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A NOVA GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO: SERÁ O BRASIL UM GLOBAL PLAYER?

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A NOVA GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO: SERÁ O BRASIL UM GLOBAL PLAYER? CIRO MARQUES REIS

Doutorando em Geografia UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Brasil Pesquisador do Grupo de Pesquisa GeoBrasil - Geografia Brasileira: história e politica – UERJ E-mail: ciro.reis@gmail.com

Resumo:

A geopolítica do petróleo sempre esteve tradicionalmente ligada ao Oriente Médio e a OPEP, representados por países pouco industrializados porém com grandes reservas de petróleo e gás, e suas relações políticas e econômicas com países industrializados com pouca reserva e com grandes mercados consumidores. No entanto, impulsionados por avanços técnicos que possibilitaram não somente a descoberta de grandes reservas, mas sobretudo, a exploração e produção de petróleo e gás de fontes não convencionais, novos atores começam a desenhar uma nova geografia do petróleo. As areias betuminosas do Canadá, o óleo e gás de xisto norte-americano, e o pré-sal brasileiro, em conjunto com óleo extra pesado da Venezuela, apontam para um possível deslocamento do eixo geopolítico do petróleo do Oriente Médio para as Américas. Neste sentido, este presente trabalho tem por finalidade, pensar sobre a nova posição do Brasil no cenário energético e econômico mundial dentro deste contexto. Buscando iniciar uma plataforma de discussões e cenários geopolíticos para o Brasil no setor, este trabalho apresentará um levantamento e análise dos estudos e pesquisas sobre petróleo e gás que estão sendo desenvolvidos sobre esses novos atores da geopolítica do petróleo. Por último, serão apontados temas e caminhos importantes de investigação ainda pouco explorados sobre o posicionamento do Estado brasileiro na geopolítica do petróleo e gás. A ideia aqui é iniciar caminhos para a elaboração de cenários geopolíticos no setor de petróleo e gás para o Brasil frente aos atuais desafios da Globalização.

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Introdução

EUA, Canadá, Brasil, e Venezuela, segundo especialistas e organizações internacionais do setor energético e especificamente do setor de petróleo e gás, estão prestes a revolucionar o atual cenário da indústria petrolífera mundial (MAUGERI, 2012; OPEC, 2012; IEA, 2012). Impulsionados por avanços técnicos que vem possibilitando, não somente a descoberta de grandes reservas, mas, sobretudo, a exploração e produção de petróleo e gás de fontes não convencionais, esses países podem levar o continente americano a uma posição de menor ou nenhuma dependência energética (principalmente no caso norte americano) em relação às regiões tradicionais como o Oriente Médio e Norte da África, desenhando uma nova geografia e geopolítica do petróleo no mundo.

A geopolítica do petróleo sempre esteve tradicionalmente ligada ao Oriente Médio e a OPEP, e o mundo do petróleo dividido entre países consumidores e países produtores, numa relação que pode ser aproximada às relações, centro-periferia, desenvolvidos-subdesenvolvidos, industrializados-pouco industrializados. A potencial mudança deste quadro, está apoiada em 4 (quatro) elementos chaves, que são os motores das projeções promissoras para Américas no sentido do surgimento de uma nova configuração energética mundial: as areias betuminosas do Canadá, o óleo e o gás de xisto norte-americano, o pré-sal brasileiro, e o óleo extra pesado da Venezuela. Todas essas fontes de recursos fósseis supracitadas, no entanto, requerem alto grau de tecnologia da cadeia produtiva do petróleo e gás (exploração, produção, refino, transporte), estão expostas a questionamentos de ordem ambiental, e provocam reestruturações que influenciam na dinâmica interna destes países e entre os territórios (SANTOS, 2008), seja na escala regional, ou mundial.

Elencando e discutindo as publicações e relatórios técnicos mais recentes sobre o tema, este presente trabalho tem por finalidade dar continuidade às investigações do Grupo GeoBrasil da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (MACHADO & REIS, 2011; MACHADO, 2012; GOMES, REIS, MACHADO, 2012), no sentido de pensar sobre o papel do Brasil no cada vez mais globalizado cenário energético e econômico mundial. Através de uma perspectiva geopolítica da indústria petrolífera, procura-se responder se o Brasil é atualmente um Global Player do setor petrolífero mundial.

