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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL ANAIS

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ANAIS

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIOECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL EM SERVIÇO SOCIAL

I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE

SERVIÇO SOCIAL

ANAIS

Mariana Pfeifer

Ana Cecilia de Araujo Teixeira Erica Fernanda dos Santos

Laine Motter Oliveira Nicole de Freitas Gomes

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIOECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL EM SERVIÇO SOCIAL

I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL: ANAIS. VOLUME I, 2019

ISSN 2676-0037

COMISSÃO ORGANIZADORA

Profa. Dra. Mariana Pfeifer Ana Cecilia de Araujo Teixeira

Erica Fernanda dos Santos Laine Motter Oliveira Nicole de Freitas Gomes

COMISSÃO CIENTÍFICA

Mariana Pfeifer Aline de Andrade Rodrigues

Cristiano Mariotto Eliane Fransieli Muller

Ester Taube Torreta Eugênia Aparecida Cesconeto Fernanda Rosa do Nascimento

Flávia de Brito Souza Garcia Lady Mara Lima de Brito

Leandro Nunes Lucas Haygert Pantaleão Maria Alice Pereira Borges

Priscila Schacht Cardozo Rodrigo Faria Pereira

DEBATEDORES

Pós-graduandos do PPGSS/DSS/UFSC

Aline de Andrade Rodrigues Cristiane Luiza Sabino de Souza

Ester Taube Torreta Flávia de Brito Souza Garcia

Heloísa Teles Jonaz Gil Barcelos Lady Mara Lima de Brito

Leandro Nunes Lucas Haygert Pantaleão

Rodrigo Faria Pereira

MEMBROS DO PET/SSO Tutora

Profa. Dra. Mariana Pfeifer

Petianes

Ana Cecilia de Araujo Teixeira Caroline Pizzatto Esser Erica Fernanda dos Santos

Giovana Buchner Silveira Gisllayne de Jesus Juan Rafael Mire Sanchez Chagas

Laine Motter Oliveira Livia Pietrobelli da Silveira Márcio dos Santos Siqueira Mathaüs Nascimento Caricate

Nicole de Freitas Gomes Thanmyss Alves Gonçalves

COMISSÃO DE REVISORES PET Letras/UFSC

Prof. Dr. Carlos Henrique Rodrigues Ana Gabriela Dutra

Ana Maria Santiago Ananda Gomes Henn Andreia Gomes Araújo Felipe Mateus dos Santos Isabella Almeida Spigolon

Luciana dos Santos Nicole da Cruz Rabello

APOIO

Departamento de Serviço Social (DSS)

Coordenação do Curso de Graduação em Serviço Social Coordenadoria de Estágios em Serviço Social Coordenação de TCC, de pesquisa e de extensão do DSS Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFSC

Centro Socioeconômico (CSE) Periodicidade: anual

Idioma: Português

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL EM SERVIÇO SOCIAL (PET|SSO) CAMPUS UNIVERSITÁRIO REITOR JOÃO DAVID FERREIRA LIMA TRINDADE – Bloco D – Sala 001 - CEP: 88.040-900 - FLORIANÓPOLIS – SC https://petservicosocial.ufsc.br pet.servicosocial@contato.ufsc.br

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Ficha catalográfica da obra elaborada pelas autoras.

I Seminário de Integração do Curso de Serviço Social: Anais / Mariana Pfeifer, Ana Cecilia de Araujo Teixeira, Erica Fernanda dos Santos, Laine Motter Oliveira, Nicole de Freitas Gomes (Organizadoras). Vol. I. Florianópolis: PET/SSO/UFSC, 2019. 190p.

Anais. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Socioeconômico. Departamento de Serviço Social. Programa de Educação Tutorial em Serviço Social

ISSN 2676-0037 Inclui Referências

1. Serviço Social. 2. Serviço social – Questão agrária e urbana. 3. Serviço Social - Questão étnico-racial e gênero. 4. Serviço Social - Mundo do trabalho e infância. 5. Serviço Social - Trabalho e formação profissional. 6. Serviço Social - Família e assistência social

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Nasci Cresci Fui flor Brotei Renasci Fui rio Fui mar Fui loba Liderei a matilha Retornei E entendi Sou mulher Desconstruída E de luta Revolucionária E então Reconstruída Erica Fernanda dos Santos

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 11

Mariana Pfeifer

Ana Cecilia de Araujo Teixeira Erica Fernanda dos Santos Laine Motter Oliveira Nicole de Freitas Gomes

PARTE 1

QUESTÃO AGRÁRIA E URBANA

A IDENTIDADE DOS POVOS DO BRASIL COLÔNIA: O NASCER DA DESIGUALDADE SOCIAL ... 17 Melícia Isabel de Pinho

A PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E O IMPACTO NAS POPULAÇÕES ATINGIDAS POR BARRAGENS ... 22 Ana Cecília de Araújo Teixeira

Érica Fernanda dos Santos Laíne Motter Oliveira

QUESTÃO AGRÁRIA: UMA QUESTÃO SEMPRE ATUAL ... 26 Camila Schiarolli

A QUESTÃO URBANA E A LUTA POR MORADIA: RETRATOS DA REALIDADE NO BRASIL E EM SANTA CATARINA ... 31 Elizabeth Aparecida de Andrade

Juliana Vasques Lordelo Vitoria Guesser Lucas Bruna Caroline Torquato

O DÉFICIT HABITACIONAL E A HISTÓRICA (RE)PRODUÇÃO DA EXCLUSÃO: REFLEXÕES AO SERVIÇO SOCIAL ... 36 Marina Feltrin Dambros

MIGRAÇÃO CONTEMPORÂNEA NO BRASIL: QUESTÕES E DESAFIOS PARA O SERVIÇO SOCIAL... 41 Laura Ricardo Marchese

PARTE 2

QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL E GÊNERO

POLÍTICAS SOCIAIS PARA POPULAÇÃO NEGRA: A DESCONSIDERAÇÃO DO NEGRO NA CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS ... 48

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Thanmyss Alves Goncalves

HISTÓRIAS, REGISTROS E ESCRITOS. NÃO É CONTO, NEM FÁBULA, LENDA OU MITO: DISCUTINDO RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS COM ADOLESCENTES DA ASSOCIAÇÃO CASA SÃO JOSÉ ... 52 Tainara Dos Santos

O RACISMO INSTITUCIONAL NAS EXPERIÊNCIAS DOS (AS) ESTAGIÁRIOS (AS) EM SERVIÇO SOCIAL DA UFSC ... 57 Juan Chagas

Gisllayne de Jesus

O LUGAR DA MULHER NEGRA NO FEMINISMO ... 62 Vanessa Zoraide Domingos

Thanmyss Alves Gonçalves Mathaüs Nascimento Caricate

A TRAJETÓRIA DE MILITÂNCIA FEMININA NA DITADURA NO BRASIL: O CONTEXTO DA IMPRENSA ALTERNATIVA E A LUTA DAS MULHERES ... 66 Érica Fernanda Santos

Ecilia Bibiana Domingues Nunes Giovana Buchner Silveira Thamara de Campos Dutra

PROJETO FALADEIRAS: UM PROJETO DE EXTENSÃO FEMINISTA NO SERVIÇO SOCIAL ... 72 Débora Zanghelini

Cynthia Ribeiro Maria Cecília Olivio

MANUAL BÁSICO PARA O SABER PROFISSIONAL DA ASSISTENTE SOCIAL: AS DIFICULDADES DE SER UMA PESSOA TRANS NO BRASIL ... 76 Mariana Franco Fuckner

