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Resumo - Palavras-chaves INTRODUÇÃO

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Resumo - Objetivou-se verificar a associação entre as características da estrutura da escola e a atividade física dos escolares na aula de educação física e no recreio. Estudo de associação com abordagem quantitativa. A amostra aleatória é composta por 176 escolares (71 meninos e 105 meninas) de 10 escolas estaduais de ensino médio da cidade de Passo Fundo-RS, Brasil. A atividade física foi avaliada com pedômetro, posterior a isso se calculou a média do número de passos na aula de educação física e no recreio. As características da estrutura da escola foram avaliadas por observação direta, com a ferramenta de auditoria na escola. Para análise dos dados utilizou-se estatística descritiva, test t independente e regressão linear generalizada. A média do número de passos entre os meninos foi maior quando comparados às meninas na aula de educação física (t=3,478; p<0,001; d cohen= 0,62) e no recreio (t=2,537; p<0,01; d cohen=0,45). O número de passos da aula de educação física não se associou com as características da estrutura da escola. No recreio, foi encontrada uma associação inversa, onde os meninos que estudavam nas escolas com estruturas de qualidade regular, realizaram em média 208,04 (IC 95%=16,44/399,65; p=0,03) passos a mais quando comparados aos meninos das escolas com estruturas de qualidade boa. As escolas que possuem maiores e/ou melhores estruturas, não necessariamente, influenciam os adolescentes na prática de atividade física no recreio e na aula de educação física.

Palavras-chaves: Adolescentes; Atividade motora; Saúde escolar.

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A importância da atividade física (AF) para a saúde e o bem-estar é evidente e bastante difundida nos dias de hoje1. Todavia, cerca de 80% dos adolescentes no mundo não praticam AF suficiente para a manutenção da saúde2. Esta prevalência é elevada e preocupante, entretanto, é necessário reconhecer que são muitos os fatores intervenientes para a inclusão de AF como parte do estilo de vida dos adolescentes3,4. Essas influências podem ser identificadas através do quadro ecológico para a vida ativa proposto por Sallis et al.4, em que há enfoque em quatro pilares, que englobam, o indivíduo, o ambiente social, o ambiente físico e as políticas públicas. Levando esses aspectos em consideração, não parece adequado responsabilizar somente o indivíduo pelo comportamento mais ou menos ativo, principalmente se tratando de adolescentes5.

Sallis et al.4 afirmaram que os fatores supracitados são os principais pressupostos a serem considerados para a elaboração de intervenções que favoreçam um comportamento ativo. Dentre esses fatores, o ambiente ganha destaque, pois pode ser determinante para a prática de AF devido à forte relação com a vida cotidiana6. Neste contexto, um dos espaços que compõem o ambiente dos adolescentes durante grande parte da vida é a escola, que se constitui também como importante local para a promoção da saúde e de um estilo de vida ativo7–9. Isso pode ser alcançado através de aulas de educação física bem organizadas, com recreios ativos e estruturas que favoreçam o desenvolvimento de tais intervenções10–12.

Nesse sentido, estudos revelam que algumas escolas com mais estruturas, locais para atividade física ao ar livre, terrenos regulares e adequados e maior número de quadras poliesportivas exercem um impacto positivo no comportamento suficientemente ativo dos adolescentes13–15. A respeito disso Nichol et al.16, explicaram com maior propriedade essas evidências, salientando que os estudantes são mais ativos nas escolas que propiciam condições adequadas e oportunidades para o lazer. Ademais, Fein et al.17 evidenciaram que a percepção dos alunos sobre a qualidade das construções escolares, pode explicar 8% da variância da AF nesses locais.

No Brasil, as evidências sobre este assunto ainda são escassas. Portanto, considerando que é necessário aumentar os níveis de AF dos adolescentes e que as estruturas e condições da escola podem influenciar a prática de AF, tanto nas aulas de educação física, quanto em outros momentos, o objetivo deste estudo foi identificar a associação entre as características da estrutura da escola e a atividade física dos escolares nas aulas de educação física e no recreio.

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Trata-se de um estudo de associação com abordagem quantitativa, realizado com escolares provenientes de 15 escolas públicas de ensino médio de Passo Fundo-RS, Brasil, que corresponde a aproximadamente 4.599 estudantes (conforme 7˚ Coordenadoria Regional de Educação).

