• Nenhum resultado encontrado

A Convenção da Apostila da Haia e as Novas Regras Para Legalização de Documentos Estrangeiros

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A Convenção da Apostila da Haia e as Novas Regras Para Legalização de Documentos Estrangeiros"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

A Convenção da Apostila da Haia e as Novas Regras Para Legalização de Documentos Estrangeiros

The Hague Handbook Convention and the New Rules for Legalization of Foreign Documents

Deivison da Rocha Barbosa1

Fernanda Araújo Kallas e Carvalho2

RESUMO: O presente artigo é mostrar as vantagens da legalização de documentos públicos e particulares entre os países que fazem parte da Convenção da Apostila. Cabe ressaltar, que o procedimento de legalização antes a adoção do referido tratado, era moroso e oneroso, devido à burocratização dos orgãos competentes. É importante ressaltar que a Convenção da Apostila é um Tratado Internacional que tem como finalidade a unificação das normas de direito internacional privado. Sendo assim, este trabalho mostrará as vantagens do sistema de apostilamento, sua aplicação e os aspectos práticos ao emitir documentos nacionais com efeito no exterior e documentos estrangeiros com efeito no Brasil.

Palavras-chave: Legalização de documentos, Direito Internacional Privado, Apostilamento, Convenção da Apostila.

ABSTRACT: This article shows the advantages of legalizing public and private documents among the countries that are part of the Apostille Convention. It should be noted that the legalization procedure before the adoption of the aforementioned treaty was time-consuming and costly, due to the bureaucratization of the competent bodies. It is important to emphasize that the Apostille Convention is an International Treaty whose purpose is the unification of the norms of private international law. Thus, this work will show the advantages of the apostille system, its application and the practical aspects when issuing national documents with effect abroad and foreign documents with effect in Brazil.

Keywords: Legalization of documents, Private International Law, Apostille, Handout Convention.

1

Bacharelando do Curso de Direito da Faculdade Promove. E-mail: deivison10.rocha@yahoo.com.br 2

Doutora em Direito Público Internacional pela PUC-MINAS, Mestre em Direito Internacional Público pela Universidade de Paris II, Professora Orientadora do Curso de Direito da Faculdade Promove.

(2)

1. INTRODUÇÃO

Em um mundo globalizado, em que o estreitamento das relações entre as nações é cada vez mais evidente e objetivado pela necessidade de cooperação, a Convenção da Apostila, da Haia, vem proporcionar avanços, reduzir fronteiras, levar confiança e credibilidade entre os países signatários, para que apesar das diferenças entre os sistemas jurídicos, possam se beneficiar do elevado grau de segurança jurídica que o sistema proporciona.

Para o Brasil, que passa por um momento de grandes transformações, onde o tempo é primordial para o bom andamento de todo processo burocrático, a adesão a Convenção da Apostila, da Haia, torna-se essencial, e fundamental nas relações multilaterais de cooperação entre os cidadãos e empresas.

Como parte dessa transformação ficam instituídos as serventias extrajudiciais de todo o país, em especial os serviços notáriais de cada Estado da Federação brasileira para a aposição da Apostila. As serventias são orgãos privados prestadores de serviços públicos, supervisionados pela jurisdição de cada Estado e fiscalizado por suas respectivas corregedorias.

A Convenção da Apostila, da Haia, é um Tratado Internacional, que visa a eliminação da exigência de legalização de documentos para uso perante orgãos públicos, eliminando os atos consulares e diplomáticos simplificando o processo. Em seu significado o termo Apostila consiste em uma anotação. No aspecto prático as vantagens obtidas pela adesão ao tratado são a celeridade da tramitação de documentos entre os países.

