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Estudos de paleoetnobotânica, paleoambiente e paisagem na Amazônia Central

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Estudos de

paleoetnobotânica,

paleoambiente e

paisagem na

Amazônia Central

Rita Scheel-Ybert Caroline Fernandes Caromano Leandro Mathews Cascon Gina Faraco Bianchini Mariana Beauclair

e o exemplo do

sudeste-sul do Brasil

(2)
(3)

A

Paleoetnobotânica, o estudo das interações entre populações humanas e recursos vegetais no passado (HASTORF, 1999; PEARSALL, 2000), fornece contribuições cada vez

mais importantes para a Arqueologia, pois os vestígios arqueobotânicos podem ser interpretados como produto da relação de grupos humanos com o meio ambiente. Ainda há uma grande escassez de estudos com estas abordagens no Brasil, tanto no que se refere a estudos paleoambientais quanto ao uso e consumo de vegetais no passado. Ainda que estes temas tenham sido bastante discutidos na Amazônia, onde questões sobre cultivo e domesticação receberam maior atenção dos pesquisadores (e.g. LATHRAP, 1970, 1977; MEGGERS,

1971; BROCHADO, 1977; ROOSEVELT, 1980; HECKENBERGER, 1998; OLIVER, 2001), os estudos

arqueobotânicos não se multiplicaram, sendo restritos a raros sítios nos quais a preservação de restos vegetais é excepcional.

Este é o caso, em especial, do ambiente particularmente seco da Caverna da Pedra Pintada (Pará), propício à preservação de restos orgânicos, e onde a importância dos produtos vegetais para grupos amazônicos foi largamente demonstrada (ROOSEVELT et al., 1996,

2000). Restos vegetais abundantes e variados foram encontrados desde as primeiras ocupações conhecidas, há pelo menos 11.200 anos antes do presente (Hymenaea parvifolia [jatobá], Bertholletia excelsa [castanha-do-pará], Sacoglottis guianensis [achuá], Talisia esculenta [pitomba], Vitex cymosa [tarumã], Attalea microcarpa [palha-vermelha], A. spectabilis [curuá]). Da grande variedade de vestígios associados exclusivamente à ocupação mais recente (cerca de 300 anos antes do contato), destacam-se Spondias mombin (taperebá), Passiflora nitida (maracujá-do-mato), Anacardium occidentale (caju), Anacardium giganteum (caju-do-mato), Byrsonima crassifolia (murici), Acrocomia aculeata (macaúba), Syagrus cocoides (jerivá), Euterpe oleracea (açaí-do-pará), Mauritia flexuosa (buriti), Mauritiella armata (buriti-bravo), além de vestígios de espécies cultivadas como Zea mays (milho) e Cucurbita sp (cabaça). Restos vegetais foram registrados também em grutas e abrigos da Serra de Carajás (Manihot, Couepia, Copaifera, Hymenaea, Astrocaryum), em sítios de caçadores-coletores datados de 4.000 a 9.000 anos antes do presente (MAGALHÃES,

1998; KIPNIS, 2005).

Estes dados se revestem da maior importância, pois demonstram que desde o início da colonização da Amazônia, no final do Pleistoceno, grupos humanos vêm acumulando um amplo conhecimento sobre sua flora.

Por outro lado, a imensa maioria dos sítios amazônicos apresenta condições de preservação bastante distintas das mencionadas acima, pois o clima úmido e os solos ácidos impedem totalmente a conservação de macro-vestígios vegetais não carbonizados (salvo no caso de sítios inundados, que também são raros). Nestes sítios, os estudos paleoambientais e paleoetnobotânicos dependem da análise de macrorrestos carbonizados e de microrrestos como fitólitos e grãos de amido. Ambos podem ser preservados em contexto arqueológico independentemente das condições climáticas e do tipo de sedimento.

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Estudos de macro e microrrestos vegetais têm o potencial de fornecer evidências diretas dos tipos de plantas usadas por populações passadas, podendo preencher importantes lacunas no nosso conhecimento sobre o uso de vegetais e produção de alimentos1 na pré-história brasileira.

Fragmentos de carvões, por exemplo, geralmente abundantes no sedimento arqueológico, mas que até recentemente eram coletados apenas para datação, podem fornecer informações muito relevantes sobre o paleoambiente no qual viviam os habitantes do sítio, assim como sobre transformações da paisagem, economia do combustível2, uso de madeira em contextos cotidianos

e rituais, e sobre o manejo e cultivo de vegetais (SCHEEL-YBERT, 2000, 2001a, b; SCHEEL-YBERT et al.,

2003, 2007; BIANCHINI et al., 2007; BIANCHINI, 2008; BEAUCLAIR et al., 2009). A antracologia, que analisa

os fragmentos de carvão depositados nos sedimentos de sítios arqueológicos, permite obter, a partir do mesmo material: (1) a reconstituição do paleoambiente vegetal e do paleoclima associado à ocupação, conduzindo a uma melhor interpretação sobre modos de vida, recursos ambientais disponíveis, manejo, cultivo, desmatamento etc. e (2) dados paleoetnobotânicos sobre os usos que as populações pré-históricas faziam da vegetação lenhosa local, como combustível (preparação de alimentos, calor, transformação de matérias-primas etc.), material de construção e para a confecção de artefatos de madeira (utensílios, embarcações etc.), assim como informações sobre a alimentação dessas populações (conservação de restos alimentares carbonizados).

Ainda que inicialmente definido como a “análise e interpretação de carvões de madeira” (VERNET, 1992), visando essencialmente a reconstituição paleoambiental, o estudo antracológico

atualmente considera todos os vestígios carbonizados conservados no sedimento e engloba uma série de questões importantes para o saber arqueológico. Em regiões tropicais, onde é pobre a conservação de restos alimentares vegetais, o estudo de restos carbonizados é, frequentemente, a única forma de se acessar dados sobre dieta e cultivo a partir de macro-vestígios (DI PIAZZA, 1998; SCHEEL-YBERT, 2001a; TENGBERG, 2002).

