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GRUPO EDUCACIONAL DOM ALBERTO CLAÚDIA FABIANA O PAPEL DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

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GRUPO EDUCACIONAL DOM ALBERTO

CLAÚDIA FABIANA

O PAPEL DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

GOIÂNIA 2021

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GRUPO EDUCACIONAL DOM ALBERTO

CLAÚDIA FABIANA

O PAPEL DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

GOIÂNIA 2021

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em

EDUCAÇÃO INFANTIL: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS .

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O PAPEL DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM RELAÇÃO AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Claúdia Fabiana

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.

Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais.

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RESUMO

A relação que se estabelece a prática pedagógica desenvolvida na Educação Infantil e a formação da personalidade da criança. Fundamenta-se em pressupostos da Teoria Histórico-Cultural e buscando responder, às seguintes questões: O que é a personalidade? Quais são as forças motrizes do seu processo de desenvolvimento nos primeiros anos de vida da criança? Quais as especificidades do trabalho dos professores da Educação Infantil e como a atividade pedagógica pode contribuir para o desenvolvimento da personalidade infantil? Na educação infantil ocorre a formação inicial da aprendizagem das crianças pequenas, tão importante também são as práticas pedagógicas realizadas nesta fase. Freire (2003, p. 79) destaca que “Para mim é impossível compreender o ensino sem o aprendizado e ambos sem o conhecimento” Pretendemos refletir sobre princípios essenciais de um trabalho docente capaz de alavancar o processo de formação integral da criança na Educação Infantil. Consideramos que, com a consolidação de práticas pedagógicas que medeiem as relações entre as crianças e a cultura, é possível organizar atividades que focalizem as diferentes dimensões do desenvolvimento humano e a personalidade . Atualmente vivemos diversas modificações, e uma das maiores preocupações é o que diz a respeito à educação infantil em que a criança está em processo de construção de conhecimento. O presente artigo apresenta uma reflexão da prática pedagógica do professor na educação infantil, estabelecendo uma relação entre o cuidar e educar. A realidade tem mostrado as dificuldades vivenciadas por décadas praticadas nas instituições de educação infantil, em que cuidar remete à ideia de assistencialismo e, educar à de ensino/aprendizagem.

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INTRODUÇÃO

Neste artigo, convidamos o leitor a refletir conosco sobre os

fundamentos teóricos que nos permitem perceber como o trabalho pedagógico intervém na formação das capacidades especificamente humanas em cada criança de que cuidamos e a quem educamos. O presente artigo tem por objetivo apresentar reflexões sobre as relações entre o cuidar e o educar na educação infantil e suas implicações na prática pedagógica dos profissionais na educação infantil. Desenvolver um olhar especial para a formação

continuada do professor de educação infantil, refletindo sobre a importância do ensino aprendizagem dentro da sala de aula, sendo este o espaço pelo qual é responsável para a formação do ser humano e da sua socialização no

contexto da sociedade.

O texto discute as práticas pedagógicas na educação infantil,

problematiza o currículo a partir de sua efetivação e pondera em que medida os encaminhamentos metodológicos conduzem à participação significativa das crianças. A prática pedagógica é uma dimensão da educação, cuja finalidade é historicamente determinada e abrange práticas formativas, durante as quais ocorrem processos de socialização, transmissão, divulgação e apropriação de conhecimentos historicamente produzidos pelos diferentes grupos humanos e classes sociais nas mais variadas formas de interação que se estabelecem entre os homens e destes com o mundo sócio-material e cultural. Consideram-se também as possibilidades de criação e transformação dos conhecimentos já existentes, à medida que a educação envolve sempre seres ativos e em condições de constituir outras formas e processos de agir, sentir, pensar, representar ,educativo .

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1.0-A RELAÇÃO DA PEDAGÓGIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL

A reflexão aqui apresentada resulta de "A Pesquisa em Educação Infantil no Brasil: trajetória recente e perspectivas de consolidação de uma pedagogia", que analisou o conjunto da produção sobre a educação da criança pequena. Essa análise revelou construções teóricas que, sustentando-se em bases empíricas e teorizações anteriores, vêm permitindo a identificação de um conjunto de "regularidades e peculiaridades" que suscitam novas frentes de investigações. Os construtos já identificados pelas pesquisas analisadas permitem afirmar a possibilidade e o nascimento de uma Pedagogia da Educação Infantil que passa a analisar criticamente o real, a partir de uma reflexão sistemática que ganha corpo, procedimentos e conceituações próprias.

