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INTEGRAÇÃO SOCIAL DOS IMIGRANTES HAITIANOS NO INTERIOR DO BRASIL: O CASO DE PRESIDENTE GETÚLIO/SC

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INTEGRAÇÃO SOCIAL DOS IMIGRANTES HAITIANOS NO INTERIOR DO BRASIL: O CASO DE PRESIDENTE GETÚLIO/SC

CARLOS EDUARDO BARTEL Doutor em História (UFRGS) Professor do Instituto Federal Catarinense (IFC) carlos.bartel@ibirama.ifc.edu.br

A Igreja está cheia, celulares tocando e fiéis agitados, falam e murmuram em crioulo,1 a bíblia está escrita nessa língua, levantam-se, entram e saem, enquanto o pastor, calmamente, também em crioulo segue o culto. Esta cena não ocorre no Haiti, mas no interior de Santa Catarina. Ocorreu dia 19 de junho de 2016, em uma manhã de domingo, como acontece todos domingos na Igreja Assembleia de Deus, no pequeno município de Presidente Getúlio, que possui em seu pórtico de entrada as bandeiras da Alemanha, Itália e Suíça, referente aos grupos que colonizaram a região.2

A presente análise faz parte de um Projeto de pesquisa, ainda em fase inicial, intitulado “Imigração haitiana no Brasil: integração social, racismo e xenofobia na terra prometida”, cujo objetivo consiste em investigar a interação social deste grupo e a sociedade hospedeira, isto é, as relações interétnicas pela perspectiva dos imigrantes haitianos, a inserção ou isolamento social deste grupo étnico no país. Para isso, analisa a trajetória desses imigrantes e sua recepção no país, a adaptação ao novo contexto social, quais as dificuldades enfrentadas?, a inserção no mercado de trabalho, bem como

1 A língua crioula ou creole, refere-se a uma cultura distinta produzida como resultado do surgimento de

duas ou mais culturas. O termo deriva originalmente do português crioulo, que significa “escravo criado no lar do senhor”. A palavra transformou-se em criolli no espanhol e creole no francês. Os creoles desenvolveram seus estilos próprios de culinária, música e língua. No contexto caribenho, o termo referia-se aos descendentes de europeus nascidos ou que viviam no Caribe. Também era usado para distinguir um escravo nascido nas Índias ocidentais de um africano. Os nascidos nas ilhas desenvolveram seu próprio dialeto, música e cultura, e a palavra creole passou a significar qualquer coisa recriada no Caribe (provavelmente uma ramificação do latim creara, de “criado originalmente”). Pratos, dialetos e formas artísticas muito particulares passaram a ser conhecidos como creole, o que denota algo muito positivo e original. Hoje em dia, o termo creole descreve qualidades cultivadas para uso local, exclusivas de grupos étnicos, especialmente no que diz respeito a linguagem e dialeto (CASHMORE, 2000, p. 152).

2 Presidente Getúlio possui uma população de 16.474 habitantes e se localiza no Alto Vale do Itajaí, na

região conhecida como “Vale Europeu”. A cidade fica a 230km de distância de Florianópolis, capital do estado. Em 1953, através da lei estadual nº 133 de 30/12/1953, o então distrito de Ibirama, foi elevado à categoria de município, com a denominação de Presidente Getúlio. Fundado, em 1904, por imigrantes europeus, basicamente suíços, alemães e italianos, inicialmente se chamava Neu-Zürich, e, devido sua colonização, possui até os dias de hoje muitos traços da cultura dos primeiros colonizadores. Informações obtidas no site da Prefeitura Municipal de Presidente Getúlio. <http://www.presidentegetulio.sc.gov.br/turismo/informacoes/>, acesso em 27/03/2016. As referências consultadas na internet serão citadas apenas em nota de rodapé e não ao final do texto, com o propósito de não estender demasiadamente o presente trabalho.

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possíveis casos de racismo, xenofobia e discriminação envolvendo esses imigrantes.3 A ideia de abordar haitianos no Brasil decorre de vários movimentos, entre os quais, minha participação, entre 2008 e 2012, no GT de Estudos Étnicos, vinculado à Anpuh/RS, no qual, ao abordar temas como imigração, grupos étnicos e racismo, desenvolvi pesquisas sobre movimento sionista e judeus no Brasil, o que me possibilitou organizar cursos para professores e alunos de graduação sobre tais temáticas. Após, iniciei uma análise sobre manifestações racistas no Brasil contemporâneo, considerando que em meio à sociedade brasileira existe um racismo encoberto pelo discurso da democracia racial (BARTEL, 2014). Em outras palavras, trata-se do conhecido caso do racismo sem racista, ou o chamado racismo à brasileira, onde todos conhecem alguém que seja racista, porém ninguém se assume como tal. O que de certa forma é compreensível, pois até recentemente não se questionava por que os negros ocupavam alguns postos de trabalho e não outros.4