1 Sistemas de produção de alimentos são todos aqueles em que há interferência humana no processo produtivo das

plantas, desde o manejo de vegetais (no qual há incentivo ao crescimento de plantas, seja pelo uso do fogo, pela dispersão de sementes ou simplesmente pela limpeza do terreno em torno de plantas que nasceram naturalmente, para favorecer seu crescimento) até o cultivo (semeadura ou plantação intencional de plantas úteis ou alimentícias). No que se refere ao cultivo, é necessário fazer-se uma distinção entre horticultura (cultivo de diversas espécies associadas, podendo inclusive associar plantas selvagens e domesticadas no mesmo espaço), agricultura (cultivo de uma ou poucas espécies domesticadas em espaço exclusivo) e arboricultura (cultivo de árvores). É importante também fazer uma distinção entre cultivo (“ato de cultivar”) e domesticação de plantas (processo de seleção gradativa das plantas, implicando em modificações genéticas, que resulta na transformação de populações selvagens em populações domesticadas, dependentes da atividade humana para sua reprodução).

2 “Economia do combustível” é o conjunto de atividades relacionadas ao uso de material combustível para diversos fins

(domésticos, econômicos, rituais etc.). Pode incluir uma série de aspectos como seleção ou não seleção de lenha, uso de combustíveis diversos (madeira de diversos calibres e estados fisiológicos, osso, linhita, esterco...), tipo de coleta (coleta aleatória, corte de árvores...), administração do estoque de lenha (coleta diária, estocagem estacional...), entre outros.

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Por outro lado, micro-restos vegetais, como fitólitos e grãos de amido, também podem fornecer informações de naturezas diversas. Reconstruções paleoambientais podem ser obtidas de sedimentos coletados nos próprios sítios arqueológicos ou fora destes (PIPERNO; BECKER, 1996;

LENTFER et al., 2002). Análises de sedimentos dos sítios fornecem também interpretações de

áreas de atividade, a partir unicamente dos micro-vestígios (LENTFER et al., 2002) ou em conjunto

com carvões (BALME; BECK, 2002), assim como dados sobre dieta (PIPERNO; PEARSALL, 1998) e

dispersão de cultígenos (PERRY et al., 2007). Além disso, fitólitos e grãos de amido podem ser

conservados na superfície ou no interior de artefatos líticos e cerâmicos (PIPERNO; HOLST, 1998;

KEALHOFER et al., 1999; IRIARTE et al., 2004; BOZARTH; GUDERJAN, 2004; PERRY et al., 2007) e na matriz

de cálculos dentários (WESOLOWSKI, 2007; BOYADJIAN, 2007; BOYADJIAN et al., 2007), fornecendo

informações que vão desde dieta, cultivo e domesticação de vegetais até a cosmogonia de povos pretéritos (BOZARTH; GUDERJAN, 2004).

O estudo destes microrrestos tem fornecido evidências insuspeitadas de práticas agrícolas e domesticação de vegetais em vários locais das Américas do Sul e Central em períodos bastante recuados (BUSH et al., 1989; PIPERNO; HOLST, 1998; PIPERNO; PEARSALL, 1998; PIPERNO; FLANNERY, 2001; IRIARTE

et al., 2004; PERRY et al., 2006). Embora a existência de cultivo ainda seja frequentemente associada

ao aparecimento da cerâmica, a domesticação de vegetais no continente americano aparentemente começou muito mais cedo, tendo sido sugerida a domesticação de plantas como milho, mandioca, cará e araruta entre pelo menos 7.000 e 5.000 anos BP, no Panamá (PIPERNO et

al., 2000), e de abóbora desde quase 10.000 anos BP, no México (SMITH, 2006). Análises de fitólitos

e grãos de amido em cerritos3 de Los Ajos, Uruguai, evidenciaram a ocorrência de abóbora

(Cucurbita), milho (Zea mays), feijão (Phaseolus) e biri (Canna edulis) domesticados desde ca. 4.190 anos BP, além de fitólitos de palmeiras (IRIARTE et al., 2004).

Acredita-se que a história dos grupos humanos na Amazônia esteja intimamente ligada a processos de domesticação de plantas e ao desenvolvimento de sistemas de produção de alimentos, considerados fundamentais para o crescimento demográfico e para o surgimento de sociedades complexas na região (PIPERNO; PEARSALL, 1998). No momento da conquista europeia,

os povos amazônicos já haviam desenvolvido sistemas eficientes de produção de alimentos, domesticado plantas nativas e trazido diversas espécies vegetais de outros locais das Américas (CLEMENT, 1999a, 1999b; CLEMENT; JUNQUEIRA, 2008).

Existem importantes evidências de manejo de plantas, especialmente palmeiras, durante os primeiros milênios de ocupação da Amazônia (CLEMENT, 1989; MORCOTE-RÍOS; BERNAL, 2001). Além

dos vestígios diretos presentes nos sítios, a importância das palmeiras pode ser inferida a

3 “Cerritos” são mounds, estruturas monticulares construídas artificialmente, geralmente em terrenos baixos e

alagadiços, compostas por terra, matéria orgânica e restos de ocupação humana. Ocorrem na região do Prata – sul do Rio Grande do Sul, norte e leste do Uruguai e leste da Argentina (QUINTANA et al., 2006).

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partir da paisagem, que representa em si um vestígio arqueológico. Recentemente, surgiram novas perspectivas envolvendo estes estudos, as quais têm como pano de fundo a percepção de que a paisagem desempenha um importante papel para a ação social humana (SALDANHA,

2005), sendo percebida como o espaço onde são realizadas atividades, por meio das quais os indivíduos se reconhecem e reconhecem seu mundo, dentro de regras e significados culturalmente estabelecidos (HODDER; HUTSON, 2003).