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1. O conceito de global player, política externa proativa e instrumentalização geopolítica da Petrobras.

O termo global player, em sua tradução literal significa “jogador global”. A expressão está ligada ao peso que empresas ou países possuem na esfera internacional. O termo tem sido utilizado, em tempos de globalização acelerada, para adjetivar empresas ou países que são protagonistas no mercado global. Pode ser associado no sentido amplo, observando as diversas faces do ator e o seu peso e influência sobre territórios e/ou mercados. O melhor exemplo é a força norte-americana no atual quadro dos países, em suas variadas faces (política, econômica, cultural, militar, etc.) que eleva os EUA a posição de principal global player, em grau absoluto. Mas o termo pode ser associado a determinados segmentos e setores, onde países e empresas podem se destacar globalmente, como na indústria armamentista, no setor de agronegócios, e para o nosso caso em particular, na indústria mundial de petróleo. É neste sentido, que utilizaremos o termo global player, associando o Brasil à indústria do petróleo, procurando analisar segundo Kenkel (2008), se o Brasil é um “jogador” de peso ou apenas um “espectador nas margens”.

No campo da geopolítica, compreender a linha ideológica dos governos é importante. No caso brasileiro, sendo o estado o maior indutor da economia, essa relação é mais íntima ainda, já que a Petrobras, a maior empresa do país, tem como sócio majoritário, o próprio governo. Partindo da premissa que as estratégias geopolíticas dos países estão intimamente ligadas à ideologia dos executores de sua política externa, e por consequência, às ações dos governos no âmbito internacional, faz-se necessário identificar a corrente ideológica predominante. Segundo Saraiva (2010), duas são as correntes ideológicas que dominam a diplomacia brasileira, e por consequência interferem na política externa adotada pelo país. Uma pragmática (dominante nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso), que possui conduta internacional adaptada às regras internacionais para obter meios de promover o desenvolvimento do país, e outra autônoma, mais proativa, que segundo a Autora, possui forte influência no Partido dos Trabalhadores (PT), e vem impondo sua visão estratégica de mundo, que inclui o projeto de tornar o Brasil um global player. E a Petrobras S.A. pode ser vista como o maior instrumento geopolítico do estado brasileiro na atualidade. Esta relação entre as pretensões de liderança regional e instrumentalização geopolítica da Petrobras, foi observada por Machado (2012, p.160):

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... o Brasil já é citado com única potencia da América Latina e líder entre países em desenvolvimento, condição alcançada principalmente no segundo mandato do governo Lula (2007-2010). Dentre as atuações brasileiras no plano econômico, a estatal Petrobras tem exercido enorme participação nesse dinamismo do país no mundo, impulsionando, especialmente, uma integração sul-americana a partir do eixo brasileiro.

A vocação para grandeza do Brasil, já está exarada na cultura nacional. Embora nunca efetivada em sua plenitude, de momentos em momentos ela é resgata. O último grande momento de resgate ocorreu com o advento da descoberta das imensas reservas do pré-sal em águas profundas na costa brasileira. A então ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por ocasião da primeira extração de petróleo de Tupi1, em 2009 evocou o discurso desenvolvimentista de um

futuro promissor:

O pré-sal é ao mesmo tempo um conjunto monumental de jazidas, a maior descoberta de reservas no mundo, e além disso um gigantesco símbolo de futuro. Uma perspectiva clara de um excelente futuro para nós. (ZERO HORA, 2009)2

Ainda em 2009, Dilma Rousseff, já então pré-candidata à presidência, reafirmou a importância do pré-sal, e do fortalecimento da Petrobras como instrumento geopolítico:

Queremos ampliar o papel econômico e geopolítico do Brasil no cenário internacional... Vamos ter uma política de conteúdo nacional que vai depender da nossa capacidade de internalizar e transformar essa demanda em empregos brasileiros e tecnologia nacional. (JORNA DO BRASIL, 2009)3. A Petrobrás, que historicamente já traz o nacionalismo como marca registrada (FURTADO & FREITAS, 2004; MARTINS, 2008; NETO, 2012), passou, principalmente após as descobertas do pré-sal, a ser a empresa estratégica para o governo brasileiro, tanto para suas pretensões internacionais de integração regional (FERREIRA, 2009; BARRERA, 2012), quanto para ser o

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O campo de Tupi passou a ser denominado em 2010 como campo de Lula. As estimativas apontam que este primeiro campo em exploração do pré-sal tenha entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo equivalente (óleo e gás). 2 http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/noticia/2009/05/dilma-exalta-vocacao-de-grandeza-do-brasil-em-tupi-2495781.html 3 http://www.jb.com.br/economia/noticias/2009/09/30/pre-sal-instrumento-de-geopolitica/

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principal motor do desenvolvimento econômico e social dentro do próprio território. Nada representa melhor o peso geopolítico do pré-sal do que o novo marco regulatório do petróleo4.

Com ele, o Brasil passa a controlar, através da Petrobrás, todo petróleo e gás produzido no território nacional.

Principal estatal brasileira, e estratégica para o desenvolvimento econômico nacional, a Petrobrás é parte fundamental neste novo marco regulatório do petróleo. Aos desafios impostos pela descoberta do pré-sal e às projeções de investimentos de U$220 bilhões até 2014 feitas pela empresa, juntaram-se a vontade política do governo federal de controlar o processo de E&P na área do pré-sal e de investir na Petrobras viabilizando a consecução dos planos de crescimento da empresa. (GOMES, REIS, MACHADO, 2012, p. 6).

O novo marco regulatório além da clara pretensão de assegurar o controle das reservas, também estabelece uma relação diferenciada com a Petrobras, em relação a outras empresas do setor.

Funcionamento do novo marco regulatório do petróleo brasileiro Áreas do

contrato Modelo Adotado Detalhes do Contrato Contratado

Pré-sal e áreas estratégicas

Cessão onerosa

União cede direito de E&P de 5 Bilhões de Barris de óleo equivalente (R$8,51

BOE) Exclusividade da Petrobrás

Petrobras paga R$74,8 bilhões à União através da venda de ações

Partilha de produção

Repartição do óleo excedente entre

União e Petrobrás Petrobras 100%

Repartição do óleo excedente entre União e consórcio

Consórcio (Petrobras operadora + terceiros vencedores de licitação)

Outras áreas Concessão

União cede o direito de E&P de blocos.

Todas Empresas pagam bônus de assinatura,

royalties e participações especiais

4 Em dezembro de 2010 o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 12.351 que dispõe, entre

outros temas, sobre a exploração e a produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluídos, sob o regime de partilha de produção, em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas. Esta nova legislação estabelece regras diferenciadas de grande impacto para o Estado brasileiro, dentre elas, substitui o modelo de concessão da produção pelo modelo de partilha. Em linhas gerais, o sistema de partilha é o mais adequado a países possuidores de grandes reservas e que apresentam baixos riscos exploratórios.

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Quadro 1 – Funcionamento do marco regulatório Brasileiro Fonte: Grupo de Pesquisa GeoBrasil: política e história – UERJ, 2012 2. O que é o pré-sal hoje?

De uma maneira geral os números divulgados das reservas possíveis na área do pré-sal são muito variados, e a cobertura jornalística especializada segue este mesmo padrão. A cada descoberta ou sondagem feita na área do pré-sal esses números mudam. A cada poço seco encontrado, as ações da Petrobrás despencam, e a cada novo sucesso exploratório, as perspectivas de serem encontradas maiores quantidades de petróleo na área do pré-sal se revigoram. De acordo com dados estatísticos da ANP, os fatos atuais são os seguintes: em 2011, na região do pré-sal, foram produzidos 167,5 mil barris de petróleo por dia. Isso significa que a participação do pré-sal na produção nacional de petróleo e gás, ao final de 2011 foi de 7,5% (ANP, 2012). Apesar de promissor, o pré-sal ainda não possui peso significativo na produção brasileira de petróleo. O Brasil produziu em 2011, segundo dados do anuário estatístico da OPEC, um pouco mais de 2 milhões de barris de petróleo por dia, ocupando o 110 lugar no ranking mundial