PATERNIDADES, MATERNIDADES E ADOLESCÊNCIAS: UMA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA DESSA REALIDADE ... 81 Mathaüs Nascimento Caricate

PARTE 3

TRABALHO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO ESPAÇO UNIVERSITÁRIO: ANÁLISE PRELIMINAR DAS PRODUÇÕES TEÓRICAS DOS ENCONTROS NACIONAIS DE PESQUISADORES(AS) EM SERVIÇO SOCIAL ... 87 Leonardo Moura da Silva

Claudia Burgos da Silva Marisa Camargo

Hélder Boska De Moraes Sarmento

PLANO DE ESTÁGIO: IRMANDADE DO DIVINO ESPÍRITO SANTO – IDES ... 92 Mayara Rodrigues

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA ASSISTENTE SOCIAL NO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE: UMA ANÁLISE INSTITUCIONAL DO CAMPO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇO SOCIAL ... 97 Gisllayne de Jesus

UM OLHAR DIFERENCIADO: PROJETO DE INTERVENÇÃO COM ADOLESCENTES HOSPITALIZADOS ... 102 Gabrielli Beuter

SERVIÇO SOCIAL E O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE 1947: UMA ANÁLISE DA PRÁTICA PROFISSIONAL A PARTIR DA OBRA “QUARTO DE DESPEJO”. ... 108 Giovana Buchner Silveira

A PESQUISA DESDE AS VÍTIMAS: INTERLOCUÇÕES COM O SERVIÇO SOCIAL ... 113 Ana Carla Ribas

PROJETO DE EXTENSÃO “O PODER DA LEITURA” DESENVOLVIDO PELO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL EM SERVIÇO SOCIAL (PET-SSO) DA UFSC ... 118 Nicole Freitas

Mariana Pfeifer

PARTE 4

MUNDO DO TRABALHO E INFÂNCIA

A CONTRARREFORMA TRABALHISTA: PERCURSO ATÉ SUA APROVAÇÃO ... 123 Samantha Schütz

A PREVALÊNCIA DO NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO: MAIS PRECARIZAÇÃO E MENOS DIREITOS TRABALHISTAS ... 129 Anna Paula Weingartner

Amanda de Melo Troian Jaime Hillesheim

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA DE 2019: UMA MENTIRA BOLSONARISTA ... 134 Mariana Franco Fuckner

Kauane Schuemann Cesa Jorgelina Aparecida da Silva Mislaine Ingre Gonçalves

MARX ANTES DO MARXISMO: ESTRANHAMENTO DO TRABALHO NOS MANUSCRITOS DE 1844 ... 137 Gabriel Martins

TRABALHO INFANTIL: UMA ANÁLISE DO HISTÓRICO BRASILEIRO ... 142 Lívia Petrobelli

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

A CRIMINALIZAÇÃO DA INFÂNCIA POBRE NO BRASIL: RESPONSABILIZAÇÃO DA FAMÍLIA E OMISSÃO DO ESTADO ... 146 Caroline Pizzatto Esser

“TEMPOS DIFÍCEIS” : VIDAS ATRAVESSADAS PELO TRÁFICO DE DROGAS ... 151 Fernanda Rosa do Nascimento

A SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO E AS FACÇÕES DO TRÁFICO DE DROGAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA ... 156 Alice Silva

PARTE 5

FAMÍLIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL

POLÍTICA SOCIAL E FAMÍLIA: NOTAS À ANÁLISE CRÍTICA ... 163 Kauana Janaína Pires de Castro

FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL: REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS ... 168 Eduarda Ávila Flor

Camila Guimarães Nunes

ASSISTÊNCIA SOCIAL, FAMÍLIA E JUDICIALIZAÇÃO: APONTAMENTOS A PARTIR DE UMA REALIDADE MUNICIPAL ... 173 Silvia Saramento

Keli Regina Dal Prá

RELATO DE EXPERIÊNCIA: O PROCESSO DE ADOECIMENTO DO USUÁRIO E OS VÍNCULOS FAMILIARES ... 178 Gabriela Carraro

Nayara Tonelli Rocha

ENVELHECIMENTO, TRABALHO E APOSENTADORIA: EXPECTATIVAS E PLANEJAMENTO PARA A VIDA PÓS-TRABALHO. ... 184 Jozadake Petry Fausto Vitorino

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

APRESENTAÇÃO

Mariana Pfeifer Ana Cecilia de Araujo Teixeira Erica Fernanda dos Santos Laine Motter Oliveira Nicole de Freitas Gomes

Este Anais reúne o conjunto dos resumos expandidos do I Seminário de Integração do Curso de Serviço Social, realizado dia 26 de junho de 2019, e que é uma iniciativa do Programa de Educação Tutorial em Serviço Social (PET/SSO), vinculado ao Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina.

Diante do contexto atual e das mudanças curriculares ocorridas a partir do segundo semestre de 2013, com a implantação do novo currículo do Curso de Graduação em Serviço Social desta universidade, docentes e estudantes vem discutindo a necessidade da criação de espaço onde graduandos possam socializar as experiências adquiridas ao longo de sua trajetória acadêmica nos diversos componentes formativos do curso.

Compreendendo esta demanda e a importância da socialização de conhecimentos, o PET/SSO se desafiou a construir este espaço para troca qualificada e fortalecimento dos saberes acadêmicos, técnico-científicos e profissionais, visando a integração e socialização das atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no âmbito do curso, articulando disciplinas, núcleos, pós-graduação e discentes de diferentes fases do curso.

Para isso, se propôs a desenvolver o projeto de extens~o “Seminário de Integração do Curso de Serviço Social” que teve como proposta em seu projeto piloto ser realizado em um único dia, contando com mesas com palestras acerca de temas atuais ao Serviço Social e demandados pelos estudantes, sessões temáticas para apresentação de trabalhos submetidos a processo de avaliação, e publicização em anais.

Do ponto de vista operativo, foi composta uma comissão organizadora com quatro petianas que são estudantes da graduação em Serviço Social e bolsistas do PET/SSO e a tutora do PET/SSO que é professora do curso. Esta comissão teve como atribuições planejar, organizar, desenvolver e avaliar as edições do seminário. O cronograma de desenvolvimento do projeto piloto seguiu a seguinte cronologia: elaboração da proposta temática e programação da primeira edição do Seminário; divulgação juntos aos estudantes; período de

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

submissão de trabalhos; constituição de comitê científico formado por estudantes do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS/UFSC); período de envio dos trabalhos aos pareceristas membros do comitê científico; período de envio dos pareceres à comissão pelos pareceristas; data para divulgação dos trabalhos aceitos; divulgação da programação final com as sessões temáticas de apresentação de trabalhos constituída; realização do seminário; avaliação; editoração e publicação dos anais, elaboração de relatório final.