A amostra do tipo aleatória foi calculada através do software G*Power versão 3.1. Para o cálculo amostral recorreu-se a um tamanho de efeito de 0,15 (efeito médio), nível de significância 0,05, poder estatístico de 0,95, considerando o nível de atividade física como variável dependente, onde os modelos de regressão linear generalizados serão trabalhados com, aproximadamente, cinco preditores e um acréscimo de 20% para suprir possíveis perdas e recusas. Com base nesses critérios, chegou-se a um tamanho amostral mínimo de 168 adolescentes.

A seleção da amostra ocorreu em dois momentos. Primeiramente, a cidade foi dividida em cinco regiões (norte, sul, leste, oeste e centro), a seguir as escolas foram selecionadas a partir de cada região. Das 15 escolas estaduais de Passo Fundo, foram sorteadas dez, duas por região. No segundo momento, foi sorteada uma turma de ensino médio em cada escola. O número de escolas e turmas sorteadas foram definidas a partir do cálculo amostral, que indicou ser necessário uma amostra mínima de 168 alunos. Estimava-se que seriam avaliados entre 15 a 20 alunos em cada turma, sendo assim, foram selecionadas duas escolas por região. Esses critérios foram adotados com o objetivo da amostra ser aleatória e bem distribuída, caracterizando a cidade.

Todas as turmas de ensino médio da escola selecionada participaram do sorteio. Todos os alunos da turma sorteada, dentro da faixa etária exigida, foram convidados a participar do estudo. Os critérios de inclusão considerados foram: a) estar matriculado no ensino médio da rede pública de ensino do município; b) estar dentro da faixa etária proposta (14-18 anos); e, c) apresentar o termo de consentimento livre e esclarecido assinado por um responsável e o termo de assentimento manifestando vontade de participar. Para exclusão foram utilizados os seguintes critérios: a) possuir alguma limitação física e/ou cognitiva que pudesse comprometer o resultado de alguma medida; e b) ter declarado que sofreu algum tipo de lesão que o está impedindo de realizar as atividades físicas rotineiramente. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob número 888.090.

A AF foi avaliada através do número de passos em dois momentos: na aula de educação física e no recreio. Os escolares utilizaram um pedômetro (Yamax® Digi-Walker CW 700, Tokyo, Japão) por três dias consecutivos. No recreio foi realizada a média do número de passos dos três dias de uso. Nas aulas de educação física os escolares usaram

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o pedômetro durante uma aula, exceto as escolas que ofereciam dois períodos semanais de aula, dessa forma foi usado nas duas aulas e realizado a média do número de passos. O pedômetro utilizado no presente estudo já foi testado e alguns estudos sugerem uma boa validade e fidedignidade como um método para avaliar objetivamente a AF18,19. Para a coleta de dados alguns procedimentos foram seguidos: (1) os escolares foram informados sobre o local de uso do pedômetro (cintura); (2) o equipamento foi preso por um cinto elástico; e (3) o pesquisador esteve presente na escola em todos os turnos de atividade para dirimirpossíveis dúvidas.

As características da estrutura da escola foram avaliadas por meio de observação direta, por um único pesquisador com auxílio da ferramenta de auditoria na escola15. Esta avalia as características do ambiente escolar relacionadas à prática de AF. A ferramenta é composta por diferentes domínios, sendo que o utilizado neste estudo foi o referente aos terrenos da escola.

Cada estrutura foi avaliada de acordo com a funcionalidade, quantidade e qualidade. Nesse sentido, as estruturas foram classificadas em não funcional, qualidade 1 (regular), qualidade 2 (boa), e qualidade 3 (excelente). Com o auxílio do manual de ferramenta de auditoria da escola, a definição geral para cada classificação foi: (0) não funcional: estrutura com condições precárias que não é possível utilizá-la para finalidade prevista, ou ainda, a estrutura não está completa para determinada função; (1) qualidade regular: a estrutura não apresenta algum recurso para ser utilizada, ou ainda, apresenta algum desgaste, dano ou falta de manutenção, mas o uso não é impossibilitado; (2) qualidade boa: a estrutura apresenta todos ou quase todos os recursos para ser utilizada, ou ainda, está preservada e apresenta boas condições; e (3) qualidade excelente: a estrutura apresenta todos os recursos para ser utilizada, ou ainda, não apresenta desgastes ou danos visíveis.