de produtores5 de petróleo. Em relação às reservas, o Brasil ocupa a 140 posição dentre todos as

nações6. Neste sentido, apesar do crescimento das atividades internacionais da Petrobras, e

valorizando mais a capacidade produtiva do que o potencial de reservas de petróleo, o Brasil não está, hoje, entre os grandes players mundiais.

3. O que o pré-sal pode vir a ser?

O executivo do petróleo, Leonardo Maugeri, em entrevista concedida à revista Isto é Dinheiro, em agosto de 2012, explicitou suas projeções para a indústria do petróleo, muitas delas oriundas do seu trabalho Oil – The Next Revolution, onde sustenta baseado em parâmetros como o preço do petróleo e a expectativa de produção mundial de petróleo, que o mundo aumentará até 2020 a sua produção de petróleo. Não haverá, em médio prazo escassez de petróleo no mundo. Sobre o pré-sal, Maugeri sugere que a produção será importante para o Brasil, que segundo suas

5 Rússia, Arábia Saudita, Estados Unidos, China, Irã, Venezuela, Kuwait, Iraque, Emirados Árabes, e México

produziram mas petróleo que o Brasil em 2011.

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Venezuela, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes, Rússia, Líbia, Cazaquistão, Nigéria, Catar, Estados Unidos, e China, possuem, em dados de 2011, mais reservas do que o Brasil.

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previsões, dobrará sua produção diária de petróleo, chegando a 4,5 milhões de barris por dia. No entanto, alerta que as formações do pré-sal são as mais caras e de mais difícil operação, o que encarece o processo de exploração e produção. Serão necessários de 8 a 10 anos para estabelecer uma produção que chegue a 4,5 milhões de barris por dia. Embora a Petrobras tenha capacidade técnica para operação em águas profundas, há questões de infraestrutura a serem vencidas e mão de obra a ser qualificada em tempo muito curto para os planos de expansão da empresa. O novo marco regulatório, que estabelece a obrigatoriedade da participação da Petrobras em todos os consórcios formados para exploração na região do pré-sal e áreas consideradas estratégicas pela União, pode também ser um entrave, no sentido de tornar a captação de investimentos mais complexa, e de desestimular a participação de firmas estrangeiras, que gerariam mais capital, transferência de tecnologia, e qualificação de mão de obra.

4. Elementos limitadores: demanda interna versus capacidade produtiva, e desafios para realização das potencialidades do pré-sal.

Embora o Brasil tenha declarado sua autossuficiência em petróleo em 2006, fruto do equilíbrio entre a produção e consumo de petróleo naquele ano, os dados dos anos subsequentes demonstraram que esta relação não era sustentável. Vide Tabela 1.

Tabela 1 – produção x consumo (crude oil, milhões b/d) - Brasil– 2011

2007 2008 2009 2010 2011

Produção 1,748.0 1,812.1 1,950.4 2,054.7 2,105.4

Consumo 2,381.7 2,518.4 2,572.1 2,709.2 2,779.1

Saldo - 633.7 - 706.3 - 621.7 - 654.5 - 673.7

Fonte: OPEC - Annual Statistical Bulletin 2012.

Elaboração: GeoBrasil, Grupo de Pesquisa Geográfica Brasileira: História e Política (UERJ)

A análise da Tabela 1 permite mensurar a evolução do consumo e da produção do petróleo no período 2007-2011. Neste período o Brasil registrou déficits médios de aproximadamente 658 mil barris de petróleo por dia. Importante notar que tanto produção quanto consumo registraram aumentos sequenciais, com a produção aumentando em 20,4% e consumo em 16,7% no período citado. O que leva a crer que futuramente as curvas de produção e consumo

