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ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO. 1º Ten Cav ALAN JONES SOARES DUARTE

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Academic year: 2021

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ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO

1º Ten Cav ALAN JONES SOARES DUARTE

O CAVALO DE SALTO DO EXÉRCITO:

ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS PRODUTOS DA COUDELARIA DO RINCÃO E SUAS MELHORIAS GENÉTICAS ENTRE 2010 E 2014.

Rio de Janeiro 2015

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1ºTen Cav ALAN JONES SOARES DUARTE

O CAVALO DE SALTO DO EXÉRCITO:

ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS PRODUTOS DA COUDELARIA DO RINCÃO E SUAS MELHORIAS GENÉTICAS ENTRE 2010 E 2014.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Equitação do Exército como requisito parcial para a obtenção do certificado de Pós-graduação em Equitação.

Orientador: Cap Cav FELIPE MATOS BADU

Rio de Janeiro 2015

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1ºTen Cav ALAN JONES SOARES DUARTE

O CAVALO DE SALTO DO EXÉRCITO:

ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS PRODUTOS DA COUDELARIA DO RINCÃO E SUAS MELHORIAS GENÉTICAS ENTRE 2010 E 2014.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Equitação do Exército como requisito parcial para a obtenção do certificado de Pós-graduação em Equitação.

Aprovado em .

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO

______________________________________ ALTAIR AMADO ALVES - Maj Cav - Presidente

Escola de Equitação do Exército

_______________________________________ FELIPE MATOS BADU- Cap Cav – 1º Membro

Escola de Equitação do Exército

_____________________________________ DANIELA KAMP – 1º Ten Vet – 2º Membro

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À minha família, uma homenagem pela confiança em mim depositada em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporcionar a realização do curso de Instrutor de Equitação do Exército e me conceder proteção e sabedoria nos momentos de maior provação.

Ao Cap Badu meu orientador, meus sinceros agradecimentos pela distinta colaboração na realização deste trabalho.

Aos instrutores da EsEqEx, pelos conhecimentos transmitidos em todas as instruções, sempre com total comprometimento e responsabilidade em ensinar tudo aquilo que sabem.

A minha família, razão principal de minha existência, meu afeto e eterna gratidão.

A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para este trabalho ser concluído.

Ao cavalo Rei do Rincão, pelos inúmeros exemplos em que a sua lealdade era exposta, mesmo quando praticar equitação era dificultado por desmontar o cavaleiro.

Aos cavalos, pela razão de existir da Cavalaria e que, mesmo com a evolução do combate, merecem admiração pelos seus feitos do passado.

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Deus impeça que eu vá para um céu onde não haja cavalos (R. B. CUNNINGHAM-GRAHAM).

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresenta um estudo acerca dos produtos da Coudelaria de Rincão, sob uma ótica voltada ao resultado em concurso de salto. O objetivo da análise é buscar uma relação entre a genealogia equina e a participação em competições de salto de obstáculo de maiores destaques no âmbito do Exército Brasileiro. Anualmente a Coudelaria de Rincão produz e distribui os seus cavalos para as Organizações Militares, preenchendo as necessidades do cotidiano e exercendo as mais diversas atividades equestres. Dentre as atividades, o salto se apresenta como uma das principais e mais clássica a ser executada pelos animais, o que faz com que a Coudelaria de Rincão venha se aprimorando na busca de animais capacitados geneticamente para o Hipismo. Objetiva-se que ao ter o produto da Coudelaria de Rincão nas principais provas de salto do Exército em sua série principal permita traçar um paralelo entre seu histórico genealógico e sua excelência na prática desportiva do salto. A avaliação dos cavalos produzidos pela Coudelaria de Rincão e seus resultados em competições de salto poderá subsidiar a Coudelaria como parâmetro para seleção racial e genética de animais com qualificações para a prática do salto.

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ABSTRACT

This Work Course Conclusion presents a study about the product of the Coudelaria de Rincão Institution, from a perspective focused on results in jumping contest. The objective of the analysis is to find a relationship between the equine genealogy and participation in obstacle jumping competitions of the highlights within the Brazilian Army. Annually the Coudelaria de Rincão produces and distributes their horses for Military Organizations, filling everyday needs and exercising the most diverse equestrian activities. Among the activities, the jump itself as one of the leading and most classic to be performed by the animals, which causes the Coudelaria de Rincão will be improving in the search for qualified genetically to the Equestrian. If the objective is that by having the product of the Coudelaria de Rincão in the main Army jumping events in its main series enable to draw a parallel between his genealogical history and its excellence in sports jump practice. The evaluation of horses produced by Coudelaria de Rincão and the results in jumping competitions may help the Coudelaria as a parameter for racial and genetic selection of animals with qualifications for jumping practice.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

2. PRESSUPOSTOS BÁSICOS... 13

2.1 A HISTÓRIA DO CAVALO ... 13

2.2 O CAVALO E SUAS DEFINIÇÕES... 15

2.3 O SALTO... 17

2.4 O CAVALO DE SALTO E SUAS PARTICULARIDADES... 20

3. TRABALHO REALIZADO PELO CAVALEIRO... 22

4. GENEALOGIA... 28

5. PRODUÇÃO EQUINA DO EXÉRCITO BRASILEIRO... 33

6. PROVAS HÍPICAS DE SALTO DO EXÉRCITO E SEUS RESULTADOS 37 7. MELHORAMENTO GENÉTICO E ANÁLISE DE VARIÁVEIS... 42

8. CONCLUSÕES... 45

REFERÊNCIAS... 47

ANEXO A – FILIAÇÃO DOS CAVALOS DO RINCÃO DE SALTO DO EB 2010- 2014... 50

APÊNDICE A – ENTREVISTA CAVALEIRO... 53

APÊNDICE B – ENTREVISTA CHEFE DA SEÇÃO DE REMONTA E VETERINÁRIA... 55

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1. INTRODUÇÃO

O cavalo tem sua utilização e relação com o ser humano há milhares de anos. Os homens utilizavam-se dos animais como alimentos e, da mesma forma, de outros animais que por ora viessem a surgir em seu caminho. Com o decorrer dos séculos, houve a domesticação do cavalo, vindo a contribuir de forma importante para o desenvolvimento das civilizações naquele tempo. Até a Era Medieval, os cavalos eram utilizados exclusivamente pelos cavaleiros na Europa. O equino passou a ser utilizado para trabalho e transporte, porém, foi nas batalhas que o animal foi empregado de forma mais evidente e decisiva.

Com a modernização cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, a revolução tecnológica transformou também as técnicas de combate, tornando o cavalo mais obsoleto para o aparato bélico que se configurava há época. O cavalo foi substituído por máquinas de guerra, com viaturas sobre-rodas e sobre-lagartas, além da evolução estratégica no modo de combater. Dessa forma, a Cavalaria Medieval que se utilizava de investidas e combates gloriosos sobre o dorso do animal foi sendo substituída pela forma de combate mecanizada e blindada do século passado.

O cavalo continua presente em diversas atividades militares pelo mundo, apresentando-se como uma saída inteligente para enfrentar distúrbios da ordem pública e conflitos urbanos. O equino também vem sendo utilizado para adentrar áreas de acesso complicado e restrito, utilizado para transporte, usado também em cerimonial militar e apresentações artísticas, e tratamento locomotor de pessoas com deficiência física.

Dentre todos os empregos atuais do cavalo, é o esporte que se faz destacar pela criatividade nas execuções do desporto em si e relação entre homem e animal. O esporte equestre apresenta diversas variações com relação ao que se propõe executar, podendo ser uma corrida de galope em que o mais rápido vence ou uma corrida de velocidade por um campo com diversos obstáculos a serem vencidos. Além disso, a atividade equestre apresenta suas ramificações distribuídas de forma heterogênea pelo Brasil e pelo Mundo, sendo praticado de forma mais intensa em uma dada região do que em outra.

O salto, ou salto de obstáculo, é uma modalidade equestre reconhecida internacionalmente e com praticantes em diversas partes do mundo. Ele se configura em um esporte de grande visibilidade por se tratar de uma modalidade olímpica. Além do que, a curiosidade e determinação em fazer com que o cavalo transponha um obstáculo pela

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vontade do homem imposta ao animal faz com que a sua prática ganhe ainda mais adeptos.