Estudos de paisagem demonstram a influência humana no meio ambiente amazônico e a concentração de certas espécies arbóreas úteis, sendo as palmeiras4 os indicadores mais

frequentemente percebidos. Estudos sobre os Nukak, por exemplo, forrageiros da Amazônia colombiana, demonstram a criação de ilhas cultivadas no interior da floresta contendo palmeiras e tubérculos, em atividades horticultoras que, acredita-se, recuam até 9.000 anos BP (POLITIS,

2001; OLIVER, 2008). Estes estudos são importantes também por demonstrar que o manejo da

vegetação e a horticultura aumentam a diversidade ecológica ao invés de reduzi-la, num processo inverso ao que é normalmente esperado a partir das práticas agrícolas intensivas. Tenório (2000) observa pertinentemente que a afirmativa de Lévi-Strauss (1986), feita a partir de grupos indígenas atuais, de que “na América do Sul a agricultura incipiente e a coleta desenvolvida tendem mais a se associarem do que a se excluírem mutuamente”, pode se aplicar a toda a pré-história brasileira. Ao que tudo indica, muito antes da intensificação do plantio de mandioca e milho já existia, em muitas áreas, um sofisticado conhecimento sobre manejo e processamento de vegetais que teria permitido uma estabilidade alimentar semelhante à oferecida pelo cultivo. No Brasil, numerosos focos de manejo e experimentação de plantas parecem ter existido antes da efetiva introdução do cultivo.

Sistemas de produção de alimentos implicam em transformações da paisagem, seja em suas manifestações mais óbvias, relacionadas a práticas agrícolas, seja através de outros processos, como manejo de espécies, criação de ilhas de espécies domesticadas ou domesticação da paisagem. Estes processos vêm sendo bastante discutidos em relação à Amazônia (e.g. BALÉE,

1987, 1989, 1992; CLEMENT; URPI, 1987; CLEMENT, 1989, 1999a; DENEVAN, 1992; RIVAL, 1993, 2006;

POLITIS, 1996; RIVAL; JEFFREY, 1999; OLIVER, 2001; HECKENBERGER et al., 2003; ERICKSON, 2006), mas

carecem ainda de evidências empíricas no que se refere à análise de vestígios diretos que comprovem sua ocorrência e explicitem melhor sua cronologia e características.

4 Note-se que as palmeiras apresentam uma profunda relação com a cosmologia indígena. Rival (1998, 1999), por

exemplo, destaca a importância de determinadas áreas de concentração de pupunha (Bactris gasipaes) entre os Huaorani. Estas áreas são consideradas redutos ancestrais, entidades sociais pertencentes à representação do mundo florestal, mundo este intrincado com o próprio significado do que é ser Huaorani. A pupunha, inclusive, assumiu tamanha importância para grupos amazônicos que se tornou a única palmeira completamente domesticada da região amazônica (CLEMENT, 1999a).

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Além disso, mudanças na paisagem podem ser devidas a outros tipos de intervenção do homem no ambiente, e também a variações paleoambientais e paleoclimáticas. Diversos estudos assinalam a ocorrência de variações climáticas na Amazônia durante o Holoceno, as quais podem ter tido uma influência significativa na vegetação (ABSY et al., 1991; SANTOS et al.,

2000; VANDER HAMMEN; HOOGHIEMSTRA, 2000; CORDEIRO et al., 2008).

Estudos paleoetnobotânicos recentemente iniciados na Amazônia Central visam contribuir para um melhor conhecimento da paisagem e do uso de plantas na pré-história amazônica, através do desenvolvimento de análises antracológicas e de microrrestos vegetais (fitólitos e grãos de amido), que podem fornecer evidências diretas das relações entre o homem e seu meio ambiente. Estando estas pesquisas ainda em sua fase inicial, pretendemos apresentar aqui resultados paleoambientais e paleoetnobotânicos previamente obtidos em sítios do sul-sudeste do Brasil, especialmente sambaquis, com o objetivo de ilustrar as potencialidades destas disciplinas.

MATERIAL E MÉTODOS

Os principais resultados aqui apresentados se referem às análises de oito sambaquis e dois sítios cerâmicos Tupiguarani localizados no sudeste do Estado do Rio de Janeiro, e de dois sambaquis no sul do Estado de Santa Catarina (Figura 1). Cada uma dessas regiões se caracteriza por particularidades de relevo, clima e sistemas ecológicos, mas embora o Estado do Rio de Janeiro apresente clima tropical e o Estado de Santa Catarina clima subtropical, a vegetação é relativamente semelhante em ambas as áreas.

Grande parte da planície costeira brasileira é coberta pela restinga, ecossistema característico dos cordões arenosos litorâneos, constituído por um mosaico de tipos de vegetação em um zoneamento que vai da praia até o interior. Ela varia de comunidades abertas, com formações herbáceas e arbustivas (“restinga aberta”) até a mata de cordões arenosos (“mata de restinga”). Estruturalmente, a vegetação de restinga se assemelha bastante às campinas e campinaranas que ocorrem na região amazônica.