Desta maneira, parto do princípio de que uma Pedagogia da Educação Infantil caracteriza-se por sua especificidade no âmbito da Pedagogia (em seu sentido mais amplo), uma vez que a meu ver o objeto desta está

essencialmente ligado a toda e qualquer situação educativa (como

organização, estruturas implícitas, práticas etc.). De fato, em sua trajetória, o campo pedagógico não tem contemplado suficientemente a especificidade da educação da criança pequena em instituições não-escolares, tais como a creche e a pré-escola.

De fato, se por um lado a Pedagogia é destituída de autonomia por aqueles que consideram a impossibilidade de se estatuir um conhecimento científico de base prática, por outro, temos assistido a uma construção da Pedagogia como forma de consolidar seu estatuto e dar conta de uma

demanda concreta de organização das práticas e das experiências educativas humanas, mas que é essencialmente diferente delas.A Pedagogia opera em nível qualitativo próprio, que difere de cada uma das ciências que lhe dão suporte na compreensão do fenômeno pedagógico. Reduzir a Pedagogia ao domínio de cada uma destas ciências de fundamentos dilui seu objeto de

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estudo e impede um tratamento do fato pedagógico no seu nível qualitativo próprio.

A centralidade de uma ciência pedagógica se põe como forma de captar o caráter dinâmico das práticas educativas, como práticas sociais que são e como possibilidade de dar conta de sua dimensão praxiológica, que têm, para além da descrição e da explicação, uma preocupação indicativa e uma

produção de saberes caracterizados como instrumentos de ação.

A Pedagogia, como a Ciência da Educação, distingue–se radicalmente da atividade educativa em si, por definir-se como o conjunto de estudos sobre a/da educação e pela reflexão sistemática sobre a prática. Assim, a

Pedagogia, como estudo sistemático, toma como ponto de partida a prática como objeto inconcluso e histórico, e a ela retorna .

O objeto do campo da Pedagogia define-se, pois, como o ato pedagógico em determinada situação. No caso da educação infantil, este objeto define-se pelo contexto das relações educacionais-pedagógicas e não pela análise de cada um dos fatores determinantes da educação da criança, de forma isolada. Por exemplo: os processos gerais de desenvolvimento da criança interessam à Psicologia; já a educação da criança na creche como um contexto de desenvolvimento, é de interesse particular da Pedagogia que, a partir do conhecimento psicológico, observa, descreve, analisa e critica a intervenção pedagógica.

2.0 -A PEDAGOGIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

As origens da Pedagogia como disciplina, na modernidade, são marcadas por orientações teóricas de alguns de seus predecessores (como Herbart, Dewey, Claparède) que traziam, de uma forma geral, dois princípios comuns: a necessidade da alimentação de estudos pedagógicos por

disciplinas auxiliares e a crença no atrelamento da prática pedagógica à Psicologia para aprender com ela "procedimentos experimentais, bem como seu objeto e destinatário privilegiado: a criança" .

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Acompanhando a trajetória da constituição da Pedagogia, os estudos que se propuseram a tomar a infância como objeto, desde a Pedologia até a moderna Psicologia Infantil, sofreram, de fato, uma grande mudança no foco de suas atenções com o advento da universalização da escola e das

demandas práticas daí decorrentes. A criança passa a ser o aluno, o foco das preocupações do ensino e da aprendizagem, tendo em vista especialmente a aquisição dos conhecimentos já produzidos, num momento em que ainda não se pôs em pauta a aprendizagem como um processo construtivo.

As pesquisas pedagógicas têm tomado como ponto de partida a própria definição da Didática e de seu objeto, traçando uma delimitação que a situa no âmbito das relações de ensino-aprendizagem. Desta delimitação depende o entendimento do que há de geral na Didática e o que se coloca nas didáticas específicas .Esta definição, ao extrapolar os limites do ensino, abre a

possibilidade de relacionarmos o objeto da didática com aquele que vem a ser o objeto da educação infantil, e que caracteriza a educação da criança de 0 a 6 anos em instituições de educação e cuidado.

