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PALAVRAS CHAVE: Uberlândia, Espaço Urbano, Descentralização, Novas Centralidades.

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REESTRUTURAÇÃO URBANA DAS ATIVIDADES DE COMÉRCIO E SERVIÇOS EM UBERLÂNDIA – MG

LIDIANE APARECIDA ALVES1 VITOR RIBEIRO FILHO²

RESUMO

A partir da década de 1990, ocorreu uma expansão do consumo, sendo este processo um dos corolários da globalização. Esse fenômeno ensejou a (re) estruturação das atividades de comércio e serviços, cujo processo sócio espacial é de extrema importância para a compreensão dos processos de descentralização das atividades de comércio e serviços no espaço urbano, e conseqüentemente pelo surgimento das novas centralidades – subcentros, eixos comerciais, áreas especializadas, shopping centers, e de outros estabelecimentos comerciais importantes no contexto da cidade, tais como: hipermercados, redes de supermercados, assim como o comércio informal -, as quais são responsáveis por transformações na estrutura da cidade e, por conseguinte por (re) definições das funções da área central. Diante da relevância dessa temática, esse estudo tem por objetivo identificar e mapear as estruturas comerciais no âmbito do espaço urbano de Uberlândia-MG; bem como compreender a dinâmica das atividades de comércio e serviços nas últimas décadas na cidade, contribuindo para os estudos referentes à organização interna do espaço urbano e de forma especifica àqueles inerentes ao processo de descentralização das atividades de comércio e serviços. Dessa maneira, como resultado da presente pesquisa, tem-se o levantamento e análise das espacialidades e particularidades das atividades terciárias desenvolvidas na cidade de Uberlândia, sendo que a presença e a localização dessas atividades estão diretamente relacionadas com o crescimento urbano propiciado pelo intenso desenvolvimento social e econômico dessa cidade.

PALAVRAS CHAVE: Uberlândia, Espaço Urbano, Descentralização, Novas Centralidades.

1 Graduanda em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. Rua Delmira Cândida Rodrigues da Cunha, n°1160, Apto 402, Bairro Santa Mônica, Uberlândia, CEP: 38.408.208. lidianeaa@yahoo.com.br.

² Professor Doutor da Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Geografia. Coordenador do Projeto de Pesquisa. Av. João Naves de Ávila, 2160. Santa Mônica, Bloco 1H. vitor.f@terra.com.br.

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ABSTRACT

Since the decade of 1990, occurred an expansion of the consumption, being this process is one of the consequences of the globalization. This phenomenon results to (re) structuring of the activities of commerce and services, whose processes in social and spacial dimensions of extreme importance to understand the decentralization of the commerce and services activities in the urban space, therefore this is responsible for the start of the new urban centers - subcenters, commercial axles, specialized areas, shopping centers, and others importants commercial establishments inside the city, as: hypermarket, nets of supermarkets and also of informal commerce -, which are responsible for transformations in the structure of the city and, therefore for (re) definitions of functions of the downtown. In the presence of the relevance of this thematic, this study intend identify and distribute on space the commercial structures in the extent of the urban space of Uberlândia, MG and also to understand the dynamics of the activities of commerce and services in the city of Uberlândia, in the last decades, thus contributing, to the relating to studies to the intern organization of the city and, specifically, to the process of decentralization of the commerce and services activities. Thus, as a result of this search, have the survey and analysis of locality and particularities of the third activities developed in the city of Uberlândia, thus the presence and location of these activities are directly related to urban growth brought determined by intense social and economic development that city.

WORD KEY: Uberlândia, Space Urban, Decentralization, New Urban Centers.

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa visa compreender a (re) estruturação das atividades de comércio e serviços da cidade de Uberlândia-MG, cuja cidade localiza-se na microrregião do Triângulo Mineiro – antigo Sertão da Farinha Podre - conforme a

figura abaixo, e abrange uma área de 4.115,09 Km², dos quais 219 Km² correspondem à área urbana. Sua elevação à categoria de município ocorreu em 31 de agosto de 1888, a partir do antigo Arraial de São Pedro do Uberabinha.

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MAPA 1 – Uberlândia-MG - Localização do Município e da Área Urbana

As formas e funções do espaço urbano são resultados das relações sociais que nele são desenvolvidas. Assim, a cidade constitui o palco de reprodução dessas relações, que seguem as estratégias dos agentes transformadores do espaço urbano, e, interagem e produzem múltiplos espaços desiguais. Neste sentido, a cidade e seus espaços mostram-se em constante dinâmica de acordo com os propósitos dos agentes sociais em cada contexto histórico e temporal.

Ao analisar as transformações do espaço urbano de Uberlândia-MG, deve-se considerar os processos de modernização das atividades agropecuárias, industrialização e a potencialidade da cidade para as atividades de comércio e serviços. Uma vez que, esses processos constituem como grandes responsáveis pelo crescimento da urbanização, pois, de um lado, na medida em

que o êxodo rural se desdobra em decorrência da modernização no campo; de outro lado, as indústrias, bem como as atividades de comercialização, se instalam na área urbana – ou próximo desta – atraindo, conseqüentemente, grandes contingentes populacionais pela possibilidade de se conseguir empregos nestes setores. Gerando assim, modificações em múltiplos aspectos na dinâmica urbana, como no trânsito, transporte, moradia, educação, saúde e no surgimento de novas centralidades.

Em conseqüência de sua posição geográfica estratégica – localizada entre rotas comerciais-, da presença de potencialidades naturais –tais como hidrografia, relevo e solos-, e de uma forte base infra-estrutural instalada, a cidade de Uberlândia apresenta uma dinâmica história de desenvolvimento econômico e social,

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que, conseqüentemente, reflete na estrutura urbana dessa cidade, por meio do surgimento de novas centralidades, como os shopping centers, os subcentros, eixos e áreas comerciais.

Ao considerar o incremento populacional, verifica-se que em Uberlândia este é crescente. Assim, no ano de 1970 o contingente populacional da cidade era de aproximadamente 125.000 habitantes, e trinta anos após já somavam aproximadamente 500.000 habitantes, portanto com um crescimento demográfico de cerca de 301,3 %. Ainda, pode-se destacar que o crescimento da população urbana foi superior ao da população rural, sobre isso Bessa (2001:270-271) destaca que o processo de urbanização em Uberlândia ocorreu num ritmo superior ao brasileiro, e que, além da expulsão do homem do campo, o processo migratório foi fundamental para o rápido crescimento urbano. Portanto, dentre as cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Uberlândia se destaca como aquela que apresentou maior crescimento populacional, concentrando segundo FIBGE (2001), 6,8% da população da região, com um grau de urbanização que chega a 97,6%.

A partir da pós-segunda guerra mundial, nota-se principalmente nas metrópoles uma (re) estruturação do espaço

urbano, com surgimento de novas centralidades como os subcentros, eixos comerciais, áreas especializadas e shopping centers, cuja (re) estruturação foi possibilitada por dois vieses, o crescimento urbano e a difusão do automóvel. Contudo, cabe ressaltar que as transformações no âmbito do espaço urbano das cidades médias começaram a partir das décadas de 1960/1970, pois foi neste período que o Estado passou a oferecer maiores estímulos à urbanização dessas cidades, e assim, elas ganharam maior dinâmica tanto em âmbito intra como inter-urbano.

