Púrpura Trombocitopênica
Idiopática ( PTI ) em crianças
Conceito
Doença hematológica freqüente que se caracteriza pela produção de auto-anticorpos dirigidos contra glicoproteínas da membrana plaquetária que leva à sua destruição pelo sistema macrofágico-monocitário, à plaquetopenia e ao distúrbio hemorrágico.
Epidemiologia
9
Incidência de 4 a 6 casos por 100.000 crianças
menores de 15 anos;
9
Igual entre meninos e meninas.
9Pico nas idades de 2-6 anos;
Fisiopatologia
p
Presença de Anticorpos antiplaqueta que reconhecem
epitopos presentes na membrana plaquetária , especialmente
glicoproteína IIb/IIIa. Estes formam complexos
plaqueta-anticorpo que vão ser reconhecido pelo receptor da fração
Fc (FcγR) do macrófago no sistema retículo endotelial,
principalmente o baço que conduzirá sua destruição
precoce;
p
A gravidade da trombocitopenia é reflexo do balanço
Fisiopatologia
p
A PTI freqüentemente ocorre em crianças
algumas semanas após viroses ou infecções
bacterianas, o que sugere reação cruzada entre
antígenos virais e plaquetários;
p
A PTI em adultos e crianças parecem ter as
Classificação
٦
Aguda ( quando a doença se estende por até 6
meses ) - 80 % das crianças;
٦ Crônica (quando ultrapassa os 6 meses) - mais
comum em adultos e adolescentes do sexo
feminino;
٦ Impossível predizer no início do quadro quais
pacientes terão curso agudo ou crônico.
Diagnóstico
٦
Presença de trombocitopenia
Diagnóstico
٦ História:
- Sangramentos ( tipo, gravidade e duração);
- Sintomas sistêmicos, doença viral recente ou exposição a viroses, imunização recente por vírus vivo, infecções recorrentes;
- Medicações: heparina, quinidina, sulfonamidas, AAS; - Fatores de risco para HIV ( mãe);
Diagnóstico
٦ História:
- História familiar de trombocitopenia e distúrbio hemorrágico;
- Em < 6 meses, deve-se valorizar antecedentes obstétricos e maternos;
- Comorbidades; - Atividade;
Diagnóstico
٦ Exame Físico:
- Estado Geral;
- Sinais de sangramento (tipo- incluindo hemorragia retiniana, gravidade );
- Fígado, Baço e linfonodos; - Evidências de infecção;
- Má formações congênitas que sugiram síndrome congênita ( TAR, Síndrome de Fanconi ).
Diagnóstico
Achados Clínicos:
A história típica é de aparecimento de
equimoses, petéquias
e ocasionalmente
epistaxes de início súbito em crianças
previamente saudáveis.
Diagnóstico
No exame físico se destaca o bom estado
geral, petéquias e púrpuras não palpáveis.
Esplenomegalia pode estar presente entre 5 a
10% dos casos.
Diagnóstico
Achados Laboratoriais:
ר Não existe “padrão ouro”;
ר Em casos clínicos altamente sugestivos são
necessários apenas o Hemograma Completo com
estudo do sangue periférico.
Diagnóstico
Exames Laboratoriais:Plaquetas Contagem ⇓ ( quase sempre< 50.000/µL) com volume plaquetário ⇑ ou normal Células Brancas Normais ou discreta eosinofilia
Células Vermelhas Normais
Mielograma Número de Megacariócitos ⇑ ou normal TS ⇑, principalmente com plaquetas
< 40.000/µL TP Normal
Tratamento
Considerações Gerais:
8
A maioria das crianças não requer tratamento;
8Não reduz mortalidade ou o curso da doença;
8
Objetivo: “prevenir” sangramento no SNC e
reduzir perdas sangüíneas em casos prolongados
de epistaxes, menorragias,
hematúrias
e
Tratamento
l
Deve-se evitar o uso de AAS e anticoagulantes;
lDeve-se evitar esportes de contato ou outras
atividades que exponham a criança ao trauma em
paciente com sinal de sangramento ou plaquetas
< 100.000/µL;
Tratamento
♦
Deve-se evitar injeções intramusculares;
♦ A contagem plaquetária
deve ser
monitorizada a depender da gravidade do
quadro hemorrágico e da trombocitopenia.