É necessário mencionar os efeitos jurídicos proporcionados pelo documentos emitidos no Brasil com efeito no exterior, documentos esses que ao serem apostilados, tornam-se legalizados e chegam ao exterior com vários objetivos. Da mesma forma, os documentos emitidos no exterior com destino ao Brasil, país signatário da Convenção, vêm apostilados, necessitando da tradução juramentada, que anexada ao documento produz seus efeitos. Após vários anos o Brasil finalmente adere ao texto sobre a eliminação de exigência de legalização documentos, abrindo fronteiras e expandido mercado, fortalecendo as relações, gerando oportunidade e crescimento. A Convenção da Apostila é um grande avanço para a atualidade, no qual os países observando a necessidade foram aos poucos aderindo, e com isso mantendo suas relações multilaterais. O presente trabalho foi realizado por meio de pesquisa e referências teóricas de artigos científicos, visando proporcionar segurança e credibiliadade ao tema proposto.

(3)

2. O PAPEL DAS SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS

Com a adoção da Convenção da Apostila, da Haia, e atentos às mudanças, não há dúvidas que os serviços notariais são de extrema importância para a sociedade e judiciário, devido a praticidade no atendimento ao cidadão. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), através da pessoa de seu Ministro, optou por realizar o processo de legalizacão de documentos para o exterior, nos cartórios notáriais em todo o Brasil.

Mostrando o importante papel dos cartórios, no processo de facilitação e nos serviços prestados ao cidadão, afirma o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na resolução número 2283, de 22/06/2016, em seu artigo 6º, Inciso II, que:

6º São autoridades competentes para a aposição da apostila em documentos públicos produzidos no território nacional.

II – Os titulares dos cartórios extrajudiciais, no limite das suas atribuições.

Ainda a Constituição Federal, em seu artigo 236, caput, afirma:

“Os serviços notariais e de registro são exercídos em caráter privado, por delegação do Poder Público”.

Ao ser questionado sobre o papel dos serviços dos cartórios no Brasil, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, disse: “Cartórios de notas de registro são para mim verdadeiras oficinas da segurança jurídica”. Exaltando a importância dos serviços extrajudiciais no país, pela facilidade de acesso e segurança nos serviços prestados, além de exercer uma função social no cenário nacional.

A Lei nº 8.935/19944 dos Notários e Registradores, em seu artigo 1º, 3º e 4º, afirma:

1º Serviços notáriais, e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficiência dos atos jurídicos.

3º Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro.

4º Os serviços notariais e de registro serão prestados, de modo eficiente e adequado, em dias e horários estabelecidos pelo juizo competente, atendidas as peculiaridades locais, em local de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento de livros e documentos.

3

Resolução nº 228 de 22 de Junho de 2016, que regulamenta a aplicação, no âmbito do Poder Judiciário, da Convenção sobre a eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, celebrada na Haia, em 5 de Outubro de 1961 (Convenção da Apostila).

4Lei nº 8.935 de 18 de Novembro de 1994, regulamenta o artigo 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos Cartórios).

(4)

Entretanto, é necessário ressaltar a enorme responsabilidade que é imposta aos cartórios notariais na pessoa do tabelião e seus substitutos. Serventias privadas exercendo função pública, seus oficiais, substitutos dotados de fé pública, são responsáveis por seus atos.

A Constituição Federal, em seu artigo 236, §1º, afirma:

§1ºLei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

Ainda a Constituição Federal, em seu artigo 37, §6º, afirma:

§6ºAs pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Nessa situação a responsabilidade civil se dá mediante a culpa e, mesmo não citando expressamente a figura do tabelião ou seu substituto, o cartório responde perante os orgãos competentes por seus atos como pessoa jurídica. O tabelião, substituto ou preposto responderão civilmente e criminalmente, sendo o orgão fiscalizador a Corregedoria de cada Estado.

É em função de tal responsabilidade, praticidade e confiança que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), juntamente com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), escolheram os cartórios notariais como autoridades apostilantes para a emissão da Apostila em documentos públicos, com o objetivo de trazer harmonia, simplificar e oferecer fácil acesso, reduzindo a burocracia e acelerando o processo nos trâmites necessários para o reconhecimento de documentos nos países signatários.

3. A CONVENÇÃO DA APOSTILA

Devido uma necessidade cada vez mais presente , destaca-se a aplicação da Convenção da Apostila sobre a eliminação da exigência da legalização de documentos, com o objetivo de facilitar a tramitação de documentos entre os países signatários. Porém há de se notar que o processo de legalização passou por várias etapas até a aprovação do texto final da Convenção.