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voltarão a se tocar. No entanto, esses termos valem para o óleo cru, quando a mais séria dependência brasileira está focada em derivados, como a gasolina. Segundo a Presidente da Petrobrás Graça Foster, com a entrada em ação de mais refinarias, o Brasil deverá alcançar novamente a autossuficiência, inclusive de derivados, em 2020. Só em 2012 o Brasil comprou 3,8 bilhões de litros do combustível no exterior, o maior volume da série histórica da agência, iniciada em 20007

Sobre este mesmo tema, o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, em entrevista à Down Jones, disse:

A demanda (interna) acompanhará o crescimento da oferta, então não vejo o Brasil como um grande exportador de petróleo no futuro. É claro que o país será um exportador líquido, mas não alcançará um posição relevante (como exportador)”(GOZZI, 2012).

O pré-sal é um tema recente na literatura acadêmica, e está mais presente em artigos de jornais e revistas econômicas, relatórios técnicos de empresas públicas ou ligadas ao mercado petrolífero. Isso, muito em virtude da extrema velocidade das transformações no setor. A análise dessas fontes permite constatar que o Brasil está diante de enormes desafios para a realização de toda capacidade produtiva das reservas do pré-sal. As questões centrais apresentadas para futuro são:

 O sucesso do pré-sal está ligado aos sucessos dos blocos exploratórios;

 Mesmo com o crescimento da produção de petróleo, a fraca capacidade de refino no Brasil, continuará impondo a importação de derivados;

 Há inúmeros gargalos estruturais no Brasil que precisam ser resolvidos, de infraestrutura a qualificação de mão de obra;

 No campo internacional, a descoberta de outras reservas em outros países pode diminuir o poder de barganha brasileiro. Exemplo: xisto no EUA, areias betuminosas no Canadá, reservas gigantes na Rússia e na costa atlântica da África, e na África subsaariana;

 Falta de investimento para consecução dos projetos do pré-sal;

 Questões ecológicas e mudanças no paradigma energético para fontes de recurso renováveis;

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http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2013/02/13/internas_economia,350248/brasil-importa-volume-recorde-de-gasolina-em-2012.shtml

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 Se houver período de crescimento econômico a demanda interna por petróleo e derivados não permitirá que o Brasil se torne exportador de peso no cenário mundial;

 A relação entre Petrobras e Estado brasileiro tem sido criticada por analista do mercado energético, e tem sido apontada como principal motivo para queda do valor de mercado da companhia.

Considerações Finais

O Brasil, por suas dimensões, pelo tamanho de sua população, pelo grau de industrialização, e pelos recursos naturais de que dispõe, é um candidato natural a uma posição de destaque no cenário mundial. Algumas ações como a regular solicitação por um assento no Conselho de Segurança da ONU, os recentes empréstimos brasileiros ao FMI, o comando das forças de paz no Haiti, o protagonismo no combate a erradicação da fome no mundo, seus esforços em aprimorar mecanismo de integração regional como a UNASUL e MERCOSUL, sua participação em fóruns internacionais como o G20, tem demonstrado o esforço do governo brasileiro em ocupar um lugar de destaque no quadro das nações.

Neste contexto, as descobertas das reservas petrolíferas do pré-sal passaram a ser vistas como elemento estratégico para elevar o Brasil a grande potencia energética. Das águas ultra profundas da costa sudeste do Brasil, emergiria então o Brasil grande.

Mas aparentemente, o mundo passará por um período de médio a longo prazo com boa oferta de petróleo, e avanços técnicos tem proporcionado a descoberta de grandes reservas em outras regiões do planeta, com potencialidade para explorar e produzir petróleos não convencionais. Esses fatores, aliados aos grandes gargalos estruturais brasileiros, de certa maneira diminuem o impacto geopolítico do pré-sal no contexto global.

Mesmo com um desafio de tamanha envergadura, é bastante provável que o Brasil de fato eleve suas reservas a patamares importantes, e que desenvolva uma maior potencialidade produtiva, e que estabeleça um parque de refino que diminua a dependência brasileira de derivados, mas isso não implica em afirmar que o Brasil venha a se tornar um global player no mercado mundial de petróleo.

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REFERÂNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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