Aproximando temas como imigração, racismo e relações interétnicas, e tendo este último como parâmetro de análise, nosso interesse de estudo voltou-se para a abordagem dos grupos de imigrantes negros (africanos e haitianos), que recentemente desembarcaram no Brasil. Tendo em vista que os negros são as maiores vítimas desse racismo velado, parecia óbvio que os imigrantes negros seriam integrados ao contingente da população negra brasileira, com o “agravante” de serem estrangeiros, o que abriria caminho também para casos de xenofobia. Nesse sentido, a quantidade de notícias de violência, racismo e xenofobia envolvendo imigrantes negros vem confirmando essa hipótese, mostrando que estávamos corretos em nossa preposição.

Buscamos nessa primeira etapa da pesquisa caracterizar o perfil etnográfico desses imigrantes e suas relações sociais, bem como identificar suas dificuldades iniciais e o processo de isolamento ou integração social desse grupo étnico na comunidade local. Em vista disso, os ritmos de integração ou isolamento social sofrem

3 O Projeto de pesquisa, desenvolvido no Instituto Federal Catarinense (IFC), Campus Ibirama, conta com

o trabalho e a colaboração da bolsista Maria Eduarda Eltermann, aluna do 2º Ano do Ensino Médio Integrado em Administração.

4 O preconceito racial se evidencia no Brasil através de diversas maneiras, de modo que não

conseguiríamos abordar aqui suas múltiplas formas de manifestação. Assim, é compreensível, por diferentes motivos, que o racismo e algumas práticas racistas não sejam percebidas pela sociedade brasileira. O que, em parte, se deve à sutileza com a qual o racismo é praticado. Entre outras consequências desse racismo, cabe enfatizar que o percentual de negros assassinados no Brasil é 132% maior do que o de brancos, conforme revelou a pesquisa “Vidas Perdidas e Racismo no Brasil”, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) (CERQUEIRA; MOURA, 2013).

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variações relacionadas aos diferentes contextos socioculturais em que estão inseridos os imigrantes. Nos grandes centros urbanos, a visibilidade (no sentido literal e objetivo) de determinado grupo étnico, por vezes, acaba por se diluir no conjunto da sociedade, tornando-se assim, menos evidente e visível. Em São Paulo, Porto Alegre ou Florianópolis, entre outros grandes centros urbanos, um haitiano passa desapercebido, podendo ser confundido com um senegalês, nigeriano ou brasileiro, porém, em Presidente Getúlio, onde, por razões históricas, a população é majoritariamente branca, negro e haitiano praticamente são sinônimos.

Do ponto de vista metodológico, foram consultadas obras e estudos sobre a história do Haiti e, mais especificamente, a imigração haitiana para o Brasil. No entanto, para maior aprofundamento, o trabalho de campo, fontes periódicas (jornais locais) e orais são fundamentais à nossa pesquisa. Igualmente, em busca de fontes de pesquisa, percorremos diferentes Instituições, como a Secretaria de Assistência Social, a Biblioteca Pública e Acervo Cultural do Município de Presidente Getúlio.5

O presente artigo analisa, inicialmente, as causas e a trajetória da imigração haitiana para o Brasil e a recepção desse grupo pela sociedade brasileira, caracterizada, conforme referido, por um racismo velado, que defende a existência de uma democracia racial. De modo geral, nos grandes centros urbanos poderíamos perguntar como ocorre a inserção social desses imigrantes, agregados ao conjunto da população negra brasileira, com o agravante de serem estrangeiros. Porém, essa situação não se enquadra no caso analisado. Partindo de tais pressupostos, visamos identificar as principais linhas desse processo de inserção social, através das relações interétnicas entre grupos muito distintos.

Considerações sobre imigração haitiana para o Brasil

No livro O vale do fim do mundo (2013), o autor, ao abordar a vida dos imigrantes e seus descendentes na região do Alto Vale catarinense, na década de 1950, afirma que “a vida de imigrante tem suas inevitáveis leis próprias. A primeira delas: é preciso

5 Com o objetivo, de analisar a trajetória dos imigrantes haitianos nesse pequeno município, entramos em

contato com a Professora Isabela Dal-Bó, do Curso de Graduação deTecnologia em Design de Moda, e sua orientanda Cíntia, as quais sob a perspectiva sociocultural realizam estudos a respeito do vestuário e da religiosidade desses imigrantes. A partir desse contato formamos um pequeno núcleo de estudos, de forma que somos gratos a ambas pelas valiosas contribuições à presente pesquisa.