“Já no início do ano de 1950, o processo de legalização foi visto cada vez mais como causa de inconveniência para pessoas e empresas que necessitavam usar documentos públicos emitidos em um Estado em situações ou transações que ocorriam em outros Estados. Portanto, seguindo uma sugestão do Conselho da Europa, a Conferência da Haia sobre Direito Internacional Privado decidiu desenvolver uma Convenção que facilitasse a autenticação de documentos públicos a serem produzidos no exterior. Após discussões sobre a proposta na Oitava Sessão da Conferência da Haia realizada em 1956, uma Comissão Especial reuniu-se em Haia no ano de 1959 para desenvolver um rascunho de Convenção preliminar. Este projeto foi aperfeiçoado e o texto final da

(5)

Convenção foi assinado pela primeira vez em 05 de Outubro de 1961 para Abolição de Requisitos de Legalização para Documentos Públicos Estrangeiros, comumente conhecia como a Convenção da Apostila” (MANUAL DA APOSTILA, CNJ, 2016, p.25).

A Convenção da Apostila, da Haia, é um Tratado Internacional que foi aceito na Conferência da Haia, conferência essa que tem como finalidade trabalhar para a unificação das regras de direito internacional privado. A finalidade da Convenção é eliminar a exigência de legalização aos orgãos responsáveis pelos atos públicos, conforme explica Florisbal de Souza.

“A finalidade da Convenção é suprimir a exigência de legalização diplomática ou consular a atos públicos estrangeiros, não sendo aplicável a atos particulares, através da Convenção, o único ato de oposição de uma apostila torna um documento válido em de 112 países”.(DEL’OLMO, 2017, p. 96 ).

Assim foi aprovado no Brasil o texto sobre a eliminação da exigência da legalização de documentos públicos no dia 12 de Junho de 2015, pelo Decreto legislativo nº 148. No dia 29 de Janeiro de 2016 foi promulgado o texto através do Decreto nº 8.660. E, por fim, no dia, 22 de Junho de 2016, a Resolução nº 228, regulamentou a aplicação, no âmbito do Poder Judiciário, da Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, celebrada na Haia, em 5 de outubro de 1961, entrando em vigor no Brasil em 14 de agosto de 2016. A regulamentação da Convenção em solo brasileiro se deu através do Ministro Lewandowski, presidente do (STF), uma vez que, a presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é ocupada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, conforme disposto na Constituição Federal, em seu artigo 103-B, “caput”, Inciso “I”,§ 1º.

O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:

I – O Presidente do Supremo Tribunal Federal.

§1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Portanto, fica evidenciado que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é o responsável por coordenar e regulamentar a aplicação da Convenção da Apostila, da Haia, no Brasil.

A Convenção da Apostila, da Haia, firma as condições para que os documentos públicos emitidos por países signatários, tenham validade e produzam efeitos nos demais países signatários, com o objetivo de dar celeridade aos atos e simplificar o reconhecimento de documentos públicos.

A Resolução nº 228/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), considera:

A economia, a celeridade e a eficiência propiciadas pelos benefícios da simplificação e da desburocratização, decorrentes da eliminação da exigência de legalização diplomática ou consular de documentos determinada pela Convenção da Apostila.

(6)

Na mesma linha o Secretário Nacional de Justiça, Vasconcelos, pontua a importância do Brasil em aderir ao Tratado, afirmando que:

“A importância da adesão do Brasil à Convenção da Apostila é agilizar o trâmite de documentos estrangeiros, minimizando custos a todos os cidadãos e empresas que necessitem fazer valer seus direitos e dependam de uma medida no exterior ou que precisem exercer direitos no Brasil por meio desses documentos”. (BETO, 2017, p. 01).

Essa adoção possibilitada pela adesão à Convenção da Apostila, da Haia, permitirá que o documento público nacional seja reconhecido por todos os países signatários, unificando e estreitando relações, facilitando a redução de tempo e custos aos cidadãos nacionais e estrangeiros.

