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RESPIRAÇÃO BUCAL, SUAS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS

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CEFAC

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA

MOTRICIDADE ORAL

RESPIRAÇÃO BUCAL, SUAS CAUSAS E

CONSEQÜÊNCIAS

EMÍLIA JOSEFINA GUERRER

LONDRINA

2000

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo compreender melhor as causas e conseqüências da respiração bucal ou mista, visando assim facilitar e obter resultados mais preciosos no tratamento dos pacientes.

A proposta é integrar as áreas médicas, odontológicas, fisioterápicas e fonoaudilógicas para o sucesso do tratamento.

Verifica-se a necessidade da conscientização dos profissionais envolvidos na reabilitação das causas e conseqüências do respirador bucal. Neste estudo será: no caso de intervenção cirúrgica (adenoidectomia e outros) é necessária a continuidade do tratamento com o encaminhamento para outros profissionais.

Para um tratamento adequado e definitivo é importante saber a hora exata de tratar, de encaminhar e para que área encaminhar, o que exige além da qualificação profissional a integração multidisciplinar.

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SUMMARY

This research has as objective understands the causes and consequences of the breathing buccal or mixed better, seeking like this to facilitate and to obtain more necessary results in the patients' treatment.

The proposal is to integrate the medical areas, odontológicas, fisioterápicas and fonoaudilógicas for the success of the treatment.

The need of the professionals' understanding is verified involved in the rehabilitation of the causes and consequences of the buccal breather. In this study it will be: in the case of surgical intervention (adenoidectomia and other) it is necessary the continuity of the treatment with the direction for other professionals.

For an appropriate and definitive treatment it is important to know the exact hour of treating, of directing and so that area to direct, what demands besides the professional qualification the integration multidisciplinar.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 1

1 RESPIRAÇÃO BUCAL... 3

1.1 CAUSAS DA RESPIRAÇÃO BUCAL ... 7

2 CONSEQÜÊNCIAS DA RESPIRAÇÃO BUCAL ... 9

2.1 Respiração Bucal e suas Relações com o Crescimento Facial e Oclusão Dental... 9

2.2 ALTERAÇÕES NO ORGANISMO ...11

2.2.1 Alterações na Região Oro-Naso-Faringeana ...12

2.2.2 Alterações no Traçado do Eletroencefalograma ...14

2.2.3 Postura Corporal...15

2.2.4 Metabolismo Basal ...16

2.3 TIPOS DE EXAMES E PROCEDIMENTOS...16

2.3.1 Respiração...17

2.3.2 Exame radiológico...17

2.3.3 Exame fotográfico...18

2.3.4 Moldagem ...18

2.4 Conseqüências da Respiração Bucal sobre os Dentes e a Face...18

CONCLUSÃO ...20

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INTRODUÇÃO

Tem-se como objetivo principal, conhecer melhor as causas e conseqüências para diagnosticar a respiração bucal ou mista, e ainda, conhecer melhor a anatomia e fisiologia craniofacial, para perceber o que a respiração bucal provoca de alteração no desenvolvimento do paciente facilitando certos tratamentos, chegando-se a obter resultados mais precisos.

O tema proposto é relativamente atual e vê-se nesta pesquisa, a oportunidade do conhecimento teórico das áreas afins para melhor integração e tratamento do respirador bucal.

No entanto, o tema proposto envolve várias especialidades na presença e tratamento nas causas e conseqüências da respiração bucal ou mista. A importância desta investigação está no conhecimento das aéreas afins (médica , ortodôntica e fonoaudiológica), para um trabalho em equipe. Desta forma torna-se mais fácil observar ou diagnosticar as causas ou quem ficará aguardando para dar continuidade no tratamento.

Contudo, pretende estudar-se a anatomia e fisiologia das vias aéreas superiores, crescimento craniofacial, patologias causadoras da obstrução nasal e hábitos orais, tais como: chupeta, sucção de dedo e outros. E conseqüentemente

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o que acontece com a cavidade oral e arcada dentária com o crescimento ósseo e muscular da criança que cultiva os costumes citados.

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1 RESPIRAÇÃO BUCAL

A medicina, principalmente na área da otorrinolaringologia, sempre estudou o problema da respiração bucal. Mais recentemente, não só a medicina como a odontologia, a fonoaudiologia e a fisioterapia se interessam e estudam este problema sobre ópticas diversas.

Acredita-se que isto vem ocorrendo porque a simples mudanças de hábito, isto é, parar de respirar pelo nariz e começar a respirar pela boca (respiração bucal) ou pelo nariz e boca ao mesmo tempo (respiração mista), ocasiona prejuízos ao ser humano. Alguns destes prejuízos são bastante visíveis, como as assimetrias faciais e os problemas posturais, e outros menos perceptíveis visualmente, como as alterações oclusais.

As queixas dos pacientes que são, ou que foram, respiradores bucais nem sempre estão diretamente ligadas aos problemas respiratórios iniciais, mas podem ser conseqüências destas alterações. Quando atende-se pacientes que ainda são respiradores bucais, fica mais fácil identificar causa-efeito. Neste caso deve eliminar-se ou atenuar a causa da queixa.

De acordo com CASTELLINO (1967), quando uma criança nasce, traz consigo uma conformação craniofacial bem característica; o crescimento do

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crânio já está quase completo, o que não acontece com o da face, que somente adquire velocidade a partir do nascimento, na dependência do funcionamento do sistema estomatognático.

Contudo, este sistema começa a funcionar com a respiração e a amamentação do recém-nascido, funções estas que proverão o organismo com elementos nutritivos, imunológicos e também participante na formação do psiquismo infantil, através do contato físico mãe-filho, relata HARLOW (1958).

No entanto, a mandíbula desempenha um papel importante dentro deste sistema. Mas, antes observa-se, que ao nascer a criança a tem em uma cistoriolação com o maxilar, isto é, a mandíbula está retraída. Esta posição não é fortuita, mas deve-se vê-la como finalização de milhares de anos de evolução.

Para que se faça a sucção do leite, a criança deve prender o mamilo entre os rebordos gengivais. Sem esta “apreensão mamilar” o leite não flui para a boca. Dentro da teoria das Matrizes Funcionais de MOSS (1962, 1969), ao fazer esta apreensão, a criança traz a mandíbula para a frente. Com este movimento, os músculos pterigoideos externos, direito e esquerdo, fazem uma estimulação dos côndilos mandibulares, levando-os ao crescimento. (PETROVIC , 1985)

Ainda de acordo com PETROVIC (1985), juntamente com a estimulação da mandíbula, observa-se que toda a musculatura facial (região oro-naso-faringeana), fica empenhada na mesma operação, levando a um desenvolvimento harmônico da face.

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Durante essa operação, a criança faz uma respiração predominantemente nasal. Esta respiração estimula os sensores da mucosa nasal, filtra, aquece e umidifica o ar antes deste chegar aos pulmões e cumprir sua função de hematose.

No entanto, ao passar pelas narinas, o ar, no fluxo e refluxo, produz uma pressão que expande as vias aéreas superiores e faz a aeração das cavidades pneumáticas paranasais.

A criança, que desde o nascimento tem este desempenho: amamentação diretamente do seio materno, vedamento labial e respiração nasal, deverá ter um desenvolvimento harmonioso da face.

Mas, em determinado momento da vida infantil, a criança pode adquirir uma rinite alérgica, um gripe, ou sofrer traumatismo facial. Qualquer um destes, ou ainda outros fatores, podem obstruir as vias aéreas superiores, fazendo com que ela passe a respirar pela boca em detrimento das vias normais. Este pequeno problema, respirar temporariamente pela boca, pode tornar-se sério se não corrigido a tempo.

Assim, uma patologia corriqueira, como uma obstrução temporária das vias aéreas superiores, pode levar a criança a tornar-se um “respirador bucal”, que desvirtua o desenvolvimento normal, não só da face, mas produz alterações morfo-funcionais em todo o organismo.

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Já conforme MARCHESAN (1993), enquanto ato primário, a respiração exerce função vital. Posteriormente, mediante a aprendizagem, será solicitada a participar da fonação.

Ainda conforme MARCHESAN (1993), a função respiratória normal se faz por via nasal. Sua influência no desenvolvimento dos maxilares é grande (principalmente com relação ao arco dentário superior), na postura da mandíbula, na posição da língua e na situação do espaço rinofaríngeo.

Quando se constata, em um paciente, obstrução nasal por alterações orgânicas locais (exemplo: hipertrofia da adenóide ou espessamento da mucosa, devido a problemas alérgicos) ou desvio do septo nasal, a respiração apresenta-se mista ou predominantemente bucal e este indivíduo possui freqüentemente voz anasalada.

A respiração bucal interfere negativamente na postura adequada da língua em repouso ou em ação.

Ainda de acordo com MARCHESAN (1993), freqüentemente se observa respiração bucal ou mista associada à hipofunção dos músculos elevadores de mandíbula; ao lábio superior curto e incompetente (dando ao indivíduo o perfil típico de respirador bucal); à hipotonia da língua ou ainda como hábito residual de resfriados e alergias.

Contudo MARCHESAN (1993), diz que o nariz não é simplesmente um condutor passivo pelo qual o ar é captado da atmosfera e dirigido para dentro

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funções respiratórias: umidificação, aquecimento do ar inspirado e proteção das vias aéreas superiores.

1.1 Causas da Respiração Bucal

De acordo com WECKX et al (1998), qualquer obstáculo à passagem do ar pelas vias aéreas superiores, seja por má formação, por inflamação da mucosa nasal (rinite), por desvio do septo nasal ou por hipertrofia do anel de Waldeyer, vai ocasionar obstrução nasal obrigando o paciente a respirar pela boca, com todas as suas conseqüências nefastas, já que o homem nasceu para respirar pelo nariz.

Conforme VAN DER LINDEN (1990), quando a respiração se inicia após o nascimento, há uma via aérea adequada para a passagem do ar para os pulmões. A passagem aérea é mantida aberta pelas atividades musculares da língua, das paredes da faringe, e através da postura anterior da mandíbula. Normalmente, os recém-nascidos são capazes de respirar pelas suas narinas, embora a respiração bucal possa desenvolver-se anos depois, como uma reação a algum tipo de obstrução nasal e/ou naso-faríngea.

Essa obstrução pode ser conseqüente de alergia, hipertrofia e inflamação das tonsilas ou adenóides, desvio de septo nasal, dilatação das conchas e hipertrofia da membrana da mucosa nasal. O aumento do tecido adenoidiano da nasofaringe em crianças freqüentemente é responsável por obstrução nasal. Este tecido está claramente presente depois de seis a dozes meses de idade. Ele pode crescer consideravelmente e por volta dos dois a três

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anos de idade, aproximadamente, metade da nasofaringe pode estar ocupada por este tecido. Normalmente, o tecido adenoidiano cresce mais. Antes de alcançar a puberdade, ele começa a reduzir-se gradualmente.

Geralmente, o crescimento facial – especificamente o aumento na distância entre a base craniana e o palato – é suficiente para preservar uma passagem de ar adequada. Se desenvolver uma discrepância real, quer pelo crescimento anormal nos tecidos adenoidianos, quer pela redução da quantidade de crescimento na altura posterior da face, ou por uma combinação de ambos, então a passagem pode tornar-se inadequada. Uma criança nestas circunstâncias adquire respiração bucal com o fim de reduzir a dificuldade de respiração normal.

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2 CONSEQÜÊNCIAS DA RESPIRAÇÃO BUCAL

2.1 Respiração Bucal e suas relações com o Crescimento Facial e Oclusão Dental

De acordo com CORDEIRO (1994), os efeitos da respiração bucal no desenvolvimento da má oclusão dental tem sido muito discutidos na literatura odontológica. A respiração bucal altera o crescimento e desenvolvimento normal da face e oclusão dos dentes, em função do desequilíbrio que ela provoca nas relações entre os três sistemas de tecidos: muscular, ósseo e dental.

Quando a boca é mantida constantemente aberta, os músculos responsáveis pelos movimentos verticais da mandíbula exercem uma força sobre este osso, deslocando-o para trás no ato de inspirar o ar.

Com o tempo, este mecanismo pode alterar a posição da mandíbula e dos dentes inferiores que assumem uma relação distal quando comparados com a oclusão normal. A língua não é mantida em contato com o palato devido à posição baixa da mandíbula e os dentes superiores ficam desprovidos de seu suporte muscular.

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exerce sobre o arco maxilar é responsável pela sua contração. O lábio superior é curto, hipoativo e modifica muito pouco a posição dos incisivos superiores. O lábio inferior apoia-se entre os incisivos superiores e inferiores e torna-se um fator que alerta a posição desses dentes, projetando os superiores e movimentando os inferiores lingualmente, sobretudo durante o processo de deglutição. (CORDEIRO, 1994)

Por outro lado, as alterações no padrão esquelético da face são evidentes nas crianças que respiram pela boca. Relações angulares da base anterior do crânio com os planos palatal, oclusal e mandibular são maiores nos respiradores bucais. A altura total anterior da face e a altura facial anterior superior são significativamente maiores.

A maxila e mandíbula são mais retrognáticas e o ângulo goníano é mais aberto. A altura total posterior da face é reduzida e o crescimento vertical da face é predominante.

SOOD e VERMA (1966), resumiram as crenças predominantes entre os dentistas sobre a relação causal entre a maloclusão e a respiração bucal:

1- os incisivos superiores se projetam e se afastam uns dos outros, devido à perda dos efeitos de moldagem dos lábios quando fechados;

2- o arco superior é estreitado, devido à perda o efeito de moldagem da língua;

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3- a maxila assume a forma de um V, devido à contração dos segmentos bucais e à protrusão dos dentes anteriores.

HANSON et al (1988), afirma que é comum acontecer desvios nos estudos que envolvem seres humanos. Os resultados das pesquisas que relacionam respiração bucal com a oclusão são inconsistentes. Uma das maiores razões para esta inconsistência é a subjetividade de se determinar se um paciente respira predominantemente pela boca ou pelo nariz. Na realidade, a maioria das pessoas respira predominantemente de uma ou de outra forma e os métodos para se estabelecer o grau de predominância da forma de respiração são subjetivos, sendo raramente considerados.

2.2 Alterações no Organismo

De acordo com ENLOW (1982), a correção precoce da respiração bucal, antes dos seis anos de idade, pode levar a regressões espontâneas destas deformidades. Quanto mais tardio, maior a probabilidade de ter que associar tratamento ortodôntico e terapia fonoaudiológica. Além da necessidade de se tratar a síndrome da face alongada com visão multidisciplinar, dirigida para as peculiaridades individuais de cada paciente, é necessário aceitar que nem sempre a idéia de um resultado ideal coincide com resultado obtido pelo padrão individual.

Conforme HANSON et al (1988), basicamente, qualquer obstrução na passagem aérea nasal pode causar a respiração oral. Este hábito não é resultado de indolência. Em alguns pacientes, os músculos antigravitacionais da

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língua, maxila e mandíbula não se desenvolveram adequadamente, de modo que sua tonicidade de repouso não corresponde à necessária atividade para executar a tarefa de manter a elevação normal e permitir o fechamento dos lábios sem esforço. Estes pacientes podem continuar a respirar pelo nariz, mesmo estando com a boca entreaberta. No entanto, ocorrendo ou não respiração bucal, tanto a dentição como a deglutição são afetadas.

2.2.1 Alterações na Região Oro-Naso-Faringeana

Narinas: perdem volume e elasticidade pelo desuso.

Nasofaringe: proliferação de adenóides devido a falta de ventilação.

Conforme BENCH (1995), as fossas nasais são o início da árvore respiratória. Estão divididas pelo septo nasal, que é formado por uma estrutura osteocartilaginosa. A porção mais externa do nariz é chamada de narina, e a mais interna, que está em contato com a rinofaringe, é chamada de coanas.

A parede externa ou lateral é composta de três saliências osteomucosas, denominadas cornetos. Os cornetos se inserem na parede lateral, em sentido anteroposterior de tamanho decrescente de baixo para cima, e possuem uma extremidade posterior ou cauda e uma porção intermediária ou corpo. Os espaços existentes entre eles são denominados meatos. O meato mais importante é o médio, pois ali drenam os seios frontal, maxilar e etmóide anterior; no meato superior drenam os seios esfenóide e etmóide posterior; e no meato inferior desemboca o canal lacrimonasal.

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Ainda de acordo com o mesmo autor, as fossas nasais são cobertas por uma mucosa denominada pituitária, muito vascularizada, tendo no seu interior verdadeiros lagos venosos onde, principalmente a nível de cornetos, sofrem alterações de ingurgitamento (alergias, resfriados).

É revestida na superfície por uma camada epitelial, com estrutura histológica cilíndrica ciliada vibrátil.

As fossas nasais são importantes na fisiologia respiratória, tendo as funções de filtragem ou purificação, o aquecimento, a umidificação do ar inspirado e a olfação.

Cavidade bucal: estreitamento do maxilar, devido ao estiramento da

musculatura peri-bucal (a boca está sempre aberta para coletar ar), o palato torna-se profundo e ogival, pois não existe a ação da língua e a pressão do ar nas narinas. As gengivas sangram com facilidade, por estarem expostas constantemente e há um acúmulo de placa bacteriana, devido ao excesso de muco aderido aos dentes.

Respiração: o ar, ao entrar diretamente pela boca, sem a ação das

narinas; de filtragem, aquecimento e umidificação, é ingerido, isto mesmo, é “ingerido”, pois parte dele é deglutido e vai para o sistema digestivo. A outra parte consegue chegar aos pulmões, mas como chega “frio” e “sujo”, provoca complicações pulmonares e a hematose fica reduzida.

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Maxilar e Mandíbula: hipodesenvolvimento devido à musculatura estar

estirada e a direção das exigências funcionais musculares estarem alteradas.

Dentição: devido ao hipodesenvolvimento do maxilar e da mandíbula,

há um espaço menor para a irrupção dentária adequada no tempo e no espaço. Com isto ficam alterados os movimentos telcológicos dentários normais.

Ouvidos: é freqüente a obstrução das Trompas de Eustáquio por

secreção e falta de aeração das vias respiratórias, ocasionando alterações timpânicas.

2.2.2 Alterações no Traçado do Eletroencefalograma

De acordo com DAL PONT (1973), o EEG (Eletroencefalograma) normal é feito com um teste de hiperventilação, no qual o paciente é obrigado a fazer uma respiração rápida e com volume de ar bem grande pela boca, durante 3 minutos.

O respirador bucal como já tem uma deficiência de ar no seu dia-a-dia, ao ser forçado a um exercício contínuo de hiperventilação o seu cérebro entra em alcalose muito rapidamente, originando um traçado inadequado, podendo apresentar pontas, que traduzem, à interpretação do profissional, uma doença que muitas vezes a criança não tem, pois quem analisa o EEG geralmente não vê o paciente e mesmo que o visse, teria que estar alertado para este problema.

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2.2.3 Postura Corporal

Conforme ELOW (1982), menciona como é a postura corporal da criança que tem respiração bucal:

Cabeça: a criança respirador bucal, para conseguir respirar melhor,

flete o pescoço para frente, retificando o trajeto das vias respiratórias, fazendo o ar chegar mais rápido da boca aos pulmões.

Pescoço e tórax: ao fletir o pescoço para frente, toda a musculatura do

pescoço e cintura escapular fica comprometida. Com esta posição anômala, a coluna cervical fica retificada, perdendo a sinuosidade natural. Num encadeamento, as omoplatas ficam elevadas e a região anterior do tórax fica deprimida. Num encadeamento, as omoplatas ficam elevadas e a região anterior do tórax fica deprimida. Com todo este comprometimento muscular, a criança passa a fazer uma respiração mais rápida e curta, criando uma deficiência de oxigenação. Neste processo, a ação do diafragma é pequena, levando-o ao relaxamento, o mesmo acontecendo com o músculo reto-abdominal, que associado a ingestão constante de ar, leva a criança respiradora bucal a ter uma “barriguinha”.

Membros Superiores e Inferiores: com todo este comprometimento

muscular, a postura dos braços e pernas também fica comprometida, pois, para equilibrar o corpo, que tende a ir para a frente e para baixo, ela cria compensações que afetam o equilíbrio geral do corpo. Como

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tropeçar e cair, fatalmente baterá com o rosto no chão, pois, os braços estão para trás, mantendo o equilíbrio corporal.

2.2.4 Metabolismo Basal

Desde a mastigação até a exoneração do bolo fecal, encontra-se alterações, menciona ELOW (1982). A mastigação é, praticamente, só vertical, não fazendo movimentos de lateralidade e, por conseguinte não conseguindo macerar folhagens, fibras e outros alimentos que requeiram a ação de maceração. Com isto, é difícil encontrar-se uma criança respiradora bucal que goste de folhagens e fibras. Em geral, alimenta-se mal e pouco, porque ao deglutir o bolo alimentar tem que competir com a respiração, que também é bucal.

A absorção dos alimentos a nível intestinal é prejudicada pela ausência de celulose, que prejudica a exorterição do bolo fecal.

2.3 Tipos de Exames e Procedimentos

De acordo com SIMÕES (1985), o miologista orofacial deve ser treinado para determinar, depois de receber o histórico do caso e examinar a cavidade oral, se há necessidade de encaminhamento do paciente a um médico para uma avaliação mais completa. Se ele concluir que o hábito pode ser apenas funcional, deverá ajudar o paciente a eliminá-lo, numa primeira etapa do tratamento da deglutição atípica. Se não, será necessário encaminhá-lo a um otorrinolaringologista ou alergista. A maioria dos pacientes que respiram

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cirurgia, medicação ou medidas de dessensibilização. Sendo ou não necessário o tratamento médico, o paciente consegue desenvolver mais efetivamente a respiração nasal com a ajuda de um terapeuta.

Na maior parte dos casos, os pacientes são levados ao Ortopedista Funcional dos Maxilares devido a alguma anomalia visível na arcada dentária.

2.3.1 Respiração

ELOW (1982), menciona que testa-se a forma de respiração colocando-se um espelho ao nível das narinas, primeiro num orifício, depois no outro. Com este teste simples, obtêm-se a principal característica do respirador bucal, se a respiração é nasal ou bucal.

2.3.2 Exame radiológico

SIMÕES (1985), relata que neste exame, obtêm-se os seguintes dados do paciente:

a) perfil mole da face;

b) trajeto das vias aéreas superiores (presença ou não de adenóides ou outras anomalias);

c) crescimento e desenvolvimento dos ossos;

d) número e forma dos elementos dentários (verifica-se agenesias); e) presença de doenças, tais como tumores ósseos.

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2.3.3 Exame fotográfico

ELOW (1982) é registrado fotograficamente a boca, cabeça (de frente e perfil), corpo inteiro (frente e perfil). Com este procedimento, obtêm-se uma imagem de toda a criança, com a qual pode verificar-se todos os sinais descritos.

2.3.4 Moldagem

Segundo SIMÕES (1985) é feito uma moldagem das arcadas dentárias e reprodução em gesso para fazer-se um estudo dos vários índices de crescimento das arcadas e das posições dentárias.

2.4 Conseqüências da Respiração Bucal sobre os Dentes e a Face

Para SOUCHARD (1989) a respiração bucal pode trazer alterações na arcada dentária e até mesmo no crescimento da face.

Ainda conforme o mesmo autor, quando a criança nasce, respira pelo nariz, porém algumas interferências como alergias, adenóide, hipertrofia das amígdalas, rinites, bronquites... podem inverter a situação e a criança passa a usar a boca para respirar, piorando a qualidade do ar até aos pulmões.

Por sua vez, a língua toma-se uma posição diferente na tentativa de fazer o papel do nariz (limpar, umidificar e aquecer o ar), porém esse posicionamento pode causar prejuízos como:

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• língua totalmente rebaixada estimula o crescimento da mandíbula.

• língua entre os dentes leva a uma abertura entre as arcadas (mordida aberta anterior).

Segundo SOUCHARD (1989), crianças abaixo de 3 anos, com respiração bucal em decorrência de adenóide e/ou hipertrofia de amígdalas, submetidas à cirurgia geralmente restabelecem a respiração nasal, não havendo necessidade de tratamento fonoaudiológico. De 3 a 8 anos podem ou não readquirir a respiração correta, e acima de 8 anos permanece a respiração bucal havendo necessidade de tratamento fonoaudiológico.

Ainda de acordo com SOUCHARD (1989), deve lembrar-se que a respiração bucal pode estar associada a uma certa flacidez dos músculos da mastigação responsáveis pela elevação da mandíbula. Portanto, a terapia consta da aprendizagem do uso do nariz e do fortalecimento da musculatura bucal.

Aspecto facial: a face da criança respiradora bucal é reportada na

literatura médica RECAMIER (1985), como a Síndrome da Face Longa, que se caracteriza pela boca aberta, olhar embaçado, lábios com tônus inadequado, sendo que o lábio superior é curto e o inferior evertido e geralmente maior que o superior. O aspecto geral é de uma criança abobalhada, distraída e ausente.

Os pais e profissionais como o otorrinolaringologista, o pediatra, o dentista... devem estar atentos à necessidade de tratamento respiratório para promover a respiração correta e um crescimento harmonioso da face.

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CONCLUSÃO

Pode-se perceber através da pesquisa teórica, que o estudo é fundamental para poder avaliar, diagnosticar, reabilitar e entender o motivo que levou às alterações encontradas no respirador bucal. Também foi possível perceber a importância das áreas afins partilhar deste conhecimento para direcionar o paciente dando condições de uma reabilitação ideal e satisfatória.

Contudo, é necessário enfatizar que os mamíferos, inclusive o homem, respirem de modo preferencial pelo nariz. A criança que respira habitualmente pela boca, desenvolve freqüentemente um cortejo de adaptações posturais e alterações de função, que podem modificar o padrão de crescimento normal do maciço facial. Daí, a importância dos profissionais de saúde no diagnóstico clínico e etiológico do respirador bucal.

Importante ter também em mente a necessidade de um tratamento multidisciplinar, por exemplo, freqüentemente após um tratamento cirúrgico (amigdalectomia, adenoidectomia, tubinectomia), é necessário complementar com métodos ortopédicos (expansão do maxilar), mioterapia orofacial e exercícios respiratórios. Freqüentemente, também faz-se primordial um tratamento ortodôntico para corrigir má oclusão residual ou irregularidades

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A correta respiração e a correta postura são dois hábitos intimamente ligados.

No que diz respeito à respiração, convém ter sempre presente que, na respiração correta, o ar deve ser aspirado e expirado unicamente pelo nariz.

Na respiração nasal, o ar penetra nos pulmões filtrado e aquecido. No processo respiratório normal, o ar absorve a temperatura do corpo antes de atingir os pulmões. Por isso, esse tipo de respiração é mais eficiente e saudável, principalmente nos climas frios.

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BIBLIOGRAFIA

BENCH, R. W. Terapia bioprogressiva. 1. Ed. Curitiba: Artecópias, 1995. P.95. BEUTTEN MÜLLER, G. Expressão vocal e expressão corporal. 2. Ed. Rio de

Janeiro: Enelivros, 1992. P. 15-21.

CORDEIRO, N. Emerson. Respiração bucal. São Paulo: Pediatria Moderna, 1994. P. 321-6.

DAL PONT, Giorgio. Anatomia funcional dos maxilares. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Odontologia, 1973. P. 350.

ENLOW, Donald H. Manual sobre crescimento facial. Buenos Aires, ed. Inter-Médica, 1982. P. 349-352.

HANSON, Marvin L.; BARRET, Richard H. Fundamentos da miologia orofacial. Illinois – USA: Thomas, 1988. P. 210-17.

MARCHESAN, Irene Queiroz. Motricidade oral: Visão clínica do trabalho fonoaudiológico integrado com outras especialidades. São Paulo: Pancast, 1993. P. 34-61.

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RECAMIER, Max. Obstruction nasale et ventilation oraie. Orthop Dento-Faciale, 1985. P. 11-12.

SOUCHARD, Philip Emmanuel. Respiração. São Paulo: Summus, 1989. P. 131-2.

VAN DER LINDEN, Frans P. G. M. Crescimento e ortopedia facial. São Paulo: Santos, 1990. P.159-167.

WECKX, Luc L. M.; WECKX, Lily Yin. II Jornada de fonoaudiologia. São Paulo: Frôntis Editorial, 1998. P. 63-6.

Referências

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