Mais para o interior, principalmente sobre as encostas e elevações montanhosas, o litoral brasileiro é caracterizado pela existência da Mata Atlântica, uma floresta tropical densa que se estende do Estado do Rio Grande do Norte (5ºS) até o Rio Grande do Sul (29ºS). Na região sul, apesar do clima subtropical, as temperaturas invernais amenas ao longo da costa e as chuvas abundantes, bem distribuídas ao longo do ano, permitem o desenvolvimento de uma floresta perene com alta biodiversidade que é uma continuação da Mata Atlântica de zonas tropicais. Diferentes grupos humanos ocuparam toda esta região, e existem indícios de fortes interações entre estes grupos e o ambiente vegetal (SCHEEL-YBERT, 2000, 2001a, b; SCHEEL-YBERT et al., 2003,

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Figur

a

1. L

ocaliz

ação dos sítios estudados

. No Est

ado do Rio de Janeir

o f

o

ram estudados os sambaquis do F

orte , Salinas P e roano, Meio, Boca da Barr a, Cor

ondó (município de Cabo Frio), P

ont

a da Cabeça (município de Arr

aial do Cabo), Beir

ada e P ontinha (município de Saquar ema), e os sítios T upiguar ani Morr o Gr

ande e Barba Cout

o (município de Ar aruama). No Est ado de Sant a Cat arina, f o ra m

estudados os sambaquis Jabuticabeira-II e Encantada-III (município de Jaguaruna). Na Amazônia Central (Estado do Amazonas) estã

o

sendo estudados os sítios cerâmicos Hat

ahar

a e Maria de Jesus

, localiz

ados nos municípios de Ir

anduba e Coari, r

e

spectiv

amente

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2007; BIANCHINI et al., 2007; BIANCHINI, 2008; BEAUCLAIR et al., 2009). Informações detalhadas a

respeito dos contextos arqueológico e ecológico de cada uma das áreas de estudo foram publicadas (DEBLASIS et al., 1998; FISH et al., 2000; SCHEEL-YBERT, 1998, 2000; WESOLOWSKI, 2000;

BIANCHINI, 2008; BEAUCLAIR et al., 2009).

As amostras de carvão foram obtidas durante as escavações arqueológicas ou coletadas em perfis verticais por amostragem em níveis artificiais de 10cm de espessura ou decapagem em níveis naturais, dependendo do sítio. O sedimento foi peneirado a seco no campo e então submetido à flotação e/ou triagem manual para recuperação dos carvões. No laboratório, os fragmentos de carvão são quebrados manualmente segundo os três planos fundamentais da madeira e analisados em microscópio metalográfico de luz refletida com campo claro e campo escuro. A determinação sistemática é feita por critérios de anatomia da madeira e por comparação da estrutura anatômica com aquela de amostras atuais carbonizadas de uma coleção de referência (“antracoteca”) e com descrições e fotografias publicadas na literatura especializada. Utiliza-se também um programa de identificação antracológica (“Atlas Brasil”) associado a um banco de dados de anatomia da madeira (SCHEEL-YBERT et al., 2006). Descrições detalhadas da metodologia

adotada e discussões sobre aspectos teóricos e metodológicos da disciplina foram apresentados por Scheel-Ybert (1999, 2004a, 2004b, 2005) e Scheel-Ybert et al. (2005/2006).

Reconstituição paleoambiental

Os dez sambaquis do Sudeste e do Sul brasileiros estudados até o momento apresentam datações que variam entre 6190-5760 e 1380-1180 anos calibrados antes do presente. Até relativamente pouco tempo, os sambaquieiros ainda eram considerados como pescadores-coletores nômades, mas hoje se postula que eles tenham formado assentamentos sedentários relativamente densos que ocuparam a costa litorânea por um longo período, e que podem ter tido uma organização sociocultural bem mais complexa do que o usualmente admitido (DEBLASIS et al., 1998; LIMA; MAZZ, 2000; GASPAR, 2003). As análises antracológicas têm contribuído

significativamente para ampliar o conhecimento sobre os tipos de vegetação existentes nas áreas de implantação destes assentamentos, recursos do meio, áreas de captação de recursos, economia do combustível, uso de plantas e dieta (SCHEEL-YBERT, 2000, 2001a; SCHEEL-YBERT; DIAS,

2007). Associadas a estudos de microrrestos vegetais (WESOLOWSKI, 2007; BOYADJIAN, 2007), estas

análises inclusive subsidiaram a hipótese de que estes grupos possam ter praticado manejo ou horticultura incipiente (SCHEEL-YBERT et al., 2003).

Mais de uma centena de tipos vegetais já foram identificados nestes sítios (Figura 2), que registram normalmente entre 30 e 50 taxons por amostra – riqueza comparável ao que é normalmente encontrado em levantamentos fitossociológicos de 1ha em florestas tropicais e subtropicais do sul-sudeste do Brasil (SILVA; SCARIOT, 2004; HACK et al., 2005; PEIXOTO et al., 2005;

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SCHERER et al., 2005). A grande diversidade florística do registro antracológico, assim como a

comparação das abundâncias relativas dos taxons com tipos de vegetação atual, através de análises multivariadas (SCHEEL-YBERT, 2000), sustenta a hipótese de que os carvões arqueológicos

correspondem a uma amostragem eficiente (coleta de lenha) numa área relativamente ampla em torno dos sítios, autorizando interpretações paleoecológicas confiáveis (CHABAL, 1997; SCHEEL

-YBERT, 2000). Figura 2. Algumas espécies identificadas em sambaquis do Estado do Rio de Janeiro (SCHEEL-YBERT,

1998). (A) Aspidosperma sp (peroba) (Forte 230-240cm); (B) Rheedia sp (bacupari) (Forte 240-250cm); (C) Lauraceae (canela) (Forte 70-80cm); (D) Lonchocarpus sp (angelim) (Forte 150-160cm); (E) Nyctaginaceae (maria-mole) (Beirada 80-90cm); (F) Myrtaceae aff. Campomanesia nhombea (guabiroba) (Forte 30-40cm); (G) Pouteria sp (abiurana) (Pontinha 0-10cm); (H) Avicennia aff. schaueriana (mangue-branco) (Forte 240-250cm); (I) Tubérculo de cará, Dioscorea sp (Forte 140-150cm, 3815±50 BP); (J) Tubérculo não identificado. Forte 200-210cm, ca. 4500 BP.

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As análises antracológicas demonstraram que os construtores de sambaquis costumavam se instalar no ecossistema de restinga (o qual inclui a restinga aberta e a mata de restinga) e privilegiavam, para sua instalação, a proximidade de mangues e de florestas, como a Mata Atlântica (SCHEEL-YBERT, 2000, 2001a) (Figura 3).

Praticamente todos os diagramas antracológicos se caracterizam por uma surpreendente “estabilidade” ambiental, sem nenhum registro de mudanças significativas na vegetação ao longo do tempo de ocupação dos sítios (Figura 3). No entanto, oscilações climáticas efetivamente ocorreram. Em Cabo Frio, uma redução da vegetação do mangue foi associada a períodos climáticos mais secos, quando uma diminuição da precipitação provocou um aumento da salinidade na Lagoa de Araruama (TASAYCO-ORTEGA, 1996). Pelo menos dois períodos

mais úmidos (5500-4900/4500 e 2300-2000 anos BP) e dois períodos mais secos (4900/4500-2300 e 2000-1400 anos BP) que o clima atual foram registrados (SCHEEL-YBERT, 2000).

O aumento dos elementos de mangue a partir de cerca de 2100 anos BP no sambaqui Ponta da Cabeça (Figura 3) pode estar relacionado tanto a um fenômeno climático quanto ao aumento populacional identificado neste período (TENÓRIO et al., 1992), o qual provavelmente levou a

um aumento da área de captação de lenha. Neste caso, a vegetação de mangue pode, ou não, ter variado na área, mas sua presença não era registrada no sítio antes da extensão da área de captação de recursos.

Figura 3. Diagramas sintéticos de alguns sambaquis estudados nos Estados do Rio de Janeiro (Forte, Boca da Barra, Ponta da Cabeça, Pontinha, Corondó) e de Santa Catarina (Jabuticabeira-II).

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A ausência de indícios de variação significativa das associações vegetais no entorno dos sambaquis estudados não pode ser interpretada, evidentemente, como o registro de uma paisagem estática e imutável. Além da ocorrência comprovada de flutuações climáticas, e da atividade de populações humanas que ocuparam a região ao longo de milhares de anos, existiram durante este período variações significativas do nível do mar que provocaram variações na linha de costa e na conformação das lagunas locais (MARTIN et al., 2003; KNEIP, 2004; ANGULO et al.,

2006). O que provavelmente ocorreu nas duas áreas de estudo, à medida em que o nível do oceano foi diminuindo, foi um avanço da linha de praia e uma reorganização do tamanho e distribuição das lagoas e lagunas costeiras. Neste processo, a vegetação foi avançando no sentido oeste-leste, modificando sua disposição na paisagem, sem com isso ter modificada, de modo geral, sua estrutura (entendida aqui em termos de riqueza e diversidade de espécies, mas podendo, potencialmente, incluir parâmetros como altura das árvores, diâmetro, área basal, densidade, distribuição por classe etária e padrões de distribuição espacial das espécies). Inicialmente, esta relativa estabilidade da vegetação costeira de terra firme durante toda a segunda metade do Holoceno foi interpretada como sendo uma consequência da estreita associação desse tipo de vegetação com os solos arenosos do litoral, o que tornaria as formações costeiras muito menos sensíveis a mudanças climáticas (SCHEEL-YBERT, 2000). Mais recentemente,

uma nova hipótese foi levantada, propondo que a intervenção de grupos humanos também pode ter contribuído para a estruturação desta paisagem (BIANCHINI, 2008).

Além disso, análises de dois sítios cerâmicos Tupiguarani situados na região de Araruama demonstraram a existência da Floresta Atlântica durante todo o período de ocupação. Estes sítios, um deles datado entre 3220-27905 e 1820-1390 anos calibrados BP (Morro Grande), e o

outro do período de contato (Barba Couto), confirmam a preferência de populações Tupiguarani em se instalarem em áreas de floresta. Os resultados mostraram uma grande riqueza do registro antracológico e uma forte correspondência entre os tipos vegetais encontrados e as plantas típicas da Mata Atlântica (SCHEEL-YBERT et al., no prelo). Embora

nenhuma variação significativa da estrutura da vegetação tenha sido observada, não se pode, a partir destes dados, afirmar que não tenha havido durante este período uma abertura ou degradação da floresta devida à ação antrópica, especialmente porque a amostra analisada no sítio mais recente ainda é muito pequena e pouco representativa.

5 A análise antracológica deste sítio contribuiu também para confirmar duas datas excepcionalmente antigas para

este assentamento, de 2920±70 e 2600±160 anos BP, ao demonstrar, através da constituição taxonômica dos carvões, que elas provinham indiscutivelmente de feições elaboradas pela atividade humana, que puderam ser relacionadas ao contexto arqueológico do sítio. O mesmo estudo demonstrou também que a data anteriormente aceita como a mais antiga para este sítio, de 1740±90 anos BP, correspondia na verdade a uma reocupação posterior do sítio (SCHEEL-YBERT et al., 2008).

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Economia do combustível

A coleta aleatória de madeira morta parece ter sido a principal fonte de lenha doméstica para estas populações, tanto no que se refere aos sambaquieiros quanto aos grupos Tupiguarani. A grande diversidade taxonômica do espectro antracológico dos carvões dispersos e a boa correspondência entre estes e a vegetação atual indicam coleta não seletiva de lenha, pelo menos para uso doméstico (SCHEEL-YBERT, 2000, 2001a), ao passo que fragmentos de carvão

apresentando traços de apodrecimento antes da carbonização, relativamente frequentes em todas as amostras, atestam o uso de madeira morta.

No sítio Tupiguarani Barba Couto, a análise antracológica revelou a existência de fogueiras domésticas com alta diversidade taxonômica, permitindo sugerir que elas tenham sido reutilizadas várias vezes, representando o registro de diversas coletas aleatórias de lenha ao longo do tempo (BEAUCLAIR et al., 2008).

