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MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA: BREVES DISCUSSÕES FACE AOS DIREITOS HUMANOS.

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MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA: BREVES DISCUSSÕES FACE AOS DIREITOS HUMANOS.

SCARPARI, Adriana Aparecida. adrianascarpari02@hotmail.com NOZU, Washington Cesar Shoiti. wcsn1984@yahoo.com.br Faculdades Integradas de Paranaíba (FIPAR) Resumo

Mesmo após sessenta e dois anos transcorridos da criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), verifica-se, ainda, inúmeras ofensas que atentam contra os direitos mais fundamentais do ser humano. Nesse sentido, selecionou-se para a presente discussão uma ofensa específica que fere, sem dúvida, a dignidade da pessoa humana e que permanece enquanto prática costumeira em diversos países do mundo: a mutilação genital feminina. A mutilação genital feminina é uma prática vivida em segredo, é um hábito tradicional e tribal, arraigado há séculos em alguns países. Por óbvio, tal prática é muito dolorosa, acarretando sérios danos à saúde da mulher e, muitas vezes, deixando sequelas imensuráveis, quando não leva à morte. A permanência desse costume é sempre feita com justificativas variadas, como a sustentação da moral, do caráter da mulher e de suas famílias, e até mesmo em nome da “honra” do homem. Dessa maneira, muitas mulheres são submetidas a essa prática com a permissão (e o incentivo) de sua própria família, que acredita que se a jovem não for mutilada, será impura e jamais será digna de conseguir um marido “bom”, havendo, inclusive, o comum desprezo pela sociedade e/ou a exclusão da mulher que não se sujeita à mutilação. Assim, verificando a necessidade de um maior esclarecimento sobre a temática, sem, contudo, o compromisso de fazer-se esgotado, o estudo que se apresenta tem o intuito de evidenciar, frente as discussões sobre os direitos humanos e o multiculturalismo, a mutilação genital feminina. Para o desenvolvimento do trabalho, usou-se a metodologia da pesquisa bibliográfica. De modo geral, entende-se que é preciso uma intervenção educativa por parte dos organismos governamentais e não-governamentais para que as comunidades que executam tais hábitos repensem e reflitam sobre essa ação que, indubitavelmente, atenta contra a dignidade da mulher.

Palavras-chave: Mutilação genital feminina. Práticas culturais. Direitos humanos. Dignidade da pessoa humana. Conscientização.

Introdução

Em pleno século XXI, o ritual da mutilação genital feminina – prática arraigada há séculos, talvez há milênios, em diversos lugares do continente Asiático e Africano, principalmente – cultua o hábito de mutilar os órgãos genitais de meninas e mulheres, em diferentes faixas etárias, variando de acordo com a tribo, ou até mesmo com a própria família.

Diversas tribos dão a este ritual demasiada importância, vez que a menina ou mulher circuncidada é considerada mais digna, merecedora de um casamento e marido honrados. Assim, a família acredita estar proporcionando à moça, um futuro promissor, e, ainda, garantindo o controle do desejo sexual feminino: o que resultaria em esposas mais fiéis e submissas.

Salienta-se que a prática da mutilação genital feminina vincula-se, também, a uma questão cultural de manutenção e preservação da honra da família, já que esta, no período do ritual, comemora a nova circuncidada por meio de festividades, recepcionando outras tribos, familiares e demais convidados, recebendo presentes e contribuições diversas que manifestam o reconhecimento de continuidade da tradição.

Diante das discussões frente ao universalismo dos direitos humanos, entende-se ser a mutilação genital feminina uma violação que atenta contra a dignidade da criança e da mulher

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ofendida, ferindo, assim o direito à integridade física, o direito à vida, à saúde mental, à vida reprodutiva.

Nesse sentido, a problemática que direcionará o estudo pode ser condensada nas seguintes questões: Como criar instrumentos de combate à prática da mutilação genital feminina, já que esta atenta contra a dignidade da pessoa humana, sem, contudo, descaracterizar a cultura das comunidades praticantes? Como conciliar a universalidade dos direitos humanos face a pluralidade de culturas?