Para isto, faz-se necessário em primeiro lugar destacar que a creche e a pré-escola se diferenciam essencialmente da escola quanto às funções que assumem num contexto ocidental contemporâneo. Em particular na sociedade brasileira atual, estas funções apresentam, em termos de organização do sistema educacional e da legislação, contornos bem definidos. Enquanto a escola se coloca como o espaço privilegiado para o domínio dos

conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se põem

sobretudo com fins de complementaridade à educação da família. Portanto, enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, através da aula; a creche e a pré-escola têm como objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio

coletivo que tem como sujeito a criança de 0 a 6 anos de idade (ou até o

momento em que entra na escola). A partir desta consideração, conseguimos estabelecer um marco diferenciador destas instituições educativas: escola, creche e pré-escola, a partir da função que lhes é atribuída no contexto social,

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sem estabelecer necessariamente com isto uma diferenciação hierárquica ou qualitativa. Apesar da qualidade da educação não ser aqui diretamente objeto de preocupação, é, no entanto, uma preocupação inicial desta pesquisa.

As peculiaridades da criança nos primeiros anos de vida, antes de ingressar na escola fundamental, enquanto ainda não é "aluno", mas um sujeito – criança em constituição –, exige pensar-se em objetivos que contemplem também as dimensões de cuidado e outras formas de manifestação e inserção social próprias deste momento da vida. Estes objetivos não são antagônicos aos objetivos do ensino fundamental,

principalmente se considerarmos as crianças de 7 a 10 anos alunos das séries inicias. Considero, inclusive, que estes objetivos (e muitos outros definidos para a creche, a pré-escola e o Ensino Fundamental) tenham elos comuns. Ousaria até dizer que uma mesma orientação nesses níveis poderia favorecer o rompimento com parâmetros pedagógicos estabelecidos apenas a partir de uma "infância em situação escolar", incorporando parâmetros resultantes das novas formas de inserção social da criança em instituições educativas tais como a creche e outras modalidades nesta faixa etária. Alguns exemplos destes novos parâmetros seriam, o fortalecimento da relação com a família na gestão e no projeto pedagógico, bem como a ênfase nos âmbitos de formação relacionados à expressão e às artes.

Não é por acaso que prefiro o termo educar no contexto da educação infantil. Este termo parece dar um caráter mais amplo que o

termo ensinar que, em geral, refere-se mais diretamente ao processo ensino-aprendizagem no contexto escolar. Como já disse, o aspecto cognitivo

privilegiado no trabalho com o conteúdo escolar, no caso da Educação Infantil, não deve ganhar uma dimensão maior do que as demais dimensões

envolvidas no processo de constituição do sujeito-criança, nem reduzir a educação ao ensino. De fato, em meu entender, isto deveria valer também para as séries iniciais do Ensino Fundamental, embora seja o "ensino" o seu objetivo precípuo.

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Na educação das crianças menores de 6 anos em creches e pré-escolas, as relações culturais, sociais e familiares têm uma dimensão ainda maior no ato pedagógico. Apesar do compromisso com um "resultado escolar" que a escola prioriza e que, em geral, resulta numa padronização, estão em jogo na Educação Infantil as garantias dos direitos das crianças ao bem-estar, à expressão, ao movimento, à segurança, à brincadeira, à natureza, e também ao conhecimento produzido e a produzir. Se tomar a escola como local

privilegiado para a formação significa partir do "conhecimento do mais sistemático e desenvolvido" para entender "o menos sistemático e desenvolvido" ,fazer o movimento inverso pode revelar características e peculiaridades de outros contextos educativos em processo de constituição. Esta convicção me leva a compreender que cada uma destas instituições (escola e pré-escola) detêm especificidades próprias relacionadas a sua história, organização, finalidade etc., que merecem abordagens específicas.

Apresentando componentes de interesse comum, esses espaços educativos relacionados à educação e à criança, independentemente de sua limitação etária (escolar ou não), necessitam, a meu ver, estabelecer maior diálogo entre si, o que pode inclusive potencializar as influências no sentido inverso do que tem se dado tradicionalmente, ou seja, da educação infantil para a escola, já que o aluno é antes de tudo a criança em suas múltiplas dimensões.

