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METAIS PESADOS: O PRINCIPAL FATOR LIMITANTE PARA O USO AGRÍCOLA DE BIOSSÓLIDOS DAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

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METAIS PESADOS: O PRINCIPAL FATOR LIMITANTE PARA O

USO AGRÍCOLA DE BIOSSÓLIDOS DAS ESTAÇÕES DE

TRATAMENTO DE ESGOTOS

Milton Tomoyuki Tsutiya

Coordenador de Pesquisa da Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da SABESP. Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da USP (1975). Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP (1983). Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP (1989). Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP.

Endereço: Rua Palestina, 531. apto 74 Vila Mascote São Paulo SP

-CEP: 04362-030 - Brasil - Tel.: (011) 3030-4265 - e-mail: tsutiya@usp.br

RESUMO

Os metais pesados se encontram distribuídos por toda a natureza. Nos solos, os metais são originários de rocha de origem e de outras fontes adicionadas ao solo. Os metais contidos nos biossólidos são originários da atividade industrial, sendo que os principais metais contidos nos biossólidos são: Cu, Ni, Cd, Zn, Pb e Cr. A intensidade da concentração desses metais é função da maior ou menor participação de esgotos industriais.

A planta retira do solo os elementos minerais indispensáveis ao seu crescimento, denominados macronutrientes (N, P, K, S, Ca, Mg) ou micronutrientes (B, Cl, Co, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, Na, Se, Zn). Entretanto, dependendo da quantidade de metais aplicados, podem ser classificadas em metais que representam pequeno risco (Mn, Fe, Al, Cr, As, Se, Sb, Pb, Hg) e metais potencialmente perigosos aos homens e aos animais (Zn, Cu, Ni, Mo, Cd).

O biossólido, além de ser fonte de material orgânico e nutriente, poderá contribuir também para a contaminação do solo com metais pesados. Os metais não apenas exercem efeitos sobre o crescimento das plantas, mas também afetam os processos bioquímicos que ocorrem no solo.

Para a aplicação dos biossólidos em culturas agrícolas, devem ser levados em consideração as concentrações máximas de metais pesados nos biossólidos, as concentrações máximas de metais em solos agrícolas e as cargas cumulativas máximas de metais em solos pela aplicação de biossólidos.

PALAVRAS-CHAVE: Biossólido, Lodo, Estação de Tratamento de Esgoto, Metais

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INTRODUÇÃO

Os metais pesados se encontram distribuídos por toda a natureza. Nos solos, os metais são originários da rocha de origem e de outras fontes adicionadas ao solo, como: precipitação atmosférica, cinzas, calcário, fertilizantes químicos e adubos orgânicos (estercos de animais, lixo domiciliar e biossólidos).

Os metais pesados contidos nos biossólidos são originários da atividade industrial, pois as estações de tratamento de esgotos recebem os esgotos sanitários, que compõem de esgoto doméstico, água de infiltração e esgoto industrial.

A planta retira do solo os elementos minerais indispensáveis para o seu desenvolvimento. Conforme a quantidade que é necessária para o seu perfeito crescimento, eles são denominados de macronutrientes (N, P, K, S, Ca, Mg) ou micronutrientes (B, Cl, Co, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, Na, Se, Zn). Além desses elementos que são essenciais, a planta pode absorver outros elementos não essenciais (Al, Ag, Cd, Cr, Hg, Pb).

O biossólido, além de ser fonte de material orgânico e nutrientes, contribui também para a contaminação do solo com metais pesados. Os metais pesados não apenas exercem efeitos negativos sobre o crescimento das plantas, mas também afetam os processos bioquímicos que ocorrem no solo. A decomposição do material orgânico adicionado ao solo, a mineralização do nitrogênio e a nitrificação podem ser inibidos em locais contaminados por metais pesados.