De acordo com João Pedro Lama e Pércio Brasil, com a entrada em vigor da Convenção da Apostila, da Haia, a legalização diplomática e consular será dispensada e como formalidade será exigida atestação da assinatura do signatário bem como sua função ou cargo.

“Com a entrada em vigor da Convenção, a legalização dos documentos será dispensada, e a única formalidade a ser exigida para atestar a autenticidade da assinatura, função ou cargo exercido pelo signatário do documento consistirá na aposição, no documento, de uma apostila, (que é o ato de autenticação do documento na origem), observando um padrão adotado pela Convenção, a vigorar entre os países signatários. Não significa exatamente que haverá a eliminação da legalização dos documentos públicos. Significa que eles já sairão do país que os emitiu contendo um ato de legalização, aposto por uma autoridade designada em cada país signatário”. (PAIVA; ALVARES; 2016, p.59).

Com isso, o apostilamento de documentos públicos e privados, vem substitutir o processo de legalização em cadeia, trazendo inserido em seu contexto a idéia de simplificar, acelerar e legalizar.

3.1 Conceito de apostila

O termo apostila apareceu durante as negociações sobre a convenção, tendo a palavra apostila sido aceita por constituir uma novidade atraente. Uma outra sugestão foi o termo atestação, porém esta não foi aceita, e com uma aprovação expressiva os relatores votaram pelo termo apostila.

Nesse contexto, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostrou o conceito e a origem da palavra “Apostila”: A palavra Apostila em português é de origem francesa, sendo grafada “Apostille”, que provém do verbo “apostiller”, que significa Anotação.

Afirma ainda o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que a Apostila é definida como um certificado emitido que autentica a origem de um documento público.

(7)

3.2 Aplicação da Apostila em documentos públicos e privados bem como a responsabilidades dos atos

A aplicação da apostila se dá em documentos públicos e de natureza particular, os quais são reconhecidos por notários e autoridades públicas competentes.

A Convenção da Apostila estabelece os documentos públicos e privados, aqueles provenientes de autoridade ou agente público, documentos do Ministério Público, escrivão judiciário e oficial de justiça, documentos administrativos, atos notariais, e as declarações oficiais apostas em documentos de natureza privada.

O Novo Código de Processo Civil (NCPC), prevê em seu artigo 411, incisos I, II e III, que o documento particular quando reconhecido a firma, conferindo sua autenticidade, é aferido o cargo e a função do notário que ali assinou o documento.

Segundo o Novo Código de Processo Civil (NCPC), em seu artigo 411, incisos I, II e III, diz que:

Art.411. Considera-se autêntico o documento quando: I – o tabelião reconhecer a firma do signatário;

II – a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei;

III – Não houver impugnação da parte contra quem foi produzido o documento.

Por outro lado, a Convenção não se aplica a documentos expedidos por agentes diplomáticos ou consulares, documentos administrativos relacionados a operações mercantis ou alfandegárias.

Também não se aplica a documentos a serem apresentados em páises não signatários da Convenção da Haia, conhecida como a Convenção da Apostila, sendo o processo realizado pelo Ministério das Relaçoes Exteriores (MRE).

As autoridades competentes são responsáveis pelos atos realizados, cada documento receberá uma Apostila, anotação.

O provimento número 58, de Dezembro de 2016, no artigo 2º parágrafo único, diz que:

Art.2º. O ato de aposição de apostila realizado pelas autoridades competentes deve seguir rigorosamente o disposto na Resolução CNJ n. 228/2016 e seus anexos e no presente provimento.

Parágrafo único. O descumprimento das disposições contidas na mencionada resolução e no presente provimento pelas autoridades competentes para a oposição de apostila ensejerá a instauração de procedimento administrativo disciplinar.

Havendo erro no procedimento de apostilar, o tabelião e seu substituto, ficam na obrigação de reparar, emitindo uma nova apostila, ratificando o erro sem nenhum custo para o solicitante do serviço.

(8)

Por outro lado, havendo erro por falta de orientação, ou informações erradas emitidas pelo solicitante do serviço, o tabelião e seu substituto ficam desobrigados de ressarcir o ato já vinculado.

