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A identificação dos fatores que influenciam os agricultores familiares a se engajarem no conceito de Sustentabilidade no meio rural.

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Academic year: 2021

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A identificação dos fatores que influenciam os agricultores

familiares a se engajarem no conceito de Sustentabilidade

no meio rural.

Ederson Wartchow¹ Giovana Souza Freitas²

RESUMO

Este estudo concentra-se na área de administração com ênfase em sustentabilidade e tem como objetivos identificar os fatores que influenciam os agricultores familiares beneficiários do PRONAF a se engajar em um programa de sustentabilidade, verificar o nível de entendimento do tema sustentabilidade por parte dos agricultores familiares, conhecer os aspectos econômico-financeiros dos agricultores familiares, quanto a representatividade da cultura do tabaco, analisar os fatores motivadores ou barreiras para a viabilidade da diversificação de culturas para a sustentabilidade da propriedade rural. Foi utilizada pesquisa dirigida a fim de elucidar as questões tema deste estudo. Os resultados apresentam um panorama no qual pode-se identificar algumas variáveis que devem ser abordadas como chave para realização de mudança do perfil das propriedades rurais, da monocultura do tabaco para uma matriz diversificada e sustentável.

Palavras chave: Sustentabilidade, agricultura familiar, tabaco.

ABSTRACT

This study focuses on the administration area with an emphasis on sustainability and aims to identify the factors that influence the family farmers benefiting from PRONAF to engage in a sustainability program, check the level of understanding of the topic sustainability on the part of family farmers, know the financial aspects of family farmers, and the representativeness of the culture of tobacco, analyses the factors motivating or barriers to the viability of crop diversification for sustainability of rural property. Directed search was used to elucidate the issues theme of this study. The results present a panorama in which one can identify some variables that must be addressed as key to achieving change the profile of rural properties, the tobacco monoculture for a sustainable and diversified array.

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Key words: Sustainability, family agriculture, tobacco.

1. INTRODUÇÃO

A construção do desenvolvimento sustentável é condição fundamental para a continuidade da vida humana devido à noção de finitude dos recursos naturais que são utilizados para garantir a permanência das espécies na Terra, bem como para viabilizar a atividade produtiva.

Nesta perspectiva pode-se perceber que as instituições do setor agrícola estão passando hoje, por várias mudanças, partindo de uma visão predominantemente voltada para redução de custos e altamente eficaz com o intuito de buscar o desenvolvimento sustentável, voltada para integrar objetivos econômicos, ambientais e sociais.

Para a efetividade destas mudanças é necessário que se arraigue o ideal sustentável nos próprios organizadores, diretores e funcionários em geral, sendo estes o principal elo entre as organizações e a sociedade.

A resistência a mudanças pelo ser humano se dá muitas vezes até por medo do incerto ou, vez por outra, por comodismo, distância das instituições, da sociedade e de um modelo mais eficiente e sustentável. Um grande desafio para as empresas, aí incluído o Banco do Brasil, consiste em diminuir a distância entre o banco e o agricultor e estimular que a produção agrícola ocorra de forma competitiva e sustentável.

Produzir com sustentabilidade passou a ser um diferencial para o meio empresarial na contemporaneidade. A sustentabilidade das empresas, dos processos e dos produtos permite gerar valor para as atividades desenvolvidas, o

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que faz com que as empresas procurem criar opções (em técnicas, processos e produtos) que sejam economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente corretos. A preocupação com estes aspectos passou a ser inerente a todos os segmentos da sociedade, mas em especial ao agronegócio e, mais ainda, para a agricultura familiar.

Todos os segmentos objetivam a sustentabilidade, mas existem entraves de ordem cultural (da região em que se procura implantar), e econômicos, pois as modificações em prol de maiores níveis de sustentabilidade tendem a ser onerosos e, muitas vezes, implicam uma soma maior de esforços para seu sucesso.

Como objetivo geral deste estudo buscou-se identificar os fatores que influenciam os agricultores familiares beneficiários do PRONAF a se engajar em um programa de sustentabilidade, e a fim de aprofundar o estudo buscou-se também verificar o nível de entendimento do tema sustentabilidade por parte dos agricultores familiares, identificar os níveis de dependência dos agricultores familiares em relação a cultura do tabaco, bem como identificar os fatores que agem como motivadores ou que podem ser consideradas barreiras para a substituição da monocultura do tabaco.

