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Palavras-chave: Sustentabilidade. Wood Frame. Alvenaria Convencional.

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HABITACIONAL NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN/RS

SILVA, Luiz Gustavo Zuliani da1; SPERANDIO, Diego2

RESUMO

Política para reduzir o déficit habitacional tem sido frequentes no Brasil, portanto a busca por métodos construtivos que permitam acelerar o crescimento da construção civil, sem aumentar os custos e utilizando técnicas sustentáveis, torna-se importante aliado na busca do enfrentamento do problema. Neste sentido surgem alternativas como o sistema construtivo

Wood Frame, amplamente utilizado em países desenvolvidos. Este trabalho comparou os

custos de uma habitação popular de 45m2 entre dois sistemas construtivos. Utilizou-se de uma abordagem qualitativa, de característica descritiva, pois o principal objetivo foi comparar os custos do sistema construtivo Wood frame com Alvenaria Convencional. Foram utilizados os orçamentos disponibilizados pelas empresas e, através do comparativo realizado neste trabalho, foi possível perceber que a construção com o sistema Wood Frame evidenciou uma satisfatória vantagem sobre o sistema de alvenaria convencional, pois o mesmo apresentou uma economia de mais de 17%, demostrando ser viável a implantação do sistema.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Wood Frame. Alvenaria Convencional.

ABSTRACT

Policy to reduce the housing deficit has been frequent in Brazil, so the search for constructive methods that allow to accelerate the growth of construction, without increasing costs and using sustainable techniques, becomes an important ally in the search of coping with the problem. In this sense, alternatives such as the Wood Frame construction system are widely used in developed countries. This work compared the costs of a popular housing of 45m2 between two construction systems. A qualitative, descriptive characteristic approach was used, since the main objective was to compare the costs of the construction system Wood frame with Conventional Masonry. We used the budgets provided by the companies and, through the comparison made in this work, it was possible to notice that the construction with the Wood Frame system showed a satisfactory advantage over the conventional masonry system, as it presented a saving of more than 17% proving to be feasible the implantation of the system.

Keywords: Sustainability. Wood Frame. Conventional Masonry.

1 Doutorando em Engenharia Civil (Unisinos). Economista e Engenheiro Civil. Docente da Universidade

Regional Integrada - URI, Campus de Frederico Westphalen. Av. Assis Brasil, 709. Bairro Itapagé. CEP 98400-000. Frederico Westphalen, RS. Brasil. Telefone (+5555) 3744-9200. E-mail: zuliani@uri.edu.br.

2

Acadêmico de Engenharia Civil da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Frederico Westphalen, RS, Brasil. E-mail: d.i.e.g.o_s.p.e@hotmail.com.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho analisou os métodos construtivos Wood Frame e Alvenaria Convencional comparando os custos dos mesmos e a viabilidade da implantação do

Wood Frame como forma de contribuir para a redução do déficit habitacional no município de

Frederico Westphalen/RS.

A alvenaria convencional, concreto armado e alvenaria de vedação, é um dos sistemas construtivos mais antigos, e consiste na agregação de elementos de alvenaria (blocos cerâmicos ou de concreto), ligados por argamassa, sendo esse o sistema construtivo mais empregado nas construções brasileiras, mas se for levado em conta o grande déficit habitacional do país e a grande demanda de tempo necessário para a execução deste sistema, nota-se que não é o mais adequado para a realidade brasileira, não sendo possível solucionar problemas atuais utilizando técnicas de décadas passadas.

Existem diversos sistemas construtivos no mercado, alguns já consagrados no cenário nacional como os pré-moldados, paredes de concreto, e a própria alvenaria convencional, entre outros. Mas, também existem várias novas tecnologias largamente utilizadas em outros países e que não são muito utilizadas no Brasil, como o sistema construtivo Wood Frame. Apesar da grande aceitação deste sistema no mercado exterior, em nosso país esse sistema ainda não é bem aceito, tendo como o principal motivo para esta rejeição o fato de ser utilizada a madeira como o elemento principal da estrutura.