Para a aplicação dos biossólidos na agricultura, devem ser levados em consideração as concentrações máximas de metais pesados nos biossólidos, as concentrações máximas de metais em solos agrícolas e as cargas cumulativas máximas de metais em solos pela aplicação de biossólidos. Para a definição desses limites, os Estados Unidos basearam-se nas análises de risco, enquanto que a Comunidade Européia e o Canadá utilizaram o conceito de não degradação do solo e do meio ambiente. A norma Cetesb de uso agrícola de biossólidos para o Estado de São Paulo, baseia-se na legislação norte americana U.S.EPA–40 CFR Part 503, por ser a legislação mais recente e incorporar todos os avanços resultantes de mais de três décadas do uso de biossólidos na agricultura.

METAIS PESADOS

Metais pesados são elementos químicos que possuem peso específico maior que 5 g/cm3 ou número atômico maior do que 20. Entretanto, o termo “metais pesados” é utilizados para elementos químicos que contaminam o meio ambiente, provocando diferentes danos à biota, podendo ser metais, semi-metais e mesmo não metais como o selênio. Os principais elementos químicos enquadrados neste conceito são: alumínio, antimônio, arsênio, cádmio, chumbo, cobre, cobalto, cromo, ferro, manganês, mercúrio, molibdênio, níquel, selênio e zinco. Esses elementos são encontrados naturalmente no solo em concentrações inferiores àquelas consideradas como tóxicas para diferentes organismos vivos. Entre os metais, o arsênio, o cobalto, o cromo, o cobre, o selênio e o zinco são essenciais para os organismos vivos.

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Os metais pesados contidos nos biossólidos, podem ser divididos em duas categorias, dependendo do risco que eles representam às plantas e aos animais. São considerados metais que oferecem pequeno risco, o manganês, o ferro, o alumínio, o cromo, o arsênio, o selênio, o antimônio, o chumbo e o mercúrio. Os metais potencialmente perigosos aos homens e aos animais são os seguintes: zinco, cobre, níquel, molibdênio e cádmio.

Os metais pesados que são considerados micronutrientes para as plantas, podem ser classificados como:

• Essenciais: Cu, Fe, Mn, Mo, Zn;

• Benéficos: Co, Ni, V;

• Não essenciais ou sem função: Al, Cd, Cr, Hg, Pb, etc.

Para Beckett (1991), a toxidez devido ao metal pesado para a planta e para o animal, deve ser acompanhada e por isso medida pelas seguintes variáveis: diminuição no crescimento ou redução na colheita, sintomas visíveis e concentração no tecido. O primeiro efeito ou manifestação pode ser devido à interferência provocada pelo elemento na absorção, transporte ou funções de outro. O sintoma visível, que poderá não ser específico, é o resultado de uma cadeia de acontecimentos que começa com uma alteração ao nível molecular, continua com modificação subcelular que, por sua vez, conduz a uma alteração celular a qual, finalmente, resulta em modificação no tecido, isto é, no sintoma.

Incidência de doenças, ataques de pragas, condições de clima (insolação, chuva, seca, frio) podem provocar sintomas parecidos com os de toxidez. Para saber se a anormalidade visível é causada pela toxidez de um elemento devem ser considerados os seguintes aspectos: a) generalização: o sintoma deve aparecer em áreas relativamente grandes e não em plantas isoladas; b) gradiente: de um modo geral os sintomas são mais acentuados em folhas mais velhas, as mais novas mostrando-as menos pronunciados; c) simetria: folhas de um mesmo par ou próximas umas da outras devem mostrar a anomalia.

METAIS PESADOS NOS BIOSSÓLIDOS

A presença de metais pesados nos biossólidos depende de duas condicionantes básicas:

• Representatividade dos lançamentos industriais em relação às vazões coletadas de origem doméstica;

• Controle dos lançamentos industriais.

A primeira condicionante refere-se à diluição de poluentes, independentemente da observância ou não da legislação que rege os lançamentos industriais. Quanto maior as vazões de origem doméstica, menor serão as concentrações de metais pesados nos biossólidos.