3.0 -O PAPEL DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Para compreender a importância da educação no processo de desenvolvimento da personalidade, comecemos pela discussão do que

significa, para a Teoria Histórico-Cultural, falar sobre este conceito. Perceber a interinfluência entre fatores biológicos e sociais, atribuindo ao desenvolvimento cultural a força de interferir na formação das capacidades especificamente humanas, que denomina funções psíquicas superiores, tem implicações diretas no modo de vislumbrar o trabalho pedagógico. Desta forma

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entendemos que, como professores e professoras, podemos atuar sobre o desenvolvimento infantil organizando espaços e tempos, estabelecendo relações e propondo experiências envolventes e enriquecedoras do repertório cultural das crianças que lhes possibilitem desenvolver atividades com os objetos da cultura e, assim, apropriar-se deles . À medida que a atividade se torna mais complexa, tornam-se mais complexas também as capacidades intelectuais e a personalidade, uma vez que essas se formam na e pela atividade.

Perguntamos aqui: o que isso significa? Quando a criança está

envolvida em fazeres com significado, quando sabe o porquê e o para quê das suas ações e mobiliza-se emocionalmente para alcançar seus objetivos, ela está em atividade e, por isso desenvolve de forma plena as suas capacidades, tomando, paulatina e progressivamente, consciência dos motivos de sua conduta , é "uma nova formação psicológica que se vai conformando em meio às relações vitais do indivíduo, como fruto da transformação da sua atividade." Para o autor, a personalidade configura-se como uma formação integral, cujas qualidades sistêmicas são engendradas pelas relações sociais, nas quais cada indivíduo assume papel de sujeito da atividade. É o que fica evidente em suas palavras: "... a base real da personalidade do homem é o conjunto de suas relações com o mundo, que são sociais por natureza, mas das relações que se realizam, e são realizadas por sua atividade, mais exatamente pelo conjunto de suas diversas atividades".

Neste sentido, quando o adulto permite que a criança participe das decisões sobre como expressar aquilo que aprendeu na visita ao zoológico, por exemplo - por intermédio da elaboração de um painel, ou de uma

dramatização, ou ainda de um fichário contendo as curiosidades sobre os animais lá conhecidos -, cada tarefa adquire sentido e, pelo envolvimento emocional que permite, contribui para o desenvolvimento das diferentes capacidades da criança. Neste sentido, memória, atenção, linguagem oral, escrita ou plástica e autocontrole são algumas das funções psíquicas

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superiores que se fortalecem, interferindo diretamente no desenvolvimento da personalidade.

É importante ressaltar que a personalidade é uma formação complexa do psiquismo humano,que engloba tanto as capacidades cognitivas quanto as emoções, a vontade, os traços de caráter. A personalidade é um sistema constituído por distintas funções psicológicas que, integradas, caracterizam a forma peculiar de cada indivíduo atuar no mundo. É um sistema estável.

Assim, a personalidade desenvolvida caracteriza-se por determinadas reações unívocas aos acontecimentos (relativa unidade de comportamentos, reações do indivíduo ao que acontece no seu entorno) e por valores unitários. Isso significa que ela não é meramente reativa às situações. Uma pessoa com personalidade madura tem consciência de suas possibilidades, dos motivos de sua conduta, e acima de tudo, pode dominar ativamente seu comportamento.

Vigotski, ressalta que o desenvolvimento da personalidade dos indivíduos está condicionado pelo desenvolvimento já alcançado pela

sociedade da qual ele faz parte, uma vez que o psiquismo humano é histórico e social. O autor destaca que é o processo de o sujeito se apropriar da cultura de forma ativa o elemento propulsor do domínio das capacidades próprias à dinâmica social e, também, do domínio da conduta, atribuindo ao processo educativo uma importância fundamental: a ampliação do capital cultural, efetivada na escola, sofistica as formas de compreensão dos sujeitos sobre a sociedade e sobre si mesmos, possibilitando a transformação qualitativa da sua consciência e, com ela, de suas formas de atuação e da personalidade.

