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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

ALINE COSTA D’EÇA

FILHOS DO CÁRCERE

INOCENTES CUMPREM PENA COM OS PAIS NAS PENITENCIÁRIAS

Salvador

2006

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ALINE COSTA D’EÇA

FILHOS DO CÁRCERE

INOCENTES CUMPREM PENA COM OS PAIS NAS PENITENCIÁRIAS

Memória descritiva do livro-reportagem “Filhos do Cárcere – Inocentes cumprem pena com os pais nas penitenciárias”, apresentada como exigência legal para conclusão do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo.

Orientador: Prof. Dr. Giovandro Marcus Ferreira

Salvador

2006

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelas oportunidades que me fizeram crescer, pelos pensamentos que me inspiraram e pelo amor que me fortaleceu; ao meu pai, maior incentivador, de quem aprendi a enfrentar a vida com determinação; à minha mãe, pelo carinho e confiança mesmo quando minhas escolhas a assustaram; aos meus irmãos, companheiros de todas as horas, meus melhores amigos; à minha família, meu alicerce, pelas lições de união, amor e fé; aos amigos, colegas de faculdade e de trabalho que compreenderam minhas faltas, acreditaram em mim e me estimularam a seguir em frente; aos professores, pelos conhecimentos e experiência que adquiri nestes últimos anos, em especial ao meu orientador Giovandro Marcus Ferreira; e, por fim, a todos aqueles que me ajudaram a concretizar, mesmo com tantas dificuldades, o presente trabalho, e que são objeto dele: desde as crianças e membros do Centro Nova Semente aos funcionários e internas da Penitenciária Feminina, especialmente à Irmã Adele e Simone Lima, pois sem elas este trabalho não seria possível.

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SUMÁRIO

I INTRODUÇÃO 06 II A TRAJETÓRIA 11 III O PRODUTO 16 IV A PRODUÇÃO 21 V O APRENDIZADO 23

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INTRODUÇÃO

A história do sistema penitenciário brasileiro é repleta de episódios que apontam para o descaso com relação às políticas públicas na área penal e para o desrespeito aos direitos humanos. A prisão, quando de sua implantação no Brasil, foi utilizada para diversos fins: alojamento de escravos e ex-escravos, asilo para menores e crianças de rua, casa para abrigar doentes mentais e fortaleza para encerrar os inimigos políticos. Geralmente afastados dos principais centros urbanos, os cárceres, monumentos máximos de construção da exclusão social, costumavam ser implantados em ilhas, lugares inóspitos e bairros periféricos. Cercados por muros altíssimos, escondiam uma realidade desconhecida, entretanto aceita pela população: os maus-tratos, a tortura, a promiscuidade e os vícios.

Desde o início da colonização, o Brasil serve como exílio para os presos condenados ao degredo pela corte portuguesa. Com a chegada da Família Real, em 1808, a legislação penal no Brasil ficou a cargo das Ordenações Filipinas e o degredo se manteve durante esse período como forma de livrar Portugal de sua população indesejável. Podemos dizer que o Brasil era uma enorme prisão sem grades, onde os condenados deveriam permanecer por um prazo que variava de cinco anos até o resto da vida.

Segundo historiadores, o degredo era aplicado aos alcoviteiros, culpados de ferimentos por arma de fogo, duelo, entrada violenta ou tentativa de entrada em casa alheia, resistência a ordens judiciais, falsificação de documentos, contrabando de pedras e metais preciosos. As mulheres condenadas ao degredo no Brasil eram principalmente

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aquelas que cometiam crimes relacionados à sexualidade: ser amante de clérigos ou outros religiosos; simular gravidez; ou atribuir parto alheio como seu.

O sistema prisional só foi efetivamente implantado no país com a Constituição de 1824. Nela, era estabelecido que as prisões deveriam ser seguras, limpas, arejadas, havendo a separação dos réus conforme a natureza de seus crimes. Mas as casas de recolhimento de presos do início do século 19 mostravam condições deprimentes para o cumprimento da pena por parte do detento. No Rio de Janeiro, por exemplo, o edifício da chamada Cadeia de Relação, projetado para abrigar 15 pessoas, chegou a comportar até 390 pessoas em 1828.

Na segunda metade do século 19, o Relatório do Conselho Penitenciário do Distrito Federal indica a presença de mulheres presas no Calabouço; eram 187 escravas presas junto com os homens. A partir do século 20, para um melhor controle da população carcerária, passou-se a separar os presos segundo categoriais criminais: contraventores, menores, processados, loucos e mulheres. Este isolamento, no entanto, entrou em choque com o cotidiano da realidade carcerária. Questões estruturais impossibilitavam a separação dos criminosos por grau de periculosidade e por sexo em muitos presídios. A presença reduzida de mulheres nos cárceres até então não justificava a existência de estabelecimentos penais exclusivamente femininos.