Na década de 1970 a presença da base infra-estrutural, já consolidada, possibilitou à Uberlândia a atração de bens, investimentos, movimentos migratórios, bem como à expansão das atividades de comércio e serviços. Posteriormente, a partir da década de 1980 e 1990 quando se dá a intensificação do processo de globalização, são observáveis intensas mudanças na divisão territorial e social do trabalho, incrementando dessa forma o dinamismo da cidade.

Neste contexto, em consonância com os processos econômicos e sociais em curso, nota-se uma constante dinâmica nas áreas comerciais da cidade, que ganham novas funcionalidades, pela presença de uma importante estrutura comercial que corrobora

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com a complexificação funcional e com a ampliação do mercado. A expansão do consumo, um dos corolários da “globalização perversa” em cunho, oferece as condições necessárias à instalação de novas centralidades, os quais estão representados pelos shopping centers, eixos comerciais, hipermercados, redes de supermercados e lojas de departamento paralelamente ao crescimento de outras modalidades de comércio informais.

As atividades comerciais apresentam uma grande capacidade polarizadora dos deslocamentos das pessoas, sendo que nos centros comerciais com maior diversidade de serviços e mercadorias, como por exemplo, os centros tradicionais, hipermercados e shopping centers, são atendidas com maior freqüência as necessidades de um maior número de pessoas, ao contrário do que ocorre nos eixos comerciais e centros especializados, por exemplo, que por oferecerem menor diversidade de mercadorias e serviços é menor a quantidade de deslocamentos para tais.

As atividades comerciais estão baseadas na economia de aglomeração e na variedade de produtos, o que desencadeia um poder estruturador - polarizador nos locais onde estão instaladas. O mix de produtos e serviços oferecidos faz com que

consumidores reduzam a quantidade de viagens, assim como de lojas a serem visitadas, porém mantendo elevada capacidade de consumo.

A emergência do processo de descentralização pode ser explicada pelo processo de acumulação de capitais em cunho, sobre isso Smith (1988) afirma que, o capital move sempre para alcançar os maiores lucros, assim as condições oferecidas nas áreas não centrais são mais atrativas que as das áreas centrais. Com uma mesma perspectiva Corrêa (1979) afirma que, devido às empresas comerciais buscarem melhores localizações junto ao mercado consumidor, o processo de descentralização oferece condições propicias para a reprodução de capitais.

Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho é identificar e mapear as estruturas comerciais - shopping centers, centros comerciais, centros comerciais informais, subcentros tradicionais, eixos comerciais especializados, hipermercados e classificar as redes de supermercados - no âmbito do espaço urbano de Uberlândia-MG, com vistas a compreender a organização espacial da cidade e a expansão das novas centralidades.

A execução deste estudo justifica-se uma vez que, ao investigar o processo de

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reestruturação urbana da estrutura comercial da cidade - pela descentralização das atividades varejistas e pela instalação de novos complexos comerciais nesta cidade -, busca-se paralelamente compreender as intensas transformações ocorridas nas últimas décadas, reflexos das relações sócio-espaciais estabelecidas.

Em Uberlândia o processo de descentralização ganha destaque com o surgimento dos subcentros e eixos comerciais na década de 1980 e com a implantação do Center Shopping no início dos anos 1990. E recentemente, com os centros comerciais populares (in) formais, os quais apresentam uma grande importância para o consumidor de baixa renda. Como conseqüência dessa reestruturação, verifica-se, a atração de estabelecimentos comerciais do centro para outras áreas da cidade, além de uma articulação das novas centralidades com a área central, via inauguração de filiais daqueles empreendimentos localizados na área central nos subcentros, o que facilita o acesso da população aos bens de consumo, e desencadeia mudanças nos fluxos intra-urbanos e nas atividades exercidas pelas pessoas.

Assim, a escolha da temática sobre a reestruturação urbana das atividades comércio e serviços é importante, por

contribuir com os estudos referentes à organização interna da cidade e de forma especifica aos estudos referentes ao processo de descentralização das atividades terciárias.

MATERIAIS E MÉTODOS

Visando atender aos objetivos propostos por este estudo, fez-se necessário de acordo com cada etapa de execução do projeto, a utilização de diversos procedimentos metodológicos. Inicialmente, foi imprescindível a realização da pesquisa bibliográfica, a fim de se obter um maior conhecimento teórico – sobre os processos de urbanização, caracterização das cidades médias e de Uberlândia, os processos de descentralização e formação de novas centralidades e sobre as estruturas comerciais consideradas -, para oferecer embasamento às análises da temática. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas e documentais em livros, artigos científicos, monografias, teses e dissertações, os quais foram lidos e posteriormente discutidos.

O passo seguinte foi a definição dos instrumentos de levantamento de dados – roteiros para visita in loco das estruturas comerciais.

Para a realização do levantamento de dados em campo - coleta de informações e

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elaboração de material fotográfico foram selecionadas as seguintes estruturas comerciais: shopping centers, centros comerciais e os centros comerciais informais; os subcentros tradicionais e os eixos comerciais especializados; as redes de supermercados e os hipermercados.

A partir da obtenção das informações foi possível realizar a sistematização e análise das mesmas, propiciando a elaboração de quadros, tabelas, mapas e, por conseguinte a redação do trabalho.

RESULTADOS

Levantamento e Mapeamento dos Shopping Centers

A combinação de elementos inerentes ao processo de globalização, tais como a cultura do consumismo, a difusão do uso do automóvel, a inserção da mulher no mercado de trabalho, bem como a possibilidade de localização em áreas amplas, de fácil acesso e que permitam maior mobilidade de pessoas e mercadorias, foi de significativa importância para a propagação dos shopping centers no Brasil.

Os shopping centers buscam localizarem-se em regiões com maior densidade populacional e concentração de renda. Tal localização é motivada, pelo fato de tais empreendimentos, cada vez mais

estarem a serviço da reprodução do capital, e, portanto precisarem de áreas dinâmicas a fim de garantir a obtenção de maiores lucros.

A possibilidade de ter acesso, realizar compras e tratar de negócios em um ambiente protegido e agradável, bem como, encontrar varias atividades e mercadorias de qualidade em um mesmo espaço, fez com que na década de 1980 ocorresse o incremento no número dos shopping centers, mesmo com a redução do poder de compra dos consumidores.

Neste contexto, em 1987 foi inaugurado o Ubershopping, primeiro shopping center de Uberlândia, localizado no setor Sul da cidade. Contudo, tal empreendimento não prosperou, passando a funcionar neste local uma Instituição de Ensino Superior.

Posteriormente em 1992 foi inaugurado o Center Shopping, conforme indica a foto 1 e o mapa, cujas características estão representadas no quadro 1.

A instalação do Center Shopping constitui em um marco importante no desenvolvimento das atividades de comércio e serviços em Uberlândia, uma vez que devido aos seus equipamentos, o mesmo possui destaque regional, sendo responsável por deslocamentos de pessoas de toda a

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região para esta cidade para a realização de compras.

Foto 1: Center Shopping

Localizado no Bairro Tibery, Setor Leste da cidade de Uberlândia - MG. Disponível em www.Skyscrapercity.com.br. Acesso Jan/2008

Quadro 1 - Uberlândia – MG: Dados Gerais sobre o Center Shopping- 2007

Nome Center Shopping

Administradora Center Shopping

Data de Inauguração Abril de 1992

Localização B. Tibery

Área Bruta Locável 31.000 m² Área Total Construída 79.000 m² Área total do Terreno 90.000 m ²

Pisos 6

Escadas Rolantes 2

Elevadores 4

Salas de Cinema 10

Número de lojas 200

Vagas no estacionamento para caros 2500 Fonte: www.abrasce.com.br –www. Centershopping.com.br

Outro shopping que merece destaque na cidade de Uberlândia é o Pratic Center, o qual está instalado junto ao terminal de integração do transporte urbano, na zona

periférica do centro, entre as Avenidas Afonso Pena, João Pinheiro e João Pessoa.

