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Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP

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Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016

IMPACTO NOS ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DEVIDO AS OBRAS DO PAC

FELIPE M. DE SOUSA1, PROF.º DR.º JOSÉ FRANCISCO BUDA2

1

Graduando em Engenharia Civil, Bolsista PIBIFSP, IFSP, Campus São Paulo, femosousa@hotmail.com,

2 Doutor em Engenharia Civil, Orientador, IFSP, Campus São Paulo, jfbuda@uol.com.br;

Área de conhecimento (Tabela CNPq): Higiene e Segurança do Trabalho – 3.08.01.03-6

Apresentado no

7° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP 29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil

RESUMO: O presente trabalho acadêmico tem como objetivo investigar e estudar os possíveis

impactos gerados pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no atual cenário dos acidentes de trabalho da construção civil e seus devidos indicadores segurança neste ambiente. Para tal, foi realizada uma ampla coleta de dados de diversas fontes, tais como a Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) e a Força Sindical da Região Norte. A partir da análise de tais dados e uma posterior filtragem do que era mais relevante, foram tiradas conclusões empíricas e lógicas, que permitiram constatar a existência ou não da relação entre o atual cenário da segurança na construção civil e o programa do governo citado acima.

PALAVRAS-CHAVE: segurança no trabalho; pac; construção civil; impacto;

IMPACT ON THE WORK ACCIDENTS OF THE CIVIL CONSTRUCTION DUE TO PAC BUILDING SITES

ABSTRACT: This academic work aims to investigate and study the possible impacts caused by the

works of the Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) in the current scenario of the construction work accidents and their safety indicators due this environment. For this , it performed a wide collection of data from various sources , such as Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) and Força Sindical da Região Norte. From the analysis of this data and the further filtration which was more relevant, empirical and logical conclusions were drawn, which have recognized the existence or not of the relationship between the current security scenario in the construction industry and the government program mentioned above.

KEYWORDS: safety at work; pac; civil construction; impact;

INTRODUÇÃO

Desde o fim da década de 1990, foi apontada uma queda no número de acidentes decorrentes da construção civil, devido à novas normas de segurança, leis e cuidados referentes à isso; porém, de acordo com o Serviço Social da Indústria (SESI, 2010), este mesmo número voltou à crescer a partir dos anos 2006/07. Neste mesmo período, iniciou-se a implementação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nos estados brasileiros, exigindo assim uma maior mão-de-obra para o setor da Construção e novos processos de gerenciamento para vencer prazos impostos pelos projetos. Segundo dados do Fundacentro, alguns dos estados que tiveram maior crescimento no número de incidência de acidentes, foram os que receberam grandes obras de infraestrutura do PAC, tais como

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Roraima (Usina Hidrelétrica de Jirau), Pará (Usina Hidrelétrica de Belo Monte), Maranhão (Refinaria Premium 1), dentre outros.

É possível que o PAC esteja diretamente relacionado à este crescimento no número de acidentes. Os vários relatos, notícias e reportagens mostram que há uma deficiência na fiscalização das obras do programa, deixando a segurança dos trabalhadores desfalcada. Diversos fatores, como cronogramas apertados, cortes de custos, terceirização de canteiros, entre outros, fazem com que os trabalhadores destas obras sofram com uma grande insalubridade.

Mesmo assim, neste período onde foram iniciadas as obras do PAC, também houve o início de um grande desenvolvimento urbano, transformando o Brasil em um grande canteiro de obras, tanto públicas quanto privadas, todas sujeitas à chance de haver falta de segurança. O principal questionamento é o quanto o Programa influenciou nestes dados e no cenário da segurança do trabalho.