A prática do hipismo de obstáculos é uma atividade que requer poder aquisitivo superior às outras modalidades desportivas mais populares. O gasto para se montar um cavalo em clube ou particular vai além do que simplesmente pagar pelas aulas ou pelo equipamento que utiliza com o cavalo, a prática da equitação mexe com uma quantia considerável de dinheiro pelo mundo. Os cavalos de grande rendimento ou olímpicos são exemplos de animais que se tornam uma fonte de investimento para os grandes conhecedores e amantes deste esporte.

O alto investimento em pesquisa para o melhoramento dos resultados dos cavalos em provas faz com que cada vez mais o cruzamento genético possibilite um animal mais disposto para saltar um obstáculo com vigor e confiança que sua capacidade motora lhe possibilita.

A busca de um cavalo com condições perfeitas para a prática do salto fez com que o Brasil investisse neste sonho a ponto de criar uma raça de cavalo nacional, Brasileiro de Hipismo, que apresenta raízes e influência das mais diversas raças do mundo, tornando o equino um exemplo de equinocultura bem-sucedida.

O Exército Brasileiro, assim como os criadores de cavalos brasileiros que acreditaram na produção de um exemplar padrão de cavalo, também vêm investindo no estudo e produção de cavalos mais versáteis e propensos ao desporto. A Coudelaria de Rincão, organização militar que produz os animais do Exército, produz animais com características cada vez mais rigorosas e aptidão desportiva ainda mais acentuada.

O estudo do cavalo tem seu primeiro livro intitulado como “Manual de Cavalaria” escrito por Xenofonte em 400 anos a.C., contendo diversas informações e conhecimentos sobre o animal. Sendo assim, o acompanhamento do cotidiano do equino, em especial o desportivo, se torna de fundamental importância quando o objetivo é adquirir um animal de grandes resultados. Através da avaliação de cada animal, pode se analisar alguns dados de maneira a verificar o seu desempenho e direcionar o treinamento de forma mais adequada.

O treinamento direcionado e adequado ao animal de histórico genealógico predisposto ao salto, por exemplo, permite que o cavalo obtenha sucesso em sua vida desportiva, alcançando resultados comprobatórios desta associação.

O Exército Brasileiro possui muitas Unidades que se utilizam de cavalos para a prática desportiva do salto de obstáculos, porém existe uma carência no que tange o

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acompanhamento de resultados dos animais utilizados para o Hipismo. Uma vez que os equinos são atletas, a avaliação de seus resultados se torna fundamental para conhecermos suas qualidades e habilidades.

O presente estudo foi motivado pela necessidade de analisar os resultados dos diversos conjuntos Cavalo-Cavaleiro nas principais provas hípicas de salto de obstáculos e analisar sua carga genealógica, traçando um paralelo entre sua ascendência familiar e o trabalho dirigido ao animal. Assim, podendo fornecer à Coudelaria de Rincão e ao Exército Brasileiro os seus reprodutores de melhor resultado final para o cavalo de salto.

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2. PRESSUPOSTOS BÁSICOS

2.1. HISTÓRIA DO CAVALO

A história do mundo tem no cavalo um animal de significativa importância. Foi o equino que esteve presente em diversas guerras junto do homem e o levou aos mais diversos lugares do mundo, até mesmo na origem da era cristã lá estava presente o animal. O cavalo e seus ancestrais tem sua origem há milhares de anos, com características bem diferentes das atuais e muito antes do surgimento do homem.

A história do cavalo tem seu início no baixo Eoceno, há 55 milhões de anos, quando massas de terra continentais, as faixas montanhosas e os oceanos Atlântico e Índico começaram a se formar. Durante esse tempo, extinguiram-se os répteis marinhos, os mamíferos placentários evoluíram e começaram a aparecer os ancestrais do elefante, do rinoceronte, do boi, do porco, do macaco e do cavalo.

O cavalo, em sua forma primitiva, cerca de 50 milhões de anos antes da evolução do homem, era um pequeno mamífero de 30 com e muitos dedos, chamado de Hyracotherium.

O Hyracotherium desapareceu há cerca de 40 milhões de anos por não conseguir se adaptar às constantes mudanças geológicas. No baixo Plioceno, surgiu o Pliohippus , um animal ungulado, três vezes maior que o Hyracotherium, o qual, pelo inicio da era do homo sapiens , evoluiu para o Equus, atingindo cerca de 1,32 m de altura.SILVER (2000, p. 11-12)

Figura 1: Hyracotherium Fonte: Enciclopédia Britânica

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A evolução da então forma primitiva do cavalo, com os seus 30 cm, para a forma atual, com animais de estatura girando em torno de 1,65m como é o caso do Brasileiro de Hipismo, possibilitou grande conhecimento e curiosidade do ser humano levando-o a se aproximar deste animal. A evolução e o povoamento do cavalo pelo mundo possibilitou o surgimento de novas variedades de equinos.

Como o Hyracotherium , o Equus parece ter-se originado na América do Norte. Mas, ao contrário do primeiro, migrou para o sul , tornando-se o mais antigo cavalo sul-americano. Espalhou-se também pela Ásia e Europa, e de lá para o sul, em direção à África. Há cerca de 8 mil anos, ele tornou-se extinto nas Américas, e os tipos adaptados da Europa , Ásia e África (diferentes espécies de Equus surgidas de acordo com o terreno e o clima) tornaram-se os ancestrais exclusivos do cavalo moderno.

Os três tipos básicos pré-históricos – cavalo das estepes, cavalo da floresta e cavalo do planalto – são amplamente considerados responsáveis pela imensa variedade atual de Equus caballus. SILVER (2000,p.12)

Figura 2: Evolução equina a partir dos seus ancestrais Fonte: The evolution of the horse

Figura 3: Evolução da altura do cavalo e de seus ancestrais Fonte: Horse over time

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2.2. O CAVALO E SUAS DEFINIÇÕES

O cavalo, do latim caballu, é um mamífero hipomorfo, da ordem dos ungulados, uma das três subespécies modernas da espécie Equus ferus. A denominação para as femes é égua, para os machos não castrados, garanhão, e para os filhotes, potro. Esse grande ungulado é membro da mesma família dos asnos e das zebras, a dos equídeos. Todos os sete membros da família dos equídeos são do mesmo gênero Equus, e podem relacionar-se e produzir híbridos, não-férteis, como as mulas (Enciclopédia BARSA, 2000).

Os cavalos são animais que apresentam uma característica sociável e se organizam em grupos liderados por uma matriarca. Utilizam a linguagem corporal para realizarem a comunicação entre os integrantes de sua manada. Em vida selvagem, utilizam sua velocidade para escaparem dos predadores.

O uso do cavalo recebe grande atenção pelo ser humano desde a Antiguidade, onde a domesticação desses animais possibilitou um grande salto evolutivo. As características dos cavalos, como força, velocidade e resistência, permitiram que o uso deste ser vivo alcançasse os objetivos a que foram submetidos.

Os cavalos domesticados foram utilizados inicialmente e por muito tempo para o trabalho de locomoção. Eles apresentavam grande resistência para cobrir distâncias que a pé seriam inviáveis, elevado grau de força física para transporte de cargas que até então era realizado por escravos, e velocidade que permitia economizar tempo nos deslocamentos que duravam dias.

Devido a sua capacidade fisiológica, o cavalo configurou-se como principal meio de transporte, seja de pessoas, seja de carga. A sua capacidade de trabalho fez com que o cavalo fosse empregado no meio rural, permitindo ao camponês a sua utilização como ferramenta na produção agrícola.

Outro emprego do cavalo que acompanhou a evolução em sua domesticação foi o emprego em campanhas bélicas, caracterizando o seu uso como animais de tração para o segmento logístico e animais de combate quando montados em sua linha de frente. Essa evolução na adoção do cavalo como ferramenta de guerra proporcionou a quem possuísse o animal em suas fileiras como inovadores, como pode é relatado por FLORI (2005, p.73) “específico do combate a cavalo, ele contribuiu para transformar aqueles que

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combatiam dessa maneira em uma categoria particular de guerreiros, uma elite[...] como os primeiros aviadores do início do século XX[...].”

