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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) COMARCA DE CORUMBAÍBA AGRAVANTE

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 295374-53.2011.8.09.0000 (201192953746)

COMARCA DE CORUMBAÍBA

AGRAVANTE : DENISMAR DE ARAÚJO

AGRAVADO : ALEXANDRE CARNEIRO MESSIAS

RELATORA : DESª AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AVAL. AUSÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. NECESSIDADE. I – É necessária a vênia conjugal para a prestação de aval por pessoa casada sob o regime de comunhão de bens, inteligência do artigo 1.647, inciso III, do Código Civil. II - A ausência de consentimento conjugal para a prestação de aval torna integralmente anulável a garantia, tanto para o cônjuge que não consentiu, quanto ao que concedeu o aval. RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 295374-53.2011.8.09.0000

(201192953746), da Comarca de Corumbaíba, em que figura como

agravante, DENISMAR DE ARAÚJO e como agravado, ALEXANDRE

CARNEIRO MESSIAS.

ACORDA o egrégio Tribunal de Justiça do

Estado de Goiás, pelos integrantes da 3ª Turma Julgadora de sua 1ª

Câmara Cível, à unanimidade de votos, em conhecer do agravo e dar-lhe provimento, nos termos do voto da Relatora.

Participaram do julgamento, além da Relatora, a Desembargadora Maria das Graças Carneiro Requi e o Desembargador Leobino Valente Chaves.

Presidiu a sessão de julgamento o Desembargador Luiz Eduardo de Sousa.

Esteve presente na sessão a nobre Procuradora de Justiça, Doutora Ruth Pereira Gomes.

Goiânia, 18 de outubro de 2011.

Desembargadora AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO R E L A T O R A

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 295374-53.2011.8.09.0000 (201192953746)

COMARCA DE CORUMBAÍBA

AGRAVANTE : DENISMAR DE ARAÚJO

AGRAVADO : ALEXANDRE CARNEIRO MESSIAS

RELATORA : DESª AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO

RELATÓRIO E VOTO

DENISMAR DE ARAÚJO, na qualidade de

assistente litisconsorcial, devidamente qualificada e representada nos autos, interpôs recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO contra decisão proferida pela Juíza de Direito da Comarca de Corumbaíba, Dra. Vaneska da Silva Baruki, em sede de Exceção de Pré-executividade, bem como em razão do pedido de Intervenção no Processo na Forma de Assistência Litisconsorcial, nos autos da ação de execução movida por ALEXANDRE

CARNEIRO MESSIAS, contra seu esposo DIVINO CARNEIRO DE

ARAÚJO.

A decisão ora atacada, julgou improcedente a objeção de pré-executividade, para manter o aval prestado pelo executado Divino Carneiro de Araújo, ao fundamento de que a ausência de outorga

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uxória não implica em nulidade do aval, tão somente em reserva da meação da esposa, pelo que advertiu que, caso seja realizada penhora de bens de sua propriedade, deverá ser resguardado o direito de meação, devendo sua esposa permanecer no pólo passivo da demanda como assistente apenas para tal mister.

Inconformada com a decisão, a assistente litisconsorcial interpôs o presente recurso, no qual defende a nulidade do aval prestado no título em execução, segundo os termos dos artigos 1.647 e 1.649, do Código Civil de 2002, uma vez que firmado sem sua devida autorização, sendo o prazo prescricional de dois anos após findar a sociedade conjugal e de dez anos em caso de não ocorrer a separação, o que, por conseguinte, seu marido é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da execução.

Aduziu que pela literalidade do dispositivo, exceto no regime de bens da separação absoluta, é obrigatória a autorização conjugal para a concessão de aval.

Apontou que não foi observada a formalidade necessária para validação do título em relação ao executado, uma vez que o aval prestado não obedeceu a forma prescrita em lei, portanto, nulo o título em relação ao garantidor.

Acrescentou que a nulidade apontada ultrapassa os limites da anulabilidade, tornando-se questão de ordem pública, razão que se impõe a reforma da decisão proferida.

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Requereu a concessão de liminar para conferir efeito suspensivo à decisão ora atacada, até o julgamento do presente recurso. Ao final, pleiteou a reforma da decisão para declarar nulo o aval prestado.

Juntou documentos de fls. 20/58.

Proferida decisão às fls. 63/66, foi indeferida a liminar requerida.

O agravado apresentou contrarrazões ao recurso às fls. 70/89, nas quais alegou que não há se falar sobre a intervenção da agravante no feito, uma vez que a matéria alegada deveria ter sido discutida na fase de conhecimento.

Acrescentou que não há qualquer incerteza no título executivo, eis que revestido dos requisitos de liquidez, certeza e exigibilidade.

