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Haiti, cinco anos depois do terremoto e da missão de assistência humanitária das Forças Armadas dos EUA

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Haiti, cinco anos depois do terremoto e da missão de assistência

humanitária das Forças Armadas dos EUA

Resposta ao terremoto de 2010 no Haiti foi o maior esforço humanitário internacional dos EUA até o momento.

Por capitão de fragata Ted Kim, oficial sênior de Defesa/adido de Defesa e chefe do Escritório de Cooperação em Segurança da Embaixada dos EUA em Porto Príncipe | 13 January 2015

O dia 12 de janeiro de 2015 marcou o quinto aniversário do terremoto no Haiti. O sismo massivo, com magnitude de 7,3, destruiu metade dos prédios e das casas na capital Porto Príncipe, matou mais de 250.000 pessoas, deixou mais de 1,5 milhão sem casa e desencadeou uma imensa crise humanitária. A resposta ao terremoto de 2010 no Haiti foi o maior esforço humanitário internacional dos EUA até o momento. Os militares americanos se mobilizaram imediatamente e prestaram apoio ao esforço

internacional de ajuda e socorro. Em poucos dias, a Força Aérea dos EUA reabriu o aeroporto internacional

O segundo-sargento Robert Lemon (direita), integrante de uma unidade médica militar e designado para a Equipe Marítima para Assuntos Civis 203, ajuda a carregar alimentos e suprimentos médicos a bordo de um barco inflável de casco rígido no navio anfíbio USS Gunston Hall, durante a Operação Unified Response, em 18 de janeiro de 2010. (Imagem de arquivo)

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do Haiti. Cúteres da Guarda Costeira dos EUA chegaram ao local e começaram a distribuir suprimentos de emergência e a evacuar cidadãos americanos. Mais de 22.000 militares dos EUA estiveram no Haiti no auge da missão. Desses, cerca de 14.000 realizaram tarefas marítimas e aéreas, a bordo de 58 aeronaves e 15 embarcações, enquanto 8.000 soldados, marinheiros, pilotos, fuzileiros navais e membros da Guarda Costeira estiveram em terra.

De acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o governo dos EUA destinou US$ 461,7 milhões por meio de militares ao Haiti em 2010, através do programa de Ajuda Humanitária a Desastres e Civis no Exterior, do Departamento de Defesa.

O esforço de resposta ao terremoto terminou, mas os militares dos EUA continuam a realizar uma missão humanitária no Haiti e a apoiar o trabalho de recuperação feito pelo governo haitiano e por instituições internacionais. Aqui estão apenas alguns exemplos da assistência humanitária que os militares dos EUA continuam executando no país:

Preparação para desastres

Desde o devastador terremoto de 2010, o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), em parceria com a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e com a participação do governo do Haiti, concluiu mais de 60 projetos de colaboração na área da assistência humanitária e resposta a desastres, com um orçamento total de US$ 45 milhões. O SOUTHCOM construiu 10 centros de operações de

emergência (EOC) e depósitos para auxílio em desastres naturais (DRW) em cada estado e oito corpos de bombeiros em todo o país. O EOC é onde o governo do Haiti e os parceiros internacionais se reúnem durante uma emergência para coordenar a resposta, alocar recursos e planejar atividades de recuperação. O DRW funciona como um ponto central para distribuição de ajuda a abrigos e outros locais de evacuação temporária.

Além disso, há oito conjuntos comunitários, dos quais quatro se localizam no departamento de Artibonite, dois no departamento de Sud (Les Cayes) e dois no de Grand’Anse (Jeremie). Formado por uma escola, uma clínica e uma fonte de água, o conjunto comunitário é o resultado de esforços conjuntos do

SOUTHCOM e das autoridades locais para oferecer um centro de referência a assentamentos afastados e serve como abrigo durante um desastre. A missão do governo americano é colaborar com o governo haitiano e parceiros internacionais, para que o Haiti esteja mais preparado para lidar com os efeitos de desastres repentinos (terremotos e deslizamentos de terra) ou com um desastre iminente (tempestades tropicais e furacões). Esses centros regionais estrategicamente localizados também oferecem auxílio a multidões que se dirigem à capital em busca de alimentos e abrigo.

Como parte da abordagem integral do governo de apoiar as iniciativas de recuperação, o Escritório de Assistência a Desastres no Exterior da USAID (USAID/OFDA) apoiou a Direção de Proteção Civil (DCP), uma versão haitiana da Agência Federal de Gestão de Emergências dos EUA (FEMA), na elaboração de um plano nacional de resposta a emergências, especificamente para resposta a furacões. O plano pode ser adaptado para uso em outras situações, como deslizamentos e inundações. Mais importante: o plano oferece um marco para integrar a DCP e os parceiros internacionais sob um sistema de resposta a emergências. Essa integração aperfeiçoou a relação entre a DCP e os parceiros internacionais, além de melhorar a troca de informações entre todos os envolvidos na gestão da emergência antes e durante os eventos.