Se este é um processo complexo que se estende por um longo período na ontogênese, tê-lo como objetivo desde a primeiríssima infância é o modo pelo qual professores e professoras podem contribuir para o enriquecimento das vivências das crianças. Segundo Vigotski, as vivências representam a unidade entre os elementos do meio cultural e as particularidades da

personalidade e determinam a forma como cada criança se relaciona com o seu entorno em cada momento de seu desenvolvimento .Propor experiências que ampliem as referências culturais das crianças por meio de atividades

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envolventes que as tenham como sujeitos significa construir um currículo que interfere intencionalmente no desenvolvimento das diferentes funções

psíquicas infantis, das emoções e da personalidade .

4.0-O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE NA INFÂNCIA

Ao nascer, a criança é imediatamente inserida nas relações sociais: todas as suas necessidades são atendidas pelo adulto, que se torna o centro das atenções do bebê. O carinho, a atenção e a fala constante com a criança criam nela uma necessidade socialmente mediada: a necessidade de novas impressões, isto é, a necessidade de ver mais, ouvir mais, tocar mais e ser mais tocada. É importante lembrar que, no bebê, os aparatos visuais e

auditivos não estão ainda completamente desenvolvidos. É o enriquecimento das impressões visuais e auditivas que contribui para que a evolução orgânica dos sentidos aconteça de forma satisfatória. Por isso, quanto mais ricas forem as vivências da criança com o adulto - que se torna o mediador dos primeiros contatos sensoriais do bebê com o mundo à sua volta -, mais positivo será o desenvolvimento físico e emocional nesse primeiro período de vida.

A formação psicológica central do primeiro ano de vida é a percepção. Ela permite a apropriação sensorial do mundo em um processo comunicativo-emocional direto com o adulto. O que isso significa? Para isso ele usa outras linguagens, como o choro, o sorriso, os movimentos de lançar os braços e o corpo na direção do adulto e dos objetos que deseja, fechar as mãozinhas como se quisesse pegar algo que não alcança, etc. É importante perceber que todos esses comportamentos do bebê estão matizados afetivamente, ou seja, eles acontecem porque as pessoas que estão no entorno dele e os objetos que lhe apresentam despertam emoções, como a alegria de alcançá-los ou o prazer do contato físico com o adulto, criando a necessidade de novas

impressões.

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mediadas afetivamente que sofisticam a percepção e promovem o desenvolvimento funcional do cérebro através do enriquecimento das

impressões sobre o mundo e as pessoas e da possibilidade de o bebê realizar as suas primeiras formas de generalização: as generalizações sensoriais. Basta recordar a unidade sensório-motora que caracteriza o primeiro ano de vida. A percepção acontece à medida que o bebê atua sobre os objetos à sua volta, em interação constante com o adulto. Cabe lembrar que é justamente essa interação o motivador principal do desenvolvimento intelectual e afetivo do bebê.

No momento da manipulação dos objetos a memória se torna, a princípio, a função que se desenvolve como linha principal, subordinando as demais formações psíquicas. A criança bem pequenininha deixa de submeter-se completamente aos estímulos presubmeter-sentes em submeter-seu campo perceptivo. Se até pouco tempo atrás o adulto podia distraí-la, colocando à sua frente diferentes objetos por si mesmos atrativos, agora, com a evolução da memória, a criança demonstra já a sua condição de sujeito. Assim, quanto mais o professor

conversar com os bebês sobre os objetos que manipula e reconhece - que devem ser variados e atrativos -, mais estará contribuindo para incrementar o seu pensamento.

Nesse período, a percepção da criança torna-se cada vez mais semântica, isto é, ela já é capaz de compreender o mundo à sua volta de modo mais integrado. A criança pequenininha passa a perceber-se como sujeito das ações que realiza, e esse é um progresso central para o desenvolvimento de sua personalidade. Desse modo, ainda que o adulto continue sendo o motivador central do comportamento da criança, nesse momento ele passa a uma nova posição: a de companheiro nas ações

empreendidas sobre os objetos sociais. A criança manipula-os, apropriando-se de suas características físicas e, simultaneamente, percebendo as suas

próprias possibilidades como sujeito que realiza ações com esses objetos. Por isso é tão comum ela repetir inúmeras vezes as mesmas ações: abrir e fechar a porta; jogar e recuperar um objeto do chão; empurrar e puxar... Ela está

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envolvida em um complexo processo de percepção das coisas e de

autopercepção, mediado pela presença do adulto - primeiro como colaborador, depois, como modelo de ações. É importante considerar que nesse momento a criança imita as ações do adulto em si mesmas. Por isso ela nina sua boneca, mas não deixa de considerá-la como boneca, enquanto para uma criança maior, envolvida no faz-de-conta, a boneca seria, dentro de uma situação imaginária, a filha, e ela, a mãe. Podemos dizer que a criança imita externamente as ações do adulto, sem se colocar no lugar dele.