Com o crescimento ano após ano do déficit habitacional, novas alternativas que busquem atender as expectativas do consumidor são cada vez mais importantes, pois um sistema novo que consiga satisfazer o consumidor oferecendo qualidade, que apresente custo acessível e ainda que seja ambientalmente sustentável ajudará a amenizar o déficit habitacional. (LAROCA, 2002; MORIKAWA, 2006; VELLOSO, 2010; TORRES, 2010; CALIL JUNIOR; MOLINA, 2010). Nesse sentido, o sistema Wood Frame surge como uma possível solução para este problema. Já que, de acordo com dados da Fundação João Pinheiro (FJP) com base no Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o déficit habitacional do município de Frederico Westphalen é superior a 10% da população do município, assim evidencia-se a necessidade de alternativas que possam ajudar a reduzir ou amenizar o problema habitacional no município.

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2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

O crescimento populacional em áreas urbanas, tem acarretado uma série de dificuldades aos administradores públicos, principalmente para os municípios localizados nas regiões metropolitanas. Dentre os problemas ocasionados destacam-se as questões referentes à adequada prestação de serviços públicos urbanos, às precárias condições de habitabilidade e da qualidade de vida da população. (ABIKO, 1995).

De acordo com a FJP (2015), o déficit habitacional vem a ser apenas uma parcela do que mais amplamente denomina-se “necessidades habitacionais”; a outra parcela é constituída pelas moradias inadequadas, ou seja, aquelas que apresentam deficiências graves de infraestrutura básica. O déficit habitacional pode ser calculado por componentes definidos pela FJP (2015) sendo eles:

 Domicílios improvisados: É o domicílio localizado em construções para fins não residenciais (lojas, fábricas, etc.), mas que estava servindo de moradia por ocasião do Censo Demográfico realizado pelo IBGE no ano de 2000; também são considerados “domicílios improvisados” os prédios em construção, vagões de trem, carroças, tendas, barracas, trailers, grutas, bem como aqueles situados sob pontes, viadutos, entre outros;

 Coabitação familiar forçada: Pessoas compartilhando uma unidade habitacional situação em que convivem duas ou mais famílias em um mesmo domicílio sem que isso seja de seu desejo;

 Ônus excessivo com aluguel urbano (quando o comprometimento maior do que 30 por cento da renda familiar);

 Adensamento excessivo de domicílios alugados (com mais de três habitantes por quarto).

Além disso, a FJP classifica déficit habitacional como sendo a demanda por reposição ou incremento do estoque de moradias, quando se constata pelo menos um dos componentes citados anteriormente. Outro aspecto que ajuda no crescimento estatístico do déficit habitacional são as moradias improvisadas, aquelas construções para fins não residenciais e que estavam servindo de moradia por ocasião do Censo.

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Já o conceito de inadequação aponta a possibilidade e pertinência de outras formas de provisão habitacional, que não apenas a construção de novas unidades: como, por exemplo, a provisão de infraestrutura. Para a Fundação João Pinheiro, englobam a inadequação:

a) As moradias que apresentam deficiências graves de infraestrutura básica: energia elétrica; esgotamento sanitário; abastecimento de água; coleta de lixo;

b) As moradias onde há adensamento excessivo: ou seja, com mais de três pessoas por dormitório.

Silva (2009) ressalta que essa diferenciação evita a superestimação das necessidades habitacionais, que ocorre quando se soma déficit e inadequação, bem como a falsa ideia de que somente unidades novas são demandadas. O conceito de inadequação permite a quantificação de clientelas potenciais para programas complementares específicos, que não envolvem a construção de novas unidades, mas resultam em melhorias na qualidade de vida de seus moradores.

2.1 Habitação de Interesse Social

Para Abiko (1995) Habitação de Interesse Social ou habitação social é um termo usado pelo extinto Banco Nacional da Habitação envolvendo os seus programas para faixas de menor renda. Este termo continua a ser utilizado por várias instituições e agências na área habitacional. O referido autor lembra que a habitação popular não pode ser entendida como um produto e sim como um processo, com uma dimensão física, e também como resultado de um processo complexo de produção com determinantes políticos, sociais, econômicos, jurídicos, ecológicos, tecnológicos.