O governo do Haiti se comprometeu com a melhora das capacidades de resposta a desastres e continua realizando avanços desde 2010. A DCP utilizou de forma eficiente o EOC Nacional para lidar com os furacões Isaac e Sandy em 2012 e prestou apoio à resposta ao surto de cólera em 2010 com os Centros de Controle de Doenças dos EUA (CDC), a Organização das Nações Unidas (ONU) e organizações não governamentais (ONGs). Em novembro, a eficiência da preparação para desastres foi novamente testada.

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Uma tempestade causou inundações dentro e ao redor da cidade de Cap Haitien, no norte do Haiti, destruindo pelo menos 2.000 casas, deslocando 12.000 pessoas e causando 12 mortes. Um grande número de plantações foi atingido e boa parte do gado morreu. A DCP imediatamente ativou os

EOCs/DRWs da região norte para coordenar as respostas dos órgãos do governo haitiano, da ONU e das ONGs. O governo haitiano controlou o desastre com sucesso, sem pedir ajuda ao governo dos EUA. Com os EOC/DRWs em cada estado, a infraestrutura de resposta e os recursos de auxílio ficam

rapidamente disponíveis nas áreas atingidas após um desastre. Os representantes do governo haitiano estão mais bem-preparados para processar e divulgar informações e coordenar respostas em caso de desastres. Os recursos críticos e as equipes de emergência são posicionados previamente para obter repostas mais rápidas e aliviar o sofrimento das pessoas.

Parceria da Guarda Nacional de Louisiana

Certa vez, houve uma forte ligação entre o Haiti e a Louisiana, um antigo estado francófono. A Louisiana nunca se esqueceu de seu elo haitiano, enviando regularmente ajuda aos que vivem na ilha em tempos bons e ruins. A Parceria da Guarda Nacional da Louisiana com o Haiti é uma das 22 parcerias

latino-americanas que integram o Programa Estadual de Parcerias do SOUTHCOM (SPP) e uma das 65 parcerias mundiais que formam o Programa de Parceria Estadual da Guarda Nacional. A República do Haiti assinou um acordo bilateral com o Departamento de Defesa dos EUA e como Estado da Louisiana em junho de 2011, estabelecendo o Programa de Parceria da Guarda Nacional da Louisiana (LANG). Desde então, a LANG promove uma sólida relação com o governo haitiano e continua incentivando a capacidade de construção do Haiti.

A LANG testemunhou os frutos de sua longa relação com a Polícia Nacional do Haiti (HNP) e a DCP. Desde o início da parceria, a LANG participou de mais de 60 engajamentos de militares para civis, para apoiar os objetivos de cooperação em segurança do SOUTHCOM. Os engajamentos priorizaram o apoio a visitas de líderes, interoperabilidade com parceiros internacionais e ONGs, assistência ao desenvolvimento de capacidades de resposta a emergências e promoção do respeito pelos direitos humanos.

Os membros da Guarda Nacional trocaram ideias com seus colegas haitianos sobre aspectos aprendidos em mobilizações de combate e em operações realizadas durante desastres, como o furacão Katrina na Louisiana. Durante a resposta ao vazamento de petróleo de Deepwater Horizon, 3.000 integrantes da Guarda Nacional prestaram assistência aos esforços de limpeza do golfo. Essa mobilização deu à LANG uma sólida experiência para compartilhar seus conhecimentos adquiridos com os pares haitianos, incluindo o apoio ao Sistema Nacional de Comando de Incidentes e a execução de esforços de resposta em todos os níveis.

Durante o exercício de 2014, a LANG realizou 16 intercâmbios sobre assuntos especializados no Haiti, avaliados em US$ 608.000, para promover planos de contingência e resposta que aumentaram os

conhecimentos técnicos de 388 funcionários do governo haitiano. A equipe da DCP e soldados da HNP se beneficiaram dos intercâmbios sobre o Sistema Nacional de Gestão de Incidentes da FEMA (NIMS) e participaram de exercícios de simulação de resposta a desastres patrocinados pela LANG. Esses

intercâmbios profissionais entre o Haiti e a Louisiana levaram à adoção, por parte do governo haitiano, de técnicas e conhecimentos dos EUA sobre preparação e resposta a desastres. Esses convênios

estabeleceram uma sólida base para lançar futuras parcerias com o objetivo de capacitar o Haiti na gestão e na coordenação de uma resposta nacional a desastres com apoio externo mínimo. De fato, a forte parceria com a Louisiana aumentou a autoconfiança do governo do país, que hoje realiza exercícios de preparação para desastres por conta própria.

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O Programa Denton Cargo oferece transporte para produtos de assistência humanitária destinados a países aprovados. Administrado conjuntamente pela USAID e pelo Departamento de Defesa, o programa prevê o transporte de produtos humanitários no espaço disponível dos veículos de transporte militar dos EUA. A iniciativa foi criada inicialmente para usar o espaço extra em aviões de carga dos EUA que distribuíam suprimentos à América Central. Os envios utilizavam espaço disponível em voos de rotina ao Haiti para transportar produtos, suprimentos e equipamentos aos militares designados para a Embaixada dos EUA em Porto Príncipe.