No estudo ‘Os sistemas penitenciários do Brasil’, José Gabriel Lemos Brito, membro do Conselho Penitenciário que foi instalado em 1º de dezembro de 1924 no Brasil, registrou naquele ano a situação em que se encontravam as prisões de algumas capitais brasileiras, apontando-a como “nefasta” e “odiosa”, e propôs, em 1925, a adoção de um novo sistema penal. Para a questão das mulheres presas, propôs a

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construção de uma prisão nacional, localizada no Rio de Janeiro, onde seriam recolhidas as mulheres criminosas de todos os Estados, condenadas a penas maiores de quatro anos. As causas mais comuns apontadas para a condenação feminina eram: a desordem, vadiagem, furto, ferimentos e infanticídio.

O objetivo primeiro da criação de uma unidade penal feminina isolada das unidades masculinas, conforme preconizou Lemos Brito, era “exorcizar o demônio dos desejos sexuais incontidos” e reabilitar a mulher para o lar.

As primeiras penitenciárias exclusivamente femininas só começam a ser criadas na época do Estado Novo, quando entra em vigor uma nova legislação penal, o Código Penal de 1941 e o Decreto Lei nº. 3971 de 24 de dezembro de 1941, criando a Penitenciária de Mulheres no Distrito Federal. Antes dessa unidade foi construída em 1941, em São Paulo, o Presídio de Mulheres no Complexo Carandiru. Contudo, a experiência do Distrito Federal foi considerada a primeira e mais importante por ser um modelo inovador, funcionando como o “reformatório” proposto por Lemos Brito, dispondo de uma arquitetura que dava ênfase à negação da aparência prisional que se queria obter, com ausência de grades, de celas de castigo, baixa altura e aparente leveza do muro que protege a penitenciária, dormitórios coletivos (ao invés de celas individuais) e capela aberta ao público. (QUINTINO, 2005, p. 47).

A construção dos presídios femininos se justificava pelo fato de que a proximidade das mulheres, como argumentou Lemos Brito, aumentava nos homens sentenciados “o martírio da forçada abstinência sexual”. Um fator relevante a ser considerado, embora não sejam encontrados dados a esse respeito na literatura sobre a história do sistema prisional brasileiro, está no fato de que os encontros de presos e

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presas possibilitavam muito mais que o contato sexual; através dele crianças eram geradas e nasciam dentro das prisões.

Atualmente, mesmo com a existência de penitenciárias específicas para mulheres e homens, o quadro parece não ter sofrido modificações. Primeiro porque as mulheres que dão à luz na prisão geralmente engravidam nas delegacias e cadeias públicas, onde ainda costumam ficar em celas junto com os homens. O direito à visita íntima, garantido pela Constituição Federal e regulado por uma resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) em 1999, seria o segundo ponto a ser citado como causa do nascimento de crianças na prisão. A partir desta constatação e instigada pela curiosidade sobre a verdadeira realidade destas crianças, pelo menos a nível estadual, elegi a temática sobre as crianças filhas de presidiários como tema do meu trabalho de conclusão de curso. Pelo caráter experimental do projeto e devido à limitação de tempo para executá-lo, procurei concentrar minhas investigações nas crianças filhas de presidiárias e ex-presidiárias que nasceram dentro do contexto prisional baiano porque são geralmente as mulheres as responsáveis diretas pela criação dos filhos, e quando impossibilitadas de exercer este papel, as crianças são geralmente confiadas aos cuidados de outras pessoas. A decisão também levou em conta a maior facilidade no acesso às presas que aos presos.

Estabelecidas tais diretrizes, passei a freqüentar uma instituição que abriga filhos de presidiários, o Centro Nova Semente, ligado à Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Salvador e coordenado pela freira italiana Adele Pezone, e a Penitenciária Feminina do Complexo Penitenciário do Estado da Bahia, localizada no bairro da Mata Escura, em Salvador, com a finalidade de mostrar um pouco da realidade das crianças que têm a mãe (e na maioria dos casos também o pai) cumprindo pena.

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A maioria das notícias sobre as penitenciárias nos veículos jornalísticos baianos limita-se a denúncias sobre rebeliões, violência, poder paralelo, e assuntos factuais que não traçam o perfil social daqueles condenados ao cárcere. Mesmo tendo grande relevância social, o fato de crianças estarem vivendo no ambiente carcerário, expostas a todo tipo de risco, é desconhecido por grande parcela da população baiana, uma vez que o tema costuma passar despercebido pela imprensa. Diante desta constatação e interessada em abordar o assunto, surgiu a idéia de fazer este trabalho em forma de um produto jornalístico.

Considerando que o assunto merecia ser investigado e interpretado mais a fundo, a elaboração de um livro-reportagem foi selecionada por ser este um veículo de abordagem menos superficial e que, em geral, tende a satisfazer, de forma mais profunda, a informação social. Do mesmo modo, o formato seria ideal para colocar em prática os conhecimentos acumulados durante o curso de graduação.

Não houve, diga-se com destaque, intenção de realizar uma análise sociológica da situação dos presos e seus filhos em busca das soluções mais adequadas a serem adotadas, mas de apresentar à sociedade, através do trabalho jornalístico, uma perspectiva do sistema penitenciário pouco abordada, buscando fortificar as reflexões sobre as relações sociais existentes no ambiente carcerário, principalmente as que envolvem a população infantil.