Assim, verificando a necessidade de um maior esclarecimento sobre a temática, sem, contudo, o compromisso de fazer-se esgotado, o estudo que se apresenta tem o intuito de evidenciar a mutilação genital feminina, frente as discussões sobre a universalidade dos direitos humanos e o multiculturalismo,

Para o desenvolvimento do trabalho, elegeu-se a metodologia da pesquisa bibliográfica para coleta, análise e discussão dos dados apresentados.

1. O que é a mutilação genital feminina?

Vulgarmente conhecida como circuncisão ou excisão feminina, a mutilação genital feminina é uma prática arraigada há séculos, um costume milenar que persiste em diversos lugares do mundo, e refere-se à extirpação parcial ou total dos órgãos genitais femininos (PIACENTINE, 2007, apud BORGES, 2008)

De acordo a Organização Mundial da Saúde a mutilação genital feminina pode ser classificada em quatro tipos:

Tipo I, clitoridectomia, também chamada de sunna por alguma comunidades africanas e caracteriza-se pela remoção parcial ou total do clitóris e/ou prepúcio; Tipo II, excisão, é a remoção parcial ou total do clitóris e dos pequenos lábios; Tipo III, infibulação, (também conhecida como circuncisão faraônica), estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, pelo corte e aposição dos pequenos lábios e /ou dos grande lábios (são costurados), com ou sem excisão do clitóris; e por fim, o Tipo IV, que são os atos não classificados, como punção, perfuração, incisão, escarificação e cauterização no órgão genital externo por motivos não médicos (CAMPOS, 2010, p. 11-12).

A mutilação é comum em países como África do Sul, Egito, Emirados Árabes, também em comunidades de imigrantes, como por exemplo, Indonésia, Malásia, Austrália, Canadá, Estados Unidos e até mesmo na Europa. Há uma estimativa de que cerca de 135 milhões de mulheres já foram mutiladas, tendo a previsão de que, a cada ano, 2 milhões de jovens ainda devam sofrer as consequências desta tradição (PIACENTINE, 2007, apud BORGES, 2008).

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A mutilação genital feminina é uma tradição que se realiza em grupo, geralmente são as mulheres da mesma tribo, sendo que a encarregada de mutilar a jovem é sempre aquela tida como a mais experiente, ou, até mesmo, a curandeira do grupo (FORWARD, 2002, apud CAMPOS, 2010).

O procedimento dura em torno de 20 minutos: a habilidade de quem o fará é que definirá o tempo. Os instrumentos utilizados para mutilar são utensílios comuns como facas, lâminas de barbear, pedaços de vidro, tampas de latas de alumínio e tesouras. Não há o uso de anestésicos e tampouco cuidados assépticos. Na maioria das vezes o mesmo instrumento é utilizado em mais de uma jovem, não sendo incomum que este não seja sequer limpo (MEDICOS MUNDI ANDALUCÍA, 2008).

De acordo com Forward (2002, apud Campos, 2010), a faixa etária para definir a mutilação genital feminina pode variar muito de uma tribo para outra: podendo ocorrer em poucos dias após o nascimento, antes do casamento e/ou após o parto da primeira gravidez. Sendo assim, nesse contexto, não haverá meios da menina ou mulher escapar ilesa a tal ato, pois, mais cedo ou mais tarde, ela terá que ser submetida a tal prática.

As razões dos grupos que a praticam são várias, justificadas como rituais tradicionais, uma espécie de identidade necessária para pertencer identitáriamente a um determinado grupo, acreditando-se que a mutilação genital feminina seria um ritual de passagem da infância para a vida adulta (KADHY, 2006).

Algumas crenças que embasam a mutilação acreditam que os homens a quiseram no decorrer dos tempos porque esta asseguraria a fidelidade de suas mulheres, as impedindo de possíveis aproximações com outros genitores do seu grupo, ou até mesmo, homens de outras tribos, e ao mesmo tempo assegurando a perda do desejo sexual de suas mulheres, o que acarretaria num maior controle destas (KADHY, 2006).