Considerando o objetivo de socializar as produções dos estudantes no âmbito do curso, realizou-se uma chamada para submissão de trabalhos exclusivamente para estudantes e egressos do Curso de Graduação em Serviço Social desta universidade1. Os trabalhos foram

elaborados na forma de resumo expandido, seguindo modelo e normas previamente estabelecidas. Cabe ressaltar que a submissão dos trabalhos e as inscrições foram realizadas através de ferramenta online do Google Formulários, e para a divulgação utilizou-se das redes sociais do PET/SSO, grupos do aplicativo WhatsApp e pela mala institucional de e-mails. A partir da análise das fichas de avaliação preenchidas pelos participantes, verificou-se que as estratégias mais efetivas de divulgação foram o WhatsApp, indicado por 28% dos respondentes, a divulgação realizada pessoalmente pela comissão organizadora nas salas de aula indicada por 28%, e 21% indicou o e-mail. Os trabalhos foram submetidos aos seguintes eixos temáticos, tal com indicado pelos autores:

Quadro1 – Eixos temáticos de submissão dos trabalhos por seus autores

Eixo temático trabalhos Nº de

submetidos

Política de Saúde 1

Política de Assistência Social 3

Política de Educação 1

Serviço Social e o Sociojurídico 1

Serviço Social, Gerações e Classes Sociais 1

Participação e Controle Social 2

Mundo do Trabalho 5

Questão étnico-racial 6

Gênero e Sexualidade 3

Exercício e Formação Profissional em Serviço Social 10

Cidadania e Direitos Humanos 7

Total 40

Fonte: Elaborado pelas autoras

1 Os autores deveriam ser todos vinculados ao departamento de Serviço Social desta universidade como egressos ou

estudantes da graduação e da pós-graduação, docentes ou supervisores de campo de estágio. Foi indicado que pelo menos um dos autores apresentasse o trabalho.

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

No total foram submetidos pelos estudantes e egressos 40 trabalhos para serem apresentados no Seminário. Todos foram resultantes de produções acadêmicas vinculadas ao curso de graduação, sendo que 5 trabalhos foram resultados de trabalho de conclusão de curso (TCC), 8 foram produções de estágio, 13 de pesquisa, 2 de extensão e 11 resultantes de estudos e trabalhos acadêmicos. Tais categorias foram identificadas pelos próprios autores na ocasião da inscrição do trabalho ao Seminário.

Para apresentação, os trabalhos não seguiram a organização a partir das temáticas previamente elencadas na ocasião da submissão dos trabalhos listadas no Quadro 1 acima, visto que se observou tanto pelos pareceristas quanto pela comissão organizadora que alguns trabalhos foram submetidos em eixos não adequados ao seu conteúdo2, e ainda, houve

necessidade de agrupar eixos em função do número de trabalhos mínimos para se constituir uma sessão. Neste sentido, constituiu-se 5 sessões temáticas, as quais organizaram-se da seguinte forma, como mostra o Quadro 2. Para este Anais foi utilizado a mesma organização.

Quadro2 – Organização temática das sessões de apresentação de trabalhos Temáticas aglutinadoras dos trabalhos Nº de trabalhos previstos na sessão Nº de trabalhos apresentad os na sessão

Temáticas dos trabalhos

Questão agrária

e urbana 7 7 Povos originários, atingidos por barragens, habitação, migração; mulheres na ditadura. Questão

étnico-racial e gênero 8 6

Políticas para pessoas negras, racismo institucional, feminismo, pessoas trans,

paternidade e maternidade. Trabalho e

formação profissional

7 7

Exercício profissional no espaço universitário, no Conselho Municipal de Saúde, O código de

ética de 1947, plano de estágio, projeto de intervenção de estágio, projeto de biblioteca. Mundo do

trabalho e infância

8 8

Contrarreforma trabalhista, reforma da previdência, Manuscritos de 1844, trabalho infantil, criminalização da infância, tráfico de

drogas, medida socioeducativa e facções do tráfico de drogas.

Família e assistência

social 5 4

Política social e família, o trabalho social com famílias, Assistência social, família e

judicialiazação, vínculos familiares, envelhecimento.

Total 34 32

Fonte: Elaborado pelas autoras

2 Como resultado do processo de avaliação, o comitê de pareceristas indicou que em 5 dos 40 trabalhos avaliados o conteúdo

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

No processo de avaliação destes 40 trabalhos, 34 trabalhos foram aprovados para apresentação e 6 foram reprovados. Os pareceristas membros do comitê científico identificaram que 90% dos trabalhos enviados se inserem no campo de conhecimento do Serviço Social. No que se refere à construção textual, observaram que a organização dos textos estava ótima em 32% deles e consideraram boa em 55%; a redação clara e português correto foram avaliados como ótimo em 35%, bom em 50% e regular em 15% deles. Em relação às normas da ABNT, 28% foram avaliados como regular e 8% como insuficientes, e a citação das referências nos textos foi considerada ótima em 30% dos trabalhos, boa em 32%, regular em 30% e insuficiente em 8%. Os pareceristas indicaram que apenas 9 trabalhos não necessitariam de revisão para publicação, 7 precisariam só de revisão de ABNT, 5 somente de revisão de português e 19 precisariam de revisão tanto de ABNT quanto de português. Diante da avaliação do comitê cientifico e, preocupada em qualificar o material para a publicação dos anais, a comissão organizadora fez parceria com o PET Letras da UFSC para revisar os trabalhos.

Dos 34 trabalhos aprovados, 32 deles foram apresentados3 durante a realização das

sessões temáticas de mostra dos trabalhos por 41 do total de 63 autores. Cada sessão foi conduzida por 2 debatedores, os quais são discentes do PPGSS/UFSC e que promoveram o debate alinhavando os trabalhos apresentados e incentivando as produções acadêmicas e sua importância para a formação e o trabalho profissional. Cada sessão contou ainda com um estudante bolsista do PET/SSO como relator. Os trabalhos e os debates indicaram a necessidade de aprofundar temas na graduação tais como a questão socioambiental, movimentos sociais do campo e as relações étnico-raciais. E ainda, ressaltou-se a preocupação com o fortalecimento do tripé ensino, pesquisa e extensão para universidade pública, laica e socialmente referenciada.

Foram realizadas ainda duas mesas, sendo uma com palestras sobre o mercado de trabalho e o avanço do conservadorismo, traçando discussões sobre os fundamentos históricos e teóricos-metodológicos do Serviço Social; e outra sobre a criminalização dos movimentos sociais na conjuntura atual com palestras com o representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), que trouxeram sua perspectiva de luta por direitos e a busca pela emancipação da classe trabalhadora.

3 A apresentação dos trabalhos foi realizada pelos estudantes da graduação autores, em forma de apresentação oral com

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

O seminário foi avaliado positivamente pelos participantes. Ressaltou-se a importância da proposta para a integração entre os trabalhos da graduação, que possibilitou a troca entre estudantes de todas as fases do curso e da pós-graduação, dialogando sobre os temas de interesse e importantes para a atuação profissional do assistente social. O projeto piloto do “I Semin|rio de Integraç~o do Curso de Graduaç~o em Serviço Social” também contribuiu com a produtividade técnico-científica do Departamento de Serviço Social (DSS/UFSC), tanto na graduação quanto na pós-graduação, com os seguintes indicadores:

Quadro3 – Produtividade técnico-científica do projeto piloto por participante

Produção técnico-científica Nº de

produções

Apresentação de trabalho em evento 41 Publicação de resumo expandido em anais 63

Elaboração de parecer 40

Moderador de sessão temática 10

Relator de sessão temática 5

Palestra ministrada 5

Coordenação de mesa 4

Participação em evento - ouvinte 97

Membro de comissão organizadora 5

Fonte: Elaborado pelas autoras

É desafio para a próxima edição, ampliar a participação dos estudantes, de modo a alcançar os objetivos de socialização e integração. Neste sentido, avalia-se que docentes, disciplinas, núcleos e grupos de pesquisa e extensão tem papel de relevância na orientação e utilização de estratégias didático-pedagógicas de fomentem produções discentes direcionadas a sua participação no Seminário de Integração, visto que se propõe a ser espaço de articulação e socialização entre as produções da graduação em TCC, estágio, estudos, pesquisas, extensão e produções das disciplinas. Almeja-se com isso, contribuir para a ampliação da qualidade das produções textuais dos estudantes, e para publicizar e gerar dados acerca da produção acadêmica e técnico-científica do curso.