Ao desvendar um pouco da história dessas pessoas, que estão excluídas da sociedade porque cometeram atos inaceitáveis para a vida social, acredito que, com o presente trabalho, estarei colaborando de alguma forma para uma reflexão mais séria e

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sensível acerca dos problemas e conseqüências que o sistema penitenciário traz para a sociedade, debatendo não apenas a criminalidade, como já é feito nos meios de comunicação social, mas principalmente sobre suas causas, quase sempre ligadas à exclusão social.

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A TRAJETÓRIA

Já no primeiro semestre do curso de jornalismo, na disciplina Oficina de Comunicação Escrita, ministrada pelo então professor e jornalista Paulo Leandro, tive a oportunidade de aprender como se constrói um lead. Mais que isso, foi-nos ensinado como seria interessante, além das perguntas básicas essenciais do jornalismo, buscar “dar uma cor local” à matéria jornalística, contextualizando os fatos e favorecendo aspectos que despertassem no leitor os seus sentidos sensoriais. As primeiras matérias, verdade seja dita, não foram das melhores, mas com os erros aprendi que era preciso buscar mais fontes, obter dados oficiais, produzir pautas mais criativas, observar mais... Os textos melhoraram consideravelmente e recebi boas críticas de profissionais dos jornais diários que avaliaram, nas aulas da disciplina, as primeiras produções jornalísticas da turma.

A primeira grande-reportagem que fiz, ainda naquele semestre, foi nas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Queria fazer uma simples matéria sobre o trabalho de um grupo de palhaços que se apresentavam para crianças hospitalizadas. A apuração e entrevistas, pelos meus cálculos, não passariam de uma hora. Entretanto, ver o sorriso brotando nos rostinhos de dor das crianças foi emocionante, e quis ficar ali um pouco mais. Aprendi naquele momento que mais que entrevistas, era preciso fazer com que o leitor enxergasse através da matéria aquela realidade que ele não vê. A lição mostrou-me o papel do jornalista, preconizado em disciplinas teóricas: servir de ponte entre a informação e o público. Acabei acompanhando todo o dia de trabalho dos palhaços, desde com as crianças até os idosos que ficavam em outro hospital das Osid; uma

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jornada de quatro horas. A reportagem foi elogiada e acabei fascinada por aquele tipo de jornalismo.

Dois semestres depois, na disciplina Oficina de Jornalismo Impresso, deparei-me novadeparei-mente com a prática jornalística. Naquele modeparei-mento aprendi, juntadeparei-mente com os colegas, todas as etapas do planejamento e edição de um periódico impresso: o Jornal Laboratório. Com a experiência pude constatar a limitação estrutural dos jornais impressos, nos quais os profissionais são estimulados a adotar o clássico modelo do

lead e da pirâmide invertida para a construção de matérias.

O contato com o jornalismo literário propriamente dito veio a ser feito no quarto semestre, na disciplina optativa Agência de Notícias, com a professora Antoniella Devanier, que me incentivou a conhecer e adotar o estilo, reservando para mim, no boletim Ciência Press, a editoria Jornalismo Literário. Sugestões de livros de estudiosos do gênero, como Edvaldo Pereira Lima – com quem, mais tarde, estabeleci vários contatos através de mensagens de e-mail, na época de elaboração do projeto de trabalho de conclusão do curso –, e o acesso a obras próprias daquele tipo de jornalismo, como a Revista Realidade, importante revista brasileira da década de 60, surgiram nesta época. Decidi, naquele momento, me aprofundar nos estudos sobre o “New Journalism”, tema pouco abordado nas disciplinas do curso na faculdade.

O convite para estagiar na assessoria de comunicação do Ministério Público do Estado da Bahia chegou nesta mesma época, e aproximei-me de outros formatos de texto jornalístico, como o release. Também passei a ter um maior contato com profissionais de imprensa e a aprender com eles na prática como fazer jornalismo. Elaborando constates matérias a respeito das violações dos direitos das crianças

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denunciadas pela instituição pública, acabei voltando minhas atenções e leituras para a temática infantil.

As situações de exclusão social sempre me chamaram a atenção. O primeiro contato com o presídio veio ser feito através de uma cobertura jornalística de uma inspeção do Ministério Público nas penitenciárias masculinas, especialmente na Penitenciária Lemos Brito (PLB), para apurar se as normas legais relativas à saúde dos presos estavam sendo respeitadas. Naquele momento pude conhecer como é uma prisão por dentro, e alguns dos seus problemas, e estabelecer contato com um público que nunca havia imaginado entrevistar: os presidiários. A única noção que tinha de uma penitenciária até então era a apresentada no filme Carandiru (2002), de Hector Babenco, baseado no livro do médico Drauzio Varella, que me chamou muito a atenção. Na oportunidade da inspeção, só entrei em dois pavilhões da PLB, mas foi o suficiente para aguçar a minha curiosidade a respeito do sistema prisional. A visita aconteceu quando estava cursando o penúltimo semestre de faculdade, e, pouco tempo depois, após várias leituras sobre o tema, surgiu a idéia de abordar no livro-reportagem a situação da infância no contexto penitenciário.