De forma mais especifica buscou-se identificar os fatores que possam alicerçar um programa que venha a fomentar um modelo de sustentabilidade ao meio rural, voltado para a agricultura familiar.

O trabalho justifica-se por ser a cultura do tabaco alvo de criticas da sociedade, e não receber mais recursos para seu custeio, ficando a cargo do agricultor todo o seu custo. O estudo encontra-se estruturado de forma a responder as questões deste estudo e também servir para futuras pesquisas.

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O conceito de sustentabilidade surgiu no século XIX, tem sua base na agricultura, em que o ser sustentável da propriedade rural, deveria ser associado ao desenvolvimento da mesma.

“Sustentabilidade é um termo relativamente antigo, de origem no saber técnico na agricultura no século XIX. Encontrou na rota do uso pelos ecologistas modernos nos anos 80, em cujo debate I. Sacks deu grande contribuição. A sustentabilidade no conflito das interpretações consiste em visualizar o ardil e a trama desencadeados como um enredo de uma ação histórica, de uma obra de ficção ou ainda de uma peça a ser moldada de acordo com a criatividade de um artista”. (RUSCHEINSKY, 2004, p.15).

O conflito inerente ao desenvolvimento e à sustentabilidade é o grande desafio tanto para o agronegócio como para as empresas, como crescer e se desenvolver sem perder o foco na sustentabilidade do negócio.

“A nosso ver, a política industrial é antes uma questão de política do que técnica. Isso por que ela deve ser concebida em função de decisões políticas que a sociedade deve tomar em relação a que configuração industrial se deseja para o país, bem como qual a relação de apropriação da natureza admitida por essa sociedade. A partir disso, a política industrial deve ser construída como estratégia para atingir tais objetivos. Para tanto. Ela deve tomar decisões no presente para modificar comportamentos no futuro”. (MARTINS, Paulo Roberto, p.99, 201).

A importância que o desenvolvimento sustentável adquiriu dentro do contexto da globalização demonstra que o pensar no âmbito da sustentabilidade é o marco que irá separar em duas épocas distintas as relações humanas, sejam elas ambientais, econômicas ou sociais.

Para o agronegócio é ainda mais importante, pois somente o manejo adequado dos recursos naturais poderá manter o negocio viável, além de que se torna importante identificar os fatores que poderão influenciar os agricultores familiares a se engajarem no conceito de Sustentabilidade no meio rural.

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A adoção de práticas e ações sustentáveis por parte dos agricultores torna-se cada vez mais importante para a sociedade, pois este engajamento possibilita a continuidade das famílias em suas propriedades, sendo úteis para a sociedade (por sua produção de alimentos) ou evitando o êxodo rural (a manutenção digna de sua família através da exploração de culturas que venham a ser sustentáveis no âmbito econômico).

A realidade econômico-social vivenciada no Vale do Rio Pardo é observada de forma especial e singular, por conter propriedades rurais familiares com área média inferior a um modulo fiscal (modulo fiscal 20,00ha) que têm no cultivo do fumo a capacidade de prover um retorno financeiro muito acima da média de outras culturas. No entanto, a busca por uma cultura que venha, de forma gradual, substituir ou ser complementar a esta pode ser uma alternativa para que as propriedades aumentem seus níveis de sustentabilidade.

2.1. Agricultura Familiar

É compreensível a sociedade estar se voltando a cada dia com mais interesse para a sustentabilidade, ao bem do conceito ser relativamente antigo, a sua aplicação efetiva ainda esta muito longe da efetividade, as praticas de desenvolvimento sustentável para o bem da sociedade devem ser difundidas não só no âmbito do agronegócio, seja ele empresarial ou familiar, mas deve ser extensivo para todos os setores da sociedade.

Deve-se entender o como organizar cidades, gerenciar recursos, bem como entender a limitações que a natureza tem em ganhar fôlego para garantir um fluxo continuo de insumos para a base produtiva, seja ela na agricultura, indústria ou demais segmentos da sociedade.

