• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO"

Copied!
99
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO

RENATA MARINHO FERNANDES

TEORIA DE MÉDIO ALCANCE PARA O DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ESTILO DE VIDA SEDENTÁRIO EM ADOLESCENTES E ADULTOS JOVENS

NATAL-RN 2021

(2)

RENATA MARINHO FERNANDES

TEORIA DE MÉDIO ALCANCE PARA O DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ESTILO DE VIDA SEDENTÁRIO EM ADOLESCENTES E ADULTOS JOVENS

Dissertação de mestrado apresentada à banca examinadora como requisito para a obtenção do título de mestre em enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Área de Concentração: Enfermagem na atenção à saúde.

Linha de Pesquisa: Desenvolvimento tecnológico em saúde e enfermagem.

Orientadora: Professora Dra. Ana Luisa Brandão de Carvalho Lira.

NATAL-RN 2021

(3)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Bertha Cruz Enders - -Escola de Saúde da UFRN - ESUFRN

Fernandes, Renata Marinho.

Teoria de Médio Alcance para o diagnóstico de enfermagem estilo de vida sedentário em adolescentes e adultos jovens / Renata Marinho Fernandes. - 2021.

99f.: il.

Dissertação (Mestrado em Enfermagem)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Natal, RN, 2021.

Orientadora: Ana Luisa Brandão de Carvalho Lira.

1. Teoria de Enfermagem - Dissertação. 2. Comportamento sedentário - Dissertação. 3. Jovens e adultos - Dissertação. I. Lira, Professora Dra. Ana Luisa Brandão de Carvalho. II. Título. RN/UF/BS-Escola de Saúde CDU 616-083-053.6/.8

(4)

RENATA MARINHO FERNADES

TEORIA DE MÉDIO ALCANCE PARA O DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ESTILO DE VIDA SEDENTÁRIO EM ADOLESCENTES E ADULTOS JOVENS

Dissertação de mestrado apresentada à banca examinadora como requisito para a obtenção do título de mestre em enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Aprovada em 26 de fevereiro de 2021.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________ Profa. Dra. Ana Luisa Brandão de Carvalho Lira – Presidente

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

___________________________________________________________________________ Profa. Dra. Alexsandra Rodrigues Feijão – Examinador interna

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

___________________________________________________________________________ Profa. Caroline Evelin Nascimento Kluczynik Vieira – Examinadora externa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

___________________________________________________________________________ Profa. Dra. Cecília Maria Farias de Queiroz Frazão – Examinadora externa

(5)

Este estudo contou com o fomento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de bolsa de estudos, no período de março de 2019 a fevereiro de 2021.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e pelas oportunidades que trilharam o meu caminho até aqui. Á minha família, pelo apoio nas minhas decisões e por nunca terem me deixaram desistir. Agradeço a minha irmã Regina, por está sempre ao meu lado, por acreditar nas minhas causas, por ter cuidado de mim e por ter me dado o maior presente que eu poderia ganhar, meu raio de sol, meu sobrinho Arthur. Que ele possa um dia sentir orgulho da tia, que carrega consigo um amor imenso por ele. Obrigada a Amanda, pelo carinho e incentivos recebidos durante esse percurso.

Agradeço aos meus irmãos Rildan e Marinaldo, pelo suporte que sempre me proporcionaram. Só tenho a agradecer por ter vocês na minha vida.

Agradeço aos meus pais, Francisca e Reginaldo, que apesar de não terem tido a oportunidade, sempre acreditaram no poder de transformação da educação e da cultura. Obrigada pela educação e por ter sido minha fortaleza durante toda a minha acadêmica. Obrigada por todo cuidado e preocupação, amo vocês infinitamente.

Meu muito obrigado a minha orientadora, professora Ana Luísa. Obrigada por todo o suporte, por todos os ensinamentos, por me enxergar, por ter cuidado de mim durante todos esses anos. Eu não estaria aqui sem sua ajuda, a senhora é minha inspiração de professora, de enfermeira, de mãe e de ser humano.

Ao meu amado grupo de pesquisa PAESE. Aprendo a cada dia com vocês, tenho muito orgulho de ser uma ANETE. Agradeço a cada membro do grupo, em especial, a Fernanda e Ricaelly, pela ajuda na construção desta pesquisa.

À banca examinadora, por terem aceitado com prontidão ao meu convite. As considerações das senhoras foram de grande valia para a elaboração neste trabalho.

Sou extremamente grata a todos os meus amigos, que estiveram ao meu lado durante meus piores momentos. Obrigada pelo carinho, pela atenção, pela torcida, eu não estaria aqui sem vocês. Aos meus amigos de uma década Gabriel e Caio que mesmo distantes, sempre torcem e vibram por cada vitória por mim alcançada.

Obrigada a minha pessoa, minha companheira de vida, Sara Sayonara, você é minha luz. Se eu contasse a aquelas adolescentes de 14 e 15 anos todo o caminho que iriamos percorrer juntas, acho que elas não acreditariam. Do ensino médio, para a graduação com departamentos vizinhos, e enfim o mestrado. Nós duas, nos melhores e piores momentos. A felicidade pela realização deste trabalho é sentida pelas duas. Que venham as próximas etapas da vida, iremos passar por elas juntas como sempre foi.

(7)

Obrigada aos meus amigos enfermeiros, meus amigos de graduação. Nossa trajetória é única, obrigada por todos os momentos de diversão, por todos os memes compartilhados, pelo apoio nas minhas escolhas. Vocês me orgulham e me inspiram.

Obrigada ao Departamento de Enfermagem e ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PGENF-UFRN) por ter sido minha segunda casa nesses sete anos e por ter me proporcionando tantas coisas boas. Sou grata aos meus colegas de curso de mestrado pelo companheirismo, foram muitos textos lidos e ensinamentos adquiridos nesses dois anos, desejo todo o sucesso para vocês. Em especial, para os meus amigos Ana Carolina, Bruno, Jessica, Isabelle, Renato e Valéria, vocês foram peças fundamentais na minha jornada. Obrigada pelas risadas, pelas lagrimas, pela força, pelas aventuras, pelas viagens e comidas compartilhadas. Nossa conexão é única (PE, PB, RN, MA, CE), não é sempre que acontece, eu não conseguiria sem vocês.

Agradeço aos meus alunos na docência assistida e orientandos de pesquisas, que hoje se tornaram amigos que quero levar comigo sempre. Vocês são a certeza das minhas escolhas, do quão importante e necessária é a educação. Eu nunca irei desistir de lutar por ela. Em especial a minhas pupilas Duda e Larissa pelo apoio na finalização deste estudo, vocês serão enfermeiras excepcionais.

E por ultimo, eu gostaria de agradecer a mim mesma. Por não ter desistido, por ter aguentado todo tremor, toda ansiedade, por ter buscado ar nos meus pulmões insistentemente quando os mesmos insistiam em não quererem funcionar. Obrigada, por ter persistido, por ter lutado, por ter passado por todos os desafios que lhe foram propostos. Hoje eu posso sorrir verdadeiramente, hoje eu sei que eu consigo, não sozinha, mas com a ajuda de pessoas que me amam e que se preocupam comigo. Diante de todo esse cenário em que estamos vivendo, eu agradeço pela oportunidade de apresentar essa dissertação e sigo esperançosamente no aguardo por dias melhores, aonde simplesmente vamos poder estar reunidos novamente.