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O PRODUTO

Antes mesmo que o tema fosse definido, fascinava-me a idéia da elaborar reportagens no estilo do jornalismo literário, gênero jornalístico caracterizado pela prática da reportagem de profundidade que tem como proposta a confecção de textos mais envolventes, criativos, humanizados e em sintonia com a responsabilidade social. O contato com livros-reportagem como ‘Fama & Anonimato’, de Gay Talese (2004), e com publicações como a Revista Realidade, fez com que a vontade de experimentar este tipo de jornalismo crescesse.

Ao definir o tema do trabalho – as crianças que nascem e vivem o contexto penitenciário –, este tipo de jornalismo pareceu-me ainda mais adequado, uma vez que dá ao repórter a oportunidade de captar não só a realidade concreta dos fatos, mas também a realidade emocional dos personagens nela envolvidos. A prática do novo jornalismo exige do repórter um “mergulho” na realidade que pretende descrever, como forma de captá-la com mais profundidade, e a utilização de recursos como observação, descrição, narração, uso de símbolos e metáforas, dentre outros, para tornar o texto mais atraente.

O jornalismo literário, ou “new journalism”, é representado por meio de reportagens que procuram analisar os acontecimentos de forma mais ampla e sob diversos ângulos, narrando-os de forma sensível e envolvente, tendo como ponto marcante a presença de pessoas e suas histórias de vida na narrativa. A estrutura deste novo jornalismo foge à estrutura mais rígida do jornalismo convencional, como o lead, sem, contudo, escapar à apuração ética e criteriosa da notícia. O livro-reportagem, a biografia e a grande reportagem são alguns gêneros do jornalismo literário.

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Por suas peculiaridades, o jornalismo literário é um produto raro de ser encontrado nos jornais impressos, uma vez que estes possuem espaços de publicação e de tempo restritos. A superação da superficialidade do jornalismo convencional através de uma prática jornalística mais aprofundada, que negocie jornalismo e narração literária, é a proposta dessa forma de jornalismo, que procura não se prender apenas ao factual, mas busca oferecer uma apuração mais profunda, a “imersão” na história, as impressões e a interpretação do acontecimento. Atualmente, o livro-reportagem é um dos mais importantes veículos do jornalismo literário.

Considerando estas características e tendo em vista o interesse pela literatura de realidade e pela experiência que o trabalho de pesquisa, investigação e redação de textos jornalísticos – não limitados ao imediatismo do fato e a um estilo mecânico de noticiá-lo – pode proporcionar ao jornalista, a proposta de escrever um livro-reportagem acabou sendo a opção selecionada para retratar a temática das crianças filhas de presidiários. Devido à limitação de tempo para execução do trabalho, foi sugerida pelo professor orientador, Giovandro Marcus Ferreira, a elaboração de uma série de reportagens, mas com o início da apuração e devido à forte vinculação dos fatos apurados, mantivemos o formato do livro-reportagem.

A idéia da elaboração de uma grande reportagem voltada para a publicação em jornal ou revista foi descartada considerando que nestes veículos há uma limitação de tempo e de espaço para a apuração e redação jornalísticas, além das exigências editoriais que costumam reduzir a liberdade do jornalista na sugestão da pauta, captação de informações e na redação e edição do texto. Ademais, o “new journalism” possui, hoje, pouco espaço nestes tipos de publicações.

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Na imprensa diária, seja ela impressa, televisiva, radiofônica ou digital, a atualidade e a periodicidade são os requisitos indispensáveis, que impulsionam e imprimem um ritmo competitivo, factual, restritivo, cada vez mais instantâneo e, conseqüentemente, superficial às notícias. Preso à obsessão de atender a um tempo quase imediato e às exigências do mercado, o jornalismo cotidiano, principalmente com o advento das tecnologias digitais, costuma recorrer a fórmulas rápidas e fáceis de noticiar os fatos.

Como resultado deste processo, ocorrências sociais que necessitam de um maior aprofundamento, são tratadas de forma limitada. A ditadura do “novo” e a ânsia pelo “furo jornalístico” acabam fazendo com que aspectos relevantes dos assuntos noticiados passem despercebidos pelo jornalista, impregnado pelas práticas frenéticas e rotineiras das redações. Além disso, tais exigências fazem com que problemas sociais graves, mas não necessariamente novos, tornem-se banais e percam o status de noticiáveis.

O livro-reportagem, diante desta limitação, procura estender a função meramente informativa do jornalismo cotidiano uma vez que cobre os vazios deixados pela imprensa e amplia, para o leitor, a compreensão da realidade (LIMA, P. 2004). Por esta razão, e tendo em vista a pretensão de abordar mais profundamente a temática das crianças filhas de presidiários, o formato do livro-reportagem acabou sendo escolhido.

De acordo com Pereira Lima (2004) o livro-reportagem é muitas vezes fruto da inquietude do jornalista que tem algo a dizer, com profundidade, e não encontra espaço para fazê-lo no seu âmbito regular de trabalho, na imprensa cotidiana. Ou é fruto disso

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ou de outra inquietude: a de procurar realizar um trabalho que lhe permita utilizar todo o seu potencial construtor de narrativas da realidade. O diferencial deste recurso é que ele procura fornecer com mais detalhes e exatidão o relato da realidade que se pretende analisar, e dos acontecimentos por trás dela, permitindo ao jornalista a adoção de um estilo textual próximo à literatura.