O Pratic Center foi construído em 1997 pela construtora Andrade Gutierrez e o Grupo Algar, é administrado pela Cia de

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Adm. de Terminais e Centros Comerciais- COMTEC. Apesar de apresentar menor tamanho e conseqüentemente diversidade de serviços e produtos oferecidos, de acordo

com o quadro 2 , o Pratic Center possui sua importância para atendimento de outro perfil de consumidor.

Quadro 2 - Uberlândia – MG: Dados Gerais sobre o Pratic Center - 2007

Nome Pratic Center

Administradora Cia de Adm de Terminais e Centros Comerciais- COMTEC

Data de Inauguração Agosto de 1997 Área Bruta Locável 7.844 m² Área Total Construída 15.745 m ²

Pisos 3

Escadas Rolantes -

Elevadores 3

Salas de Cinema 2

Número de Lojas 68

Vagas no estacionamento para caros 262

Fonte: COMTEC- Cia de Adm. de Terminais e Centros Comerciais. Em relação à infra-estrutura do Pratic

Center Terminal Central, os dados do quadro 2, indicam que este shopping possui três pisos, sendo o andar térreo destinado as plataformas do transporte urbano, o segundo ao Pratic Center e o andar superior ao estacionamento.

Neste shopping estão presentes 68 lojas, dentre elas pode-se destacar a Rede Eletrosom, a Baeta, a Casa das Balas, O Boticário, a Drogalider, e Telne, que podem ser consideradas lojas âncoras.

Cabe destacar que, apesar da presença de algumas lojas em comum, o Center Shopping e o Pratic Center atendem a públicos distintos, sendo que o primeiro visa atender, principalmente, às classes

sociais com maior poder aquisitivo, e o segundo atende, fundamentalmente, as classes baixas, cujas pessoas utilizam o transporte urbano. Portanto, dadas suas principais características, o Pratic Center pode ser considerado como um “Shopping Popular”.

Levantamento e Mapeamento dos Hipermercados

A fim de atender as necessidades dos consumidores, que buscam uma maior diversidade de produtos a ser oferecidos e preços baixos, surgiu desenvolvido pelos franceses o conceito de hipermercado, a partir da criação da rede Carrefour nos anos 1960.

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Em decorrência do desenvolvimento alcançado por Uberlândia, considerada uma por muitos uma Cidade Média e um pólo regional, esta foi a primeira cidade do interior mineiro a possuir um hipermercado.

No ano de 1992 foi inaugurado em Uberlândia, junto às instalações do Center Shopping, o hipermercado da rede Carrefour conforme representado no mapa 2.

Dessa forma, com a instalação do Center Shopping e do Carrefour, foi impulsionada uma nova dinâmica na área no entorno desses empreendimentos, no setor Leste da cidade com destaque para os bairros Tibery e Santa Mônica.

Desde a instalação do Carrefour até o ano de 2007, Uberlândia contava com um único hipermercado, embora muitos

afirmassem que a cidade já apresentava um contingente de consumidores suficiente para instalação de mais estabelecimentos desse porte. Neste contexto, em maio de 2007 inaugurou-se no Bairro Tabajaras – no eixo comercial da Avenida Rondon Pacheco - o segundo hipermercado da cidade, da rede Extra, do grupo paulista Pão de Açúcar.

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Assim como os supermercados, os hipermercados buscam adaptar suas características e produtos oferecidos à demanda de seus consumidores. Dessa forma, é possível observar que apesar de concorrentes, os hipermercados Carrefour e Extra possuem diferentes consumidores. Por estar localizado no setor Sul da cidade destinado às camadas econômicas mais abastadas, os produtos e serviços oferecidos pelo hipermercado Extra, basicamente, para satisfazer a demanda dos consumidores de alta renda.

Levantamento e Mapeamento dos Subcentros Tradicionais

Diferentemente ao estabelecido pelo Plano Diretor da cidade de Uberlândia, em seu capitulo V, seção I, artigo 20, que trata do uso e ocupação do solo no espaço urbano, e para tanto considera como subcentros os seguintes bairros: Luizote de Freitas, Tibery, Planalto, São Jorge, Santa Mônica, Santa Luzia, Tubalina e Presidente Roosevelt, foram identificados por meio de trabalhos de campo realizados, os seguintes subcentros tradicionais, a saber: Luizote de Freitas/Jardim Patrícia, Santa Mônica, Planalto, São Jorge/Granada e Presidente Roosevelt, conforme o mapa 3.

Certamente, a ocorrência dessa contradição nas informações deve se ao fato de que, para a elaboração do plano diretor não foram seguidos critérios com embasamento cientifico, assim como foi considerada a literatura geográfica que trata da temática para o levantamento de campo dos subcentros tradicionais, os quais segundo Villaça (2001), “são aglomerações diversificadas e equilibradas de comércio e serviços, estes dispõem de uma diversidade de serviços que complementam as atividades da área central, assim sendo, o subcentro caracteriza-se por ser uma replica em menor tamanho do centro”.

Neste sentido, o subcentro tradicional deve apresentar determinadas atividades de comércio que o caracteriza como tal, como por exemplo: lojas de departamento, filiais de lojas do centro, profissionais liberais, restaurantes dentre outras, e não simplesmente a presença de mercearias, bares, padarias e/ou outras pequenas atividades comerciais de pequeno porte - os chamados comércios de bairro -, que embora presentes nos centros funcionais, não os caracterizam.

Dentre os subcentros identificados, dois deles estão localizados no setor Oeste da cidade, o do bairro Luizote de Freitas/Jardim Patrícia e o do bairro

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Planalto. O primeiro destaca-se como o mais importante subcentro da cidade, uma vez o mesmo atende a uma quantidade significativa da população, assim pode-se inferir que ele possui alcance regional, pois atende não somente a população do bairro, assim como a região deste setor da cidade, como os bairros: Dona Zulmira, Jardim Europa, Mansour e Tubalina. Dessa forma, podemos dizer que o subcentro do Luizote de Freitas/Jardim Patrícia é completo e diverso, capaz de atender a maioria das necessidades da população. O segundo, por sua vez, apresenta menor pujança em relação ao primeiro e, conseqüentemente a área de alcance é mais restrita; ele atende, basicamente, à população do bairro Planalto, podendo exercer pequena influência à população do bairro Jaraguá.

No setor Norte da cidade, localiza-se o subcentro do bairro Presidente Roosevelt, o qual atende, fundamentalmente, a população dos bairros Jardim América, Jardim Brasília, Liberdade, Pacaembu e Santa Rosa. Apresentando assim, significativa importância ao atendimento da população residente neste setor da cidade.

No setor Leste de Uberlândia, encontra-se o subcentro do bairro Santa Mônica, o qual atende a população dos bairros Carajás, Pampulha, Santa Luzia, e

Segismundo Parreira. Este subcentro consolida-se com a ampliação da Universidade Federal de Uberlândia no Campus Santa Mônica, com as inaugurações do Center Shopping em 1992 e do Centro Administrativo e da Câmara Municipal em 1993.