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“O futuro nos chama: como organizar as sociedades? Como expandir a produtividade do trabalho social sem terminar de vez com os recursos naturais e sem expandir o mundo das desigualdades sociais que poderá extinguir a coesão social mínima? Para pensar isso, necessitamos de teorias, e se não as temos de alguma maneira consensualmente organizadas, temos que dispor, pelo menos, de alguns quadros de referência”(Muller, p122, 2002).

As conseqüências de uma utilização indiscriminada e não racional dos recursos evoca a grave situação a qual estamos nos deparando neste momento, a simples utilização das expressões ecológico ou sustentável, não impressiona tanto quanto deveria. A conscientização ainda é baixa e o alto valor dos ditos processos e produtos sustentáveis ainda afasta muitos de seus consumidores. O valor a ser percebido pela sociedade ainda fica muito aquém. A impressão de se estar pagando mais por um produto ao qual se encontra um similar não tão preocupado com a sustentabilidade ainda é um dos grandes obstáculos para uma maior difusão desta.

2.2. Desenvolvimento Sustentável

O que deve ser um preceito para qualquer organização não é tão fácil, nem tão pouco um assunto comum, o Desenvolvimento Sustentável. Por sua condição de norteador para conduzir seus negócios deve-se discutir o Desenvolvimento Sustentável, levando em conta sua utilização social e negocial, sem que exista a destruição ou degradação da sociedade em todas as suas variáveis.

“Até agora, todas as mudanças do modo de ser e viver tiveram lugar através da coerção brutal, ou seja, através do domínio de um grupo social sobre todas as forças produtivas da sociedade: a seleção ou ‘educação’ do homem adequando aos novos tipos de civilização, isto é, às novas formas de produção e trabalho, ocorreu com o emprego de inauditas brutalidades, lançando no inferno das subclasses os débeis e os refratários, ou eliminando-os inteiramente”(Gramsci, 2001, p.263).

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É exatamente com esta visão de reconstrução da sociedade, que um novo modelo de desenvolvimento deve ser abordado, sem que para isso sejam usados métodos abruptos ou nocivos, dentro de qualquer contexto. Como permear a sociedade de maneira geral com os fundamentos abordados pelo desenvolvimento sustentável, sem que para isso seja desenvolvido um modelo utópico ou até mesmo exagerado, teoricamente. Para se entender esse fundamento, deve-se partir do pressuposto de que o desenvolvimento deve ter ideais capitalistas tanto quanto socialistas, segundo Fausto (1987, p.187) “não se visa mais obter uma mercadoria através do dinheiro, visa-se o aumento do dinheiro através do dinheiro”.

Portanto, o que o dinheiro possibilita, aliado ao que é pregado pela sociedade, deve fomentar a matriz de qualquer projeto voltado à agricultura familiar, que tenha a ambição de ser sustentável, e que não afete a percepção que este deve ter para com a sociedade, pois antes mesmo de ser ele deve ser percebido como.

O desenvolvimento a qualquer custo como em outra época era lugar comum, como cita Polanyi (200, p.77) “dirige a sociedade como se fosse acessório”, já não cabe nos padrões de consumo racionais, aos quais a geração que tomou consciência dos danos extremamente nocivos a sociedade e ao meio ambiente, repudia e se mantêm afastada.

Através dos tempos observam-se inúmeros conflitos, as ditas “crises” colocam em cheque a estrutura que se esta utilizando naquele dado momento, tanto de forma ambiental, econômico e social. Essas crises são o combustível que alimenta a evolução, e são a força que impulsionam destas idéias.

De um modo geral, o fundamento teórico do desenvolvimentista quer seja ele capitalistas, tidos como liberais ou marxistas de um contento mais socialista, conspiram com base das sociedades do novo mundo, onde a idéia de desenvolvimento se fundamenta na visão de que o próprio avanço só existe em

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razão do desenvolvimento técnico-cientifico, e com isso que ira ser realizado o progresso sócio-econômico, tendo por base as idéias de Fausto (1987, p.55) “consideradas como determinações do capitalismo, são afetadas de negação, e por isso se inter-vertem em seus contrários”.