(8)

“Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar". Josué 1:9

(9)

RESUMO

O estilo de vida sedentário é um fenômeno crescente entre adolescentes e adultos jovens. Neste contexto, torna-se essencial que os enfermeiros conheçam esse diagnóstico de enfermagem de forma aprofundada. Assim, objetivou-se, neste estudo, construir uma teoria de médio alcance para o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens. Trata-se de um estudo metodológico, segundo os referenciais teóricos específicos para desenvolvimento de teoria de médio alcance. O estudo foi operacionalizado por meio de uma revisão integrativa da literatura nas fontes de dados: National Library of Medicine and Nattional Institutes of Health; Scopus; Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature e Web of Science. O cruzamento dos descritores Sedentary Behavior; Sedentary Lifestyle; Young Adult; Adolescent permitiu a obtenção 2974 artigos. Após aplicação dos critérios de elegibilidade, a amostra final resultou em 57 artigos. Os resultados mostram a identificação de três atributos essenciais, 10 antecedentes e 8 consequentes. Os atributos essenciais identificados foram: aspectos culturais e pessoais; inatividade física e média de atividade física menor que a recomendada. Os antecedentes clínicos foram: avançar da idade; conhecimento deficiente; desemprego; estímulo pessoal e ambiental insuficientes para a atividade física; gênero feminino; inatividade física; média de atividade física inferior à recomendada; morar em zona urbana; tempo de tela excessivo em internet e/ou televisão; e tempo sentado prolongado. E os consequentes clínicos foram: alteração cardiovascular; excesso de adiposidade; falta de condicionamento físico; função cognitiva prejudicada; lombalgia; memória prejudicada; saúde mental prejudicada; e tempo de sono inadequado. Em seguida a teoria de médio alcance do referido diagnóstico foi desenvolvida e apresentada por meio de um pictograma. Mediante o desenvolvimento de uma teoria de médio alcance para o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário, propiciou-se o estudo aprofundado das causas e consequências desse problema de saúde que abarca grande parte da população em geral. A compreensão do diagnóstico de enfermagem estilo de vida sedentário, a partir de uma teoria de médio alcance, é oportuna e geradora de ferramentas que podem contribuir para a promoção da saúde e qualidade de vida nessa população especifica.

Palavras-chave: Comportamento Sedentário; Teoria de Enfermagem; Adulto Jovem; Adolescente.

(10)

ABSTRACT

Sedentary lifestyle has an increasing curve between adolescents and young adults. In this context, it is essential that the nurse knows in depth this nursing diagnosis. The objective of this study is to build a medium-range theory for the nursing diagnosis Sedentary Lifestyle in adolescents and young adults. This is a methodological study, according to specific theoretical frameworks for the development of medium-range theory. The study was made operational through an integrative literature review in the databases: National Library of Medicine and National Institutes of Health; Scopus; Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature and Web of Science. The crossing of the following descriptors Sedentary Behavior; Sedentary Lifestyle; Young Adult; and Adolescent allowed 2974 articles to be obtained. After applying the eligibility criteria, the final sample resulted in 57 articles. The results show the identification of 3 essential attributes; 10 clinical antecedents and 8 clinical consequents. The essential attributes were cultural and personal aspects, physical inactivity and physical activity lower than recommended. The clinical antecedents were advanced age; deficient knowledge; unemployment; insufficient personal and environmental stimulation for physical activity; feminine gender; physical inactivity; physical activity lower than recommended; live in an urban area; excessive screen time on internet and / or television; and, prolonged sitting time. And the clinical consequents were cardiovascular alteration; excess adiposity; lack of physical conditioning; impaired cognitive function; backache; impaired memory; impaired mental health; and, inadequate sleep time. Then the medium range theory of that diagnosis was developed and presented by means of a pictogram. The development of a mid-range theory for the nursing diagnosis Sedentary lifestyle, provided an in-depth study of the causes and consequences of this health problem that affects a large part of the general population. It is concluded that the understanding of nursing diagnosis sedentary lifestyle based on a medium-range theory is timely and generates tools that can promote health and quality of life in this specific population.

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Classificação de teorias de enfermagem conforme seu nível de

abstração... 25

Figura 2- Cronograma de reuniões dos pesquisadores para obtenção de amostra final por consenso... 36

Figura 3- Fluxograma do processo de busca e seleção em cada base de dados...36

Figura 4- Relações causais entre os antecedentes clínicos, atributos essenciais e consequentes clínicos do DE Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens... 56

Figura 5- Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ)...94

Figura 6- Mini exame do estado mental...96

(12)

LISTA DE TABELAS

(13)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Classificação dos níveis de evidência de acordo com as recomendações do Instituto Joanna Briggs (JBI)... 37

Quadro 2- Atributos essenciais e definição do estilo de vida sedentário em adolescentes e adultos jovens... 48

Quadro 3- Definições conceituais e operacionais dos antecedentes clínicos (fatores etiológicos/ relacionados) do diagnostico Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens... 48

Quadro 4- Definições conceituais e operacionais dos consequentes clínicos (características definidoras) do diagnostico Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens... 53

Quadro 5- Relações causais entre os fatores predisponentes e o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens... 57

Quadro 6- Relações causais entre os fatores incapacitantes e o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens... 58

Quadro 7- Relações causais entre os fatores precipitantes e o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens... 59

Quadro 8- Relações causais entre os fatores de reforço e o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens... 60

Quadro 9- Protocolo de revisão integrativa da literatura...89

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CINAHL- Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature DE- Diagnóstico de Enfermagem

Cm- Centímetros

EADS- Escala de Ansiedade, Depressão e Estresse ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente JBI- Instituto Joanna Briggs

h/d- Horas por dia

IAC- Índice de Adiposidade Corporal

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INSE- Indicadores de Nível Socioeconômico

IPAQ- Questionário Internacional de Atividade Física m- Metros

MEEM- Mini Exame do Estado Mental MET- Equivalentes Metabólico da Tarefa Mesh- Medical Subject Headings

OMS- Organização Mundial da Saúde PE- Processo de Enfermagem

Pubmed - National Library of Medicine and Nattional Institutes of Health RCTs- Randomized Clinical Trials

START- State of the Art Through Systematic Review SUS- Sistema Único de Saúde

TMA- Teoria de Médio Alcance

(15)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 16 2 OBJETIVOS ... 21 2.1 Objetivo geral ... 21 2.2 Objetivos específicos ... 21 3 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO ... 22 3.1 Teorias de enfermagem ... 22

3.2 Teorias de médio alcance ... 27

3.3 Teorias de médio alcance para validar diagnósticos de enfermagem ... 31

4 MATERIAIS E MÉTODO ... 34

4.1 Tipo de estudo ... 34

4.2 Definição da abordagem para construir a teoria de médio alcance ... 34

4. 3 Definição dos conceitos principais (conceitos-chave)... 38

4.4 Construção de um esquema pictorial ... 38

4.5 Construção das proposições... 39

4.6 Estabelecimento das relações de causalidade e a evidência para a prática ... 39

5 RESULTADOS ... 41

5.1 Abordagem de construção da teoria de médio alcance: Revisão integrativa da literatura . 41 5.2 Conceitos principais (conceitos-chave) ... 47

5.3 Esquema pictorial (pictograma)... 55

5.4 Proposições ... 56

5.5 Relações de causalidade e a evidência para a prática ... 57

6 DISCUSSÃO ... 62

7 CONCLUSÃO ... 69

8 REFERENCIAS ... 71

9 APENDICES ... 90

(16)

1 INTRODUÇÃO

Esta dissertação tem como objeto de estudo o desenvolvimento de uma teoria de médio alcance para o Diagnóstico de Enfermagem (DE) Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), comportamento sedentário é qualquer comportamento em vigília caracterizado por um gasto de energia de 1,5 equivalentes metabólico da tarefa (METS) ou menos enquanto está sentado, reclinado ou deitado. O equivalente metabólico da tarefa é uma medida fisiológica que expressa a intensidade de atividades físicas (WHO, 2020).

A Organização Mundial da Saúde (2020) recomenda aos adultos um quantitativo de pelo menos 150-300 minutos de intensidade moderada de atividade física aeróbia; ou em pelo menos 75-150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa; ou uma combinação equivalente de atividades de intensidade moderada e vigorosa ao longo da semana, para benefícios de saúde substanciais.

Estima-se que aproximadamente quatro a cinco milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população global fosse mais ativa fisicamente (WHO, 2020). Pesquisa realizado com quase 2 milhões de participantes mostrou que globalmente, em 2016, aproximadamente 27% dos adultos não estavam praticando atividade física suficiente (GUTHOLD, 2018).