Ainda antes dos três anos consolida-se uma primeira forma de

autoconsciência na criança: a afetiva. Embora ela não saiba conscientemente que é alguém diferente do adulto e ainda que não se perceba como pessoa e não tenha desenvolvido plenamente a sua identidade, a criança já tem

vontades próprias que, muitas vezes, contradizem a vontade do adulto, o que dá mostras de que sua personalidade está em vias de passar por uma

completa transformação.

Assim, a linguagem oral possibilita que a criança faça generalizações mais complexas e pense em objetos e relações que não estão presentes em seu campo perceptivo. Esse enriquecimento desvela a consolidação de uma nova forma de pensamento: o pensamento verbal. Por isso é fundamental conversar com a criança. Estar atento ao que ela fala e dialogar com ela sobre os fatos e os objetos são atitudes que mobilizam o desenvolvimento cada vez mais amplo da linguagem e do pensamentos, nos ajuda a refletir sobre uma questão essencial à compreensão do desenvolvimento da personalidade da criança: em cada momento da vida e de acordo com as possibilidades já alcançadas em seu desenvolvimento, a criança é capaz de compreender os fatos e situações à sua volta e de se relacionar emocional e cognitivamente com eles de maneira completamente nova. Assim, o desenvolvimento do pensamento verbal assume importância fundamental na formação da

personalidade. O autor afirma que nossas memórias mais antigas em relação à primeira infância têm origem a partir do momento em que linguagem e

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único processo, mediado pelos significados das palavras - que passam a ser o substrato tanto da forma como pensamos o mundo quanto da forma como expressamos nossa compreensão .

Nesse sentido, se antes a criança pequenininha tinha uma

compreensão dos fatos, das pessoas e das relações que se limitava àquilo que era imediatamente visto e presenciado, sem terem se estabelecido relações mais complexas, agora, com o pensamento verbal, ela pode fazer novas e mais sofisticadas relações, por intermédio das palavras, que

representam os objetos, os fatos, as pessoas .Isso permite que pouco a pouco a criança vá se desvencilhando do efeito coercitivo que os objetos exerciam sobre ela e passe a atuar de acordo com planos e motivos que se expressam por intermédio da linguagem oral, que representa a forma verbal do

pensamento. Ela se torna capaz de pensar, e também de se emocionar e de motivar seu comportamento por palavras, o que representa uma sofisticação intensa de suas possibilidades de se relacionar e de compreender o mundo à sua volta.

Por volta dos três anos de idade inicia-se um novo momento no desenvolvimento da personalidade infantil, que vai se estender até os seis anos aproximadamente: o momento dos jogos e atividades lúdicas .

Nesse período a criança passa por uma completa transformação em sua personalidade, sendo marcada por uma nova formação central: a

descoberta de si mesma como sujeito, a formação da própria identidade, do "sistema eu". Se até algum tempo atrás a criança não tinha consciência de ser uma pessoa independente do adulto, agora essa mudança acontece. Ela passa a referir-se a si mesma por intermédio do pronome "eu" e a buscar marcar a sua possibilidade de realizar atividades sem a ajuda daqueles que cuidam dela. Quer vestir-se, banhar-se e comer sozinha; indispõe-se com o adulto que pretenda controlar suas ações. Neste contexto, se não é possível deixar que a criança resolva tudo por si mesma, o adulto pode apresentar opções para que ela faça escolhas. O importante é que ela assuma uma nova posição nas relações, que não seja mais tratada como um bebê e que

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exercite, na medida do possível, a sua autonomia. Assim, se as condições de vida e de educação incentivaram a sua condição de sujeito em

desenvolvimento, com voz e vez, esta autonomia resulta das vivências anteriores da criança, nas quais ela foi desenvolvendo a fala, o andar, a memória, as percepções em geral e a percepção de si mesma. Cabe recordar que sua relação com o entorno mudou proporcionalmente ao desenvolvimento de suas capacidades.

