados e até de outros países.

Sua iniciativa em promover ações novas levou-o a idealizar os Jogos Universitários Brasileiros de Estudantes de Educação Física (JUBEEF), Olimpíadas Escolares, as Jornadas Científicas, os Cursos de Aperfeiçoamento e Colônias de Férias. Também faz parte de sua iniciativa os convites a esportistas, visitantes da cidade, para falarem na Escola de Educação Física. Sua autoconfiança foi suficiente para que

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tais realizações fossem coroadas de êxitos e servissem de exemplo para outros diretores. Mesmo que algumas pessoas o considerem um centralizador, seu dinamismo foi capaz de colocar a Educação Física e o esporte espírito-santense em evidência no cenário nacional e internacional.

Sua dedicação e disposição para assumir riscos o fizeram sonhar e utilizar de sua capacidade de negociação política, para transformar o curso de Educação Física de órgão complementar da Universidade do Espírito Santo em Centro na Universidade Federal do Espírito Santo.

Conhecedor do campo de atuação, ele dedicou sua vida à Educação Física. Sua abrangência na sociedade espírito-santense ia desde a intervenção pedagógica em aulas até a divulgação de notícias da Educação Física e do esporte em colunas semanais no jornal da cidade. O acesso ao Poder Público também era conhecido pelos documentos enviados e produzidos no sentido de orientar o mesmo sobre os assuntos do esporte.

A tudo isso junta-se ainda a necessidade de realização que o levou a outros estados brasileiros para organizar departa-mentos e escolas de Educação Física, sua coordenação desses órgãos e sua participação nos diferentes eventos esportivos.

Em resumo, o professor Aloyr Queiroz de Araújo foi um empreendedor olímpico na medida em que sua contribuição para o esporte teve um trajeto marcado por valores típicos do Movimento Olímpico, inclusive incorporando ideais

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explícitos de intercâmbio com os mais diferentes grupos nacionais e estrangeiros à maneira de Pierre de Coubertin.

5 | Referências

BARROS, M. G. F. Professor Aloyr Queiroz de Araújo. 1997. 60 p. Monografia (Pós-Graduação em Pedagogia do Desporto) - Centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 1997.

CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: Dando Asas ao Espírito Empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2005.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Transformando Idéias em Negócios. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

MELLO, P. Guia de Sobrevivência do Empreendedor. São Paulo: M. Books do Brasil. 2006.

OLIVEIRA, M. A. (Org.) Valeu!: Passos na Trajetória de um Empreendedor. São Paulo: Nobel, 1995.

Referências

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