Quando se discute a questão da habitação de interesse social, a primeira questão a ser abordada é a redução de custos, e uma das primeiras soluções é a produção de moradias em série, onde se emprega uma grande quantidade de material, que pode gerar custos mais acessíveis, pois existe a possibilidade de comprar direto do fabricante. O sistema construtivo pré-fabricado é muito mais prático e rápido que a construção tradicional em alvenaria, pois, além de exigir equipamentos mais simples, as peças já saem pré-montadas da fábrica. (LAROCA, 2002).

Kanashiro (2004) observa que esta perspectiva redefine o conceito de habitação que não é limitado a casa em si, ou seja, tão somente o espaço físico que compõe a moradia de indivíduos, familiares ou grupos sociais. A autora enfatiza que habitação é entendida também

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enquanto articulação de fatores e elementos situados extramuros: a habitação vinculada à rua, ao comércio local, aos serviços públicos, ao transporte, a infraestrutura necessária para a qualidade de vida da população.

2.2 Cenário atual – Habitação

Em pleno século 21, por tradicionalismo, o sistema construtivo mais empregado para a construção de habitações ainda é o sistema convencional, o qual usa basicamente concreto armado e alvenaria de blocos cerâmicos. A consolidação desta tradição tem se refletido no setor de construção que historicamente apresenta lenta evolução tecnológica comparada a outros setores industriais, sobretudo do ponto de vista da racionalização de processos e materiais (SILVA, 2003).

Torna-se cada vez mais nítido que o setor da construção tem como característica a resistência dos profissionais que atuam no ramo em mudar seus conceitos, a influência da “cultura do concreto” como sistema construtivo dominante e a falta de atualização nos métodos de ensino dos cursos de engenharia e arquitetura. Mas, com crescimento do déficit habitacional, a insatisfação com relação à oferta, os atrasos na entrega de obras e as discussões cada vez maiores sobre as questões ambientais, gerou interesse do mercado em novos sistemas construtivos. Mudanças também podem ser percebidas na postura do Governo Federal que tem incentivado o uso da tecnologia racionalizada de construção, a qual já consta como exigência em vários editais de Licitação de Obras Públicas, na área de saúde, educação e habitação social.

2.3 Sistema Construtivo Alvenaria Convencional

Na construção civil brasileira, ainda predomina o sistema convencional caraterizado pela baixa produtividade e principalmente pelo grande desperdício, mas o país já mostra indícios de dominar a tecnologia de obras industrializadas, tanto na área industrial quanto na residencial, possibilitando a execução de construções com rapidez e qualidade. No Brasil, o sistema convencional, por conta de sua enorme popularidade, ainda é o mais utilizado, formado por pilares, vigas e lajes de concreto armado, sendo que os vãos são preenchidos com blocos cerâmicos para vedação. O peso da construção, neste caso, é distribuído nos pilares, vigas, lajes e fundações e, por isso, as paredes são conhecidas como não portantes. Na

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construção de elementos estruturais como pilares e vigas é utilizado aço afim de garantir maior resistência ao elemento, o aço e inserido no concreto moldado “in loco” e os elementos são moldados na maioria das vezes por formas de madeira. Após a construção das paredes, é preciso corta-las para embutir as instalações hidráulicas e elétricas. A etapa de revestimento, caracterizada pela aplicação do chapisco, emboço, reboco, massa fina e pintura.

Segundo Martins (2009), o concreto armado é o sistema construtivo de paredes e muros, ou obras semelhantes, executadas com pedras naturais, tijolos ou blocos unidos entre si com ou sem argamassa de ligação, em fiadas horizontais que se repetem sobrepondo-se sobre as outras, ou em camadas parecidas, formando um conjunto rígido e coeso.