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recomeçar” (LÉNÁRD, 2013, p. 21).6 Tal assertiva, exposta como regra universal, em sua obviedade convida o historiador das imigrações a buscar respostas visando a compreensão destes recomeços.

Recomeçar envolve perdas – permanentes e provisórias – que são deixadas para trás, mas envolve também a esperança de reconstrução, de um futuro melhor, nem sempre alcançado. E, por vezes, o futuro, apresenta mais dificuldades do que esperanças de conforto. No caso dos haitianos, como o de outros imigrantes, as perdas são muitas, entre elas, a separação familiar e o desenraizamento de sua cultura.

A imigração haitiana para o Brasil é um fenômeno recente, se inscreve na história do tempo presente7 e está inserida em um contexto mais amplo, que se convencionou chamar de “diáspora haitiana”. O fluxo migratório de haitianos para o Brasil iniciou após o sismo que devastou o Haiti em 2010,8 contudo, antes mesmo do terremoto, devido uma série de fatores, o país já enfrentava graves problemas de ordem econômica, política e social.9 Essa situação promoveu a aproximação diplomática entre Brasil e Haiti, que desde junho de 2004, conta com a presença das Forças Armadas Brasileiras em seu território, as quais integram à Missão das Nações Unidas para estabilização do Haiti (MINUSTAH).10

Portanto, a diáspora haitiana é um movimento anterior ao terremoto de 2010, nesse contexto, o Brasil não era o primeiro destino desejado pelos haitianos, que preferiam dirigir-se para os Estados Unidos ou para a Europa. Porém, a entrada destes

6 Romance escrito pelo imigrante húngaro Sándor Lénard, radicado na década de 1950 em Dona Emma,

município, vizinho a Presidente Getúlio. Publicado originalmente em húngaro, em 1967, e traduzido para o alemão e o inglês, a obra revela o olhar do imigrante refugiado dos conflitos europeus no século XX sobre o Brasil que o acolheu.

7 Conceitualmente, a noção de “tempo presente”, se refere ao período no qual, muitas vezes, os indivíduos

enfocados na pesquisa encontram-se ainda vivos, e por vezes atuantes, as instituições analisadas se encontram em pleno funcionamento e as questões abordadas “em meio ao calor dos acontecimentos”, pertencendo, assim, ao campo do “muito contemporâneo” (CHAUVEAU; TÉTART, 1999).

8 Precedido por tremores menores, o abalo sísmico de 7.0 graus de magnitude ocorreu no dia 12 de

janeiro de 2010, tendo seu epicentro a poucos quilômetros da capital, Porto Príncipe. Entre as consequências imediatas da tragédia, mais de 200 mil pessoas morreram e outras 300 mil ficaram feridas, mais de 4 mil sofreram amputações e em torno de 1 milhão de pessoas ficaram desabrigadas. O terremoto “foi o maior golpe da história do país e da MINUSTAH, que não esperava por tamanha devastação” (TARDIN, 2015, p. 118).

9 A crise generalizada que se instalou no Haiti nos últimos anos faz parte de processo histórico marcado

por regimes militares, corrupção, governos ditatoriais, entre outros fatores, os quais contribuíram para que o Haiti se tornasse o país mais pobre da América Latina, com um dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do planeta. Contudo, a imigração para o Brasil se situa com o agravamento da crise nos últimos anos e com o sismo que abalou o país em 2010.

10 As relações diplomáticas, entre Brasil Haiti, envolveram assinaturas de acordos sobre questões políticas, socioeconômicas, ambientais e de ajuda humanitária.

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migrantes nestas regiões tornou-se cada vez mais difícil. À época do sismo o Brasil se encontrava em pleno crescimento econômico, sendo, por isso, um polo de atração para diferentes grupos de imigrantes.11 Além da dificuldade de ingressar em outros países e o fato do Brasil se encontrar em meio a uma fase de crescimento econômico, outro fator que contribuiu para que os haitianos escolhessem o Brasil como destino se deve a propaganda positiva do país, feita pelos soldados brasileiros no Haiti, que apresentaram a imagem de um país próspero, formado por uma sociedade tolerante, ordeira e hospitaleira.

Em vista disso, sempre que se fala em migrações, vale lembrar a consagrada pergunta: por que as pessoas migram? As razões para o fenômeno imigratório são variadas, porém, no caso dos haitianos estes vieram para o Brasil em busca de trabalho e melhores condições de vida. Trata-se, portanto, de uma imigração laboral, segundo noção desenvolvida por Abdelmalek Sayad (1998). Porém, cabe referir que, em meio a esse contexto, o mercado de trabalho brasileiro explora os haitianos, principalmente aqueles que estão no país “em condição ilegal, como mão de obra barata e, não raramente, com poucos direitos trabalhistas empregados” (ANDRADE; MATTOS; MORAES, 2013, p. 106).