Vários são os motivos alegados que levam às mulheres a aceitarem a mutilação em muitos casos, como por exemplo, o discurso de que não estarão aptas ao casamento, sendo rejeitadas ou estando sujeitas ao divórcio. Some-se a isso as ameaças, caso haja resistência, da mulher ser mutilada publicamente, sendo, portanto, alvo de chacotas e canções depreciativas. Geralmente, a aceitação ocorre num ambiente de receio, causado por um medo às possíveis desgraças que sofrerão em meio às evocações de maldições e descumprimento da tradição de seus ancestrais (KADHY, 2006).

As não mutiladas, de acordo com os costumes locais, não estão aptas ao manuseio dos alimentos e da água da tribo, pois são vistas como impuras, sequer capazes de terem filhos, mesmo porque a clitoridectomia será a responsável, conforme a tradição, por um parto seguro.

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Segundo praticantes, trata-se de uma maneira de manter a mulher dócil, apta para o casamento, pois seus órgãos genitais contribuem de maneira negativa para a sua formação como futura esposa e mãe. Algumas tribos acreditam que o clitóris é uma falsa representação de um pênis em miniatura, o que faria sombra à virilidade dos homens, sem contar ainda, que, por acreditarem que este seja diabólico, o contato do clitóris com a cabeça do bebê durante o parto seria motivos para inimagináveis desgraças (KADHY, 2006).

Considerando as várias consequências que a prática da mutilação pode acarretar, cita-se inúmeros danos físicos, psicológicos, sociais e cita-sexuais: uma série de desordens mentais e psicossomáticas, depressão, ansiedade crônica, perda da auto estima, dificuldade de aprendizagem, ataques de pânico, distúrbios de sono e pesadelos, alterações de apetite, fobias, fortes dores quando da ocorrência da menstruação, partos com complicações, graves infecções, dores crônicas, infertilidade, sangramento excessivo, infecções, choque hipovolêmico, choque séptico, vírus de imunodeficiência adquirida, tétano, quelóides, infecções do aparelho reprodutivo e infecções sexualmente transmissíveis, diminuição da qualidade de vida sexual, tudo isso quando as mutiladas não chegam à óbito por hemorragia (MEDICOS MUNDI ANDALUCÍA, 2008).

É sabido que muitas mulheres, antes ou depois de serem mutiladas, empreenderam fuga do grupo no qual conviviam. No entanto, o incentivo para que estas se submetam pacificamente a tal prática é grande, advindo comumente de promessas de homenagens, recompensas e respeito que receberão do grupo, podendo, dessa forma, realizar as suas funções sociais (KADHY, 2006).

Abaixo, para ilustrar o procedimento, apresenta-se o depoimento de Ari, uma mulher que foi mutilada quando criança:

Eu tinha 8 anos quando fui mutilada, quando fui ao fanado pequeno. [...] Eram quatro mulheres. Uma pegou no meu pé, outra no outro e agarraram os meus braços... e se nós nos mexêssemos, colocavam o cotovelo em cima do peito. Ainda me lembro da cara delas, umas já morreram. Fomos para uma casa abandonada e ficamos à espera cá fora... porque era uma de cada vez... com a mesma faca... um canivete de abrir e fechar. Ficávamos cá fora a ouvir as outras [...] (COUNTDOWN 2015 EUROPE, 2010, [n.p]).

De acordo com o relato acima apresentado, percebe-se que a mutilação é algo muito além da retirada de parte de um órgão incólume de uma mulher e ou criança. Trata-se, de um lado, de uma prática que envolve graves danos que atingem a integridade física e psíquica da mulher; de outro, representa uma delicada questão que relaciona-se à manutenção da tradição dos grupos que a enxergam como instrumento identitário.

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1. A mutilação genital feminina e o universalismo dos direitos humanos

Durante muito tempo, a mutilação genital feminina não foi considerada uma questão de assunto dos direitos humanos, por razões como, se tratar de uma prática extremamente cultural, realizada pela e com o aval da própria família, e por ela também, acreditando estar fazendo o melhor por sua jovem, o que acarretava o temor de qualquer intervenção ser considerado um ato de imperialismo cultural (ANISTIA INTERNACIONAL, 1998, apud PIACENTINI, 2007).