Finalmente no setor Sul da cidade, encontra-se o subcentro que se estende ao longo dos bairros Granada e São Jorge. Não há como separar o subcentro em função dos limites dos bairros, devido à continuidade de suas atividades de comércio e serviços, assim como, a relação intrínseca dos fluxos da população aos estabelecimentos comerciais daquela área. Neste sentido o subcentro atende, além dos bairros em que está inserido, o Laranjeiras, o Buritis e o Santa Luzia.

Levantamento e Mapeamento dos Eixos Comerciais Especializados

Conforme explanado por Villaça (2001:303), ao contrário dos subcentros tradicionais que, “seu maior poder estruturador decorre do fato de eles apresentarem uma variedade equilibrada de comercio e serviço”, os eixos comerciais especializados apresentam um frágil poder estruturador devido ao reduzido número de

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viagens que o cliente realiza para atender a sua necessidade.

Neste sentido, ao considerar as principais características atribuídas aos eixos comerciais por estudiosos do tema e de acordo com a Secretária de Planejamento Urbano e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Uberlândia, destacam-se como

os principais eixos comerciais da cidade: as principais ruas e avenidas dos subcentros e da área central, e também os eixos comerciais, já consolidados no âmbito do espaço urbano, tais como as Avenidas Governador Rondon Pacheco, João Naves de Àvila, Getúlio Vargas e parte da Avenida Nicomedes Alves dos Santos, conforme demonstrado no mapa abaixo.

Cabe ressaltar que, cada um destes eixos comerciais apresenta particularidades e peculiaridades em relação as suas atividades de comércio e serviços. A Avenida Rondon Pacheco caracteriza-se como uma das avenidas de maior fluxo da cidade, uma vez que, por meio dela tem-se acesso a vários

bairros em diferentes setores da cidade. Nota-se que, esta avenida, pode ser divida em três setores, sendo que no primeiro – da Rua Bernardo Sayad até o cruzamento com a Av. João Naves de Ávila - predominam os hotéis, locadoras e concessionárias de automóveis, no segundo setor – do

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cruzamento com a Av. João Naves de Ávila até a Nicomedes Alves do Santos – estão concentrados grande parte dos bares, boates, restaurantes e sorveterias da cidade, e posteriormente – após a Nicomedes Alves dos Santos até o Praia Clube - tem-se a presença de supermercados, hipermercado, hospitais e lojas de artigos para decoração.

Outro eixo comercial relevante na cidade de Uberlândia é a Avenida João Naves de Ávila, sendo que esta liga a área Central da cidade à BR 050, e possui o corredor estrutural de transporte urbano desde o ano de 2007. Portanto, esta avenida constitui-se numa importante via da cidade. A Av. João Naves de Ávila pode ser dividade em dois setores: do Terminal Central até o cruzamento com a Avenida Rondon Pacheco – apresenta-se uma diversidade em suas atividades de comércio e serviços, destacando-se o predomínio de hotéis, restaurantes e imobiliárias, e após a Avenida Rondon Pacheco até a BR 050, onde predominam as atividades ligadas ao automóvel (conscessionárias, revenda, autopeças etc) e material de construção.

A Avenida Getúlio Vargas liga a zona periférica do centro aos bairros do setor Oeste da cidade. No Inicio deste eixo comercial – da rua Quintino Bocaiúva até seu cruzamento com a Avenida Marcos de

Freitas Costa - predominam as atividades médico-hospitares, sendo assim, encontram-se nesencontram-se encontram-segmento do eixo comercial os principais hospitais particulares da cidade, clínicas especializadas, laboratórios e farmácias, e o mercado municipal. No trecho entre a Avenida Marcos de Freitas Costa e a Avenida Olimpio de Freitas, encontra-se maior diversidade de atividades, das quais cabe destacar a presença dos supermercados – Bretas e D’Ville -, além de lojas de departamento, de artigos para decoração,e de material para construção

Levantamento, Identificação e Classificação dos Centros Comerciais Informais: Os Camelódromos

A mesma globalização que por meio dos avanços técnicos - científicos alcançados beneficia a difusão dos empreendimentos do setor formal da economia, também é responsável pela proliferação de atividades do setor informal da economia.

Isso ocorre porque, conforme afirma Santos (2003), a globalização é perversa e, na perversidade desse processo nota-se que, as classes menos favorecidas economicamente são as mais afetadas, pois não possuem a qualificação necessária para a inserção no mercado de trabalho formal e se vêem forçadas a encontrarem alternativas

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para a sobrevivência. Assim, nas cidades de médio a grande porte, a ocupação de espaços públicos, na área central, em praças e próximos aos terminais de transporte urbano para a venda de mercadorias é a alternativa encontrada por muitas dessas pessoas.

A presença desses trabalhadores na área central é responsável por alterar a paisagem urbana, pois aumenta significamente a circulação de pessoas de baixa renda em busca de mercadorias a

preços baixos. A fim de assegurar a boa aparência da paisagem do centro da cidade, garantir a segurança e a aceitação dos trabalhadores informais pela formalidade, enfim alcançar uma organização espacial para os comerciantes informais foram criados pela iniciativa pública e privada os chamados Camelódromos e os shopping populares, camelódromos organizados, quadro 3.

Quadro 3 – Uberlândia-MG: Localização e Caracterização dos Camelódromos na Zona Central.

Nome Localização Inauguração Área Construída Qtde /Lojas Pagamento/Taxa Central Av. Afonso Pena 1997 1.600 m² 132 boxes Aluguel

Bazar Oriental Av. Afonso Pena 2000 230 m² 11 boxes Aluguel Shopping

Popular

Av. João Pessoa 2003 1.500 m² 121boxes Aluguel

Regente Av. Afonso Pena 1999 390m² 28 boxes Aluguel

Sahara Av. Cel. Antônio Alves

2006 650 m² 80 divisórias Aluguel

Shop OK Av. João Pessoa 2003 1.500 m² 90 boxes Aluguel Praça Shopping Rua Duque de Caxias 2007 500 m² 70 boxes Aluguel Camelodromo Municipal Av. Floriano Peixoto, 1.120 1993 - 1997 585,18 m² 76 boxes Manutenção Av. João Naves de Ávila

Av. João Naves de Ávila

2006 189 m² 70 boxes Manutenção

Fonte: Pesquisa de campo, novembro/dezembro de 2007. A criação dos Camelódromos justifica-se também, pela garantia da permanecia da atividade e da reprodução dos lucros pelos comerciantes, uma vez que, apesar de estar inserida no “circuito inferior” da economia, a atividade (in) formal usufrui da economia de aglomeração para a

reprodução do capital, assim como possui uma dependência do “circuito superior”.

Os camelódromos foram inaugurados a partir da segunda metade dos anos de 1990 e início da década de 2000, período em que a crise econômica é acentuada e o poder de compra da população é reduzido. Estes camelódromos ocupam espaços de

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dimensões variadas, podendo comportar até mais de 100 boxes e localizam-se na área central, mapa 4, sobretudo próximo ao terminal central de transporte urbano, esta localização é estratégica e beneficia tanto as

pessoas que utilizam desse transporte e buscam por produtos de preços baixos, quanto aos comerciantes que alcançam com maior facilidade os consumidores.