Assim como podemos observar, existem obrigações e responsabilidades a serem cumpridas, as autoridades competentes para a oposição da apostila, são subordinadas a fiscalização das corregedorias dos Estados a que se destina.

3.3 As vantagens da apostila

Várias são as vantagens do sistema de apostilamento. A principal delas, é a celeridade dos atos e sua simplificação para o reconhecimento de documentos públicos.

Uma vez que demandava certo tempo para dar entrada em uma documentação e sua tramitação, várias etapas precisavam ser cumpridas. Com a Convenção da Apostila o tempo foi reduzido, proporcionando satisfação populacional e estimulando novas demandas.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em seu provimento número 585, de Dezembro de 2016, em seu artigo 10º e §1º, diz que:

Art.10. As autoridades competentes para a oposição de apostila deverão, por dever de ofício, prestar todos os esclarecimentos necessários antes do ato.

§1º A apostila será emitida mediante solicitação do portador do documento, sendo dispensado requerimento escrito. No entanto, as autoridades competentes darão recibo de protocolo no momento do requerimento, estipulando prazo para entrega, que não poderá ultrapassar cinco dias.

Alem de atestar a autenticidade do documento, através da averiguação das assinaturas dos signatários, selos e carimbos, tem-se estipulado o prazo para entrega dos documentos, não podendo segundo o artigo mencionado ultrapassar cinco dias para entregar.

A Resolução nº 228/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), afirma em seu artigo 1º e parágrafo único, que:

Art. 1º A legalização de documentos produzidos em território nacional e destinados a produzir efeitos em países partes da Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros (Convenção da Apostila) será realizada, a partir de 14 de agosto de 2016, exclusivamente por meio da aposição de apostila, emitida nos termos desta Resolução.

Parágrafo único. Para os fins desta Resolução, entende-se como legalização, ou chancela consular, a formalidade pela qual se atesta a autenticidade da assinatura, da função ou do cargo exercido pelo signatário do documento e, quando cabível, a autenticidade do selo ou do carimbo nele aposto.

5

Provimento n. 58, publicado dia 09 de Dezembro de 2016, trata das etapas do processo de apostilamento, especificando desde os critérios para cadastramento das serventias e autoridades à forma de emissão dos documentos.

(9)

Afirma ainda o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em seu provimento número 58, de Dezembro de 2016, em seu artigo 10º, §2º, que:

§2º Para emissão da apostila, a autoridade competente deverá realizar a análise formal do documento apresentado, aferindo a autenticidade da assinatura aposta, do cargo ou função exercida pelo signatário e, quando cabível, a autenticidade do selo ou do carimbo aposto.

Ao receber os documentos, tais como certidões, procurações, escrituras, diplomas, certificados, documentos de identificação entre outros, o oficial do cartório, ou seu substituto, irá fazer a conferência do documento, atestando sua veracidade.

Segundo Fabrício Bertini Pasquot Polido, “A apostila não confirma o conteúdo ou teor do documento, mas antes sua existência formal enquanto tal e a autenticidade dos sinais ali apostos”. (POLIDO, 2014, p. 02).

Então basta ir em uma serventia notarial próximo a residência do solicitante e efetuar o apostilamento, saindo com o documento apostilado, desburocratizando os trâmites e facilitanto o reconhecimento desses documentos nos países signatários a Convenção da Apostila, da Haia.

Nesse mesmo sentido Florisbal de Souza, dispõe que:

“Exige-se no âmbito da Convenção uma única formalidade, que é a aposição de uma apostila emitida pela autoridade competente do Estado no qual o documento é originado, no intuito de atestar a autenticidade da assinatura, função ou cargo exercido pelo signatário do documento”. (DEL’OLMO, 2017, p. 97).

Por outro lado, ao aderir à Convenção da Apostila, o Brasil abre também oportunidade para que, investidores fortaleçam os laços comerciais, devido a redução de custos e diminuição de tempo.

Portanto várias são as vantagens do apostilamento, que vem para substitutir o processo de legalização em cadeia, não alterando mas simplismente eliminando etapas.