É de importância fundamental o controle de efluentes industriais, para uma boa qualidade de biossólidos gerados em ETE’s, principalmente no que se refere às concentrações de metais pesados. Para a Região Metropolitana de São Paulo, o controle de efluentes industriais está sendo realizado através do PREND - Programa de Recebimento de Efluentes Não Domésticos que estabelece diretrizes e procedimentos para os lançamentos

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São apresentadas as Tabelas 1 e 2, as concentrações de metais pesados em biossólidos das ETE’s Barueri e Suzano, localizados na Região Metropolitana de São Paulo. Essas duas estações recebem esgotos industriais, sendo que, as concentrações de metais pesados nessas duas estações, são superiores às estações de tratamento que recebem somente esgoto doméstico.

Tabela 1 - Concentração de metais pesados em biossólidos da ETE Barueri.

Concentração em mg/kg, base seca

1993 1995 1996 1997 Poluente 11/03 29/03 06/04 14/04 17/01 23/01 10/02 15/02 22/11 29/12 05/03 29/01 07/03 09/12 U.S.EPA 40 CFR Part 503 Arsênio <8 7,5 19 8 2 0,7 2,3 2 68 5,3 75 Cádmio 9 12 24 11 17 17 31 28 38 20 8 20 7,7 7,6 85 Chumbo 180 182 350 183 259 113 195 173 322 145 147 101 152 152 840 Cobre 547 570 1167 569 1706 1470 1265 859 944 501 545 485 619 664 4300 Mercúrio 1,8 3,5 6,8 NA 4,8 0,9 2,2 1,9 1,0 1,0 0,7 0,0 1,6 0,67 57 Molibdênio 2,7 0,8 37 16 23 2 39 15 12 5 NA 75 Níquel 294 351 600 289 244 311 432 462 500 283 411 239 211 268 420 Selênio 3 0,7 2 NA ND ND ND ND ND 1,4 100 Zinco 595 1218 2469 1154 2338 2396 1710 1723 2403 2506 1889 2127 1850 1800 7500 NA – Resultado não disponível.

ND – Valor menor que o limite de detecção.

Tabela 2 - Concentração de metais pesados em biossólidos da ETE Suzano.

Concentração em mg/kg, base seca

1993 1995 1996 Poluente 11/03 29/03 06/04 14/04 17/01 23/01 10/02 15/02 22/11 29/12 29/01 04/03 Concentr. máxima U.S.EPA – 40 CFR Part 503 (uso agrícola) Arsênio ND 11 14 9 ND 2 2 3 48 70 33 202 75 Cádmio ND 4 3 5 4 1 6 8 23 2 7 2 85 Chumbo 500 485 281 762 398 173 274 190 354 267 187 273 840 Cobre 1016 107 553 630 1215 833 781 450 854 717 803 841 4300 Mercúrio 19.2 19.7 NA 19.9 32.0 19.0 22.0 55.0 2.0 42.0 15.0 14.6 57 Molibdênio 55 521 24 6 5 14 18 29 25 10 11 11 75 Níquel 208 250 124 165 190 210 184 231 266 235 269 390 420 Selênio 1.1 0.7 ND 0.5 ND ND ND ND ND ND ND ND 100 Zinco 839 1997 1096 1391 2175 2144 1918 1625 2243 2408 2846 1793 7500 NA – Resultado não disponível.

ND – Valor menor que o limite de detecção.

As concentrações máximas permissíveis de metais nos biossólidos, para uso agrícola, foram estabelecidas em 17 países, conforme mostra a Tabela 3: Comunidade Européia, Bélgica, Dinamarca, Inglaterra, Alemanha, França, Grécia, Itália, Holanda, Finlândia, Noruega, Suécia, Escócia, Suíça, Áustria, Canadá e Estados Unidos. Os países como a Holanda e a Suécia tendem a restringir os valores máximos de metais pesados, por outro lado, os Estados Unidos, recomendam os maiores níveis permitidos para todos os elementos, com exceção do chumbo. Para o Estado de São Paulo, a Cetesb propõe os mesmos valores adotados nos Estados Unidos, enquanto que, para o Estado do Paraná é utilizado os valores recomendados pela norma espanhola.

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Tabela 3 - Concentrações máximas permissíveis de metais no biossólido para uso agrícola.