Ressaltamos que os textos aqui publicados, em forma e conteúdo, são de responsabilidade dos autores, não refletindo o posicionamento das organizadoras nem do PET/SSO/UFSC.

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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

PARTE 1

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A IDENTIDADE DOS POVOS DO BRASIL COLÔNIA:

O NASCER DA DESIGUALDADE SOCIAL

Melícia Isabel de Pinho Palavras-Chave: Sócio-Histórico. Desigualdade Social. Étnico-Racial.

1. INTRODUÇÃO

Este relatório, produzido para disciplina de formação sócio-histórica, tem como objetivo principal caracterizar a identidade dos povos que constituíam o Brasil no período colonial. Demonstrando como a formação social desses indivíduos moldou, de certa forma, a desigualdade social presente nos tempos atuais. Isso será realizado com a apresentação e comparaç~o de ideias presentes em livros como, “O Arcaísmo como projeto”, de Jo~o Fragoso e Manolo Florentino; “Visões de Liberdade”, de Sidney Chalhoub; "Índios no Brasil”, de Manuela Cunha; e a passagem de Guilherme Pal|cios no livro “Camponeses brasileiros”

2. IDENTIDADE DOS POVOS

Antes de adentrar o tema central deste relatório, cabe apresentar os protagonistas desta pesquisa. No cenário da colônia, durante seu descobrimento até seus séculos seguintes, foram encontrados indígenas que viviam nessas terras desde antes de seu descobrimento (CUNHA, 2012); escravos negros trazidos da África; e homens livres, que eram normalmente os cultivadores autônomos (PALACIOS, 2009).

2.1 A IDENTIDADE DOS ESCRAVOS

As teorias sobre a escravidão existem em grande quantidade, elas se espalham por livros, teses e artigos, porém, não existe um consenso definitivo de como ela se sucedeu. As contradições variam, e, entre elas, existe desde a hipótese de doçura da colonização e escravid~o apresentada por Gilberto Freyre, no livro “Casa grande e Senzala”, até a violência e frieza dos castigos físicos e comercializaç~o dos escravos, presente no livro “Versões de

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liberdade”, de Sidney Chalhoub. No entanto, as teorias importantes para essa parte da pesquisa são a de João Fragoso e Manolo Florentino (1993), e de Sidney Chalhoub (2011).

Segundo João Fragoso e Manolo Florentino (1993), era extremamente necessária a permanência do escravismo para a relação de controle da coroa sobre a economia e sobre o povo (FLORENTINO, FRAGOSO, 1993).

[...] a consecução do projeto colonizador, mais do que criar um sistema monocultor e exportador, visava reproduzir em continuidade (i.e., no tempo) uma hierarquia altamente diferenciada. Por se tratar de estratificação assentada no escravismo, sua viabilização tinha por pressuposto a própria reprodução das relações de poder. (FLORENTINO, FRAGOSO, 1993, p.29)

Esse fato, para os autores, gera uma necessidade de manutenção do sistema escravista garantindo a diferenciação social. Isso se torna um mecanismo de controle, com o propósito de que as relações sociais não se alterem. Com isso, é apresentada a importância da escravidão para a formação econômica e social do Brasil, trazendo uma problemática que se configura a natureza da escravidão. Chalhoub (2011) apresenta a violência na escravatura como um fato, que para ele deve ser devidamente estudado e entendido, uma vez que a falta de conhecimento sobre o assunto permite os erros e mitos sobre todo a produção acadêmica, científica e literária sobre o tema (CHALHOUB, 2011).

Entre os erros e mitos apresentados pelo autor est| a ideia do escravo “coisa”. A coisificaç~o do escravo foi apresentada por muitos intelectuais, como Perdigão Malheiros e Fernando Henrique Cardoso, autores que foram inclusive citados e questionados pelo próprio Chalhoub. A teoria do escravo coisa assume que além do cativo ser visto como objeto, ele mesmo se auto reconhece desta forma (CHALHOUB, 2011). Isso apresenta uma ideia de que o escravo se via como irracional e como uma mercadoria, o que levaria a conclusão de que o próprio escravo concordava com sua condição social. Essa teoria se expande, inclusive, para a área do direito, estando presente a ideia de incapacidade e irracionalidade até mesmo nas defesas dos escravos que chegavam à justiça em processos da época.

No entanto, Chalhoub vai ao contr|rio da teoria da coisificaç~o do escravo “N~o consigo imaginar escravos que não possuam valores próprios, ou que pensem e ajam segundo significados que lhes s~o inteiramente impostos” (CHALHOUB, 2011, p.44)

Além disso, em sua tese, o autor mostra como os desejos dos cativos e castigos aos quais eles foram submetidos influenciam no decorrer de sua própria história. Ele apresenta juntamente com a violência aqui já citada, histórias de fugas, revoltas e queixas feita pelos negros. Tais acontecimentos foram justificados pelo autor, principalmente, por três motivos centrais. Em

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primeiro lugar as relações dos escravos com sua família e a luta para retornar às suas terras natais. Em segundo, o acreditar que os castigos que sofriam eram excessivos e/ou injustos. E por último a resistência em não ir para as fazendas de café. (CHALHOUB, 2011)

Desse modo, pode-se perceber que é nesse cenário que se forma a identidade dos negros escravos no território brasileiro: com a tentativa de objetificação de sua existência, e passando por toda a violência a qual eram submetidos, desde sua comercialização, castigos, tratamento cruel e desumano, além de sua condição de vida ser usada pela Coroa portuguesa como ferramenta para controlar a sociedade da época. O autor Octavio Ianni faz uma passagem no texto “A Quest~o Social” sobre o escravo e sua vivência que explica, com certa exatidão, a conclusão acima:

Era propriedade do outro, do senhor, que podia dispor dele como quisesse: declara-lo livre ou açoita-lo até a morte. A contrapartida, na perspectiva do escravo, era o suicídio, a tocaia contra o senhor e os membros da família até capatazes, rebelião na senzala, fuga [...] (IANNI, 1989, p.3)

2.2 A IDENTIDADE DOS INDÍGENAS

Junto com o descobrimento do Brasil, veio o descobrimento dos Índios que no território viviam. Além da surpresa dos navegadores pela descoberta de um novo paraíso, surgiu o questionamento das origens desse povo (CUNHA, 2012). Afinal, nada se sabia sobre eles, sua história era desconhecida, e até hoje não é contada. A falta dessas informações criou brecha para especulação, desde seu descobrimento. Surge nesse momento a ideia de que os povos indígenas eram primitivos em relação aos povos europeus, sendo uma sociedade virgem (CUNHA, 2012).

A partir do primeiro século de colonização, se formou-se uma aliança entre portugueses e índios, que os tornam parceiros de comercialização (CUNHA, 2012). Em contrapartida, não demorou muito para que a Coroa Portuguesa começasse a se utilizar dos índios para suas disputas, não só como soldados, mas também como barreira viva, os deixando-os em terras que queria proteger. Além disso, o escambo já não era mais prioridade da colônia, mas sim, a mão de obra (CUNHA, 2012). Porém, a utilização dos índios como mão de obra não se sucedeu bem. Eles apresentavam grande resistência e aversão ao trabalho compulsório, além do que, a comunicação entre portugueses e índios não era de grande facilidade. Juntamente com isso, os jesuítas, que vieram com a intenção de catequizar os índios, formam uma barreira a proteger esse povo, dificultando os interesses da Coroa.