Para as análises de associações foram somadas apenas as estruturas contidas na qualidade regular, boa e excelente. O instrumento utilizado fornece uma análise individual das estruturas da escola, para obter uma análise de qualidade e quantidade geral foram estipulados a priori os seguintes critérios: as escolas que apresentaram mais que 60% de determinada qualidade em uma única classificação (boa, regular ou ruim) foram definidas como tal. A variável quantidade geral de estrutura foi efetuada através da soma das estruturas por escola, categorizadas em: 1) uma estrutura; 2) três a quatro estruturas; e 3) cinco e seis estruturas. O instrumento utilizado fornece uma análise individual das estruturas, para obter uma análise de qualidade e quantidade geral das estruturas da escola foi

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Com relação ao tratamento estatístico para avaliar as características da amostra e as características das estruturas das escolas foi utilizada estatística descritiva com valores absolutos e percentuais. Os dados referentes à AF foram expressos em média, desvio padrão, intervalo de confiança de 95% e valores mínimos e máximos. Para verificar as diferenças nos valores médios do número de passos entre os sexos utilizou-se o test t independente, e o tamanho do efeito foi calculado a partir do teste d de cohen20.

A associação entre a estrutura da escola e o número de passos foi verificado através de regressão linear generalizada. A variável número de passos foi apresentada de forma contínua, enquanto as variáveis independentes (quantidade e qualidade de estruturas na escola) foram apresentadas de forma categórica, sendo utilizada a categoria de maior e melhor estrutura como a variável de referência. Diferentes modelos foram testados a fim de verificar, através do Critério de Informação de Aikaike (AIC) e do Critério de Informação Bayesiano (BIC), o modelo mais adequado. Por fim, através da análise do coeficiente de regressão calculou-se a associação da estrutura escolar com o número de passos. Todas as análises foram realizadas no programa SPSS 22.0 for Windows® (São Paulo, Brasil), valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.

RESULTADOS

Foram avaliados 176 escolares (71 meninos e 105 meninas) com idades entre 14 e 18 anos. Destes, 107 apresentaram dados registrados do número de passos na aula de educação física e 151 registros no recreio. As perdas amostrais ocorreram a partir de erros no registro dos pedômetros e pela ausência dos escolares nos dias de coleta de dados. A tabela 1 mostra a descrição das características da amostra.

Tabela 1. Características dos participantes do estudo estratificado por sexo.

Masculino (n=71) n (%) Feminino (n=105) n (%) Total (n=176) n (%)

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14 15 16 17 18 2 (2,8) 21 (29,6) 29 (40,8) 17 (23,9) 2 (2,8) 4 (3,8) 38 (36,2) 45 (42,9) 16 (15,2) 2 (1,9) 6 (3,4) 59 (33,5) 74 (42,0) 33 (18,8) 4 (2,3) Região Centro Norte Sul Leste Oeste 18 (25,4) 17 (23,9) 11 (15,5) 13 (18,3) 12 (16,9) 14 (13,3) 23 (21,9) 26 (24,8) 20 (19,0) 22 (21,0) 32 (18,2) 40 (22,7) 37 (21,0) 33 (18,8) 34 (19,3) n: valor amostral absoluto; %: valor amostral proporcional.

Na tabela 2 são apresentados os números de passos estratificados por sexo. A média do número de passos entre os meninos foi maior quando comparados às meninas, tanto na aula de educação física (t=3,478; p=0,001; d cohen= 0,62) quanto no recreio (t=2,537; p=0,01; d cohen=0,45).

Tabela 2. Características relacionadas à atividade física na escola através do número de passos estratificado por sexo.

Masculino Feminino Total

EFi Recreio EFi Recreio EFi Recreio

(n=51) (n=62) (n=56) (n=89) (n=107) (n=151) Média 1903,2* 583* 1448,4 465,5 1665,2 513,8 D.P. 800 322,8 504,3 203 697,1 264,4 IC95% inf. 1689,9 508,6 1315,9 422,1 1541,4 471,4 IC95% sup 2121,8 663,7 1588,9 506 1798,7 558,3 Mínimo 615 169,6 417 82,5 417 82,5 Máximo 3563 1404 2912 975,6 3563 1404

EFi= Educação Física. D.P= desvio padrão. IC95% inf= intervalo de confiança de 95% inferior. IC95% sup= intervalo de confiança de 95% superior. *= diferença estatisticamente significativa entre o sexo masculino e feminino p<0,05 para teste T independente.

Na tabela 3 são apresentadas as características das estruturas presentes para a AF na escola, de acordo com a quantidade e qualidade. Observa-se a diferença em relação a estrutura para realização de AF entre as escolas, sendo encontrado uma escola com uma estrutura de qualidade regular e outra escola com seis estruturas de qualidade boa. Os resultados da associação entre a estrutura da escola (quantidade e qualidade) e o número de passos são apresentadas na tabela 4. Foi encontrada uma associação inversa entre a

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qualidade de estruturas com o número de passos no recreio para os meninos (β=208,04; IC 95%= 16,44 / 399,65; p=0,03).