A doma e compreensão do animal chegaram ao ponto de emprego do cavalo como peça de combate ao realizar movimentos de alto escola para dispersar ou ferir o inimigo, como por exemplo, as curvetas e cabriolas.

Figura 4: Curveta Fonte: Med in caballo

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Fonte: Hotel du Parc

Com a evolução estratégica das guerras e alcance do poder de fogo dos armamentos, os cavalos deixaram de fazer parte da linha de frente dos conflitos atuais, porém, sua utilização em Operações de Garantia da Lei e da Ordem e conflitos não convencionais vêm ganhando cada vez mais força. O cavalo produz grande efeito psicológico nos causadores da desordem devido ao número de homens montados equivalerem a três vezes o número de homens a pé.

Os equinos também merecem destaque em outras áreas do cenário nacional, sendo empregados em atividades terapêuticas, apresentações, lazer e desporto. Dentre as principais atividades desportivas executadas pelos animais se destacam as corridas, rodeios, salto de obstáculos, adestramento, polo e cross country.

2.3. O SALTO

O salto de obstáculo ou hipismo é uma das modalidades desportivas clássicas reconhecidas pela Federação Equestre Internacional e tem sua prática bastante difundida em todos os países, podendo ser praticado por homens e mulheres, nas mais diferentes faixas etárias.

O salto consiste em criar condições favoráveis ao cavalo para que este possa transpor obstáculos em ordem definida e nas mais diferentes características e dificuldades, vencendo a barreira com segurança e conforto.

Regida pela FEI – Federação Equestre Internacional – a modalidade Salto consiste basicamente numa prova em que o conjunto (cavalo/cavaleiro) percorre um percurso entre 8 a 12 obstáculos diferentes e de variados graus de dificuldade, variando de 0.80 metro (em provas de Escolinhas de Equitação no Brasil) até 1.60 metro (em Grandes Prêmios, Jogos Olímpicos e Mundiais). Disponível em: <http://www.brasilhipismo.com.br/salto#sthash.rLJRG26D.dpuf>. Acesso em: 16 setembro 2015.

A modalidade de Salto tem sua origem possivelmente na Inglaterra, onde os nobres apreciadores de corrida de cavalos em campo aberto e da caça a raposa, concurso este que se caracterizava por perseguição à caça acompanhado por cachorros em campos abertos e, consequentemente, com obstáculos naturais em seu caminho.

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Figura 6: Caça a raposa

Fonte: Henrique Autran Dourado

Durante a segunda metade do século XIX, os ingleses adaptaram o campo aberto a um ambiente delimitado e reduzido, reproduzindo os obstáculos encontrados. Surgiram dessa maneira as provas de salto, podendo ser realizadas em picadeiro ou pista, ganhando novas atualizações e regras com o decorrer dos anos.

Os créditos na forma como saltar atualmente cabem ao italiano Federico Caprili que desenvolveu a posição do cavaleiro para realizar o salto além de introduzir cercas de 15 a 20 em sequência para que fossem transpostas, o que se dá o nome de percurso.

Inicialmente os cavaleiros saltavam com o corpo na vertical e para traz tendo como ponto de equilíbrio a boca do cavalo através das rédeas e as pernas. No final do Século XIX o capitão italiano Frederico Caprilli inovou a técnica de saltar, deixando a cabeça e o pescoço do cavalo livres, procurando não interferir no equilíbrio natural do cavalo durante a trajetória do salto. Mudou a posição do cavaleiro na sela, o cavaleiro com os estribos mais curtos, o corpo levemente inclinado para frente e seguindo, durante a trajetória do salto, a mesma direção do corpo do cavalo liberando seu lombo. Disponível em: <http://www.brasilhipismo.com.br/salto#sthash.rLJRG26D.dpuf>. Acesso em: 16 setembro 2015.

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Figura 7: Salto realizado antes de Caprilli

Fonte: Rivoluzione

Figura 8: Caprilli saltando Fonte: Caprilli

As provas de salto têm como objetivo completar o percurso, normalmente entre 8 e 12 obstáculos, dentro das especificidades da competição sem que seja penalizado. O conjunto concorrente pode ser penalizado, por exemplo, se errar o percurso pré-estabelecido; refugar diante do obstáculo a ser saltado; derrubar alguma vara ao tentar ou transpor o obstáculo; exceder o tempo do percurso previamente estabelecido; ou cair do cavalo.

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Figura 9: Pista de salto Fonte: O bairrista

No mundo, a Federação Equestre Internacional, FEI, é que a responsável por regular a modalidade equestre, criando legislações, fiscalizando o cumprimento de normas e organizando competições. No Brasil, o salto fica sob responsabilidade da Confederação Brasileira de Hipismo, CBH. O Exército Brasileiro também participa e organiza a modalidade de salto nas mais diversas categorias e níveis de dificuldades, tendo suas provas regulamentadas pelas normas da CBH e FEI.

2.4. O CAVALO DE SALTO E SUAS PARTICULARIDADES

O cavalo de salto, assim como qualquer outro cavalo de esporte, apresenta características fundamentais para a modalidade, sejam elas inerente ao animal, sejam elas desenvolvidas pelo treinamento diário. O cavalo de hipismo na modalidade de salto deve apresentar entre suas principais qualidades a energia, a potência, a calma, a fraqueza, a agilidade, a flexibilidade, o equilíbrio, a destreza e o respeito pelo obstáculo. Essas características podem ser assim definidas:

– ENERGIA – qualidade natural do cavalo, que lhe permite encontrar dentro de si, reservas que o tornam capaz de enfrentar com êxito, as dificuldades que lhe apresentemos.

– POTÊNCIA – qualidade natural do cavalo, geralmente resultante de uma sólida constituição física e um grande desenvolvimento muscular.

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– CALMA – qualidade que permite ao cavalo manter-se sereno em todas as ocasiões, avançando serenamente para os obstáculos que lhe são apresentados, sem perturbações ou hesitações, aguardando serenamente a autorização ou o comando de seu cavaleiro para transpor cada obstáculo, deixando-se retomar facilmente após cada salto. [...]

– FRANQUEZA – é a naturalidade com que o cavalo avança para qualquer obstáculo que lhe seja apresentado, conhecido ou desconhecido, fácil ou difícil, numa andadura franca, igual, sem hesitação capaz de alongar e encurtar sua andadura à vontade de seu cavaleiro. [...]

– AGILIDADE – qualidade natural do cavalo, que lhe permite a realização, sem esforço aparente, das exigências que lhe são feitas. [...]

– FLEXIBILIDADE – muitas vezes natural, mas a ser sempre cada vez mais desenvolvida, permite ao cavaleiro um grande e fácil domínio sobre sua montada, em qualquer velocidade e direção, e ao cavalo as retomadas que terá de impor, por si mesmo, ao seu movimento.

– EQUILIBRIO – é a perfeita distribuição de peso pelo corpo do cavalo, permitindo-lhe dispor de sua massa, à vontade, conforme as circunstâncias. [...] – DESTREZA – é a qualidade do cavalo que, mesmo nas piores circunstâncias, procura e consegue encontrar meios de sair de dificuldades, corrigindo seus próprios erros ou os de seu cavaleiro. [...]

– RESPEITO PELO OBSTÁCULO – [...] Qualidade que os fará, sempre, empregar-se a fundo em qualquer obstáculo, para transpô-lo com a certeza de não o tocar. [...] ( EXÉRCITO BRASILEIRO, 2013, p.4)

Essas qualidades que são apresentadas pelo animal devem ser estimuladas pelo trabalho diário, fazendo com que a sua capacidade física interaja com suas qualidades morais. O sucesso dessa interação é aperfeiçoado pelo método racional de trabalho, que consiste em iniciar o animal, fazendo com que o mesmo aceite ser trabalhado, passando ao adestramento, permitindo que o animal execute uma evolução correta, seguindo para o adestramento no obstáculo, fazendo com que o cavalo realize o salto da maneira desejada inicialmente, e por fim, o aperfeiçoamento do cavaleiro, visando obter junto ao seu animal um desenvolvimento expressivo e excelência para o salto. Dessa forma, é fácil concluir que a existência das inúmeras qualidades no animal de salto para atingir o sucesso somente será possível se for estimulada e aperfeiçoado por seu cavaleiro.