Tratamento
Hospitalização:
٦
Crianças com sangramentos graves
independentemente da contagem de plaquetas;
٦
É inapropriado hospitalizar crianças assintomáticas
com > 20.000 plaq/µL ou aquelas com > 30.000
plaq/µL e com lesões purpúricas menores;
Tratamento
Corticoterapia:
ي Mecanismo de Ação: Multifatorial - ⇓ a produção de Ac
antiplaquetas, ⇓ o clearance de plaquetas opsonizadas, ⇓ as anormalidades endoteliais associadas a trombocitopenia e ⇑ a estabilidade vascular;
ي Baixo custo;
ي Prontamente disponível e de fácil administração;
ي Estudos clínicos randomizados demonstram sua eficácia
Corticoterapia:
ي Dose: - Prednisona 2,0 mg/Kg/dia (dose padrão) por 21 dias;
- Prednisona 4,0 mg/Kg/dia por 7 dias com desmame; - Prednisona 4,0 mg/Kg/dia por 4 dias;
- Metilprednisolona 30 mg/Kg/dia por 3 dias;
ي Efeitos Colaterais : Toxicidade dose e duração dependente.
Fadiga, irritabilidade, cefaléia, ganho de peso, acne, dor epigástrica e rebaixamento do humor.
Tratamento
Imunoglobulina Intravenosa (IVIg):
ق
Custo elevado;
ق
Mecanismo de Ação: Age inibindo o receptor da
fração Fc em macrófagos e com isto reduz o
reconhecimento do complexo Ac-plaqueta;
ق
Estudos clínicos randomizados demonstraram sua
eficácia em elevar rapidamente a contagem de
plaquetas;
Tratamento
ق
Dose: - IVIg 0,4 g/Kg/dia por 5 dias;
- IVIg 0,8 a 1,0 g/Kg em dose única;
ق
Efeitos Adversos: Comuns (15 a 75%) mas
geralmente leves como cefaléia, febre, náuseas,
vômitos; meningite asséptica pode ocorrer e
raramente hemólise aloimune e infecção pelo
VHC.
Tratamento
RHO (D) Imunoglobulina:
ؤ
Mecanismo de Ação: bloqueio do receptor
Fc dos macrófagos
ؤ
Recomenda-se em indivíduos com fator Rh
positivo e com baço funcionante;
ؤ
Diferente dos glicocorticóides e IVIg , tem
poucos efeitos sobre a função de Linfócitos
B e T;
Tratamento
RHO (D) Imunoglobulina:
ؤ
Tem ação retardada em elevar o número de
plaquetas;
ؤ
Dose: 25 µg/Kg/dia por 2 dias;
ؤ
Efeitos Adversos: Queda transitória da
Hemoglobina ( 0,5 a 2 g/dl ) e hemólise aloimune
com repercussão clínica mais importante.
Tratamento
Esplenectomia:
ד
É alternativa em pacientes com trombocitopenia
persistente por mais de 1 ano e com sangramentos
importantes;
ד
O baço é fonte de produção de anticorpos
antiplaqueta e o principal sítio de destruição de
complexos Ac-plaqueta;
ד
Entre 70-90% dos esplenectomizados se mantêm
Tratamento
Esplenectomia:
ד
Tratamento com IVIg e RHO(D) Imunoglobulina no
pré-operatório em casos de trombocitopenia
importante;
ד
Indicação de vacinação 2 semanas antes do
procedimento cirúrgico pelo risco de infecção por
encapsulados (pneumococos, haemophilus
e
meningococos) e antibiótico profilaxia com penicilina
pós esplenectomia.
ד
Principal complicação: sepse pós esplenectomia por
Prognóstico
م
Doença benigna de baixa
mortalidade ( associada a HIC );
م
90% das crianças terão remissão
espontânea;
م
Casos de recorrência são descritos,
Referências Bibliográficas
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