A característica de “imigração laboral” é observada em inúmeros relatos dos imigrantes haitianos, os quais em seus depoimentos mencionam terem vindo ao Brasil em busca de trabalho. Nesse sentido, um imigrante radicado em presidente Getúlio, relata que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos haitianos na região é a “falta de trabalho” (J.T., 2016, p. 02).12

Nesse sentido, “os processos migratórios podem ser desencadeados por diversos fatores, contudo a questão econômica parece ser o principal motivo da imigração haitiana para o Brasil”, visto que, entre outras questões, “os imigrantes haitianos têm o compromisso de manter economicamente suas famílias” (BARBOSA, 2015, p. 111; 91). Notícias relacionando haitianos e o mundo do trabalho são encontradas em grande

11Na primeira década do século XXI, o Brasil obteve altos índices de desenvolvimento social e econômico, êxito decorrente de fatores como a estabilidade do regime político e democrático, a expansão da atividade produtiva e o incremento de políticas sociais de caráter distributivo. Em vista disso, o Brasil assistiu à queda significativa do desemprego, da pobreza e da desigualdade social. Tal situação inscreveu o país entre as sete economias mais ricas do mundo, tornando-o um polo de atração para imigrantes e o principal país da América Latina.

12 Alguns dos entrevistados para a presente pesquisa informaram que não gostariam de ter seus nomes

citados, outros não assinaram o termo de cessão, nos autorizando a utilizar seus nomes na pesquisa, de forma que optamos, assim, por utilizar apenas as iniciais dos nomes dos entrevistados.

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quantidade em diferentes periódicos e meios de comunicação, conforme é possível observar através da seguinte notícia:

De 2010 pra cá, o Ministério do Trabalho e Emprego já concedeu milhares de autorizações pra concessão de visto com caráter humanitário aos haitianos. E Santa Catarina é um dos estados que mais recebem essas pessoas.

“Quando o terremoto passou, o país ficou triste. Acabou com muitas famílias, elas perderam suas casas, perderam bastante coisa”, recorda Pierre Romelien Romelus, de 47 anos e que trabalha como auxiliar de carregamento em Joinville.

Pierre Jean Wildor, assador de pizza também conseguiu se estabelecer em Joinville. Há um ano, ele deixou o Haiti em busca de trabalho. “Foi rápido. Fiquei em casa por cinco dias e depois comecei a trabalhar em uma pizzaria, onde estou até hoje”.

Mas essa não é a realidade de todos os haitianos. André Micius está há pouco mais de um ano e meio no Brasil. Quando chegou, encontrou trabalho rapidamente, mas agora diz que sente dificuldade.

Um grupo de uma igreja da cidade tenta ajudar os imigrantes que não têm emprego ou precisam de outros apoios. Rejane Schatzmann é voluntária há um ano. Segundo ela, 200 haitianos já foram atendidos. Ela conta que os haitianos geralmente chegam a Joinville sem trabalho e sozinhos, e com a esperança de uma vida melhor. São reservados, e na maioria dos casos sonham em trazer a família pra viver aqui.13

Considerando tais questões, ao transitarmos pelas ruas de inúmeras cidades brasileiras, de pequeno ou grande porte, têm sido cada vez mais comum nos depararmos com estrangeiros negros inseridos no mercado de trabalho, formal e informal, ou em busca de emprego, muitos desses são haitianos, que, desde 2010, emigram para o Brasil. A partir desse momento, essa migração se tornou um processo que avançou transformando-se em fluxo permanente de migrantes, que transcorre através da entrada legal e ilegal desses imigrantes no país.

No primeiro caso, os imigrantes são amparados jurídica e socialmente pelo Estado brasileiro, porém, grandes levas de haitianos adentram o território brasileiro de modo clandestino, principalmente, pelo norte e centro-oeste do país, através dos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em janeiro de 2012, “com o propósito de ordenar a diáspora haitiana no país, o governo brasileiro publicou a resolução nº 97 do CNIg (Conselho Nacional de Imigração)” que estabeleceu uma série de medidas, entre as quais se destacam a de regularizar a situação dos imigrantes que já

13 “Em busca de trabalho, haitianos são maioria entre estrangeiros em Joinville”. Notícia publicada dia 1º

de maio de 2015, disponível em <http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/05/em-busca-de-trabalho-haitianos-sao-maioria-entre-estrangeiros-em-joinville.html>, acesso 03/03/2016.

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se encontram em território brasileiro e a de conceder, por meio da Embaixada em Porto Príncipe, 1.200 vistos anuais, um limite de 100 vistos por mês para haitianos dispostos a trabalharem no Brasil (ANDRADE; MATTOS; MORAES, 2013, p. 105). Com isso, o Estado brasileiro busca, por um lado, legalizar a situação dos imigrantes no país e, por outro, tenta restringir a entrada de novas levas de imigrantes.

Dificuldades iniciais e inserção social dos imigrantes haitianos em Presidente Getúlio/SC: de mão de obra acessível à condição de indesejáveis.

Em agosto de 2013, vieram para Presidente Getúlio os primeiros haitianos. Foram trazidos para o município pela Pamplona Alimentos, empresa especializada em carne suína, que possui sua matriz em Rio do Sul, município situado a 20 km de Presidente Getúlio. Neste ano, a Pamplona iniciou o processo de contratação dos haitianos, para isso, representantes da empresa foram até Brasileia, município do interior do Acre, onde havia sido improvisado um abrigo para acolher os imigrantes.14

Sobre o processo de contratação dos haitianos, Adelar Müller, gerente de recursos humanos da empresa, relata que no início procuraram conhecer a realidade dos haitianos, saber como eles chegaram ao Brasil e como outras empresas realizavam a contratação. Para isso, conforme suas palavras, “alguns requisitos são obrigatórios: ter entre 18 e 50 anos, carteira de trabalho, CPF e carteira de identidade, após os imigrantes conseguirem entrar no Brasil, a documentação necessária é expedida no mesmo dia” agilizando “o processo de contratação”, explica o gerente.15

Nessa primeira leva, um dos contratados pela empresa, foi Jordany François, 29 anos, que à época do sismo estudava na República Dominicana, onde fazia o curso de mecânico industrial. Ao concluir os estudos, Jordany, que fala francês, creole e espanhol, retornou ao Haiti em busca de trabalho, mas percebendo as dificuldades viajou para América do Sul. Jordany relata que “tinha três amigos que estudavam no Brasil”, os quais lhe “falaram que aqui não havia muitas dificuldades para se conseguir papel [carteira assinada]”. A trajetória de Jordany foi noticiada na página on line do jornal Diário do Alto Vale:

14 Abrigo desativado no ano seguinte, em 15 de abril de 2014. Cf.

<http://www.oaltoacre.com/abrigo-feito-para-imigrantes-foi-desativado-e-mostra-realidade-de-convivencia-insalubre/>, acesso 23/03/2016.

15 HOFFMANN, Arthur. Haitianos: em um ano, número de trabalhadores tem crescido no Alto Vale.

Disponível em: <http://www.educadora.am.br/noticia/haitianos-em-um-ano-numero-de-trabalhadores-tem-crescido-alto-vale/>, acesso 19/03/2016.

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Depois de seis meses ele decidiu vir sozinho ao Brasil, mas aí começa uma “história muy longe”, expressão que ele usa para se referir a uma longa história. “Eu comprei um ticket [passagem] na República Dominicana e peguei um avião, que passou pelo Panamá e pelo Equador”, contou. Depois de descer no Equador, ele teve que pegar um ônibus até Puerto Maldonado, no Peru, na fronteira com o Brasil. Jordany, então ficou entre 15 e 20 dias no Acre até receber o primeiro contato da empresa catarinense que foi até lá para selecionar inicialmente 46 haitianos para trabalhar. Depois vieram mais dez.16

A trajetória dos imigrantes, em sua grande maioria, desde a saída do Haiti até a chegada no Brasil possui um mesmo padrão em termos de rotas. Ao ser questionado sobre sua viagem para o Brasil, o imigrante J. T., em sua entrevista, relatou que “vieram vários grupos do Haiti para o Acre, eu cheguei com o terceiro. Vim para Getúlio em 2013 para trabalhar no [frigorífico] Pamplona” (J.T., 2016, p. 01).

Inicialmente, a Pamplona Alimentos contratou 56 haitianos, destes 26 trabalhadores foram para a filial da empresa, localizada em Presidente Getúlio, e 30 permaneceram em sua sede, em Rio do Sul. Entre 2013 e 2014, foram contratados ao todo 247 haitianos, divididos entre os dois locais de trabalho, destes 41 trabalhadores atuavam em Presidente Getúlio.

Na época a empresa justificou a contratação dos haitianos devido a falta de mão de obra na região, conforme explicou Adelar Müller, “hoje, existe na região uma geração mais nova que é muito imediatista, especialmente nos casos masculinos, independente do nível de escolaridade, eles não pensam numa carreira em longo prazo”. Contudo, no médio prazo, ainda segundo o gerente de recursos humanos, “é bem rentável, porque o haitiano tem um perfil disciplinador, quando passa os três meses ele já se ambientou, aí fica mais fácil, ele não falta no trabalho”.

Entre as dificuldades enfrentadas pelos haitianos em seu processo de adaptação ao novo contexto, uma barreira é o idioma. “Os três primeiros meses são muito complicados”, explica o Gerente da empresa, “porque ofertamos cursos, palestras todos os dias”, neste período a empresa oferece aos imigrantes contratados o salário básico da área de produção, uma casa para 10 a 20 pessoas, café da manhã, almoço e janta. Há também a adaptação a legislação nacional, “então nos três primeiros meses o trabalho é

16 PIONTEKIEICZ, Tiago. Fragmentos de um país: haitianos são acolhidos na região. Postado em 11 de

novembro de 2013. Disponível em: <http://www.diarioav.com.br/fragmentos-de-um-pais-haitianos-sao-acolhidos-na-regiao/>, acesso 23/03/16.

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bem intenso”.17

Inicialmente, a empresa oferecia cursos para os haitianos aprenderem o idioma português, que, conforme visto, foi uma das primeiras dificuldades enfrentadas, visto que os haitianos falam o “crioulo”, termo que igualmente define sua cultura.

Em meados de 2014, a Prefeitura de Presidente Getúlio, organizou um encontro com a finalidade de cadastrar os haitianos radicados no município. Realizado no mês de junho, o mesmo foi assim divulgado:

A Secretaria de Assistência Social de Presidente Getúlio preocupada com a qualidade de vida das pessoas que residem no município, realizou no sábado, dia 28 de junho, um grande encontro com o objetivo de construir um diagnóstico da situação social em que vivem a população haitiana que está na cidade.

No encontro estiveram reunidos cerca de 55 imigrantes que foram recepcionados de forma muito especial com um café da tarde coletivo e palestra com o missionário Rudolf Rabitzi. O objetivo principal deste evento foi de cadastrar cada membro da população haitiana para construção de parâmetros para a criação de novas políticas públicas de atendimento aos imigrantes, transformando-se num trabalho de prevenção para problemas sociais futuros.

“É fundamental conhecermos profundamente a situação de vida da população haitiana, [...]. De posse dessas informações nós vamos criar políticas públicas de atendimento emergencial a essa população evitando assim, problemas sociais futuros. Dentro de poucos dias estaremos realizando um novo evento e chamando a população de imigrantes do Estado do Pará, como também membros de outros Estados que fixaram residência em nosso município”, enfatiza o secretário de Assistência Social, Paulo Moacir Oliani (Tila).

O evento contou com apoio do Frigorífico Pamplona que fez toda mediação entre o poder público e a população haitiana, tendo em vista que a empresa empregou 95% dos Haitianos. “É importante registrar que o povo haitiano é muito educado, estando em média 10 meses morando em Presidente Getúlio e o principal, não houve registro de qualquer ocorrência social nesse período”, finaliza Tila.18

Tivemos acesso ao diagnóstico realizado pela Prefeitura, através do documento é possível obter informações e perceber algumas características do grupo de haitianos radicados no município. Por meio do mesmo, é possível perceber que o idioma, os baixos salários e o desemprego estão entre as principais dificuldades enfrentadas pelos haitianos na região. Sobre isso, o imigrante J.T. refere que a maioria dos haitianos

17 HOFFMANN, Arthur. Haitianos: em um ano, número de trabalhadores tem crescido no Alto Vale.

Disponível em: <http://www.educadora.am.br/noticia/haitianos-em-um-ano-numero-de-trabalhadores-tem-crescido-alto-vale/>, acesso 19/03/2016.

18 “Secretaria de Assistência Social de Presidente Getúlio realiza diagnóstico social”. Notícia publicada

no site da Prefeitura Municipal, no dia 30 de junho de 2014. Disponível em: <http://www.presidentegetulio.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/19928/codNoticia/240152>, acesso 20/03/2016.

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“trabalha no Pamplona, porque outras empresas não 'pegam'. A maioria das mulheres estão desempregadas” (J. T., 2016, p. 02).

Sobre as dificuldades para conseguir trabalho e, de modo geral, em relação a situação dos haitianos em Presidente Getúlio, e mesmo na região do Alto Vale, o sr. H. F., Pastor da Igreja Assembleia de Deus, que acolheu os haitianos no município, refere que:

Existe uma grande discriminação por conta do povo. Os getulienses são bem conservadores em relação à sua cultura. […] ...outras empresas não os contratam para trabalhar. Muitas vezes eles ficam desempregados mesmo tendo algum estudo. Outro apoio que o Governo poderia dar é a finalização dos estudos a eles. Têm muitos que são formados em Administração, Direito, entre outras faculdades e só precisam de uma oportunidade de finalização de estudo e de mercado de trabalho (H. F., 2016, p. 02).

Assim, além do que relatou o Gerente da empresa Pamplona, que justificou a contratação dos haitianos por razões como “a falta de mão de obra na região” e “o imediatismo da geração mais nova” que independente do nível de escolaridade, “não pensa numa carreira de longo prazo”, a contratação dos haitianos pode ser caracterizada como uma mão-de-obra acessível e sujeita a trabalhar por baixos salários.

As vagas oferecidas pela empresa aos haitianos eram em sua maioria para funções nada atrativas, como a de abatedor de animais e desossador, também não era atraente o salário mensal, que não atingia dois salários-mínimos, em 2014, (quando o valor do salário-mínimo era de 724 reais). Essas questões acarretavam outras dificuldades aos haitianos. Como, pagar despesas pessoais, aluguel, alimentação e outras taxas mensais, água e energia elétrica, com salários tão baixos?

Nesse sentido, entre as dificuldades relatadas pelos haitianos à Secretaria de Assistência Social do Município, muitas se relacionam com a carência de necessidades básicas, muitos informaram que necessitavam de alimentos e roupas, por exemplo. Outras necessidades básicas, estão associadas à moradia, informaram que precisavam de móveis e utensílios para casa, como colchões, panelas e mesas, entre outros. Atualmente, os locais onde residem haitianos ainda carecem de mobília, possuindo poucos móveis, somente o estritamente básico. Além, da falta de móveis e alimentos, outras dificuldades relatadas referem-se ao frio que faz na região e, principalmente, a ausência da família.

A solução encontrada pelos imigrantes foi continuar reunindo diversos indivíduos em uma mesma moradia, para assim, dividir e diminuir as despesas pessoais. Reunidos

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em grupos os haitianos vivem em apartamentos ou casas alugadas, o que acaba por diminuir o peso do aluguel, visto que com o salário recebido não conseguiriam pagar o mesmo. Nas casas que possuem pátio os haitianos cultivam pequenas hortas, onde plantam além de hortaliças e feijão, também aipim, da mesma forma como faziam os primeiros imigrantes da região.

Após algum tempo, algumas famílias vieram morar na região, porém muitos haitianos continuam enviando dinheiro para seus familiares que permaneceram no Haiti. Algumas crianças filhos de haitianos já nasceram no Brasil, há em Presidente Getúlio cerca de dez crianças nascidas no país, o que possibilitou que seus pais se naturalizassem brasileiros. Até o presente momento não registramos casamento entre brasileiros e haitianos em Presidente Getúlio. Os haitianos casam dentro do grupo, sendo inclusive algumas cerimônias de casamento celebradas na Igreja Assembleia de Deus do município, as quais se encontram publicadas na página do facebook da Igreja. Um desses casamentos, ocorrido no dia 14 de fevereiro de 2016, teve o vídeo da cerimônia postado na página da Igreja dois dias depois, com a seguinte legenda “É uma honra para nos da igreja Assembleia de Deus em Presidente Getúlio poder celebrar este casamento deste casal Haitiano juntamente com o PB Host Frenzel e ev Gilobe. Obrigado Senhor”.19

De modo geral, podemos dizer que no Brasil os haitianos foram recebidos de forma distinta, quando comparado com outros grupos de imigrantes que os antecederam, os quais, em outro contexto vieram para o Brasil, para ajudar a construir a nação. Os haitianos foram recebidos pelo Estado brasileiro por razões humanitárias em um contexto de afirmação do país no cenário político internacional, contudo, foram integrados no conjunto da sociedade brasileira como mão de obra de baixo custo, o que pode ser visto através dos enunciados dos imigrantes que reclamam dos baixos salários, das condições de trabalho, moradia, transporte e da falta de oportunidades. Em meio ao arrefecimento da economia brasileira esses imigrantes passaram rapidamente à condição de indesejados, como também pode ser visto em uma série de periódicos, como,por exemplo, através da manchete “vinda de imigrantes preocupa”, publicada no jornal catarinense Diário do Alto Vale, em maio de 2015. 20

19 Disponível em: <https://www.facebook.com/adpresidentegetulio/?fref=ts>, acesso 02/07/2016.

20 Vinda de imigrantes preocupa. Disponível em <

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Assim, com o fechamento de postos de trabalho esses imigrantes não são mais “necessários”, porém, desejam trazer suas famílias, esposas e filhos, para o Brasil, conforme observado através dos inúmeros relatos desses imigrantes, os quais afirmam não desejar retornar para o Haiti.

Considerações finais

Entre os dias 30 de outubro e 02 de novembro de 2013, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), vinculada ao poder executivo Federal, fez um diagnóstico dos migrantes que se encontravam no abrigo de Brasileia. Foram aplicados 412 questionários sobre inúmeros temas que, de modo geral, revelaram que 85,2% possuía nacionalidade haitiana, 14,3% eram senegaleses e 0,5% eram dominicanos. Em termos religiosos 37% diziam-se católicos, 44% (a maioria) declarou-se evangélico e 14%, por razões dedutíveis, os senegaleses, diziam seguir o islamismo. Chama a atenção que nenhum entrevistado disse seguir a religião vodu. A grande maioria possuía o equivalente ao ensino fundamental e médio, incompletos, 31% e 22% respectivamente, e apenas 2% possuía o ensino superior completo. Deste, 79% eram do sexo masculino e 21% eram mulheres (SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS, 2013).

Tendo em vista estes dados, a pesquisa realizada pela Secretaria de Assistência Social de Presidente Getúlio revelou dados e informações próximas do diagnóstico feito pela Secretaria de Direitos Humanos. O grupo de haitianos radicados no município possui um número maior de indivíduos do sexo masculino, com média de idade de 33,9

anos, e com baixa escolaridade, em geral, o equivalente ao ensino fundamental incompleto.

No levantamento não se fez uma análise específica sobre a religião dos haitianos. Sabe-se que no Brasil há um grande contingente de haitianos católicos e evangélicos, mas até o presente momento, não foi possível identificar as religiões de origem dos haitianos radicados em Presidente Getúlio. Através de uma observação preliminar, muitos participam da vida religiosa do município frequentando a Igreja Assembleia de Deus. Não sabemos se a maioria emigrou para o Brasil já seguindo essa religião ou não. Alguns sim, visto já possuírem a Bíblia e outros textos evangélicos em creole, outros se dizem católicos não praticantes. Porém, duas questões chamam a atenção no diagnóstico

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da Secretaria de Assistência Social, alguns entrevistados relataram que gostariam de “participar de alguma religião” e “receber a visita de religiosos”, entretanto, não especificaram qual a sua religião, estariam com isso buscando integrarem-se socialmente, independente de suas crenças?

Por outro, lado o catolicismo e a religião vodu são as maiores religiões do Haiti, porém até o momento apenas um haitiano evangélico foi identificado como ex- praticante do vodu. Também, não foram encontrados haitianos frequentando a Igreja católica, o que ocorre em outras regiões do Brasil, sendo inclusive a Igreja um lugar de acolhimento destes imigrantes. Igualmente, não foram encontrados haitianos frequentando outras religiões do município, como Testemunhas de Jeová, Igreja Luterana, espiritismo kardecista e Igreja Universal do Reino de Deus.

Conforme Lúcia Lippi de Oliveira, “a condição de imigrante se acopla, assim, à de estrangeiro. Isso significa se sentir e ser considerado como estrangeiro” A maioria dos imigrantes, “quase todos têm o sonho de retorno” (2002, p. 12,). Em relação a tal observação é pertinente mencionar que os haitianos aqui analisados possuem o desejo de permanecer no Brasil, de trazer para o país sua família, a fim de se estabelecer definitivamente na nova terra. Por fim, cabe perguntar até que ponto esse grupo de haitianos desejará permanecer na região, retornar para o Haiti ou buscar novos caminhos?

Referências:

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<http://seer.ufrgs.br/ConjunturaAustral/article/view/35798>, acesso em 05/01/2016.

BARBOSA, Lorena Salete. Imigrantes haitianos no Rio Grande do Sul: uma etnografia de sua inserção no contexto sociocultural brasileiro. (Dissertação de Mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria/RS, 2015.

BARTEL, Carlos Eduardo. Manifestações de racismo e de intolerância no Brasil Contemporâneo. História Unicap, v.1, p. 104-118, 2014.

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Tradução de Ilka Stern Cohen. Bauru/SP: EDUSC, 1999.

CERQUEIRA, Daniel R. C.; MOURA, Rodrigo Leandro de. Nota Técnica: Vidas Perdidas e Racismo no Brasil. In: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), n. 10, p. 1-25, Brasília, nov. 2013.

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LÉNÁRD, Sándor. O vale do fim do mundo. Tradução de Paulo Schiller. São Paulo, Cosac Naify, 2013.

Levantamento Socioeconômico População Haitiana em Presidente Getúlio. SECRETÁRIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE PRESIDENTE GETÚLIO, junho de 2014.

OLIVEIRA, Lúcia Lippi. O Brasil dos imigrantes. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.

SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS (SDH), Governo Federal. Resultado da Aplicação do Questionário sobre a Situação dos/as migrantes e/ou solicitantes de Refúgio no Abrigo de Brasileia/AC, Out./nov, 2013. Disponível em: <http://www.haitiaqui.com>, acesso 05/01/16.

SAYAD, Abdelmalek. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: Edusp, 1998.

TARDIN, Eliane Borges. O exército brasileiro no Haiti: a reconstrução de uma imagem manchada pela ditadura militar. Curitiba: Appris, 2015.

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Referências

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