Apesar de serem utilizados principalmente no relato de grandes fatos históricos, em assuntos de grande repercussão, e em biografias de personalidades, o livro-reportagem e a grande-reportagem podem estar mais próximos do cotidiano, desempenhado uma função mais humanizadora, como propõe o jornalismo literário, retratando fatos de relevância social. De acordo com Amoroso LIMA (1969), por acontecimentos, não devemos entender apenas os grandes fatos históricos. Mas tudo o que faz a trama do cotidiano, da própria vida, tanto individual como social.

Ricardo Kotscho (1989) explica que a “reportagem social”, que ele prefere denominar de “drama social”, permite um vínculo mais direto do jornalismo com a comunidade. Mas alerta que, de tanto se repetir, o drama social acaba deixando muitos jornalista insensíveis, no entanto cabe ao repórter colocar esta realidade – para que ela possa ser mudada, e não camuflada – todos os dias nos jornais.

Apesar do vínculo com a atualidade – ou como propõe Pereira Lima (2004), com a contemporaneidade –, o livro-reportagem, para lograr êxito, deve primar pela superação do imediatismo e se vincular a uma visão universal do fato. Desta forma, o jornalismo deve “seguir os passos do repórter de rua”, como sugere Antonio Olinto (1968), e sair de encontro ao acontecimento, vendo-o sob um aspecto dramático.

Andar pelas ruas sem outra intenção que não a de ver, de mergulhar os olhos em cada coisa, em cada figura, em cada fachada de casa, no

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calçamento interrompido, no capim que rompe a prisão da pedra, no gato que corre para um muro, andar assim é como redescobrir o mundo, encontrar sentidos ocultos em tudo o que existe (OLINTO, A. 1968, p.40).

A descrição das pessoas envolvidas na temática apresentada, as suas histórias de vida, os contextos sócio-econômico-culturais, são imprescindíveis ao jornalismo literário. De acordo com o professor Liráucio Girardi Jr (1995), a etnografia pode ajudar os repórteres a pensar sobre as condições de produção do seu próprio trabalho.

Na grande reportagem o repórter pode transformar-se em um “etnógrafo” de sua própria sociedade ou dos diversos grupos e acontecimentos que ela comporta. Situações e histórias de vida que transformam homens e grupos sociais em outros, aqueles que nos causam espanto, atraem nossa ira ou curiosidade por serem diferentes, imersos em um mundo sobre o qual temos pouca informação e que ao mesmo tempo fazem parte do fragmentado imaginário de nossa sociedade.(GIRARDI, 1995, p.9).

Segundo Girardi, através de uma grande reportagem, esse outro que aparece na narrativa jornalística passa a ter um rosto, uma história de vida, uma visão de mundo e, em alguns casos, esse processo de construção da sua identidade lança-o a meio caminho entre um ser dotado de vontade, capaz de fazer escolhas sobre os fatos mais importantes de sua vida, e um ser condicionado por uma estrutura social, uma cultura que lhe condiciona as práticas cotidianas.

Para atingir esta meta, resolvi adotar o formato do livro-reportagem-retrato, classificado por Lima (2004) como aquele que não focaliza e traça o perfil de uma figura humana, mas de uma região geográfica ou setor da sociedade, por exemplo, procurando retratá-lo de forma a “elucidar, sobre tudo, seus mecanismos de funcionamento, seus problemas, sua complexidade” (LIMA, 2004, p. 53).

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A PRODUÇÃO

A produção do livro-reportagem se deu em diversas etapas. Envolveu um grande trabalho de captação de dados, através de entrevistas preliminares, consulta a acervos bibliográficos, consulta a relatórios sociais e à legislação, visitas ao abrigo e creche do Centro Nova Semente, além de trabalho de campo no presídio. Com o trabalho de pesquisa e de apuração dos fatos, as pautas foram constantemente alteradas, as perguntas de algumas entrevistas tiveram que ser modificadas e complementadas, surgiu a necessidade de ouvir novos entrevistados e, com isso, várias dificuldades.

A falta ou a imprecisão de informações da penitenciária e, conseqüentemente; a inexistência de corpo técnico prestando efetivo apoio ao funcionamento do Centro Nova Semente; a falta de acesso às autoridades públicas, que se esquivavam em prestar esclarecimentos e em conceder entrevista a uma estudante de jornalismo; e diversos outros obstáculos foram sendo encontrados durante a execução do trabalho. As visitas a bibliotecas e arquivos de jornais geraram pouco material de referência para o trabalho, uma vez que o assunto não costuma ser abordado. A consulta porém, a monografias e testes de mestrado de estudantes de outros Estados, a respeito da instalação de creches no sistema penitenciário foram de grande utilidade para o trabalho. As dificuldades encontradas também se relacionaram muito ao fato da implantação de uma creche para filhos de presidiários fora do âmbito penitenciário ser inovadora – no material consultado não há referências sobre este tipo de creche em outros Estados.