Com esse modelo que levou muitos países a escolher, de um lado, a racionalização e, portanto, a separação funcional do domínio econômico, racionalizado, e de certa forma a própria vida privada, ficando entre dois âmbitos, de um lado o espaço político de cunho social, e de outro lado um mercado forte e voraz, do lado capitalista.com aprofundamento no próprio anti-desenvolvimento, para assim evitar quem sabe o subdesenvolvimento, em recusa a este dito “modelo” desenvolvimentista que estava por ser imposto, em muitas vezes ficando em isolamento.

“Na medida em que o Estado regula as relações entre os indivíduos, este garante as condições desigualdade das trocas, ao mesmo tempo em que preserva as condições de desigualdade desta sociedade: a propriedade privada dos meios de produção. Nesses termos, o Estado põe, como Direito, uma relação jurídica que é constituída a partir da relação econômica das trocas. Observemos, mais demoradamente, essa relação”.(Fausto, 1987 p291).

Para o autor, o importante é avaliar como a idéia de desenvolvimento tende a induzir ao conhecimento de suas vias sinuosas e múltiplas de uma tida modernidade, e de como desenvolver a sociedade sem que exista perda de capacidade de regeneração da sociedade de modo geral, tanto em vistas ambientais, econômicas ou sócias.

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A definição segundo Barros e Lehfeld (2000), a função da metodologia é entender que é o meio que estuda e avalia os vários métodos de pesquisa dispostos, identificando suas limitações, quando estas se fazem presentes, quanto às implicações de suas utilizações. Com este preceito, a metodologia cientifica é a vertente que orienta as técnicas necessárias para o auto-aprendizado, onde o pesquisador é o sujeito do processo, aprendendo a pesquisar e a sistematizar racionalmente o conhecimento obtido.

A definição quanto a classificação da pesquisa será descrita como quantitativa, a qual visa responder as questões levantadas pelo estudo.

As ponderações acima descritas representam a importância apresentada pela metodologia que irá ser utilizada para a realização desta pesquisa constante neste trabalho. A mesma será realizada frente aos clientes participantes da agricultura familiar assistidos pelo PRONAF, na Agência Afubra do Banco do Brasil, em Santa Cruz do Sul-RS, no vale do Rio Pardo.

Com a aplicação de questionário, procurar-se-á identificar dados sobre o perfil dos agricultores familiares, e a sua opinião sobre a sustentabilidade da propriedade rural familiar, identificar as variáveis que influenciam os agricultores familiares beneficiários do PRONAF a se engajar em um programa de sustentabilidade, verificar o que os agricultores familiares entendem por sustentabilidade, identificar a realidade econômico-financeira, social e ambiental, dos agricultores familiares da região do vale do Rio Pardo, identificar o grau de especialização dos agricultores familiares para a monocultura do Tabaco, e a viabilidade da diversificação de culturas para a sustentabilidade da propriedade rural.

O universo amostral se refere aos agricultores familiares clientes da agência AFUBRA do Banco do Brasil, agricultores estes aptos ao PRONAF e integrantes do

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programa DRS do Banco do Brasil, estes resultados não representam o todo dos agricultores do Vale do Rio Pardo.

A pesquisa realizada para elucidar as questões que serviram de norteador para este trabalho ser idealizado será realizado no formato de censo, e irá classifica-se em quantitativa.

A abordagem do problema caracteriza-se por ser objetiva e primar por evidenciar a medição de fenômenos. É formatada em duas etapas, a parte responsável pela coleta e análise, e a outra a de dados numéricos e a aplicação de testes estatísticos. As amostras utilizadas geralmente são direcionadas de acordo com a proporcionalidade que possa representar toda a população, entretanto, com numero reduzido de possíveis observações do presente estudo, optou-se pela pratica do senso. Relacionando-se aos dados coletados, a essência se da pela preferência que eles sejam específicos, precisos e transparentes.

O uso da pesquisa quantitativa neste trabalho ira facilitar a coleta dos dados necessários para a real visualização do cenário observado.

Este trabalho aspira responder as questões que motivaram a realização deste, sem, contudo ter a ambição de esgotar a discussão sobre o assunto, mas sim apenas instigar o entendimento dos alicerces que motivaram o amanhã.