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3. O TRABALHO REALIZADO PELO CAVALEIRO

O trabalho realizado pelo cavaleiro junto a sua montada configura em parte essencial para a formação do caráter do cavalo e em suas atividades que serão objeto de exigência para alcançar um patamar elevado em seu desenvolvimento. O cavalo de salto do Exército, assim como os demais cavalos, é pertencente à União e o seu trabalho específico é atribuído a um militar que se encarregará de obter do animal as respostas exigidas na labuta diária do picadeiro, pista de salto e outros terrenos.

A excelência desportiva do cavalo de salto do Exército não é obtida simplesmente por uma árvore genealógica exemplar, mas pela associação de trabalho específico que contribui para que o animal desenvolva essa capacidade de alcançar os objetivos impostos ao animal.

O ponto de destaque e ápice do trabalho do cavalo de salto do Exército é alcançar a série principal do Campeonato de Salto do Exército, onde os esforços exigidos ao cavalo e cavaleiro são observados no decorrer de um percurso em dias consecutivos visando obter um conjunto com o menor número de penalidades dentro do tempo exigido para a prova.

Os conjuntos participantes compõe um universo entre cavalos reiúnos, reiúnos vinculados de representação e particulares. Os conjuntos, independentes de sua origem, saltam a prova que tem altura de 1,20m e geralmente 12 obstáculos.

Para alcançar essa série pelos concorrentes e seus animais, muitos militares procuram no interior de suas Organizações Militares animais com capacidade para realizarem a prova, e outro buscam em animais fornecidos pela instituição como animais vinculados de representação. Estes animais, considerados Reiúnos por serem pertencentes ao Exército, recebem o treinamento prévio para aquela prova e podem alcançar níveis mais altos quando bem treinados.

Os cavalos de salto do Exército tem sua capacidade de salto para atingir 1,30m já que a qualidade equina produzida na Coudelaria de Rincão lhe fornece esse grau, como relata MIRANDA (2015) “O limite que temos para o salto, no EB, é a série 1,30m. Para tanto nossa Coudelaria já produz animais de excelente qualidade”.

Da mesma forma, pode se observar participações de conjuntos militares em prova de 1,30m concorrendo com outros conjuntos de diversas origem, como é o caso da Temporada Hípica do Campo de Instrução de Gericinó 2014 em que na sua prova de

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1,30m o conjunto formado pelo Major Marcelo e o cavalo Farrapo do Rincão sagraram-se campeões da prova.

A aptidão do cavalo para participar de provas de salto de obstáculos é observada de forma costumeira nas competições em que é julgado em dois dias o seu trabalho realizado por alguns anos ou décadas. Um exemplo bem-sucedido de animal da Coudelaria de Rincão que alcançou grande expressão desportiva é a égua Califórnia do Rincão que foi 5 vezes considerada o melhor cavalo do rincão na modalidade salto, pentacampeã salto do Comando Militar do Sul, vice-campeã do Campeonato de Salto do Exército em 2009, além de duas vezes campeã do Campeonato Noturno de Salto do 3º Regimento de Cavalaria de Guarda.

A égua Califórnia do Rincão é vinculada de representação e montada desde 2002 pelo Major Renato Pacheco. A égua começou a ser montada no 3º Regimento de Cavalaria de Guarda em 2002, tendo sua iniciação em 2003. Em 2004 a égua já estava saltando 1,00m, em 2005 saltava 1,10m e a partir de 2006 a égua já saltava séries 1,20 e 1,30m.

Figura 10: Maj Pacheco e Califórnia do Rincão Fonte: Coudelaria

Outro exemplo é o cavalo Farrapo do Rincão, vinculado de representação do Major Marcelo Ferme dos Santos, e montado desde 2004. Animal recebido como cavalo de

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pelotão do 3º Regimento de Cavalaria de Guarda, passou à situação de vinculado de representação em 2005. Em 2006 saltou provas de 1,20m e 2007 por ocasião da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais competiu somente provas dentro da guarnição militar do Rio de Janeiro. Em 2008 voltou a montar regularmente em provas de 1,20m, incluído o Campeonato de Salto do Exército. Em 2009, fez sua estreia na série 1,30m e em 2010 iniciou a série 1,35m em competições civis.

Figura 11: Maj Marcelo e Farrapo do Rincão Fonte: EsEqEx

A progressividade do trabalho, dedicação dos cavaleiros e respeito pelas fases de aprendizado dos animais foram respeitadas em ambos os caso, o que possibilitou aos cavaleiros formarem conjuntos expressivos e de destaque no âmbito do Exército. Dessa forma, a progressão e comprometimento são fatores preponderantes para o conjunto cavalo-cavaleiro.

Creio que, para um conjunto ser competitivo, seja indispensável que o cavaleiro assuma a condição de atleta do binômio que vai formar. Analisar as aptidões e possibilidades do cavalo, estudar, planejar, executar com disciplina e coragem de atleta, adotando como referencial o sistema de progressão de trabalho dos cavalos de salto do Brasil (categorias da Confederação Brasileira de Hipismo x idade do cavalo, por exemplo) serão ações constantes do conjunto cavalo-cavaleiro.(MIRANDA, 2015)

Outro cavalo que foi apresentado durante o Campeonato do Exército de Salto foi o Cavalo Íntegro do Rincão montado pelo Capitão Vinicius Delevati Lavarda, diferente de

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outros animais com maior tempo de formação junto ao seu cavaleiro, o conjunto foi formado um mês antes do Campeonato do Exército de Salto de 2014 para a participação na prova principal. O cavalo é vinculado de representação do Coronel R-1 Renato Baldisserra. O animal ainda apresenta um cruzamento julgado melhor para o hipismo pelo Coronel R-1 Maia, apresentando 3/4 de sua origem de Puro Sangue Inglês. Além do mais, recebeu atenção especial em seu treinamento após ser distribuído como vinculado de representação.

Os cavalos de salto do Exército têm sua linhagem relacionada a cruzamento genético que através do mesmo se obtém um animal de características semelhantes e pendor desportivo significativo quando trabalhado. LAVARDA (2015) destaca que “Os cavalos reiúnos possuem o melhor trabalho de base e adestramento, aliados aos sangues voltados para o salto.” De acordo com PACHECO (2015) “estamos produzindo um plantel de primeiro mundo com uma seleção apurada de matrizes e garanhões.” GUARIENTI (2015) afirma que “Pelo padrão apresentado pelos potros da última geração distribuída, a Coudelaria demonstrou uma grande evolução.” O que permite com que muitos cavaleiros militares elejam o cavalo do Rincão para a prática do salto de obstáculo devido às suas aptidões.

Outro exemplo de cavaleiro que optou pelo cavalo do rincão é o Cap Gibson Aragonez Guarienti que formou um conjunto com o cavalo Exótico do Rincão em 2012, chegando à série principal do Campeonato do Exército de Salto 2014. O animal é reiúno e foi selecionado para o trabalho com cavaleiro, atingindo os objetivos estabelecidos pelo mesmo. GUARIENTI (2015) destaca que “O critério adotado foi a evolução apresentada no desenvolvimento do trabalho, permitindo atingir objetivos maiores.”

Os cavaleiros ao formarem um conjunto expressivo para competirem em provas de grande visibilidade no âmbito do Exército buscam qualidades que vão além daquelas observadas simplesmente por terem uma linhagem de renome ou pré-disposição para o trabalho, é durante o trabalho rotineiro junto ao animal que vão se observando as dificuldades e facilidades para a prática do salto. SANTOS (2015) assegura que “o trabalho diário, aliado a eterna busca por aperfeiçoamento, com aulas e clinicas além do cuidado com o bem estar do animal, são a chave para o sucesso.”

Além do mais, é importante que seja dada atenção especial ao plantel que já se encontram nas Organizações Militares e realizar um trabalho visando desenvolver a prática desportiva para o salto de obstáculos. Esses animais que se encontram aquartelados apresentam as mesmas condições para o esporte assim como os demais, o

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que é ressaltado por PACHECO (2015) “muitos cavalos estão perdidos nas baias, o importante é acreditar nos cavalos, ser criterioso na formação e ter paciência, um bom cavalo de salto se faz dia a dia, sem pressa.”

