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O GESTOR E A RESPONSABILIDADE SOCIAL: ESTUDO DE CASO EM UM SUPERMERCADO DE JUAZEIRO DO NORTE-CE.

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O GESTOR E A RESPONSABILIDADE SOCIAL: ESTUDO DE CASO EM

UM SUPERMERCADO DE JUAZEIRO DO NORTE-CE.

Maria Valquíria Salviano Damasceno1 Marcos Vasconcelos Correia 2

1 Introdução/ Desenvolvimento

Atualmente o gestor enfrenta grandes desafios nas organizações, pois deve possuir uma visão sistêmica que observe e focalize seu capital humano, sem deixar de observar suas relações com a sociedade. Sendo assim, no âmbito das atuais tendências de relacionamento, observa-se uma aproximação dos interesses das organizações e os da sociedade para resultar em esforços múltiplos para o cumprimento de objetivos compartilhados.

Atualmente se fala demasiadamente em Responsabilidade Social. Segundo Garcia (2004) a responsabilidade social é um conceito segundo o qual as organizações decidem, de forma voluntária, contribuir para uma sociedade mais correta, justa e para um ambiente mais saudável e limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão das organizações não pode e não deve ser voltada apenas para o cumprimento de interesses dos proprietários das mesmas, mas também pelos interesses de outros envolvidos como, por exemplo, os colaboradores, os fornecedores, as comunidades locais, os clientes, as autoridades públicas, os concorrentes bem como toda a sociedade. E a sociedade exige das organizações que as mesmas cumpram com seu papel nesse cenário. Contudo esse tema está difundindo-se, pois são várias as partes que cobram esse trabalho, por exemplo, as legislações comerciais que prezam pela proteção ambiental, dentre outros.

As organizações estão em busca de sua sobrevivência no mercado, e a responsabilidade social torna-se um fator indispensável para que estas mantenham-se neste mercado. Porém, muitas dessas organizações ainda não sabem bem quais recursos podem trazê-las a estabilidade.

Segundo Gladwin et al (1995) o interesse por sistemas de gestão ambiental, tanto por parte da sociedade como por parte das organizações e indústrias e do meio empresarial como um todo, inicia com o surgimento do paradigma do sustencentrismo. Segundo o mesmo autor, o sustencentrismo aparece como uma evolução do paradigma do ecocentrismo que, por sua vez surgira como antítese do paradigma anteriormente vigente, do antropocentrismo. O antropocentrismo pregava que o homem era totalmente capaz de dominar a natureza, a qual possuía reservas de recursos naturais inesgotáveis, com uma capacidade de recuperação que poderia ainda ser potencializada através da tecnologia.

Os benefícios sociais que as empresas oferecem à sociedade resultantes de ações que geram emprego e sustentabilidade podem gerar um diferencial competitivo entre as demais organizações.

De acordo com Karkotli (2005), quando as empresas tomam suas decisões elas têm como base a ética onde esta causa impacto sobre seus interessados, ou seja, clientes, acionistas, dentre outros. E sendo assim a Responsabilidade Social entra de forma estratégica nesse cenário. Por isso, as influências que as empresas pretendem causar não devem ser direcionadas apenas para obter lucro, mas principalmente para seus stakeholders.

1Graduanda em Administração, Faculdade Paraíso do Ceará, Juazeiro do Norte, CE, e-mail: valquiria.adm.salviano@hotmail.com

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Segundo Lisboa (2000), a Responsabilidade Social em prática traz de volta o objetivo real da empresa, que o lucro não é sua finalidade principal, mas a criatividade em relação aos produtos direcionados a sociedade.

Munhoz et al. (2001) comenta que se os empreendedores considerassem os interesses da sociedade, muitos problemas sociais poderiam diminuir bastante. Procurando identificar as exigências dos seus consumidores em relação a sua postura organizacional.