O Haiti, que ainda se recupera do devastador terremoto, recebe toneladas de produtos doados pelos EUA anualmente. Desde 2010, os militares dos EUA realizaram mais de 100 voos, transportando mais de 3.000 toneladas de produtos humanitários. Durante o ano fiscal de 2011, cerca de 393 toneladas de produtos humanitários foram enviados dos EUA ao Haiti. A quantidade de itens distribuídos aumentou

dramaticamente em 2012 devido aos vários desastres que atingiram o Haiti: seca na primeira parte do ano, seguida da tempestade tropical Isaac em agosto e do furacão Sandy em outubro. Durante o exercício de 2012, cerca de 964 toneladas de produtos foram entregues. Embora o número de deslocados internos continue alto e a recorrência de desastres continue ameaçando a população vulnerável, grandes quantidades de produtos foram destinadas ao Haiti nos anos fiscais de 2013 e 2014, com o envio de aproximadamente 1.543 e 1.193 toneladas, respectivamente.

Os itens distribuídos são na maioria alimentos, roupas e material escolar doados diretamente por

organizações beneficentes dos EUA ao governo haitiano ou por organizações de caridade aprovadas que operam no Haiti. Às vezes, o programa aprova grandes itens. Desde o ano fiscal de 2011, o Programa Denton Cargo distribuiu 12 caminhões de combate a incêndio e ambulâncias aos bombeiros e socorristas da HNP. Em agosto de 2012, o Corpo de Bombeiros de Florham Park, em Nova Jersey, doou um caminhão ao Serviço Voluntário de Emergência de Croix-des-Bouquets, uma pequena cidade situada nos arredores de Porto Príncipe. Antes do Serviço Voluntário de Emergência de Croix-des-Bouquets, não havia serviço de resposta a emergências na região. O caminhão de bombeiros é o primeiro do tipo na história da cidade. O Programa Denton Cargo torna possível a missão humanitária. Como os produtos doados estão no avião militar, são enviados e entregues sem atraso. Os custos de transporte são uma das maiores despesas que as organizações de caridade enfrentam para oferecer assistência humanitária. Graças a oportunidades como o Programa Denton Cargo, outras economias podem ser obtidas com o compartilhamento de recursos. O dinheiro poupado pode ser usado para levar mais produtos às pessoas necessitadas. Cinco anos depois

Antes do terremoto, o Haiti já era um dos países mais pobres do Hemisfério Ocidental. Cinco anos após a tragédia, o país ainda está em situação difícil, com mais de 200.000 deslocados internos vivendo em abrigos temporários em condições precárias e crianças que coletam garrafas de plástico do lixo para sobreviver. A recuperação tem sido longa e cheia de dificuldades, com a ameaça de cólera e as frequentes tempestades tropicais, mas a população do Haiti e as comunidades internacionais estão realizando grandes avanços todo dia. Crianças vestidas com uniformes escolares bem-passados, usando fitas coloridas nos cabelos, vão à escola todas as manhãs. Equipes de construção trabalham até tarde da noite, pavimentando estradas ou colocando blocos de concreto para a construção de casas sob pouca iluminação.

Após cinco de apoio dedicado, os militares do EUA foram reconhecidos pelo governo haitiano e pelas comunidades internacionais por exercer um papel de liderança ao expandir a capacidade de resposta ao desastre, promover o respeito pelos direitos humanos e distribuir produtos para reconstruir um futuro mais igualitário para a população do Haiti. Os militares dos EUA ressaltaram a importância de fomentar parcerias para enfrentar as ameaças emergentes. A instabilidade no Haiti ameaçará os EUA e os interesses de seus parceiros no Caribe. Os esforços do Departamento de Defesa em missões humanitárias buscam promover a estabilidade no Haiti e na região. Quando esse vizinho com fortes laços entre as pessoas for mais

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próspero, seguro e estável, tanto os haitianos como os americanos se beneficiarão. Notas:

1. O Haiti é dividido em 10 departamentos (départements, em francês), “províncias”.

2. Qualquer opinião, análise, recomendação ou conclusão deve ser atribuída ao autor e não

necessariamente representa a visão do Departamento de Defesa, do Departamento de Segurança Interna ou do Governo dos EUA.

Sobre o autor:

O comandante Ted Kim, da Guarda Costeira dos EUA, é o oficial sênior de Defesa, adido de Defesa e chefe do Escritório de Cooperação em Segurança (SCO) da Embaixada dos EUA em Porto Príncipe, Haiti. É formado pela Academia da Guarda Costeira dos EUA e obteve outros títulos pelas universidades de New Orleans, George Washington e Georgetown. O autor gostaria de agradecer ao SCO, ao SOUTHCOM e à Guarda Nacional de Louisiana pelo empenho e pela dedicação.

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