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lém dessa relação econômica e política, o encontro entre o antigo e novo mundo gerou outra característica marcante, o “desaparecimento” do povo indígena. Tal ocorrido é popular mente justificado pelas epidemias trazidas da Europa para o território brasileiro, porém não se deve ignorar os conflitos violentos entre os índios e os portugueses. (CUNHA, 2012)

Com isso, é formada a identidade dos indígenas. Para os portugueses, um povo sem origens e história, que ficam à mercê das necessidades e interesses da Coroa, e sempre lembrados como primitivos e virgens de civilização.

2.3 OS HOMENS LIVRES

A passagem de Guilhermo Palacios, no livro “Camponeses brasileiros”, sobre os camponeses da época do Brasil colônia, conta sobre o medo dos homens livre de terem o mesmo destino dos escravos (PALACIOS, 2009).

Isso se d| principalmente pelo fato de que, sendo esses “[...]numerosos grupos de camponeses, pequenos arrendat|rios e foreiros, moradores de engenhos e fazendas[...]” (PALACIOS, 2009), considerados para a Corte como “indivíduos ignorantes, isolados, brutos (referidos por termos como “plebe”, “ralé” etc.)” (PALACIOS, 2009), não teriam nenhum valor e poderiam substituir os escravos.

Em síntese, essa preocupação se dava pelo medo desses homens de perder a autonomia que eles exerciam, já que mesmo sendo eles livre, eram considerados inferiores, e, portanto, mantidos isolados.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observam-se aspectos comuns a como as identidades desses três povos foram moldadas ao longo da história, sendo a presença da desigualdade o aspecto central. Essa desigualdade não só é construída por interesses da Coroa Portuguesa, mas também é encorajada e reproduzida. O autor Octavio Ianni (1989), faz uma reflexão sobre essa temática

A sociedade em movimento se apresenta como fabrica das desigualdades sociais. A prosperidade econômica e fortalecimento do aparelho estatal parecem em descompasso com o desenvolvimento social (IANNI, 1989, p.4)

Assim, a desigualdade torna-se o grande mecanismo de controle social, político e econômico da classe que detém o poder. Mecanismo esse que hoje encontra-se sob poder do

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capitalismo, a fim de garantir a reprodução e o acumulo de capital, garantindo assim seu funcionamento, levando a conclus~o que ao longo da história “A mesma sociedade que fabrica a prosperidade econômica fabrica as desiguales sociais que constituem a quest~o social.” (IANNI, 1989, p.10)

4. REFERÊNCIAS

FRAGOSO, João. FLORENTIDO, Manolo. “O arcaísmo como projeto”. Rio de Janeiro, 1993. CHALHOUB, Sidney. “Visões de Liberdade”. São Paulo, Cia das letras, 2011.

CUNHA, Manoela. “Índios do Brasil” São Paulo, Claro Enigma, 2012.

PALACIOS, Guillermo. “Campesinato e escravid~o” (1987), In WELCH, Clifford A e outros (orgs. ). Camponeses brasileiros: leituras e interpretações clássicas. São Paulo, UNESP; Brasília, DF: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, 2009.

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A PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E O IMPACTO NAS

POPULAÇÕES ATINGIDAS POR BARRAGENS

Ana Cecília de Araújo Teixeira4

Érica Fernanda dos Santos5

Laíne Motter Oliveira6

Palavras-Chave: Movimento dos Atingidos por Barragens; políticas públicas; barragens.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho é parte inicial de um projeto de pesquisa realizado por três bolsistas do Programa de Educação Tutorial em Serviço Social (PET-SSO) acerca da falta de políticas públicas e a ausência do aparelho estatal com a população atingida por barragens. Nesse sentido, busca-se fazer um resgate histórico da questão energética no Brasil enquanto fundamentação para entender a conjuntura atual dessas famílias, focando em relatos de mulheres. Para tal, buscaremos entender e relatar junto à população atingida pela UHE (Usina Hidrelétrica) São Roque, instalada no Rio Canoas, município de São José do Cerrito, no oeste de Santa Catarina.

A partir dessa pesquisa, busca-se trazer a questão das famílias atingidas por barragens, com relatos e dados coletados, para um debate acerca da negligência que estas sofrem por não possuírem garantias de direitos. Dessa forma, a intenção é fomentar essa discussão com dados e argumentos reais, a partir da realidade social desses atingidos e atingidas, incluindo o quanto essa conjuntura afeta a vida, particularmente, das mulheres.

Tendo em vista que a pesquisa está iniciando, iremos focar aqui neste trabalho o estudo bibliográfico realizado acerca do contexto histórico da questão energética brasileira, que é base de fundamentação para, posteriormente, entender a situação e as condições que vivem essas famílias, enquanto marginalizadas pelo Estado. Nesse sentido, buscaremos aprofundar um debate que vai além da discussão social, perpassando por todos problemas que as construções dessas barragens trazem, incluindo os ambientais.

4 Graduanda no curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina e bolsista no Programa de Educação

Tutorial em Serviço Social, anacecilia.at99@gmail.com

5 Graduanda no curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina e bolsista no Programa de Educação

Tutorial em Serviço Social, seericafernanda7@gmail.com

6 Graduanda no curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina e bolsista no Programa de Educação

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2. DESENVOLVIMENTO

O Brasil destaca-se em cenário mundial em sua produção de energia elétrica. Por possuir uma extensa área de rios, o território brasileiro produz energia a partir das hidrelétricas – responsáveis por 70,6% da produção total –, uma energia teoricamente limpa e renovável, além de possuir custos mais baixos. No entanto, essa energia possui, desde sua produção até o fim de seu processo de comercialização e distribuição, contradições, haja vista que, inserida em um contexto de acúmulo de capital, ela acaba sendo transformada em mercadoria e deixando de ser um direito (MAB, 2011).

Desde a consolidação do setor elétrico brasileiro, a população enfrenta a negligência e a marginalização por parte do Estado. Inicialmente, nas décadas de 1950 e 1960, a produção de energia elétrica era de responsabilidade do governo federal e dos governos estaduais; com o desenvolvimento desse setor e com a expansão das políticas neoliberais, em 1990, as grandes empresas e transnacionais começam atuar em todo o processo energético do Brasil, desde a construção das barragens até sua comercialização. A partir dessa lógica lucrativa, reduz-se os gastos com construções de barragens, produção, distribuição e comercialização e aumenta-se o preço da taxa de energia paga pela população, moldada através do mercado mundial (FELIPE, 2011).

Esse processo de passagem do setor energético de responsabilidade do Estado para a privatização representa uma obstacularização ainda maior para a população atingida pelas barragens garantir seus direitos. Nesse cenário, o Estado ausenta-se de todas suas responsabilidades de fiscalização e de garantia para submeter-se aos grandes empreendedores e os direitos das famílias passam a ser responsabilidade dessas empresas que controlam a produção de energia, contraditoriamente. A população geral contabilizada dos atingidos por barragens chega a dois milhões de pessoas e, dessas, 70% nunca obtiveram uma proteção social legal (CDDPH, 2011).

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) surge enquanto uma organização política de reivindicação desses direitos que os são negados. A população atingida é tratada dentro do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA) como parte do custo socioambiental das usinas hidrelétricas, não abarcando nenhuma particularidade social. Além disso, o setor energético também é problemático com os próprios trabalhadores precarizando o processo de trabalho, além de sofrerem demissões em massa, diminuição dos salários, aumento e intensificação da jornada de trabalho. As grandes

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empresas e transnacionais precarizam todo o processo desse setor em busca de lucratividade nessa lógica neoliberal.