Welford (1995) aduz que as atividades de marketing, por pressões governamentais, sociais, legais e competitivas, passam a adotar uma postura ética, ecológica e preocupada com o desenvolvimento sustentável, buscando antecipar e satisfazer as necessidades dos consumidores a partir da cooperação, da conscientização e educação de consumidores e da articulação sustentável de custos, produtos, embalagens e comunicações, além de trabalhar de forma a conscientizar e mudar a percepção dos colaboradores “clientes internos” nesse processo. Assim, todos da organização trabalharão de forma consciente e responsável para proporcionar um mundo cada vez melhor de se viver.

Responsabilidade Social Corporativa – RSC refere-se ao compromisso de estar em conformidade com a sociedade, ou seja, com a segurança e saúde de seus colaboradores, proteção ao meio ambiente, dentre outros.

De acordo com Tinoco (2001) a RSC está direcionada a todos os interessados: fornecedores, consumidores, colaboradores, acionistas, comunidades e governos. As organizações preocupadas com a questão ambiental têm procurado desenvolver sistemas que as ajudem no controle de suas atividades as quais estão relacionadas com esse tema.

De acordo com Kraemer e Tinoco (2004) um sistema de gestão ambiental são procedimentos que administram a organização, para que a mesma possa ter um relacionamento agradável com o ambiente, pois o mesmo tem como objetivo diminuir os impactos causados no meio ambiente através de ações que proporcionem prevenção.

Sendo assim, a Responsabilidade Social dentro das organizações trata-se de adotar uma gestão que esteja consciente da sua responsabilidade social.

Poter e Kramer (2006) ressaltam que a RSC torna-se cada vez mais atuante no meio empresarial, pois planejam suas estratégias através de ações que não causem transtornos a sociedade e enfatiza que uma sociedade saudável é uma necessidade para as empresas.

Para tanto, o papel do Gestor atual torna-se de suma importância para diminuir os efeitos causados para a sociedade, bem como toda essa desconfiança da mesma. Existem algumas formas de ser trabalhado esse assunto, o gestor tem que estar a par da legislação e dos interesses sociais.

Deve-se ressaltar que este estudo busca mostrar que a responsabilidade social é bastante importante para as organizações atuais, pois proporciona uma imagem melhor diante da sociedade e das partes interressadas. A Responsabilidade Social provoca mudanças nas organizações exigindo gestores qualificados, que direcionem suas equipes para uma mudança cultural e interpessoal. Sendo assim, o gestor e seu grupo devem estar capacitados para por em prática esse recurso.

O presente artigo possui como problema de partida: De que forma o Gestor de um grande supermercado trabalha a questão da Responsabilidade Social?

Como objetivo geral tem-se: Analisar o trabalho de Responsabilidade Social de um gestor do segmento de supermercado. E como objetivos específicos:

a. Identificar o entendimento do gestor sobre a Responsabilidade Social; b. Descrever o processo de trabalho de Responsabilidade Social de sua Gestão; c. Propor melhorias para a organização com base nas respostas obtidas.

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Responsabilidade Social é um assunto bastante discutido entre as empresas atuais e de diversos ramos de atuação. Sendo assim, foi realizado um estudo em uma empresa do ramo de supermercado varejista em Juazeiro do Norte.

Para Selltiz et al. (1974), existem basicamente três tipos de estudos, são eles: exploratórios, descritivos e explicativos.

Ainda para os mesmos autores, os exploratórios, visam a familiarização com o fenômeno ou uma nova compreensão dele, frequentemente para poderem formular de forma mais precisa um problema ou criar novas hipóteses. Os descritivos têm como objetivo primordial, a descrição de características de uma determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Os explicativos objetivam verificar uma hipótese de relação causal entre variáveis.

A presente pesquisa é descritiva, qualitativa, pois, segundo Mattar (1997) essa pesquisa visa prover o pesquisador de um maior conhecimento acerca do tema ou problema de pesquisa em perspectiva.

Segundo Malhotra (2001) a pesquisa qualitativa é uma “metodologia de pesquisa não estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporcionam insights e compreensão do contexto do problema”.