O acesso ao Complexo Penitenciário do Estado da Bahia não foi tão difícil como imaginava. Logo na primeira visita ao Centro Nova Semente fui convidada pela sua dirigente para acompanhá-la na visita das crianças às mães reclusas na penitenciária

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feminina. Utilizando muito a observação e conversando informalmente com as presidiárias, uma vez que não podia utilizar papel e caneta e nem realizar entrevistas com as presas naquele momento, pois ainda não tinha a autorização da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, consegui apreender e passar para o livro, posteriormente, as sensações que uma pessoa comum pode ter quando da primeira visita ao ambiente carcerário.

Das entrevistas com as presidiárias, com as assistentes sociais da penitenciária, com familiares das detentas e com as cuidadoras das crianças, e das observações feitas nos locais surgiu grande parte do conteúdo do livro-reportagem. Para um melhor aproveitamento das entrevistas, procurei estabelecer um contato interativo com as entrevistadas, aproximando-me delas através de um diálogo simples e consultando o roteiro das perguntas apenas para conferir se todos os questionamentos haviam sido respondidos durante a entrevista. De acordo com Cremilda Medina (1990), no processo de entrevistas, o entrevistador deve possuir capacidade dialógica, de forma a estabelecer um contato mais humanizado com o entrevistado. Para a autora, “a verdadeira entrevista é aquela em que ocorre o fenômeno da identificação, a fonte de informação, o repórter e o receptor se interligam numa única vivência” (MEDINA, 1990). Deste modo, procurei elaborar um roteiro que explorasse a biografia das pessoas, a forma como elas adentraram o contexto penitenciário, os antecedentes familiares e a implicação da prisão para as relações com a família. Tentei captar o máximo de detalhes sobre a vida dos entrevistados e sobre os seus comportamentos.

Algumas visitas e entrevistas tiveram que ser adiadas por motivos de segurança. Certa feita na penitenciária, aguardando o horário para entrevistar três presidiárias, presenciei uma confusão que denunciava um início de rebelião no pátio e,

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apesar da insistência em ficar no local, pois poderia ter mais conteúdo para inserir no livro, me aconselharam que não ficasse ali e fui proibida de entrevistar detentas naquele dia.

As demais entrevistas com as presidiárias seguiram sem problemas. Não houve um processo de seleção propriamente dito. Como fui vários dias à penitenciária, procurei não interferir muito nas atividades rotineiras do estabelecimento. Como a diretora estava de licença médica, a assistente social me auxiliou no acesso às presas, deixando-me muito à vontade para escolher quem entrevistar, desde que respeitasse o seu direito de não querer dar entrevista. Apenas uma mãe apenada desistiu de continuar a dar entrevistas, talvez por medo de se comprometer, mas alegando uma desculpa qualquer.

Algumas entrevistas foram gravadas, mas em outras, para deixar as entrevistadas mais à vontade, deixava para registrar as informações em um papel assim que deixava a penitenciária. Apesar de ter deixado bem claro que fazia um trabalho de conclusão do curso em jornalismo direcionado à temática das crianças filhas de presidiários, e que as entrevistas serviriam de base para uma reportagem, a maior parte das entrevistadas não parecia muito preocupada com o gravador e menos ainda com o resultado do trabalho. Falavam de suas vidas, se justificavam, às vezes se emocionavam. Poucas vezes lembravam que estavam sendo gravadas e, nestes momentos, simplesmente paravam de falar.

Como era difícil precisar até que ponto as presas falavam a verdade, uma vez que pela sua própria condição e para não serem ainda mais incriminadas elas tendem a mentir, surgiu outro problema: na maioria dos casos era impossível exercer o princípio do contraditório ou apurar a veracidade das informações concedidas, principalmente

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quando os acusados pelas detentas foram suas vítimas e estão mortos. O máximo que pude fazer nestes casos foi confrontar as informações das presas aos dados dos relatórios a seu respeito e informações das assistentes sociais, diretora, e de alguns poucos agentes.

Transcrevi integralmente várias entrevistas, mas o trabalho desgastante, pois a maioria delas durava mais que uma hora, obrigando-me a passar longos períodos com a transcrição, e a limitação de tempo fizeram com que, nas últimas gravações, apenas ouvisse e anotasse o que poderia ser relevante para o livro, para que não me atrasasse na produção dos textos.

Em relação às crianças, não houve entrevistas, porque a maioria delas tem entre zero e seis anos e mal sabem se expressar verbalmente, apenas dando respostas monossilábicas e sem muita espontaneidade quando questionadas. Optei, desta forma, por utilizar pequenas e fragmentas conversas, além de anotações acerca do que elas falavam e sobre as suas atitudes, sem que fosse preciso a minha interferência. Apenas uma “entrevista”, com uma garota de nove anos, foi gravada.

Algumas vezes senti-me desconfortável em apenas observar, questionar, analisar e escrever sobre as desgraças e injustiças que acometiam as presas, seus filhos e familiares, como se estivesse me beneficiando com elas. Nestes momentos, porém, procurava basear-me no pensamento de Tom Wolfe (2005), a respeito dos cuidados que um jornalista deve tomar no relacionamento com os personagens.