Ressaltou que a outorga uxória só é exigida nos casos de fiança e defendeu que a interpretação de um texto de lei não pode se dar de modo isolado, mas analisado diante do sistema que integra, razão porque a proibição do aval foi feita dentro do Livro que trata sobre o Direito de Família e não, do Direito das Obrigações.

Pontuou que a ausência da outorga marital não retira a validade do aval ou o torna nulo ou anulável.

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Colacionou vários julgados sobre a matéria e, ao final, pugnou pelo improvimento do recurso.

É o relatório. Passo ao voto.

Presentes os pressupostos de admissibilidade do agravo, dele conheço.

Conforme relatado, visa o presente recurso a reforma da decisão que julgou improcedente a objeção de pré-executividade e manteve o aval prestado por Divino Carneiro de Araújo sem a outorga uxória de sua esposa, ora agravante, com a ressalva de ser preservada a sua meação.

A agravante, na condição de assistente, ante a existência de interesse jurídico, eis que o resultado da execução em comento pode atingir-lhe diretamente e alterar a situação jurídica em que se encontra no plano patrimonial, com razão não se conforma com a decisão proferida pela Juíza a quo.

Seu inconformismo ampara-se na previsão legal constante no artigo 1.647, inciso III, do Código Civil, que relaciona o aval como um dos atos que nenhum dos cônjuges pode praticar sem a autorização do outro.

A propósito, o artigo 1.647, do Código Civil dispõe que:

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“Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I e II- Omissis;

III - prestar fiança ou aval;”

A anulabilidade, no caso presente, é textual.

No caso em comento, verifica-se às fls. 58, que a agravante é casada com o executado/avalista sob o regime de comunhão de bens.

É verdade que muito se tem discutido sobre a inclusão do aval no rol dos atos em que se necessita da outorga do outro cônjuge para ser realizado, eis que no antigo Código apenas atingia a fiança, de qualquer natureza, civil ou mercantil. No entanto, a matéria ainda é objeto de muita discussão, eis que a doutrina se divide.

No tocante a questão, Nery & Nery lecionam:

“Aval. Autorização conjugal. Para ser válido, o aval dado por pessoa casada – salvo se no regime da separação absoluta (convencional) de bens – tem de vir acompanhado da autorização do outro cônjuge. Essa restrição ao direito de família nada tem a ver com a autonomia do aval e seu regramento pelos princípios do direito cambiário. A autorização conjugal é requisito de validade do aval dado por pessoa casada em regime de bens que não seja o da separação absoluta convencional. Prestado o aval sem a observância desse requisito (autorização conjugal), o aval é anulável (CC 1649 caput). A anulabilidade do aval não contamina a higidez da obrigação principal que decorre do título. (...) Alienar ou gravar com ônus real. Somente com autorização do cônjuge é que o casado – salvo se no regime da separação

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convencional absoluta – pode alienar ou gravar de ônus real imóveis seus ou do casal. (...) Anulabilidade da fiança e do aval. Ineficácia da constrição judicial. Mesmo antes de ser anulado o negócio jurídico celebrado sem a outorga conjugal para a fiança ou aval, quando exigida, essa irregularidade torna ineficaz o negócio jurídico de garantia como um todo, de modo que o patrimônio do fiador ou avalista não pode sofrer ato de constrição judicial.” (Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, in Novo Código Civil e Legislação Extravagante Anotados, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2008, pgs. 1090 e 1091).

Flávio Tartuce complementa:

“Também é necessária a outorga conjugal para prestar fiança ou aval (art. 1.647, inc. III, do CC). A necessidade de outorga para a fiança ou caução fidejussória, contrato de garantia pessoa, já constava da codificação anterior. A grande novidade é a introdução da previsão do aval, forma de garantia pessoal para os títulos de crédito (art. 1.647, inc. III). A doutrina especializada no direito empresarial tem interpretado que nos casos de falta de outorga conjugal no aval não se pode concluir pela sua anulabilidade, como consta expressamente do art. 1.649 do CC; mas, sim, pela mera ineficácia do título em relação ao cônjuge que não consentiu (Enunciado n° 114 da I Jornada de Direito Civil). A conclusão é pertinente - apesar de contra legem -, uma vez que a solução de invalidade entra em colisão com o princípio de plena circulação dos títulos de crédito. (…)

Superada a análise dos atos que exigem a outorga, é interessante verificar que o art. 1.647 do CC é típico exemplo de norma de exceção, restritiva da autonomia privada e, diante da proteção constitucional da liberdade, fundada na dignidade humana (art. 1º, inc. III, da CF), não deve ser aplicada por analogia à união estável.