Tabela 3. Características das estruturas (quantidade e qualidade) das escolas participantes do estudo.

Estruturas

Escolas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Quantidade/(Qualidade)

Campo de futebol - - - 1 (reg) - -

Sala de dança - - - 1 (exc) - - - -

Quadra futebol 1(reg) - 2 (reg) 1(reg) 1 (boa) - - 1 (reg) 2 (reg) -

Quadra voleibol 1(reg) - 1 (exc) 1 (boa) (reg/boa) 2 - - 1 (reg) 1 (boa) -

Quadra poliesportiva - 2 (boa) - 1 (boa) 1 (reg) - - - - 1 (boa)

Ginásio - - - - 1 (boa) - 1 (boa) - - -

Área ao livre 1(reg) 1 (boa) - 1 (boa) 1 (boa) 1 (reg) - - 1 (reg) -

Total de estruturas 3 (reg) 3 (boa) 3 (reg) 5 (boa) 6 (boa) 1 (reg) 1 (boa) 3 (reg) 4 (reg) 1 (boa) Reg= qualidade regular. Exc= qualidade excelente.

Tabela 4. Associação das estruturas da escola (quantidade e qualidade) com o número de passos (na educação física, no recreio) estratificado por sexo.

Número de passos EFi (n=107)* Masculino Feminino

Variáveis Independes β IC inf/sup † P Β IC inf/sup † p

Quantidade de estrutura

1 estrutura -474,27 -1098,53/149,99 0,13 255,19 -114,54/624,94 0,17 3 e 4 estruturas -396,6 -1003,40/210,19 0,20 166,68 -247,50/580,88 0,43 5 e 6 estruturas (variável de referência)

Qualidade de estrutura

Regular 487,03 -51,67/1025,74 0,07 122,9 -200,42/446,23 0,45

Boa (variável de referência)

Número de passos Recreio (n=151)**

Quantidade de estrutura

1 estrutura 70,04 -156,80/296,89 0,54 -14,72 -137,50/108,04 0,81

3 e 4 estruturas 20,55 -200,81/241,91 0,85 0,25 -126,09/126,59 0,99 5 e 6 estruturas (variável de referência)

Qualidade de estrutura

Regular 208,04 16,44/399,65 0,03 -69,61 -166,50/27,27 0,15

Boa (variável de referência)

EFi= Educação Física; † IC inf/sup= Intervalo de confiança 95% inf= limite inferior sup= limite superior; *= número da amostra e critério de informação AIC e BIC (masculino n=51; AIC=831,02; BIC= 840,68; feminino n=56; AIC=861,36; BIC=871,49); **= número da amostra e critério de informação AIC e BIC (masculino n=62; AIC=893,52; BIC=904,61; feminino n=89; AIC=1204,72; BIC= 1217,16).

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Na aula de educação física e no recreio se constatou que o nível de AF dos meninos foi maior em relação às meninas. Nesse sentido, Scruggs et al.21 utilizaram o mesmo método de avaliação na aula de educação física e encontraram resultados semelhantes. Ainda, estudos que avaliaram a AF através de outros métodos também evidenciaram que os meninos são mais ativos tanto na aula de educação física7,22,23, quanto no recreio14,24. Esse aspecto pode ser explicado por questões culturais, sociais e biológicas que estimulam e favorecem práticas de AF voltadas aos meninos25.

Com relação ao recreio, os meninos que estudavam em escolas com estruturas consideradas de qualidade regular, realizaram em média 208 passos a mais quando comparados àqueles provenientes de escolas com estruturas de qualidade boa. Tal resultado se difere do esperado, pois as escolas com melhores estruturas deveriam proporcionar maiores níveis de AF. Todavia, o presente estudo está de acordo com Nichol et al.16 que encontraram adolescentes mais ativos em escolas com ginásios considerados ruins em relação aos neutros.