“Muitos repórteres (...) acabam tomados por um sentimento de culpa, de responsabilidade, de obrigação. ‘Tenho a reputação desse homem, o seu futuro, em minhas mãos’. Podem começar a se sentir como

vouyers – ‘Espionei a vida desse homem, devorei-a com os olhos, não

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esse tipo de coisa nunca deveriam assumir o novo estilo de jornalismo” (WOLFE, 2005, p.84).

Tendo em vista este fato, procurei manter-me distanciada o máximo que pude. E até em face disso decidi por não me incluir na narrativa. Segundo Talese (2004), o novo jornalismo possibilita ao autor inserir-se na narrativa se assim o desejar, como fazem muitos escritores, ou assumir o papel de um observador neutro, como ele preferia fazer.

“Eu costumo seguir os objetos de minha reportagem de forma discreta, observando-os em situações reveladoras, atentando para suas reações e para as reações dos outros diante deles. Tento apreender a cena em sua inteireza, o diálogo e o clima, a tensão, o drama, o conflito, e então em geral escrevo do ponto de vista da pessoa retratada, às vezes revelando o que os indivíduos pensam durante os momentos que descrevo” (TALESE, 2004, p.10).

A forma que Gay Talese e outros jornalistas literários encontraram para oferecer “a sensação de estar dentro da cabeça do personagem”, no momento em que as cenas acontecem, era entrevistando-o profundamente; questionando quais os seus sentimentos e suas emoções diante de cada acontecimento.

Para Tom Wolfe (2005), os melhores trabalhos do Novo Jornalismo foram feitos com narrativas em terceira pessoa, com o autor mantendo-se absolutamente invisível, e fornecendo o ponto de vista de outra pessoa, de um personagem particular.

“Muitos repórteres que tentam escrever Novo Jornalismo usam o formato autobiográfico – ‘Eu estava presente, e foi assim que senti’ – precisamente porque isso parece resolver tantos problemas técnicos. O Novo Jornalismo foi muitas vezes qualificado de jornalismo ‘subjetivo’ por essa razão; Richard Schickel, em Commentary, definiu-o como ‘uma forma em que fica entendido que o autor se mantém em primeiro plano em todos os momentos’”. (WOLFE, 2005, p. 70)

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Considerando estes ensinamentos acabei adotando o discurso em terceira pessoa, entrevistei exaustivamente alguns personagens e procurei ficar atenta aos seus mais simples comportamentos. Atentando também para o ambiente que circundava os fatos que presenciava, procurei muitas vezes descrevê-los, de forma a “pintar” uma imagem através das características dos locais. Por esta razão, e tendo em vista as dificuldades que teria que enfrentar para tirar fotos, preferi desde o início proceder desta maneira.

Apesar de perseguir constantemente, na execução do livro-reportagem, a mítica objetividade dos fatos – preconizada nas teorias de jornalismo – e de manter-me fora da narrativa, confesso que não foi possível alcançá-la em alguns pontos do trabalho. Muito contribuiu para isso o fato de não me ter sido permitido (por burocracia, por falta de vontade ou por omissão) o acesso a algumas autoridades públicas que pudessem explicar as irregularidades encontradas na penitenciária e as denúncias feitas contra essas pessoas. Outro fato que acho importante salientar é que acabei de alguma forma me envolvendo emocionalmente com a realidade chocante que pude presenciar pessoalmente na prisão. Afinal, é quase impossível entrar em contato com uma situação caótica e ao menos não refletir e tomar posicionamentos a respeito dela. A objetividade total, em face destas situações, acabou sendo inalcançável.

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O APRENDIZADO

Por mais prazerosa que seja, a produção de um livro-reportagem é sempre uma tarefa complicada. Penetrar na vida de indivíduos desconhecidos, que costumam sofrer forte preconceito, e abordar um tema que as pessoas costumam rejeitar, é uma escolha ainda mais difícil. Imergir-me em um ambiente como a penitenciária, espaço de segregação de indivíduos “indesejáveis”, e ter acesso a uma realidade que as pessoas preferem manter à distância, foi uma experiência singular. Durante meses, deparei-me com incontáveis dúvidas e dificuldades; e enfrentar os obstáculos do caminho, a maioria deles de ordem técnica e ética, contribuiu de maneira especial para o meu amadurecimento profissional.

Os olhares e comentários preconceituosos, curiosos e algumas vezes complacentes das pessoas a quem revelava o foco do meu trabalho só me fizeram ter certeza de que havia acertado na escolha da temática a ser abordada no produto experimental. A novidade do tema e as reações de aversão ou de sensibilidade das pessoas confirmaram que aquela seria a chance perfeita de fazer jornalismo, pois estaria indo onde poucos vão e desvendando histórias de pessoas e lugares aos quais o grande público não tem acesso.