. O desejo de realizar as mesmas atividades que realiza o adulto e a impossibilidade de fazê-lo, aliados ao desenvolvimento até aqui alcançado, condicionam o aparecimento do faz-de-conta. Como se caracteriza nesse momento o seu desenvolvimento? Podemos dizer que, com a organização adequada da vida da criança e com as experiências vividas nos três primeiros anos de vida a criança terá formado ou estará em vias de formar: a percepção semântica do mundo, que permite que ela compreenda a realidade de maneira integrada; a memória desenvolvida; o pensamento verbalizado; a linguagem intelectualizada; a atenção cada vez mais concentrada, que a libera das reações a todo e qualquer estímulo presente em seu campo perceptivo; a possibilidade de realizar ações com objetivos indiretos; a representação simbólica, que permite o uso de objetos substitutivos para representar objetos reais; a consciência, primeiro afetiva e cada vez mais racional de si como pessoa que, além de realizar ações, também participa de relações como um "eu social" .

Disso decorre a importância essencial do adulto no enriquecimento das experiências infantis. Quando o adulto lê histórias diariamente, quando

incentiva a observação dos papéis sociais presentes no entorno, quando enriquece as vivências infantis com conhecimentos sobre o mundo e as

pessoas, a possibilidade de brincar de faz-de-conta torna-se muito mais ampla e desenvolvente.

Por outro lado, algo precisa ser lembrado: embora tenham importância essencial, os jogos de papéis não são os únicos responsáveis pelo

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Educação Infantil. O seu envolvimento em outras atividades, que desenvolvam a sua capacidade expressiva e o seu conhecimento do mundo, das pessoas e dos objetos sociais tem um papel fundamental. O desenho, a oralidade, o movimento que promove a consciência corporal, a pintura, a modelagem, os conhecimentos matemáticos, a música, a escrita e a leitura também assumem grande importância na formação das capacidades intelectuais, práticas e artísticas e no desenvolvimento da personalidade. Disso decorre a

necessidade de que a criança esteja envolvida em atividades diversificadas e significativas, que instiguem a sua curiosidade e a afetem positivamente e, nesse sentido, mobilizem-na para se apropriar dos objetos culturais,

desenvolvendo suas funções psíquicas superiores. Neste contexto, o trabalho do professor enquanto pessoa que, ao propor situações que possibilitem a ampliação das necessidades de conhecer e de se expressar das crianças, diversifiquem e enriqueçam as suas atividades, torna-se essencial para o desenvolvimento da personalidade infantil .

5.0 -O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS ENTRE O CUIDAR E EDUCAR

A fase da educação infantil é um mundo de descobertas. Muito rica em desenvolvimento e construção de conhecimentos. A aprendizagem é a

essência de cada descoberta nova adquirida pela criança. Entretanto, o professor possui um desafio entre conciliar o cuidar e o educar com seus alunos. Tarefa difícil nos dias atuais em que, na maioria das vezes precisa estabelecer claramente o planejamento da sua atividade e estar atento a cada movimento expressivo dos seus alunos.

Um professor de qualidade respeita as necessidades de cada criança, quando ouvidas, interpretadas e respeitadas as tomadas de decisões

procedimentais são feitas com sucesso .Ensinar a criança conhecer, a cuidar de si, a explorar o ambiente é uma forma de educar. Mostrar para as crianças as transformações que ocorrem no mundo, é colaborar com o ensino e

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aprendizado, uma ferramenta fácil, principalmente quando usado os fatos vivenciados no dia a dia. Estabelecer uma rotina é fundamental para uma prática pedagógica organizada sendo um diferencial na sua atuação. Diante dessa necessidade de observar a realidade e envolver seus alunos requer muito mais do que recursos didáticos, requer sabedoria para observar e empatia para conduzir esse processo.

Portanto, podemos observar que claramente, quando o professor

desenvolve afetividade para com as crianças, tudo se torna mais fácil. Tanto a aprendizagem, quanto a disciplina, relacionamento melhoram se o professor tiver um bom vínculo afetivo com a turma, os alunos precisam e necessitam de limites, mas com uma relação de conversa, de acordos pré-estabelecidos entre os alunos, dispondo de regras que sejam boas para ambos os lados, professor e aluno.