Como outrora exposto, a falta da outorga do cônjuge traz como decorrência a nulidade relativa ou anulabilidade do ato ou negócio jurídico celebrado

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em desrespeito ao art. 1.647 do CC, não havendo suprimento judicial. Essa foi a opção do legislador de 2002, o que geralmente ocorre quanto às questões relativas ao plano da validade dos fatos jurídicos. A anulabilidade fica confirmada pela previsão de prazo decadencial de dois anos para a correspondente ação anulatória, fluindo a decadência a partir da dissolução da sociedade conjugal.” (TARTUCE, Flávio. A questão da outorga conjugal. Alguns pontos do art. 1.647 do Código Civil. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2273, 21 set. 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/13544>. Acesso em: 9 out. 2011).

Apresentadas estas considerações, filio-me à obediência ao comando legal, haja vista que tal proibição decorre de lei ainda vigente.

Dito isto, é de se afirmar que a falta do consentimento conjugal para a fiança e aval torna integralmente anulável a garantia, anulação esta que alcança tanto à parte do cônjuge prejudicado, que não consentiu, quanto à parte do cônjuge que concedeu o aval.

Outrossim, também incide a seguinte orientação jurisprudencial à hipótese tratada:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA DE AVAL. OUTORGA UXÓRIA. NECESSIDADE. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Necessária a vênia

conjugal para a prestação de aval por pessoa casada, por força do artigo 1647, III, do Código Civil. 2. Precedentes específicos desta Corte. 3.

Agravo regimental desprovido.” (STJ, Terceira Turma, AgRg no Resp 1109667/PB, Dje 10/06/2011. Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino. Negritei).

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“RECURSO ESPECIAL - AÇÃO ANULATÓRIA DE AVAL - OUTORGA CONJUGAL PARA CÔNJUGES CASADOS SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS - NECESSIDADE - RECURSO PROVIDO. 1. É necessária a vênia conjugal para a prestação de aval por pessoa casada sob o regime da separação obrigatória de bens, à luz do artigo 1647, III, do Código Civil. 2. A exigência de outorga uxória ou

marital para os negócios jurídicos de (presumidamente) maior expressão econômica previstos no artigo 1647 do Código Civil (como a prestação de aval ou a alienação de imóveis) decorre da necessidade de garantir a ambos os cônjuges meio de controle da gestão patrimonial, tendo em vista que, em eventual dissolução do vínculo matrimonial, os consortes terão interesse na partilha dos bens adquiridos onerosamente na constância do casamento. 3. Nas hipóteses de

casamento sob o regime da separação legal, os consortes, por força da Súmula n. 377/STF, possuem o interesse pelos bens adquiridos onerosamente ao longo do casamento, razão por que é de rigor garantir-lhes o mecanismo de controle de outorga uxória/marital para os negócios jurídicos previstos no artigo 1647 da lei civil. 4. Recurso especial provido.” (STJ, Terceira Turma, Resp 1163074/PB, Dje 04/02/2010, Rel. Min. Massami Uyeda. Negritei).

Neste sentido, o julgado do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE

EXECUÇÃO. EXCEÇÃO DE

PRÉ-EXECUTIVIDADE. ASSISTÊNCIA

LITISCONSORCIAL NO FEITO EXECUTÓRIO. ART. 50, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. CABIMENTO. AVAL DADO EM GARANTIA DE DÍVIDA. AUSÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. NULIDADE. RECONHECIMENTO. INCIDÊNCIA DO ART. 1.647, INCISO III, DO CÓDIGO CIVIL. ERRO MATERIAL. INOCORRÊNCIA. I- Admite-se a assistência litisconsorcial no processo de execução da esposa do executado, dado o interesse jurídico que esta tem na demanda executória, mormente pelo fato de que a sentença pode atingir interesse desta e

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causar-lhe a diminuição de seu patrimônio, por tratar-se de um imóvel de sua propriedade e de tratar-seu esposo. Exegese do art. 50, parágrafo único, do CPC. II- O

aval dado em garantia de uma dívida, desprovido da outorga uxória, torna integralmente anulável o ato cambial prestado pelo avalista, anulação esta que alcança tanto a parte do cônjuge prejudicado, que não consentiu, quanto à parte do cônjuge que concedeu o aval. Inteligência do art. 1.647, inciso III, do Cód. Civil. III- Se a decisão proferida pelo

Juiz da causa foi suficientemente clara e inteligível, não há que se falar em erro material, mormente pelo fato de que o decisium não padece de tal vício. RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO, MAS IMPROVIDO.”(TJGO, 1ª Câmara Cível, AI 63060-7/180, DJ 196 de 14/10/2008, Rel. Des. João Ubaldo Ferreira. Negritei).

Diante de todo o exposto, conheço do recurso e

dou-lhe provimento, a fim de reformar a decisão proferida para declarar

nulo o aval prestado sem a outorga uxória, em razão de descumprimento de dispositivo legal, nos termos do artigo 1.647, inciso III, do Código Civil.

É como voto.

Goiânia, 18 de outubro de 2011.

Desembargadora AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO R E L A T O R A

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