No desenvolvimento do trabalho pude pôr em prática várias teorias aprendidas durante os quatro anos de faculdade e aplicar as técnicas observadas nas oficinas de jornalismo, como a produção de pautas, a apuração dos fatos e a redação do texto. As pesquisas sobre o assunto e coleta de dados, o trabalho de campo e as leituras sobre técnicas de reportagem foram de fundamental importância durante todo o processo.

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Muitas vezes, porém, fatos e situações que não estavam sobre o alcance dos conteúdos fornecidos pela faculdade e manuais jornalísticos, obrigaram-me a aprender a lidar com circunstâncias para as quais não fui preparada e a buscar a solução no método de tentativa e erro.

O maior problema, porém, que tive que enfrentar foi a limitação de tempo. Temas a serem abordados, como por exemplo a relação dos agentes penitenciários com as crianças, tiveram que ser suprimidos, uma vez que não houve disponibilidade de tempo nem por mim, que corria contra o tempo para a produção do trabalho, nem pelos próprios profissionais, que são poucos e dificilmente podem deixar o trabalho para conceder entrevistas. Esta perspectiva, porém, bem como outras que deixaram de ser apresentadas, pretendo abordar posteriormente em uma edição mais completa do livro-reportagem. Também a busca incessante de informações resultou no acúmulo de textos, dados e fragmentos de entrevistas que não puderam ser utilizados no produto final, uma vez que exigiriam uma abordagem mais abrangente e acabaria desviando e comprometendo o foco do trabalho. Mas a cada visita ou entrevista que realizava, se abria um leque de informações que poderia explorar caso o período de apuração e redação do texto – foram apenas três meses para isso – não fosse tão reduzido. A obra é, desta forma, inacabada. E pretendo aperfeiçoá-la posteriormente.

Todas as decisões, atitudes, dificuldades e dúvidas durante a experiência de elaboração do livro-reportagem sobre os filhos e filhas de presidiários (as) levaram-me a crer que nenhum outro produto, tema ou formato me forneceriam o grande aprendizado que tive. Cada um dos dias de apuração, cada uma das madrugadas na produção do texto, cada choro ou sorriso, meus e dos personagens deste trabalho, cada

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lição, tudo que contribuiu de forma significativa para a minha trajetória profissional estará marcado para sempre na minha história. Ao concluir este trabalho, fica claro para mim quem eu era e quem sou agora profissional e pessoalmente. Porque por mais que tenha perseguido a ilusória imparcialidade perante os fatos, estou certa de que este livro não revela completamente e por si só a realidade observada; ele foi apenas uma abordagem possível, marcada pelo olhar da repórter experimental.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ex-detento executado dentro de táxi. Jornal A Tarde. 1º de setembro de 2006.

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LIMA, Alceu Amoroso. O jornalismo como gênero literário. Rio de Janeiro: AGIR, 1969

LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas - o livro reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 3ª edição. São Paulo: Manole, 2004.

MEDINA, Cremilda de Araújo. Povo e personagem. Canoas: Ulbra, 1996.

________, Entrevista: o diálogo possível. São Paulo: Ática, 1990.

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QUINTINO , Silmara Aparecida. Creche na prisão feminina do Paraná – Humanização da pena ou intensificação do controle social do Estado? Curitiba . 2005. Disponível em:

<http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/5937/1/Capa+e+Sum%3Frio.pdf>. Acesso em 18 de novembro de 2006.

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SANTA RITA, Rosângela Peixoto. Creche no sistema penitenciário: Um estudo sobre a situação da primeira infância nas unidades prisionais femininas brasileiras. Brasília. 2002. Disponível em: <www.mj.gov.br/depen/publicacoes/monografia_rosangela.pdf>.

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TALESE, Gay. Fama & Anonimato. São Paulo: Schwarcz Ltda, 2004.

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D'Eça, Aline Costa.

Filhos do Cárcere: Inocentes cumprem pena com os pais nas penitenciárias/ Aline Costa D'Eça – Salvador: A. C. D'Eça, 2006.

120p.

Orientador: Professor Doutor Giovandro Marcus Ferreira.

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo) – Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, 2006.

1. Um outro mundo. 2. Nossa casa e escolinha. 3. Anjo e bandido. 4. Festa e agonia. 5. Mãe apenada. 6. Crianças na prisão. 7. Reencontro. 8. Ao lado do pai. 9. Tarde no jardim.

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TERMO DE APROVAÇÃO

ALINE COSTA D'EÇA

FILHOS DO CÁRCERE:

INOCENTES CUMPREM PENA COM OS PAIS NAS PENITENCIÁRIAS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

Giovandro Marcus Ferreira

______________________________________________________________ Doutor em Ciências da Informação Medias - Université de Paris II Panthéon Assas Simone Terezinha Bortolieiro

______________________________________________________________ Doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo Carla Aragão

______________________________________________________________ Jornalista e coordenadora do Núcleo de Comunicação da CIPÓ – Comunicação Interativa

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D'EÇA, Aline Costa. Filhos do Cárcere: Inocentes cumprem pena com os pais nas penitenciárias. 2006. 120 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (Comunicação Social com habilitação em Jornalismo). Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Autorizo a reprodução [parcial] deste trabalho

para fins de comutação bibliográfica.

Salvador, 20 de dezembro de 2006.

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