Concentração máxima de metais, mg/kg (base seca) País

Arsênio Cádmio CobaltoCrom

o Cobre Mercúrio Molibdênio Níquel Chumbo Selênio Zinco Comunidade Européia - 20/40 - -1000/ 1750 16/25 -300/ 400 750/ 1200 -2500/ 4000 Bélgica - 10 20 500 500 10 - 100 300 25 2000 Dinamarca - 8 - - - 6 - 50 400 - -Inglaterra - - - 1000 - -Alemanha - 20 - 1200 1200 25 - 200 1200 - 3000 França - 20 - 2000 1000 10 - 200 800 100 3000 Grécia - 40 - - 1750 25 - 400 1200 - 4000 Itália - 10 - 750 1000 10 - 200 500 - 3000 Holanda 10 5 - 500 600 5 - 100 500 - 2000 Finlândia - 30 100 1000 3000 25 - 500 1200 - 5000 Noruega - 10 20 200 1500 7 - 100 300 - 3000 Suécia - 4 - 150 600 5 - 100 200 - 1500 Escócia 150 20 - 800 1000 7,5 25 250 800 40 2500 Suíça - 30 100 1000 1000 10 20 200 1000 - 1000 Áustria - 10 100 500 500 10 20 100 500 - 2000 Canadá 75 20 150 - - 5 20 180 500 14 1850 Estados Unidos 75 85 - - 4300 57 75 420 840 100 7500 São Paulo 75 85 - - 4300 57 75 420 840 100 7500

METAIS PESADOS EM SOLOS AGRÍCOLAS

Concentração Máxima de Metais em Solos Agrícolas

Os países como a Comunidade Européia, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Escócia, Áustria, Canadá, Espanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia, Nova Zelândia e Estados Unidos, recomendam as concentrações máximas permissíveis de metais em solos agrícolas para aplicação de biossólidos, conforme apresentado na Tabela 4. Nota-se que há uma grande divergência entre esses países, quanto ao tipo e concentração máximas permissíveis de metais no solo. Os Estados Unidos é o país que permite as maiores concentrações de metais em solos agrícolas, exceto quanto ao chumbo, onde a Nova Zelândia e a Comunidade Européia admitem valores superiores aos americanos. Os valores de metais pesados em solos paulistas e paranaenses, geralmente estão dentro dos intervalos dos solos europeus e americanos.

Apesar das grandes variações nas concentrações e metais pesados nos solos, em condições naturais, não tem sido observados danos às plantas e animais, devido ao fato de que, esses elementos são fortemente complexados por ácidos húmicos, o que reduz sua solubilidade

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Tabela 4- Concentrações máximas permissível de metais em solos agrícolas para aplicação de biossólidos.

Concentração máxima permissível de metais em solos agrícolas (mg/ha) País

Arsênio CádmioCrom

o Cobre Ferro Mercúrio Molibdênio Níquel Chumbo Selênio Zinco Comunidade Européia - 1/3 - 50/140 - 1/1,5 30/75 50/300 150/ 300 Alemanha - 3 100 100 - 2 - 50 100 - 300 França - 2 150 100 - 1 - 50 100 10 300 Inglaterra 20 3 600 135 500 1 4 75 250 3 300 Itália - 3 150 100 - - - 50 100 - 300 Escócia 12 1,6 80 60 - 0,4 2 40 80 2,4 150 Áustria - 3 100 100 - 2 - 50 100 - 300 Canadá (Ontário) 14 1,6 120 100 - 0,5 4 32 60 1,6 220 Espanha - 1 100 50 - 1 - 30 50 - 150 Dinamarca - 0,5 30 40 - 0,5 - 15 40 - 100 Finlândia - 0,5 200 100 - 0,2 - 60 60 - 150 Noruega - 1 100 50 - 1 - 30 50 - 150 Suécia - 0,5 30 40 - 0,5 - 15 40 - 100 Nova Zelândia - 3,5 600 140 - 1 - 35 300 - 300 Estados Unidos - 20 1500 750 - 8 - 210 150 - 1400

Contaminação de Solos por Metais Pesados

As principais fontes de contaminação em solos agrícolas tem sido os adubos minerais e os corretivos (calcários, gesso) que podem conter metais pesados, micronutrientes e outros. O uso desse produtos pode levar, portanto, a um aumento no teor desses elementos no solo (fase sólida e solução) de onde passaria à planta e desta, como forragem ou alimento, ao animal e ao homem. Resta saber em que proporção se dão essas transferências e o que poderão representar para a saúde do animal e humana e, se for o caso, o que fazer para evitar uma eventual acumulação excessiva.