O camelódromo Municipal foi o primeiro a ser inaugurado em Uberlândia em 1997, sendo que o mesmo encontra-se localizado na zona periférica do centro da cidade. Este foi construído durante o mandato do prefeito Paulo Ferola, em uma área que pertencia ao DMAE – Departamento Municipal de Água e Esgoto, sendo a prefeitura responsável pela infra-estrutura do Camelódromo e os camelôs pela

manutenção, isto é os comerciantes são encarregados pela limpeza, guarda e pagam o ISS – Imposto Sobre Serviços-. No ano de 2006 a prefeitura instalou um novo camelódromo municipal, localizado próximo ao terminal central junto a Avenida João Naves de Ávila.

Já em relação aos camelódromos de administração privada, conforme ilustrado no quadro 3, o mais antigo é o Camelódromo

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Central foto 4 , instalado no ano de 1997 na antiga Casa das Linhas, na Avenida Afonso Pena próximo a Praça do fórum, e o mais recente é o Praça Shopping localizado na rua Duque de Caxias próximo a Praça Tubal Vilela ambos no núcleo central de negócios.

Em tais camelódromos os comerciantes alugam os boxes (espaços para as lojas), cujo valor pode oscilar em função da localização da loja, ou seja, locais mais visíveis aos consumidores geralmente o preço do aluguel é maior.

Foto 2: Camelódromo Central localizado na Av. Afonso Pena,

Principal eixo de negócios de Uberlândia – MG. Autor: Vitor Ribeiro Filho – 24/12/2007

Levantamento de outros Importantes Centros Comerciais de Uberlândia

Tendo em vista a potencialidade de Uberlândia, para as atividades de comércio, serviços, e escritórios de grandes empresas, destacam-se no âmbito da estrutura comercial da cidade os condomínios comerciais e centros de comércio e serviços – os quais possuem relevância no contexto da estrutura comercial da cidade, mas apresentam características distintas dos shopping centers. Os centros comerciais que merecem destaque são os seguintes, a saber:

o Centro de Desenvolvimento de Negócios (CDN), o Griff Shopp, o Minas Center, o Floriano Center, a Galeria Central e Espaço Vilela Ribeiro, Edifício Executivo Chams, Uberlândia 2000, o Metropolitan e o Rondon Empresarial.

Inicialmente construído para ser um centro de comercialização de artigos e serviços destinados à construção civil, decoração e arquitetura, o Centro comercial era denominado shopping C&D (Casa e Decoração), porém em decorrência da distância da área central e aos preços – altos

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- dos produtos comercializados, esse centro comercial não prosperou e, posteriormente, veio a ser transformado em CDN Business Center, o qual caracteriza-se por ser um condomínio horizontal destinado à empresas de diversas áreas, como engenharia, jurídica,

informática, telecomunicações, representações, serviços, agronegócios,

profissionais liberais e cooperativas. Cabe destacar, que além dos espaços destinados aos escritórios e lojas encontram-se no CDN espaços para eventos, convenções e reuniões.

A viabilidade do CDN está relacionada à possibilidade dos empreendedores encontrarem naquele espaço salas amplas, longe da agitação da área central, e ao mesmo tempo, estarem próximos a importantes equipamentos urbanos, como por exemplo, o Hospital Maternidade Madrecor, o eixo comercial da Avenida João Naves de Ávila e a UAI - Unidade de Atendimento Integrado - Pampulha.

O Griff Shop foi inaugurado no ano de 1993, e está localizado na Avenida Rondon Pacheco – eixo comercial em consolidação -, o mesmo constitui-se num centro de compras de pequenos atacadista da moda regional, sendo, portanto, um centro comercial especializado em confecções e

acessórios. Cabe destacar ainda que, o Griff Shop vem passando por um processo de reforma de sua estrutura comercial para atender melhor os consumidores que buscam realizar suas compras naquele local.

Localizados na área central, tem-se também, o Condomínio do Centro Comercial - Minas Center - a Galeria Central, o Floriano Center, o Espaço Vilela Ribeiro, os edifícios Executivo e Chams, o Uberlândia 2000, o Metropolitan, e o Rondon Empresarial ambos com espaços destinados a lojas e a escritórios. Sendo que, predominam no Minas Center e na Galeria Central as lojas, e nos demais centros comerciais os escritórios.

Cabe ressaltar que antes da inauguração do Center shopping a Galeria Central, apresentou certa pujança em relação às atividades de comércio e serviços, contudo, hoje encontra-se em decadência, visto que, muitos de seus espaços estão fechados e não apresentam certa conservação colocando em risco a permanência de algumas atividades centrais nesta área comercial. .

Levantamento dos Principais Supermercados em Rede na Cidade de Uberlândia

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A implantação da modalidade de auto-serviços no Brasil é relativamente recente, os primeiros supermercados foram criados na década de 1950, sendo que em Uberlândia o primeiro supermercado só foi inaugurado a cerca de 10 anos mais tarde.

Essa modalidade de atividade comercial obteve grande aceitação da população uma vez que facilita a realização das compras. Assim na década de 1970 já somavam cerca de 3 mil lojas no país, sendo que em Uberlândia estavam os supermercados Bom Preço e o Alô Brasil.

Assim, as décadas de 1970 e 1980 foram de solidificação da presença dos supermercados, que continuaram a aumentar nos anos de 1990 e 2000 chegando a cifra de 35 mil pontos de venda no país, para atender o crescente o número de consumidores.

Em Uberlândia no ano de 2007 foram identificados mais de 50 supermercados, conforme os dados da tabela 1, espacializados em vários bairros da cidade. Os supermercados que mais se destacam são da Rede Bretas, um grupo mineiro que atualmente conta com 46 lojas, sendo que 10 dessas lojas estão presentes no estado de Goiás e o restante em Minas Gerais. Em Uberlândia, esta rede de supermercados chegou em 1998, com a compra de duas áreas antes ocupadas pela Rede de varejo

HiperVia Brasil e atualmente conta com 6 lojas situadas nas seguintes avenidas: Getúlio Vargas, João Naves de Ávila, Rondon Pacheco, João Pinheiro, Afonso Pena e Monsenhor Eduardo; e ainda pretende-se abrir um outro Supermercado da rede no bairro Santa Luzia. O número de funcionários empregados pela rede em Uberlândia é aproximadamente mil e duzentos funcionários. Além do Bretas, destacam-se outros Supermercados e lojas de vizinhança em Uberlândia, como exemplo as seguintes lojas: Sinhá, Leal, DeVille -inaugurada em maio de 2007-, Cristo Rei, os supermercados das redes Smart, Biz e Valor.

As lojas de vizinhança são de bandeiras de atacadistas. As redes mais expressivas de lojas de vizinhança são a rede Smart, bandeira da rede atacadista Martins, porém com administração independente, iniciou-se em 2000 no triangulo mineiro e atualmente conta com cerca de 225 lojas no estado de Minas Gerais; um exemplo de loja de vizinhança da rede Smart é o Supermercado Econômico, no bairro Aparecida. Outra rede de loja de vizinhança que se destaca é a rede Valor, que possui mais de 230 lojas distribuídas nos estados de Minas Gerais - em maior quantidade-, São Paulo e Paraná; são 9 lojas dessa rede em Uberlândia, sendo uma delas o

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Supermercado Danyella; a rede Valor pertence ao atacadista Peixoto. Tabela 1 - Uberlândia–MG: Redes de Supermercados que Atuam na Cidade.

Rede Número de lojas Inauguração da primeira loja Número de bairros em que atua

Bretas 6 1998 5 Leal 2 1991 2 Sinhá 4 * 4 Smart 14 2000 13 Biz 16 * 15 Valor 9 * 9

Fonte: Pesquisa de campo, novembro/dezembro de 2007. *Dados não fornecidos.