A alvenaria, que não é dimensionada para resistir a cargas além de seu próprio peso, é utilizada somente como elemento de vedação, sendo responsável pelo fechamento da edificação e também pela separação dos ambientes internos. Existem dois tipos de blocos cerâmicos que são mais utilizados: os de vedação, destinados à execução de paredes, com capacidade de suportar seu peso próprio e pequenas cargas; e o bloco estrutural ou portante; Os Quais além de exercerem função de vedação, podem ser utilizados em edificações substituindo pilares e vigas de concreto, devido a sua elevada resistência mecânica.

As patologias nas edificações, o aumento de custos, tempo gasto na execução e desgaste da obra, são resultado do nível de qualidade dos materiais empregados, das incorreções na concepção e nas deficiências da execução. Ocasionando assim, desempenhos não compatíveis com a importância funcional e econômica da alvenaria, o que acaba comprometendo o resultado esperado nesta técnica construtiva.

2.4 Sistema Construtivo Wood Frame

Conforme a diretriz n. 005 do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (2011, p. 3), os sistemas leves tipo Light Wood Frame são aqueles em que a principal característica é ser estruturado por peças de madeira maciça serrada com fechamentos em chapas delgadas.

Quando se pensa em um projeto residencial, pensa-se também em seu conforto, em sua segurança, sua durabilidade, na sua economia e na rapidez na execução da obra visto que, o déficit habitacional é grande no atual cenário brasileiro. Sendo assim, o sistema Wood

Frame tem se tornado uma boa alternativa para a construção civil no Brasil. Por isso, Calil

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O sistema Wood Frame permite a construção de casas de até cinco pavimentos com total controle dos gastos já na fase de projeto devido à possibilidade de industrialização do sistema. A madeira é utilizada, neste caso, principalmente como estrutura interna de paredes e pisos, proporcionando uma estrutura leve e de rápida execução, pois os sistemas e subsistemas são industrializados e montados por equipes especializadas, em momentos definidos da obra, e de forma independente.

Segundo Milléo (2012) uma das principais vantagens da utilização do sistema Wood

Frame está na redução da mão de obra, podendo atingir até 50% de redução de pessoal. O que

necessariamente não significa redução de igual valor nos custos, já que a mão de obra necessária para operar com o sistema necessita qualificação diferenciada.

Entre as vantagens está a redução do desperdício de materiais, além de colaborar com a sustentabilidade, visto que toda madeira utilizada vem do reflorestamento. Outra vantagem importante é o conforto térmico ocasionado pelas paredes compostas por Wood Frame. A sensação térmica, em regiões frias ou em locais mais quentes é bem agradável. Por ser um material seco e “leve”, a utilização do Wood Frame é rápida e limpa, diminuindo o acúmulo de resíduos ocasionados em obras de construção civil.

De acordo com Stricklin, Schiff e Rosowsky (1996) construções residenciais de até dois pavimentos que utilizam o sistema Wood Frame são mais econômicas. No Brasil este sistema ainda está em fase de implantação. Nakamura (2009) informa que algumas empresas brasileiras, instaladas no sul do país, demonstram interesse na construção de casas de madeira com implantação definitiva do sistema Wood Frame. A autora argumenta que essas empresas buscam, a partir do trabalho em conjunto com instituições de ensino e associações, a obtenção de financiamentos imobiliários junto à Caixa Econômica Federal, para implantação desse sistema no país.

Paralelamente, o setor técnico acadêmico e industrial madeireiro também vem realizando enormes esforços para divulgação e implantação desse sistema. Recentemente, foi realizado pelo Instituto Brasileiro da Madeira e das Estruturas de Madeira (IBRAMEM), nas dependências do SET/EESC/USP, um encontro com ciclo de palestras informativas referentes aos “sistemas construtivos de casas em Wood Frame”, abordando os principais fatores para a construção de uma casa confortável e funcional com um projeto eficiente e uso de materiais adequados para o isolamento térmico e acústico. Este encontro contou com a participação de especialistas nacionais e internacionais. ’’

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Os sistemas Wood Frame e Steel Frame já estão homologados pela Caixa Econômica Federal e pelo banco Santander. De acordo com Brasil (2015) a autorização para o uso da tecnologia é oficializada pelo Documento Técnico de Avaliação n. 14a (DATec), permitindo o financiamento de construções nestes sistemas.