Na literatura internacional e na brasileira existem dados sobre micronutrientes e metais pesados em geral contidos em matérias primas para a indústria de adubos, nos produtos acabados, nos corretivos e em adubos orgânicos. O dados mostram a presença extremamente variável de micronutrientes e metais tóxicos nos diferentes adubos e corretivos o que torna impossível fazer-se generalizações sobre o impacto ambiental do seu uso, a menos que se disponha de análises do produto ou matéria prima considerada. Segundo Sharpley e Menzel (1987), de um modo geral, os produtos mais estudados e discutidos do ponto de vista de adição de metais pesados tóxicos ao solo têm sido o lodo de esgoto e os adubos fosfatados.

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No Brasil, são poucos os estudos sobre a contaminação de solos agrícolas por metais pesados, e também, os teores de metais nos insumos utilizados na agricultura. Os dados disponíveis referem aos fertilizantes utilizados nos Estados Unidos, Europa e Rússia, cujos materiais são intensamente utilizados na agricultura brasileira, principalmente o calcário e o adubo fosfatado.

Movimentação de Metais Pesados no Solo

A possibilidade de contaminação do lençol freático devido a utilização de biossólidos, com grande concentração de metais pesados, é uma das principais preocupações do uso agrícola. A manutenção da matéria orgânica no solo é fundamental para aumentar a retenção de metais pesados, pois os metais formam complexos com compostos orgânicos, principalmente, ácidos húmicos e fúlvicos, o que diminui sua disponibilidade e toxidez para as plantas e reduz sua mobilidade no solo.

Pesquisas efetuadas para avaliar o deslocamento de metais pesados proveniente dos biossólidos, conclui-se que, após um ano, houve um ligeiro aumento de Zn até a camada de 5 a 10 cm, sendo que, os demais metais como Cu, Cr, Co, Ni e Pb não formam lixiviados no solo.

Absorção de Metais Pesados pelas Plantas

São apresentados por alguns autores internacionais, dados sobre os teores de metais pesados em diferentes tipos de plantas, tais como, trigo, aveia, alface, capim, citro, chá, girassol, espinafre, milho, pinheiro e videira. Observa-se que, os teores podem variar muito conforme as partes das plantas, espécies e idade fisiológica.

Pesquisas realizadas por diversos autores avaliaram a absorção de metais pesados provenientes de biossólidos nas seguintes culturas: trigo, soja, alfafa, cevada e feijão. Pela análises dos resultados obtidos, conclui-se que, cada metal pesado é absorvido de modo diferente para cada cultura.

É importante salientar que o consumo de plantas com elevados teores de metais pesados é uma fonte de contaminação para o homem. Os teores de metais pesados das plantas cultivadas em solos não contaminados, geralmente não causam problemas à saúde humana.

Cargas Cumulativas Máximas de Metais Pesados no Solo

Deve ser realizado o acompanhamento das quantidades de metais pesados aplicados e acumulados no solo, em função da aplicação do biossólido. Para a reaplicação do biossólido no solo, deverão ser respeitados certos limites de metais, conforme mostra a Tabela 5, cujos valores são normalizados em 16 países: Comunidade Européia, Bélgica, Dinamarca, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Holanda, Noruega, Suécia, Escócia, Suíça, Áustria, Finlândia, Canadá e Estados Unidos. Os países como a Noruega, Escócia, Suíça, Áustria e Finlândia, não exercem qualquer controle de metais pela aplicação de biossólido em solos agrícolas. Outros países com a Bélgica, Holanda e Dinamarca só exercem controle em apenas um metal (cromo). Os demais países exercem controle em 6 dos 11 metais pesados. A

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proposta de norma da Cetesb, para o Estado de São Paulo, baseia-se nas recomendações norte-americana, cujos valores são superiores aos outros países.