Produtores rurais compreendidos na agricultura familiar no município de Santa Cruz do Sul – RS, atendidos pelo programa de DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável, aptos ao PRONAF – Investimento e clientes da agência AFUBRA do Banco do Brasil S.A., em um universo de 28 agricultores integrantes do programa voltado para diversificação de culturas, implantação de bacia leiteira.

A analise dos dados não pode ser generalizada, pois trata-se de um publico especifico, e tratando-se de uma pesquisa dirigida nem todas as variáveis

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englobadas no modelo de sustentabilidade para agricultura familiar oforam exploradas neste estudo.

Dentre todos os agricultores pertencentes ao Vale do Rio Pardo, este estudo limita-se a aqueles integrantes do programa DRS do Banco do Brasil da agência AFUBRA. O presente estudo procurou identificar fatores relacionados à especialização da cultura do tabaco, das propriedades rurais desenvolvidas no regime da agricultura familiar, dentro do contexto de desenvolvimento sustentável. Procurou-se identificar quais seriam fatores mais desafiadores para implantação de outras atividades agropecuárias.

O estudo também auxilia a identificação de fatores técnicos, presentes na agricultura familiar que se especializou na monocultura do tabaco, que possam ser utilizados na identificação de culturas e atividades, que permitam a efetiva agregação de rende e diversificação da propriedade rural e ao caminho do desenvolvimento rural sustentável.

4. Analise e discussão dos resultados

A partir da aplicação dos questionários que foram respondidos pelos agricultores familiares atendidos pelo Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), obteve os resultados a seguir apresentados:

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De acordo coma visualização gráfica acima ilustrada, pode-se perceber que o grau de especialização das famílias envolvidas com a cultura do tabaco não é algo espontâneo, mas sim tradicional e arraigada na cultura delas.

Observa-se também que 89,3% delas está a cima da segunda geração o que denota a grande especialização das famílias com cultura do tabaco.

Identifica-se com a leitura do gráfico acima, que ao contrario do que o senso comum em que a dificuldade de implantar outro empreendimento na propriedade esbarraria na dificuldade da falta de área, entretanto 64,3% das propriedades rurais observadas no estudo, possuem mais de 8 hectares, possibilitando sim a implantação de outra atividade agropecuária, cabendo identificar quais seriam as mais aptas.

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A leitura do gráfico nos possibilita identificar que existe a propensão a exploração de outras atividades, as principais atividades em que já observa-se experiência por parte dos agricultores familiares esta no desenvolvimento da suinocultura e do cultivo do milho, e já se percebe a existência da bovinocultura leiteira.

Uma das dificuldades apontadas relaciona-se com a grande dependência do núcleo familiar da renda proveniente do cultivo do tabaco, o qual agrega um valor significativo a produção, que sozinha é capaz de atender as necessidades do núcleo familiar com certa facilidade se comparada as demais culturas.

Ao se compilar os dados extraídos da analise do gráfico, pede-se que se tenha atenção especial ao grau de dependência do cultivo do tabaco para a composição da renda, com isso a idéia de se alterar de forma de conduzir a propriedade rural, acabando do dia para a noite com o cultivo do tabaco não é nem deve ser conduzido, em virtude da grande dependência da receita advinda da venda do tabaco, que ano após ano mantém sadia a vida econômica do núcleo familiar, mantendo unido e fixado na propriedade rural.

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A rentabilidade observada em função da área explorada é fundamental para a manutenção do cultivo do tabaco, como podemos observar anteriormente, a dependência do tabaco para a manutenção familiar é grande, é também é percebida por parte dos agricultores familiares.

Um dos fatores que é observado relaciona-se com pouco estudo dos agricultores, que em sua grande maioria possuem tão somente o ensino fundamental, relacionando a maior dificuldade de entender o seu papel na sociedade, acreditando ainda que a formatação da propriedade rural com base no cultivo do tabaco é a alternativa mais viável para a manutenção econômica.

Com base nos dados faz-se a relação de que a baixa escolaridade vinculada com a percepção de maior renda proveniente do cultivo do tabaco, é um dos fatores que faz com que a tantas gerações exista a especialização no cultivo do tabaco.