Segundo Araújo (2009) O emprego de novas tecnologias racionais de construção além de incentivar a qualificação da mão de obra, gerando maior qualidade ao produto e maior produtividade ao setor, tem importância fundamental para alterar a gestão do trabalho nos canteiros de obra remodelando o sistema de construções.

Na tentativa de modernização tecnológica da construção civil, no âmbito mundial, busca-se cada vez mais o emprego de sistemas totais ou parcialmente pré-fabricados, capazes de aumentar o processo de racionalização na construção. A pré-fabricação foi um dos meios encontrados, por países industrializados, de atender uma grande demanda de construções com maior produtividade e menor custo de mão de obra. (CAMPOS, 2006).

O Wood Frame corresponde a solução construtiva para mais de 90% das casas canadenses, 75% das casas estadunidenses e 35% das casas alemãs. Calil Junior e Molina (2010) relatam que na América do Sul, países como o Chile e Venezuela investem com sucesso na construção de casas populares de 40 à 65m² que utilizam esse sistema construtivo.

Os sistemas construtivos Wood Frame e Light Steel Frame exigem elevados níveis de detalhamentos em projeto, sendo estes de fundamental importância já que o processo de racionalização começa nos mesmos, na análise e especificação dos componentes, na compatibilização dos subsistemas, no detalhamento, e continua no processo de construção, e posteriormente de utilização, através de observações, registros e interpretação do comportamento do produto, do seu desempenho no uso, para através da retroalimentação, otimizar sua qualidade. (CRASTO, 2005).

2.5 Construções Sustentáveis

Construção sustentável é um conceito que denomina um conjunto de medidas adotadas durante todas as etapas da obra que visam a sustentabilidade da edificação. Através da adoção dessas medidas é possível minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente além de promover a economia dos recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida dos seus ocupantes. Uma obra sustentável leva em consideração todo o projeto da obra desde a sua pré construção onde devem ser analisados o ciclo de vida do empreendimento e dos materiais que

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serão usados, passando por cuidados com a geração de resíduos e minimização do uso de matérias-primas com reaproveitamento de materiais durante a execução da obra até o tempo de vida útil da obra e a sustentabilidade da sua manutenção. (BRASIL, 2013).

Cabe ressaltar que construções sustentáveis são projetadas para durar por gerações, e quando não são mais úteis, podem ser facilmente desmontadas e recicladas para outros usos. Devendo ainda incorporar materiais que não afetem negativamente a saúde dos ocupantes; tenham isolamento para reduzir o uso de energia; sejam eficientes para adaptar-se às mudanças nas necessidades dos ocupantes; causem o mínimo de danos ao meio ambiente e minimizem os custos operacionais e de capital. (CMHC, 1967).

2.6 Madeira como Material Sustentável

“A madeira é um material que vai ao encontro da sustentabilidade e da eco eficiência na construção”. (VELLOSO, 2010). É importante frisar que a madeira, quando bem utilizada, consiste num material competitivo com outras alternativas de construção. Além disso, quando falamos em construções leves que envolvem estruturas de madeira nos referimos a um sistema construtivo baseado exclusivamente no uso de madeiras de reflorestamento que é extremamente racionalizado. A madeira é único material de construção renovável, que demanda baixo consumo energético para produção, e sequestra carbono da atmosfera durante o crescimento da árvore. Apresenta ainda fácil trabalhabilidade, excelente desempenho térmico e acústico, além de elevada relação resistência/peso, o que faz da madeira um material adequado para a industrialização de elementos no sentido de facilitar o transporte das peças e posterior montagem na obra. (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).

Sob o ponto de vista energético a madeira é um material de baixo consumo de produção, principalmente se comparado aos demais materiais utilizados na construção civil. Com a crise energética instalada em nosso país este é um aspecto de fundamental importância.