Em contexto funerário, no entanto, foram registrados indícios de seleção. No sítio Tupiguarani Morro Grande, fogueiras de cascas organizadas circularmente em torno de uma urna forneceram evidências indiscutíveis de que este combustível tenha sido selecionado para este contexto específico (BEAUCLAIR et al., 2009) (Figura 4). O uso de cascas como combustível é

tradicionalmente associado à queima de cerâmica, mas neste caso as fogueiras estavam claramente em contexto funerário. Partindo-se do princípio que atividades rituais podem ter uma correspondência com atividades cotidianas, e que o mesmo material pode ser usado em ambos os contextos (MOREHART et al., 2005), foi levantada a hipótese de que as cascas tenham

sido selecionadas para este contexto em virtude da potência do fogo por elas produzido. O fogo representa um papel crucial nos rituais funerários Tupinambá. Foi sugerido que estas fogueiras tenham sido previstas de modo a prover, durante os rituais, a chama mais potente possível, que seria justamente aquela usada para transformar a argila em cerâmica (BEAUCLAIR

et al., 2009).

Dieta

Como já discutido acima, a conservação de macrorsrestos vegetais é muito difícil em condições tropicais. Com exceção de alguns abrigos particularmente secos, ou raros sítios em sedimento inundado, estes vestígios praticamente só se conservam através da carbonização. Como a carbonização depende do fato do material ser ou não exposto ao fogo, isto resulta numa preservação diferencial dos vestígios. Coquinhos (endocarpos de frutos de palmeiras) são frequentemente conservados no registro arqueológico, ao contrário de sementes de dicotiledôneas, que só são preservadas acidentalmente. A conservação de tubérculos por

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Figura 4. (A) Croquis do Setor 2 do sítio Morro Grande (Araruama, Estado do Rio de Janeiro). Os gráficos de pizza representam a proporção entre lenho (preto) e cascas (branco) em cada amostra analisada. A amostra “DA” corresponde a uma amostra de carvões dispersos coletados próximo à urna funerária (adaptado de SCHEEL-YBERT et al.,

no prelo). Além da disposição aproximadamente circular em torno da urna funerária, as fogueiras F1 a F7, interpretadas como rituais, se situam no mesmo nível estratigráfico da boca da urna e caracterizam-se por sua localização numa área onde foram encontrados fragmentos de cerâmica com pinturas elaboradas, ao contrário das fogueiras F10 a F17, interpretadas como domésticas, situadas numa área onde só foram encontradas cerâmicas com decoração plástica. (B) Imagem da urna funerária escavada neste setor. Foto: A. Buarque.

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carbonização é bastante improvável (MICKSICEK, 1987), e eles são raramente identificados em

sítios arqueológicos (HATHER, 1993; SCHEEL-YBERT, 2001a).

Por isso, o fato destes vestígios terem sido encontrados em sambaquis se reveste da maior importância. Nos sítios no Sudeste, considerados como locais de habitação, estes elementos estão presentes na maioria dos sítios estudados, em praticamente todas as camadas arqueológicas (Figura 5). Além dos coquinhos, largamente registrados na maioria das escavações já realizadas nestes sítios, e de algumas sementes de dicotiledôneas, destacam-se neste contexto os fragmentos de tubérculos, todos eles de monocotiledôneas (Figura 2). Alguns deles foram identificados como Gramineae/Cyperaceae e Dioscorea sp (cará) (SCHEEL

-YBERT, 2001a), plantas que são bastante comuns nas restingas do sudeste do Brasil.

Estes dados sugerem que os tubérculos foram largamente utilizados pelos sambaquieiros, tendo sido a primeira evidência direta de que as plantas contribuíam muito mais para a alimentação destes grupos do que considerado anteriormente (SCHEEL-YBERT, 1999). Esta hipótese

é confirmada por estudos de patologia dental, que demonstraram em alguns sambaquis frequências de cáries relativamente altas, análogas às de horticultores e mesmo às de agricultores mais recentes (WESOLOWSKI, 2000), e por análises de fitólitos e grãos de amido

(WESOLOWSKI, 2007; BOYADJIAN, 2007), que revelaram uma alta frequência destes elementos em

cálculos dentários (incluindo carás/Dioscorea spp e batata-doce/Ipomoea batatas). Associados a outros resultados de análises bioantropológicas e líticas, estes dados subsidiaram a hipótese de que um cultivo incipiente, quiçá horticultura, poderia ter sido praticado por estas populações (SCHEEL-YBERT et al., 2003).

De fato, vários autores sugerem que populações coletoras possam ter praticado horticultura, e que em certas partes do mundo esta prática tenha dado origem à agricultura propriamente

Figura 5. Restos alimentares encontrados no sambaqui do Forte (Cabo Frio, Estado do Rio de Janeiro). Adaptado de Scheel-Ybert, 2001a.

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dita. Sauer (1952) propôs que produção de alimentos e domesticação de plantas tenham começado entre pescadores sedentários. Tanto Sauer (1952) quanto Anderson (1952) e Lathrap (1977) acreditavam que as primeiras hortas teriam tido início nas lixeiras associadas aos assentamentos humanos. Para Anderson (1952), esta foi provavelmente a origem da domesticação do cará e da batata-doce. Tudge (1998) sugeriu que qualquer grupo de coletores cultivaria algumas plantas, em particular espécies de uso tecnológico e condimentário. Mais recentemente, Hayden (2003) postulou que as primeiras domesticações tenham ocorrido a partir da intensificação dos processos de coleta e manejo, especialmente a partir de alimentos cujo contexto de consumo foi o ritual.

No sambaqui Jabuticabeira-II (Santa Catarina), que é considerado como exclusivamente funerário, a análise antracológica de uma área de enterramento revelou evidências de possível seleção de madeiras, especialmente espécies de Lauraceae para a fabricação de estacas (BIANCHINI et al., 2007; BIANCHINI, 2008). Os resultados mais importantes obtidos neste

sítio, no entanto, se referem à presença significativa de restos alimentares vegetais na área funerária, em oposição ao que foi encontrado em amostras do sedimento de coberturas das áreas funerárias do sítio (Figura 6). Este resultado corroborou a hipótese, previamente apresentada, da prática de festins fúnebres (KLÖKLER, 2008).

Figura 6. Sítio Jabuticabeira-II, Locus 1, Trincheira T18 (Jaguaruna, Estado de Santa Catarina). Distribuição das proporções de sementes, coquinhos e tubérculos nas amostras analisadas. As amostras representadas por profundidades correspondem a carvões dispersos do pacote construtivo; as amostras representadas por códigos alfa-numéricos correspondem a carvões concentrados da área funerária. Fonte: Bianchini, 2008.

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As numerosas sementes (incluindo Annonaceae, Myrtaceae e Cucurbitaceae) e coquinhos (Palmae) encontrados neste sítio reiteraram a importância das plantas para esta sociedade, tanto em contextos cotidianos quanto rituais, fornecendo bases mais sólidas para debates sobre manejo e cultivo de vegetais (BIANCHINI, 2008), de acordo com o que foi proposto por Scheel-Ybert et al. (2003).

Amazônia: primeiros resultados paleoetnobotânicos

e perspectivas de estudos

Apesar de análises de vestígios arqueobotânicos serem excelentes fontes de informações sobre o paleoambiente e sobre interações entre grupos humanos e plantas, temas de grande interesse para a arqueologia amazônica, estes estudos ainda são incipientes na região. Isto se deve ao pequeno número de especialistas em arqueobotânica no país e ao baixo investimento da arqueologia brasileira até bem recentemente.

A antracologia é uma disciplina privilegiada em contexto arqueológico, podendo fornecer numerosas informações paleoetnobotânicas relevantes. Assim como os microvestígios, os fragmentos de carvão apresentam excelente potencial de preservação em diferentes contextos passíveis de análise, sendo abundantes em praticamente todos os contextos arqueológicos. São ainda raras, no entanto, as análises de carvão na região amazônica, limitando-se aos estudos de Tardy (1998) na Guiana Francesa, Montañez (2005) na Amazônia colombiana, e Caromano et al. (2008) na Amazônia Central.

Este último se insere num projeto mais amplo de desenvolvimento de estudos antracológicos e de microrrestos na região, no quadro do Projeto Amazônia Central (PAC) (PETERSEN et al.,

2001; NEVES, 2006), coordenado pelo Dr. Eduardo Goés Neves, e representa a análise preliminar

de um sítio da região. No caso, foram analisados carvões do Sítio Maria de Jesus (Figura 1), localizado no município de Coari, às margens do rio Solimões (Estado do Amazonas), cuja escavação foi parte do salvamento arqueológico da área de influência direta do gasoduto Coari-Manaus realizado pela equipe do PAC.

A análise de carvões concentrados em uma feição deste sítio revelou uma dominância de taxons da família Leguminosae (Figura 7), tanto em diversidade de espécies quanto em frequência de fragmentos. Apesar do baixo número de fragmentos disponíveis para análise nesta feição, e do caráter preliminar do estudo, observa-se que estes resultados coincidem com levantamentos da vegetação atual realizados entre as cidades de Manaus e Coari, às margens do Rio Solimões, em que esta família apresenta ampla diversidade, distribuição e abundância (LIMA FILHO et al., 2001; BRAGA et al., 2007). Além disso, a elevada frequência de carvões das

famílias Myrtaceae, Rubiaceae e Annonaceae também sugere um ambiente relativamente semelhante ao atual durante o período de ocupação do sítio, no Holoceno Tardio. A alta

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diversidade de espécies encontradas na presente feição sugere que se trata de uma fogueira que pode ter sido utilizada várias vezes, e aponta para a prática de coleta não seletiva da lenha doméstica (CAROMANO et al., 2008).

Pesquisas antracológicas na Amazônia Central continuam em andamento; amostras de carvões têm sido sistematicamente coletadas nos sítios escavados no quadro do PAC, e vêm sendo sistematicamente analisadas. A fim de viabilizar estas análises, a constituição de coleções de referência e de bancos de dados para comparação é indispensável, especialmente em regiões tropicais, de alta biodiversidade6, e onde o conhecimento sobre a anatomia da

madeira de espécies nativas ainda é insuficiente. Para isso, uma coleção de madeiras carbonizadas da flora amazônica está sendo montada no Laboratório de Paleoecologia Vegetal do Museu Nacional (UFRJ) através de doações institucionais, como a da xiloteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Os resultados produzidos pelas análises em curso, além de serem uma importante ferramenta para a reconstrução paleoecológica, deverão fornecer preciosas informações paleoetnobotânicas que, em conjunto com os dados obtidos pelos projetos de pesquisa associados, poderão conduzir a um modelo interpretativo interdisciplinar sobre o uso do espaço e a história da ocupação, expandindo nossa compreensão sobre o modo de vida dos primeiros habitantes da Amazônia Central.

6 A biodiversidade da região amazônica é única e uma das mais ricas do mundo. Estima-se que existam entre 4.000

a 5.000 espécies arbóreas na Amazônia (FERRAZ et al., 2004). Em uma área de 500ha de floresta de terra firme, na

região de Manaus, foram identificadas recentemente 1077 espécies de árvores (RIBEIRO et al. 1999). Na mesma

região, em um inventário botânico de 70ha, foram encontradas 698 espécies arbóreas pertencentes a 53 famílias Fonte: Rankin-de-Merona et al., 1992.