A produção de energia hidrelétrica, considerada limpa e renovável, torna-se, em seu percurso, um processo sujo em todas as suas esferas, seja negligenciando as famílias atingidas, seja afetando o meio ambiente de qualquer forma. A fiscalização através das pesquisas ambientais para a construção das barragens nos territórios é, nitidamente, um processo superficial que atende os interesses dessas empresas privadas. Sendo assim, acarreta danos ao meio ambiente, alterando o curso dos peixes, causando secas e enchentes, transformando a macro e a microbiologia dos lugares, além de toda a questão da própria população.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do modo de produção capitalista em bases neoliberais acarreta mudanças e precarizações em todas esferas sociais. O setor de energia é apenas mais um consolidado e mantido nos moldes neoliberais, que visa a lucratividade, perpassado pelo descaso com a população e com o meio ambiente. Nesse sentido, as famílias atingidas pelas construções das barragens sofrem por não possuírem aparato real e efetivo por parte do Estado, ao serem tratadas e estarem incluídas em políticas ambientais, desconsiderando suas particularidades enquanto pessoas e famílias.

Ao realizar essa pesquisa com interesse de coletar depoimentos e dados das famílias, em especial das mulheres atingidas, busca-se evidenciar essa falta de políticas públicas e de descaso. Além disso, tem-se uma conjuntura política, social e econômica no momento atual que atravessa essas questões dispostas neste projeto de pesquisa.

Em síntese, a produção de energia brasileira, majoritariamente hidrelétrica, acarreta diversos problemas que não são abordados em uma política efetiva de Estado, abrindo espaço para diversas dessas situações de descaso financiadas pelo acúmulo do capital dos grandes empreendedores e das transnacionais.

4. REFERÊNCIAS

MAB. Movimento dos Atingidos por Barragens O modelo energético e a violação dos direitos humanos na vida das mulheres atingidas por barragens. São Paulo-SP, 2011.

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CDDPH. Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Relatório da Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. 2011. FELIPE, Marina Reche. Efeitos socioambientais da UHE Foz do Chapecó: atores sociais envolvidos no Relatório de Impacto Ambiental- RIMA. Florianópolis, 2011.

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QUESTÃO AGRÁRIA: UMA QUESTÃO SEMPRE ATUAL

Camila Schiarolli 7

Palavras-Chave: Questão Agrária. Serviço Social. PEC nº 80/2019.

1. INTRODUÇÃO

A questão agrária, uma das expressões da questão social, jamais deixou de ser urgente no Brasil, e a cada nova alternância de poder, em especial na esfera federal, ganha contornos mais robustos desenhados pela denominada bancada ruralista que se utiliza dos meios políticos para atingir fins jurídicos e, assim, conseguir não só se perpetuar no poder, mas também levar adiante o fracassado modelo socioeconômico fundado na monocultura de commodites voltada à exportação, em detrimento do aumento dos conflitos e desigualdades sociais que dele se originam.

Nesta seara de embate voraz entre o capitalismo instalado no meio rural, representado pelo agronegócio, e a luta dos trabalhadores rurais visando a permanência digna no campo, é que se pretende desenvolver este rápido trabalho, mas não por isso superficial, à luz da análise da proposta de Emenda Constitucional nº 80, datada de 21 de maio deste ano de 2019.

Lançando mão do método descritivo-explicativo, procurar-se-á demonstrar que a compreensão da questão agrária, a despeito de ser um dos pontos nodais para o alcance e a plena realização da cidadania e dos direitos humanos, padece de melhor atenção, teórica e prática, pelos profissionais de Serviço Social.

O resumo ora apresentado é resultado do estudo mais acurado sobre a temática principiada pelas reflexões e trabalhos desenvolvidos na disciplina de Serviço Social e Realidade Social I, ministrada pela Prof. Dra. Maria Regina de Avila Moreira para a 1.ª fase da graduação do curso de Serviço Social, no período noturno, nesta instituição federal de ensino superior (UFSC).

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2. DESENVOLVIMENTO

Recentemente, no último dia 21 de maio, fomos surpreendidos com mais uma ofensiva do capital sobre os já fragilizados direitos advindos da função social da propriedade rural, acirrando ainda mais os ânimos em torno da questão agrária.

Na referida data, o Senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ) apresentou à Secretaria Geral da Mesa do Senado Federal a proposta de Emenda Constitucional nº 80, que tem por objetivo alterar os artigos 182 e 186 da Constituição Federal, que tratam, respectivamente, da política de desenvolvimento urbano e da política agrícola e fundiária e da reforma agrária, a fim de reduzir as exigências legais que determinam quando um imóvel urbano ou rural está cumprindo ou não a sua função social, com o claro intuito de dificultar os processos de desapropriação (BIONDI, 2019).

Em síntese, especificamente em relação à proposta de alteração do art. 186, pretende a mencionada PEC fazer com que a função social da propriedade rural seja alcançada com o cumprimento de apenas um dos quatros incisos que o compõem, ao contrário das regras atuais que obriga a verificação da totalidade dos quatro requisitos e em simultaneidade.

À margem das inúmeras discussões que estão sendo travadas em torno da PEC nº 80, inclusive se esta seria inconstitucional, o fato é que a tramitação avança a passos largos sob a relatoria da Senadora Juíza Selma (PSL/MT), atualmente na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, contando com a subscrição de 27 do total de 81 senadores (BIONDI, 2019).

Para além das questões legais inerentes ao processo legislativo, depreende-se que, ao encontro dos fatos históricos, o palco político ocupado pela aristocracia rural utiliza-se mais uma vez de artifícios possibilitados pelo direito para novamente atingir fins não democráticos, colocando em risco não apenas a justa distribuição da terra, mas também o acesso à dignidade do trabalhador do campo que nele pretende permanecer, ferindo com isso o princípio da justiça social, postulado da reforma agrária.

Esta, aliás, já encontra entraves suficientes para a sua efetiva realização, na medida em que o texto constitucional de 1988 retrocedeu, se comparado ao Estatuto da Terra - Lei nº 4.504/1964, ao prever no art. 185 que as propriedades produtivas, independente da área total, estão salvaguardadas da desapropriação, assim como estão insuscetíveis de expropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra (MATTOS NETO, 2006). Some-se ainda o modelo agrícola adotado pelo Brasil, essencialmente monocultor de commodities para o

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mercado externo, o qual longe de cumprir a promessa de modernização do campo só faz crescer a exploração e a precarização do trabalho rural, conforme nos ensina San’tana:

O atual modelo agrícola está voltado fundamentalmente para as atividades do agronegócio que reúne em sua cadeia produtiva capital agrário, industrial e financeiro, nacional e internacional. A agricultura familiar e camponesa permanecem com menores investimentos e resistindo a pressão do modelo hegemônico, que produz tecnologia voltada para a monocultura e inflaciona o mercado de terras, de maneira a dificultar uma reforma agrária ampla e maciça e uma política agrícola de bases agroecológicas. Os rebatimentos desse processo sobre o mundo do trabalho são evidentes: a desertificação do campo em áreas de monocultura, a diminuição dos agricultores familiares e camponeses, a precarização do trabalho assalariado, a concentração dos maiores índices de pobreza em área rural e o acirramento da luta pela terra. (SANT’ANA, 2014, p. 733).