Inicialmente os supermercados instalavam-se na área central, contudo com o passar dos anos tal área deixou de ser viável à instalação de tais empreendimentos, os quais buscaram localizar-se em outras áreas da cidade, próximos aos consumidores. Assim atualmente estão localizados na área central apenas o Supermercado Sinhá e dois supermercados da Rede Bretas.

Ao localizarem em diferentes setores da cidade, atingindo diversas camadas sociais, os supermercados possuem infra-estrutura e produtos que são compatíveis às características desses consumidores, ou seja, numa rede de supermercados cada loja apresenta características e produtos diferenciados de acordo com o perfil do público que atende.

DISCUSSÃO

Os lugares centrais apresentam uma diferenciação em relação aos demais, e mantêm com estes uma interação através da concentração e dispersão de fluxos. Dessa forma, a fim de se obter uma melhor compreensão do espaço urbano, o embasamento na teoria da centralidade de Cristaler constitui-se um método eficaz, pois segundo Lima Filho (1975: 11) o conceito de cidade como lugar central, “explica simultaneamente a interação das cidades na

sua posição relativa no espaço geográfico e o grau das funções de lugar central a serem desempenhadas dentro de seus limites”.

Neste sentido, as cidades com maior diversidade de bens e serviços a serem oferecidos constituem em cidades centrais em relação às demais. Assim como internamente é possível estabelecer centralidades em tais cidades como, por exemplo, a área central e as novas centralidades, com destaque para as atividades comerciais, uma vez que as mesmas são capazes de estruturarem

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economias de escala e aglomeração, gerando intensa movimentação de pessoas e bens.

Com o objetivo de compreender as diferentes formas de ocupação e uso do solo urbano, de acordo com Lima filho (1975:12-15) e Corrêa (1995:66-69), foram desenvolvidos por estudiosos como Hurd em 1903, Burgess em 1920, Hoyt em 1939 e posteriormente Harris e Ulman em 1945, modelos que explicam os padrões espaciais de organização das classes sociais no meio urbano, contudo cabe destacar que a partir de tais modelos pode-se buscar a compreensão das transformações pelas quais passa o comércio varejista.

A Área Central e o Processo de Descentralização

De acordo com Corrêa (1995:38), a área central tem a sua origem condicionada pelo capitalismo, sendo que foi a rigidez espacial dos meios de transportes – sobretudo o ferroviário - que condicionou aos locais próximos aos terminais, um maior privilégio para o desenvolvimento das economias de aglomeração. Assim, localizam-se nesta área aquelas atividades que conseguem por meio das vantagens locacionais maximizarem seus lucros.

Milton Santos citado por Sposito, afirma que as características mais marcantes

do centro das cidades, nos paises subdesenvolvidos, são “de constituir o módulo principal da rede de vias urbanas (...) e de apresentar uma forte concentração de serviços de todos os níveis, especialmente comerciais (SPOSITO, 1991:2)”. Dessa forma, segundo a autora, vê-se que o centro é, simultaneamente, integrador e dispersor das atividades desenvolvidas no interior da cidade; afinal é para ele que se dirigem, principalmente, as atividades de administração e gestão e, é a partir dele que essas atividades buscam a interação com as demais desenvolvidas em outros setores da cidade. Portanto, tem-se que o centro das cidades, corresponde à área para onde (con) divergem todos os fluxos, sejam eles comerciais, financeiros e de pessoas, constituindo, assim, a “Região Funcional” da cidade.

As cidades desenvolvem a partir de seu centro, onde estão concentradas as principais atividades comerciais, de administração e ligação com outros centros urbanos. Estas inicialmente eram monocêntricas – apresentavam um único centro -, contudo, a partir dos desdobramentos do processo de acumulação de capitais, pela intensa urbanização e pela difusão dos meios de transporte, estas vêm transformando-se em policêntricas.

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A convergência das atividades terciárias, bens e pessoas possibilita que se determine os lugares centrais intra-urbanos, os quais mostram-se estruturados hierárquica e funcionalmente.

A área central mantém influência sobre toda a cidade, pela presença dos fluxos de transportes que passam pela zona central, bem como, pela presença de sedes de administração e gestão de empresas que se encontram espalhadas pela cidade. Contudo, o processo de descentralização transforma, principalmente, o conteúdo da área central, pois, de acordo com Mello (1997:54), “minimiza o peso da variada carga da oferta e da demanda de funções”; Assim, permanecem na área central o comércio de produtos de baixa qualidade, serviços especializados, e atividades culturais “ noturnas”.

O crescimento demográfico e espacial da cidade é fator desencadeador de uma série de transformações no equipamento urbano, uma vez que, são exigidos novos modelos de oferta de serviços, comércio e de transportes oferecidos, de acordo com os padrões socioeconômicos da população localizada em cada setor da cidade.

O processo de descentralização das atividades terciárias, e a conseqüente formação dos centros funcionais, pode-se dar

de maneira espontânea com posterior intervenção do poder público, conforme ocorreu no Rio de Janeiro de acordo com os estudos de Duarte, 1974; Ou, embasar-se no poder público para se concretizar, a fim de atender novas necessidades, decorrentes do crescente processo de urbanização, e do crescimento da malha urbana.

Diante do dinamismo da cidade, Corrêa (1995:47), destaca que, para a concretização do processo de descentralização, tem-se transformações na área central, tais como: valorização da terra, congestionamento, redução de espaços, aumento das restrições legais e perdas de amenidades; e também mudanças nas áreas não centrais, como: terras com menor valor, presenças de infra-estrutura e de transportes, fatores atrativos naturais – relevo, controle no uso do solo, e amenidades.

Assim ao contrário do que ocorria anteriormente, a área central deixa de ser um local privilegiado concorrencialmente para muitas atividades comerciais, as quais a fim de vencerem a concorrência e aumentarem os seus lucros, tendem a criarem filiais e até mesmo matrizes em áreas não centrais de acordo com o mercado consumidor a ser atingido. Pois, segundo Corrêa (1995:47) “no capitalismo monopolista há centralização do capital e descentralização

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espacial, diferente, portanto do que ocorria no capitalismo concorrencial, onde a centralização espacial derivava de uma dispersão de capitais”. Desenvolve-se assim, uma (re) organização do espaço urbano a partir do surgimento de diferentes categorias de centros funcionais, cujas categorias são determinadas, dentre outros fatores, pela condição socioeconômica da população e pelo tipo de serviço oferecido.

A descentralização das atividades comerciais ocorre paralelamente ao crescimento urbano, sendo responsável pelo desenvolvimento dos setores de transporte e comunicação em pontos específicos da malha urbana, onde se localizam os novos centros funcionais. Em conseqüência de tal processo há também um incremento no número de população ativa, ocupada em postos de trabalho gerados nos subcentros, aumentando os fluxos em diversos setores da cidade.

A extensão do alcance de influência do centro funcional depende, de acordo com Duarte (1974), do equipamento funcional do centro, da existência ou não de outro centro funcional, da posição geográfica e do sitio deste, dos meios de transporte e comunicação que o ligam à outros pontos,e do padrão socioeconômico da população. Dessa forma há maior influência dos centros

funcionais sobre aquelas áreas mais próximas e/ou mais vinculadas a eles.

Considerando a freqüência das funções dos subcentros, estes podem ser classificados e hierarquizados. São fatores decisivos em tal classificação, a presença dos serviços e bens de consumo pouco freqüente, pois estes possuem uma localização mais restrita. Dessa forma, considerando a quantidade de funções de consumo pouco freqüente em cada subcentros, tem se de acordo com Duarte (1974) três categorias, a saber: os subcentros de primeira categoria ou centros equiparados, os quais somam mais de doze funções; os subcentros de segunda categoria ou subequiparados que apresentam de oito a doze funções, porém sendo estas funções incompletas; e os subcentros de terceira categoria ou não equiparados, os quais somam de quatro a sete funções e estão próximos aos subcentros de hierarquia superior desempenhando a função de complementaridade.

A História de Desenvolvimento do Sistema Varejista

De acordo com Lima Filho (1975:7), inicialmente as atividades varejistas seguiam o padrão de desenvolvimento da cidade, porém a medida que esta se desenvolve, tais

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atividades necessitaram de uma nova localização, uma vez que as condições do meio urbano condicionam a localização do varejo, bem como o varejo é responsável pela (re) configuração da área onde se instala, seja pela atração de bens e também pelo fluxo de consumidores. Sobre isto Lima Filho (1975:16) escreve que: “o processo varejista é uma necessidade da vida urbana; a própria existência e crescimento das cidades podem ser considerados como uma conseqüência da necessidade básica do comércio”.

Dessa forma, é possível afirmar que existe uma estreita relação entre a dinâmica urbana e as atividades de comércio, cuja relação segundo Lima Filho (1975:9 e 16) afeta a qualidade de vida da população, ou seja, a baixa qualidade de vida está relacionada à má localização das instituições varejistas, o que pode desencadear redução no tempo de lazer, ocorrência de congestionamentos e aumento nos custos de distribuição das mercadorias; o mesmo autor também destaca a importância da localização do comércio em relação aos movimentos de bens e pessoas que são erráticos e aleatórios, portanto requerem maior quantidade de espaço para que possam se concretizar.

O Auto-Serviço compreende basicamente as modalidades de

hipermercado, supermercado e lojas de vizinhança. É entendido como hipermercado um estabelecimento que possua mais de cinco mil m², que ofereça uma grande variedade de produtos, incluindo necessariamente produtos alimentícios, bem como bazar, produtos para jardinagem, eletrodomésticos, eletroeletrônicos. Deve também contar com açougue, padaria, seção de hortifrutigranjeiros. Na maioria dos casos, os hipermercados, se localizam em áreas de fácil acesso, normalmente afastado da área central, em vias rápidas e de grandes fluxos; a instalação dos hipermercados ocorre em grandes áreas, que permitam possíveis ampliações das lojas, caso haja necessidade. Devido a sua localização, longe dos centros comerciais, os consumidores procuram os hipermercados para realizarem compras de maior volume; os preços dos produtos tendem a ser mais baixos, com mais descontos – possivelmente pela maior capacidade de negociações com o fornecedor – maior quantidade ou, pelo menos, maior possibilidade de promoções e liquidações.

Em relação aos supermercados, estes apresentam um tamanho menos expressivo e um mix de produtos menor que os hipermercados. Assim, possuem uma menor autonomia em termos de política de preço e compras – exceto no caso das grandes redes.

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Do mesmo modo, observa-se que os Supermercados costumam ocorrer no alcance de bairros ou vizinhanças, e apresentam a infra-estrutura, muito variada, tanto no que se refere ao porte, quanto às características de layout e formas de instalação. Estes são tradicionalmente pontos de compras rotineiras, devido à predominância de produtos alimentícios em seu mix.

As lojas de vizinhança, por sua vez,

configuram-se em pequenos estabelecimentos geralmente em bairros residenciais, e que sofrem uma série de transformações no cenário contemporâneo. Isto por causa do surgimento das redes de Lojas de Vizinhança, resultado da associação entre varejistas e atacadistas, que aumenta o poder de negociação perante os fornecedores e acirra a concorrência, tornando os preços mais atrativos do que nas lojas de bairro tradicionais. Com efeito, através dessa associação, as Lojas de Vizinhança conseguem oferecer uma maior diversidade de produtos, em relação às mercearias e empórios que não atuam em rede, de forma associada. Seus consumidores procuram produtos que atendam à necessidades diárias, e em quantidade reduzida.

Deve-se ressaltar que os hipermercados possuem uma dinâmica de

zoneamento diferente da dos Supermercados, visto que estes, desde seu surgimento, procuravam as áreas próximas ao centro para sua instalação, uma vez que esta era a região que estava localizada a maior concentração demográfica e onde residia a camada da população que detinha o maior poder aquisitivo. Já os hipermercados, foram sendo implantados nas regiões periféricas da cidade, pois necessitam de mais espaço para estacionamento e para área de vendas. Na década de 1980, o Auto-Serviço se concretizou como um relevante meio de distribuição de mercadorias, principalmente no setor alimentício, atuando com mais de 13 mil lojas.

Em relação à cidade de Uberlândia, de acordo com Soares (1995:150) o primeiro supermercado dessa cidade, foi o Bom Preço, inaugurado em 1964, cujo supermercado, a fim de atender uma maior clientela, criou também filiais nesta cidade. Seguidamente no ano de 1972, foi inaugurado o supermercado Alô Brasil, o qual se caracterizava por ser o maior supermercado da região; as Lojas Americanas em 1978; o Pão de Açúcar e o Makro em 1989 – cujo empreendimento, em função de suas características não é classificado como um hipermercado, mas sim como atacadista.

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Posteriormente nos anos 80 a fim de atender a necessidade de consumo da população, houve um incremento na quantidade de supermercados instalados em Uberlândia, bem como foi instalado o primeiro shopping center desta cidade – o Ubershopping, Sendo que ao longo das décadas de 1990 e 2000 a tendência em atrair empreendimentos comerciais permaneceu nesta cidade.

Os Shopping Centers e a Expansão do Consumo

O crescimento da urbanização e a consolidação do “meio técnico -científico - informacional” são responsáveis por mudanças na estrutura intra e inter-urbana. Sobre isto Soares (1995: 28), escreve que: “As transformações econômicas e tecnológicas ocorridas neste século provocaram um impacto muito grande na sociedade, criando um modo único de viver, caracterizado pela cultura do consumo em massa”.

Dessa forma, a fim de atender os anseios dos homens, os shopping centers, seriam os locais onde a satisfação dessas necessidades tornam-se possíveis.

Os shopping centers podem ser definidos como empreendimentos comerciais de iniciativa privada, cujo funcionamento e estrutura são de

responsabilidade de sua administração. Estes caracterizam-se por apresentarem vários espaços para lojas e prestação de serviços de diversas naturezas, além de estacionamentos amplos, conforto e segurança a serem oferecidos aos clientes.

Representando uma expressão da (re) estruturação do espaço urbano, nota-se, principalmente após a década de 1980, um incremento no número de Shopping Centers inaugurados no país, os quais segundo Sposito (1991) constituem-se na nova localização das atividades, principalmente, de comércio e serviços, que tradicionalmente ocupavam a área central.

Em 1966 em São Paulo foi inaugurado o primeiro Shopping Center do Brasil, sendo que, na década de 1970 verificou-se o boom dos Shopping centers, primeiramente daqueles localizados nas regiões das camadas mais abastadas e, posteriormente, na década de 1980, aumentou-se também a quantidade de Shopping Centers localizados nas regiões de classes sociais menos abastadas. Tal fato permite segundo Pintaudi (1992), questionar a denominação atribuída à década de 1980 de “década perdida”.