Entretanto, é permitido o entendimento que a mutilação genital feminina seja uma afronta contra a dignidade da mulher, vez que, ao tirar parte do corpo humano, coibindo assim seu perfeito funcionamento , e impingindo à mulher uma vida de dores infindáveis, ela viola a dignidade e os direitos da pessoa humana (PIACENTINI, 2007).

Nesse sentido, há uma necessidade de profunda análise com relação à prática da mutilação genital feminina, frente à característica de universalismo dos direitos humanos.

Assim, a mutilação genital feminina ocorre a um corpo incólume, ferindo assim, intensamente os direitos humanos, onde de acordo com o Artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direito, são dotadas de razão e devem agir em relação umas as outras com espírito de fraternidade”.

Ainda, o Artigo V da Declaração Universal dos Direitos Humanos reza que: “Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”.

Além disso, o Artigo VII da Declaração de 1948 preconiza que “Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”.

Todo o ser humano possui o direito a sua integridade física no sentido total desta palavra, possui também o direito à igualdade independente de raça, gênero ou credo, e assim, ter seus direitos respeitados e protegidos pela lei. Direito ao seu bem estar, e também a ter seu maior e mais precioso bem, seu próprio corpo, incólume. A mutilação fere de intensa forma o a dignidade humana, sua prática viola o respeito a esses direitos, uma vez que a tradição de mutilar os órgãos genitais das mulheres e crianças, usando para isso métodos rudes, faz com que está prática torne-se o foco de discussões e reflexões frente ao universalismo dos direitos humanos, já que os traços que ficam desta prática, são, todavia, mais marcantes do quase

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parece, não apenas fisicamente, é importante destacar, mas, moral e psicologicamente,pois, para muitas, essa dor nunca passará.

Acredita-se num universalismo, não no sentido de tentativas de universalizar qualquer cultura, mas sim, o fruto de um diálogo entre culturas, onde a dignidade da vida humana seja o foco visado, não tendo assim a pretensão de fazer jus ao imperialismo cultural, e também uma ocidentalização cultural, levando a crer que os direitos humanos, surgidos no Ocidente, possam ser responsáveis por uma unificação cultural, prevalecendo a mais forte, ou até mesmo o enfraquecimento de uma determina (BALDI, 2004).

3. Mutilação genital feminina: universalização ou relativização dos direitos humanos? Para o relativismo cultural, certamente a mutilação genital feminina seria de fato inquestionável, ficando a cabo de cada cultura dimensionar e estabelecer seus valores e hábitos. Tornando-se assim um tanto fracassado falar da relativização dos direitos humanos, considerando-se que, nesse diapasão, estes tornam-se demasiadamente limitados, e correndo um grande risco de legitimar a violência e crueldade, quando da aceitação certas tradições em defesa do relativismo (FERNÁNDEZ GARCÍA, 2001, apud PIACENTINI, 2007).

Hodiernamente se têm conhecimentos de que a prática da mutilação causa sérios danos às jovens e não efeitos de caráter positivo, como durante muito tempo acreditou-se e ainda se crê em muitos lugares. Não que seja necessário que normas das tribos e povos devam ser infringidas, ao contrário, mais que necessariamente, podem e devem ser mantidas e respeitadas. Porém, há um limite estabelecido quando da afronta à dignidade da pessoa humana, que parece contradizer o respeito a tradição das crenças de comunidades que defendem a mutilação, alegando a purificação de suas meninas (FERNÁNDEZ GARCÍA, 2001, apud PIACENTINI, 2007).

Assim, faz-se necessário o momento de libertar os direitos humanos do contexto histórico em que estes foram criados, da idéia de pensamento do universalismo associado ao imperialismo ocidental, para que se os direitos humanos não mais sejam vistos como comuns a todos, sem que estejam sempre atrelados ao ocidentalismo (SORIANO, 2004, apud PIACENTINI, 2007).

Assim, a defesa dos direitos humanos universais é compatível com o pluralismo e com o multiculturalismo relativista. Pode-se dizer que é uma visão ocidental e limitada, mas não vejo possibilidade de conciliar toda e qualquer prática em nosso mundo. Não consigo ver como aceitável ou com a possibilidade de me adaptar à circuncisão feminina em diversos países da África do Norte, à discriminação feminina em diversos países, a sacrifícios humanos, etc. O direito à diferença e o

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respeito às tradições culturais devem ter um limite, e este limite são os direitos humanos (PERRY, apud BARRETO, 2010, [n.p.]).

Com relação ao pluralismo cultural, este não pode ser invocado para permitir uma ofensa aos direitos humanos, uma vez que a dignidade da pessoa humana deve estar acima de qualquer tradição. Durante um período a luta contra a mutilação foi considerada uma ofensa aos costumes e à cultura de muitos povos, contudo, sabe-se que hoje o combate é assumido por muitas organizações, como por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Refletindo sobre a conciliação do multiculturalismo com o universalismo dos direitos humanos, Reis afirma que .

O multiculturalismo também pode ser universalista, ou seja, permitir a propagação e convívio de diferentes idéias, desde que esteja estabelecido um denominador mínimo, comum entre as partes para o início do diálogo (valores universais). Esse mínimo a ser respeitado são os direitos humanos (REIS, 2010, p. 11)

Segundo Reis (2010), as diversas culturas devem ser propagadas, respeitadas, sendo os direitos humanos o mínimo múltiplo comum para possibilitar o diálogo entre os diferentes povos na busca de elucidar os valores universais.. A diversidade de culturas é importante e possibilita de maneira enriquecedora as trocas e aprendizados culturais

Sabe-se que as comunidades que praticam a mutilação são patriarcais, certamente se trata de uma cultura onde o homem é o detentor do poder, e a mulher certamente considerada um ser inferior. Há uma necessidade de melhor esclarecimento da prática enquanto um fator demasiado negativo na vida de suas mulheres, como já citado neste trabalho.

Organizações internacionais como a ONU, UNESCO, OMS, e outras, já trabalham com o intuito de salientar as consequências da mutilação, evidenciando e divulgando, por meio de campanhas, a luta pela conscientização e enfrentamento desse costume que fere a dignidade da mulher.

Considerações finais

A mutilação genital feminina é uma prática que viola e agride a dignidade da pessoa humana. A erradicação dessa prática é algo que pode acontecer em uma geração, conforme estipulam algumas organizações internacionais, mediante uma educação que vise esclarecer as consequências desta prática, intervindo em nome dos Direitos Humanos.

É necessário se dissociar os direitos humanos de sua origem histórica. Culturas diferentes podem estabelecer um diálogo entre si – a idéia é na verdade que estas aprendam entre si e, com essa troca, iluminem os valores mais essenciais ao ser humanos. Assim, a luta pelo fim da mutilação genital feminina não seria considerada uma afronta às culturas e povos

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praticantes, mas, ao contrário, ao ressaltar a dignidade da pessoa humana, a própria mutilação seria vista como uma afronta aos direitos humanos.

Referências

BALDI, César Augusto (Org.). Direitos humanos na sociedade cosmopolita. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

BARRETO, Vicente. Universalismo, multiculturalismo e direitos humanos. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/textos/globalizacao_dh/barretoglobal.html>. Acesso em 21 ago. 2010.

CAMPOS, Caroline da Cunha. Mutilação genital feminina: uma revisão integrativa. Porto Alegre: UFRS, 2010

COUNTDOWN 2015 EUROPE. Mutilação genital feminina: direitos humanos de mulheres e crianças. Disponível em:

<http://www.scribd.com/doc/16691147/Mutilacao-Genital-feminina>. Acesso em: 14 ago. 2010.

KHADY. Mutilada. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

MEDICOS MUNDI ANDALUCÍA. Mutilación Genital Femenina: más que um problema de salud. Granada, España: Grupo Editorial Universitario, 2008.

PIACENTINI, Dulce de Queiroz. Direitos humanos e interculturalismo: análise da prática cultural da mutilação genital feminina. Florianópolis, SC: UFSC, 2007.

REIS, Marcus Vinícius. Multiculturalismo e direitos humanos. Disponível em:

<http://www.dhnet.org.br/cultura/multiculturalismo/reis_multiculturalismo.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2010.

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