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Observa-se com a analise do gráfico que 100% dos agricultores tem vinculo com entidades representativas de agricultores familiares, isso indica a possibilidade de trazer estas entidades a participar da pratica sustentável, sendo formadores de um pensar novo sobre a condução da agricultura familiar.

A leitura das informações constantes no gráfico acima possibilita perceber um dos motivos de ainda existir grande resistência a mudança, mesmo existindo há muito tempo a idéia de que se precisa ter uma alternativa para a monocultura do tabaco, entretanto observa-se que é a primeira vez que se esta propondo uma alternativa que seja sustentável para a agricultura familiar.

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Com a conclusão do questionário aplicado, compilamos a idéia principal do trabalho, se os agricultores familiares que fazem parte do DRS realmente entendem o significado do conceito de sustentabilidade, e ao observar o resultado não poderia ser mais preocupante, pois alguns nunca ouviram falar e os demais não entendem o tema, aqui fica uma reflexão, basta criar projetos e selecionar agricultores, ou deve-se fazer um trabalho mais profundo de conscientização.

Os agricultores inclusos no projeto do DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável mesmo sem entender o conceito de sustentabilidade, já estão aplicando algumas das idéias do programa como diversificação de culturas na propriedade.

5. CONCLUSÃO

O estudo foi realizado com base nos agricultores engajados no DRS (desenvolvimento regional sustentável) do Banco do Brasil, implantada pela Agência AFUBRA, no município de Santa Cruz do Sul – RS, no momento de realização deste trabalho 28 agricultores familiares aptos ao PRONAF estavam desenvolvendo o projeto, o que permitiu a realização de pesquisa no formato de senso.

A realidade vivenciada pelos agricultores familiares do Vale do Rio Pardo demonstra que, mesmo com discursos de alterar a matriz produtiva da região, substituindo a monocultura do tabaco por uma matriz baseada na diversificação, até hoje não passava mesmo de simples discurso, com a realização deste trabalho pode-se identificar que poucos são os agricultores que já ouviram falar em sustentabilidade, e que a grande maioria desconhece o tema e seu conceito.

Pode ser respondido com esse trabalho, que a representatividade da renda proveniente da cultura do tabaco é responsável em todas as famílias por mais de 60% de seu sustento, e que em 75% das famílias 4 ou mais pessoas dependem desta renda, são estes os fatores preponderantes a manutenção da monocultura.

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Dentre os fatores que agem de forma positiva a continuidade da monocultura do tabaco, e ao mesmo tempo como barreiras a implantação de um modelo que tenha a base na diversificação de culturas e de sustentabilidade da propriedade rural, está a grande experiência familiar na atividade da cultura do tabaco, em que 89,3% das famílias encontram-se já na terceira ou quarta geração de cultivo do tabaco.

Esta especialização pode denotar a grande resistência a substituição da monocultura para uma matriz diversificada, e a percepção de que a propriedades por serem pequenas, ou com pouca área utilizável, venham a ser inviáveis a novas culturas, este cenário na concepção dos agricultores familiares. Cabe ressaltar a importância que a conscientização tem neste caso, um trabalho forte e permanente deve se iniciar, pois, a realização deste trabalho evidenciou uma lacuna por parte da sociedade para com estes agricultores.

Há muito se fala sobre a substituição da cultura do tabaco, entretanto esta é a primeira vez que um projeto de alternativa para a matriz produtiva os foi apresentado, esta alternativa ainda esta sendo analisada como possibilidade, seus resultados dentro em breve poderão ser mensurados.

Conclui-se ao final deste trabalho que muitos são os fatores que levaram a atual situação, mas após a realização deste estudo a questão central é que, a implantação do DRS voltado para criação de gado leiteiro, caracteriza-se como a primeira vez que é disponibilizada uma alternativa que possa ser aplicada ao perfil dos agricultores familiares, que apesar da baixa escolaridade, da grande dependência da renda do tabaco, do tamanho da propriedade e do grau de especialização alto, nunca lhes foi disponibilizado nada relacionado como alternativa para diversificar suas propriedades rurais e torná-las sustentáveis economicamente.

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Referências

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