Além de ser professor, o mesmo precisa estar preparado para enfrentar os desafios, eis a questão de como se preparar. A formação

continuada deve estar também em um plano atual, pois o mesmo precisa estar preparado para o compromisso e da sua responsabilidade social, política e educativa no contexto escolar. E, para tanto explorar o máximo todos os recursos disponíveis com significado, cuidado e com prazer, além de saber dividir o labor da ação educativa, na prática pedagógica tão desafiante e mutante a cada momento do processo de desenvolvimento humano e tecnológico.

6.0-CONCLUSÃO

Ao longo do estudo apresentado, analisando toda a caminhada histórica

pela educação, o ensino infantil tornou-se importante e essencial para a educação, garantindo assim seu espaço em torno de uma sociedade crítica, que antes

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julgava as crianças e o espaço onde se encontravam como centro de

assistencialismo, hoje são reconhecidas como instituições de acordo com as leis estabelecidas como parte da educação básica, um importante avanço para a educação mundial. A infância é considerada a primeira etapa da vida de um indivíduo que assim que nasce, está no meio familiar, social, sendo esta fase destacada pela sua essência, iniciando suas descobertas por meio da observação, dos sinais, gestos, dos movimentos sonoros, manuseio de pequenos objetos, até atingir o nível do brincar, desenvolvendo assim sua formação infantil de forma integral.

Em relação a dimensão pedagógica na qual a educação infantil está inserida, podemos destacar que a mesma é o alicerce, sendo primordial para a

aprendizagem das crianças, desde aquelas bem pequenas. É nesse meio que ocorre a socialização, o desenvolvimento das mais variadas habilidades, melhorando o desempenho escolar no futuro, promovendo ações éticas, de cidadania, por meio do lúdico em torno de laços afetivos, propiciando à criança resultados efetivos para toda a sua vida. Assim, nota-se que a criança precisa e necessita ser trabalhada, estimulada para entrar na fase adulta lentamente, sendo introduzida socialmente, para adquirir conhecimento, desenvolvendo sua

linguagem, por meio do brincar e da interação com as outras crianças. Sabemos que é dever dos pais orientar seus filhos, mas na maioria das vezes o professor tem o papel de cuidar e educar ao mesmo tempo. Hoje, a educação infantil não pode ser mais vista como um lugar onde são somente realizados os cuidados básicos de higiene e alimentação e sim, onde educar e cuidar estejam engajados e mais ainda, onde relações afetivas sejam criadas. Dessa forma, a educação infantil prioriza e preserva a importância a educação de base, de modo que a legislação deve tratar a educação infantil como uma prioridade na educação de um país. Considerando que a educação infantil é a base do ensino da educação básica, é necessário que a mesma seja bem organizada, dessa forma apostando nela, citações bibliográficas são apresentadas e reflexões acerca da prática pedagógica que iremos traçar, com um novo caminho para uma educação de qualidade e valorizada pela sociedade. A educação infantil, além de receber os

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alunos para cuidar e educar, deve ter qualidade e, sobretudo responsabilidade sobre as crianças em fase de desenvolvimento no tempo em que se encontra no espaço escolar. É preciso ter o dom para ensinar com amor, carinho e dedicação. Nessa era tecnológica que nos encontramos, enfrentamos o novo desafio de cuidar, brincar, educar e ser contemporâneo na utilização dos novos recursos advindos a cada instante. Como profissionais da educação, precisamos estar em constante formação, buscando novas aprendizagens, criando novas estruturas de ensino, proporcionando um espaço de aconchego, segurança e propicio ao

conhecimento que será transmitido as nossas crianças.

7.0- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, I. G. Pré-escola e formação de conceitos: uma versão sócio-histórico-dialética. 1997. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo.

BARBOSA, M. C.; HORN, M. G. S. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.

FREITAS, L. C. de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da

didática. Campinas: Papirus, 2000.

LEONTIEV, A. N. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In: VYGOTSKY, L. S. et. al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone/Ed. da Universidade de São Paulo, 1988. p. 59-83.

Referências

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