Nesta perspectiva, é fácil entender que a mencionada proposta de Emenda Constitucional nº 80, se aprovada, irá contribuir significativamente para o aprofundamento da concentração de renda e das desigualdades sociais, em suas múltiplas expressões, tanto no campo quanto no meio urbano.

Frisa-se que o trabalhador rural será colocado mais à margem de qualquer proteção legal; eis que “mesmo doente, em condições informais, com péssima remuneração, ele continua a sua busca incessante pelo trabalho” (SAN’TANA, 2014, p. 743).

Em linhas finais, guiada pela relevante contribuiç~o de San’tana (2014) afere-se que o trabalho do Assistente Social nessa área não se resume a operacionalizar a política de assistência social, mas vai muito além, com o trabalho socioeducativo das famílias atendidas mostrando que a lida no campo pode ser feita de maneira inclusiva, respeitando direitos trabalhistas, humanos e ambientais, com mútuo beneficiamento.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender a questão agrária a partir da formação do latifúndio, dos atores envolvidos, do interesse do capital nacional e internacional em manter o atual modelo de produção hegemônico e a maneira como se perpetua no tempo, com a utilização de forças políticas que, por sua vez, usam da competência legislativa que os seus agentes possuem para alterar o que for preciso a fim de manter o status quo, auxilia o profissional de Serviço Social a tomar melhores decisões quando do atendimento dessa parte da população com necessidades tão peculiares.

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Ainda nesta esteira, é imprescindível entender que alterações legislativas como a proposta pelo Senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ) podem acarretar consequências nefastas e de difícil reversão, em especial, para o meio rural, palco secular da disputa por terras neste país.

Ao pretender alterar a espinha dorsal da função social da propriedade, representada pelo art. 186 da Constituição Federal, as forças políticas impulsionadas pelos ruralistas do agronegócio, atingem não só a política de reforma agrária, ao praticamente a inviabilizar, mas também a toda população brasileira que em maior ou menor grau sofrerá com o aumento dos custos produzidos pela intensificação das diversas expressões da questão social.

Por isso, é caro para o profissional do Serviço Social que atua na área agrária identificar como modernamente o embate do capitalismo com o trabalho se dá no meio rural, utilizando-se do espaço político para alterar a legislação vigente e, por conutilizando-seguinte, alcançar objetivos não democráticos em detrimento do aprofundamento das desigualdades sociais.

Ressalta-se, neste ponto, o diálogo existente entre os operadores do Direito e do Serviço Social: embora cada um possua suas especificidades, eles conjugam os elos da mesma corrente.

À título de conclusão, munido com essa percepção da realidade, o Assistente Social poderá somar à função de planejar e executar políticas públicas sociais em prol da população rural por ele assistida a orientação e educação socioambiental, a fim de sinalizar que há perspectivas melhores e mais inclusivas, como a prática da agroecologia, que de forma sintrópica favorece o equilíbrio dos direitos sociais em conflito.

4. REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 10 jun. 2019.

BRASIL. Lei 4.504, de 30 de Novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra e, da outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm>. Acesso em 10 jun. 2019.

BRASIL. PEC 80, de 2019. Altera os artigos 182 e 186 da Constituição Federal para dispor sobre a função social da propriedade urbana e rural. Disponível em:

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<https://legis.senado.leg.br/sdleg-[

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getter/documento?dm=7955908&ts=1559841828846&disposition=inline>. Acesso em 10 jun. 2019.

BIONDI, Pedro. A PEC de Flávio Bolsonaro que altera função social da propriedade é inconstitucional?. Brasil de Fato, São Paulo/SP, 2019. Disponível em:

<https://www.brasildefato.com.br/2019/06/11/pec-de-flavio-bolsonaro-que-altera-funcao-social-da-propriedade-e-inconstitucional/>. Acesso em: 11 jun. 2019.

MATTOS NETO, Antonio José de. A questão agrária no Brasil: aspecto sócio-jurídico. Projeto História, São Paulo, v. 33, n. 3, p. 97-118, ago./dez. 2006. Disponível em:

<http://www4.pucsp.br/projetohistoria/downloads/volume33/artigo_04.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2019.

SANT'ANA, Raquel Santos. Trabalho e desenvolvimento: a realidade rural e a questão social. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 120, p. 723-745, dez. 2014. Disponível em:

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A QUESTÃO URBANA E A LUTA POR MORADIA: RETRATOS DA

REALIDADE NO BRASIL E EM SANTA CATARINA

Elizabeth Aparecida de Andrade 8

Juliana Vasques Lordelo 9

Vitoria Guesser Lucas 10

Bruna Caroline Torquato 11

Palavras-Chave: Questão Urbana. Moradia. Ocupação Contestado. 1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi apresentado na Disciplina Serviço Social e Realidade Social I (DSS 7101), do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina, como parte da avaliação do semestre 2019.1, orientado pela Profa. Dra. Maria Regina de Ávila Moreira.

Uma das mais importantes expressões da Questão Social, vinculada à questão urbana, reflete-se justamente na luta por moradia. Luta esta que ainda segue sem uma resposta satisfatória e definitiva por parte das políticas públicas no Brasil, despertando o interesse do grupo para a escolha e o desenvolvimento do tema.

Movimentos com organização no nível nacional destacam-se como protagonistas neste cenário de luta por controle social. A União Nacional por Moradia Popular, por exemplo, está em 19 estados brasileiros e iniciou suas atividades em 1989. Consolidou-se por meio de coletas de assinaturas para o primeiro Projeto de Lei de Iniciativa Popular, que criou o Sistema, o Fundo e o Conselho Nacional por Moradia Popular no Brasil (Lei 11.124/05).

A fim de se chegar à análise pretendida, foram realizadas pesquisas bibliográficas em textos de autores diversos que tratam o assunto, e também em publicações específicas, como a Edição Especial sobre Aglomerados Subnormais do Censo Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

2. DESENVOLVIMENTO

Além de sua relevância enquanto expressão da Questão Social, a questão urbana no Brasil ainda chama especialmente atenção, como aponta Tonella (2013), na medida em que se

8 Estudante da 1ª fase do Curso de Serviço Social (Noturno), UFSC, beth0873@gmail.com 9 Estudante da 1ª fase do Curso de Serviço Social (Noturno), UFSC, lordelo.juliana@gmail.com 10 Estudante da 1ª fase do Curso de Serviço Social (Noturno), UFSC, viviguesserl@gmail.com 11 Estudante da 1ª fase do Curso de Serviço Social (Noturno), UFSC, brunatorquatoufsc@gmail.com

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observa na sociedade brasileira os princípios de desigualdade e exclusão, ao longo do tempo, servindo como forma de regulação social; ao passo que, nas sociedades ocidentais, os princípios de igualdade, liberdade e cidadania são formalmente reconhecidos como essenciais para a independência da vida social.

Nesse sentido, Corato (2017) traz uma importante análise acerca de como a luta por moradia no Brasil está intimamente ligada com a abolição da escravatura. A coroa portuguesa, durante o século XIX, definiu como se institucionalizaria a propriedade de terras no Brasil, uma vez que este era o maior meio pelo qual se produzia e se acumulava riqueza na época.

Em 1850, decretada a primeira Lei de Terras, segundo a qual poderiam ser proprietários apenas aqueles que pudessem comprá-las, excluía-se todos que não tivessem meios financeiros (escravizados e indígenas), institucionalizando, assim, de forma jurídica, as desigualdades.

Com a abolição da escravidão, em 1888, os escravizados são colocados, então, à própria sorte. Como muitos não tinham para onde ir, começam a aglomerar-se em diversos locais. Estava selado, assim, o futuro da população cuja força de trabalho ergueu o país: viver às margens da sociedade, compondo as periferias dos grandes centros urbanos.