A pesquisa em questão trata-se de um estudo de caso, segundo Leite (2008) o estudo de caso tem características de pesquisa qualitativa e tem a finalidade de analisar em profundidade uma unidade social e pode ser realizado dentro de uma organização.

A coleta de dados foi realizada em uma única etapa, levantando-se as informações pela técnica da entrevista, através de um formulário estruturado, cujas questões foram alicerçadas por variáveis que deram maior profundidade à resposta.

A entrevista foi realizada pessoalmente, em profundidade, com os Gestores da empresa em questão.

Para a entrevista, foi elaborada uma sequência de dez perguntas conforme quadro abaixo. Quadro 1 – Perguntas da entrevista

1. A RS faz parte hoje da visão estratégica da empresa?

2. A alta administração participa e se envolve nos projetos sociais?

3. A empresa realiza programas de sensibilização conscientização do corpo funcional e gerencial sobre a importância da RS?

4. Como a empresa pretende concretizar sua Ação Social?

5. O projeto social será desenvolvido com alguma ONG (Organização Não Governamental)?

6. Quem serão as pessoas envolvidas na RS do supermercado?

7. A empresa pretende divulgar as ações de RS que irá realizar? Se sim, como serão as divulgações.

8. Como será o envolvimento dos colaboradores na Gestão da RS?

9. Como a empresa pretende tratar os impactos ambientais que foram ou possam acontecer resultantes de suas atividades?

10. Como a empresa deseja conscientizar a população quanto aos desafios ambientais decorrentes da atividade humana e incutir valores de Responsabilidade Ambiental à empresa?

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O Supermercado em estudo é uma rede de supermercados que procura promover a venda de seus produtos com o intuito de garantir a segurança de seus consumidores e do ambiente. A empresa visa o bem-estar de todos, bem como a responsabilidade com o ambiente e o fornecimento de serviços de qualidade.

O supermercado é composto aproximadamente por 150 funcionários, possuindo 3 filiais situadas na cidade de Juazeiro do Norte sendo que o projeto de uma quarta loja já se encontra em andamento. Possui um estoque de produtos bem diversificado: produtos de higiene pessoal, alimentos, bebidas, produtos para limpeza de casa, utensílios para o lar, calçados, revistas, etc.

A empresa incentiva seus colaboradores oferecendo-os a abertura para expor sugestões de melhoria no trabalho e nos serviços prestados. Procura identificar o nível de satisfação de seus funcionários e também de seus consumidores.

Dentro desse cenário a organização procura sempre inovar, procurando deixar seu ambiente físico bem organizado e limpo, com espaço adequado nos corredores para melhor comodidade de todos.

2.2 Análise dos Resultados

Foi verificado que, mesmo com certa preocupação e com várias ideias relacionadas à Responsabilidade Social, seus gestores ainda não haviam colocado em prática ações de Responsabilidade Social, ou seja, ainda há muito por fazer em relação ao assunto.

Segundo os respondentes, a estratégia de se manter como uma empresa forte no mercado de Juazeiro do Norte vem de sua origem empreendedora e isso precisa permanecer vigente para dar continuidade em seus negócios. Segundo a alta administração, a empresa tem procurando fortalecer o compromisso com o ambiente e a sociedade, ainda ressalta que deseja agregar valor não só para si, mas para todos os seus interessados – fornecedores, colaboradores, clientes, meio ambiente, sociedade e sócios.

Atualmente o supermercado vem se desenvolvendo bastante na região do Cariri e segundo o proprietário, tem se preocupado com a sociedade que está inserida. Sendo assim, a alta administração viu a necessidade de minimização dos problemas na sociedade e no meio ambiente.

No entanto a mesma não deixou para trás suas estratégias já existentes em relação a aumentar seus lucros e seu capital. Com intuito de por em prática a empresa responsável, o proprietário pretende criar uma ONG, onde possam utilizar de incentivos fiscais de dedução e de parcerias na concretização da sua ação social.

A alta administração afirma que pretende desenvolver campanhas internas para conscientização dos problemas ambientais que são decorrentes das atividades humanas e que realizará ações preventivas e de monitoramento para prevenir os impactos que possam ser causados resultantes de seus serviços.

O mesmo ainda ressalta que a Responsabilidade Social já está incluída no seu planejamento estratégico e que desenvolverá com base nos negócios já existentes, estratégias que estejam relacionadas às oportunidades resultantes da Responsabilidade Social.

3 Considerações Finais

Diante do que foi analisado em entrevista na organização, percebe-se, por parte do proprietário, um entendimento sobre o assunto e certa preocupação em realizar atividades responsáveis, porém, como toda e qualquer organização a empresa também pensa nos lucros e resultados e suas intenções em trabalhar com Responsabilidade. De uma maneira geral foi

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percebido que a empresa ainda estar por fazer muitas ações em termos de Responsabilidade Social, é como se muita coisa estivesse ainda em “pensamento”, verificou-se que é muito necessário o trabalho efetivo e não apenas planos.

Em relação ao objetivo geral, a pesquisa atendeu quando analisou o trabalho da empresa em termos de Gestão da Responsabilidade Social e identificou diversos aspectos, quanto aos objetivos específicos, o primeiro foi atendido quando se identificou o entendimento do gestor sobre o assunto e o segundo objetivo foi atendido quando se descreveu o processo de trabalho de Responsabilidade Social da empresa, ou seja, como visto, de forma ainda bem amadora.

Em relação ao terceiro objetivo específico, com as respostas obtidas fica claro que podemos, como melhoria, propor um treinamento com base nas normas e legislações de Gestão Ambiental, de início pode ser realizada uma conscientização forte sobre o assunto, dado que outras redes supermercadistas já o fazem e como o proprietário mesmo disse, é importante ter isso para as estratégias de agregar valor para todos. Outra maneira de trabalhar com a proposta de melhoria seria em indicar uma empresa de consultoria na parte de Gestão da Responsabilidade Social, só assim, a empresa poderia destacar-se diante de muitas exigências da sociedade.

4 Referências

GARCIA, J. O negócio do social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

GLADWIN, T. N.; KENNELLY, J. J.; KRAUSE, T. S. Shifting paradigms for sustainable development: implications for management theory and research. Academy of Management Review, vol. 20, nº 4, 1995.

KARKOTLI, G. R. Responsabilidade social: uma estratégia empreendedora para a pequena empresa. In: IV Encontro sobre empreendedores e gestão de pequenas empresas, 2005, Curitiba. Caderno de Resumos dos trabalhos do IV EGEPE, 2005.

KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira; TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Contabilidade e Gestão Ambiental. São Paulo: Atlas, 2004.

LISBOA, A. M. Empresa cidadã: uma nova metamorfose do capital? Caderno Outros Valores, nº 1. Florianópolis: Cidade Futura, 2000.

LEITE, F. T. Metodologia Científica: métodos e técnicas de pesquisa: monografias, dissertações, teses e livros. São Paulo: Ideias e Letras, 2008.

MATTAR, F. Pesquisa de Marketing. 4. ed. Vol. 1. São Paulo: Atlas, 1997. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. .ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

MUNHOZ, G. S.; L., M. T. L.; RODRIGUES, S. F. C. Ética e responsabilidade social no empreendedorismo – algumas reflexões. ANAIS DO II EGEPE, p. 202-214, Londrina/PR, Novembro/2001.

POTER, M; KRAMER, M. Strategy and society: the link between competitive advantage and corporate social responsibility. Harvard Business Review, p. 1-15, dec., 2006.

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SELLTIZ, C.; JAHODA, M.; DEUTCH, M.; COOK, S. Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais. São Paulo: Ed. EPU, 1974.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social: Uma abordagem da Transparência e da Responsabilidade Pública das Organizações. São Paulo: Atlas, 2001.

WELFORD, R. Green marketing and eco-labelling In: Environmental strategy and sustainable development/the corporate challenge for the 21st century. Routledge: London, 1995, pp. 149-173.

Referências

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