Ainda de acordo com Pintaudi (1992: 17), o consumismo que caracteriza a sociedade moderna “é um fator de suporte

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para o desenvolvimento dos Shopping Centers”, os quais são caracterizados como templos do consumo e não divulgam os problemas sociais. A autora destaca também, outros fatores que possibilitaram a proliferação dos Shopping Centers no Brasil, a saber: o alto grau de urbanização alcançado na década de 1980, e a concentração dos rendimentos financeiros, principalmente na região sudeste. Assim, é notável que a primazia e a alta concentração dos Shopping Centers nos estados do Rio de Janeiro, e fundamentalmente em São Paulo, deve-se ao fato de que esses estados apresentam um expressivo contingente populacional e também são grandes mercados consumidores, ou seja, há elevado número de habitantes, os quais concentram poder aquisitivo (PINTAUDI, 1992:22)

As características locacionais, bem como o regimento dos Shopping Centers, são controlados pelo capital imobiliário. Assim, de acordo com Villaça (2001: 304), o shopping representa, pois, a penetração do capital imobiliário na esfera do capital mercantil e a sujeição do comércio varejista e dos serviços ao capital imobiliário e – através deste – ao financeiro.

A implantação do Shopping Center em determinado local é motivada pelas características da área, assim estes tendem a

estarem localizados próximos às redes de vias expressas, onde haja espaço disponível e também onde está localizada a população de alta renda. Geralmente, os Shopping Centers, assim como as redes de supermercados a eles associados como lojas âncoras, buscam uma maior rentabilidade espacial, dessa forma, o monopólio do espaço, constitui-se num mecanismo eficiente para a acumulação de capital.

Cabe destacar também que, a localização dos Shopping Centers reforça a dependência do automóvel, pois, devido à sua localização, torna-se necessário o uso do mesmo para o deslocamento.

De acordo com Sposito (1991: 12), dentre outras características, os shopping centers apresentam uma espacialização socioeconômica, e oferecem facilidade de acesso quando utilizado o transporte individual, dessa forma, diante da necessidade do intenso uso do automóvel para o deslocamento até os Shopping Centers, desencadeia-se numa concentração do trafego em seu entorno, que num curto período temporal muda a dinâmica espacial da área.

A Atuação do Comércio Informal: Os Camelódromos

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Constituindo em atividades tradicionalmente centrais, as atividades de comércio, principalmente aquelas destinadas às classes mais baixas, encontram-se com bastante magnitude na área central e na zona periférica do centro da cidade, cuja área predomina os maiores fluxos de pessoas. Sendo assim, a (re) estruturação urbana também tem seus reflexos nessas atividades comerciais.

Como conseqüência da crise econômica dos anos 1980, e posteriormente da intensificação do uso das inovações tecnológicas na administração e gestão das atividades de comércio e serviços nos anos 1990, verificou-se uma redução no número de empregos no mercado formal e conseqüentemente um crescimento na quantidade de empregos informais. Outro fator que merece destaque quanto à sua contribuição para com o crescimento do número de pessoas no mercado informal, é a migração, uma vez que quando chegam a determinado local, em muitas casos o migrante não encontra postos de trabalho no mercado formal e vê-se obrigado a inserir-se no mercado informal, afim de assegurar a sua sobrevivência.

Dessa forma, nota-se que apesar da evolução no PIB (Produto Interno Bruto) e do PNB (Produto Nacional Bruto do Brasil)

ao longo dos anos, uma grande parcela da população - inserida no denominado circuito inferior da economia - fica a margem de tais indicadores econômicos.

Constituindo em um pequeno desdobramento das atividades consideradas como informais, os camelôs são autônomos que não usufruem dos benefícios do emprego formal e encontram-se organizados nos camelódromos.

Os camelódromos são mercados construídos, para que os antigos ambulantes venham a ter a “permissão” para o exercício das atividades comerciais, isto é serem aceitos pela formalidade. Estes estabelecimentos podem ser particulares ou públicos.

Com a construção dos camelódromos, muitos ambulantes asseguram a permanência no comércio, uma vez que, grande parte destes não querem, e/ou não devem sair de tal atividade, porque possuem não qualificação profissional e sempre trabalharam como tais, e portanto, não sabem executar qualquer outro tipo de profissão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visto que o espaço urbano é a justaposição de diferentes momentos históricos, e simultaneamente reflexo da

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divisão social do trabalho, a organização deste apresenta-se de maneira complexa e peculiar em cada fase de expansão da economia. Sendo assim, inicialmente as cidades eram monocêntricas, com a área central, geralmente localizada no sitio onde a cidade originou-se, cuja área caracterizava-se pela precaracterizava-sença dos principais fixos da cidade, tais como: terminais de transportes ferroviários e rodoviários (inter e intra-urbanos), atividades administrativas, comércio atacadista e varejista e a indústria.

Cabe destacar ainda que, no século XX ocorreram transformações visando assegurar a reprodução das relações capitalistas de produção. Assim, vê-se um maior desenvolvimento das atividades industriais e conseqüentemente uma intensificação nos processos de migração, tanto entre cidades quanto do êxodo rural e, conseqüentemente uma expansão da mancha urbana das grandes e medias cidades. Neste contexto, nota-se que no “Pós-Guerra”, com o advento do automóvel mudou-se a estrutura comercial das cidades, pois as atividades de comércio e serviços deixam de estar concentradas na área central e buscam localizar-se em outras áreas da cidade onde há concentração populacional ou mesmo amenidades que deixaram de ser encontradas no centro. Assim, as atividades que carecem

de espaços mais amplos e custos de terra mais acessíveis buscam por novos locais, e, permanecem nesta área as atividades de comércio popular, as de administração e gestão e as de “lazer noturno”. Neste sentido, a necessidade de espaços mais amplos e alcance dos consumidores, foram fatores determinantes para a ocorrência do processo de descentralização e, por conseguinte para a formação de novas centralidades.

Esse processo de descentralização continuou a ganhar força a partir dos anos 1990 com a intensificação do processo de globalização. Pois, este processo implica mudanças nas esferas política, social e cultural e conseqüentemente nas formas e funções das cidades.

Assim, tem-se que o processo de descentralização das atividades de comércio e serviços é conseqüência da descentralização do capital, com destaque para o comercial, uma vez que por meio desse processo os comerciantes buscam a redução de seus custos e aumento dos lucros, ao mesmo tempo em que é estimulado o consumismo.

Na cidade de Uberlândia, considerada uma cidade de porte médio, observa-se claramente a ocorrência dos processos de descentralização e surgimento

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de novas centralidades, cujos processos foram propiciados pelo dinamismo da cidade. Sendo que, esse processo está ligado a sua posição geográfica estratégica, a modernização das atividades agropecuárias, a implementação do Distrito Industrial no final da década de 1960, a consolidação do pólo universitário a partir da criação da Universidade Federal de Uberlândia no ano de 1978, a presença de um dos maiores pólos atacadistas da América Latina, além de uma ótima base infra-estrutural que possibilitou a ocorrência do rápido crescimento populacional, e conseqüente do crescimento econômico e da malha urbana da cidade.

Em decorrência desses fatores, em Uberlândia, tem-se a demanda de novas áreas comerciais para atender ao contingente populacional. Assim, ocorre o processo de descentralização das atividades de comércio e serviços e a formação das novas centralidades, como é o caso dos subcentros, shopping centers, eixos comerciais e a própria economia informal, destacando-se os camelódromos.

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