A partir daí, à medida que as cidades cresciam e atraiam pessoas de fora, os mecanismos de exclusão social iam se adequando a cada época, em um movimento contínuo, baseados na oposiç~o que Rolnik (apud TONELLA, 2013, p.36) chama de “cidade legal/cidade clandestina”, sendo a cidade n~o legalizada localizada “nos bairros periféricos, morros, fundo de vales, terrenos sem regularizaç~o etc.”

Algumas iniciativas governamentais foram lançadas ao longo da história recente brasileira para tentar solucionar esse problema social. No entanto, Tonella (2013) alerta para o fato de que fica claro que a implementação de uma política urbana concreta depende, além de um expressivo investimento público, de políticas públicas com diretrizes estruturadas e consistentes ao longo do tempo, e de maiores interfaces entre poder público e sociedade civil.

De acordo com o Censo de 2010, cerca de 6% da população vive em aglomerados subnormais no Brasil (assentamentos diversos, tais como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros), o que representa 11.425.644 pessoas. O IBGE identificou 6.329 favelas em todo o país, localizadas em 323 dos 5.565 municípios brasileiros. O estudo aponta para 3.224.529 domicílios nessas áreas, o que representa 5,6% do total de residências do País.

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A maior parte destes domicílios concentra-se na Região Sudeste do Brasil (49,8%), seguida pelas Regiões Nordeste (28,7%), Norte (14,4%), Sul (5,3%) e Centro-Oeste (1,8%).

Importante salientar que, além da luta pela moradia em si, a carência de serviços públicos essenciais é parte da realidade de grande número de brasileiros. Atualmente, mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de abastecimento de água potável, de acordo com dados do SNIS 2016 (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), e mais de 23,6 milhões de domicílios (34% do total) não possuem ligação à rede de esgoto (diretamente ou via fossa), de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016 (PNAD) do IBGE.

Outras batalhas relacionadas à educação, renda e acesso a itens de consumo compõem também essa alarmante questão. Ainda com base nos dados do Censo de 2010, constata-se, por exemplo, que mais residentes em aglomerados frequentam escola pública, mas poucos têm curso superior; que 31,6% desta população possui renda de até meio salário mínimo; e que moradores de aglomerados têm menos carros, máquinas de lavar e acesso à internet.

A Região da Grande Florianópolis, por sua vez, também passou por um intenso crescimento urbano nas últimas décadas, impulsionado por processos de expulsão populacional da área rural para a área urbana. (MAGALHÃES; TONIN, 2015)

Devido às grandes pressões econômicas, várias famílias (especialmente pobres e negros) tiveram que se realojar em morros, devido à baixa renda (muitos, inclusive, ex-escravos).

A formação das favelas se dá devido aos grandes custos de moradia no centro da cidade, impossibilitando as pessoas que ganham um salário mínimo conseguir se sustentar nesse meio. Não restando muitas opções, essa população se vê obrigada a partir para lugares, na maioria das vezes, precários.

A população residente no município de Florianópolis cresce, portanto, do balanço destes movimentos externos e internos e do acúmulo destas contradições. Este crescimento é particularmente acelerado na segunda metade do século XX. (IBGE, 2010 apud MAGALHÃES; TONIN, 2015, p.226)

O crescente processo de “periferizaç~o” passou a ser observado n~o apenas nas encostas dos morros, como também de forma horizontal, ou seja, a expansão da ocupação de áreas ainda mais isoladas do centro urbano, nas periferias de São José e de Palhoça, especialmente.

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Este processo est| diretamente associado { atraç~o populacional exercida pela “cidade-mercadoria” (MAGALHÃES; TONIN, 2015, p.228), na qual se dá a valorização do capital onde passa o solo urbano, nesta e em outras cidades regidas pela urbanização capitalista.

Fato de destaque importante na região é o despejo de mais de 200 famílias da Ocupação Contestado em São José, ocasionando vários tumultos e muitas frustrações.

“Aqui se respira luta”, é a frase gravada em um banner dado de presente pelos militantes do MST e por agentes da Cáritas Brasileiras (CNBB) às famílias despejadas por Djalma Berger, em novembro de 2012, proporcionando um dos momentos mais emocionantes dos dois anos de ocupação naquela época. (MAGALHÃES; TONIN, 2015)

Em 2012, no palanque de um comício realizado em José Nitro, o Prefeito em questão afirmou legalizar o terreno, tirando a ordem de despejo e doando às famílias envolvidas, trazendo esperanças a todos. No entanto, três dias após sua derrota para a candidata Adeliana Dal Pont (PSD), Djalma dá cumprimento à ordem de despejo, contando com mais de 200 policiais para a realização do ato.

A população residente na Ocupação Contestado é de 245 pessoas, conforme aponta Canella (2015 apud MAGALHÃES; TONIN, 2015, pp.243), das quais 126 são homens e 119 são mulheres. A estrutura etária desta população revela o predomínio de jovens e, principalmente, de crianças em idade entre 0 a 14 anos.

Sabe-se que a exploração do trabalho dentro da lógica capitalista dificulta a realização do que para muitos cidadãos é um sonho, uma meta de vida. O salário mínimo não é suficiente para aquisição de um imóvel, ainda mais considerando terras e aluguéis cada vez mais caros, fazendo esse sonho parecer cada vez mais distante. Desta forma, torna-se necessária a articulação da sociedade civil para gerar transformações sociais efetivas.

A luta do Contestado foi fundamental e um grande exemplo por meio do qual se observa o quanto uma organização unida gera grandes transformações. Mesmo sofrendo ataques e repressões, os moradores continuaram unidos e com respeito, lutando por seus direitos e pelo que lhes havia sido prometido.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inegavelmente, mudanças ocorreram ao longo dos anos nas políticas referentes à questão urbana no Brasil. Existe um certo aprendizado em termos de práticas participativas, mas muitos desafios ainda são observados, em especial em se fazer cumprir a legislação

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existente e em garantir a integração entre Estado e Sociedade Civil, por meio de conselhos participativos em todo Brasil e em todos os níveis de governo.

Os chefes dos executivos, responsáveis por conseguir verbas, apresentam-se pouco compromissados em dialogar com a sociedade os destinos dos recursos e o desenho da política urbana em prol de moradias dignas a toda população, o que significa que a luta continua e, infelizmente, ainda parece longe de um final plenamente satisfatório, em especial para a população economicamente menos privilegiada.

Desta forma, observa-se que, apesar da intensidade das propostas e do envolvimento de sujeitos coletivos na construção de um sistema nacional de desenvolvimento urbano, os avanços são extremamente lentos, e com disputas de projetos muitas vezes conflitantes entre os diferentes atores que compõem essa importante questão.

Especialmente em Santa Catarina, muitas são as lutas ainda em cena: ocupações existem e resistem, apesar de todo descaso e violência a que estão sujeitas cotidianamente. É imprescindível, portanto, ampliar a participação popular neste debate, a fim de que o controle social possa ser cada vez maior e envolvendo diversos sujeitos, tais como movimentos em prol de moradia, comunidade universitária, profissionais envolvidos com a questão urbana, especialistas na legislação vigente, entre outros.

4. REFERÊNCIAS

CORATO, Carmen. Favela como sinônimo de resistência. Agência de Notícias das Favelas - 8 de setembro de 2017. Disponível em https://www.anf.org.br/favela-como-sinonimo-de-resistencia/

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Referências

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