O Brasil apresentou umas das maiores quedas nos níveis de atividade física nos últimos 15 anos. Estudo aponta que quase metade da população brasileira é sedentária (47%). O país é listado entre os mais sedentários do mundo e o mais sedentário da América Latina (GUTHOLD, 2018).

A atividade física confere benefícios para a saúde do individuo, como a melhoria da aptidão física cardiorrespiratória e muscular, saúde cardiometabólica (pressão arterial, dislipidemia, glicose e resistência à insulina), saúde óssea, resultados cognitivos (desempenho acadêmico), saúde mental (redução dos sintomas de depressão); e redução da adiposidade (WHO, 2020).

Com relação às atividades de vida diárias, os comportamentos são categorizados em três áreas, a saber: sono, atividade física e comportamento sedentário. Diferentemente das duas primeiras, o comportamento sedentário é uma área relativamente nova, mas em rápida expansão na pesquisa (PETERSON et al., 2018).

A quantidade e o tempo gasto em episódios prolongados de sedentarismo são importantes fatores de risco para a saúde. Aproximadamente 1,4 bilhões de adultos correm o

(17)

risco de desenvolver ou agravar doenças ligadas à inatividade (DIAZ et al., 2017;

GUTHOLD, 2018).

O comportamento sedentário está associado a maiores índices de mortalidade por todas as causas. Estudo mostra que o comportamento sedentário e a mortalidade possuem uma forte ligação, pois indivíduos que mantêm comportamento sedentário ao longo do tempo têm o maior risco de mortalidade e aqueles com baixos níveis sustentados de comportamento sedentário têm menor risco (KATZMARZYK et al., 2019).

Devido ao avanço das tecnologias, os níveis de atividades físicas foram reduzidos e com isso elevaram-se os índices de morbidade de varias doenças (LEE; KIM, 2019). Períodos prolongados de comportamento sedentário resultam em baixo gasto de energia e pode contribuir para o ganho de peso e efeitos negativos para a saúde (PANAHI; TREMBLAY, 2018).

A inatividade física e o comportamento sedentário contribuem para a carga global de

doenças crônicas (GONZÁLEZ; FUENTES; MÁRQUEZ, 2017). O estilo de vida sedentário

está associado ao aumento da mortalidade por todas as causas, a mortalidade por doenças cardiovasculares, a mortalidade por câncer e a maior incidência de afecções cardiovasculares, câncer e diabetes tipo II (WHO, 2020).

A adoção do estilo de vida sedentário pode contribuir para o desenvolvimento de fatores de risco clínicos, como hiperglicemia, dislipidemia e hipertensão. Fatores esses que promovem a progressão de complicações metabólicas e cardiovasculares graves, e a exacerbação de outras doenças crônicas (DEMPSEY et al., 2020). Estudo afirma que comportamentos sedentários também estão associados a diminuição da função cognitiva e aumento o risco de múltiplos cânceres (WHEELER et al., 2017).

A globalização e as mudanças tecnológicas têm favorecido uma mudança progressiva de tarefas fisicamente exigentes do trabalho para atividades mentais que demandam maior função cognitiva. Em um contexto onde há exposição ao trabalho cognitivo, novas estratégias para aumentar a atividade física e melhorar a energia regulação de equilíbrio são necessárias (PANAHI; TREMBLAY, 2018).

Estudo realizado nos EUA revelou que as pessoas passavam 12,3 horas por dia durante um dia acordado de 16 horas em comportamento sedentário, representando 77,4% do tempo (DIAZ et al., 2017). No período entre 2015 e 2016, uma proporção substancial da população passou pelo menos 2 h/d sentada assistindo televisão ou vídeo. Pesquisa apontou que, entre os anos de 2007 a 2016, o tempo bruto total sentado aumentou de 7h/d para 8,2h/d entre os adolescentes e de 5,5h/d para 6,5 h/d entre adultos mais jovens (YANG et al., 2019).

(18)

Na vida moderna, o uso dos smartphones tornou-se onipresente e proporciona acesso a atividades sedentárias baseadas em telas. Destaca-se a quantidade de tempo despendido com este dispositivo que implica diretamente na saúde comportamental dos indivíduos. A proliferação e funcionalidade de smartphones podem promover comportamento sedentário (FENNELL; BARKLEY; LEPP, 2019).

Apesar da grande quantidade de dados físicos relativos à atividade e aos comportamentos sedentários, há lacunas importantes que devem ser priorizadas para fomentar as futuras diretrizes. Como por exemplo, a pesquisa focada no sedentarismo na população de adultos jovens (WHO, 2020), não existe uma diretriz especifica para essa faixa etária, mas a Organização Mundial da Saúde encoraja estudos em grupos específicos para alcançar resultados positivos em saúde.

Resultados de pesquisa ilustram a necessidade de individualizar e adaptar as recomendações de estilo de vida para que haja um maior impacto na saúde da população (KATZMARZYK et al., 2019). Destarte, dadas as evidências emergentes sobre os efeitos negativos para a saúde pública e individual dos seres humanos afetados e seus familiares, o Comitê Consultivo das Diretrizes de Atividade Física de 2018 decidiu revisar essas evidências. A este respeito, as interações entre o comportamento sedentário e a atividade física na saúde foram de particular interesse (KATZMARZYK et al., 2019).

A melhor compreensão dos efeitos prejudiciais da inatividade física e do comportamento sedentário podem ajudar na promoção da saúde (GONZÁLEZ; FUENTES; MÁRQUEZ, 2017). Faz-se necessário a realização de pesquisas com essa temática para embasar organizações de saúde pública e prestadores de cuidados em saúde na promoção de comportamentos saudáveis e na prevenção de doenças (FRIEDENREICH; RYDER-BURBIDG; MCNEIL, 2020).

Neste contexto, tem-se a promoção à saúde como instrumento para que haja mudanças nos determinantes de saúde, sejam eles individuais ou coletivos e que influenciam na qualidade de vida dos adolescentes e adultos jovens. Para que isso se torne viável, é necessário conhecer e compreender o modo de vida dessa clientela, articulando-o aos determinantes sociais de saúde (SILVA et al., 2018).

A ciência de Enfermagem identifica, interpreta e julga fatores condicionantes e determinantes de saúde em processo de ação, reação e interação com os pacientes e demais elementos dos sistemas. O processo de enfermagem é o segmento disciplinar das ações da enfermagem, pois representa o instrumental historicamente estabelecido para que os

(19)

diagnósticos, resultados e intervenções se deem no cuidado de enfermagem (DENADAI et al., 2020).

Segundo Silva et al. (2018), o enfermeiro é um dos profissionais responsáveis pela concretização das ações de promoção a saúde. No seu processo de formação, acrescenta-se à sua atuação assistencial, conhecimentos sobre abordagens didático-pedagógicas, que possibilitam o planejamento das atividades de educação em saúde e promoção a saúde. Cita-se o processo de enfermagem como um elemento da prática profissional que auxilia o enfermeiro nesses planejamentos e operacionalização dessas ações.

Assim, o processo de enfermagem inclui avaliação do paciente, diagnóstico de enfermagem, planejamento, intervenção e estabelecimento de resultados. Essas etapas demandam reavaliação contínua, bem como conhecimento de conceitos subjacentes à ciência da enfermagem (HERDMAN; KAMITSURU, 2018).

A Taxonomia da NANDA Internacional (NANDA-I) é uma ferramenta utilizada pelos enfermeiros na organização e identificação dos conceitos próprios da Enfermagem (HERDMAN; KAMITSURU, 2018). O primeiro domínio da NANDA Internacional é o de Promoção da saúde, composto por duas classes, a saber: Percepção da saúde e Controle da saúde.

Na classe percepção da saúde, evidencia-se o Diagnóstico de Enfermagem (DE) Estilo de Vida Sedentário. Esse DE foi aprovado no ano de 2004 e possui nível de evidência 2.1. É definido como um hábito de vida que se caracteriza por baixo nível de atividade física. Apresenta três características definidoras, a saber: Falta de condicionamento físico; Média de atividade física diária inferior à recomendada para idade e sexo; e, Preferência por atividades com pouca atividade física (HERDMAN; KAMITSURU, 2018).