4. ASPECTO PRÁTICO DA CONVENÇÃO DA APOSTILA, DA HAIA

4.1 Documentos emitidos no Brasil com efeito no Exterior

Com o objetivo de trazer harmonia, celeridade e simplificar os atos necessários para que um documento seja reconhecido no país a que se destina, a Convenção da Apostila abole

(10)

o processo de legalização e o substitui com a emissão de um certificado de autenticação, conhecida como Apostila.

Porém, antes da adoção a Convenção da Apostila, o procedimento era complexo, demorado e burocrático, conhecido como legalização em cadeia6. Para que um documento fosse reconhecido, aceito por autoridades no exterior, era necessário passar por várias etapas nos orgãos competentes no Brasil, resultando em um demorado, complicado e dispendioso processo.

O processo de legalização, tinha início com o usuário levando o documento para efetuar o reconhecimento da assinatura aposta do signatário, o oficial ou seu substituto, logo depois enviado ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), para sua averiguação e autenticação, e por fim apresentado ao Consulado a que se destina os documentos.

Como afirma Florisbal de Souza

“O documento ainda deveria seguir para o Ministério das Relações Exteriores (MRE), para ser autenticado o reconhecimento, na Embaixada ou Consulado do país de destino dos papéis, por fim, deveria reconhecer a autenticação do ministério”. (DEL’OLMO, 2017, p. 96).

Importante salientar que nem sempre o Consulado se encontra no Estado de origem do apostilante, o qual tem que se deslocar muitas vezes em viagens para dar sequência em sua tramitação.

Outro fator preponderante para essa legalização em cadeia, além do tempo já mencionado, era o alto custo que estava envolvido, em relação as taxas que eram pagas nos orgãos competentes e a oneração do deslocamento, gerando transtornos devido a tamanha complexidade.

Explica o Juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça, Márcio Evangelista Ferreira Silva, que:

“Antes da adoção, pelo CNJ, da aposição de apostilas pelas serventias extrajudiciais do Brasil, a população sofria com a burocracia para realizar o procedimento perante o MRE. O procedimento era complexo, burocrático e caro, pois muitas pessoas contratavam despachantes para realizar o serviço. Hoje o procedimento é simples, a custo baixo, diretamente na serventia extrajudicial e sem necessidade de despachante”. (SILVA, 2017, p. 01)

Ao adotar a legalização, possibilitada pela adesão à Convenção da Apostila, pemitindo que o documento público nacional seja reconhecido no exterior, ou por todos os países que fazem parte da Convenção, o Brasil facilitou a redução de tempo e custos aos cidadãos e empresas nacionais, bem como os estrangeiros.

6

Legalização em cadeia, termo usado para designar as várias etapas a serem seguidas. Para que um documento seja aceito por autoridades estrangeiras, era necessário tramitá-lo por diversas instâncias gerando as chamadas “legalizações em cadeia”.

(11)

Nesse entendimento o apostilamento é a forma de certificação emitida em documentos a serem utilizados em países que participam da Convenção da Apostila, revelando avanço e integração, uma evolução para a economia de cada país.

Assim, observa Felipe Leonardo Rodrigues, que:

“Apostilamento ou apostilar é uma forma de certificação emitida nos documentos a serem utilizados em países que participam da Convenção. Isso traduz, de certa forma, um avanço nas relações interpessoais, na circulação de bens e na agilidade dos negócios”. (RODRIGUES, 2015).

Com a vigência da Convenção da Apostila, significativos avanços surgem para beneficiar o cidadão. Estando à disposição, empresas e cidadãos poderão usar internacionalmente documentos como diplomas, certificados, históricos escolares, certidões de nascimento, casamento e óbito, documentos emitidos por tribunais, documentos particulares e de registros comerciais, com uma simples solicitação da emissão de uma apostila para o documento.

Ainda sobre os aspectos práticos, a Resolução nº 228/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), afirma em seu artigo 1º e parágrafo único, que:

Art. 1º A legalização de documentos produzidos em território nacional e destinados a produzir efeitos em países partes da Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros (Convenção da Apostila) será realizada, a partir de 14 de agosto de 2016, exclusivamente por meio da aposição de apostila, emitida nos termos desta Resolução.