Tabela 5 - Cargas cumulativas máximas permissíveis de metais pela aplicação de biossólidos em solos agrícolas.

Carga máxima acumulada de metais pela aplicação de biossólido (kg/ha) País

Arsênio Cádmio Cromo Cobre Ferro Mercúrio Molibdênio Níquel Chumb

o Selênio Zinco Comunidade Européia - 6,25 - 300 - 3,5 - 125 625 - 550 Bélgica - - 250 - - - -Dinamarca - - 125 - - - -Inglaterra 25 6,25 1375 290 750 2,3 7,5 125 560 6,25 550 Alemanha - 6,25 125 200 - 4,8 - 62,5 125 - 550 França - 3,75 250 200 - 2,3 - 62,5 125 25 550 Itália - 6,25 250 200 - - - 62,5 125 - 550 Holanda - - 125 - - - -Noruega - - - -Suécia 5 - 75 100 - 0,75 2,5 37,5 140 4,75 175 Escócia - - - -Suíça - - - -Áustria - - - -Finlândia - - - -Canadá 15 4 - - - 1,0 4 36 100 2,8 370 Estados Unidos 41 39 - 1500 - 17 18 420 300 100 2800 São Paulo 41 39 * 1500 - 17 - 420 300 100 2800

*deverá ser respeitado o limite de 500mg/kg de solo

CONCLUSÕES

• Reações de adsorsão, complexação, solubilização, oxi-redução e precipitação, controlam a disponibilidade e solubilidade de metais pesados no solo. Estas reações são influenciadas pela calagem, adubação nitrogenada, uso de esterco e adubação verde.

• O cádmio é considerado o metal pesado mais perigoso devido suas implicações com a saúde humana, sendo que, a maioria das normas internacionais limitam severamente a concentração de cádmio no solo.

• Zinco, cobre, níquel, chumbo e cromo, são metais pesados que oferecem menor risco, sendo aceitável a sua disposição em solos agrícolas em quantidades maiores.

• As concentrações de molibdênio, cobalto, arsênio, selênio, mercúrio e boro nos biossólidos são geralmente pequenas e raramente limitam as aplicações dos biossólidos nos solos agrícolas.

• A concentração de metais pesados nas plantas, não é aumentada pela frequência de aplicação dos biossólidos nos solos. Tem sido observado que, as concentrações de metais pesados nas plantas são maiores em solos sem o uso do biossólido, pois o uso do biossólido reduz a disponibilidade do metal para as plantas.

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• Os metais pesados são mais estáveis em solos com pH maior que 6,5, e nessas condições, verifica-se uma redução da disponibilidade para as plantas. A adição de cal no solo para aumentar o pH é uma prática recomendada por diversos autores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. CETESB Sistemas de aplicação de biossólidos e lodos de tratamentos biológicos em áreas de uso agrícola – critérios para projeto e operação. Norma P 4.230. São Paulo, outubro de 1998.

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6. SANEPAR Manual técnico para utilização agrícola do lodo de esgoto no Paraná. Curitiba, 1997. 7. SANEPAR Projeto interdisciplinar para o desenvolvimento de critérios sanitários, agronomicos e

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9. SANTOS, H.F.; TSUTIYA, M.T. Critérios para o uso agrícola dos biossólidos de ETE’s da SABESP. Revista SANEAS, n.10, set. 1997.

10. SANTOS, H.F.; TSUTIYA, M.T. Aproveitamento e disposição final do lodo de estações de tratamento do Estado de São Paulo. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro, v.2, n. 2, abr/jun 1997.

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14. WEBBER, M.D. Regulatory limits on heavy metals in soils: a review of canadian and international guidelines. Proceedings of the 4th annual weala workshop on: heavy metals in the environment. Canada, 1991.

15. WEBBER, M.D.; BATES, T.E. Municipal sludge (biosolids) use on agricultural land. Water Technology Corporation. Canada, 1997.

Referências

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