Figura 7. Carvões identificados no sítio Maria de Jesus (Estado do Amazonas). Os níveis de escavação (40-50 e 50-60 cm) correspondem à profundidade em que a feição foi evidenciada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O meio ambiente no qual viviam as populações pré-históricas e sua dieta sempre estiveram entre as principais preocupações dos arqueólogos, mas a má conservação dos restos vegetais na maioria dos sítios arqueológicos não permitia uma abordagem direta destes aspectos. As análises palinológicas, que inicialmente se anunciavam promissoras para a abordagem direta destas questões (RENAULT-MISKOVSKY et al., 1985), logo se revelaram pouco produtivas, pois os

grãos de pólen se conservam muito mal no sedimento arqueológico, cujo ambiente é particularmente oxidante. Inclusive, uma tentativa de estudos palinológicos em sedimentos de sambaquis do Estado do Rio de Janeiro se revelou infrutífera (GASPAR et al., 2004).

De modo geral, cabe mencionar que as análises de pólen são problemáticas na região amazônica, devido à raridade de lagos e turfeiras na região, os quais constituem o ambiente mais favorável à preservação de palinomorfos (grãos de pólen, esporos de pteridófitas e elementos relacionados). Da mesma forma que em sedimentos arqueológicos, a maioria dos palinomorfos não se preserva no solo, devido à oxidação e à atividade da microfauna (COLINVAUX

et al., 1999).

Neste contexto, métodos alternativos como a antracologia e a análise de fitólitos podem ajudar a preencher lacunas deixadas pela análise de pólen em reconstituições paleoambientais para a região amazônica. Num trecho de floresta de terra firme a cerca de 90km de Manaus, por exemplo, a utilização em conjunto de fitólitos como marcadores taxonômicos de espécies ou famílias, e de micro-carvões como marcadores temporais e espaciais de paleoincêndios, permitiu uma reconstrução paleoambiental a partir de análises de solo, apontando um caminho para a reconstrução paleoambiental sem depender da ocorrência de lagos ou pântanos (PIPERNO; BECKER, 1996).

Em contexto arqueológico, o desenvolvimento de estudos antracológicos apareceu como uma alternativa viável e produtiva. A análise de fragmentos de carvão, geralmente muito abundantes nestes sedimentos, demonstrou ser uma poderosa ferramenta de reconstituição paleoambiental, cuja fiabilidade paleoecológica já está largamente demonstrada (VERNET;

THIÉBAULT, 1987; VERNET, 1992; BADAL et al., 1994; HEINZ; THIÉBAULT, 1998; SCHEEL-YBERT, 2000; THIÉBAULT,

2002; FIORENTINO; MAGRI, 2008). Atualmente, o desenvolvimento desta disciplina no Brasil tem

permitido ultrapassar o objetivo de pura reconstituição paleoambiental, meta dos primeiros pesquisadores, na medida em que se demonstrou que estudos paleoambientais e paleoetnobotânicos podem ser realizados a partir das mesmas amostras (SCHEEL-YBERT, 2001a,

2004b). A intervenção do homem pré-histórico no transporte das plantas até o sítio arqueológico não invalida as reconstituições da vegetação passada baseadas na antracologia;

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da mesma forma, o uso da antracologia para a reconstituição paleoambiental não deve ofuscar as informações paleoetnobotânicas contidas no mesmo material.

Estritamente relacionados às práticas de uso do fogo (doméstico/econômico/ritual), os vestígios de carvão são produto de atividades específicas e culturalmente estabelecidas que ocorreram em determinados tempo e espaço e que podem ser identificadas por meio do registro arqueológico, fornecendo informações que contribuam para contar a história das relações entre humanos e a paisagem (BIANCHINI, 2008).

Os estudos antracológicos (SCHEEL-YBERT, 2000, 2001a, b; SCHEEL-YBERT et al., 2003, 2007; BIANCHINI

et al., 2007; BIANCHINI, 2008; BEAUCLAIR et al., 2009) e de microrrestos (WESOLOWSKI, 2007; BOYADJIAN,

2007) já desenvolvidos em sambaquis e sítios cerâmicos do sul-sudeste do Brasil demonstraram as imensas possibilidades destas disciplinas em fornecer informações tanto de cunho paleoambiental quanto paleoetnobotânico, elucidando várias questões de interesse para a arqueologia. Ao contrário da Amazônia, onde a prática de cultivo e de forte intervenção na paisagem são amplamente admitidas, estes temas nunca haviam sido discutidos em relação às populações litorâneas construtoras de sambaquis.

Por outro lado, embora estes processos venham sendo bastante discutidos em relação à Amazônia, eles ainda carecem de evidências empíricas no que se refere à análise de vestígios diretos. A aplicação de estudos paleoetnobotânicos em contexto amazônico pode ser da maior importância para comprovar sua ocorrência e explicitar melhor sua cronologia e suas características. A investigação das relações entre os diferentes habitantes da Amazônia e seu meio-ambiente, os padrões de intervenção na paisagem realizados e as atividades envolvidas na coleta, manejo de plantas e produção de alimentos pode trazer importantes contribuições ao entendimento dos padrões de organização sociocultural das populações pré-históricas e de seus modos de vida, contribuindo para um melhor conhecimento do ambiente, do uso de vegetais e de práticas de cultivo na pré-história brasileira.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Francisco José de Vasconcellos, curador da xiloteca do INPA, e Carlos Henrique Franciscon, curador do herbário do INPA, pelas amostras doadas para as coleções de referência de madeiras e fitólitos, e a Charles Clement, pesquisador do Departamento de Ciências Agronômicas do INPA, pelo auxílio na seleção de espécies para a montagem destas coleções e pelo inestimável apoio científico. Agradecemos também ao CNPq, FAPERJ e CAPES pela concessão de bolsas de pesquisa e financiamentos que tornaram possíveis os resultados acima apresentados.

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