Parágrafo único. Para os fins desta Resolução, entende-se como legalização, ou chancela consular, a formalidade pela qual se atesta a autenticidade da assinatura, da função ou do cargo exercido pelo signatário do documento e, quando cabível, a autenticidade do selo ou do carimbo nele aposto.

Com a finalidade de permitir que um documento público nacional seja reconhecido em um país estrangeiro através da Convenção da Apostila, entende-se que a Apostila irá certificar a assinatura, carimbo e selo, exibido no documento emitido por funcionário habilitado no exercício de suas funções.

No contexto de facilitar, agilizar e certificar os documentos nacionais, os cartórios foram escolhidos para tal ofício, como autoridades apostilantes no limite de suas atribuições, o que era uma legalização em cadeia, agora simplificada pelas delegações notariais em todo território brasileiro.

Portanto tinha-se um panorama do sistema brasileiro na emissão de documentos para o exterior complexo e lento, realizado por vários orgãos competentes, para uma atual adesão a Convenção da Apostila um ato mais simples e eficaz, a aposição de uma apostila nos documentos realizado pelos cartórios notárias, sem a necessidade de legalização consular ou diplomática.

(12)

4.2 Documentos emitidos no exterior com efeito no Brasil

Como instrumento destinado a racionalizar e simplificar os meios de utilização de documentos estrangeiros entre os Estados contratantes, a Convenção da Apostila foi idealizada com o objetivo de suprimir as legalizações em repartições diplomáticas e consulares.

Porém os documentos emitidos no exterior para surtirem efeitos no Brasil antes da adoção da Covenção da Apostila, inevitavelmente passam por instâncias administrativas em terras brasileiras, sendo os investidores estrangeiros cofrontados com a assustadora dinâmica de funcionamento do sistema de legalizações de documentos perante as repartições diplomáticas.

Fabrício Bertini Pasquot destaca a morosidade imposta pelos orgãos competentes antes da adoçaõ da convenção.

“O integrante regime da consularização de documentos estrangeiros, requerida para que determinados atos, contratos, certidões e registros possam produzir seus efeitos no Brasil. Isso para não mencionar a conhecida morosidade imposta pelo repertório de assinaturas, carimbos e selos naquelas repartições do Ministério das Relações Exteriores em diversos países” (POLIDO, 2014, p.01).

Ainda Fabrício Bertini Pasquot ao mostrar a importância a adesão a Conveção da Apostila, afirma:

“Ele é indispensável para facilitar que indivíduos conduzam seus assuntos pessoais, familiares e profissionais em diferentes jurisdições, e as empresas possam realizar seus negócios mais essenciais, especialmente enquanto mantenham atividades econômicas e operacionais em outros países”. (POLIDO, 2014, p.02).

A legalização consular era efetuada, mediante cobrança de emolumentos consulares, na Embaixada ou Consulado do Brasil, Essa legalização consular é feita pelo reconhecimento da assinatura ou autenticação do documento. Após o procedimento de legalização consular, os documentos precisaram ser traduzidos para a língua portuguesa por tradutor público juramentado brasileiro, e logo depois sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtirem efeitos a terceiros.

Portanto assim funcionava legalização de documentos emitidos no exterior com a finalidade de produzir efeito no Brasil. Para os países antes a adoção a Convenção da Apostila. Mesmo após a adoção da Convenção esse procedimento continua valendo para os países que não fazem parte da Convenção da Apostila, como por exemplo o Canadá, que continua adotando os trâmites anteriores.

Para os Estados signatários da Convenção da Apostila o procedimento é diverso. Para que seu documento tenha validade no território brasileiro, ele deve vir apostilado pelo país de origem, e traduzido por um tradutor público juramentado matriculado na junta comercial do Estado destinado o documento, assim efetivando sua legalização.

(13)

5. CONCLUSÃO

Em situações de mudança em que o tempo é fundamental para o bom andamento dos processos judiciais no Brasil, a adesão a Convenção da Apostila, da Haia, tornou-se essencial ao sistema brasileiro, primordial nas relações multilaterais de cooperação entre os cidadãos e as empresas.