Embora seja evidente destacar que boas condições de estrutura podem induzir os alunos a maior utilização dos espaços para a AF no recreio, segundo o autor supracitado, quanto maior a utilização das estruturas menor a qualidade das mesmas. Isso pode ser explicado ao se considerar que algumas dessas estruturas e materiais se desgastam com o uso frequente, em vista disso as escolas tendem a coibir a utilização. Ademais, os gestores das escolas muitas vezes, não incentivam os alunos a praticar AF no recreio, negando o acesso a alguns locais e materiais, pois não tem conhecimento dos benefícios. Outra hipótese a ser considerada é que as escolas com qualidade regular podem estar localizadas em bairros de menor condição socioeconômica. Esse fator pode ser interveniente na prática de AF dos adolescentes e seria importante considerá-lo em futuros estudos que abordem o tema.

No que se refere a quantidade de estruturas e a relação com o número de passos no recreio, não foi encontrada associação. Por outro lado, na Noruega, Haug et al.14 identificaram que nas escolas com maior número de estruturas, os alunos do nível secundário, tiveram quase três vezes mais chance de serem ativos durante o recreio, quando comparados aqueles provenientes de escolas com menor número de estruturas. É importante salientar que as escolas norueguesas proporcionam aos alunos vários períodos de recesso (recreio) ao longo do dia, totalizando em média 57,8 minutos. Dessa forma, o tempo de recreio pode ser o principal fator que explica a diferença dos resultados deste em relação ao presente estudo. Adicionalmente, na população infantil as evidências na

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literatura são mais consistentes, e indicam que a quantidade de estruturas influencia diretamente na prática de AF no recreio26,27.

Na aula de educação física não foi encontrada associação significativa entre a estrutura e o número de passos. São limitados os dados disponíveis que abordam essa temática na escola, não levando em conta a possibilidade de que a estrutura seja um fator interveniente nas aulas. O que sustenta essa premissa é que a UNESCO28 salienta que um dos objetivos da educação física é formar um indivíduo com habilidade e autonomia suficiente para usufruir dos espaços da escola, bem como a importância de instalações seguras, acessíveis e com boa manutenção.

Cabe destacar, que quando considerada isoladamente, a variável estrutura da escola não apresentou forças suficientes para explicar o comportamento da AF nas aulas, pois outros fatores podem influenciar nesse contexto. Nessa perspectiva, de acordo com Hino, Reis e Rodrigues-Anez22 o comportamento do professor e os conteúdos trabalhados durante as aulas são fatores possivelmente mais determinantes para a prática de AF. Sallis et al.29 realizaram uma intervenção com variáveis ambientais (aumento na oferta de equipamentos, atividades dirigidas e supervisão nas atividades) e políticas (contexto, estrutura das atividades e comportamento do professor) e verificaram que a intervenção foi eficaz no aumento de AF entre os meninos. Portanto, diversos aspectos devem ser considerados ao analisar um comportamento complexo como a AF.

Dessa forma, considera-se que a escola, os alunos, as aulas de educação física e o recreio, têm características distintas associadas a prática de AF, tais como: idade, motivação, oferta de equipamento, qualidade das estruturas, acesso ao material e acesso aos locais. Sobre isso, os professores de educação física têm um papel relevante, pois é possível perceber que mesmo em escolas com baixa qualidade na estrutura, quando a aula é bem planejada e estruturada10,11 há bons níveis de AF7, o que não depende necessariamente dos aspectos ambientais e de estrutura.

As relações supracitadas ainda necessitam ser investigadas com maior profundidade devido há algumas limitações apresentadas nessa investigação, como: abordar apenas um fator relacionado ao ambiente (estruturas da escola), não ter a avaliação da estrutura pedagógica da aula de educação física e não ter avaliado a intensidade da AF. Além disso, trata-se de um estudo transversal, o que não permite estabelecer uma relação de causa e efeito. Por outro lado, ressalta-se como aspectos positivos a utilização de técnicas objetivas do ambiente escolar e da atividade física.

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Em conclusão, as escolas da rede pública, que possuem maiores e/ou melhores estruturas, não necessariamente, influenciam os adolescentes na prática de AF no recreio e na aula de educação física. Embora, tenha sido encontrada uma associação inversa entre a qualidade da estrutura e o número de passos no recreio, é evidente destacar que ter espaços com boas condições de estruturas nas escolas, pode favorecer as atividades planejadas pelo professor e consequentemente aumentar a AF dos alunos.

Agradecimento

Agradecimento ao CNPq e a CAPES pela bolsa de estudo.

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Corresponding Author Arieli Fernandes Dias

Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. Programa de Pós Graduação em Ciências do Movimento Humano.

Rua Felizardo, 750, Jardim Botânico, 90690-200, Porto Alegre, Brasil. e-mail: ariieli_dias@hotmail.com

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