MATERIAL E MÉTODOS

Devido à escassez de artigos acadêmicos e outros estudos referentes especificamente ao tema estudado neste trabalho, foram revisados textos apresentados em diversas fontes, tais como periódicos, notícias, reportagens e artigos que abrangem um tema relacionado direta ou indiretamente ao tema deste trabalho;

A reportagem “Um plano de obras chamado PAC” (REVISTA CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO, 2007) tem como foco apresentar os benefícios do PAC para a construção civil, além de apontar o setor como um dos principais contribuintes para o PIB nacional. Durante esta abordagem é identificada a questão da desqualificação da mão de obra da construção civil. São apontados fatos, tais como o de que 13% da mão-de-obra brasileira está concentrada no setor da construção, e uma enorme parte destes não possui qualificação. A partir disso, é abordada a questão da dificuldade de um rápido desenvolvimento do setor, sem uma prévia qualificação desta mão-de-obra, algo previsto nos projetos do PAC, porém ainda não executado na data da reportagem;

No artigo acadêmico “Principais Causas de Acidentes de Trabalho Ocorridos na Construção Civil” (CALDEIRA; PIMENTA, 2014), é feito um estudo das causas de acidentes em obras, com foco no estudo de caso realizado em Maringá-PR. São relatados durante o texto diversos fatores que fomentam o descaso com trabalhador deste setor; dentre eles, é citado a falta de seleção e negligência durante as contratações, principalmente em regiões menos urbanizadas e com menos fiscalização. São colhidos também relatos de colaboradores de algumas obras, que apontam a ausência da preocupação de algumas empreiteiras frente à segurança, saúde e higiene do trabalhador;

No artigo “Acidentes de Trabalho na Construção Civil Identificados Através de Prontuários Hospitalares” (REVISTA ESCOLA DE MINAS, 2005) é feito um estudo sobre os acidentes ocorridos na construção civil, a partir da coleta de dados oriundos de prontuários médicos do Hospital Universitário de Ribeirão Preto. A partir desses dados, foram inferidas questões que dizem respeito ao descaso com o trabalhador, a ausência de conhecimento de direitos trabalhistas e a falta de informações sobre os acidentes. É apontado que muitos dos prontuários feitos durante atendimento de um acidente de trabalho da construção, não apresentam dados suficientes para saber como aconteceu tal acidente, já que o paciente muitas vezes não os fornece na expectativa de posteriormente não ser alvo da empresa para o qual prestava serviços;

Na tese de doutorado em Planejamento Urbano e Regional “A dimensão territorial do Programa de Aceleração do Crescimento: um estudo sobre o PAC no Estado do Pará e o lugar que ele reserva à Amazônia no desenvolvimento do país” (LEITÃO, 2009) a autora mostra os diversos impactos do PAC na região norte, em especial no estado do Pará e na Amazônia. Ela destaca diversos aspectos, desde sociais até ambientais; uma das facetas desse estudo é sobre o impacto na organização das cidades que receberam obras do PAC, principalmente na infraestrutura da cidade, que precisou receber alterações em diversas áreas como saúde, segurança, saneamento básico, entre outros. Ao abordar essa parte do tema, a autora cita o recrutamento de mão-de-obra nas cidades próximas às obras, e como isso afeta o desenvolvimento do local e canteiro de obras;

Na notícia “TST: mais acidentes com obras do PAC” (DIÁRIO DO COMÉRCIO, 2011) são apresentados dados e relatos que afirmam um crescimento na negligência com trabalhadores da construção civil e no número de acidentes de trabalho, e relacionam esse fato com o surgimento de

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inúmeras obras do PAC. Apesar de anos atrás os índices de acidentes no Brasil terem sofrido uma queda, atualmente eles voltaram a crescer, no mesmo período em que foi lançado o PAC 1 (Primeiro pacote do programa, em 2006/07). Segundo dados, o número de acidentes de trabalho na construção civil passou de 393 mil em 2002 para 755 mil em 2009, quase um crescimento de 100%. Isso ocorre principalmente devido à extensa transferência de responsabilidades; ocorre com frequência o que é chamado de “terceirização de canteiro”, que ocorre quando a empreiteira ou consórcio responsável pela obra, a qual ganhou a licitação, contrata uma outra empresa para realizar o trabalho de execução e fiscalização do canteiro, e na intenção de cortar gastos com despesas trabalhistas, ocorre a negligência com a segurança no ambiente da construção, que acaba sendo ignorada devido à ausência de fiscalização, principalmente em locais mais afastados das regiões urbanas. Também é relatado que desde 2000, o Brasil não envia dados sobre acidentes de trabalho para a OTI (Organização Internacional do Trabalho), algo que demonstra o descaso com o trabalhador.

A notícia “Obras do PAC: governo e MTE sofrem críticas por falta de Fiscalização do Trabalho” (SINAIT, 2011) aponta o fato de diversos órgãos do governos estarem sendo procurados e criticados devido às negligências em algumas obras do PAC, em especial nas obras das hidrelétricas de Jirau e Belo Monte. Nestas obras ocorreram um número enorme de acidentes, muitos deles fatais, e muitos alegam que a fiscalização é inexistente. Isso ocorre em geral devido à deficiência de Auditores Fiscais especializados em Segurança no Trabalho na Construção Civil e ao fato de terem surgidos centenas de grandes obras pelo país, apesar de isso ser positivo em pontos econômicos e sociais, acaba sendo extremamente prejudicial para a segurança. O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) recebeu inclusive pedidos para que algumas obras do PAC fosse interditadas ou embargadas, porém negou os pedidos, alegando que a Secretária de Inspeção do Trabalho (SIT) por meio Grupo Nacional de Fiscalização de Grandes Obras e das equipes de Auditores Fiscais do Trabalho nas Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego – SRTEs, tem capacidade para fiscalizar todas as obras e manter o cenário da segurança nessas grandes obras, estável.

Na notícia “41 operários mortos e 10 desaparecidos, somente nas obras das usinas de Jirau e Santo Antônio e do linhão de transmissão.” (LIGA OPERÁRIA, 2014) são mostrados e criticados mais de 40 acidentes que resultaram em morte, ocorridos em duas das principais obras do PAC. Todas estes acidentes tiveram pelo menos algum indicio de falta de segurança, negligência e descaso com a saúde dos operários. Nesta lista é possível encontrar desde acidentes causados por cansaço, falta de equipamentos de proteção, falta de primeiros-socorros ou cuidados médicos até acidentes causados por confrontos entre operários em greve e a polícia. Independente do fato que originou cada acidente, fica claro que em grande parte dessas obras os operários são tratados como se fossem descartáveis, sem cuidado por suas vidas;

CONCLUSÕES

A partir da análise de todos os dados, é possível perceber que o crescimento no número de acidentes possui diversas variáveis, tais como quantidade de obras, quantidade de trabalhadores no setor da construção civil, frequência e qualidade da fiscalização de grandes obras, treinamento e capacitação da mão-de-obra, garantia de condições de segurança, tais como fornecimento de equipamentos e cuidados básicos, entre outros diversos fatores que podem e vão interferir nos indicadores de segurança do trabalho na construção civil e no número de acidentes na mesma. Além de tudo isto estar diretamente ou indiretamente relacionado aos acontecimentos que ocorrem durante o período de tempo em questão.

Apesar de as obras do PAC terem uma grande influência sobre todos esses fatores, não é o único “acontecimento” determinante para os indicadores de segurança e os dados sobre acidentes. Durante o período em que o PAC foi iniciado, também houve um crescimento no setor da construção, uma rápida urbanização de várias cidades e a legislação, normatização e vistoria de segurança no trabalho no ambiente da construção, não acompanharam o ritmo. Segundo o TST, o número de trabalhadores no setor da construção civil dobrou entre os anos de 2002 e 2009, o que demonstra que não foram apenas as obras do PAC que foram iniciadas, mas sim diversas outras; obras que também estão à mercê de acidentes e negligências de segurança.

Outro ponto que merece atenção é o cenário das sucessivas terceirizações que ocorrem durante o desenvolvimento da obra. Muitas vezes, os grandes consórcios responsáveis pelas obras, terceirizam cada “macro setor” da obra, e essas construtoras responsáveis por esses setores, terceirizam por sua

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vez grande parte dos serviços, fazendo com que em um canteiro de uma obra de grande magnitude (como as obras do PAC) sejam encontradas operários trabalhando para centenas de diferentes empresas, e cada uma delas é responsável técnico pelo serviço executado (tanto segundo o Código Civil Brasileiro, quanto segundo o Código de Ética do CREA), consequentemente, responsável pela saúde e segurança de seu operário, o que faz com que os consórcios se ausentem da culpa pelos acidentes, e as pequenas empresas por sua vez, trabalhem fora de sincronia uma com as outras, tornando a organização dos aspectos de segurança e a fiscalização dos mesmos, quase impossível.

A soma de todos esses aspectos que rodeiam o PAC na questão da segurança e saúde do trabalhador ou até mesmo em questão de condições dignas e humanas de trabalho, demonstram que o programa que deveria servir para o crescimento, na verdade vem sendo um dos responsáveis pelo retrocesso nas questões trabalhistas brasileiras.

REFERÊNCIAS

BENITE, A. G. Sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho para empresas construtoras. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade de São Paulo, Escola Politécnica, São Paulo, 2004. ;

CALDEIRAS, K. V. L.; PIMENTA, C. P., Principais Causas De Acidentes De Trabalho Ocorridos Na Construção Civil: em estudo realizado em obras de Maringá-PR, Maringá, 2014, 25 p.;

DIÁRIO DO COMÉRCIO. TST: Mais Acidentes com Obras do PAC. Disponível em: < http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=tst_mais_acidentes_com_obras_do_pac&id= 42250 >. Acesso em: 28 de mai. 2016;

DIAS, E. C. Um plano de obras chamado PAC, Revista Conjuntura da Construção, São Paulo, v.5, n.1, p.4-7, mar. 2007;

FUNDACENTRO, Segurança e Saúde Na Indústria Da Construção No Brasil: diagnóstico e recomendações para a prevenção dos acidentes de trabalho, Brasília, 2013, 60 p., Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/arquivos/projetos/estatistica/construcao-civil.pdf>, Acesso em: 30 de mai.2016;

LEITÃO, K. O., A dimensão territorial do Programa de Aceleração do Crescimento: um estudo sobre o PAC no Estado do Pará e o lugar que ele reserva à Amazônia no desenvolvimento do país. 2009. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) - Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo, University of São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-04032010-140034/>. Acesso em: 20 de mai. 2016;

LIGA OPERÁRIA. 41 operários mortos e 10 desaparecidos, somente nas obras das usinas de Jirau

e Santo Antônio e da linhão de transmissão. Disponível em:

<http://www.ligaoperaria.org.br/1/?p=7473>. Acesso em: 07 de out. 2016;

PORTAL BRASILEIRO DE DADOS ABERTOS. Obras do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento. Disponível em: <http://dados.gov.br/dataset/obras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimento>. Acesso em: 21 de mai. 2016

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA (SESI). Boletim Estatístico. Panorama em Segurança e Saúde do Trabalho (SST) na indústria: Brasil e Unidades da Federação 2007. Brasília, abr.2010; SILVEIRA, C. A. et al. Acidentes de Trabalho na Construção Civil Identificados Através de Prontuários Hospitalares, REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, v.58, n.1, p.39-44, jan./mar. 2005;

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SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO. Obras do PAC: governo e MTE sofrem críticas por falta de Fiscalização do Trabalho. Disponível em: < https://www.sinait.org.br/site/noticiaView/2974/obras-do-pac-governo-e-mte-sofrem-criticas-por-falta-de-fiscalizacao-do-trabalho>. Acesso em: 28 de mai. 2016;

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