Contudo, é relevante mencionar que o Brasil, mesmo diante da necessidade, demorou para ratificar tal Convenção. Após mais de cinquenta anos de espera, a Presidência da República, por meio do Decreto nº 8.660, oficializa a adesão do Brasil a Convenção de Haia, de 5 de Outubro de 1961, regulamentando a eliminação da exigência de legalização de documentos públicos estrangeiros, também conhecida como a Convenção da Apostila.

A Convenção vem com a finalidade de simplificar e tornar mais célere a tramitação de documentos entre todos os países que aderiu. Assim espera-se com a adesão do Brasil à Convenção, celebrada em Haia, possa-se trazer benefícios à movimentação de documentos nacionais e estrangeiros, e por conseguinte às pessoas e aos negócios.

Desta forma entendemos que, a adesão do Brasil à Convenção da Apostila é um importante passo, uma marco na história brasileira, para redução a burocracia e ao mesmo tempo um enorme avanço em harmonizar as relações comerciais entre o Brasil e os investidores dos países estrangeiros.

(14)

6. REFERÊNCIAS

ARAUJO, Nadia de. Direito internacional privado: teoria e prática brasileira. 4. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br\ccivil_03/Constituição/htm.Acesso em:

20/03/2017.

BRASIL. Novo Código de Processo Civil (2015). comparado – Lei 13.105/2015 / coordenação Luiz Fux; organização Daniel Amorim Assumpção Neves – 2. Ed. revista – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2015.

DEL’OLMO, Florisbal de Souza; JUNIOR, Augusto Jaeger. Curso de direito internacional privado. 12. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017.

HAGUE CONFERENCE ON PRIVATE INTERNACIONAL LAW. Manual da Apostila: um manual para a operação da Apostila. Tradução de Marcelo Conforto de Alencar Moreira, Marina Brazil Bonani, Rogério Gonçalves de Oliveira, Thaísa Carla Melo – Brasília: CNJ, 2016.

PAIVA, João Pedro Lamana; ALVARES, Pércio Brasil. Registro de títulos e documentos. 2ª. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2016.

POLIDO, Fabrício Bertini Pasquot. Convenção da apostila é compatível com estrutura brasileira. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-abr-17/Fabricio-polido-convençao-apostila-compativel-estrutura-brasil. Acesso em: 21/04/2017

RODRIGUES, Felipe Leonardo – Aprovação da eliminação de legalização pelo Brasil. São Paulo. Disponível em: <http://www.notariado.org.br./blog/?link=visualizaArtigo&cod=473; Acesso em: 10/05/2017

SILVA, Márcio Evangelista da. Mais de 400 mil apostilamento são realizados em cartórios brasileiros. Brasília. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84359-mais-de-400-mil-apostilamentos-são-realizadosém-cartórios-brasileiros. Acesso em: 10/03/2017

VASCONCELOS, Beto. Decreto elimina a exigência de legalização de documentos estrangeiros. Brasília. Disponível em: http://www.justiça.gov.br/noticias/decreto-elimina-a-exigência-de-legalização-de-documentos-estrangeiros. Acesso em: 15/03/2017

Referências

Documentos relacionados

Este estudo tem o intuito de apresentar resultados de um inquérito epidemiológico sobre o traumatismo dento- alveolar em crianças e adolescentes de uma Organização Não

A democratização do acesso às tecnologias digitais permitiu uma significativa expansão na educação no Brasil, acontecimento decisivo no percurso de uma nação em

Portanto, mesmo percebendo a presença da música em diferentes situações no ambiente de educação infantil, percebe-se que as atividades relacionadas ao fazer musical ainda são

Após extração do óleo da polpa, foram avaliados alguns dos principais parâmetros de qualidade utilizados para o azeite de oliva: índice de acidez e de peróxidos, além

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

A proposta também revela que os docentes do programa são muito ativos em diversas outras atividades, incluindo organização de eventos, atividades na graduação e programas de

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete