• Nenhum resultado encontrado

Ambivalências da escravidão: controle social, criação da liberdade Rio Grande de São Pedro (1850/1888)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Ambivalências da escravidão: controle social, criação da liberdade Rio Grande de São Pedro (1850/1888)"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Ambivalências da escravidão: controle social, criação da liberdade – Rio Grande de São Pedro (1850/1888)

Thiago Leitão de Araújo (UFRGS)

O texto que vou apresentar faz parte de um estudo sobre as relações sociais tecidas entre senhores, escravos e libertos no contexto da pecuária sulina da segunda metade do século XIX. Mais especificamente, me importa saber como constituía-se a política de domínio senhorial no controle dos escravos e libertos e, quais as possibilidades de ação destes no contexto de trabalho na pecuária. Hoje já sabemos que os escravos também foram largamente utilizados nas estâncias agropastoris1 e que nem tudo na província de São Pedro resumia-se às charqueadas. Estudos demográficos vêm demonstrando a importância de escravos designados com a ocupação de campeiros e domadores na consecução dos trabalhos de campo, refutando assim uma arraigada visão, de que os escravos teriam sido utilizados nas estâncias sulinas apenas no trato da terra e/ou nos serviços "domésticos"2.

1

Osório observou que em fins do século XVIII o uso da palavra estância era utilizada como sinônimo de "fazenda", não tendo ela, "nenhuma conotação relativa ao tamanho dos rebanhos". A autora também constatou a predominância de unidades produtivas mistas, dedicadas tanto à agricultura, quanto à pecuária. Conceitua estância, como unidades produtivas mistas com 101 vacuns ou mais, pelo menos até a segunda década do século XIX. Osório, aponta que em meados do século XIX é que foi projetada a imagem da "onipresença da pecuária" no Rio Grande do Sul. OSORIO, Helen. "Estancieiros que plantam, lavradores que criam e comerciantes que charqueiam: Rio Grande de São Pedro, 1760-1825". In: Capítulos de História do Rio Grande do Sul. (orgs.) GRIJÓ, Luis Alberto; KÜHN, Fábio; GUAZZELLI, Cesar Augusto Barcellos; NEUMANN, Eduardo Santos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, pp. 80/82. Zarth analisando a ocupação do território da vila da Cruz Alta na segunda metade do século XIX, a mesma região que estamos desenvolvendo nosso estudo, refere-se às unidades produtivas como "estâncias agropastoris", ou seja, também com produção mista. ZARTH, Paulo Afonso. História agrária do planalto gaúcho - 1850-1920. Ijuí: Ed. Unijuí, 1997.

2

OSORIO, Helen. Campeiros e domadores: escravos na pecuária sulista, séc. XVIII. CD-ROM [do] II Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional: Porto Alegre, outubro de 2005. OSORIO (2004). FARINATTI, Luís Augusto. "Um Campo de Possibilidades: notas sobre as formas de mão-de-obra na pecuária (Rio Grande do Sul, século XIX)". História – São Leopoldo: Unisinos. N. 08, V. 07, julho/dezembro, 2003. FARINATTI, Luis Augusto Ebling. Nos rodeios, nas roças e em tudo o mais: trabalhadores escravos na Campanha Rio-grandense. CD-ROM [do] II Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional: Porto Alegre, outubro de 2005. KÜHN, Fábio. "Gente da fronteira: sociedade e família no sul da América portuguesa - século XVIII". In:

(2)

Quando apresentamos o projeto de mestrado3, uma das questões que mais nos intrigava, era entender quais as especificidades existentes em um regime de trabalho, na qual, os cativos exerciam suas atividades em campo aberto e, muitas vezes a cavalo. Quais os elementos agregadores que permitiam a manutenção e reprodução das relações escravistas na pecuária, haja visto a eminente possibilidade de fuga dos escravos4? E claro, não faltam fontes que demonstrem que realmente muitos cativos fugiam5. No entanto, as fugas nunca chegaram a ameaçar ou comprometer seriamente a tecitura do regime de escravidão a ponto deste tornar-se inviável. E cito a questão das fugas, pois foi ela que pareceu a certos historiadores, tornar-ser o ponto crucial para explicar a pouca freqüência destes trabalhadores na pecuária, dada a necessidade de um rigoroso sistema de controle e vigilância sobre os escravos, o que por sua vez, tornaria contraproducente tal investimento6.

Já não é nenhuma novidade que a historiografia sobre a escravidão no Brasil, vem produzindo desde pelo menos a década de 1980, importantes estudos sobre diversas temáticas e, com pontos de vista teóricos nem sempre convergentes. Porém, uma característica geral desta renovação historiográfica, talvez seja, a ênfase nos escravos enquanto agentes históricos, que mesmo encontrando-se em condições adversas, exerciam alguma influência nas suas vidas. Daí que pensar nas políticas de domínio existentes na escravidão só seja possível pensando-as como algo elaborado no embate entre senhores e escravos e, apenas conformada nas relações tecidas no cotidiano de ambos. Como observa Schwartz

A escravidão era um sistema notavelmente adaptável e os senhores de escravos combinavam força e incentivos, segundo sua personalidade, os costumes locais, a Capítulos de História do Rio Grande do Sul. (orgs.) GRIJÓ, Luis Alberto; KÜHN, Fábio; GUAZZELLI, Cesar Augusto Barcellos; NEUMAN, Eduardo Santos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. ZARTH (1997). ZARTH, P. Do arcaico ao moderno: as transformações no Rio Grande do Sul do século XIX. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002.

3

Estamos desenvolvendo nosso estudo no PPG em História da UFRGS, no qual ingressamos na seleção 2005/2006.

4

No II Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Osório (2005) e Farinatti (2005) em seus textos já citados, propunham um convite à reflexão sobre tais questões. Concomitantemente, estávamos localizando uma importante questão a ser deslindada.

5

Sobre a fuga de escravos e, entre eles, dos campeiros e domadores, ver: PETIZ, Silmei. Buscando a liberdade: as fugas de escravos da província de São Pedro para o além fronteira (1815-1851). Passo Fundo: UPF, 2006.

6

O primeiro a defender esta idéia foi Freitas seguido por Maestri. FREITAS, Décio. O Capitalismo pastoril. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes., 1980. MAESTRI FILHO, Mário José. O escravo gaúcho. Resistência e trabalho. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1993. Cardoso não tece muitos comentários sobre os escravos nas estâncias mas é o primeiro a falar que os cativos teriam sido utilizados preferencialmente no trato da terra e no serviço doméstico. CARDOSO, Fernando Henrique. [1962] Capitalismo e escravidão no Brasil Meridional. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. Ianni, em seu estudo sobre a escravidão no Paraná, demonstra e argumenta convincentemente desde 1962, a inexistência de uma propalada incompatibilidade da escravidão na pecuária. Seu argumento é deveras interessante, pois localiza formas de controle e vigilância dos escravos não somente por meio da força, mas na criação de hierarquias internas às escravarias, na possibilidade de manumissão dos cativos, etc. IANNI, Octavio. As metamorfoses do escravo. Apogeu e crise da escravatura no Brasil Meridional. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962.

(3)

situação econômica regional e mundial e os imperativos morais ou culturais numa série de combinações. A meta dos senhores era extrair dos escravos o máximo de mão-de-obra eficiente. Mas dizer que o sistema era adaptável, também é reconhecer o papel que os próprios escravos podiam ter nele. Os escravos eram criativos na manipulação das variações para adequá-las à sua percepção de vantagem7.

A questão que pretendo tratar neste texto é bem especifica e de caráter preliminar, sendo as primeiras reflexões de um trabalho em andamento. Diz respeito a uma forma peculiar de incentivo aos escravos que trabalhavam na pecuária. A possibilidade de alguns deles possuírem alguma quantidade de reses de criar, o que acabava configurando uma certa margem de autonomia a estes cativos. Por outro lado, este tipo de incentivo levanta não poucos problemas, como por exemplo, a questão das atividades econômicas independentes desenvolvidas pelos escravos no interior das estâncias agropastoris8. Mas, talvez o fato mais interessante para refletirmos aqui, seja que estas cabeças de gado pertencentes aos escravos, conformavam também seu pecúlio e, para uma minoria, a possibilidade da compra de sua liberdade.

Procedemos a leitura de 3414 cartas de alforria, de oito municípios rio-grandenses, configurando ao todo 3731 libertos9. Destes, apenas 30 manumissões foram compradas com reses, o que já demonstra uma política de domínio restrita apenas a alguns cativos, considerando ainda, que as alforrias compreendem apenas uma minoria de escravos bem sucedidos nas negociações cotidianas com seus senhores. Partiremos de alguns casos que estamos pesquisando sobre o município de Cruz Alta, mas intercalando com as alforrias de outras regiões da província de São Pedro.

7

SCHWARTZ, S. Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru: EDUSC, 2001, p.104. Uma excelente revisão dos principais trabalhos encontra-se no primeiro capítulo de Schwartz: "A historiografia recente da escravidão brasileira".

8

Para um painel da discussão na década de 1980, sobre as atividades econômicas independentes dos escravos, ver: MACHADO, Maria H. "Em torno da autonomia escrava: uma nova direção para a história social da escravidão". Revista Brasileira de História (ANPUH). São Paulo: Editora Marco Zero. Vol. 8, n.16, pp.143-160.

9

Isto foi possível graças a publicação pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul de todas as cartas de liberdade do interior do Estado. Pesquisamos os fundos de Alegrete (707 libertos/12 cartas com reses); São Borja (589 libertos/7 com reses); Rio Pardo (1738 libertos/6 com reses); Cruz Alta (555 libertos/2 com reses); Santo Ângelo (30 libertos/1 com rês); São Sepé (37 libertos/1 com rês); Soledade (41 libertos/1 com rês); Rosário (34 libertos/1 com rês). Documentos da escravidão. Catálogo Seletivo de cartas de liberdade. Acervo dos Tabelionatos de municípios do interior do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CORAG, 2006. II Volumes. No texto serão citadas as alforrias em seus fundos documentais, colocando entre colchetes o número de sua página nestes dois volumes, citados como "livro". As citações que não tiverem a página do livro é porque foram pesquisadas anteriormente à publicação.

(4)

O estancieiro Antônio Lopes Gavião residia no local denominado Cadeado, na vila da Cruz Alta, quando faleceu em 1876 aos 68 anos de idade10. Possuía no Cadeado um campo com uma sesmaria de extensão mais ou menos, com casa de moradia coberta com telhas, mangueira e algum arvoredo. Não era um grande estancieiro embora possuísse um número razoável de animais; 1564 animais entre gado vacum, muar e cavalar. Em 1876, Gavião possuía 12 cativos. Deveria haver algum tipo de incentivo a formação de "família" escrava por parte deste senhor, pois entre seus doze escravos, cinco eram crias da casa como referiam-se os contemporâneos. Dos cinco escravos(as) que temos indicações sobre suas ocupações, pelo menos três eram campeiros, mais uma cozinheira e outra lavadeira. Porém, pelas informações existentes em seu inventário pouco mais sabemos sobre seus cativos.

Entretanto, encontramos três cartas de alforria concedidas por Lopes Gavião na década de 1870. Em agosto de 1872, libertou o escravo Adão de 64 anos, natural da província de Minas Gerais. Segundo consta, a carta foi concedida "em remuneração aos relevantes serviços que me tem prestado gratuitamente sendo que durante o tempo que quiser servir e viver em minha companhia não lhe pagarei coisa alguma pelos serviços que me prestar. Outrosim também qualquer mal que me fizer, ou a pessoa que me pertença será cativa até morrer"11. Um mês depois libertava a escrava Maria Madalena de 47 anos, natural da província de São Pedro "em remuneração aos relevantes serviços que me tem prestado gratuitamente"12. Em novembro de 1873 foi a vez de Antônio Moçambique de 65 anos. A carta foi concedida "em remuneração dos relevantes serviços que me tem prestado gratuitamente concedo-lhe liberdade sendo que durante o tempo que quiser viver em minha companhia, não lhe pago eu coisa alguma pelo serviço que me prestar"13.

Uma primeira questão que chama a atenção, é a repetição nas duas primeiras cartas de que os escravos trabalhavam gratuitamente para Gavião, o que parece pressupor a prática de algum tipo de remuneração em determinados serviços, claro que por parte de alguns senhores. Mas, a terceira carta de liberdade é ambígua, pois pode estar se referindo a "gratuidade" da alforria. No entanto, esta é uma pista interessante, pois sempre estamos a questionar de onde provem os pecúlios acumulados pelos escravos, especialmente os que não trabalhavam a ganho ou a aluguel. Todavia, se pensarmos que Lopes Gavião impunha como uma das condições aos libertos que quisessem continuar residindo em sua estância, a não remuneração

10

Inventário post-mortem de Antônio Lopes Gavião. Cartório de Órfãos e Ausentes de Cruz Alta. Maço 7. Inv. n. 197. APERS.

11

Livro Notarial de Transmissão e Notas, Primeiro Tabelionato de Cruz Alta. Livro 5, 1871/1874. APERS.

12

Livro Notarial de Transmissão e Notas, Primeiro Tabelionato de Cruz Alta. Livro 5, 1871/1874. APERS.

13

(5)

pelos serviços prestados, talvez a primeira hipótese possa ser melhor avaliada, pois a prática de não remunerar os serviços dos cativos continuaria a mesma em relação aos libertos. Talvez até em razão disto, as cartas tenham sido concedidas sem uma contrapartida em dinheiro ou, em espécie.

Outra condição imposta, pelo menos no caso do escravo Adão, era deste manter o respeito e obediência devidos, não fazendo mal nem ao senhor, nem aos seus prepostos, senão seria "cativo até morrer". Condição imposta que bem mostra o que se esperava do comportamento dos libertos. Deveriam manter-se subservientes demonstrando gratidão em reconhecimento ao benefício prestado pelos seus senhores14. Obviamente, esta era a visão senhorial, que entre a teatralização e o ritual existente na prática de manumitir, pretendiam resguardar os vínculos de dependência de seus ex-escravos; embora no caso de Gavião, este tenha se furtado de qualquer responsabilidade com o sustento daqueles.

Outra questão importante é a idade avançada dos escravos que foram libertados. Entre os embates e negociações com seu senhor, deviam requisitar suas liberdades depois de vários anos de "relevantes serviços prestados". Um bom exemplo pode ser o da crioula Antônia, escrava de Bento Rodrigues de Siqueira, morador no distrito de São Miguel do município da Cruz Alta. Antônia foi libertada em 1872, pelo filho de seu senhor que declarou que "entre os bens que deixou sua falecida mãe e seu pai estava a escrava de avançada idade reclamando por sua liberdade"15. Foi avaliada em 200 mil réis descontados do monte mor do inventário de sua falecida ex-senhora.

Voltando a questão anterior, encontramos um processo criminal que permitiu reencontrar Lopes Gavião depois de três anos da conclusão de seu inventário. Na noite do dia 25 de julho de 1879, desapareceu dos campos de João Baptista Gavião, uma "vaca de pelo rosilho vermelho, barriga branca, aspas borquilhas, de propriedade de uma escrava do suplicante de nome Honorata, cuja rês tenha marca e contro do finado Antônio Lopes Gavião, sendo esta última na paleta e marca da referida escrava na perna, cujo desaparecimento foi verificado no dia seguinte por aparecer a cria da mesma vaca berrando na frente da fazenda do suplicante [...]"16. Se por um lado, pensamos que houvesse algum tipo de incentivo a constituição de "famílias" por parte deste senhor, por outro, as manumissões pareciam indicar uma política dura de Gavião para com seus libertos.

14

CUNHA, Manuela Carneiro da. Sobre os silêncios da lei: lei costumeira e positiva nas alforrias de escravos no Brasil do século XIX. In: Antropologia do Brasil: mito, história e etnicidade. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.

15

Livro Notarial de Transmissão e Notas, Primeiro Tabelionato de Cruz Alta. Livro 15, 1870/1874. APERS. (grifo meu).

(6)

Porém, estas questões escondem sobre a parca quantidade de elementos que possuímos, relações tecidas entre senhores, escravos e libertos muito mais variadas e complexas do que a rigidez das fontes nos possibilita apreender. Como nos lembra Slenes, a alforria é apenas a ponta mais visível de uma política senhorial de incentivos aplicada de forma graduada, conforme o comportamento dos escravos17. Neste sentido, o indício de que Honorata possuía reses de criar nos põem a refletir sobre questões importantes. É possível que outros escravos de Lopes Gavião também possuíssem também alguns animais. Neste sentido, encobertos pela não remuneração do serviço dos libertos para com seu ex-senhor, encontra-se a possibilidade dos mesmos, garantirem sua sobrevivência a partir da criação de algumas reses e, quem sabe, também do cultivo de roças de mantimentos.

E esta hipótese parece ser reforçada pela própria política imposta por Gavião. Os libertos permanecendo em sua estância e trabalhando sem remuneração deveriam ter alguma contrapartida de seu ex-senhor, pressupondo é claro, um acordo estabelecido entre as partes. A seus ex-escravos, talvez fosse permitido o usufruto de uma pequena parte de seus campos, aonde eles poderiam plantar e criar para proverem seu sustento; e isso me parece coerente se pensarmos que Gavião demitiu de si as responsabilidades que tinha enquanto senhor de escravo (alimentação, vestuário e tratamento nas enfermidades). De onde estes libertos tirariam seu sustento permanecendo na estância de Gavião se não pudessem prover com seu trabalho suas necessidades mais básicas?

Em relação ao roubo da vaca de propriedade da escrava Honorata (17 anos), a primeira testemunha do processo, Horácio Côrtes da Silva, 17 anos, criador, perguntado se sabia que a escrava Honorata possuía gado com sua marca própria e se estes pastavam nos campos da fazenda do autor respondeu "que a dita escrava possui reses e que estas se acham debaixo de sua marca, cujas reses pastam nos campos do autor". A segunda testemunha Isidro da Silva Moraes, 30 anos, lavrador, respondendo a mesma pergunta, afirmou que Honorata "possui bastantinho e que é marcado com marca própria". A quarta testemunha (referida), era o escravo Ramão, 30 anos, que trabalhava no serviço de lavoura para seu senhor. Perguntado "se o gado do queixoso e de seus fâmulos pastam na estrada que vem do Passo do Ijuizinho" respondeu que pastam.

Esta última pergunta talvez indique que outros escravos ("seus fâmulos" - lembrem-se que havia pelo menos três campeiros) e, também os libertos, possuíssem algumas reses próprias.

16

Cível e Crime/Seqüestros de Cruz Alta (1873/1938). Processo n. 3871 de 1879. Maço 123. APERS.

17

VOGT, C., FRY, P. Com colaboração de SLENES, R. Cafundó: a África no Brasil. Linguagem e sociedade. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.81. Estou considerando o capítulo II deste livro como de autoria de Slenes. Toda a pesquisa e argumentação foram realizadas por este autor.

(7)

Isto é algo que não parecia aos olhos dos contemporâneos ser uma contradição com o regime de trabalho escravo. No julgamento do processo o juiz de direito João Martins França declara que "do depoimento das testemunhas acha-se igualmente provado, que Honorata, apesar de ser escrava, tem gado seu e marca própria". Este "apesar de ser escrava" não deve nos enganar. Nenhuma das testemunhas esboçou surpresa com o fato de Honorata possuir alguns animais. Estas questões levantadas nos colocam diante de uma política de domínio multifacetada, mas ao mesmo tempo, indica a existência de certo espaço de autonomia para os escravos dentro desta fazenda de criação, o que seguramente era algo necessário para tentar amenizar as tensões inerentes as relações de escravidão.

Vejamos outra situação. Este se trata certamente de um potentado, o barão de Ibicuí. Possuía fazendas espalhadas por quase todos os distritos de Cruz Alta18. A extensão de apenas duas de suas fazendas era algo em torno de 51 mil hectares19. Sua produção também estava dividida entre gado vacum e muar; ao todo 6151 animais. Em 1872, possuía 37 escravos. Destes, 21 estavam em idade produtiva, existindo entre eles, 11 escravos campeiros. Outra vez o que chama a atenção é que dos 37 escravos, 16 eram crias da casa; fato que também demonstra algum incentivo a formação de "família". No entanto, o inventário do barão é algo complexo e, de 1872 a 1879 quando faleceu, aconteceram mudanças importantes na sua escravaria. Mas, como o número de escravos campeiros permaneceu praticamente o mesmo neste período (mesmo com as diversas mudanças que sofreu), não temos porque aprofundar estas questões aqui.

Em seu testamento20 o barão de Ibicuí declara que deixa liberto por sua morte "o meu escravo João, de cor parda, ao qual será entregue o valor de um conto de réis em dinheiro ou em bens que o valham, com a condição do referido João, pardo, residir na minha fazenda do Pinhal, onde o meu testamenteiro lhe suprirá o preciso sustento". Certamente João era um escravo que tinha conquistado grande importância na consecução dos trabalhos na fazenda. Francisco de Paula e Silva, filho do barão, deveria lhe proporcionar o seu sustento, o que diminui a possibilidade de que João trabalhasse na agricultura. Por outro lado, reforça a dependência de João para com seu novo senhor.

Outra pista importante, é que o um conto legado a João poderia ser pago em dinheiro (e o foi) ou "bens que o valham". Este indício, abre a possibilidade de que, se João quisesse

18

Inventário post-mortem do barão de Ibicuí. Cartório de Órfãos e Ausentes de Cruz Alta. Maço 9, Proc.245. APERS.

19

Auto de Demarcação de Terras de Cruz Alta, 1873. Proc. n.194 a 198 e 737. APERS.

20

Testamento do barão de Ibicuí vide inventário, ou: Juízo da Provedoria Capelas e Resíduos do Termo da Cruz Alta. Testamento n. 125. Maço 4. APERS.

(8)

receber esse valor por exemplo em animais, o poderia. Todavia, o barão prossegue declarando "que o valor de um conto de réis que acima declarei deixar ao escravo liberto João, pardo, desejo que fique em poder de meu filho Francisco de Paula e Silva para este lhe dar todos os meses dez mil réis em dinheiro". João era um escravo que sem dúvida possuía certo prestígio e consideração pelos bons trabalhos prestados aos seus senhores, porém ou por isso, sua liberdade continha a condição de permanecer na fazenda do Pinhal, sendo que a dez mil réis por mês, João deveria trabalhar pelo espaço de tempo de oito anos e três meses para receber seu um conto.

Mas, não foi apenas João que foi liberto por morte do barão. Este declara, que também "deixa liberto o meu escravo Ventura com a condição de residir em minha fazenda do Pinhal, onde terá o sustento preciso; deixo ao mesmo Ventura trezentos mil réis que ficarão em poder do meu testamenteiro para entregar-lhe mensalmente a quantia de cinco mil réis". As mesmas considerações feitas acima para João servem para o caso de Ventura. Este no entanto, deveria trabalhar pelo espaço de tempo de cinco anos. Estas alforrias condicionais nos colocam sem dúvida, a questão da disciplinarização do trabalho e da vida em "liberdade" destes dois ex-escravos. O fato de receberem salários estipulados no inventário, e não todo o dinheiro legado de uma só vez, além de prenderem os dois a fazenda não possibilitando que recebessem o dinheiro e fossem embora da mesma, bem o demonstra.

Mas a questão central colocada por estas duas liberdades é de outra natureza. O legado deixado ao liberto João era três vezes maior que o de Ventura, fato este que nos dá acesso a importante questão das hierarquias internas dentro da própria escravaria, além de outra, entre os dois libertos. Os senhores assim, distribuíam ou deslocavam as ocupações de seus cativos e/ou libertos de acordo com critérios de "mérito". Uma "promoção" de alguns escravos baseado em uma avaliação do trabalho e da confiabilidade de cada um ao longo dos anos, como observou Slenes21. Um exemplo importante, é a da liberdade do pardo Ubaldo, escravo de Josefa Maria Braga. A carta foi concedida "não só por o ter criado como pelos bons serviços que me tem prestado, não só como escravo, e sim como capataz cujos serviços muito tem me agradado tendo sido muito fiel e obediente"22.

Mesmo não sabendo a ocupação de João e Ventura nos trabalhos realizados na fazenda do barão, penso que pelo número elevado de escravos campeiros que existia e, pelo fato de não haver indícios de que trabalhassem na agricultura, que há uma grande possibilidade de que João estivesse sendo deslocado para exercer a função de capataz da fazenda (bem mais

21

SLENES, op. cit., p.91/92.

22

(9)

provável seria o caso dele). Entretanto, o importante para os senhores era o significado que estas liberdades tinham em relação aos que continuavam cativos, pois deveria ser o exemplo a ser seguido pelos demais se quisessem almejar alguma melhoria em suas condições de vida, o que no final das contas, materializava-se no horizonte aberto pela possibilidade da manumissão, condicionada a um bom comportamento. Todavia, acredito que este horizonte estava aberto para uma minoria, pois até o escravo conseguir vislumbrar esta possibilidade, traduzida por ele como uma expectativa, muitos esforços deveriam ser despendidos nos embates e negociações travados com seus senhores.

A grande maioria das cartas de alforria expressam a vontade senhorial e, em seus próprios termos, mesmo que algumas mesmo sem querer possibilitem apreendermos o que de mais óbvio havia. Em junho de 1851, o senhor Joaquim Simões Pires libertou seu escravo Delfino crioulo "em remuneração aos bons serviços que o dito escravo Delfino há prestado em meu poder, com a única restrição de me acompanhar para que seu exemplo sirva de estímulo aos demais escravos que possuo afim de bem procederem [...]"23. Certamente nem todos senhores foram tão sinceros como este nas declarações de liberdade.

Para os senhores, proporcionar certo espaço de autonomia para seus escravos era necessário para tentar estabilizar as tensões inerentes a uma relação injusta e desigual. Um escravo ou um liberto na função de capataz por exemplo, acaba deslocando, pelo menos no aspecto relacional mais imediato, o conflito entre senhores e escravos para um tensionamento entre escravos e/ou libertos "privilegiados", para com o restante dos cativos24. Mas penso, que este deslocamento do conflito é mais aparente do que real, pois não é suficiente para mascarar as diferenças entre senhores e escravos, base na qual se constitui as relações de escravidão. Muito menos, para desfazer as alianças sócio-culturais tecidas cotidianamente entre os cativos e os libertos.

Pela pesquisa em andamento parece haver indícios suficientes para considerarmos a possibilidade dos escravos possuírem algumas reses como uma prática nem tão rara assim. Mas, o argumento que proponho, é que este tipo de incentivo era um elemento da política de domínio senhorial que tinha todos os motivos possíveis para não ser uma prática generalizada. E isso, principalmente pela questão política da relação. Pois se os senhores precisavam

23

Livros Notariais de Transmissão e Notas. Rio Pardo. Livro 12. APERS. [p. 769 do livro].

24

Segundo Ianni, o capataz escravo ou liberto não seria uma contradição com a natureza do regime de trabalho escravo, mas uma alternativa ligada às técnicas de dominação posta em prática pelos brancos. Para o autor, "a capatazia exercida pelo escravo sôbre os escravos realiza a função eunômica de distender as tensões sociais entre brancos e negros. [...] a alienação do cativo é de tal modo total que uns são feitos algozes dos outros, segundo as exigências recorrentes da ordem escravocrata". Deve ficar claro, que a visão da condição do escravo como alienada, esboçada por Ianni, não é compartilhada por nós. IANNI, op. cit. pp. 61/62.

(10)

procurar legitimar e justificar seu sistema de dominação, não apenas com as punições e castigos físicos, mas também com alguns tipos de incentivos, como por exemplo, certos espaços de autonomia, nenhum destes métodos seria aconselhável que fosse generalizado. Os senhores jamais conseguiram resolver as contradições de seu comportamento, como observa Genovese. Segundo o autor, os senhores "tinham que recorrer a força para fazer os relutantes trabalhar. Sabiam que se mostrando bondosos e oferecendo incentivos obteriam bons resultados, mas que também esta atitude poderia ser um tiro pela culatra"25.

Penso então, que o fato de os senhores permitirem que alguns de seus escravos tivessem alguns animais, deveria ser uma prática restrita para servir de exemplo aos outros cativos, para criar hierarquias. Mas, por isso mesmo essa pretensão legitimadora de sua dominação tendia a se fragilizar. O que importava para os senhores era os significados contidos nesta prática, e não faria sentido algum para o controle dos cativos, se a posse de reses pelos escravos fosse uma prática generalizada. Anteriormente, colocamos que o deslocamento do conflito entre senhores e escravos pela função exercida por algum cativo ou liberto como capataz, era algo mais aparente do que real, apesar desta posição de comando coloca-lo numa situação difícil perante seus comandados26. Podemos pensar esta questão, juntamente com a necessidade dos senhores de procurarem legitimar e justificar sua dominação sobre os escravos. Segundo Ricouer

[...] se toda pretensão à legitimidade é correlativa a uma crença, por parte dos indivíduos, nessa legitimidade, a relação entre a pretensão emitida pela autoridade e a crença que a ela responde é essencialmente dissimétrica. Direi que há sempre mais na pretensão que vem da autoridade do que na crença que vai à autoridade. Vejo aí um fenômeno irredutível de mais-valia, se entendemos por isso o excesso de demanda de legitimação relativamente à oferta da crença. Talvez essa mais-valia

25

GENOVESE, Eugene. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. Trad. Maria Inês Rolin e Donaldson Magalhães Garschagem. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p.467.

26

Sobre a questão dos "homens do senhor" ver: SLENES, op. cit., p. 92 a 95. Machado, cita um caso notável ocorrido em 1885 em Rio Claro, já em plena desagregação do sistema escravista. O administrador da fazenda manda o escravo feitor castigar os escravos porque o serviço estava vagaroso, não sendo atendido por este, que respondeu que o trabalho ia bem. O próprio administrador resolve então, castigar os escravos. Mas estes, "revoltados caíram sobre o administrador agarrando-o e batendo-o com o chicote dizendo-lhe que eles faziam aquilo para ver se era bom o que queria fazer com eles". Ver: MACHADO, Maria Helena. O plano e o pânico: os movimentos sociais na década da abolição. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, EDUSP, 1994, pp. 78/79. Slenes acredita que as experiências e heranças culturais em comum acabaram se sobrepondo, criando assim, instituições cruciais para a formação de solidariedades e identidades escravas. SLENES, R. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava, Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 17. Para um contraponto interessante do ponto de vista da religiosidade escrava e, que se aproxima das considerações tecidas por Slenes e Machado, ver: XAVIER, Regina Célia Lima. Tito de Camargo Andrade. Tese de Doutorado: UNICAMP, 2002.

(11)

seja a verdadeira mais-valia: toda autoridade reclamando mais do que nossa crença pode carregar, no duplo sentido de trazer e de suportar27.

Pois como coloca Ricouer, a grande contribuição de Marx foi fornecer a idéia de que a função justificadora da ideologia aplica-se à relação de dominação oriunda da divisão em classes sociais e da luta de classes28. Por isso que penso que a tentativa de deslocar o conflito não é suficiente para mascarar a diferença abismal entre o ser senhor e, o ser escravo (propriedade de outrem), em que pese todos componentes sócio-culturais entrelaçados nesta relação de domínio. E as cartas de alforria pagas com reses vêm a nos propor justamente esta interpretação, pelas próprias "ambigüidades deixadas abertas nos interstícios dos sistemas de dominação"29.

O preto Manoel Paulo, aproveitando-se da oportunidade aberta pelo fato de sua senhora a baronesa do Cambaí encontrar-se interditada "por sofrer em suas faculdades mentais" requereu sua liberdade em juízo 1878. A carta foi concedida pelo juiz de órfãos Alberto Gonçalves Pereira de Andrade "que por parte do mesmo preto me foi dirigida uma petição na qual alegou ter entregue animais de sua propriedade na fazenda de Santa Eugênia de propriedade de dita baronesa, cujos valores são superiores a quantia de 800 mil réis porque foi avaliado, e tendo este juízo verificado o expedido veio ao conhecimento da verdade alegado pelo dito preto, havendo ainda um saldo de 17 mil réis a seu favor"30. Na verdade, mais três escravos da baronesa aproveitaram-se desta ocasião e entraram com petições na justiça para requerer suas liberdades. Vejamos mais um caso. O escravo Tito, mediante requerimento em juízo através de seu procurador Manoel José Duarte do Amaral, obteve sua liberdade também em 1878. Foi feito um acordo entre as partes no qual passou a "pertencer a baronesa os bens que constituíam seu pecúlio e que estavam em seu poder"31.

Em janeiro de 1849, o senhor Francisco de Oliveira Bruno, da Costa do Ijuí em Cruz Alta, libertou sua escrava Efigênia por esta "ter dado seu valor em animais cavalares, o qual

27

RICOUER, P. Interpretações e ideologia. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990, p.72. Pode parecer estranho citar Ricouer em um texto sobre a escravidão. Porém, o conceito de ideologia é um tanto problemático quando tomado como reflexo do real, algo que na verdade, nem em Marx se encontra. Embora, muitos autores tenham colocado uma ênfase indevida na metáfora da câmara escura. E parece-me que a colocação de Ricouer, pelos seus termos, afasta muitos falsos problemas.

28

Aqui estou pensando em luta de classes como uma categoria heurística como nos propõem Thompson. ?Lucha de clases sin clases? In: THOMPSON, E. P. Tradición, revuelta y consciencia de clase. Estudios sobre la crisis de la sociedad preindustrial. Barcelona: Editorial Crítica, 1984.

29

LEVI, G. "Sobre a micro-história". In: Burke, P. A escrita da história. Novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.

30

Livros Notariais de Registros Diversos. Alegrete. Livro 8. APERS. [p.38/39 do livro Documentos da escravidão].

31

(12)

aceitamos muito de nossa livre vontade"32. O escravo Lourenço recebeu a alforria por parte de sua senhora Maria do Rosário, moradora na Invernada de São Martinho, mediante o pagamento de 40 bestas. Estes animais foram entregues a Manoel da Silveira pelo procurador da senhora33. O senhor Furtado Luis Barcelos Barreto, de São João Mirim, concedeu a liberdade ao escravo Simplício, crioulo, 36 anos, mediante o pagamento de 400 patacões de prata em cavalos mansos e éguas34.

Em 1871, o senhor Francisco de Sá e Brito libertou o crioulo Joaquim mediante o pagamento de 800 mil réis "que ficou de pagar em gados e animais que possui nesta fazenda repondo em dinheiro o que faltar, sendo o gado a preço de 7 mil réis a cabeça"35. Neste caso, se fosse paga inteiramente com animais esta liberdade, seriam mais ou menos 114 gados vacuns. Em 1881, o pardo Felizardo de 40 anos pagou 700 mil réis em gado de criar para seu senhor Gabriel Pires de Almeida, morador em Santo Ângelo36.

É claro que os 30 casos que encontramos até agora refere-se a uma minoria dentro da parte bem sucedida dos escravos que obtiveram a liberdade. O que não é o mesmo que dizer que estes casos não sejam significativos. Estes escravos foram hábeis em manejar as possibilidades abertas pelas ambigüidades do sistema que pretendia sua submissão total e, muitas vezes esperaram o momento certo para agir. Utilizaram-se com extrema perspicácia de um elemento da política de domínio senhorial constituído para mante-los presos às fazendas e, para minorar as tensões decorridas das relações de escravidão, em sua principal arma de luta na busca de suas liberdades. Transformaram um pequeno punhado de reses, alguns em uma centena delas, no elemento constitutivo de seu pecúlio, invertendo simbolicamente o uso das armas empunhadas pelo opressor.

Entretanto, estamos apenas esboçando nossas primeiras reflexões sobre o assunto e, as cartas pagas com reses, não são tão simples assim. A natureza destas alforrias são bem mais complexas, como por exemplo, o pecúlio formado por diferentes formas de remuneração e/ou incentivos. Outra questão não menos importante, é que muitos senhores poderiam não querer receber o valor de seu escravo em animais, e/ou talvez, em dinheiro algum. Embora estas questões façam parte da mesma história, trataremos delas em outra oportunidade. Por outro lado, como nos lembra Slenes, "à promessa do prêmio pelo comportamento desejado estava ligado a ameaça de punição: o cancelamento da promessa, a revogação dos prêmios já

32

Livros Notariais de Transmissão e Notas. Cruz Alta. Livro 6. APERS. [p.262 do livro].

33

Livros Notariais de Transmissão e Notas. Rio Pardo. Livro 1. APERS. [p.838 do livro].

34

Livros Notariais de Transmissão e Notas. São Borja. Livro 3. APERS. [p.960 do livro].

35

Livros Notariais de Registros Diversos. Alegrete. Livro 1. APERS. [p.55 do livro].

36

(13)

concedidos e, no limite, a violência, para aqueles que não observavam o código senhorial"37. Todavia, a questão está colocada e, aberta para o debate.

37

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Posto isto, as soluções, quanto a nós passam por: criar um Gabinete Desportivo, estando ligado à junta de freguesia mas sendo o mesmo auto-suficiente a nível económico e/ou apoiado

O facto da execução das tarefas do plano não exigirem um investimento avultado a nível das tarefas propostas é possível neste caso em concreto visto que na Empresa A

transientes de elevada periodicidade, cujos poros de fusão, de maior diâmetro, se mativeram abertos durante mais tempo. A expressão das quatro isoformas de HCN foi confirmada

No ˆ ambito deste trabalho ´ e proposto o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas de simula¸c˜ ao baseadas em PLECS capazes de simular o controlo de fontes de comuta¸ c˜ ao

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

versity; Dewajtis 5, 01-815 Warszawa, Poland; a.syryt@uksw.edu.pl Abstract: The terms “university”, “teaching” and “research” are closely related. The reason for the

For additional support to design options the structural analysis of the Vila Fria bridge was carried out using a 3D structural numerical model using the finite element method by