Existem exemplos concretos de cavalos que estavam sendo empregados em pelotão ou cerimonial militar que recebida a devida atenção criteriosa e paciente pode desenvolver o animal para o esporte. Um caso concreto é o cavalo Farrapo do Rincão que foi distribuído ao 3º Regimento de Cavalaria de Guarda para exercer função dentro de pelotão hipo, sendo posteriormente montado pelo então Tenente Marcelo e que depois seria vinculado de representação e hoje tem o seu histórico desportivo extenso e vencedor.

Alguns aspectos importantes observado pelos militares entrevistados sobre o trabalho que realizaram com os animais atribuem a excelência apresentada ao temperamento do animal propenso à atividade, amadurecimento do cavalo, os cuidados com a saúde do animal, a paciência em ensinar o cavalo aquilo que se deseja obter dele, o planejamento do trabalho a ser executado, a coragem do cavalo e a recompensa por parte do cavaleiro quando obtido um grau satisfatório na atividade.

Como todo cavalo que se propõe a saltar obstáculos, os cavalos de salto do Exército apresentam algumas qualidades que lhes possibilitam alcançar grandes resultados quando bem trabalhados. Perguntados sobre as principais virtudes que possibilitaram que seus cavalos chegassem às principais provas de salto do Exército, os entrevistados elencaram algumas que julgam serem indispensáveis, sendo elas: a franqueza para realizar o salto, a calma na frente do obstáculo, a atenção durante o percurso, a boa flexibilidade de básculas e andaduras, a força , o equilíbrio, o bom gesto de salto, a boa trajetória durante o salto, a agilidade e a potência.

O trabalho produzido na Coudelaria de Rincão visa abastecer as necessidades de animais do Exército, buscando a excelência na formação de um plantel cada vez mais aprimorado e específico, recebendo a devida atenção durante a seleção e produção dos diversos animais a serem distribuídos pelo Brasil.

A Coudelaria investe em pesquisas e aperfeiçoamento na excelência do produto final, porém existe a necessidade do trabalho dos animais por cavaleiros que se dediquem à prática do salto, verificando as facilidade e dificuldades na montaria e relatando os mesmos à instituição.

A Coudelaria já tem um plantel de alto nível, se comparado com alguns anos atrás, porém não tem o mesmo objetivo dos grandes haras do Brasil e nem deve

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ter, pois esses haras são totalmente voltados para o comércio. A Coudelaria alcança a demanda do Exército Brasileiro na produção do cavalo de esporte. É claro que se pode e deve melhorar, mas necessitamos de cavaleiros dispostos a investir nesses animais. (SANTOS, 2015)

A busca de grandes resultados pode ser verificada pela dedicação que os cavaleiros que chegaram à grandes provas destinam aos seus animais no dia-a-dia, sendo a maioria dos cavalos da série principal vinculados de representação ou cavalos pertencentes à Organização Militar mas que recebeu atenção específica para o salto por um longo período e por militares comprometidos. Dessa forma, de nada adianta a Coudelaria de Rincão investir na produção de animais que saltem grandes provas se não existem cavaleiros que se dediquem ao trabalho com o animal.

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4. GENEALOGIA

Nos últimos anos, a produção equina brasileira se desenvolveu e ganhou atenção especial nas atividades de esporte e lazer. Dono de um plantel que se configura entre os quatro primeiros do mundo em quantidade, o Brasil apresenta grande destaque na importação e exportação de animais.

O cavalo produzido no Brasil, em especial o Brasileiro de Hipismo, vem ganhando destaque pelas suas condições morfológicas específicas e grande capacidade para realizar o trabalho de salto de obstáculo devido às suas caracteristicas da raça.

O cavalo Brasileiro de Hipismo é resultado do cruzamento de garanhões europeus em éguas nacionais já adaptadas às atividades do hipismo. Através da reprodução de excelentes animais, fêmeas e machos, a seleção rigorosa e controlada permitiu um aperfeiçoamento da raça e estabelecimento de padrão específico ao produto. Os cavalos brasileiros se caracterizam por serem excelentes saltadores e possuidores de grande capacidade de assimilação cognitiva.

A necessidade dos cavaleiros de hipismo em obter um cavalo apto para a prática do salto de obstáculo vem fazendo com que haja um crecente investimento na produção equina, importação de material genético de reprodutores de grande renome e pesquisas para seleção de animais.

O método utilizado na reprodução do equino consite e unir animais de características semelhantes para obtenção do produto desejado, buscando um animal que se aproxime da espectativa gerada. Dessa forma, o que pode ser observado são dois métodos diferentes segundo MARCENAC e AUBLET (1969, p.516-517) “a união de indivíduos da mesma espécie e raças, semelhantes ou não, somente para produzir cavalos; ou diferentes espécies (cavalos: Equus caballus, e burros: Equus asinus) para produzir híbridos (mulas e muares), animais geralmente estéreis.”.

O cavalo produzido, pela união de indivíduos de mesma espécie e raça, passa então por um processo em que visa estabelecer a excelência e padrão da raça específica, sendo assim avaliado quanto aos seus aspectos morfológicos e cognitivo. A reprodução simples pelo acasalamento utiliza um macho e uma fêmea escolhidos especificamente para gerarem um animal que receba as características marcantes dos seus descendentes. O desejo pelo animal com as características específicas, como é o caso dos cavalos de salto, é fomentado por motivos alheios à escolha do próprio animal, sendo utilizados como fornecedores de material genético com o objetivo de produzir um animal

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disposto ao trabalho exigido. Além do mais, possibilita a manutenção do padrão alcançado de animal e, por consequência, a sua evolução, além da possibilidade de reparar uma tendência negativa da raça através da inserção de animais de ótimas características na árvore genealógica dos próximos animais.

A seleção consiste em acasalar os animais da mesma raça, escolhendo especificamente a continuação do melhoramento ao máximo das características dos futuros produtos e atender aos diversos desejos expressos e às necessidades economicas projetadas.

É um método seguro de qualquer boa criação, para conservar a pureza de uma raça (seleção de conservação) e seu desenvolvimento (seleção progressiva) ou para a purificação de uma raça adulterada, mas sem visar uma grande e única similaridade genética. (MARCENAC e AUBLET, 1969, p.516-517)

Dessa forma, os animais sofrem o cruzamento objetivando apresentarem e serem capazes de passarem para as próximas gerações os caracteres positivos que lhes possibilitou alcançarem os padrões seletivos elevados. Por exemplo, um cavalo com excelente conformação e aprumos pode ser considerado ótimo para o trabalho, servindo de referência na produção equina.

Os cavalos que apresentam ao longo da sua existência as respostas as cobrança estabelecidas para sua multiplicação, terão seus genes aproveitados como reprodutores, objetivando passarem a diante as características marcantes apresentadas pelo animal. Diferentemente, os animais que apresentaram uma inadequação aos padrões exigidos para a raça terão seus materiais genéticos proibidos de servirem como base para um próximo aniamal.

Por extensão, em termos de cruzamentos, a seleção também é exercida em busca de valiosos reprodutores com indivíduos de outras raças, eles próprios, também selecionados.

São rigorosamente exluidos os animais que foram reconhecidos como impróprios à seleção, com defeitos ou doenças incompatíveis com a destinação do produto final, pelo contrário, busca-se melhorar as qualidades básicas. (MARCENAC e AUBLET, 1969, p.516-517)

A seleção do animal é baseada na sua resposta às exigências, sendo rigorosamente avaliado quanto à execução do trabalho apresentado de forma correta e

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satisfatória, além de características físicas que lhe insere dentro do grupo de animais a serem avaliados. A seleção fenótipa, relacão entre a capacidade individual genética e o ambiente de interação, ganha maior força, assumindo papel preponderante na seleção do animal. Dessa forma, é possivel avaliar como cada animal interage com o ambiente, de que forma o trabalho exigido é obtido em condições diversas, e como cada cavalo se utiliza das suas capacidades genéticas em campo.

O cavalo atleta, praticante do esporte equestre, passa a obter grande atenção por parte de seus criadores na obtenção de resultados expressivos que façam valer o investimento realizado por eles na produção do animal. Além da parte exposta apresentada pelo cavalo de desporto durante seu trabalho, deve ser dada atenção especial ao fator genético, possibilitando rastrear possíveis anomalias que surgirão no decorrer da vida, enumerar as qualidades apresentadas pelo animal em decorrência de seu grau atlético e estabelecer caracteristicas genealógicas com possibilidade de transmissão para indivíduos futuros.

Uma seleção empírica, baseada unicamente na tradição de julgar o exterior, a mera aparência, deve ser acrescida agora do exame mais frequente e completo possível de forma individual dos genitores, de preferencia do seu poder e energia (seleção fenotípica).

Para os cavalos chegarem ao esporte, olhamos ainda: a linhagem familiar, as qualidades ancestrais, e a acumulação de genes para correspondência com os valores pretendidos (seleção genótipica). Assim tem melhorado a velocidade, a resistência e várias outras habilidades. (MARCENAC e AUBLET, 1969, p.516-517)

Dessa forma, pode se acreditar que um estudo das qualidades apresentadas pelo cavalo no decorrer da vida são devidamente identificados quando analisada sua carga genética e seus ancestrais, devendo ser estabelecido um acompanhamento das variáveis ambientais e das exigências impostas ao cavalo no decorrer do trabalho.

O método de seleção utilizando as informações genéticas do animal é bastante eficiente quando se procura uma relação entre sua origem e o trabalho que deverá executar, sendo assim, a técnica deverá receber um contínuo aperfeiçoamento , buscando novos elementos que possibilitem o initerrupto avanço na produção equina de alto rendimento voltado para o esporte.

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O criador pode ser ajudado na sua escolha pelas informações fornecidas pelos padrões da raça perfeitamente especificada, os resultados devem ser favoráveis (homogeneidade de modelo e qualidade); resta somente continuar o método, no mesmo sentido, eventualmente, buscando novos recursos, sempre com cautela, sem reivindicar muito rápido por resultados, assim, a técnica será constantemente favorável. (MARCENAC e AUBLET, 1969, p.516-517)

O Brasil investiu no estudo e aprimoramento da raça Brasileiro de Hipismo, BH, possuindo atualmente mais de 18 mil animais registrados entre BH e raças formadoras. A produção da raça iniciou em 1977 com o cruzamento de animais rigorosamente selecionados das raças Anglo-árabe e Puro Sangue Inglês com as criações tradicionais Trakener, Hannoveriana, Westfalen, Holsteiner, Oldenburg, Sela Francesa e Sela Belga. Todo esse trabalho de cruzamento e seleção produziu um cavalo com aptidão para modalidades de salto, adestramento, concurso completo de equitação enduro e até mesmo atrelagem.

O aperfeiçoamento da raça de forma genética contribui para animais de grande capacidade esportiva, como exemplo o salto de obstáculo, porém existe a necessidade de canalizar este pendor teórico para a prática. Fatores externos podem fazer com que o animal não desenvolva toda sua capacidade, devendo ser acompanhado e treinado para que consiga aprender aquilo que se é exigido. Muitos criadores buscam um retorno rápido do investimento que foi realizado no animal, sem levar em consideração fatores ambientais na formação do cavalo, como o seu ambiente de descanso e alimentação por exemplo.

A seleção genômica pode fornecer as ferramentas necessárias para o aperfeiçoamento do melhoramento das raças equinas embora fatores ambientais possam interferir no desempenho dos equinos, como nutrição e o treinamento realizado nos cavalos esportistas.(REGATIERI, 2012, p. 230)

O trabalho realizado pelos pesquisadores e criadores de cavalo vem crescendo exponencialmente em todo mundo na busca de um equino sadio e com características individuais de excelente rendimento. O que dificulta todo esse trabalho de melhoramento genético é a dificuldade de transmitir às novas gerações características singulares, como por exemplo o desempenho atlético de cada animal.

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O melhoramento genético dos equinos é tão complexo que conseguir um cavalo perfeito para as provas equestre ou mesmo para o trabalho é tarefa difícil. A maior causa dessa dificuldade é a baixa herdabilidade do desempenho atlético e os valores de correlações genéticas existentes entre as características mais almejadas nos cavalos. (REGATIERI, 2012, p. 230)

A transmissão genética aos novos equinos de características individuais é considerada baixa pelos pesquisadores, devido às suas performances receberem influência do meio em que vivem. Em estudo realizado por pesquisadores pelo mundo afirma que a herdabilidade de desempenho e conformação do cavalo de salto em relação aos seus descendentes é inferior a 20%, sendo ratificado por estudos subsequentes ao redor do mundo.

Koenen et al. (1995) estimaram valores de herdabilidade para performance e suas correlações com características de conformação, em equinos de salto e adestramento. Os resultados indicaram que devido aos baixos valores encontrados para herdabilidade (0,17 para adestramento e 0,19 para salto) e às correlações genéticas de baixas a moderadas magnitudes, a seleção indireta para performance, utilizando características de conformação, não é adequada. Wallin et al. (2003), observando a performance de cavalos aos quatro anos de idade e ao longo de suas competições, também encontraram baixos valores para herdabilidades, variando de 0,09 a 0,27, em características de marcha, salto e adestramento. Bokor et al. (2005), estimando parâmetros genéticos em cavalos de corrida com obstáculo, por meio de “rank” criado por transformação matemática, observaram valores de herdabilidades de 0,18 para animais da França e 0,06 para animais do Reino Unido e Irlanda. (REGATIERI, 2012, p. 230)

A formação de um cavalo não está baseada somente em características geneticamente controladas, existem inúmeras condicionantes ambientais que são capazes de influenciar sua eficiência e desempenho, como a alimentação equina, os cuidados com a higidez do animal e o treinamento oferecido ao cavalo. Mesmo as características apresentadas pelo cavalo de salto apresentarem um baixo índice de transmissão a animais futuros, o estudo na equinocultura pelo melhoramento genético e eficiência na seleção de bons animais vem crescendo e evoluindo com o decorrer dos anos.

Dessa maneira, a constituição de um animal através de seleção fenotípica e genética é ineficaz se o animal não for estimulado por um treinamento adequado para que possa atingir os objetivos estabelecidos, assim também, merecendo atenção e cuidados quando não estiver realizando o seu trabalho.

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5. PRODUÇÃO EQUINA DO EXÉRCITO BRASILEIRO

O Exército Brasileiro possui em sua composição a presença de animais em diversas atividades do cotidiano das Organizações Militares, em especial o cavalo. O equino é empregado em instrução militar, cerimonial e práticas desportivas nas mais diversas modalidades equestres. A instituição tem em seu plantel um número superior a dois mil cavalos distribuídos para todas as Organizações Militares que necessitam do animal. Essa quantidade expressiva de equinos faz com que seja destacado tempo para o estudo das necessidades do Exército e, consequentemente, do melhoramento genético do plantel para adaptar-se ao cotidiano e exigências da caserna.

O Exército Brasileiro é composto de 2.320 animais de um total de 1.815 cavalos distribuídos em quase todo o território nacional, com exceção da Região Norte, em diversas unidades militares, em diferentes atividades. Esses animais são utilizados pelo Exército Brasileiro para atividades de patrulhamento e guarda de áreas de fronteira e campos de instrução espalhados pelo território nacional, bem como para cerimonial militar e práticas desportivas como salto, concurso completo de equitação, pólo e adestramento. Para atender a esta gama de empregos, a produção de animais com essa versatilidade e adaptabilidade, não só às tarefas, mas também às características dos diversos ambientes espalhados pelo Brasil, torna-se complexa. (CAMPOS et al., 2007)

Essa adaptação e versatilidade dos animais é fruto do que se investe na Coudelaria de Rincão, centro de produção de equinos para o Exército Brasileiro, que tem como desafio gerar animais capazes de atender às necessidades operacionais e de representatividade da Força Terrestre. Além de assegurar o aumento do prestígio do Exército e a aproximação com a sociedade e Forças amigas através de competições equestres nacionais e internacionais. A conquista desse desafio somente é possível através da execução de um rigoroso controle genético dos produtos e acompanhamento cerrado da produção e manejo destes animais, tendo como objetivo o aumento do rendimento técnico pelos cavalos.

A Coudelaria de Rincão foi criada em 1922, com o nome de Coudelaria Nacional do Rincão, oriunda da antiga Estância de São Gabriel, que pertenceu à Companhia de Jasus. Em 1843 foi sequestrada e incorporada aos bens do Estado, de acordo com o artigo 36 da Lei 31, de 21 de outubro de 1843. Esteve

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algumas vezes arrendada aos civis. Em 1891 retornou ao Ministério do Exército com o nome de Colônia de São Gabriel.

[...] Foi extinta no ano de 1975 sendo o seu acervo encaminhado à Coudelaria de Campinas e utilizado pelo Ministério do Exército apenas como Campo de Instrução do Rincão (CIR). Recriada em 19 de agosto de 1987 e organizada com o nome de Coudelaria de Rincão, com sede em São Borja – RS. [..] suas atividades de criação, produção e melhoramento genético de equinos, alcançada através de avançadas técnicas de produção. Sendo os produtos distribuídos posteriormente às demais unidades do Exército Brasileiro, tais como: os Regimentos de Cavalaria de Guarda, a Escola de Equitação do Exército, o Instituto de Biologia do Exército, a Academia Militar das Agulhas Negras, a Escola de Sargento das Armas, Centros Hípicos Militares e Campos de Instrução de todo Brasil.

A finalidade da Coudelaria de Rincão é a produção de equinos para o Exército Brasileiro. É dada atenção especial ao manejo sanitário e nutricional do plantel. A Coudelaria produz animais da raça brasileiro de hipismo, puro sangue inglês, puro sangue hanoveriano e bretões, também produz animais sem raça definida. (JUNIOR, 2013)

Os cavalos utilizados pelo Exército tem em sua seleção rigorosa padrões estabelecidos bem específicos, devendo o animal apresentar características semelhantes para que seja empregado em atividades militares. As raça que atualmente constituem o plantel da Força Terrestre tem como exemplo animais Puro Sangue Inglês e Hanoveriano, usados, por exemplo, em atividade de salto de obstáculos, o Brasileiro de Hipismo, com capacidade expressiva para Concurso Completo de Equitação e Adestramento, e outros animais Sem Raça Definida, que são empregados em atividades equestres diversas e militares.

Todas as raças utilizadas, definidas ou não definidas, precisam apresentar característica que lhes atestam a sua utilização. As raças definidas devem apresentar as características específicas da raça, e as raças não definidas devem apresentar características mínimas para que sejam aproveitas como animal do tipo militar.

As raças para montaria utilizadas atualmente no Exército são: Brasileiro de Hipismo (BH), Hanoveriano (Han), Puro-Sangue Inglês (PSI) e Sem Raça Definida (SRD). Ressalta-se que os animais SRD devem atingir um padrão pré-estabelecido para o cavalo do tipo militar, como altura mínima de 1,45 m, bons aprumos, boa capacidade cardiorrespiratória, boa cobertura muscular, medidas lineares harmoniosas e ter como andadura característica o trote, não sendo

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permitidos cavalos marchadores (DLog, 2002). [...]A produção média é em torno de 107 potros por ano. Para manter esse plantel, é fundamental que haja sistemas de produção adequados para produzir animais capazes de se reproduzirem, sem defeitos genéticos ou congênitos. Deve-se, então, investir no controle rigoroso da eficiência reprodutiva e do potencial genético dos reprodutores e das matrizes, além de proporcionar ambiente adequado à manifestação deste potencial. (CAMPOS et al., 2007)

A Coudelaria de Rincão é subordinada diretamente à Seção de Remonta e Veterinária e, e que esta elabora os projetos de melhoria genética e coloca em prática através da primeira. A realidade dos produtos da Coudelaria de Rincão apontam para a manutenção dos animais com aptidão para o salto.

Apesar da prioridade ser a produção de animais para o cerimonial militar busca-se a obtenção de animais que sejam atletas. Cerca de 10% do efetivo distribuído como VR geralmente para a modalidade de salto Atualmente todos os nossos reprodutores BH, são de linhagens de salto. Um animal destes é de dupla aptidão (salto adestramento) um reprodutor BH é meio sangue PSI (Filho de um garanhão PSI doado pelo Haras Joter)[...].(MENEZES, 2015)

Alguns aspectos podem ser acompanhados da produção equina da Coudelaria, como por exemplo a elaboração do plano de monta para abastecer e melhorar o plantel equino do Exército, como esclarece MENEZES (2015) “a elaboração do plano de monta objetiva produzir animais para abastecer os projetos em andamento, formar um plantel de matrizes capazes de atender as necessidades do Exército.”.

Outras atividades importantes são destacadas pelo chefe da Remonta e Veterinária.

Segue-se em um PROGRAMA em desenvolvimento e envolve desde a seleção de matrizes, aquisição de sêmen de garanhões das melhores linhagens ofertados no país e dentro da disponibilidade de recursos para a aquisição, avaliação dos produtos resultantes dos diferentes cruzamentos e do desempenho dos filhos dos reprodutores como medida para avaliar os mesmos.

Existe um projeto cujo piloto esta sendo desenvolvido no 3º Regimento de Cavalaria de Guarda cujo escopo é a coleta de embriões de éguas em campanha desportiva que estejam na carga daquela Organização Militar (O sêmen é enviado pela Coudelaria de Rincão e a equipe de veterinários do Regimento insemina a égua escolhida , coleta o embrião e envia para a Coudelaria de Rincão para ser implantado em uma receptora, ou

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congelados para posterior implantação). Há previsão de expandir o projeto para os demais Regimentos e Escola de Equitação do Exército, estando prevista para o ano de 2016 a formação de mão de obra especializada para esta prática e aquisição do material necessário[...].São empregadas na reprodução as técnicas de inseminação artificial, transferência de embriões .Esta em fase de estudo de viabilidade a implantação de uma central de congelamento de sêmen na Coudelaria de Rincão. (MENEZES, 2015)

Ainda se destaca a utilização de conhecimento e estudo em parceria com instituições de ensino e pesquisa no ramo de melhoramento genético e estudo do cavalo em diversos patamares do conhecimento. Os estudos acadêmicos acerca do cavalo está ainda mais aquecido e presente juntamente com os produtores de equinos do Exército.

Existem trabalhos de mestrado e doutorado desenvolvidos em parceria com diferentes universidades e em complementação a trabalhos desenvolvidos na própria Escola de Equitação do Exército. Paralelamente a isso existem inúmeros trabalhos de mestrado e doutorado na área de reprodução e clinica realizados com universidades no Brasil e exterior (Canada, Suíça). (MENEZES, 2015)

Atualmente o Exército produz por ano cerca de 110 cavalos, tendo os mesmos sofridos um criterioso processo seletivo permitindo que os animais que chegam às Organizações Militares carreguem consigo um material genético melhorado em relação a animais antecedentes. O investimento crescente no melhoramento do plantel permite com que cada cavalo apresente um potencial para a prática militar e desportiva, bastando, assim, serem trabalhados e incentivados a evoluírem seus condicionamentos.

Se faz necessário melhorar a iniciação dos produtos, pois é importante lembrar que embora sejam animais de bom porte não se pode apressar o trabalho sob pena de encurtar a vida útil dos mesmos e de não serem atingidos os objetivos propostos. (MENEZES, 2015)

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6. PROVAS HÍPICAS DE SALTO DO EXÉRCITO E SEUS RESULTADOS

As provas hípicas realizadas no âmbito do Exército servem, entre outras finalidades, para avaliação do desenvolvimento do animal e do cavaleiro. O cavaleiro utiliza a relação com o cavalo para desenvolver sua prática na aplicação da teoria equestre do esporte, buscando aperfeiçoar sua técnica de montaria. O cavalo tem seu crescimento desportivo desenvolvido por treinamento e realização de provas hípicas.

O cavalo de salto apresenta sua evolução no trabalho atestada em competições e torneios envolvendo outros animais. Nessas competições podem ser observadas algumas qualidades que se apresentam somente em dia de provas, como por exemplo sua capacidade de realizar um percurso de salto sob olhares de um público. A maneira que o animal executa a transposição de obstáculos dentro de uma condição de tempo e sob forte estresse faz com que se possam tirar conclusões da evolução do cavalo.

O cavalo de salto tem como evolução confirmada quando realiza um percurso de salto sem maiores erros provocados pelo animal, isso permite que o equino busque outros objetivos a serem alcançados. Ao cavalo pode ser imposto como próximo objetivo entrar em competições de níveis mais difíceis, ou seja, ao animal ser mudado de categoria. Assim, um cavalo que está saltando provas de 1,00 m pode ser colocado ao animal como próximo objetivo saltar uma prova de 1,10 m.

O treinamento é consequente aos objetivos a serem alcançados e deve ser estimulado o cavalo a saltar mais alto e com maior correção, sabendo administrar os seus lances de galope e com o máximo de equilíbrio.

A Coudelaria de Rincão todo ano produz centenas de cavalos, sendo sua maior parte empregada em cerimonial militar ou atividades operacionais militar, mas uma boa parte desses animais acaba se destinando à prática desportiva, isso fruto de uma seleção pré-definida para o esporte ou mesmo de observação por parte do militar que consegue ver em um animal um pendor para a prática do salto.

O Exército Brasileiro tem como ferramenta de avaliação do potencial equino as suas provas hípicas distribuídas pelo diversos cantos do Brasil e, principalmente, pela realização do Campeonato de Salto do Exército, onde os melhores conjuntos tem a oportunidade de demonstrarem suas qualidades e capacidades oriundas do trabalho constante.

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O presente trabalho avaliou a evolução e resultados dos conjuntos do Exército no período compreendido entre 2010 e 2014 tendo por base provas regionais e Campeonatos do Exército de Salto em um universo de 15 provas, entre preliminares (1,10 m) e principais (1,20m a 1,30m).

A participação nas provas por cavalos produzidos pelo Exército é divida com animais de produções particulares, oriundos de haras e coudelarias nacionais, além de animais produzidos ou comprados no exterior. Observa-se uma grande presença de animais particulares nas séries principais em comparação às séries preliminares das competições do Exército, isso se explica pelo fato de cavaleiros investirem normalmente em animais prontos para participarem dos eventos equestres naquelas categorias que almejam resultado mais rápido. As tabelas 1 e 2 levam em consideração a variação de animais participantes das provas hípicas, sendo desconsiderado o valor absoluto e unitário por animal.

PRINCIPAL

Particulares Reiúnos

CAVALO VARIAÇÃO PORCENTAGEM

PARTICULARES 96 62,3%

REIÚNOS 58 37,7%

TOTAL 154 100%

Tabela 1: Série Principal Fonte: elaborado pelo autor

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CAVALO VARIAÇÃO PORCENTAGEM

PARTICULARES 44 41,5%

REIÚNOS 62 58,5%

TOTAL 106 100%

Tabela 2: Série Preliminar Fonte: elaborado pelo autor

De acordo com o exposto na tabela 1 e 2, pode se observar um afunilamento seletivo de animais reiúnos da série preliminar para a série principal. Se analisar a variante dos animais da Coudelaria de Rincão presentes na série preliminar, 58,5%, como valor absoluto em relação à série principal, pode se chegar à conclusão que os animais do Rincão na série forte do Exército serão de 37,7%.

Analisando matematicamente os dados, se for considerado os 37,7% de animais produzidos pela Coudelaria de Rincão presente na série principal das provas hípicas de salto pode se dizer que 12,4 das variações de cavalos da série preliminar analisados neste estudo chegarão à principal categoria. Sendo assim, pode se acreditar, sem levar em consideração as condicionantes climáticas e genéticas, que aproximadamente 12 cavalos entre os 33 chegarão à séries principal.

CAVALOS DO RINCÃO ANALISADOS NAS PROVAS DE SALTO DO EXÉRCITO

SÉRIE PRINCIPAL SÉRIE PRELIMINAR

BETH NEXO* CALIFÓRNIA* MELANCIA CONDE OLIVA* FARRAPO* GUAPO FITA* LUNAR GAMBETA EXÓTICO GARIMPEIRO JUBÁ

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GARTOK* FAROL HABILIDOSO* MIRAGEM* HEBRAICO* ILOIMBE HONRADO JURUNA* IDOLATRIA* JURITI IJUÍ ICARO* IMPLACÁVEL FOBIA* ÍNTEGRO* NICARÁGUA* JORGELINO LAMARO JUNO LIMOSINE LANCELOT MANGRULHO* LINDAURA* HISTORIETA NAKINE HANGAR* NIPÔNICA MARECHAL FAMOSO MAZURCA FACA INTRÉPIDO JOSEFINA* ESPIÃO LANUS EXPRESSO FERROLHO JANEIRO* LAMUSCA LEGENDA GATILHO CONDOR NAVARONE* INARA* LAUREADO MARIPOSA* TOTAL: 27 TOTAL: 33

Tabela 3: Relação de animais do Rincão presentes nas principais provas do Exército. Fonte: elaborado pelo autor

Outro ponto a ser considerado na evolução desportiva do cavalo é o seu treinamento e outras condicionantes como saúde, alimentação, descanso, entre outras. Levando em consideração somente o treinamento, o cavalo necessita ser estimulado constantemente para que sua capacidade esportiva seja mantida e, posteriormente, desenvolvida. Um trabalho contínuo e regrado por um só cavaleiro pode contribuir com que o desenvolvimento do cavalo seja acompanhado em sua vida desportiva do seu início até às grandes provas. O gráfico 1 mostra o percentual de cavalos analisados nas provas

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que são Reiúnos, do Exército, e os VR, vinculados de representação sob responsabilidade de um só cavaleiro.

Gráfico 1: Relação de responsabilidade dos cavalos presentes nas provas Fonte: elaborado pelo autor

De acordo com o gráfico 1, observa-se que aproximadamente 60% dos animais que participaram das provas de salto entre o ano de 2010 e 2014 estão sob responsabilidade das Organizações Militares, enquanto que quase 40% dos mesmos animais do Rincão estão sob responsabilidade de um só militar.

Analisando a variante do treinamento do animal, pode se chegar a conclusão que o treinamento acompanhado e dirigido por um único militar ao cavalo oriundo da Coudelaria de Rincão pode oferecer grande salto de desenvolvimento, se comparado aos cavalos que são de responsabilidade das Organizações Militares e que, devido à rotatividade dos militares em função das suas transferências, tem o treinamento do animal iniciado e desenvolvido por mais de um cavaleiro.

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7. MELHORAMENTO GENÉTICO E ANÁLISE DE VARIÁVEIS.

A produção de cavalos pelo Exército Brasileiro vem recebendo grande investimento em estudo de melhoramento genético e aperfeiçoamento da técnica na obtenção de um cavalo apto às atividades militares e, em especial, às desportivas.

A produção de equinos pela Coudelaria de Rincão gira em torno de 110 animais por ano, que serão distribuídos para as Organizações Militares e para militares devidamente determinados. O recebimento destes animais marca o início do trabalho que será planejado para que o equino chegue à sua idade adulto capacitado a executar aquilo que foi determinado como objetivo.

O trabalho realizado estimulará a sua carga genética a empregar sua capacidade física de forma suficiente e planejada. O animal que não recebe um trabalho específico ou mesmo deficiente tem sua carga genética negligenciada quanto à sua probabilidade de ser empregado dom maior excelência.

Várias são as formas que são possíveis analisar se o cavalo conseguiu se desenvolver de acordo com o seu potencial genético, sendo possível por exames de sangue, análise das fibras musculares do cavalo e, mais visivelmente, através de realização de provas hípicas.

As provas hípicas, em especial as provas de salto, servem como parâmetro para analisar se o cavalo está devidamente trabalhado quanto às suas funções cardiopulmonares e musculares, além de observar se a predisposição para a atividade se confirma ou retifica.

O Exército Brasileiro tem em sua Coudelaria de Rincão o seu centro de estudo e produção de cavalos, utilizando reprodutores selecionados e de excelente linhagem para iniciarem um novo produto a ser distribuído posteriormente.

O presente trabalho analisou os cavalos participantes das principais provas de salto do cenário equestre militar e foram estabelecidos 60 animais com grande potencial para o salto de obstáculo e animais já confirmados para o mesmo esporte. O anexo 1 do presente estudo relacionou, dentro do universo dos animais que participaram das provas de salto do Exército em análise entre 2010 e 2014, todos aqueles cavalos e éguas que foram produzidos pela Coudelaria de Rincão.

No universo dos 60 animais observados, pode se observar a existência de animais que apresentam aptidão para específica determinada pela Coudelaria, caracterizando

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