É composto ainda por cinco fatores relacionados, a saber: Conhecimento insuficiente sobre os benefícios à saúde associados ao exercício físico; Interesse insuficiente em atividades físicas; Motivação insuficiente para a atividade física; Recursos insuficientes para a atividade física; e, Treinamento insuficiente para fazer exercício físico (HERDMAN; KAMITSURU, 2018).

Os avanços epistemológicos na enfermagem são necessários, sobretudo devido à atual realidade da saúde brasileira. Assim, encoraja-se a ampliação do desenvolvimento de pesquisas teóricas de enfermagem, bem como o investimento na tradução de referências bibliográficas aplicadas internacionalmente com discussão sobre sua relevância em relação aos referenciais teóricos utilizados nestas pesquisas (BRANDÃO et al., 2017).

(20)

Nesse contexto, a realização de pesquisas com o objetivo de validar diagnósticos que representem fenômenos pelos quais os enfermeiros são responsáveis torna-se indispensável. O uso de teorias de enfermagem de médio alcance (TMA) tem o objetivo de desenvolver um gradiente teórico com o intuito de reduzir a lacuna existente entre a teoria e a pratica. Por isso, tornou-se um método robusto para a validação de diagnóstico de enfermagem (DE) (LOPES; SILVA, 2016).

Atualmente, observa-se um crescente número de publicações sobre TMA no Brasil. A possibilidade de elaborar teorias menos abstratas e que garantem o avanço da disciplina precisa ser incentivado. Pesquisadores, diante de uma sociedade em crescimento exponencial da informação, realizam esforços para manter o conhecimento próprio da enfermagem em evidencia no âmbito da saúde (BRANDÃO et al., 2017).

Mediante o exposto, o desenvolvimento de pesquisa com o cunho de validar o DE estilo de vida sedentário, por meio de uma teoria de médio alcance, é relevante devido aos índices de sedentarismo na população mundial como um todo, bem como os riscos oriundos desse estilo de vida para a saúde pública. A elevação dos níveis de evidência, por meio de validação, de instrumentos utilizados na prática da enfermagem tem o intuito de melhorar a qualidade da assistência prestada por essa categoria e assim valorizar a enfermagem enquanto profissão e ciência.

Em relação à motivação para a realização do presente estudo, a mesma advém da vivência com pesquisas sobre diagnósticos de enfermagem, durante a graduação e o mestrado acadêmico. Outro fator motivador foi à percepção cotidiana acerca dos hábitos e estilo de vida dos adolescentes e adultos jovens, bem com a alta prevalência do estilo de vida sedentário nos últimos anos em todo o mundo.

Nesse contexto, a hipótese do presente estudo é: existem um conjunto de proposições teóricas estabelecidas por meio de uma teoria de médio alcance para o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens. Como questionamento, estabeleceu-se: Quais proposições teóricas podem ser estabelecidas por meio de uma teoria de médio alcance para o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens?

Assim, acredita-se que esta pesquisa contribuirá para: a melhora no processo de inferência diagnóstica dos enfermeiros; o planejamento de ações de educação e promoção da saúde; o avanço científico da Enfermagem; e, consequentemente uma assistência mais particularizada e focada nas necessidades dos adolescentes e adultos jovens, a fim de alcançar resultado positivos em saúde.

(21)

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

- Construir uma teoria de médio alcance para o diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens.

2.2 Objetivos específicos

-Definir os atributos essências, antecedentes clínicos e consequentes clínicos do diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens;

-Elaborar as definições conceituais e operacionais dos antecedentes clínicos e consequentes clínicos do diagnóstico em estudo;

- Construção de um esquema pictorial que explique as relações causais dos atributos essências, antecedentes clínicos e consequentes clínicos neste diagnóstico;

-Desenvolvimento de proposições para o diagnóstico em estudo;

-Identificar as relações causais dos atributos essências, antecedentes clínicos e consequentes clínicos do diagnóstico de enfermagem Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens.

(22)

3 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

3.1 Teorias de enfermagem

O conhecimento de enfermagem é um campo complexo e multifacetado que exige a transposição do recorte puramente técnico, para que haja a construção de um arcabouço teórico capaz de orientar intervenções em diferentes âmbitos dos sistemas de saúde (BRANDÃO et al., 2019).

A enfermagem é uma ciência, e as teorias compõem os pilares para o seu processo de desenvolvimento. O uso de teorias permite que enfermeiros se concentrem em informações importantes, desprezando dados irrelevantes, levando a uma prática mais eficiente e eficaz (BARROS; BISPO, 2017).

Uma teoria é definida como um conjunto de conceitos inter-relacionados, indicações, proposições e definições a partir de crenças filosóficas, de dados científicos e das quais as questões ou hipóteses podem ser deduzidas, testadas e verificadas. Tem a finalidade de propor respostas a alguns fenômenos ou a caracterizá-los (MCEWEN; WILLS, 2016).

A enfermagem enquanto profissão é sustentada teoricamente por meio de seus metaparadigmas, a saber: enfermagem, saúde, ambiente e indivíduo. As teorias de enfermagem abrangem esses quatros conceitos para se firmar enquanto ferramenta do cuidado (COSTA, 2018).

As teorias constituem uma enorme parcela do conhecimento de uma disciplina, são responsáveis por criar perspectivas que permitem identificar e descrever o estado de saúde do paciente, além de organizar, analisar e interpretar dados. Servindo como guia para o planejamento das intervenções de enfermagem, conforme e solidificando os conceitos que fundamentam a profissão (BARROS; BISPO, 2017; SANTOS et al., 2019).

Teorias consistem em um conjunto de conceitos que projetam a visão sistêmica de um fenômeno. Tem a função de diagnosticar e/ou prescrever medidas para a prática assistencial, oferecendo respaldo científico para as ações de enfermagem. Tem-se que a prática deve ser baseada nas teorias, que são validadas pela pesquisa. Assim, teoria, pesquisa e prática convergem de maneira recíproca e contínua. A inter-relação entre a teoria, a pesquisa e a prática clínica é necessária para o prosseguimento do desenvolvimento da enfermagem como profissão e como ciência (BOUSSO; POLES; CRUZ, 2014).

(23)

É possível afirmar que as teorias nascem dos fenômenos observados na prática e também fundamentam e guiam a mesma. Dessa forma, são responsáveis por fornecer esse elo de duas vias entre a teoria e a prática, tornando instrumentos significativos para o cuidado de enfermagem, facilitando o fornecimento de dados que guiem as decisões clínicas do enfermeiro. Por este motivo, as teorias estão em constante processo de análise e refinamento nas mais variadas populações, para um serviço de saúde eficaz e de qualidade que evidencie bons resultados (BARROS; BISPO, 2017; BARBOSA; SILVA, 2018).

As teorias de enfermagem estabelecem relações entre as atividades reais do trabalho e os conceitos elaborados na área. Com isso, atribuem significado as ações e avaliações da prática devido, sobretudo, ao suporte teórico subsidiado pelas teorias que permite a compreensão do cenário pratico e a visualização do potencial transformador das ações do cuidado (SANTOS et al., 2019).

Além do mais, as teorias de enfermagem têm a finalidade de desenvolver e testar tecnologias e conhecimentos e também possuem a função de tecnologias leves e leve-duras indispensáveis para a consolidação de boas práticas de enfermagem e de saúde. A partir de teorias de enfermagem, pode-se construir modelos de relações entre intervenções especificas de enfermagem (profissional) e linhas de cuidado (multiprofissional), propor definições de politicas de humanização, considerando os conhecimentos sobre a natureza e características do cuidado humano contidas nas teorias de enfermagem e a redefinir conceitos de enfermagem (BRANDÃO et al., 2019).

Partindo deste ponto, teorias de enfermagem adequadas e direcionadas são de suma relevância. O entendimento de como essa profissão pode interagir com o cliente/paciente/família no contexto em que estão inseridos, traz a conectividade entre alguns componentes como ambiente, enfermagem e interação paciente-enfermagem (PICCOLI, 2015).

Assim, a atenção especial ao cuidado humanizado, pautada em teorias de enfermagem, facilita o processo de compreensão e visualização do ser humano e profissional de enfermagem em sua totalidade. Os avanços das ações de cuidado de enfermagem ao paciente em diversos momentos de sua vida, transições e/ou mudanças advindas no processo saúde-doença são necessários (PICCOLI, 2015).

Como o conhecimento está em desenvolvimento contínuo, é imprescindível que os conceitos sejam constantemente investigados e refinados. Os conceitos são dinâmicos, variáveis e dependentes da estrutura teórica da qual fazem parte. Eles variam de acordo com seu uso e o contexto em que estão inseridos (BOUSSO; POLES; CRUZ, 2014).

(24)

A eficácia da realização de habilidades na prática em saúde depende, sobretudo, de um arcabouço teórico robusto que conduza as ações prestadas. Sendo a prática de enfermagem uma atividade complexa, exige que seja sustentada por teorias que permitam o profissional realizar o que é certo (boa prática). Caso contrário, não passará de ações baseadas no senso comum. As teorias de enfermagem permitem uma reflexão sobre o processo de trabalho do enfermeiro e rompe com o pensamento mecanicista de que nossas atividades são meramente complementares às atividades médicas (BARROS; BISPO, 2017).

A teoria e a pratica são sustentadas pelas evidencias da pesquisa cientifica, portanto além de habilidades técnicas, o conceito de boas pratica requer a incorporação da dimensão teórica para descrever, explicar, predizer ou prescrever os cuidados em saúde. As teorias de enfermagem trazem benefícios mediante sua capacidade de produzir consistentes explicações, descrições, predições e prescrições na prática, que amparam a profissão frente contextos complexas como o do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS) (BRANDÃO et al., 2019).

No decorrer do tempo, incontáveis métodos de classificação de teorias de enfermagem foram descritos. Dentre eles, encontra-se a classificação com base no alcance/âmbito ou abstração, que categoriza em macro teorias e praticas ou especifica à situação (MCEWEN; WILLS, 2016).

Esse alcance/âmbito da teoria se refere à complexidade e ao grau de abstração, o nível de especificidade e a concretude de seus conceitos e proposições. As grandes teorias são as mais complexas e de maior âmbito, têm o intuito de explicar as amplas áreas dentro da disciplina e podem incorporar inúmeras outras teorias. Por este motivo, são inespecíficas e utilizam conceitos relativamente abstratos, que carecem de definições operacionais Suas proposições também são abstratas e, em geral, não suscetíveis a testes (MCEWEN; WILLS, 2016).

Já as teorias de médio alcance encontram-se entre os modelos de enfermagem e as ideias mais circunscritas e concretas. São substancialmente específicas e abarcam um número limitado de conceitos e um aspecto restrito do mundo real. Já as teorias práticas, também conhecidas como microteorias, são teorias prescritivas, específicas a situação e apresentam menor complexidade (MCEWEN; WILLS, 2016). A figura a seguir demostra a diferença entre essas três classificações comparando os seus níveis de abstração (Figura 1).

(25)

FIGURA 1- Classificação de teorias de enfermagem conforme seu nível de abstração. Natal, 2021.

Fonte: MCEWEN; WILLS, 2016.

O uso de teorias de enfermagem com elementos descritivos e explicativos torna-se um instrumento teórico poderoso para guiar o cuidado de enfermagem nos sistemas de saúde. Ressaltando-se a importância da inserção do enfermeiro nos serviços de saúde como uns dos principais profissionais na prestação de cuidados de qualidade. A literatura reforça a necessidade de estimular estudos e publicações com essa temática, com a finalidade de justificar a presença do enfermeiro nos cenários que envolvem a saúde dos indivíduos (BRANDÃO et al., 2019).

Na atualidade, devido às mudanças sociais, politicas, e econômicas, o corpo de conhecimento de enfermagem deve ser aprimorado para acompanhar e propor um cuidado avançado. No entanto, pelo fato de a enfermagem estar inserida em cenários caracterizados por assistência biomédica, hospitalocêntrica, fragmentada e tecnicista, pode ocorrer influencia nos perfis de atuação dos enfermeiros com divergências de modelos conceituais da profissão. Por esse motivo, as teorias de enfermagem são arcabouços necessários para a enfermagem (SANTOS et al., 2019).

Os elementos conceituais centrais da teoria de enfermagem são identificados por meio dos componentes funcionais, a saber: foco, cliente, enfermagem, saúde, interação paciente enfermagem, ambiente, problemas de enfermagem e cuidado de enfermagem. As teorias de enfermagem devem possuir de forma clara e objetiva esses componentes, pois sua análise resulta em definições explícitas e implícitas. Com isso, a teoria tem seu foco direcionado, oferecendo uma visão ampliada a cerca do problema de enfermagem e suas possíveis intervenções, corroborando para o fortalecimento da utilização dos constructos teóricos na práxis (PICCOLI, 2015; SANTOS et al., 2019).

(26)

A enfermagem é uma disciplina prática, dessa forma, é imprescindível a criação de teorias que possam ser aplicadas na prática de forma a contribuir para a evolução da profissão. Para que ocorra a interação entre teoria e prática, é preciso a realização de estudos que almejem difundir e analisar teorias, para que com isso, ocorra à transposição do conhecimento teórico para a prática profissional. As teorias corroboram com a implantação do processo de enfermagem nos serviços de saúde, à medida que instigam o enfermeiro a adquirir conhecimento e indagar praticas do cotidiano. É extremamente importante a valorização dos vínculos entre pesquisa, teoria e prática, já que estão todos interligados e sustentam-se entre si (BARROS; BISPO, 2017).

Assim, a análise e o desenvolvimento de conceitos estão intimamente relacionados à evolução e expansão de conhecimentos na enfermagem. Com a reavaliação contínua e o refinamento de conceitos, a enfermagem vai se alicerçando em bases sólidas de conhecimento. Portanto, um dos pontos chave da enfermagem é tratar de conceitos, por este motivo inúmeras estratégias e métodos de análise e desenvolvimento de conceitos têm sido propostos e usados pelos pesquisadores de enfermagem.

Com isso, tem-se que as teorias de enfermagem podem desempenhar papel preponderante ao criar pontes entre a assistência e o ensino. Não se trata apenas da criação de teorias, mas na sua geração e validação na perspectiva de um conhecimento não dicotomizado. Ou seja, estas teorias precisam gerar conhecimentos contextualizados e que sejam sensíveis a multiplicidade dimensional do cuidado na saúde, em especial nos sistemas universais (BRANDÃO et al., 2019).

A produção de novos conhecimentos é um processo de amadurecimento gradativo que vêm desde a formação acadêmica até sua atuação enquanto profissional. Estudo realizado verificou a preocupação dos profissionais de enfermagem que prestam assistência em relação à utilização de teorias de enfermagem. Estas são utilizadas principalmente com o intuito de trazer valorização do profissional e tem o objetivo de organizar o trabalho com uso de uma linguagem própria (BARBOSA; SILVA, 2018).

Destarte, a única forma de clarificar um conceito é explicitar a teoria na qual ele está inserido. A teoria irá determinar o significado do conceito, portanto o significado do conceito depende diretamente do contexto da teoria no qual está inserido. Bousso, Poles e Cruz (2014) consideram que as teorias são palavras estruturadas, ou seja, é a estrutura das palavras que dá sentido à teoria. Dessa forma, o local de cada palavra dá sentido àquela teoria específica. Ao mudar a estrutura das palavras ou adotar palavras diferentes, muda-se o significado da teoria.

(27)

Para a integralidade do cuidado em saúde, é vital a incorporação de padrões de conhecimentos não exclusivamente empíricos. A pesquisa de enfermagem pode oferecer evidencias para a proposição de novas teorias de médio alcance elaboradas indutivamente. Essas teorias são capazes de fornecer constructos e conhecimentos instrumentais essenciais a integralidade do cuidado em saúde (BRANDÃO et al., 2019).

É fundamental a compreensão da função e o papel social do enfermeiro para o pleno exercício legal, ético e moral da profissão. O conhecimento dos conceitos das teorias de enfermagem oferece aos profissionais melhores habilidades de raciocínio e do julgamento clinico, além da capacidade de escolha das melhores intervenções de enfermagem, identificação dos fenômenos pelos quais é responsável. Alcançando desta forma resultados positivos (SANTOS et al., 2019).

As teorias oferecem insight no que do que se refere às intervenções de enfermagem, uma vez que estas se concretizam por meio de um plano de cuidados de qualidade e adequado para melhor prestação da assistência ao cliente, família e comunidade. Os cuidados de enfermagem transcendem as práticas e procedimentos, pois dependem também da relação estabelecida entre profissional/paciente e reforçam que é necessário cuidar do indivíduo de forma global (PICCOLI, 2015).

Os conteúdos referentes aos conceitos das teorias são capazes de subsidiar a pratica profissional. A apropriação e internalização de um corpo de conhecimentos sobre as teorias de enfermagem propiciam a pratica reflexiva pautada em princípios éticos, epistemológicos e ontológicos (SANTOS et al., 2019).

De acordo com Fernandes (2020), a construção de teorias de enfermagem viabiliza a consolidação da enfermagem enquanto profissão e delimita alguns elementos de sua matriz disciplinar. A disciplina tem criado uma dinamicidade em busca do seu próprio desenvolvimento. E um dos caminhos construídos é por meio do desenvolvimento de teorias de médio alcance.

3.2 Teorias de médio alcance

Existem diferentes possibilidades de estratégias para a criação de pontes entre teoria, pesquisa e prática de enfermagem. Tem-se como crescente a produção de teorias de enfermagem mais próximas do nível empírico, destacando-se as classificadas como de médio alcance (middle-range theories ou mid-range theories) (BRANDÃO et al., 2017).

(28)

As teorias de médio alcance (TMA) encontram-se entre as grandes teorias e as da prática, possuem características de referenciais teóricos e de referenciais metodológicos. Além do mais, fornecem uma forma prática dos enfermeiros se conectarem com as perspectivas filosóficas da disciplina na assistência e as aplicações da teoria à prática clínica (BRANDÃO et al., 2017).

As teorias de médio alcance são aplicáveis na prática profissional, diferentemente das grandes teorias, que dificilmente possuem uso no campo empírico do cuidado. As grandes teorias atuam principalmente como filosofias ou visões de mundo (BRANDÃO et al., 2019).

A capacidade de aplicação de uma teoria na pratica clinica tem relação com a sua qualidade, atributos de validade e seu nível de abstração. No que se refere ao nível de abstração, as TMA são menos abstratas e amplas que as grandes teorias, abrangem conceitos menores, e por esse motivo são mais concretas. As bases teóricas de uma ciência como a enfermagem são construídas mediante um processo dinâmico, especialmente as oriundas do desenvolvimento de teorias que almejam explicar e descrever os elementos relacionados a sua pratica e pesquisa (PRIMO; BRANDÃO, 2017; COSTA, 2018).

Portanto, define-se a teoria de médio alcance como um elemento de interesse da disciplina, relacionada com tópicos particulares. O campo é mais limitado que o das grandes teorias ou teorias de amplo alcance (MCEWEN; WILLS, 2016).

O surgimento das TMA deu-se no final da década de 1980, quando pesquisadores começaram a concentrar-se em teorias que adequassem fundamentos significativos para a prática de enfermagem. Houve a necessidade de desenvolver elementos teóricos essenciais e focalizar conceitos de enfermagem baseados na prática e conectados à pesquisa. A atenção transferiu-se das grandes teorias para as teorias de médio alcance e para a aplicação da teoria à pesquisa e à prática (MCEWEN; WILLS, 2016).

As teorias de médio alcance de enfermagem são uma alternativa robusta e plausível para conjugar pesquisa-teoria-prática, com vista para o avanço do conhecimento de enfermagem. Teorias verificáveis na prática clínica permitem a produção de tecnologias do cuidado, o que favorece a aplicação do processo de enfermagem e o uso de referenciais teóricos no meio assistencial, considerando o contexto em que está inserido e as necessidades individuais (TONIN et al., 2019).

Para ser considerada uma teoria de médio alcance, estas teorias de enfermagem precisam obrigatoriamente ser úteis e compatíveis com um contexto multidisciplinar e multiprofissional da saúde. Isso pode ser observado na existência de teorias de médio alcance desenvolvidas a partir de outras que não são da enfermagem. Assim, a enfermagem, tem

(29)

gerado e testado teorias que se articulam com conhecimentos multidisciplinares e transdisciplinares no interesse do campo da saúde, sem colocar no protagonismo uma defesa corporativa de seu conhecimento. Podem ser consideradas como teorias e filosofias abertas, dinâmicas e contextualmente relevantes (BRANDÃO et al., 2019).

As teorias de médio alcance têm sido consideradas de alta aplicabilidade na pesquisa e prática clínica. Demandam de múltiplas e complexas estratégias e bases metodológicas para serem desenvolvidas. Esse tipo de teoria de enfermagem pode ser criada sob orientação dedutiva ou indutiva, podendo em alguns casos conjugar ambas (BRANDÃO et al., 2017).

As teorias de médio alcance de Enfermagem tem a função de descrever, explicar e contribuir para a atuação do enfermeiro. O desenvolvimento das TMA colabora para a construção da ciência de enfermagem, pois embasa um modelo conceitual próprio da disciplina, e busca explicar e descrever os elementos relacionados a prática e a pesquisa da enfermagem (DENADAI et al., 2020).

As teorias de médio alcance atendem melhor as demandas do cuidado profissional da saúde e da enfermagem. Isto ocorre mediante capacidade de operar exatamente entre o nível abstrato das grandes teorias e o nível empírico da testagem e construção de hipóteses na realidade (BRANDÃO et al., 2019).

A orientação por um ou outro raciocínio ocasiona efeitos na escolha de estratégias e procedimentos para o desenvolvimento de uma teoria, essa orientação se dar de forma dedutiva ou indutiva. As estratégias dedutivas são baseadas nas grandes teorias ou modelos teóricos, enquanto a orientação indutiva parte dos dados para organizar e construir uma nova teoria. (BRANDÃO et al., 2017).

Com relação às estratégias dedutivas para a elaboração de TMA, segue-se a logica C-T-E, aonde o componente C representa as orientações do modelo conceitual utilizado, o componente T seria a estratégia de síntese da qual se fez uso e o componente E se refere aos dados oriundos das pesquisas revisadas utilizadas para elaborar a teoria. Os modelos de enfermagem ou grandes teorias podem servir de base para a derivação de um número expressivo de teorias de médio alcance ou teorias de situação específica. Os elementos centrais de delimitação e conexão de conceitos são elaborados por meios das afirmações teóricas (BRANDÃO et al., 2017).

As teorias de médio alcance têm a capacidade de fornecer constructos e conhecimentos instrumentais essenciais para a realização de um cuidado eficaz e integral. A existência de ambientes que estimulem a pesquisa de enfermagem e o desenvolvimento de

(30)

tecnologias do cuidado são peças fundamentais para um sistema de saúde fortalecido, baseado em evidências robustas (BRANDÃO et al., 2019).

Diante disso, as TMA se configuram como ferramentas bastante úteis para o desenvolvimento de novos conhecimentos, no momento que permitem a ligação entre o conhecimento teórico e o empírico. Elas se baseiam em teorias maiores ou utilizam parte de uma teoria, são compostas por conceitos e sugerem relações entre estes que possam ser representadas em um único modelo (LEANDRO et al., 2020).

Segundo Leandro et al. (2020), as TMA são propostas como forma de reduzir a lacuna entre teoria e pratica de enfermagem, sendo uma alternativa a outros movimentos como a pratica baseada em evidencias e a pesquisa translacional. Ao desenvolver uma TMA, sua síntese é de suma importância para permitir uma apresentação mais palpável e visual com o intuito de facilitar a compreensão dos enfermeiros de como a mesma funciona na prática (LEANDRO et al., 2020).

Ao decorrer dos últimos 40 anos, diversos métodos classificatórios de teorias foram surgindo com o objetivo de diferenciar as teorias existentes e as particularidades de cada uma. Um desses métodos se tornou o mais usual, que foi a caracterização da teoria quanto ao seu âmbito/ abstração. Por meio desse, foi permitido incorporar a teoria certo nível de especificidade e concretude nos seus conceitos e preposições (FERNANDES, 2020).

O crescimento desse tipo de teoria na enfermagem tem como explicação a necessidade de preencher as lacunas entre as grandes teorias e a prática profissional. Faz-se imperativo o avanço no estudo de teorias e de todos os seus componentes, pois são essenciais para a ampliação da enfermagem. A utilização de TMA na prática é capaz de promover o conhecimento como base de uma estrutura que guie as ações da profissão (BRANDÃO et al., 2017).

A elaboração de teorias de enfermagem específicas para um dado grupo populacional ou realidade é de extrema relevância. Pode-se tomar, por exemplo, as teorias de enfermagem estrangeiras que possuem filosofia sistêmico-social diferente do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS), ocasionando limitações em seu uso sem as devidas adaptações ou derivações culturais. Teorias de médio alcance podem ser referenciais úteis para uso de tecnologias considerando sua proximidade com o nível empírico (DENADAI et al., 2020).

Não existe uma única metodologia para a criação de TMA, há inúmeros fundamentos teóricos e metodológicos para construí-la. No entanto, recomenda-se que sejam apresentados no mínimo três elementos importantes: conceitos principais, modelo diagramado e

(31)

proposições, tendo em vista que esses itens foram apresentados frequentemente nas pesquisas (LEANDRO et al., 2020).

Há a necessidade de organizar de forma critica as informações geradas por uma teoria de médio alcance, além de elucidar as relações envolvidas entre os principais conceitos da teoria. Destaca-se a representação gráfica como um dos principais elementos das TMA, sendo denominados de quadro-síntese, pictograma, figura ou diagrama (LEANDRO et al., 2020).

Tem-se que a elaboração de uma teoria de enfermagem de médio alcance de enfermagem contribui para a cientificidade da profissão, valorização, reconhecimento e sistematização da assistência. Uma vez construídas, as teorias são significativas e aplicáveis à prática da enfermagem, contribuindo para a organização e efetivação do cuidado (COSTA, 2018).

Assim, ressalta-se que, no presente estudo, será utilizado o referencial teórico de Lopes, Silva e Herdman (2015) para desenvolvimento de teoria de médio alcance para diagnósticos de enfermagem.

3.3 Teorias de médio alcance para validar diagnósticos de enfermagem

As teorias são aplicadas na prática clinica por meio do Processo de Enfermagem (PE), este é reconhecido por viabilizar que enfermeiros assistenciais possam pensar criticamente sobre a qualidade do cuidado prestado nos serviços de saúde. As classificações representam para a enfermagem uma importante contribuição para a construção e acumulação do conhecimento e são recursos necessários para a comunicação (BARROS; BISPO, 2017).

O PE é uma metodologia que confere um padrão científico para a prática de enfermagem e é um modelo que permite teste das teorias. Enfatizar-se que realização do Processo de Enfermagem, alicerçado em teorias de enfermagem, contribui para a melhoria da qualidade da assistência além de tornar mais visíveis os resultados da prática, conferindo à enfermagem, a importância social almejada (BARROS; BISPO, 2017).

A consolidação do processo de enfermagem advinda do uso de teorias de enfermagem é possível devido ao arcabouço conceitual construído sobre os fenômenos do cuidado que lhe é proporcionado, permitindo assim o planejamento da assistência de enfermagem (SANTOS et al., 2019).

O diagnóstico de enfermagem é uma forma de expressar as necessidades de cuidados que se identificam naqueles de quem se cuida, tornando possível o planejamento e a aplicação de intervenções de enfermagem. Possibilitam a padronização da linguagem e contribuem para

(32)

o desenvolvimento do conhecimento em enfermagem. Tem-se na linguagem da NANDA-I uma forma de auxiliar os profissionais na comunicação das experiências vividas pelo paciente, contribuindo para a prestação de um cuidado pertinente à enfermagem (BOUSSO; POLES; CRUZ, 2014).

Processos de validação de diagnósticos de enfermagem têm sido desenvolvidos perante a necessidade de abordagens mais robustas para verificar a validade de construtos que representem fenômenos pelos quais os enfermeiros são responsáveis. Uma das etapas para a validação diagnóstica se configura no método de validade teórico-causal, que surge como uma alternativa para a análise de conceitos e é realizado por meio do desenvolvimento de teorias de médio alcance (LOPES, SILVA, 2016).

De acordo com Lopes, Silva e Herdman (2015), são requeridas cinco fases para a construção de uma teoria de médio alcance de enfermagem, a saber: definição da abordagem de construção da teoria de médio alcance, definição dos conceitos principais (conceitos-chave), construção de um esquema pictorial, construção das proposições e o estabelecimento das relações de causalidade e a evidência para a prática.

Existem três possíveis abordagens de construção da TMA para diagnósticos de enfermagem, a saber: revisões de pesquisas publicadas, seguindo uma metodologia similar à das revisões integrativas; elaboração a partir de múltiplas abordagens conceituais, na qual uma série de modelos conceituais inter-relacionados e complementares são identificados e formam a base para uma teoria específica e a derivação a partir de um modelo teórico específico, do qual são extraídos todos os elementos que formarão a TMA para o diagnóstico de enfermagem de interesse (LOPES, SILVA, 2016).

A segunda etapa, que seria a definição dos conceitos principais, ocorre após a revisão e análise dos modelos, a partir disto três principais conceitos são estabelecidos: antecedentes clínicos, consequentes clínicos e atributos essenciais. Em seguida esses conceitos primários são relacionados ao espectro clinico, causalidade e temporalidade (LOPES; SILVA; HERDMAN, 2015).

Antecedentes clínicos são os elementos etiológicos, que podem ser fatores relacionados, risco ou fatores de promoção da saúde. Os consequentes clínicos são indicadores clínicos apresentados pelos pacientes, são representados na taxonomia NANDA-I como características definidoras. Já os atributos essenciais são elementos etiológicos que com o tempo se reúnem e mudam seu espectro clínico, revelando desta forma a presença do diagnóstico, ou seja, uma situação clínica específica será identificada (LOPES; SILVA; HERDMAN, 2015).

(33)

A terceira etapa para a elaboração de uma TMA é o desenvolvimento de um diagrama pictórico, este é desenvolvido com conceitos principais da TMA com o objetivo de facilitar a compreensão das relações causais (LOPES; SILVA; HERDMAN, 2015).

A quarta etapa é a construção de proposições, que explicam a relação entre os conceitos, inclui assertivas que identifiquem claramente a relação clínica das características definidoras como consequentes ao diagnóstico. Essas assertivas são importantes para a diferenciação de diagnósticos que compartilham indicadores clínicos comuns, além de destacar as especificidades do diagnóstico de enfermagem em pauta as proposições fundamentam a construção de relações causais, que é a ultima etapa do processo (LOPES; SILVA; HERDMAN, 2015; LOPES, SILVA, 2016).

O estabelecimento de relações causais e evidências para pratica permite o estabelecimento de causalidade dentre os conceitos definidos e, assim, fornecer uma melhor compreensão do estado clínico. Tornando possível que o enfermeiro possa conduzir um raciocínio e um julgamento clínico ainda mais lógico, e fundamentado em uma teoria de médio alcance (LOPES; SILVA; HERDMAN, 2015; LOPES, SILVA, 2016).

(34)

4 MATERIAIS E MÉTODO

4.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo do tipo metodológico, que almeja elaborar, validar e avaliar instrumentos e técnicas para a pesquisa ou para a prática clínica (POLIT; BECK; HUNGLER, 2011). O seu desenvolvimento foi embasado pelo referencial teórico de Roy (2014) e Lopes, Silva e Herdman (2015).

Este estudo seguiu cinco etapas, propostas pelos referenciais citados anteriormente, a saber: definição da abordagem de construção da teoria de médio alcance, definição dos conceitos principais (conceitos-chave), construção de um esquema pictorial, construção das proposições e, por último, o estabelecimento das relações de causalidade e a evidência para a prática.

4.2 Definição da abordagem para construir a teoria de médio alcance

A construção da teoria de médio alcance foi embasada por uma revisão integrativa da literatura. Esta é tida como ferramenta ímpar no campo da saúde, pois sintetiza os estudos disponíveis sobre determinada temática e corrobora com a fundamentação teórica da prática. Esse tipo de revisão da literatura é capaz de alcançar de forma mais ampla o conhecimento produzido, com um rigor metodológico que permite a obtenção de informações verídicas (GIL, 2017; SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Para a realização da pesquisa foi desenvolvido um protocolo de busca (Apêndice 1), que permitiu operacionalizar a coleta de dados e desta forma, assegurar-se das condições em que os dados foram obtidos, tornando possível a analise profunda de cada informação obtida durante pesquisa (GIL, 2017). O protocolo contou com as seguintes informações: temática do estudo, objetivo, questões norteadoras, fontes de dados utilizadas, descritores adotados na busca, cruzamentos dos descritores, critérios de inclusão e de exclusão, estratégia para a avaliação dos dados e estratégia para avaliação crítica e síntese dos dados.

Na presente pesquisa, a revisão integrativa da literatura teve o objetivo de identificar

os indicadores clínicos, fatores causais e relações clínicas entre os indicadores e os fatores

causais do Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens.

Estabeleceram-se como questão norteadora, a saber: Quais os indicadores clínicos e fatores causais do Estilo de Vida Sedentário em adolescentes e adultos jovens?

(35)

A coleta de dados se deu nas seguintes fontes de dados: National Library of Medicine and Nattional Institutes of Health (Pubmed); Scopus; Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL); e Web of Science. A escolha das fontes ocorreu devido a maior probabilidade de encontrar materiais que respondessem à questão norteadora, perante prévia busca piloto. Foram adotados quarto descritores presentes no Medical Subject Headings (MESH), a saber: “Sedentary Behavior”; “Sedentary Lifestyle”; “Young Adult”; “Adolescent”. A estratégia de busca foi traçada com o auxilio dos operadores booleanos AND e OR, a saber: (("Sedentary Behavior" OR "Sedentary Lifestyle") AND ("Young Adult" OR "Adolescent")).

Foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: artigos completos, gratuitos e disponíveis nas fontes de dados selecionadas; obtidos a partir do proxy vinculado a instituição de ensino do curso de mestrado; responda alguma das questões norteadoras; artigos disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol; população com faixa etária de 17 a 24 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, considera adolescentes como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade, e a OMS (1986) define o termo jovens adultos para englobar a faixa etária de 19 a 24 anos de idade. Como o intuito era estudar sobre indivíduos no final da adolescência e os adultos jovens, delimitou-se essa faixa etária como critério de inclusão. Foram excluídos: estudos em formato de editorial; protocolos; cartas ao editor; resumos; e revisões de literatura.

Delimitou-se a temporariedade dos últimos 5 anos (2016-2020), com a finalidade de encontrar os estudos mais recentes sobre a temática. A coleta de dados foi realizada por meio da avaliação por pesquisadoras previamente treinadas seguindo o protocolo elaborado e a mesma sequência das fontes de dados, a partir da leitura do título e resumo dos artigos. A avaliação contou com a participação de 3 especialistas, incluindo a pesquisadora. O número impar possibilitou o consenso mais ágil em relação a escolha dos artigos, o artigo era incluso quando pelo menos dois pesquisadores optavam por sua inclusão.

Os pesquisadores colaboradores receberam treinamento para a busca e seleção dos artigos nas fontes de dados, com a finalidade de garantir homogeneidade no processo de busca e seleção dos artigos. O treinamento ocorreu de forma remota através da ferramenta online Google meet, nesse encontro com duração de 3h foram explanados o conteúdo do protocolo desta revisão, palavras chaves, cruzamentos, critérios de inclusão/exclusão, questões norteadoras, fontes de dados, assim como a ferramenta utilizada para realizar a seleção dos artigos.

(36)

A pesquisa valeu-se do programa State of the Art Through Systematic Review (StArt) versão 2.3.4.2, que tem a finalidade de auxiliar na identificação e seleção de artigos para revisões da literatura. O StArt foi criado pelo Laboratório de Pesquisa em Engenharia de Software, pertencente a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto e outubro de 2020. Foi elaborado um cronograma para a realização das buscas nas fontes e as reuniões entre as pesquisadoras. A figura 2 apresenta o cronograma para a realização do processo de busca da revisão integrativa.

Figura 2- Cronograma de reuniões dos pesquisadores para obtenção de amostra final por consenso. Natal, 2021.

Após consenso, obteve-se uma amostra final de 57 artigos. O fluxograma a seguir (Figura 3) apresenta o processo de busca e seleção em cada base de dados.

(37)

Após a leitura na íntegra dos artigos previamente selecionados, foi preenchido um formulário estruturado contendo as seguintes variáveis: autor/ano; título; área da pesquisa; base de dados; revista; país; idioma; tipo de estudo; nível de evidência; indicadores clínicos; fatores causais, relações clínicas entre os indicadores e os fatores causais; definições conceituais e operacionais dos indicadores clínicos.

Para analise do nível de evidencia de cada estudo, seguiram-se as recomendações do Instituto Joanna Briggs (JBI), com o intuito de caracterizar os estudos identificados para compor a amostra. Os artigos foram categorizados mediante níveis de evidência de eficácia, que variam dentro de cinco níveis distintos que vão de estudos de opinião a ensaios clínicos randomizados. O quadro (Quadro 1) a seguir demostra os níveis de evidencias das pesquisas realizadas de acordo com a JBI (INSTITUTO JOANNA BRIGGS, 2014).

Quadro 1- Classificação dos níveis de evidência de acordo com as recomendações do Instituto Joanna Briggs (JBI). Natal, 2021.

NÍVEIS DE EVIDÊNCIA DE EFICÁCIA Nível 1 - Projetos Experimentais

Nível 1.a Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (RCTs) Nível 1.b Revisão sistemática de RCTs e outros projetos de estudo Nível 1.c RCT

Nível 1.d Pseudo-RCTs

Nível 2 - Projetos quase experimentais

Nível 2.a Revisão sistemática de estudos quase experimentais

Nível 2.b - Revisão sistemática de quase-experimentais e outros projetos de estudo inferiores.

Nível 2.c Quasi-estudo experimental controlado prospectivamente

Nível 2.d Pré-teste - pós-teste ou estudo de grupo controle histórico / retrospectivo

Nível 3 - Observacional - Projetos Analíticos

Nível 3.a Revisão sistemática de estudos de coorte comparáveis

Nível 3.b Revisão sistemática de coortes comparáveis e outros projetos de estudo inferiores

Nível 3.c Estudo de coorte com grupo de controle Nível 3.d Caso - estudo controlado

Referências

Documentos relacionados

Depois de exibido o modelo de distribuição orçamentária utilizado pelo MEC para financiamento das IFES, são discutidas algumas considerações acerca do REUNI para que se

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..

[r]

Na experiência em análise, os professores não tiveram formação para tal mudança e foram experimentando e construindo, a seu modo, uma escola de tempo

Dessa forma, diante das questões apontadas no segundo capítulo, com os entraves enfrentados pela Gerência de Pós-compra da UFJF, como a falta de aplicação de

(...) Uma boa atriz, uma boa mentirosa, mas não, na verdade, uma pessoa muito boa.” (KUSHNER, 1994, p. 35) Provavelmente tão mundana quanto o desejo de um ator de