De acordo com Laroca (2002), quanto mais energia despendida, maior é o dano ao ambiente. O processo de formação da madeira consome somente energia solar, combinada à química de nutrientes do solo, além disso o processo de formação da árvore contribui para o sequestro de carbono, melhorando as condições ambientais. Também pode-se dizer que não há agressão ao meio ambiente na extração em um plantio manejado.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho utilizou-se de uma abordagem qualitativa, de característica descritiva, pois o principal objetivo foi comparar os sistemas construtivos Wood frame e Alvenaria Convencional, afim de averiguar a viabilidade de implantação do sistema Wood

Frame no município de Frederico Westphalen-RS.

É uma pesquisa qualitativa e quantitativa. Qualitativa pois preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, e quantitativa porque enfatiza a objetividade e analisa dados numéricos coletados. (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Desta forma, optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica buscando expor e analisar o tema em questão, demonstrando a sua importância. Segundo Gil (2002, p. 66), a pesquisa bibliográfica constituiu-se no procedimento metodológico para a coleta de informações que se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto. Já, as autoras Marconi e Lakatos (2017) afirmam que a pesquisa bibliográfica assegura a possibilidade de nova perspectiva a respeito do tema, o que permite novas conclusões além do que já foi abordado.

Assim, o presente trabalho buscou aprofundar conhecimentos pertinentes ao sistema construtivo Wood Frame, e comparar a sua viabilidade com relação a Alvenaria Convencional, com base em um projeto piloto utilizado na confecção dos orçamentos e dos cronogramas de obra, no mesmo padrão das habitações do programa MCMV do Governo Federal, na figura 01 está representada a planta baixa utilizada para projetar os custos relacionados aos dois sistemas construtivos.

Ambos sistemas construtivos seguem o mesmo projeto, e o mesmo padrão de acabamento, porém, devido as diferenças nas espessuras das paredes, a área útil dos cômodos apresentará uma pequena diferença.

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Figura 01 - Planta Baixa Projeto Piloto.

Fonte: Empresa Alfa (2017).

O orçamento da obra para o sistema Wood Frame foi elaborado com dados fornecidos pela empresa Alfa, especializada na produção de unidades habitacionais em Wood Frame. Os custos da obra para o sistema Alvenaria Convencional foram obtidos por meio de orçamento na empresa Beta. A verificação da viabilidade se fez através da análise dos orçamentos obtidos com as empresas.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para comparar os custos da execução da obra nos diferentes sistemas construtivos, foram utilizados os orçamentos disponibilizados pelas empresas e, a partir dos mesmos, foi feita comparação do custo global para execução da obra nos diferentes sistemas construtivos.

4.1 Orçamento em Wood Frame

O orçamento para construção no sistema Wood Frame, disponibilizado pela empresa Alfa foi cotado em julho de 2013, para execução com escala maior que 100 unidades habitacionais, optou-se por este orçamento pois o mesmo já foi executado pela empresa, apresentando valores reais. Para atualização do mesmo, adotou-se dois indicadores

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econômicos, o primeiro foi por meio do CUB (Sinduscon/RS) e o segundo pela inflação (IGP-M), mantendo o mesmo mês de referência do orçamento disponibilizado pela empresa.

Para a atualização pelo CUB (Sinduscon/RS) foram utilizados os valores referentes ao mês de julho para os anos de 2013 e 2017, e o padrão de acabamento da construção adotado foi o baixo padrão. E, para a atualização pelo IGP-M, utilizou-se a calculadora do cidadão, disponível no site do Banco Central do Brasil (BCB), o índice de correção no período foi de 1,2400189, o que gera um valor percentual correspondente a 24,00189%. A tabela 01 apresenta um resumo da estimativa de custos para uma residência no sistema Wood Frame.

Tabela 01 - Orçamento simplificado no Sistema Construtivo Wood Frame.

Orçamento Residencial MCMV 45m² (Wood Frame)

Etapas Construtivas Total geral 2013

(R$) Atualização CUB (R$) Atualização IGP-M (R$) Fundações e Subsolo 1.882,52 2.259,29 2.334,36

Paredes externas e internas 6.012,78 7.216,20 7.455,96

Cobertura 3.967,43 4.761,49 4.919,68 Impermeabilizações 1.116,47 1.340,16 1.384,69 Esquadrias 2.710,78 3.253,33 3.361,42 Instalações elétricas 790,00 948,11 979,61 Instalações hidrossanitárias 2.053,46 2.464,45 2.546,33 Revestimento interno 4.793,88 5.753,35 5.944,50 Revestimento de fachada 2.236,42 2.684,02 2.773,20 Pintura 1.759,67 2.111,86 2.182,02 Serviços complementares 576,04 691,33 714,30 Custo Global 27.899,45 33.483,59 34.596,07

Fonte: Elaborada pelos autores (2018).

4.2 Orçamento em Alvenaria Convencional

Para o orçamento da obra no sistema de Alvenaria Convencional, a empresa Beta disponibilizou o orçamento para obtenção dos dados com preços cotados para julho de 2017, e para escala de execução maior de 100 unidades habitacionais, mantendo o mesmo período e quantidades da empresa Alfa. A planilha 02 apresenta um resumo da estimativa de custos para uma residência no sistema Alvenaria Convencional.

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Tabela 02 - Orçamento simplificado no Sistema Construtivo Alvenaria Convencional.

Orçamento Residencial MCMV 45m² (Alvenaria Convencional)

Etapas Construtivas Total (R$)

Fundações e piso grosso 4.167,50

Estrutura e alvenarias 8.335,00

Esquadrias 3.335,00

Instalações elétricas e hidráulicas 3.350,00

Telhado 6.670,00

Acabamento 13.735,00

Outros serviços 2.100,00

Custo Global 41.692,50

Fonte: Elaborada pelos autores

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O emprego adequado de técnicas e materiais alternativos, que consigam competir ou até substituir as técnicas convencionais na construção civil, pode servir como uma alternativa para o problema do déficit habitacional que está presente na sociedade, a qual apresenta também condições precárias de habitação desde o período imperial. Sendo assim, o sistema

Wood Frame surge como uma possível solução para este problema, considerando as inúmeras

vantagens que o sistema apresenta, além de promover uma ação favorável ao meio ambiente por utilizar recursos renováveis.

Todas as técnicas construtivas apresentam vantagens e desvantagens em vários aspectos, como: custos, trabalhabilidade, disponibilidade local da matéria prima, mão de obra adequada, tempo de execução, durabilidade. Assim como outros fatores envolvidos na realização de uma construção influenciarão na escolha do sistema construtivo.

Pelo fato do sistema Wood Frame ser parcialmente ou totalmente pré-fabricado, eleva a qualidade do produto, pois consegue-se ter mais controle em todas as etapas construtivas da obra. A sustentabilidade proporcionada pelo Wood Frame também merece destaque, pois trata-se de sistema que possibilita uma construção a seco, além de gerar menos resíduos que as construções convencionais. Deve-se ressaltar que, para o sistema cumprir com os pré-requisitos para os quais fora projetado, os materiais utilizados devem ser adequados e a mão de obra especializada, realizando todas as etapas construtivas necessárias, para que o desempenho do sistema não seja comprometido.

Além disso, os valores apresentados no orçamento referentes a mão de obra para o sistema Wood Frame, devido à necessidade de a mesma ser especializada, e a sede da empresa ser em outro estado, podem apresentar variações, assim podendo gerar ajuste no

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valor, e os valores orçados para a execução de uma unidade habitacional são validos desde que a contratação seja para, no mínimo, 100 unidades habitacionais.

O sistema Wood Frame também possui maior rapidez na execução da obra o que contribui para o problema do déficit habitacional, pois as pessoas teriam acesso mais rápido a suas moradias. Desta forma, através do comparativo realizado neste trabalho, foi possível perceber que para a construção de conjuntos habitacionais o sistema Wood Frame demonstrou uma satisfatória vantagem sobre o sistema de alvenaria convencional, demostrando ser viável a implantação do sistema pois o mesmo demonstra uma economia de mais de 17% em relação ao custo global da obra quando comparado com o sistema de alvenaria convencional.

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Referências

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